Buscar

Prévia do material em texto

Historia do direito penal
Desde os primórdios da humanidade, o homem tem progredido em todos os sentidos. Através do desenvolvimento da razão, dom não atribuído a nenhum outro animal, exceto à espécie humana, o homem tem sempre estado organizado em grupos ou sociedades. No entanto, a interação social nem sempre é harmônica, pois nela o homem revela o seu lado instintivo: a agressividade. Podemos afirmar que através dos tempos o homem tem aprendido a viver numa verdadeira "societas criminis". É aí que surge o Direito Penal, com o intuito de defender a coletividade e promover uma sociedade mais pacífica.
Dado a necessidade do direito penal na sociedade, ele surge ainda no período primitivo com o período de vingança no qual se divide em três, a vingança primitiva, vingança divina e vingança pública:
 1.1 Vingança privada:
Neste período histórico da vingança privada, cometido um crime, ocorria a reação da vítima, dos parentes e até do grupo social (tribo), que agiam sem proporção a ofensa, atingindo não só o ofensor, como todo o seu grupo. A inexistência de limites (falta de proporcionalidade) imperava no revide à agressão. A vingança privada constituía-se numa reação natural e instintiva, por isso, foi apenas uma realidade sociológica, não uma instituição jurídica.
Com o evoluir dos tempos Podemos atribuir o inicio do direito penal a Duas grandes regulamentações fundadas na vingança privada: a lei de o talião e a composição. A lei de talião não se tratava propriamente de uma pena, mas de um instrumento moderador da pena, o qual consistia em aplicar ao delinquente ou ofensor o mal que ele causou ao ofendido, na mesma proporção.
A Lei de Talião foi adotado por vários documentos, revelando-se um grande avanço na história do Direito Penal por limitar a abrangência da ação punitiva. O exemplo disso, podemos ver esse controle de pena no código de Hamurabi. Também encontramos na bíblia sagrada, na lei das sete tabuas entre outros. Todos com suas peculiaridades, mas sempre usando a lei de talião como base.
 Posteriormente, origina-se a composição, através do qual o ofensor comprava sua liberdade, com dinheiro, gado, armas, etc. Adotada, também, pelo Código de Hamurabi (Babilônia), pelo pentateuco (Hebreus) e pelo Código de Manu (Índia), foi largamente aceita pelo Direito Germânico, sendo a origem remota das indenizações cíveis e das multas penais.
 1.2 Vingança divina:
Na era da vingança divina, a religião atinge influência decisiva na vida dos povos antigos, A administração da sanção penal ficava a cargo dos sacerdotes que, como mandatários dos deuses, encarregavam-se da justiça. Chaves afirma isso em sua obra: O Povo e o Tribunal do Júri
"Na fase da vingança divina, de caráter teocrático, entendida como repressão ao crime é a satisfação dos deuses, a vingança deixa de ser exercida pela vítima, e, passa a pertencer aos deuses. Na verdade, por meio dos sacerdotes repoisáveis pelo poder místico, pela revelação divina, reprimiam-se os crimes como uma satisfação dada aos deuses" (Chaves, 2015, pág. 45).
Desta maneira, por se tratar de uma sociedade primitiva de direito consuetudinária, as crenças religiosas chegaram ao ponto de confundir-se com o "direito", influenciando moralmente e regrando a sociedade segundo parâmetros divinos representados pela figura dos sacerdotes que aplicavam de penas cruéis, severas e desumanas utilizando-as como meio de intimidar possíveis delitos posteriores.
 1.3 Vingança publica:
 Com uma saciedade um pouco mais organizada, especialmente no que tangia ao desenvolvimento do poder político, surge, no seio das comunidades, a figura do chefe ou da assembleia. A pena, portanto, perde sua índole sacra para transformar-se em uma sanção imposta em nome de uma autoridade pública, a qual representava os interesses da comunidade em geral.
A pena de morte nesta época era uma sanção largamente difundida e aplicada por motivos que hoje são considerados insignificantes. Usava-se mutilar o condenado, confiscar seus bens e estender a pena além do pessoa do apenado, geralmente atingia-se até os familiares do delinquente. Embora a criatura humana vivesse aterrorizada período da história, devido à falta de segurança jurídica, verificou-se um grande avanço no fato de a pena não ser mais aplicada por terceiros, e sim pelo Estado.
2. Período Humanitário
O denominado Período Humanitário transcorre durante o lapso de tempo compreendido entre 1750 e 1850. Tendo seu apogeu no decorrer do Humanismo, esse período foi marcado pela atuação de pensadores que contestavam os ideais absolutistas. 
