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Aterosclerose vem de uma palavra composta: Atero: gordura + Esclerose: fibrose É uma doença crônica de origem multifatorial que ocorre em resposta a uma agressão endotelial, favorecendo o surgimento de placas. É a causa primária de DAC e AVC, sendo responsável por 50% das mortes em países ocidentais. Aterogênese A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial, que ocorre em resposta a agressão endotelial, acometendo principalmente a camada íntima das artérias de médio e grande calibre, em geral, as lesões iniciais, denominadas estrias gordurosas, formam-se ainda na infância e caracterizam-se por acúmulo de colesterol em macrófagos. Em um estudo com crianças em 2010, durante autopsias encontraram estrias gorduras na camada íntima. Depende dos fatores de risco e da carga inflamatória para continuar se desenvolvendo durante a fase adulta. Arteriosclerose x Aterosclerose Arteriosclerose: É o termo genérico para descrever o espessamento e o endurecimento da parede arterial. São as fases iniciais. Aterosclerose: É um tipo de arteriosclerose, onde ocorre a formação da placa de ateroma. É o que leva as complicações relacionadas com isquemias. Aterosclerose Inicia-se com a agressão do endotélio vascular devido a diversos fatores de risco como dislipidemias, hipertensão arterial ou tabagismo. Os vários fatores de risco modificam a funcionalidade do endotélio (acumulando gordura em macrófagos), tornando-o mais permeável e ativo, facilitando a entrada de LDL oxidada para o espaço subendotelial, dando origem ao processo aterosclerótico. Morfologia arterial ➢ Túnica íntima: composta de células endoteliais, camada subendotelial e lâmina elástica interna (camada mais interna da artéria). ➢ Túnica média: células musculares lisas (presente no modelamento/remodelamento da parede arterial) e lâmina elástica externa. ➢ Túnica adventícia: tecido conjuntivo fibroelástico. Vasa vasorum (que faz irrigação dos vasos). Responsável pela hemostasia e trombose e regulação da permeabilidade vascular. Endotélio O endotélio é considerado o maior órgão do corpo, posicionado estrategicamente entre as paredes dos vasos sanguíneos. Vasodilatadores: NO, prostaciclinas, fatores hiperpolarizantes e peptídeo natriurético tipo-C, estimulam a dilatação dos vasos. Vasoconstritores: endotelina-1 (ET-1), angiotensina 2, tromboxano (TX-A2) e ERO. Funções do endotélio • Mantém a integridade da parede vascular • Difusão e trocas ou transporte ativo de substância (quadro 1) • Superfície não trombogênica e não aderente para plaquetas e leucócitos (mecanismo comprometido em pacientes ateroscleróticos). Uma vez lesado o endotélio, perde a capacidade não trombogênica e não aderente de leucócitos, por isso, uma vez que rasgou há a formação de aterosclerose. Lesão endotelial e aterosclerose • A disfunção endotelial gera um aumento da permeabilidade da íntima às lipoproteínas plasmáticas, retendo- as no espaço subendotelial, ou seja, há um aumento da permeabilidade da íntima, favorecendo a entrada de gorduras e de células inflamatórias. • O LDL retido sofre oxidação, causando a exposição de diversos neoepitopos e tornando-o imunogênico. • O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processo chave no início da aterogênese, ocorre de maneira proporcional à concentração dessas lipoproteínas no plasma, quanto mais depósito de lipoproteínas, há mais formação de aterosclerose. Progressão da Aterosclerose A partir da primeira década de vida tem artéria histologicamente normal, começa a acumular macrófagos e formar as células espumosas isoladas, começa a formar as estrias gordurosas, as primeiras estrias com espessamento miointimal (camada muscular do endotélio). A partir da terceira década entra na lesão intermediária, com acúmulo intracelular de lipídeos e depósitos externos de lipídios, com entrada desses lipídios para camada íntima, pode levar também a formação de ateroma que são acúmulos de lipídeos extracelulares e acúmulo de lipídios intracelulares. A partir da quarta década de vida há