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1 
 
 
PSICOPATOLOGIA 
1 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
 
A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em 
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. 
Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em 
nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e 
eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e 
ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país 
na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no 
atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 1 
Sumário .................................................................................................................... 2 
História da psicopatologia ........................................................................................ 3 
Características das alucinações ............................................................................ 14 
Classificação das alucinações ............................................................................... 15 
Pensamento ............................................................................................................. 17 
Linguagem ............................................................................................................... 21 
Memória.................................................................................................................... 24 
Memória de evocação ou para fatos passados ou de longo prazo ou retrógrada
 .................................................................................................................................. 24 
Lei da regressão mnêmica de Ribot de 1882 ........................................................ 25 
Alterações qualitativas da memória ...................................................................... 26 
Afetividade ............................................................................................................... 27 
Catatimia = a influência da vida afetiva sobre as demais funções psíquicas. ... 29 
Alterações das Emoções e dos Sentimentos ....................................................... 30 
Vontade .................................................................................................................... 31 
Distúrbios da vontade ............................................................................................. 32 
Consciência ............................................................................................................. 33 
Orientação ................................................................................................................ 33 
Os sistemas diagnósticos ...................................................................................... 35 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 45 
 
3 
 
 
 
 
História da psicopatologia 
Introdução 
A psicopatologia percorreu um caminho extremamente difícil até se tornar uma 
ciência autônoma. Psicopatologia e Psicologia científica se iniciaram através de 
Wundt, Kraepelin e Pavlov, os quais começaram seus caminhos juntos nos 
mesmos laboratórios. Muito rápido, seguiram rumos diferentes. Não encontrando na 
Psicologia recursos descritivos e explicativos suficientes para o comportamento 
anormal, a psicopatologia foi buscá-los na Filosofia, na Retórica e na Literatura, 
tentando encontrar uma linguagem que a Psicologia não proporcionava. 
Segundo Isaías Paim, “não é fácil descobrir a origem do termo 
psicopatologia. É possível que o seu criador tenha sido Jeremy Bentham, filósofo 
inglês (Londres, 1748-1832), que, ao preparar uma lista das motivações humanas, 
reconheceu a necessidade da organização de uma psychological pathology (1817)” . 
Cheniaux (2002) refere que Esquirol e Griesinger, com seus trabalhos 
publicados, respectivamente na França (em 1837) e na Alemanha (em 1845), é 
que seriam considerados os criadores da psicopatologia. Para Hervé Beauchesne, a 
psicopatologia teria surgido no século XX, na França, no momento em que a 
psicologia, enquanto disciplina científica começou a se separar da filosofia. “Com 
algumas raras exceções, os psicólogos de meu país (França) deixaram aos alemães 
as pesquisas psicofísicas, aos ingleses o estudo da psicologia recebe, seleciona, 
transforma, armazena e recupera dados. Os transtornos podem ser explicados a partir 
de um mau funcionamento de alguns componentes desse sistema. 
Psicopatologia biológica 
4 
 
 
A ênfase é colocada na influência das modificações morfológicas ou 
funcionais do sistema nervoso sobrea gênese dos transtornos mentais. A tese 
de que as afecções mentais possuem um substrato orgânico é antiga, e a obra 
de Kraepelin é considerada como o apogeu da psiquiatria organicista. A evolução 
posterior implica o aparecimento de duas correntes: a psicobiologia de Adolf 
Meyer (que considerava a patologia como uma patologia funcional da adaptação) 
e o organodinamismo de Henry Ey. Nesta abordagem os transtornos mentais são 
enfermidades cerebrais, que podem ser, de acordo com Buss (1962), causadas por 
um agente externo (por exemplo, um vírus) que ataca o organismo (enfermidade 
infecciosa), um mau funcionamento de algum órgão (enfermidade sistêmica) ou 
trauma (enfermidade traumática). 
 
Psicopatologia existencialista 
Procura ver o paciente tal como é realmente, descobri-lo enquanto ser 
humano, enquanto ser no mundo e não como uma simples projeção de nossas 
teorias sobre ele. Interessados pela decisão e vontade humana, os existencialistas 
insistem sobre o fato de que o ser humano pode influir na sua relação com o próprio 
destino. Coloca em questão a fronteira entre anormalidade e a patologia, fazendo-
nos descobrir uma psicopatologia da média. 
 
Psicopatologia fenomenológica 
Apresenta origens da filosofia alemã nas obras de Husserl e de Heidegger. 
Temos dois métodos: o primeiro que se pode qualificar de descritivo (Biswanger) e o 
de Karl Jaspers. Nesse caso, a psicopatologia ocupa-se, sobretudo, do que os 
doentes vivem, estuda seus estados de espíritos, visa a desvelar significações. 
5 
 
 
 
 
Psicopatologia psicanalítica 
Leva em conta os conceitos fundamentais da psicanálise, a saber, o 
inconsciente, a transferência, a pulsão e a repetição. 
 
Psicopatologia social ou Psiquiatria social 
Estudo do papel dos fatores sociais na etiologia das manifestações 
psicopatológicas (ou a sociogênese destas) e as repercussões da doença mental 
sobre as relações do paciente com seu meio ambiente.esse fenômeno psíquico 
primário os seus pensamentos, seus desejos, sua vontade e suas ações”. “As 
alucinações não são nem falsas sensações, 
nem ilusões dos sentidos, nem percepções errôneas, nem erros da 
sensibilidade orgânica”. 
Afirmava que não se devem confundir as alucinações com as ilusões, “essas 
últimas supõem a presença de objetos exteriores,enquanto nas alucinações não 
existem objetos externos agindo atualmente sobre os sentidos”. “Na alucinação tudo 
ocorre no cérebro: [ela] dá corpo e atualidade às imagens, às ideias que a 
memória reproduz sem a intervenção dos sentidos. Nas ilusões ao contrário, 
a sensibilidade das extremidades nervosas está alterada, debilitada ou pervertida; 
os sentidos estão ativos, as impressões atuais solicitam uma reação do cérebro. 
Os efeitos desta reação estão submetidos à influência das ideias e paixões que 
dominam a razão dos alienados, estes enfermos se equivocam sobre a natureza 
e as causas de suas sensações atuais” 
6 
 
 
Para Esquirol, os órgãos do sentido e as vias sensoriais não estariam 
implicados no fenômeno alucinatório, pensando que tudo ocorre no interior, no 
cérebro, na alma. Diz: “nas alucinações não há nem sensação, nem percepção”. 
É um fenômeno essencialmente psíquico e a sua sensorialidade resulta 
secundariamente de uma anomalia da atividade psíquica. Baillarger em trabalho 
publicado em 1846, interrogando-se sobre a natureza mesma da alucinação, introduz 
uma distinção que lhe é original, qual seja, a oposição entre alucinações psico-
sensoriais e as alucinações psíquicas. Para ele: “... devemos admitir dois tipos de 
alucinações, umas completas, compostas de dois elementos que são o resultado da 
dupla ação da imaginação e dos órgãos dos sentidos – são as alucinações psico-
sensoriais; as outras, devidas somente ao exercício involuntário da memória e 
da imaginação, são completamente alheias aos órgãos dos sentidos, lhes falta o 
elemento sensorial e são por isso mesmo incompletas: são as alucinações psíquicas 
também chamadas de pseudo-alucinações” 
Com Baillarger, a alucinação que Esquirol havia definido por seu caráter 
psíquico se define agora por seu caráter sensorial. As verdadeiras alucinações 
deveriam sempre comportar a sensorialidade. A transformação sensorial da imagem 
ou da ideia será explicada pela estimulação interna dos centros das imagens, 
conforme a neurofisiologia dos centros cerebrais da época. Por outro lado, as 
alucinações psíquicas seriam fenômenos que concernem unicamente à esfera do 
pensamento. 
A partir das ideias de Baillarger observamos uma concepção sensorial da 
alucinação que será sustentada por diversos autores. A essência do fenômeno 
consiste na criação psíquica de um falso objeto tendo os atributos de um objeto 
verdadeiro – com característica de objetivação, ou seja, com qualidades espaciais e 
7 
 
 
sensoriais – e sem relação com um objeto do mundo externo. Tal concepção permitiu 
a Ballelaborar a sua clássica definição da alucinação: “a alucinação é uma percepção 
sem objeto”. Tal definição é a mais conhecida e clássica na psicopatologia. Entretanto, 
incorre em duas questões: 
1. É incorreta e contraditória porque, se falamos em percepção, supomos sempre a 
presença de um objeto no mundo externo capaz de afetar os sentidos. 
2. É incompleta por não se referir a qual alteração da consciência seria capaz de 
alterar o juízo de realidade fazendo com que o alucinado descarte a irrealidade 
do fenômeno, aceitando-a como real. Séglas publica um livro em 1892 denominado 
Dês Troubles du langage chez les aliene), onde enumera as teorias sobre as 
alucinações dos diversos autores no século 
XIX. São elas: 
a) teoria periférica ou sensorial – alucinação como decorrente de alteração dos órgãos 
do sentido; 
b) teoria psíquica – alucinação como um fenômeno puramente intelectual, um fato 
idéico; 
c) teoria mista ou psico-sensorial; 
d) teoria que atribui a alucinação aos centros perceptivos corticais. 
É a partir da quarta teoria que Séglas buscará teorizar o conceito de 
alucinação levando-o a estabelecer as relações da alucinação com a função da 
linguagem. Em seu livro ele assinala que nas alucinações psíquicas haveria dois 
fenômenos importantes. São eles: 
1. os impulsos verbais do tipo onomatomania 
2. as alucinações psicomotoras que se dividem em: 
8 
 