Pugnava-se nesta época pela reforma das leis e da administração da justiça penal no fim do século XVIII. Os povos estavam saturados de tanta barbárie sob pretexto de aplicação da lei. Por isso, o período humanitário surgiu como uma reação as arbitrariedade praticadas pela administração da justiça penal e contra o caráter real das sanções.
Os escritos de Monteguieu, Voltaire, Rosseau, D’Alembert e o Cristianismo foram de suma importância para o humanismo, uma vez que construiram o próprio alicerce do período humanitário. O pensamento predominante da época ia de encontro a qualquer crueldade e se rebelava contra qualquer arcaísmo do tipo: "Homens, resisti à dor, e sereis salvos". (Basileu Garcia).
3. Período Científico
Também conhecida como período criminológico, esta fase caracteriza-se por um notável entusiasmo científico. Começa a partir do século XIX, por volta do ano de 1850 e estende-se até os nossos dias. Inicia-se, neste período, a preocupação com o homem que delínque e a razão pela qual delínque.
Puig Peña refere-se a esse período, afirmando que "caracteriza-se pela irrupção das ciências penais no âmbito do Direito punitivo, e graças a ele se abandona o velho ponto de vista de considerar o delinquente como um tipo abstrato imaginando sua personalidade".
O notável médico italiano César Lombroso, revoluciona o campo penal na época. Ferri e Garófalo também merecem destaque, além do determinismo e da Escola positivista que tiveram sua devida influência no período criminológico.
Escolas penais
Como afirma Aníbal Bruno às escolas penais são corpos de doutrinas mais ou menos coerentes sobre os problemas em relação com o fenômeno do crime e, em particular, sobre os fundamentos e objetos do sistema penal. (Bruno, Anibal. Direito Penal. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 1967).
Para José Frederico Marques, as escolas penais representam a adoção de distintos métodos e objetos de abordagem que se seguem no estudo da disciplina do direito penal, para se chegar ao seu conhecimento e, consequentemente, orientar a sua elaboração. (MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal, v. I p. 103). 
4. Escolas clássicas
4.1 Filosófico/teórico: no qual a figura de maior destaque foi Beccaria. Ele desenvolveu sua tese com base na ideias de Rousseau e de Montesquieu, construindo um sistema baseado na legalidade, onde o Estado deveria punir os delinquentes mas tinha de se submeter às limitações da lei. 
O pacto social define que o individuo se comprometa a viver conforme as leis estipuladas pela sociedade e deverá ser punido pelo Estado quando transgredi-las, para que a ordem social seja restabelecida.
4.2 Jurídico ou prático: em que o grande nome foi Franchesco Carrara, sumo mestre de Pisa. Ele estudou o crime em si mesmo, sem se preocupar com a figura do criminoso. Defendia que o crime era uma infração da lei do Estado (promulgada pra proteger os cidadãos); é impelido por duas forças: a física, movimento corpóreo que produzirá o resultado, e a moral, a vontade consciente e livre de praticar um delito. 
Para Carrara a pena é uma medida retributiva para o criminoso, tendo em vista o mal causado à sociedade. É um castigo para o homem. Para este estudioso do direito o crime é um ente jurídico, é a violação ao direito de um terceiro. Carrara entende que o crime é uma infração a lei do Estado promulgada para promover a segurança dos cidadãos resultante de um ato externo do homem, positivo ou negativo moralmente imputável e politicamentedanoso. 
5. Escola positivista
Para muitos, o fundador da Escola Positiva foi o médico italiano Cesare Lombroso, que revolucionou o Direito Penal da época com estudos inicias a criminologia. Lombroso inaugurou a chamada Antropologia Criminal, e considerava que o crime era uma manifestação da personalidade humana e produto de várias causas, acreditando que um homem poderia, em virtude das características adquiridas geneticamente, estar destinado a uma vida de crimes, surgindo dessa conclusão o termo criminoso nato. Ele estudava o criminoso pelo ponto de vista biológico, realizando uma série de experiências, tendo até estabelecido estigmas físicos e fisiológicos que permitiam reconhecê-los.
Ele estudava o criminoso pelo ponto de vista biológico, realizando uma série de experiências, tendo até estabelecido estigmas físicos e fisiológicos que permitiam reconhecê-los. Com o passar do tempo, Lombroso começou a admitir a ideia de que o criminoso não era somente fruto do atavismo, mas também de outros fatores, como a “Loucura Moral” e a epilepsia.
Segundo Mirabete a Escola Positiva tem a sua maior figura em Henrique Ferri, criador da Sociologia Criminal ao publicar o livro que leva esse nome. Discípulo dissidente de Lombroso, ressaltou ele a importância de um trinômio causal do delito: os fatores antropológicos, sociais e físicos. Aceitando o determinismo, Ferri afirmava ser o homem “responsável” por viver em sociedade. Dividiu os criminosos em cinco categorias: o nato, o louco, o habitual, o ocasional e o passional. Dividiu as paixões em sociais (amor, piedade, etc.), e antissociais (ódio, inveja, avareza). 