fibroateroma que são núcleos de lipídeos simples ou múltiplos com formação de camadas fibróticas. E a lesão complicada que são superfícies defeituosas que pode romper e levar a hemorragia intraplaca, pode aumentar muito o tamanho da placa e causar obstrução importante favorecendo a formação de hematomas e trombos. Nas doenças iniciais são clinicamente silenciosas, aqui é onde deve ter atuação precoce. A partir do ateroma começa a ser clinicamente silencioso ou até mesmo manifesto (IAM e AVE). Lesão endotelial e aterosclerose A LDL nativa entra na parede da artéria, e através de substâncias reativas de oxigênio é oxidado. Depois, ocorre o surgimento de moléculas de adesão leucocitária (processo estimulado pela presença de LDL- ox). As moléculas de adesão são responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos para intimidade da parede arterial. Os monócitos migram para o espaço subendotelial, onde se diferenciam em macrófagos, que por sua vez captam as LDL-ox, formando a junção LDL- ox com macrófagos, gerando as células espumosas, essas células são os principais componentes das estrias gordurosas que levam à formação das lesões microscópicas iniciais. Uma vez ativados, os macrófagos são responsáveis pela progressão da placa aterosclerótica mediante a secreção de citocinas, que amplificam a inflamação, e de enzimas proteolíticas capazes de degradar colágeno e outros componentes teciduais locais. Os linfócitos T, embora menos numerosos que os macrófagos no interior do ateroma, são de grande importância na aterogênese, mediante interação com macrófagos, as células T podem se diferenciar e produzir citocinas que modulam o processo inflamatório local. Estudo CANTOS publicado em 2019, onde diz que a inflamação é um fator independente para a aterosclerose, pacientes que tem algum tipo de doença autoimune (LES, Artrite Reumatoide, Espondilite Anquilosante) tem um processo inflamatório local, levando a perpetuação da aterosclerose. Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e proliferação das células musculares lisas da camada média arterial. Estas, as migrarem para a íntima, passam a produzir matriz extracelular, que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica. Aqui estamos falando sobre remodelamento arterial, que pode estar presente no aumento da resistência vascular periférica, que forma a fibrose da placa aterosclerótica. As placas estáveis, caracterizam-se por predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa (com menor facilidade de ruptura), escassas células inflamatórias e núcleo lipídico e necrótico de proporções menores. As placas instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, com grande atividade proteolítica, núcleo lipídico e necrótico e capa fibrótica tênue (mais fina, facilitando a ruptura) → a ruptura desta capa expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente. Este processo, também conhecido por aterotrombose, é um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose (IAM, AVE, isquemia de membros como isquemia mesentérica, por exemplo). Resumindo o processo aterosclerótico Inflamação e aterosclerose São praticamente causa e consequência. Não podemos pensar em aterosclerose apenas quando falamos de dislipidemias, DM e outros fatores de risco. Peter Libby colocou que todas essas células, levando à inflamação celular, reparo do tecido metabólico, antígenos existentes, inflamação e hemostasia. Na aterosclerose hoje, pensamos em acúmulo de lipídios e inflamação! Por isso, a implicação do uso do marcador biomarcador clínico PCR-ultrassensível. O aumento do PCR-us também diz respeito ao aumento do risco cardiovascular, de eventos cardíacose AVE, independente do LDL, HDL, PA, e outros fatores. Para prestar um cuidado cardiovascular de qualidade, precisamos reconhecer a diferença entre risco residual do colesterol (mesmo tratado com estatina, apresenta aumento do nível lipídico) e risco residual inflamatório (mesmo tratado com estatina e colocado nas metas de colesterol, ainda apresentam PCR-us aumentado, levando a inflamação). Aterosclerose