 
a) lucinações psicomotoras verbais (alucinações que se formam na fala mesma do 
alucinado – nascem da articulação mesma das palavras, ou acompanham a 
formulação nascente das palavras no pensamento); as alucinações psicomotoras 
auditivas (trata-se de vozes interiores, de murmúrio, de transmissão de 
pensamentos, de eco do pensamento. O alucinado escuta seus pensamentos no 
espaço imaginário de sua consciência como se procedessem de outro, o que dá a 
impressão de roubo de pensamento, de divulgação do pensamento). 
Para Séglas, as alucinações psíquicas implicam necessariamente em “uma 
desagregação mais ou menos completa da personalidade”. Como podemos 
apreender, o mais importante para este autor no fenômeno alucinatório não é 
a sensorialidade, mas a relação do sujeito com a sua palavra. Conclui referindo que 
“por mais singular que possa parecer à primeira vista que um indivíduo possa falar em 
voz alta, sem ter consciência, e atribuir a outras pessoas as palavras que acaba 
de pronunciar ele mesmo, o fenômeno não deixa de existir” . 
Jaspers, em seu livro Psicopatologia Geral de 1913, define a alucinação como: 
“falsas percepções corpóreas que não são originadas de percepções reais por 
meio de transformações, mas de modo inteiramente novo, e que se apresentam 
paralelas e conjuntamente com percepções reais”. Marca já uma diferença em relação 
ao conceito de Ball, entretanto se deixa aprisionar pelo dilema 
percepção/representação, ou a existência real do objeto e a sua relação com o 
percebido ou com sua imagem. Estabelece uma oposição entre o verdadeiro 
(existência real do objeto) e o falso (alucinação); o falso adquire valor de 
patológico. 
Entretanto, o falso aparece ao enfermo como realidade, através de uma crença 
inabalável. Jaspers se mantém assim na oposição percepção/representação, que 
9 
 
 
se desdobra numa série de outras como: mundo externo/mundo interno; 
objetivo/subjetivo; fora/ dentro; objeto/eu; dualidades em oposição que a 
Fenomenologia da Consciência abarca, na tentativa de resolver os paradoxos 
perceptivos recorrendo à separação entre Consciência e mundo, e reduzindo o real 
à dicotomia sujeito-objeto. 
A onomatomania foi descrita por Charcot e Magnan como uma obsessão 
cujo elemento ideico se refere a palavras ou grupo de palavras. Pode acompanhar-
se da busca ansiosa da palavra, impulso irresistível de pronunciar certa palavra, 
impulso a rechaçar ou expulsar a palavra parasita como um verdadeiro corpo 
estranho. 
Para Jaspers, a realidade não depende essencialmente de uma conceituação 
lógica: "a realidade pensada só é convincente quando se experimenta um modo de 
presença que a própria realidade traz consigo". Ela implica numa vivência, portanto, 
a Erlebniss termo fundamental da fenomenologia. A vivência da realidade tem por 
requisitos: 
a) a percepção corpórea = real é o que percebemos corporalmente; 
b) a consciência do ser = é preciso não só que eu perceba corporalmente, mas que 
tenha consciência da minha existência enquanto percipiens; 
c) e a partilha com outrem = só vale como real o que é acessível ao conhecimento de 
todos, e não apenas subjetivamente provado. 
O que na prática é realidade é sempre um processo de significar as 
coisas, as situações, os acontecimentos. Na significação apreendo a realidade. 
A partir da vivência da realidade devemos chegar aos juízos de realidade. Estes 
provêm da elaboração pelo pensamento das experiências imediatas. Para Jaspers, a 
realidade repousa nas significações, e nãona corporeidade ou na vivência 
10 
 
 
imediata da realidade. Considera então a alucinação apenas ponto de apoio dentro 
da vivência primária que seria o delírio. 
Entre 1920 e 1926, Gaetan Gatian De Clérambault, estudando clinicamente 
as psicoses delirantes alucinatórias crônicas, isolou uma síndrome básica – a 
síndrome de automatismo mental, que precede as manifestações alucinatórias 
propriamente ditas e as delirantes. Considera a alucinação como fenômeno mecânico, 
que constitui o pilar ou a base sobre a qual se constrói a estrutura do delírio – uma 
superestrutura. Clérambault destaca o caráter de automatismo mecânico e o 
anideísmo da síndrome. Isso significa que uma voz alucinatória irrompe subitamente 
no pensamento do sujeito (forma mecânica), sem ser deduzida de outra ideia ou de 
uma constelação afetiva. O caráter anideico não significa que não haja ideia, senão 
que põe o acento justamente no aspecto automático e mecânico: “não conforme a 
uma sequência de ideias” é como Lacan o define. A propósito dos fenômenos 
alucinatórios, Clérambault faz a seguinte observação: “O sujeito parece ter caído 
em uma rede telefônica em que várias conversações se cruzam”, sublinhando o 
caráter de passividade, impotência e perplexidade do sujeito. A voz alucinada se 
impõe ao sujeito de fora e é dotada de uma certeza subjetiva inabalável. Pouco 
importa que sua experiência traga a marca da CLÉRAMBAULT, G.G. Definição do 
automatismo mental. 
Na descrição que faz da síndrome podemos dividi-la em: 
1. O pequeno automatismo que tem início com a presença de fenômenos sutis, 
primeiramente abstratos, e que depois vão se aproximando da forma verbal. 
Observamos aqui: 
a) fenômenos de intrusão no pensamento como os refrãos verbais, palavras absurdas, 
não-senso, repetição de palavras em ladainhas, entonações bizarras; 
11 
 
 
b) fenômenos de mentismo como o fluxo irreprimível 
de representações visuais, fenômenos hipermnésicos, desfiladeiro mudo de 
recordações (as pessoas relatam que suas próprias lembranças lhes são mostradas); 
c) fenômenos intelectuais como os falsos reconhecimentos, percepções perpétuas de 
semelhanças e sentimentos de estranheza (os pensamentos são levados a ver 
semelhanças em toda parte, a estranheza das coisas e das pessoas; o sujeito acha 
que as pessoas são um pouco bizarras, que têm uma postura esquisita, sem que isso 
seja um fenômeno interpretativo), dedéjàvu, de revelação iminente; 
d) fenômenos de inibição com detenção dos pensamentos, esquecimentos, vazios do 
pensamento, desaparecimento dos pensamentos, perplexidade sem objetos, 
fadiga. 
Aqui o pensamento se apresenta para o sujeito e desaparece antes de ser 
claro; o sujeito percebe interrupções em seu pensamento, percebe fragmentos 
de pensamentos, substituição de pensamento. Os fenômenos presentes no pequeno 
automatismo têm como característica fundamental uma perturbação da relação do 
enunciado com a enunciação, que emancipa uma fonte parasita. O sujeito não se 
reconhece como sujeito da enunciação de seus enunciados. O paciente lê no mundo 
signos que lhe são destinados, embora não possa precisar sua significação, o que 
o deixa com um sentimento de perplexidade. 
À medida que a tendência à verbalização vai progredindo o pequeno 
automatismo mental passa a apresentar fenômenos ideoverbais. Aqui o sujeito tem a 
sensação de que seu cérebro é alterado por influências externas alheias, que é 
invadido por ideias estranhas, que seu pensamento ou linguagem interna se repete 
(eco do pensamento ou sonorização do pensamento), vivendo seus atos e ideias 
como impostos ou mandados (vivências de influência). Essa divisão dentro de seu 
12 
 
