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PENAL 3 - instigação, induzimento e auxilio a (altomultilação e suicídio), infaticídio e Aborto 2021

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AULA : OUTROS CRIMES CONTRA A VIDA
 
DIREITO PENAL III
1
DEMAIS CRIMES CONTRA A VIDA
 
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação
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OUTROS CRIMES
CONTRA A PESSOA
ABORTO
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 INFANTICÍDIO
Crimes Contra a Vida
Direito Penal III
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Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada pela Lei n. 13.968, de 2019)
ATUAL -Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei n. 13.968, de 2019)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei n. 13.968, de 2019)
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
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Crimes Contra a Vida
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§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
O delito do art. 122 foi modificado de forma severa pela Lei n. 13.968/2019
Redação anterior à Lei n. 13.968/2019.
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
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 Noção: Suicídio é a supressão voluntária e consciente da própria vida. 
O fato de uma pessoa se matar é um indiferente legal. Não sendo incriminada a ação de matar-se ou a tentativa de suicídio.
- Anteriormente a participação em tais atos não poderia ser punível, pois não haveria participação punível senão em fato delituoso.
O que mudou?
- O nome do delito mudou, adicionando-se a expressão “ou automutilação”. A pena passa a não mais apresentar as condicionantes!
OBS: Antes, a instigação ao suicídio com resultado lesão leve, por exemplo, não era crime. Atualmente, a mesma instigação está tipificada no caput do art. 122, o qual independe de resultado naturalístico (lesão) para sua configuração.
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Bem Jurídico Protegido: vida Humana. (Divergência) - tribunal do Júri ( Art. 5º, XXXVIII, d, CF/88)
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, excluindo-se aquele que se suicida ou tenta se matar. Trata-se de uma forma especial do delito de homicídio.
 Sujeito passivo: Aquele capaz de ser induzido, instigado ou auxiliado, ou seja, que tenha alguma capacidade de resistência à conduta do sujeito ativo, sendo indispensável que tenha capacidade de discernimento para entender o ato que pratica.
OBS: O induzimento deve ser dirigido para uma pessoa determinada ou a um grupo determinado, não ocorre o crime quando se trata de induzimento/instigação de caráter geral e indeterminado, como em obra literária.
 Tipo objetivo: induzir é criar a ideia do suicídio na cabeça do agente; instigar é reforçar uma ideia preexistente (participação moral); auxiliar é ajudar materialmente.
Tipo subjetivo
O dolo é a vontade de induzir, instigar, ou auxiliar a vítima na prática do suicídio ou automutilação
Não há forma culposa.
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Consumação e tentativa
Antes..
A consumação se dá com a morte da vítima ou com a produção de lesões graves.
Se a vítima, ao tentar o suicídio auxiliada pelo agente sofre lesões corporais de natureza leve, ou não sofre nenhuma lesão, o fato não é punível, por ser atípico. 
Impossível a tentativa, pois a lei subordina a incriminação do fato à superveniência do suicídio ou ao menos da lesão corporal.
Depois.. Lei 13.968/2019
Induzir, instigar e auxiliar já se consuma ( Não depende de resultado naturalístico)
Ademais, também foi alterado o preceito secundário, trazendo a sanção de 6 meses a 2 anos de reclusão. 
A maior modificação, neste âmbito, foi a não previsão de condicionamento da punição à existência de resultado naturalístico. Como consequência, o crime passa a admitir a modalidade tentada
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Forma qualificada
Atualmente, a ocorrência dos resultados naturalísticos lesão grave ou morte tornará o crime qualificado, ou seja, com novos limites mínimo e máximo de pena abstratamente cominada, conforme previsão dos parágrafos primeiro e segundo de referido dispositivo:
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Portanto, o resultado lesão grave tornará a conduta punível com a pena de reclusão, de 1 a 3 anos. Se o resultado for a morte, seja por consumação do suicídio, seja como consequência da automutilação, a pena será de reclusão, de 2 a 6 anos.
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Formas majoradas
O parágrafo terceiro do artigo 122, inserido pela Lei 13.968/2019, passou a abrigar as mesmas causas de aumento de pena que já estavam previstas no antigo parágrafo único, sem, entretanto, prever a causa de aumento para os casos de motivo torpe ou fútil:
§ 3º A pena é duplicada:
I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Vale recordar que o motivo egoístico consiste no interesse pessoal do agente.
Ex: O caso de quem induz o sujeito, com classificação superior em lista de espera de concorrido concurso, a se matar.
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Novas formas majoradas
A Lei 13.968/2019 trouxe novas majorantes ao crime do artigo 122 do CP. com a inserção dos parágrafos quarto e quinto:
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
A primeira majorante, prevista no parágrafo quarto, traz o aumento da pena até o dobro se a conduta do agente for utilizar, por exemplo, de chamada de vídeo ou mesmo o serviço de mensagens do Facebook.
Já o parágrafo quinto traz a causa de aumento quando o sujeito ativo ter uma posição de liderança ou de coordenaçãoem grupo ou rede virtual, ou seja, com formação realizada pela internet, a rede mundial de computadores. 
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•	Hipóteses de configuração de crime mais grave
Foram inseridos, pela Lei 13.968/2019, os parágrafos sexto e sétimo, com previsão de hipóteses de não configuração do delito do artigo 122, mas de crime mais grave:
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.”
Lesão corporal gravíssima: Se o resultado for uma lesão corporal gravíssima, sendo a vítima uma das mencionadas no §6º, o agente deve responder nos termos do artigo 129, § 2º, do Código Penal. 