além do acúmulo de lipídeos, é inflamação (doença inflamatória crônica). Diferenciar risco inflamatório e risco inflamatório residual Paciente com LDL 150 mg/dL, com uso de estatinas de alta intensidade (rosuvastativa, artovastatina) e PCR-us de 4,5 mg/L. • Paciente com risco residual de colesterol: na primeira visita baixou, mas ainda não entrou na meta, e PCR- us que era de 4,5 foi para 1,8 mg/L. • Paciente com risco residual inflamatório: LDL abaixo de 70 mg/dL, porém PCR-us ainda acima de 2 mg/L, pois de 4.5 foi para 3,8 mg/L, precisa reduzir ainda a inflamação. Além das estatinas que tem efeito pleiotrópico (efeito adicional do seu efeito usual) que diminuem a inflamação vascular. Obs.: PCR acima de 2 – alto risco de aterosclerose! Desenvolvimento da aterosclerose Classificação das lipoproteínas: • QM ou QM remanescente, • VLDL (liproteinas de muito baixa densidade), • IDL (lipoproteínas de densidade intermediaria), • LDL (lipoproteína de baixa intensidade), • HDL (proteínas de alta densidade). Quanto mais leves as partículas, piores as células, são ruins! Centralização na via hepática, o colesterol pode sofrer modificações através do fígado. Os esteroides são produzidos através do colesterol. As partículas ruins vão até o fígado para fazer a síntese, alguns pacientes têm alteração na LCAT por exemplo, então produzem LDL pelo transporte reverso do colesterol, não produzindo HDL, tendo um aumento das células ruins e diminuição do HDL. LDL baixa densidade: partícula ruim HDL alta densidade: partícula boa Tudo começa através da lesão do endotélio causada pelos fatores de risco. Há passagem da LDL para o espaço subendotelial onde vai ocorrer a oxidação da LDL. A resposta inflamatória é estimulada, existe então a passagem dos monócitos por diapedese e a transformação em macrófagos, que fagocitam a LDL-ox. A ativação endotelial das células endoteliais, aumentam a permeabilidade, aumentam a adesão, e uma vez que ocorre a lesão endotelial há uma diminuição da vasodilatação e aumento da vasoconstrição. Esse acúmulo de LDL-ox no macrófago leva à formação das células espumosas e à formação das estrias gordurosas na parede íntima da artéria. Se há manutenção desses estímulos, sem fazer nada para controle, há a potencialização das respostas inflamatórias, com aumento de monócitos que se transformam em macrófagos e geram mais células espumosas, perpetuando o processo aterosclerótico. Os macrófagos liberam fator de crescimento plaquetário. Há multiplicação e migração da célula muscular lisa para a camada íntima, aumentando o remodelamento da artéria. Formação da capa fibrosa (estável ou instável) com conteúdo lipídico envolto pela capa fibrosa. O papel do LDL na aterosclerose O LDL entra na parede arterial onde pode ser modificada, ou seja, oxidada, ao entrar sofre oxidação de lipídios e da ApoB, outras modificações oxidativas levando ao LDL-ox, que é uma substância pró- inflamatória, e se tem inflamação, tem mais liberação de monócitos e transformação em macrófagos e consequentemente mais formação de células espumosas. Diferenciação de monócitos em macrófagos Os monócitos sofrem a oxidação, torna macrófago com presença de gorduras levando a células espumosas. O papel do HDL na aterosclerose O HDL diminui moléculas de adesão, assim, diminui entrada de monócitos por diapedese, quanto mais HDL, menos aterosclerose. O LDL-ox, forma células espumosas, e o HDL atua inibindo a oxidação de LDL e consequentemente a formação de células espumosas, assim aumenta o efluxo do colesterol, pega o LDL e leva para o fígado para metabolizar e liberar mais HDL. Então, o LDL “suja” a parede arterial, enquanto o HDL faz a “limpeza” dessas células. Processo aterosclerótico A evolução da aterosclerose pode levar a formação de placas fibrosas complexas, vascularizadas e calcificadas, levando a isquemias. O crescimento da placa leva a redução do lúmen arterial, e consequentemente a redução do fluxo sanguíneo, gerando sintomas de angina. As placas suscetíveis a ruptura (instáveis) podem formar trombos. A formação de trombos, leva