 
Eu tem um caráter de indiscrição que surpreende e irrita o enfermo (cisão do 
Eu), logo, não vivencia tais fenômenos como seus, como emanados do seu próprio 
Eu. 
2. Grande automatismo ou automatismo tríplice: uma vez instaurado o pequeno 
automatismo com as vivências que conduzem à cisão do Eu, surgem as alucinações 
verbais, tornando-se cada vez mais claras as vozes. 
Clérambault assinala quatro características para as vozes: são verbais, objetivas, 
individualizadas e temáticas. Para ele, essas alucinações carecem de 
sensorialidade e o pensamento, ao ser vivenciado como alheio, continuaria sendo 
diferenciado e não sensorial. Logo podemos dividir os fenômenos do grande 
automatismo mental em: 
a) automatismo mental: presença das alucinações verbais, individualizadas, 
temáticas, objetivas e individualizadas; 
b) automatismo motor: alucinações psicomotoras verbais, emissões verbais 
involuntárias, sensações de movimento, fenômeno de inibição motora, atos 
automáticos irredutíveis; 
c) automatismo sensitivo: alucinações cenestésicas, alucinações genitais. 
Fenômenos que concernem ao corpo como decomposição, influência, 
desmembramento, separação ou estranheza em relação ao próprio corpo. 
Em Clérambault temos, pois, uma correlação significativa entre as vozes, a 
vivência de influência (alteração da Consciência da atividade do Eu) – que faz com 
que o Eu não reconheça como seus os pensamentos, afetos e atos. Henri Ey, em 
1930, desloca o fenômeno alucinatório da esfera sensorial, ao considerar a 
alucinação uma expressão da dissolução da consciência que origina o delírio, do qual 
o fenômeno alucinatório é um dos modos de sua manifestação. A teoria de Ey 
13 
 
 
comunga com a teoria de Jaspers a idéia de que, para ambos, o fenômeno 
fundamental da loucura é a alienação, entendida como uma modificação radical 
das relações do sujeito com a realidade, dando a isso o nome de delírio (em Jaspers, 
transformação na consciência da realidade), sendo a alucinação para ambos os 
autores uma das expressões dessa alteração fundamental (Ey = desestruturação da 
Cs e Jaspers = transformação na Cs da realidade) Com Henri Ey podemos distinguir 
a alucinação da alucinose a partir do juízo crítico (capacidade de criticar as falsas 
percepções no momento mesmo de sua ocorrência). Desta forma refere dois grandes 
grupos de falsas percepções: 
1. Distúrbios perceptivos compatíveis com a razão – ou seja, onde há a manutenção 
do juízo crítico – decorrentes de causa orgânica (alucinose); e 
2. As alucinações delirantes, onde encontraríamos as alucinações e as pseudo-
alucinações. As alucinações delirantes são divididas em duas espécies, segundo Ey: 
a) as experiências delirantes e alucinatórias como manifestações positivas da 
desestruturação do campo da consciência (estar consciente), presentes nas psicoses 
agudas, como, por exemplo, nos quadros crepusculares, nas psicoses confuso-
oníricas (delirium); 
b) as alucinações noético-afetivas, que manifestam o trabalho de elaboração de 
psicoses delirantes crônicas, expressão da desorganização da personalidade (ser 
consciente). Ele divide essas alucinações em: 
1. de forma sistemática, presente nos quadros paranoicos, nos delírios de 
interpretação); 
2. de forma fantástica, presente na parafrenia e; 
3. de forma autística, presente na esquizofrenia. 
 
14 
 
 
 
Características das alucinações 
Podemos então definir a alucinação como: trata-se de um fenômeno novo, 
estranho ao ser, proveniente de fora de sua personalidade, equivalendo a uma 
falsa percepção pela ausência do objeto, apesar de sua inequívoca realidade para o 
sujeito e, por isso mesmo, possuindo uma irresistível força de convencimento. 
Além disso, é ininfluenciável pela vontade de quem a experimenta, tendo o 
sujeito, no entanto, a capacidade de discriminar as verdadeiras percepções das 
falsaspercepções. 
a) falsa percepção, entremeada com percepções reais, e cuja falsidade se deve ao 
fato de não corresponder a nenhum objeto real; 
b) fenômeno novo para o paciente, com caráter de percepção, que se apresenta como 
um fato estranho para a personalidade do enfermo; 
c) possui irresistível força de convencimento para o paciente que a sofre; 
d) sua natureza é estésico-espacial e sensorial; Instituto de Psicologia – PUC Minas 
e) tem seu conteúdo caráter de corporeidade e de poder ser deslocado ao 
espaço externo, ou seja, é extrajetado; 
f) é a expressão de uma experiência psicológica interna como manifestação de uma 
alteração psico-sensorial; 
g) presença de um transtorno da atividade psíquica que se expressa, 
fundamentalmente, por uma perda do juízo de realidade, para que tal fenômeno possa 
ser aceito pelo enfermo como uma senso percepção normal. 
 
 
15 
 
 
 
Classificação das alucinações 
 1. Alucinação visual: falsas percepções visuais que podem ser elementares como a 
fotopsia e complexas como a visão de figuras, cenas de forma estática ou em 
movimento. A alucinação visual pode ocorrer com alteração no tamanho dos objetos 
– tamanho diminuído (alucinações liliputientes), tamanho aumentado (alucinações 
guliverianas). Temos ainda neste grupo as alucinações denominadas extracampinas, 
que têm lugar fora do campo visual, e a alucinação negativa, definida como a falta de 
visão de objetos reais por condições psicógenas – por exemplo, na histeria, quando o 
paciente se sente humilhado pela presença de uma pessoa excluindo-a de seu mundo 
consciente, não a vendo mesmo estando dentro de seu campo de visão, como efeito 
de recalque. 
2. Alucinação auditiva: injúrias, comunicações, repetição do pensamento (eco do 
pensamento), descrição dos atos dos pacientes, comentários de seus atos, 
vozes dialogantes que comentam as ações do paciente, etc. 
Presente na esquizofrenia, nos quadros de alucinose alcoólica, como também pode 
ser encontrada nas psicoses afetivas e em outros quadros psicóticos. 
3. Alucinação olfativa e gustativa: ocorrem nos estados confusionais ou crepusculares 
da consciência. Podem ocorrer no curso de delírios de perseguição com uma 
tonalidade afetiva desagradável e em crises parciais epilépticas. 
4. Alucinação tátil: temos as alucinações epidérmicas, como sensação de 
queimaduras, sensação de frio, de movimento, e as alucinações hipodérmicas, como 
sensação de formigamento, de movimento de parasitas cutâneos, etc. Ocorrem 
no delirium tremens, e com o uso de cocaína ou anfetamina. 
 
16 
 
 
 
Alucinação cenestésica e do esquema corporal 
Por vezes trata-se de alucinações gerais que dão lugar a uma síndrome de 
despersonalização (transformações corporais) ou percepções de possessão 
diabólica; outras vezes são parciais como alucinações da sensibilidade visceral 
e segmentária. Temos aqui as alucinações genitais com sensação de orgasmo, de 
manuseio, violações diretas ou à distância. 
Temos alucinações mais sistematizadas ou localizadas que fazem parte da 
patologia do esquema corporal, como as distorções dos membros, metamorfose, 
membro fantasma e deslocamento dos membros. Estão presentes na esquizofrenia 
e, com frequência, estão associadas a delírios de influência e à síndrome de Cotard. 
 
Alucinação motora ou cinestésica 
Falsas percepções de movimento, ativo ou passivo, de todo o corpo ou só 
de um segmento. Podemos encontrá-la na esquizofrenia catatônica, nos delírios 
persecutórios e de influência, nos quadros de delirium tremense outros quadros 
de etiologia orgânica. 
 
Algumas formas especiais de vivências alucinatórias: 
Eco do pensamento e sonorização do pensamento: ouvir os próprios 
pensamentos ditos em voz alta não mais os reconhecendo como seus no espaço 
objetivo externo. Esse fenômeno pode se dar antes, no momento ou depois do ato 
de pensar (aqui caberia a denominação de eco do pensamento). Tal fenômeno pode 
ser vivido com uma vivência de influência, pensamento feito. Como, por exemplo, um 
braço ou a cabeça são vivenciados como enormes, crescendo ou encolhendo. 
17 
 
 
e) Pacientes que sofreram amputações de membros: podemos observar o fenômeno 
do membro fantasma. 
f) Pacientes com dismorfobia: percebem distorcidamente, como horríveis e fonte de 
vergonha, partes de seu corpo como nariz, orelha, seios etc., ou pequenos defeitos 
físicos que passariam despercebidos pela maioria das pessoas. Devido a essa 
percepção distorcida, insistem junto a médicos cirurgiões para que estes os operem. 
g) Pacientes com anorexia nervosa: alteração marcante do esquema corporal. 
 
Pensamento 
Elementos constitutivos do pensamento: 
1. Conceito: forma-se a partir das representações, sem elemento de sensorialidade, 
é puramente cognitivo, exprime os caracteres mais gerais dos objetos e fenômenos. 
2. Juízo: é o processo que conduz ao estabelecimento de relações significativas 
entre os conceitos básicos – afirmação de uma relação entre dois conceitos. 
3. Raciocínio: relaciona os juízos; a ligação entre juízos permite a formação de novos 
juízos e dessa forma o raciocínio e o próprio pensamento se desenvolvem. 
Chamamos de associação de ideias, segundo Iracy Doyle, à função 
psíquica encarregada do estabelecimento de relações entre as diversas 
representações e dados do conhecimento. Englobamos no conceito de associação 
de ideias dois elementos importantes: a união associativa e a integração 
significativa. A união associativa consiste numa simples conexão passiva que se 
estabelece entre dois ou mais dados do conhecimento, que tenham sido 
simultaneamente objeto da nossa consciência, integrando uma vivência ou 
experiência subjetiva (processo inconsciente). A integração significativa estabelece 
união entre os dados do conhecimento que possuem atributos comuns resultando 
18 
 
 
em novas unidades ou elementos de conhecimento, que facilitam a integração das 
experiências concretas em conceitos mais abstratos e universais (processo 
consciente que obedece à lógica). 
Temos quatro leis que regulam o processo associativo que são: 
1. Lei da associação por continuidade temporal: os conteúdos representativos 
correspondentes a estímulos que impressionaram o nosso psiquismo 
simultaneamente tendem a ser evocados conjuntamente. (Ex.: a lembrança de uma 
música recorda a pessoa que a executou). 
2. Lei da associação por contiguidade espacial: os conteúdos representativos 
pertencentes a estímulos que se projetam em pontos próximos do espaço ambiental 
tendem a ser evocados conjuntamente (Ex.: se recordamos do céu, pensamos 
nas estrelas). 
3. Lei da associação por semelhança externa: os dados representativos, cujas 
imagens sensoriais se pareçam, tendem à evocação conjuntamente. (Ex.: uma baleia 
nos faz pensar em peixe). 
4. Lei da associação por semelhança interna: as representações feitas de conteúdos 
de significação idêntica evocam-se ou tendem a evocar-se conjuntamente. (Ex.: 
a lembrança de um frasco de remédio nos recorda uma caixa de injeções). 
Processo de pensar ou momentos do pensamento: 
1. Curso do pensamento: é o modo como o pensamento flui, a sua velocidade, seu 
ritmo ao longo do tempo. 
2. Forma do pensamento: é a sua estrutura básica. 
3. Conteúdo do pensamento: aquilo que dá substância ao pensamento, seus temas 
predominantes, o assunto em si. 
Alterações do curso do pensamento 
19 
 