Morte: se a vítima for uma das destacadas pelo parágrafo 7º e lhe sobrevier o óbito como consequência da conduta típica, haverá a configuração do homicídio, art. 121 CP por expressa previsão legal, afastando-se a forma qualificada do parágrafo segundo do artigo 122 do Código Penal.
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Assim, configura lesão corporal gravíssima ou homicídio se o crime qualificado pelo resultado for praticado contra:
Menor de 14 anos de idade: a lei presume de forma absoluta a incapacidade do menor de 14 anos a resistir a uma ideia de suicídio ou automutilação. Deste modo, se a vítima com referida idade se mata ou se mutila, neste último caso com configuração de lesão de natureza gravíssima, o agente responderá pelo crime de homicídio ou de lesão corporal gravíssima, respectivamente.
Vítima que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento contra a prática do ato: cuida-se de vítima que, por enfermidade (como esquizofrenia) ou deficiência mental (como quem nasceu com microcefalia), não tem capacidade de decidir, de forma consciente e livre, sobre o fim de sua própria vida ou sobre a automutilação.
Vítima que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência: a última hipótese abarca qualquer causa que torne o sujeito passivo mais vulnerável, sem possibilidade de resistir ao induzimento, à instigação ou ao auxílio material ao suicídio ou à automutilação. É o caso de alguém que abusou do consumo de bebida alcoólica ou que usou cocaína a ponto de não ter o domínio de sua própria vontade.
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Infanticídio
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena – detenção, de dois a seis anos.
 Noção: Infanticídio é o homicídio praticado pela genitora contra o próprio filho, influenciada pelo estado puerperal, durante ou logo após o parto. Espécie derivada do homicídio, na medida em que o núcleo de ambos é o mesmo: matar alguém.
- O estado puerperal é um estado clínico peculiar e temporário que afeta as mulheres entre o desprendimento da placenta e o posterior retorno do organismo materno às suas condições anteriores à gestação.
 Bem jurídico: vida (preservação da vida humana). Especificamente, a vida do nascente (aquele que está nascendo) e do neonato (recém-nascido).
 Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, em que somente a mãe (parturiente), sob a influência do estado puerperal, pode ser sujeito ativo.
 Sujeito passivo: o recém-nascido ou o feto que está nascendo O nascituro deve nascer com vida, senão é crime impossível.
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 Tipo objetivo: pode ser praticado por qualquer meio, até por omissão (artigo 13, § 2º, “a”), mas deve ser logo após o parto (elemento normativo temporal). 
 Parto é o conjunto dos processos (mecânicos, fisiológicos e psicológicos) por meio dos quais o feto a termo ou viável separa-se do organismo materno e passa ao mundo exterior.
 Há certa dificuldade na conceituação do que seja “logo após”. Entende a maioria da doutrina compreender todo o período do estado puerperal, circunstância a ser analisada pelos peritos médicos no caso concreto 
 Não basta que a mãe mate o filho durante ou logo após o parto, sob a influência do estado puerperal: é preciso, também, que haja uma relação de causa e efeito entre tal estado e o crime, pois nem sempre ele produz perturbações psíquicas na parturiente.
 Tipo Subjetivo: dolo direto ou eventual (Ainda que seja dolo diminuído). A mãe deve estar sob a influência do estado puerperal (elemento fisiopatológico). Não há forma culposa.
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 Consumação e tentativa: consuma-se com a morte do recém-nascido e a tentativa é admitida.
 Concurso de pessoas:
Infanticídio é um crime próprio: É praticado pela mãe da criança. Entretanto, e se ela tiver ajuda?
Ex: Imagine que a mãe está, logo após o parto, em estado puerperal, e pede a ajuda de um terceiro para praticar o infanticídio?
A resposta é simples: tanto a mãe, quanto o terceiro, responderão por infanticídio.
A razão disso está no art. 30 do código penal
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Circunstâncias elementares do crime são aquelas que integram a descrição do tipo penal.
 Agravantes genéricas: não se aplicam a este crime as agravantes previstas no artigo 61, II, letras “e” e “h”, pois a relação de parentesco já constitui o crime e a qualidade de criança do sujeito passivo também.
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TEMAS CONTROVERSOS
INFANTICÍDIO CULPOSO ?
ERRO DE TIPO (art. 20 CP) 
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Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos.
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Modalidades de aborto não incriminadas penalmente 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal
 ABORTO 124 A 128 CP
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 Aborto – ( tem que haver gestação) fecundação x gestação 
 Fecundação: gameta masculino + gameta feminino - unem cromossomos nasce o ovo. (23 masc e 23 fem) – Ovo aproxima do endométrio, chama-se Nidação. Gestação se dará com a nidação.
 Noção: Aborto é a interrupção da gravidez, com a morte do produto da concepção, que é protegido pela normal penal, que pune o aborto desde o momento da nidação (implantação do ovo no útero) até o início do parto. 
 O CP prevê 3 hipóteses de aborto: aborto provocado pela gestante (art. 124, 1ª parte); aborto com o consentimento da gestante (art. 124, 2ª Parte e art. 126); aborto sem o consentimento da gestante (artigo 125).
 Bem jurídico: a vida humana em formação (intrauterina) e no aborto sem o consentimento da gestante está se protegendotambém a sua liberdade de escolha e integridade física.
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 Sujeito ativo: fora o aborto provocado pela gestante, cujo sujeito ativo é a própria gestante, nos outros casos, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
 Coautoria: a questão do enquadramento de terceiro que auxilia a gestante é discutida. 
Auxiliar significa, no caso, oferecer os instrumentos, acompanhá-la até a clínica, pagar o aborto e dar os remédios. 
 
