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Trabalho de Introdução Geral ao Direito - Caso dos exploradores de cavernas

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Prévia do material em texto

UNEC - CENTRO UNIVERSITÁRIO CARATINGA 
CURSO DE DIREITO
 
CAMILA MOREIRA DE LIMA
CAMILA SILVA DOS SANTOS
JALMIR PEREIRA FIGUEIREDO
LAYNARA COUTINHO OLIVEIRA
RICARDO VITOR SANTOS ARAÚJO
WÁGDA PEREIRA VIANA
DECISÃO EM JULGAMENTO NO CASO DOS EXPLORADORES DE
CAVERNAS.
Nanuque/MG
2020
Decisão em julgamento: caso os exploradores da caverna.
Tese no caso dos exploradores de caverna
Curso de Direito
Disciplina: Teoria Geral do Direito
Professor Msc : Carlos Augusto Lima Vaz
Nanuque/MG
2020
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................4
2 DECISÃO NO CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS ..............................6
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................16
4
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é estudar a respeito da clássica obra: “O caso dos
Exploradores de Caverna (The Case of the Speluncean Explorers), publicada em
1949, pelo jurista britânico Lon L. Fuller e, ao final, o grupo ter um posicionamento,
na condição de um dos juízes, proferindo decisão para desempatar o julgamento. 
Antes de adentrarmos diretamente no que se fará neste trabalho, é necessário fazer
um resumo da obra de Fuller. Ela se passa na data fictícia de maio de 4.299 e nos
relata a história de 05 membros de uma “Sociedade Espeleológica” que decidem
explorar uma caverna. 
Já o caso jurídico se passa no ano de 4.300, na localidade de Newgarth, cidade
fictícia que fazia parte da Commonwealth, em que quatro dos exploradores foram
julgados e condenados à forca pelo homicídio do quinto membro, chamado Roger
Wethmore. O assassinato se consumou quando os cinco exploradores estavam
vivenciando a sua aventura e explorando a caverna de rocha calcária. No entanto,
em razão de ter ocorrido um deslizamento de terras, fechou-se a única entrada,
impossibilitando-os de sair os deixando sem comida e sem água por muito tempo. 
Soube-se então, que os exploradores tinham levado consigo um rádio
transistorizado capaz de receber e enviar mensagens. Uma equipe de socorro foi
prontamente enviada ao local, porém a tarefa revelou-se extremamente difícil. O
trabalho de desobstrução foi muitas vezes frustrado por novos deslizamentos de
terra, sendo que em um destes, dez operários contratados, vieram a óbito. 
Whetmore, então, propôs se seria aconselhável um deles ser sacrificado para que
os outros pudessem sobreviver. Indagou aos médicos se seria coerente tirar na
sorte, contudo, em contra gosto, nenhum dos médicos, padres, juízes ou autoridade
governamental assumiu a responsabilidade de responder a referida pergunta.
Quando os homens foram finalmente libertados da caverna descobriu-se que no 23º
dia em que lá estavam presos, um dos exploradores foi morto pelos demais colegas.
Os réus o acusaram de violação do acordo e procederam ao lançamento dos dados
e quando chegou à vez da vítima, um dos exploradores tirou-os em seu lugar.
5
A vítima não havia declarado objeções a fazer, tendo tido então a “má sorte”. Após o
resgate e submetidos a um tratamento para desnutrição e choque emocional, foram
denunciados pelo homicídio de Roger Whetmore.
O júri acolheu todas as informações possíveis sobre o caso, sendo os réus
condenados com base no veredicto do juiz de primeira instância. Sentenciando que
estes fossem levados à forca. O júri, através de seus membros não queria a morte
dos réus e enviou uma petição conjunta ao chefe do poder executivo pedindo que tal
sentença fosse comutada em prisão de seis meses. No entanto, nenhuma medida
fora tomada, 
Houve apresentação de recurso, no entanto a suprema corte manteve a decisão. O
primeiro a proferir seu voto foi o ministro-presidente Truepenny, que condenou todos
eles à sentença de morte, porque é assim que está na lei positivada. O segundo
votante, o ministro Foster, por entender que o caso é constrangedor e trágico, julgou
o caso conforme a sua própria convicção moral. O juiz Tatting, J no cumprimento de
seus deveres da lei, sentiu se dividido entre simpatia pelos exploradores salvos e um
sentimento de aversão ao ato por eles cometido, recusou a participar do julgamento
do caso. O Ministro Keen, fez duras críticas ao Ministro Foster e ao julgar o caso, em