 
1. Taquipsiquismo ou aceleração do pensamento: pensamento flui de forma 
acelerada, uma ideia se sucedendo à outra rapidamente. Ocorre na mania, em alguns 
esquizofrênicos, na ansiedade intensa, nas intoxicaçõespor estimulantes do SNC. 
2. Bradipsiquismo ou lentificação do pensamento: pensamento flui com lentidão, de 
forma dificultosa. Ocorre nos quadros depressivos, sob efeito de depressores do SNC, 
nos quadros que cursem com rebaixamento do nível da consciência e quadros 
demenciais. 
3. Interrupção do curso do pensamento ou bloqueio do pensamento: 
abruptamente, e sem qualquer motivo aparente, o paciente interrompe a sua 
fala, deixando de completar uma ideia. Algumas vezes a interrupção se dá no 
meio da frase, ou mesmo no meio de uma palavra. Após um intervalo o paciente pode 
retomar sua fala completando seu pensamento ou inicia um novo ciclo de 
pensamento. Ocorre quase que exclusivamente na esquizofrenia. Por vezes tal 
experiência é atribuída pelo paciente a um roubo do pensamento. Alterações da forma 
do pensamento. 
1. Fuga de ideias: alteração secundária ao taquipsiquismo, na qual uma ideia segue 
a outra de forma extremamente rápida alterando as associações lógicas entre os 
juízos e o raciocínio. Na fuga de ideias as associações das ideias são realizadas 
por associações por assonância (som das palavras) e a partir dos estímulos 
externos. Ocorre na mania. 
2. Empobrecimento do pensamento ou concretismo: alteração secundária ao 
bradpsiquismo; ocorre a inibição do raciocínio com diminuição da velocidade e 
do número de juízos e representações que são usados no processo de pensar. 
O pensamento torna-se lento, com poucas associações, pouco produtivo. O 
20 
 
 
discurso torna-se pobre em conceitos abstratos, metáforas e analogias. Ocorre 
nos quadros depressivos graves, no retardo mental e nos processos demenciais. 
3. Desagregação do pensamento: profunda e radical perda dos enlaces associativos 
do pensamento, total perda da coerência do pensamento ou perda do sentido lógico 
na associação de ideias. Mistura aleatória de palavras, que nada comunicam ao 
interlocutor. Formação de neologismo. Fases avançadas da esquizofrenia. 
4. Pensamento incoerente: é uma perturbação do pensamento que acompanha as 
patologias onde se observam alterações quantitativas da consciência (da claridade da 
consciência). O pensamento é confuso, contraditório e ilógico em função de o 
raciocínio não levar em conta as leis da lógica, razão pela qual o pensamento 
se manifesta em franca discordância com a realidade objetiva. Encontramos nos 
quadros de deliriume nos estados oníricos. 
5. Pensamento prolixo: o paciente não consegue chegar a qualquer conclusão sobre 
o tema que está tratando, dá longas voltas, não sabe discernir entre o essencial e o 
supérfluo, há uma falta de capacidade de síntese. Encontrado na epilepsia, nos 
deficientes mentais, indivíduos com lesões cerebrais. 
 6. Perseveração do pensamento é a repetição automática e freqüente de 
representações que são introduzidas como material supérfluo nos casos em que 
existe um déficit na evocação de novos elementos ideológicos. Revela-se através 
da linguagem pela dificuldade que o paciente apresenta em abandonar o tema 
que inutilmente procura desenvolver e, também, pela dificuldade de encontrar as 
palavras necessárias à expressão do pensamento. Encontramos a perseveração nos 
quadros orgânicos como em pacientes epilépticos, deficientes mentais, pacientes com 
lesões cerebrais e quadros demenciais. 
21 
 
 
 7. Pensamento obsessivo: predominam ideias ou representações que, apesar de 
terem um conteúdo absurdo e repulsivo para o sujeito, impõem-se à consciência de 
modo persistente e incontrolável. Isto determina uma luta constante. Encontrado na 
neurose. 
 
Linguagem 
Podemos considerar a linguagem como o elo final da cadeia de processos 
psíquicos, que se iniciam com a percepção e terminam com a palavra falada ou 
escrita. Desta forma, é impossível admitir a separação entre a linguagem e o 
pensamento. Pode-se afirmar que a todo pensamento corresponde uma expressão 
verbal. Alterações da linguagem secundárias a processos orgânicos cerebrais: 
ocorrem associadas a acidentes vasculares cerebrais, tumores cerebrais, 
malformações arteriovenosas e quadros degenerativos do SNC. 
a) afasia: perda da linguagem falada e escrita por incapacidade de compreender e 
utilizar os símbolos verbais. Perda da habilidade linguística que foi previamente 
adquirida pelo sujeito, decorrente de uma lesão neuronal do SNC. Temos dentro das 
afasias: 
 1. Afasia sensorial de Wernicke: o transtorno se centraliza na recepção dos sinais 
verbais. Neste tipo de afasia, observam-se cegueira verbal, surdez verbal, 
perturbação da palavra espontânea, da leitura e da escrita. O afásico de Wernicke 
consegue falar, mas geralmente fala numa linguagem destituída de sentido lógico e 
pronuncia as palavras de maneira defeituosa ou emite uma série de palavras 
sem ordem gramatical, o que torna a linguagem inteiramente incompreensível. 
2. Afasia motora: o paciente conserva a linguagem, porém não pode falar, 
embora não apresente alterações da musculatura que intervém na articulação das 
22 
 
 
palavras. A perturbação tem origem central. O sintoma observado nesse tipo de 
afasia é a impossibilidade do paciente de pronunciar palavras: ele compreende 
o que ouve porque conserva a imagem mental das palavras, no entanto, não pode 
falar. A leitura e a escrita estão conservadas. 
3. Afasia de Broca: aqui todas as modalidades de linguagem estão perturbadas em 
maior ou menor grau, mas há sempre predominância da perturbação da palavra 
articulada, da leitura e da escrita. O afásico desse tipo não articula nenhuma 
palavra ou apenas poucas palavras, não compreende bem, não lê e não escreve 
bem. É um afásico de expressão e de compreensão. Pode ser observada na 
demência na doença de Pick. 
b) agrafia: perda por lesão orgânica da linguagem escrita. 
c) alexia: perda da capacidade previamente adquirida para a leitura. 
d) disartria: incapacidade de articular corretamente as palavras, devido a alterações 
neuronais referentes ao aparelho fonador como na paralisia geral progressiva, 
AIDS, paralisias bulbares. 
Alterações da linguagem associadas a transtornos psiquiátricos 
a) Disfemia ou tartamudez ou gagueira: dificuldade ou impossibilidade de pronunciar 
certas sílabas no começo ou ao longo de uma frase, com repetição ou intercalação de 
fonemas. Ocorre devido a defeitos mecânicos da fonação em decorrência de fatores 
emocionais como ansiedade e timidez. 
b) taquifasia ou logorréia: produção aumentada e acelerada da linguagem verbal, 
associada ao taquipsiquismo. Comum em todos os casos de excitação 
psicomotora, principalmente nos quadros maníacos e hipomaníacos, e na 
embriaguez alcoólica. 
23 
 
 
c) bradifasia ou bradilalia: fala muito vagarosa, associada ao bradpsiquismo. 
Encontrada nas depressões graves, nos estados demenciais, na esquizofrenia e em 
casos de parkinsonismo pós-encefálico. 
d) mutismo: ausência de resposta verbal oral por parte do paciente. Comum 
em quadros de estupor, catatonia e depressão grave. 
e) estereotipia verbal: consiste na repetição automática de uma palavra, sílaba 
ou som, que se intercala entre as frases sem nenhuma finalidade. As características 
da estereotipia verbal são: fixidez, duração, inutilidade e inadequação às 
circunstâncias. Comum dos pacientes esquizofrênicos, deficientes mentais, 
demência na doença de Pick e no parkinsonismo. 
f) ecolalia: repetição como um eco da última ou últimas palavras do entrevistador, de 
forma automática, involuntária. Comum na esquizofrenia catatônica, demência. 
g) palilalia: repetição de forma automática,sem controle, da última ou últimas 
palavras que o próprio paciente emitiu. Ocorre na demência de Pick e Alzheimer. 
h) logoclonia: repetição automática e involuntária das últimas sílabas que o paciente 
pronunciou. Encontrada na demência de Pick e Alzheimer. 
i) mussitação: o paciente fala como que para si, apenas movendo discretamente os 
lábios, emitindo fonemas pouco compreensíveis e repetitivos. Comum na 
esquizofrenia catatônica. 
j) fenômeno das para-respostas: o conteúdo da resposta é disparatado em relação 
ao que foi perguntado. Ocorre na esquizofrenia. 
k) neologismo: consiste em palavras novas, criadas pelo paciente, ou palavras 
existentes às quais é atribuído um novo significado 
l) coprolalia: o discurso é caracterizado pela presença de palavras obscenas, 
vulgares ou relativas a excrementos. 
24 
 