 Sujeito passivo: o feto. No aborto sem consentimento da gestante, ela também é sujeito passivo.
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 Tipo objetivo: ação de provocar (dar causa, originar) tem forma livre e pode ser praticada por qualquer meio, comissivo ou omissivo. 
 Os meios podem ser químicos ou físicos, diretos ou indiretos, incluindo psíquicos (ex.: susto e terror). É imprescindível que o meio seja hábil à produção do resultado. Se o meio é absolutamente ineficaz (ex.: rezas, simpatias, ingestão de substâncias inócuas), há crime impossível (art. 17 do CP), da mesma forma, manobras abortivas em mulher não grávida, ou sobre feto já morto, em razão da impropriedade do objeto.
 O crime consiste na morte dada ao nascituro intra uterum ou pela provocação de sua expulsão. Pressupõe a gravidez, sendo necessário que o feto esteja vivo.
 O termo inicial para a prática do delito em exame é o começo da gravidez e, para efeitos jurídicos, considera-se o momento da nidação, ou seja, na implantação do óvulo fecundado no endométrio.
 O termo final é o início do parto – contrações da dilatação (parto normal) ou o corte abdominal (cesariana).
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 Tipo subjetivo: dolo genérico (direto e eventual). Não há forma culposa. Entretanto, o terceiro que culposamente provoca o aborto, responde por lesão corporal culposa (art. 129, § 6º do CP).
 