à formação de hematoma, aumenta o tamanho da placa, e isso reduz a perfusão sanguínea. Formação do trombo Locais de atuação da doença Atua em artérias carótidas, artérias cerebrais, artérias femorais, ilíacas etc. Podendo levar a alterações cerebrais, renais, em membros e acometimentos diversos, como acometimento intestinal, entre outros. É uma doença silenciosa que atinge principalmente as artérias que irrigam o cérebro, o coração e os membros inferiores. Fatores de risco Irreversíveis: idade, sexo e genética. Reversíveis: hipertensão, tabagismo, DM, sedentarismo e obesidade. Ambos: inflamação. DISLIPIDEMIA Classificação das dislipidemias Lipidemia: ▪ Hiperlipidemia: níveis aumentados de lipoproteínas (colesterol, triglicérides, ApoA, ApoB). ▪ Hipolipidemia: níveis plasmáticos de lipoproteínas baixos. Classificação etiológica: Primárias: são aquelas nas quais o distpurbio lipídico é de origem genética, ou seja, mutações que fazem com que o fígado não exerça sua função adequadamente. Secundárias: a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições mórbidas ou de medicamentos (corticoides, tratamento do HIV). Classificação ambulatorial Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL-c ≥ 160 mg/dL. Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides (TG) ≥ 150 mg/dL, ou ≥ 175 mg/dL se a amostra foi obtida sem jejum. Hiperlipidemia mista: aumento do LDL-c e do TG. Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedwald é inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. HDL-c baixo: redução do HDL-c (homens <40 mg/dL e mulheres <50 mg/dL) isolada ou em associação com aumento de LDL-c ou de TG. Níveis lipídicos Obs.: HDL >50 para mulheres Muito alto risco: já infartou ou teve AVC. Estratificação de risco Um evento coronário agudo é a primeira manifestação da doença aterosclerótica em pelo menos metade dos indivíduos que apresentam esta complicação. A identificação dos indivíduos assintomáticos que estão mais predispostos é crucial para a prevenção efetiva, com a correta definição das metas terapêuticas individuais. Em toda avaliação deve ser realizada a estratificação de risco do paciente. O risco cardiovascular global deve ser avaliado em casa indivíduo, para tomada de decisão terapêutica e para permitir uma análise prognóstica (tantos % de chance de evoluir em 10 anos). A identificação dos indivíduos que estão mais predispostos às complicações cardiovasculares, especialmente infarto do miocárdio e AVE, é fundamental para uma orientação terapêutica mais agressiva. Obs.: Se já tem lesão de órgão-alvo, já é de alto risco. Indivíduos com manifestação clínica de doença aterosclerótica ou seus equivalentes, homens e mulheres, possuem risco superior a 20% em 10 anos de apresentar novos eventos cardiovasculares (recomendação I, evidência A), ou de um primeiro evento cardiovascular (recomendação I, evidência A). Critérios de identificação de pacientes com alto risco de eventos coronarianos (FASE 1) • Doença aterosclerótica arterial coronária, cerebrovascularou obstrutiva periférica, com manifestações clínicas (eventos cardiovasculares). • Aterosclerose na forma subclínica, significativa, documentada por metodologia diagnóstica. • Procedimentos de revascularização arterial. • Diabetes melito tipos 1 e 2. • Doença renal crônica. • Hipercolesterolemia familiar (HF). ETAPA 2 Exemplos Homem, 50 anos de idade, colesterol 252mg/dl, HDL 30 mg/dl, PA 130x92 mm/mg, não diabético, tabagista. Pontuação: 3 (passo 1) + 2 (passo 2) + 2 (passo 3) + 2 (passo 4) + 0 (passo 5) + 2 (passo 6) = 11 Passo 8: Logo, apresenta risco de 31% de apresentar DAC em 10 anos. Ou seja, > 20% já tem alto risco! Mulher, 36 anos, colesterol 210mg/dl, HDL 46mg/dl, PA <120x80mm/mg, diabética, tabagista. Pontuação: -4 (passo 1) + 1 (passo 2) + 1 (passo 3) – 3 (passo 4) + 4 (passo 5) + 4 (passo 6) = 3 Passo 8: Logo, apresenta risco de 3% de evolução com DAC em 10 anos. Ou seja, < 5% baixo risco! ETAPA 3 Avaliação do Escore de Risco Global. Se risco intermediário, identificar fator agravante de risco. A presença de um destes