 
 
Memória 
A memória é a capacidade de registrar, manter e evocar os fatos já 
ocorridos. A capacidade de memorizar relaciona-se intimamente com o nível da 
consciência, com a atenção e com o interesse afetivo. Os requisitos para a memória 
são: 
1. Registro – é a capacidade de acrescentar novos materiais ao armazenamento da 
memória. 
2. Retenção ou fixação – é a habilidade de armazenar conhecimento que pode 
subsequentemente retornar à consciência. 
3. Recuperação – é a capacidade de obter o material armazenado na memória. 
4. Evocação – é o retorno para o consciente da informação armazenada para 
o consciente em um momento selecionado. 
5. Reconhecimento – é a sensação de familiaridade que acompanha o retorno 
do material armazenado à consciência. 
Temos uma memória de fixação ou para fatos recentes ou de curto prazo ou 
anterógrada: refere-se à capacidade de reter a informação por um período curto de 
tempo. 
Memória de evocação ou para fatos passados ou de longo 
prazo ou retrógrada 
É a capacidade de evocação de informações e acontecimentos ocorridos no 
passado. 
Os esquecimentos podem ocorrer por três vias: 
1. esquecimento fisiológico ou normal por desinteresse do indivíduo ou por desuso. 
25 
 
 
2. esquecimento por repressão – quando se trata de material desagradável ou pouco 
importante para o sujeito. 
3. esquecimento por recalque – certos conteúdos mnêmicos, devido ao fato de serem 
emocionalmente insuportáveis, são banidos da consciência, podendo ser 
recuperados apenas em circunstâncias especiais. 
 
Lei da regressão mnêmica de Ribot de 1882 
O indivíduo que sofre uma lesão cerebral tende a perder os conteúdos da 
memória na ordem e no sentido inverso que os adquiriu. 
1. Alterações quantitativas da memória 
1. Hipermnésia de fixação: aumento da capacidade de fixação. Ocorre em pacientes 
autistas para dados seletivos. 
2. Hipermnésia de evocação: os elementos mnêmicos afluem rapidamente, em 
tropel, ganhando em número, mas perdendo em clareza e precisão. Ocorre em 
quadros maníacos, em indivíduos sob efeito de drogas excitantes do SNC e 
em pacientes autistas. 
3. Amnésias ou hipomnésias: perda ou redução da memória, seja na capacidade de 
fixação ou de evocação. A amnésia anterógrada ocorre na síndrome de Korsakoff e 
nos quadros demenciais, como também no delirium, estados crepusculares, nos 
estados de ansiedade e agitação e em pacientes deprimidos.Temos quadros de 
amnésia (hipomnésia) generalizada que afetam todas as recordações de grande 
parte do passado, compreendendo os últimos meses, como temos a amnésia 
denominada de lacunar ou localizada, onde a falha da memória abrange 
especificamente um determinado espaço de tempo, de limites relativamente precisos, 
26 
 
 
durante o qual houve um prejuízo na capacidade de fixação. Entre as amnésias 
lacunares temos: 
a) Amnésia psicogênica: há perda de elementos mnêmicos focais, que têm um valor 
psicológico específico, o indivíduo se esquece de um evento de sua vida, mas 
consegue lembrar-se de tudo que ocorreu ao seu redor. Ex.: amnésia retrógrada em 
quadros dissociativos psicogênicos como a amnésia dissociativa e fuga 
dissociativa. 
b) Amnésia orgânica: bem menos seletiva em conteúdo, perde-se a capacidade de 
fixação e em estados avançados da doença o indivíduo começa a perder 
conteúdos antigos como nos quadros de demência. Ex.: amnésia de fixação nos 
traumatismos craniencefálicos, e na síndrome de Korsakoff (secundária ao 
alcoolismo crônico, associado ao déficit de tiamina – vitamina B1-tiamina). 
 
Alterações qualitativas da memória 
1. Ilusões mnêmicas ou alomnésias: há o acréscimo de elementos falsos a um 
núcleo verdadeiro de memória, por isso a lembrança adquire um caráter fictício. 
Ocorre na histeria, na esquizofrenia, paranoia, transtornos da personalidade. 
2. Alucinações mnêmicas ou paramnésias: são verdadeiras criações imaginativas com 
a aparência de lembranças e não correspondem a nenhuma lembrança 
verdadeira. Ocorre na esquizofrenia, paranoia. 
3. Criptomnésia: falseamento da memória na qual as lembranças aparecem como 
fatos novos ao paciente, que não as reconhece como lembranças. Ex.: Alzheimer. 
4. Ecmnésia: é a recapitulação e revivescência intensa, abreviada e panorâmica da 
existência, uma recordação condensada de muitos eventos passados, que ocorre por 
27 
 
 
um breve período de tempo. Ex.: pacientes epilépticos, em indivíduos normais em 
situação relacionada à iminência de morte por acidentes, e na histeria. 
5. Falsos reconhecimentos: quando o paciente identifica o médico como uma 
pessoa de sua família, ou como um velho conhecido. 
6. Falsos desconhecimentos: há o não-reconhecimento de pessoas muito 
familiares, em que o paciente afirma não conhecer, por exemplo, sua esposa, sua 
mãe. Tanto o falso reconhecimento como o falso desconhecimento ocorrem na 
esquizofrenia, depressão grave, deliriume demência de Alzheimer. 
7. Fenômeno do jamais visto: o paciente, apesar de já ter sido familiarizado com 
determinada experiência, tem a nítida sensação que nunca viu, ouviu, pensou ou viveu 
tal experiência. Ocorre nos estados de esgotamento, intoxicações, epilepsia. 
8. Fenômeno do já visto: o paciente tem a nítida impressão de que o que 
estávendo, ouvindo, pensando ou vivenciando no momento já foi experimentado por 
ele. 
9. Pseudologia fantástica: o paciente recorda uma experiência imaginária passada 
como se tivesse ocorrido verdadeiramente. Ocorre em pessoas sugestionáveis, 
deficientes mentais, e com transtorno de personalidade antissocial. 
 
Afetividade 
A vida afetiva dá cor, brilho a todas as vivências humanas. A afetividade é um 
termo genérico que engloba várias modalidades de vivências afetivas como o 
humor ou estado de ânimo, as emoções, os sentimentos, os afetos e as paixões. Jean 
Delay, citado por Paim em 1993, define o estado de ânimo ou humor como “a 
disposição afetiva fundamental, rica em todas as instâncias emocionais e vitais, que 
dá a cada um de nossos estados de ânimo uma tonalidade entre dois pólos, 
28 
 
 
um patético e outro apático. NA esfera tímica, que engloba todos os afetos, o 
humor representa um papel similar ao que a consciência tem na esfera noética, que 
engloba todas as representações; é, portanto, a mais elementar e ao mesmo tempo a 
mais geral”. 
Para Bleuler, o humor consiste na “soma total dos sentimentos presentes 
na consciência em dado momento” . Podemos dizer que o humor é o tônus afetivo do 
indivíduo, o estado emocional basal e difuso no qual se encontra a pessoa 
num determinado momento. O humor é vivido corporalmente. 
A emoção é um estado afetivo intenso e complexo, proveniente de uma reação, ao 
mesmo tempo psíquicae orgânica, do indivíduo inteiro contra certas excitações 
internas ou externas. A emoção está na dependência dos centros diencefálicos 
e acompanha-se normalmente de reações neurovegetativas (motoras, secretoras, 
viscerais, vasomotoras) e psíquicas, que se manifestam objetivamente pela expressão 
da emoção. É um estado afetivo intenso, de curta duração, acompanhado de reações 
somáticas. 
Desta forma, podemos dizer que o humor e a emoção são experiências 
psíquicas e somáticas ao mesmo tempo; revelam sempre a unidade 
psicossomática básica do ser humano. 
O sentimento é um estado afetivo atenuado, estável,duradouro e 
organizado com maior riqueza e complexidade do que os elementos representativos. 
Estão geralmente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações, 
não implicam concomitantes somáticos. Scheler classificou os sentimentos em: 
a) sentimentos sensoriais: localizados em determina 
das partes do corpo, tais como a dor e o prazer; 
29 
 
 
b) sentimentos vitais, como o bem-estar e o mal-estar, o sentimento de saúde e de 
enfermidade, a calma, a tensão, a alegria, a tristeza e a angústia; 
 c) sentimentos psíquicos ou anímicos, considerados como sentimentos do Eu; 
d) sentimentos espirituais ou da personalidade, como, por exemplo, a beatitude, 
o desespero, o remorso, a paz e a serenidade espiritual. 
O afeto é a qualidade e o tônus emocional que acompanham uma ideia 
ou representação mental. Acoplam-se às ideias anexando a elas um colorido afetivo. 
Por último, temos a paixão definida como a “tendência predominante e 
geralmente exclusiva, que exerce, de maneira mais ou menos constante, uma ação 
diretriz sobre a conduta e o pensamento, dirigindo os juízos de valor e impedindo o 
exercício de uma lógica imparcial”. 
 