Para Ferri essa classificação antropológica não era meramente acadêmica, mas de uma utilidade prática imensurável, que segundo ele correspondia plenamente às exigências de uma justiça penal que tenha sempre presente- na lei, no julgamento e na execução da condenação- o próprio protagonista, que é o homem delinquente. Para Ferri a pena deveria ter dupla finalidade, quais sejam, punir e ao mesmo tempo recuperar o crimonoso, ou seja, a medida preventiva e retributiva. A pena deve ser indeterminada, sendo necessária até ao eficaz reajuste da vida do criminoso em sociedade, a pena para guardar a defesa social. Classificou o criminoso em nato, louco, passional, ocasional e habitual
6. Escola sociológica alemã 
Busca desenvolver uma nova Política Criminal. E Von Liszt cria a primeia Teoria do Delito, a chamada Teoria Casualista (conditio sine qua non). Almeja um equilíbrio entre livre arbítrio e determinismo.
Defende a pena intimidativa para os criminosos normais, com fulcro a desestimular a prática de novos delitos e a medida de segurança para os anormais e reincidentes. É o conceito finalista da pena. Defende a pena intimidativa para os criminosos normais, com fulcro a desestimular a prática de novos delitos e a medida de segurança para os anormais e reincidentes. É o conceito finalista da pena. . 
René Ariel Dotti destaca os principais fundamentos dessa corrente:
a) O direito penal é ciência independente que se ocupa da posição dogmática do Direito e emprega o método lógico-abstrato;
b) A criminologia, a penologia e a política criminal, embora ligadas ao direito penal, são ciências autônomas e aplicam o método experimental;
c) A imputabilidade tem como base a responsabilidade penal e, sem entrar no âmago da questão do livre arbítrio e do determinismo, deve ser declarado culpado o sujeito que tenha capacidade de se conduzir socialmente. No entanto, para determinada categoria de infratores, a natureza das medidas aplicáveis dependerá de sua periculosidade;
d) O delito é, ao mesmo tempo, considerado como conceito jurídico proporcionado pelo Direito Penal e como fenômeno natural, suscetível de investigações criminológicas quanto à sua etiologia e formas de apresentação;
e) A luta contra o delito deve empregar tanto a pena como a medida de segurança; (Curso de Direito Penal – Parte Geral / René Ariel Dotti – Rio de Janeiro – Forense – 2005 – pg. 135).
7. Escola técnico jurídica 
Influenciada pela Escola Clássica, tem como principal expoente Arturo Rocco, Trata o direito penal alheio às influências de outras ciências, refutando, portanto, ilações com a Sociologia, Criminologia, Filosofia, Antropologia etc. Tem a lei como alicerce do direito penal e o ordenamento jurídico vigente. O direito positivo dever ser a única fonte. 
De forma bem sintética, podemos afirmar que para Arturo Rocco: o único objeto da Ciência Criminal é o ordenamento jurídico vigente, isto é, o estudo das normas jurídicas que proíbem as ações humanas imputáveis, injustas ou nocivas, indiretamente geradoras e reveladoras de um perigo para a existência da sociedade juridicamente organizada; que a Ciência Criminal deve limitar-se a estudar o delito e a sanção de um posto de vista pura e simplesmente jurídico, pois são fatos jurídicos dos quais um é causa e o outro consequência; que o delito é um fato humano e social e que a pena é um fato social e politico 
REFERENCIA
DUARTE, Maércio Falcão. Evolução histórica do Direito Penal. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 4, n. 34, 1 ago. 1999. Disponível em:  <https://jus.com.br/artigos/932>. Acesso em: 20 abr. 2019.
PACHECO, Eliene Descovi. Evolução histórica do direito penal. Revista âmbito jurídico. Disponível em:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index. php?n_link=artigos
_leitura_pdf&artigo_id=3751>. Acesso em: 20 abr. 2019.
CHAVES, Charley Teixeira. O Povo e o Tribunal do Júri. Editora DPlácido, 2015
FELICIANO, Vinicuos. Escolas penais. Disponível em: <https://vinciusfeliciano.jusbrasil.com.br/artigos/146506485/escolas-penais> Acesso em 21/04/2009
WEBARTIGOS. Síntese sobre escolas penais. Disponível em <https://www.webartigos.com/artigos/um-sintese-sobre-as-principais-escolas-penais/115962/> Acesso em 21/04/2019
AMBITOJURIDICO. Evolução histórica do direito penal e escolas penais. Disponível em:<wrwwww.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=514 > Acesso em 21/04/2019

Mais conteúdos dessa disciplina