itens eleva automaticamente o paciente para alto risco. Fatores agravantes de risco: • História familiar de doença arterial coronariana prematura (parente de primeiro grau masculino <55 anos ou feminino <65 anos). • Critérios de síndrome metabólica de acordo com a IDF. • Microalbuminúria (30-300 µm/min) ou microalbuminúria (> 300 µm/min). • Hipertrofia ventricular esquerda. • Proteína C reativa de alta sensibilidade > 2 mg/dL. • Espessura íntima-média de carótidas >1,00. • Escore de cálcio coronário >100 ou > percentil 75 para idade ou sexo. • Índice tornozelo-braquial (ITB) <0,9. Metas terapêuticas Terapêutica Avaliar como está o nível e qual o risco do paciente. Tratamento não medicamentoso Terapia nutricional a. Dieta para Hipercolesterolemia: Rica em fibras, legumes, vegetais e pobre em gorduras (frituras, óleos, gordura da carne, alimentos a base de creme de leite, leite condensado, gema de ovo). b. Dieta para Hipertrigliceridemia: Diminuição de carboidratos. Exercício Físico Cessação do Tabagismo Colesterol alimentar • Influencia diretamente os níveis de colesterol • Encontrado apenas em alimentos de origem animal • Possui menor efeito sobre a colesterolemia, se comparado à gordura saturada. • Para reduzir, restringir: consumo de vísceras (fígado, miolos, miúdos), leite integral e seus derivados, biscoitos amanteigados, croissants, folheados, sorvetes cremosos, embutidos, frios, pele de aves, frutos do mar, gema de ovo (contém 225mg/unidade de colesterol). Dieta para Hipertrigliceridemia • Pacientes com níveis muito elevados de TG e quilomicronemia devem reduzir a ingestão de gordura total da dieta. • Na hipertrigliceridemia secundária ao diabetes ou obesidade recomenda-se redução da ingesta calórica, restrição de carboidratos e compensação do diabetes. • Recomenda-se restrição total de álcool, pois o álcool é muito carboidrato. Exercício Físico • Recomenda-se sessões de em média 40 minutos de atividade física aeróbica, 3 a 6 vezes por semana. • Atividades de aquecimento, alongamento e desaquecimento. • Incluir componente que aprimore força e flexibilidade. Não só o aeróbico, mas também musculação. Álcool • Não se recomenda o consumo de álcool para prevenção da aterosclerose. Quanto menos, melhor! Tabagismo • Fator de risco independente para aterosclerose. • Recomenda-se abordagem cognitivo-comportamental, para detecção de situações de risco de recaídas e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento. • Farmacoterapia pode ser um apoio, seja por meio de adesivos de nicotina, goma de mascar, mas principalmente por bupropiona e nortriptilina. Tratamento Farmacológico A decisão para o início da terapia medicamentosa das dislipidemias depende do: • Risco alto: MEV + tratamento farmacológico • Risco intermediário: MEV + reavaliação em 3 meses. Se houver falha associar tratamento farmacológico. • Risco baixo: MEV + reavaliação em 6 meses. Se houver falha associar tratamento farmacológico. Mudança do estilo de visa (MEV): dieta, atividade física, cessação do tabagismo e etilismo. Fármacos: • Estatinas • Fibratos • Resinas de Troca Iônica • Ezetimiba • Ácido nicotínico • Ômega-3 • Orlistat • Inibidores da PCSK-9 Estatinas Mecanismo de ação Inibem a HMG CoA redutase, levando a nível intestinal a diminuição da concentração de colesterol no interior das células, ela atua reduzindo a transformação do colesterol, o baixo colesterol intracelular, estimula a síntese de receptores LDL, deixando menor na corrente sanguínea. Também reduz a secreção de VLDL. Entram em 3 ou 4 partes do metabolismo do colesterol. São os medicamentos de escolha para se reduzir o LDL-c em adultos. Deve-se usar a dose necessária ao alcance da meta terapêutica, respeitando-se a ocorrência de efeitos indesejáveis. Dar mais atenção a rosuvastatina e atorvastatina, em alguns lugares sinvastatina. De todos os estudos, a rosuvastatina e atorvastatina são os principais em relação a redução dos níveis de colesterol. 