Catatimia = a influência da vida afetiva sobre as demais 
funções psíquicas. 
Alterações do Humor: 
1. Humor triste ou hipotimia: diminuição da excitabilidade e na intensidade 
dosafetos, como nos quadros depressivos e melancólicos, acompanhados de 
pensamentos de culpa, ruína, hipocondria, morte, etc. 
2. Hipertimias: correspondem ao aumento em intensidade e duração d 
os afetos, geralmente associados à aceleração da atividade psíquica. Ocorrem 
nos chamados hiperemotivos, nervosos, supersensíveis e no início das 
intoxicações exógenas (álcool, anfetamina). Nos quadros maníacos, a hipertimia, 
quer dizer, exacerbação do humor – logo, exaltação do sentimento vital, com 
vivências de alegria intensa, excitabilidade afetiva e elação onde vemos, além 
30 
 
 
da alegria patológica, uma expansão do Eu, uma sensação subjetiva de grandeza 
e de poder. 
3. Humor disfórico: tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada. Se f 
alarmos de depressão disfórica ou de mania disfórica, estamos falando de um 
forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade. 
4. Humor pueril: caracteriza-se por seu aspecto infantil, regredido, o indivíduo ri ou 
chora por motivos banais, sua vida afetiva é superficial, carece de afetos 
profundos, consistentes e duradouros. É comum na esquizofrenia hebefrênica, 
déficit intelectual, quadros histéricos e em personalidades imaturas. 
5. Humor ansioso: estado de humor desconfortável, uma apreensão negativa em 
relação ao futuro, uma inquietação interna desagradável. Inclui manifestações 
somáticas e fisiológicas e manifestações psíquicas (angústia). 
 
Alterações das Emoções e dos Sentimentos 
1. Embotamento afetivo: nos processos esquizofrênicos avançados surge o 
chamado embotamento afetivo, ou apagamento afetivo, caracterizado 
principalmente pelo enfraquecimento dos sentimentos que geram e consolidam os 
laços e nexos afetivos familiares. 
2. Labilidade afetiva: instabilidade e mutabilidade freqüente nas reações 
afetivas. Comum na adolescência, nos neuróticos histéricos, nos alcoólatras, na 
psicopatia e em idosos. 
3. Incontinência afetiva: incapacidade de regular e controlar as emoções, 
quesurgem sob a forma de pranto convulsivo ou riso incontido. Ocorre nos neuróticos, 
alcoólatras, portadores de enfermidades somáticas crônicas e como sintoma 
precoce da arteriosclerose cerebral. 
31 
 
 
4. Paratimias: sentimentos paradoxais e inadequados exibidos por esquizofrênicos. 
5. Neotimias: ocorrem nas síndromes de despersonalização, principalmente de 
natureza esquizofrênica: é o aparecimento de sentimentos novos, inusitados e 
extravagantes – sentimento de estranheza, de transformação corporal, etc. 
6. Ambivalência afetivaou ambitimia:sintoma tipicamente esquizofrênico, tem sua 
origem na ruptura da unidade vivencial. Caracteriza-se pela coincidência no tempo e 
no espaço de sentimentos opostos e inconciliáveis. Dois sentimentos ou duas 
vontades (ambitendência) opostas, inconciliáveis e simultâneas. 
7. Anedonia: é a incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com 
determinadas atividades e experiências da vida. Ocorre nas síndromes 
depressivas, esquizofrênicos crônicos e em formas graves de neurose. 
8. Apatia ou indiferença afetiva: se estende a todas as emoções agradáveis e 
desagradáveis. 
9. Fobias: medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e 
incompatíveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos 
desencadeantes chamados objetos ou situações fobígenas. 
Vontade 
De maneira prática e objetiva, poderemos admitir que a vontade é a faculdade 
de agir racionalmente. A atividade voluntária é: reflexiva, por agir com 
conhecimentos de causa; livre, por supor alternativas de escolha; e eficaz, por poder 
efetivar decisões. O processo volitivo compreende quatro fases: 
a) Fase de intenção ou propósito = nesse momento, os impulsos, desejos e temores 
inconscientes exercem influência decisiva sobre o ato volitivo. 
32 
 
 
b) Fase de deliberação = componente intelectual do ato volitivo, constitui uma 
das condições indispensáveis para a realização de um ato verdadeiramente 
voluntário. 
c) Fase de resolução = atos formais da vontade, pelos quais se resolve por uma das 
alternativas, ou de se executar ou de se inibir o ato. 
d) Fase de execução = é a realização ou não do ato, sendo a consequência lógica da 
resolução. 
 
Distúrbios da vontade 
1. Abulia = ausência de vontade, seja quanto à decisão, seja 
 quanto à execução. Ocorre em quadros depressivos, em intoxicações e 
esquizofrênicos, principalmente em catatônicos. 
2. Hipobulia = diminuição da vontade com queda da livre determinação e predomínio 
do automatismo das ações. Ocorre em neuróticos deprimidos. 
3. Negativismo = resistência gratuita às solicitações externas e internas. Será 
considerado ativo quando o paciente contraria as solicitações; e passivo quando nada 
diz, permanece imóvel, mudo. Ocorre na catatonia. A sitiofobia é a recusa sistemática 
de alimentos revelando um negativismo profundo. Encontrado em depressivos 
graves, delírios de envenenamento. 
4. Obediência automática = o indivíduo obedece como um robô às solicitações 
 de pessoas que entrem em contato com ele. Ocorre na catatonia. 
5. Fenômenos em eco (ecolalia, ecopraxia, ecomimia e ecografia) = o indivíduo 
repete de forma automática. Comum na catatonia e nos quadros psicoorgânicos. 
 
 
33 
 
 
Consciência 
Para Husserl, o fundamental da consciência é ser profundamente ativa, 
visando ao mundo e produzindo sentido para os objetos que se lhe apresentam. A 
consciência é sempre “consciência de algo”. A intencionalidade da consciência, isto 
é, o visar a algo, o dirigir-se aos objetos, de modo ativo e produtivo,é próprio da 
consciência na visão fenomenológica. Na definição psicológica, a consciência é a 
soma total das experiências conscientes de um indivíduo em um determinado 
momento. É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta 
para a realidade. Na relação do eu com o meio ambiente, a consciência é a 
capacidade de o indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer 
seus objetos. 
Aprosexia abolição total da capacidade de atenção, por maisfortes e variados 
que sejam os estímulos que se utilizem. Ocorre em quadros avançados de 
Demência como a da doença de Alzheimer. 
A hipervigilância com hipotenacidade encontramos nos quadros maníacos 
e hipomaníacos e nas crianças hiperativas. 
Os pacientes esquizofrênicos costumam ter alterações da atenção, 
particularmente dificuldade em filtrar e “anular” adequadamente estímulos sensoriais 
irrelevantes, enquanto realizam determinada tarefa; são assim muito suscetíveis 
de se distraírem com estímulos visuais e auditivos externos. 
 
Orientação 
A orientação é uma função psíquica que permite ao indivíduo situar-se 
quanto a si mesmo e ao ambiente. A orientação autopsíquica é aorientação do 
indivíduo em relação a si mesmo. Revela se o paciente sabe quem é, como se chama, 
34 
 
 
que idade tem, qual sua nacionalidade, profissão, religião, etc. A orientação 
alopsíquica diz respeito à capacidade de orientar-se em relação ao mundo, isto é, 
quanto ao tempo e quanto ao espaço. 
Temos vários tipos de desorientação, de acordo com a alteração de base 
que a condiciona. Nos quadros orgânicos a desorientação ocorre primeiramente 
quanto ao tempo, depois quanto ao espaço e só com o agravamento do quadro é que 
o indivíduo desorienta-se quanto a sua própria pessoa (Lei de Ribot). 
Alterações da orientação: 
1. Desorientação confusional ou amencial: consequente à redução do nível de 
consciência. O rebaixamento da consciência produz uma alteração da atenção e da 
capacidade de integração de estímulos ambientais, impedindo que o indivíduo 
apreenda a realidade de forma clara e precisa. 
2. Desorientação amnéstica: por déficit de memória de fixação o indivíduo não 
consegue fixar as informações, perde a noção do fluir do tempo, do deslocamento no 
espaço. Ocorre nos diversos quadros demenciais e na síndrome de Korsakoff. 
3. Desorientação apática ou abúlica: ocorre por apatia e/ou desinteresse em 
função de uma alteração do humor e da vontade. Por falta de motivação e 
interesse em função de um quadro depressivo, o indivíduo não se atém aos 
estímulos ambientais e torna-se desorientado. 
4. Dupla orientação delirante: ocorre em pacientes esquizofrênicos e paranoicos nos 
quais a orientação falsa, delirante, coexiste com a orientação correta. 
 