 Consumação e tentativa: com a morte do feto ou destruição do óvulo se consuma o crime. A expulsão do produto da concepção não é imprescindível para a consumação do delito. O aborto é crime material. 
Admite-se tentativa.
 Aborto provocado pela gestante e aborto consentido: essas duas figuras estão contidas no art. 124.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 No caso do aborto consentido, quem pratica os atos materiais do aborto incide no art. 126. 
A coautoria não é admissível no aborto provocado pela gestante, embora se admita a participação.
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ABORTO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE:
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos.
- O aborto praticado por terceiro sem consentimento da gestante
ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE: 
 
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
 
Aborto praticado por terceiro com o consentimento da gestante (aborto consensual): Art. 126, CP. é sancionado de forma menos severa. Enquanto a grávida responde pelo crime do art. 124, o médico responde por este – exceção à regra geral do concurso de pessoas. 
 Aborto 124 a 128 CP
ATENÇÃO: Essas duas formas: não concordância real (violência, grave ameaça ou fraude); não concordância presumida (menor de 14 anos, alienada ou débil mental). Aplica-se a pena do Art. 125 CP, pois é como não tivesse consentimento.
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FORMA QUALIFICADA PELO RESULTADO
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Modalidades de aborto não incriminadas penalmente 
- Aborto qualificado pelo resultado: trata-se de forma preterdolosa. Esta qualificadora somente é aplicável aos arts. 125 e 126, e não ao art. 124. 
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TEMAS CONTROVERSOS
Pílula do dia seguinte: impedir a gestação começar – é método anticonceptivo e não abortivo.
- Caso em que mesmo com método abortivo a criança morre fora da barriga da mãe: 3 correntes
- Homicídio de mulher grávida: se o agente sabia da gravidez, pode haver aborto na forma de dolo eventual, respondendo o agente pelo concurso formal impróprio entre o homicídio simples + aborto sem o consentimento da vítima.
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ABORTO LEGAL
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal
São as seguintes as hipóteses de aborto legal:
 a) Aborto necessário ou terapêutico: hipótese em que médico o pratica se não há outro meio de salvar a vida da gestante. Também é aplicável a regra genérica de estado de necessidade para o caso da enfermeira que provoca o aborto para salvar a vida da mãe. 
b) Aborto sentimental, ético ou humanitário: ocorra caso a gravidez resulte de estupro e o aborto seja precedido de consentimento da gestante, ou quando incapaz, de seu representante legal. 
 O aborto eugenésico, ou seja, aquele praticado em virtude de graves anomalias genéticas ou outros defeitos físicos ou psíquicos, não é admitido pela legislação brasileira.
 
 Ação penal: a ação penal é pública incondicionada, cabendo ao júri seu julgamento. 
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 Aborto de anencefalia: o Direito penal se deparou recentemente com um problema trazido pelo avanço da medicina: o do feto nascido sem cérebro. 
 Os juízes, em geral, vinham autorizando o aborto nesse caso, tendo em vista a inviabilidade da vida no caso concreto, para evitar um sofrimento maior para a mãe – atipicidade por ausência de bem jurídico a proteger.
 Em 2012, o STF julgou a matéria na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, em que declarou a inconstitucionalidade de interpretação segunda a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo configuraria prática de crime de aborto.
Obs: Tem que se anencefalos total - Pode abortar 
Obs: Não Cabe aborto para Microcefalia -Não pode abortar
Obs: Mulher gestante com zica virus e Chikungunya – Não pode abortar
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Não precisa de ordem judicial.
Deve seguir protocolos de Saúde
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