40 mg de rosuvastatina corresponde a 80 mg de atorvastatina. Optar sempre por eles! Estatinas que podem ser usadas em todos os pacientes e qualquer horário como atorvastatina e rosuvastatina. A sinvastatina e outras devem ser tomadas a noite, porque ela age no pico do cortisol, tendo melhor efeito. Ezetimiba Inibe a absorção de colesterol na borda em escova do intestino delgado, atuando seletivamente nos receptores NPC1-L1 e inibindo o transporte intestinal de colesterol. A inibição da absorção de colesterol (em grande parte do colesterol biliar) leva à redução dos níveis de colesterol hepático e ao estímulo à síntese de LDLR. Se reduz colesterol e síntese dos receptores de LDL, reduz o nível plasmático de LDL-c em 10 a 25%. A ezetimiba isolada constitui opção terapêutica em pacientes que apresentam intolerância às estatinas. A ezetimiba associada a doses toleradas de estatina é uma alternativa em pacientes que apresentam efeitos adversos com doses elevadas de estatina. Empregada na dose única de 10 mg ao dia. A qualquer hora do dia, com ou sem alimentação, não interferindo na absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. Obs.: efeitos adversos: dor muscular, lesão hepática. Fibratos Aumentam a atividade da lipase lipoproteica (quebra as lipoproteínas que geral AGL e libera partículas para eliminação), diminuindo os níveis de TG e VLDL, ao aumentar sua eliminação. Indicados no tratamento da hipertrigliceridemia endógena quando houver falha das MEV ou quando esta for muito elevada (>500 mg/dL). Falha nas MEV ou na primeira medida >500, faz associação de estatinas com fibratos. Cuidado com fibrato e estatina, principalmente a contra indicação: estatina + genfibrosila (não devem ser associadas devido risco de rabdomiólise, por conta do risco muito grande de lesão muscular). Resinas de Troca Iônica Capturam o colesterol na luz intestinal diminuindo sua absorção e interrompendo a circulação enterro- hepática. Não reduzem a absorção dos triglicerídeos podendo, inclusive aumenta-la, sobretudo em pacientes com hipertrigliceridemia. Reduzem o LDL-c de forma dose-dependente. • Colestiramina (Questran Light) • Colestipol São medicamentos muito utilizados quando não deve usar estatinas, como em gestantes com alterações cardiovasculares isquêmicas e em crianças. Ácido Nicotínico Reduz nos hepatócitos a mobilização celular de ácidos graxos, reduz a síntese e acoplamento dos TG às apo B-100. Aumenta a degradação celular hepática de VLDL e LDL, reduz a concentração plasmática de VLDL-c e LDL-c. Reduz o LDL-c de 5 a 25%, aumenta o HLD em 15 a 35% e diminui os TG em 20 a 50%. Dose: 2 a 6 g/dia conforme oefeito ou tolerância. Muito boa para associação quando falha terapêutica nos TG ou paciente que não aumenta HDL. Efeitos adversos: rubor facial, hiperglicemia, hiperuricemia e alterações no trânsito intestinal. Interações: potencializa a hipotensão ortostática causada por anti-hipertensivos, diminui a efetividade de hipoglicemiantes. Alternativa aos fibratos e estatinas ou em associação com esses fármacos em portadores de hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia ou dislipidemia mista. Ômega-3 Diminuem a produção de VLDL no fígado. Tem atividade antitrombótica e, por isso, interage com anticoagulantes aumentando o risco de hemorragias. Dose mínima de 4 g/dia. Podem ser usados como adjuvantes aos fibratos nas hipertrigliceridemias ou como alternativa em pacientes intolerantes. Orlistat Inibidor das lipases intestinais. Atua ligando-se covalentemente aos sítios catalíticos das lipases gástrica e pancreática. “Cagador de gordura”. Diminui a absorção de triglicerídeos ingeridos em 30%. Dose recomendada de 360 mg/dia. Não se conhece definitivamente o papel do seu uso na prevenção da aterosclerose. Não se sabe se melhora ou não a sobrevida. Inibidores de PCSK-9 A PCSK-9 é uma enzima que desempenha um papel importante no metabolismo lipídico, modulando a densidade de LDLR. Sintetizada no núcleo celular e secretada pelos hepatócitos, liga-se aos LDLR na circulação, favorecendo sua degradação. Reduz de forma bastante intensa as concentrações de LDL-c em comparação ao placebo (redução em média de 60%). Tratamento caro!