 
 
 
35 
 
 
Os sistemas diagnósticos 
Classificação das doenças mentais 
Estabelecer um diagnóstico em medicina, no quadro de uma atividade médica, 
é coisa fácil. Há sinais funcionais, físicos, biológicos, etc., que referidos ou não a uma 
etiologia conhecida permitem classificar um doente numa categoria única. A 
doença é uma diferença em relação a um estado que se define como sendo a saúde. 
Em psiquiatria é muito mais difícil seguir o procedimento médico. Não há sinal objetivo 
algum e a patologia mental, como regra, se inscreve num distúrbio de 
comportamento em relação a uma norma. Mas onde está o padrão de referência? 
Não existe norma em si, mas somente um consenso do grupo cultural sobre o que é 
comportamento normal, e o que é comportamento desviado. A norma varia com o 
meio e com a cultura. Mas a influência do grupo exprime-se, sobretudo, nas 
modalidades de expressão comportamental. Assim, para alguém emitir um 
diagnóstico, o seu contexto e suas finalidades devem ser definidos. Por exemplo, 
temos: No meio hospitalar o diagnóstico permite comunicar acerca de um doente. É o 
caso de uma aproximação descritiva, hic et nunc, essencialmente baseada sobre 
uma descrição dos sintomas para mais ou para menos em relação a um estado 
anterior. Faz-se, pois, uma aproximação descritiva de sintomas que obstruem a 
atividade do doente, e o diagnóstico é uma convenção aceita pelo grupo, 
permitindo a comunicação no interior desse grupo. O objetivo habitual do 
tratamento é fazer desaparecer os sintomas. Nas pesquisas em psiquiatria, o 
diagnóstico tem como objetivo comparar grupos de pacientes entre si. É uma 
aproximação que se pretende objetiva. O fim não é tanto obter um diagnóstico 
"verdadeiro", mas ter grupo de pacientes o mais semelhante possível. É um 
sistema de pura convenção a priori. A avaliação dos resultados será estatística, para 
36 
 
 
apagar as diferenças individuais. De toda forma, os critérios diagnósticos são 
importantes como vimos para a pesquisa, pois criam uma linguagem comum que 
permite a comparação de dados de diferentes estudos, e também na clínica para a 
indicação de um tratamento adequado. Classificações na Psiquiatria Henri Ey, em 
1948, referia que nas classificações das doenças mentais existia uma alternância ao 
longo da história de influências entre as tradições hipocrática (vertente dinamista, com 
uma visão global do homem) e galênica (vertente mecanicista, com uma concepção 
atomística do organismo concebido como soma de órgãos), levando a 
propostas de classificações categoriais (vertente galênica) e de classificações 
dimensionais (hipocrática). 
Na classificação categorial estabelecemos diferenças quantitativas entre as 
diversas classes das doenças mentais, com critérios homogêneos de inclusão e de 
exclusão dos casos, partindo da teoria binária da psicose Kraepeliana que estabelece 
de forma clara a distinção entre a Psicose Maníaca Depressiva e a Esquizofrenia no 
que diz respeito ao curso da doença e de seu prognóstico. 
Na classificação dimensional avaliam as diferenças quantitativas entre os 
indivíduos com relação a uma determinada variável com distribuição ao longo de um 
contínuo por partir da teoria unitária da psicose de Griensiger. Independentemente do 
tipo de classificação empregada é importante lembrar que “os vários conceitos e 
categorias diagnósticas que construímos são apenas ferramentas que escolhemos 
para observar e interpretar o mundo real”. ”Não são em si realidades” (Millon,1987). 
A classificação em psiquiatria se dá a partir do diagnóstico sindrômico (e não 
baseada na etiologia das doenças – como na medicina). A identificação da 
síndrome é feita pela observação clínica e pela experiência clínica do entrevistador, 
37 
 
 
bem como pelos critérios de exclusão e inclusão que decorrem de estudos de 
acompanhamento e da resposta terapêutica aos psicofármacos. 
As classificações se constituem em um conjunto de hipóteses formando 
construtos provisórios que não devem ser reificados, tomados como algo concreto. 
Jaspers em 1911 dizia: “Cada manifestação, como a alucinação, a ideia delirante, tem 
nuances variadas conforme os diferentes doentes”. 
1. Classificação na psiquiatria clássica 
A classificação das doenças mentais na psiquiatria clássica mantém uma 
oposição entre duas categorias principais: a das neuroses e a das psicoses. 
Psicose como Neurose são conceitos aplicados a categorias de entidades 
nosológicas. Sabemos que os quadros nosológicos não descrevem os indivíduos, 
mas trabalhamos com conceitos, com quadros psicopatológicos que, embora 
possam partir da observação clínica, são modelos teóricos, são sistemas 
concebidos pelos psiquiatras para organizar, interpretar, medir, trabalhar com os 
dados. Reconhecemos, identificamos a situação do paciente, em função de quadros 
diagnósticos,de padrões estabelecidos pelo saber psiquiátrico. 
O grupo das Psicoses na Psiquiatria é dividido classicamente nas chamadas 
psicoses endógenas e psicoses exógenas. Bleuler e Jaspers já criticavam a 
independência desses conceitos fundados ambos num equívoco essencial: o da 
divisão e autonomia do mundo interno por um lado e do mundo externo por 
 outro. 
Bleuler considerava a ideia de uma psicose endógena embaraçosa mesmo 
para o pensamento de seu tempo – um pensamento comprometido com o discurso 
científico e com a filosofia moderna. Tomando partido da racionalidade, Bleuler 
defendia a tese da causalidade suficiente, isto é, da existência universal e necessária 
38 
 
 
de uma síntese que constitui o elo, a ligação, o liame causal. Coerente com seus 
pressupostos, afirmava que se frequentes e graves transtornos mentais ocorrem sem 
que se possam definir as relações causais. Isso indica não que tais causas não 
existam, mas apenas que elas não foram ainda encontradas e que portanto falar 
em transtorno mental endógeno é falar em alteração mental de gênese 
desconhecida, sem nexo causal conhecido. À crítica de Bleuler vem se juntar 
Jaspers que sustentava a dupla tese da causalidade necessária e da ação recíproca 
entre interno e externo, teses que articuladas desautorizavam a pretensão de 
dividir e classificar as psicoses em endógenas e exógenas. 
A tese da causalidade necessária faz Jaspers enunciar que a enfermidade 
psíquica é um intricado de fios cuja trama se tece a partir de um fundo corporal. O 
nexo causal é aí tão necessário quanto ignorado: presumem-se fundamentos 
corporais, mas se está longe de apreender a infinidade de elos desconhecidos entre 
o fundamento suposto e a alteração psíquica final. 
No grupo das psicoses denominadas exógenas, orgânicas ou somatógenas 
incluem: 
a) Psicoses sintomáticas: psicoses que não são mais do que sintomas de uma 
enfermidade somática, uma enfermidade corporal qualquer, que atinge transitória 
e reversivelmente o psiquismo dos indivíduos enfermos; ou ainda aparece como 
decorrência de alguma intoxicação, experimental ou acidental. As alterações que 
estão em relevo nessas psicoses são a turvação, a perturbação da consciência, 
entendendo a consciência como aquele “todo momentâneo da vida psíquica”, o 
conjunto do psiquismo num corte transversal. Quando esta consciência está 
obnubilada ou turva, está perturbada, entorpecida, isto definiria o quadro central, 
fundamental, que compõe as psicoses sintomáticas. São também chamadas de 
39 
 
 
reações exógenas agudas e de delirium. É facilmente reconhecida pela desorientação 
do sujeito, inicialmente alopsíquica e posteriormente autopsíquica. Existe no quadro 
uma dificuldade da fixação mnêmica; existe uma abundância de pseudo-alucinações, 
já que a alucinação verdadeira só ocorre com a clareza de consciência. Podem 
aparecer ideias anômalas, ideias deliróides, que são secundárias a uma 
alteração fundamental, que é a alteração global da consciência. Aqui também estão 
presentes os distúrbios da psicomotricidade, a impulsividade, a agitação psicomotora. 
b) Psicoses orgânicas: o quadro se caracteriza pela demência, aqui reconhecida como 
deterioração intelectual, que tem como base, como fundamento, uma alteração 
psíquica, uma alteração mental, e diria mais ainda, uma alteração ao nível do S.N.C., 
que é irreversível e duradoura. A demência é o fenômeno central das psicoses 
orgânicas, ladeado pela labilidade do humor, que marcha inexoravelmente para uma 
situação de indiferença afetiva. 
No grupo das psicoses denominadas endógenas ou funcionais, temos: 
a) Esquizofrenia: Bleuler dizia que o delírio e a alucinação não são apanágio 
da esquizofrenia, falando dos sintomas fundamentais que seriam: a ambivalência 
(coexistência no mesmo indivíduo de afetos, desejos 
 e pensamentos antagônicos em relação a um mesmo objeto), o autismo, a 
desagregação do pensamento e a inadequação afetiva. Jaspers dava ênfase 
especial às chamadas alterações da consciência do Eu: da atividade, da unidade, 
da identidade e a consciência do Eu em oposição ao mundo externo. Para ele, as 
alterações psicopatológicas fundamentais do processo esquizofrênico estavam 
localizadas no nível da consciência do Eu. 
b) Parafrenia: a parafrenia é entendida pela Escola Francesa como sendo algo 
parecido com a Esquizofrenia, mas havendo aí uma predominância de delírios 
40 
 
 
e alucinações, que ocorrem paralelamente a uma atividade psíquica bastante 
preservada nos seus vários planos. Parafrenia seria, então, uma psicose 
delirante crônica de conteúdo fantástico, que evolui paralelamente a uma boa 
preservação das atividades psíquicas, a uma boa conservação da conduta, a uma boa 
preservação do estar no mundo do paciente. 
c) Psicose Maníaco-Depressiva: caracterizada pelos distúrbios quantitativos do 
humor, ocorrendo com ideias deliróides. 
d) Paranoia: a paranoia que para a psicanálise equivale ao próprio conceito de 
psicose, curiosamente na Psiquiatria tem um pequeno espaço. Ela está lá como sendo 
uma entidade nosológica rara que se caracteriza por um estado delirante crônico, 
sistematizado, uma psicose monossintomática em que o delírio é fundamental e as 
alucinações inexistem; existe uma coerência muito grande, algo de muito convincente 
no delírio desses sujeitos ditos paranoicos que faz com que eles possam convencer 
uma, duas ou mais pessoas. É também denominada de desenvolvimento paranoide 
porque teria uma compreensibilidade. 
2. Classificação da APA – DSM Em 1917, o Comitê para estatísticas da Associação 
Psiquiátrica Americana (APA), juntamente com a Comissão Nacional para a Higiene 
Mental, formulou um sistema de classificação estatística das doenças mentais que 
visava servir primariamente para o diagnóstico de pacientes internados com 
transtornos psiquiátricos e neurológicos severos baseado na classificação proposta 
por Kraepelin. 
Em 1952 a APA publica o DSM I a partir de insatisfações com a classificação 
proposta pelo CID VI em 1948 pela Organização Mundial da Saúde. A classificação 
do DSM I foi baseada no conceito de reação de Meyer, do conceito sociodinâmico de 
Menninger e de alguns conceitos psicanalíticos freudianos. 
41 
 
 
Divide os quadros psiquiátricos em dois grandes grupos, as patologias 
resultantes de disfunção cerebral e as resultantes da inabilidade do indivíduo em 
adaptar-se às situações da vida. Os transtornos mentais eram entendidos como 
reações da personalidade a fatores psicológicos, sociais e biológicos. Em 1968 é 
publicada a DSM II propondo uma classificação baseada na teoria psicanalítica, 
onde os transtornos mentais eram vistos como expressões simbólicas de realidades 
psicológicas ou psicossomáticas. De 1968 a 1980 tiveram lugar diversos fatores que 
viriam a influenciar a organização do DSM III. São eles: 
a) necessidade de critérios operacionais para a pesquisa farmacológica; 
b) o refinamento das técnicas estatísticas, aquilo que possibilitava a identificação de 
agrupamentos de sintomas comuns a uma determinada categoria diagnóstica. 
Em 1980 é publicado o DSM III, que abandona os conceitos psicodinâmicos de 
Freud como neurose e histeria, afirmando que Freud usava tais termos para 
descrever e indicar um processo etiológico. Como os autores americanos não 
conseguiram consenso na questão da etiologia da neurose, preferem usar o 
termo "distúrbios neuróticos" quando o clínico quer indicar a noção de processo 
etiológico. Mas não usam mais "neurose"como grupo de doenças. Usam assim 
“neurótico" como qualificativo, e não "neurose" como categoria. O mesmo ocorre em 
relação à Psicose, onde não usam o termo "psicótico" como base de classificação dos 
distúrbios mentais não orgânicos, para evitar classificar como "psicose" os Distúrbios 
Afetivos Maiores, pois tais distúrbios não apresentam habitualmente características 
psicóticas. 
O DSM III apresenta cinco eixos diagnósticos que são: 
1. Síndrome clínica 
2. Transtorno da personalidade 
42 
 
 
3. Transtorno e condições físicas 
4. Gravidade dos estressores psicossociais 
5. Funcionamento adaptativo (incapacidade ou não laboral) 
Várias críticas surgiram ao DSM III como: 
 - pretensa ateoricidade teoria comportamental implícita 
 - sacrifício da validade diagnóstica em favor da confiabilidade 
 - classificação a partir da dimensão categorial em detrimento do dimensional 
 - pouca importância ao curso evolutivo 
 - abandono de conceitos psicodinâmicos como neurose e histeria 
 - representação do pensamento de um grupo seleto de profissionais 
 - privilégio do aspecto sindrômico 
O DSM IV é publicado em 1994 apresentando uma abordagem categorial; 
os diagnósticos podem ser múltiplos ou provisórios. E cada categoria diagnóstica 
contém os aspectos diagnósticos; aspectos de especificidade em relação à 
cultura, sexo, idade de começo; dados epidemiológicos; curso; complicações; 
fatores predisponentes. 
Existem 17 classes diagnósticas principais, subdivididas em cinco eixos: 
Síndrome clínica; Transtorno da personalidade; Condições médicas; Problemas 
profissionais e ambientais; e Funcionabilidade. Diz-se ateorético. O DSM IV utiliza na 
classificação o termo transtorno assim definido: "‘Transtorno’ não é um termo exato, 
porém é usado aqui para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou 
comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a 
sofrimento e interferência com funções pessoais.” 
3. Classificação Internacional das Doenças – CID O CID foi criado com o propósito 
de ser um instrumento essencialmente epidemiológico, a partir de todas as 
43 
 
 
enfermidades registradas em países integrantes da Organização Mundial da Saúde 
(OMS). É apenas na sua 6ª edição em 1948 (CID – VI) que se incluiu em seu capítulo 
V a enfermidade mental. Em 1992 é publicado o CID X, com caráter eminentemente 
descritivo e critérios de diagnóstico específicos, muito influenciado pelo DSM III. 
As descrições não pressupõem implicações teóricas nem tampouco pretende 
abarcar todos os conhecimentos dos transtornos mentais e do comportamento. 
Representam conjuntos de sintomas que tiveram consenso de um grande número de 
clínicos e pesquisadores de diferentes países, os quais abandonam a diferença entre 
psicose e neurose como princípio organizador da classificação. Mesmo não 
utilizando a divisão tradicional entre neurose e psicose, o termo "neurótico" ainda 
é mantido para uso ocasional como, por exemplo, os transtornos neuróticos. Ao 
invés de seguir a dicotomia neurótico-psicótico, os transtornos são arranjados 
em grupos de acordo com os principais temas comuns ou semelhanças 
descritivas, o que dá ao uso uma conveniência crescente. "Psicótico" foi mantido como 
um termo descritivo conveniente. Seu uso não envolve pressuposto acerca de 
mecanismos psicodinâmicos, porém simplesmente indica a presença de alucinações 
e delírios ou de um número limitado de várias anormalidades de comportamento, tais 
como excitação e hiperatividade grosseiras, retardo psicomotor marcante e 
comportamento catatônico. 
No livro Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – (CID-X) vemos 
nas classificações das doenças mentais a utilização do termo "transtorno" com a 
seguinte referência: "o termo transtorno" é usado por toda a classificação, de 
forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como 
"doença" ou "enfermidade". "Transtorno" não é um termo exato, porém é usado aqui 
para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos 
44 
 
 
clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e 
interferência com funções pessoais". 
É também um diagnóstico multiaxial apresentando três eixos diagnósticos que 
são: 
a) diagnóstico clínico = transtorno mental + transtorno físico; 
b) incapacidades no cuidado pessoal; ocupação; família e no contexto social 
mais amplo; 
c) fatores contextuais que equivalem aos fatores estressores do eixo 2 do DSM. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BEAUCHESNE, H. História da psicopatologia. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 
CHENIAUX, E.Manual de psicopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 
IONESCU, S. Quatorze abordagens de psicopatologia. Porto Alegre:Artes Médicas, 
1977. 
PAIM, I. História da psicopatologia. São Paulo: EPU, 1993. 
PEREIRA, M.E.C. A paixão nos tempos do DSM: sobre o recorte operacional do 
campo da psicopatologia. In; Ciência, pesquisa, representação e realidade 
em psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo: EDUC, 2000. 
SIMS, A. Sintomas da mente – Introdução à psicopatologia descritiva. Porto 
Alegre: Artmed, 2001.

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