respeito à legislação, condenou-os. Já o Ministro Handy Jr. que proferiu o último
voto, assumidamente, decidiu conforme a imprensa e a população gostaria:
absolveu os réus e reformou a sentença de primeira instância. Destarte, empate na
decisão. Diante disso a sentença condenatória de primeira instância foi confirmada.
No decorrer do caso, deparamos com as mesmas dificuldades encontradas pelo juri,
juiz e ministros, havendo divisão sobre o tema. Então buscamos tomar uma decisão
à luz do ordenamento jurídico brasileiro atual e da sua licitude. Assim, esse trabalho
visa nos posicionar sobre esse fato. Contudo, deixa-se claro, que independente do
resultado, na seara do direito, não estaríamos cometendo nenhuma irregularidade à
luz da lei. O parecer do grupo, visou ater-se a uma decisão fundamentada ao direito
positivista. No entanto, procurou não deixar de lado as questões humanas, cuidados
e atenção necessária que o caso requer, alargando dessa forma, nossa visão sobre
o assunto. A produção do trabalho se deu em forma de acórdão.
6
2. DECISÃO PROFERIDA (CASO EXPLORADORES DE CAVERNAS).
Processo: Casos exploradores de cavernas
Ministro relator do Acórdão: Grupo do 1º período de Direito da UNEC 2020
Data do Julgamento e publicação: 18/05/2020
EMENTA: Penal - Homicídio Consumado - Caso dos
Exploradores de Cavernas - ESTADO DE
NECESSIDADE CONFIGURADO. Art. 23 do Código
Penal. Aplicabilidade. Exclusão do crime.
ABSOLVIÇÃO. APELAÇÃO PROVIDA. 1. Trata-se
nos presentes autos do processo à condenação dos
quatro membros da Sociedade Espeleológica pela
morte do Sr. Roger Whetmore. 2. Presentes os
elementos subjetivos e objetivos do artigo 242 do
Código Penal, caracterizando a excludente de ilicitude
do estado de necessidade (artigo 23 do CPB). 3.
Absolvição dos réus, em face da ocorrência da
excludente de antijuridicidade (Art. 23 CP). 4. Apelação
provida, por maioria de votos. (Suprema Corte de
Newgarth - Ano de 4300. Relator Ministro 1º Período de
Direito Unec.);
ACÓRDÃO
Vistos etc., acorda, a Suprema Corte de Newgarth - Ano de 4300., na
conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO.
MINISTRO GRUPO DE TRABALHO DO 1º PERÍODO DO CURSO DE DIREITO DA
UNEC DO ANO DE 2.020.
V O T O 
7
OS EXPLORADORES DE CAVERNA, inconformado com a r. decisão
proferida pelo d. Juízo de Direito de Newgarth, interpôs o presente recurso de
apelação.
O expediente em questão versa sobre quatro membros da Sociedade
Espeleológica - uma organização amadorística de exploração de cavernas.
No ano de 4299 os referidos membros adentraram sob a companhia do
Sr. Roger Whetmore a uma caverna. Durante a penetração da aludida caverna
ocorreu um desmoronamento de pedras o que obstruiu completamente a sua
entrada. Foi enviada uma equipe de socorro até o local e na tentativa de resgate.
Contudo, devido a outro desmoronamento, acabou por ocorrer uma fatalidade, dez
trabalhadores acabaram tendo a sua vida ceifada.
Soube-se então, que os exploradores tinham levado consigo para a
caverna um rádio transistorizado capaz de receber e enviar mensagens. Somente no
vigésimo dia, os referidos espeleólogos conseguiram manter contato com a equipe
de socorro. 
Deste modo, os mesmos procuravam saber quanto tempo seria
necessário para liberá-los e foram informados pelos engenheiros responsáveis pelo
resgate, que duraria pelo menos dez dias. Levando em conta afalta de alimentos, os
mesmos interrogaram sobre a possibilidade de subsistirem por esse período, o qual
foram informados pelo presidente da comissão, que havia escassa possibilidade de
sobrevivência. Então, perdeu-se a comunicação via rádio durante oito horas.
Após o restabelecimento de comunicação com a equipe de socorro, o Sr.
Whetmore indagou-os sobre a probabilidade de sobreviverem por mais dez dias se
alimentando de carne humana, neste caso, referindo-se a ele próprio e os demais.
Quando os espeleólogos foram libertados soube-se que no vigésimo
terceiro dia após adentrarem a caverna o Sr. Whetmore tinha sido morto e sua carne
serviu de alimento para seus companheiros. 
8
Segundo relato dos companheiros de Whetmore, a vítima propôs tirar a
sorte, mediante um par de dados que trazia consigo, para saber qual deles serviriam
de mantimento. Inicialmente, os acusados hesitaram, mas adiante, concordaram
com o feito. Entretanto, antes que estes fossem lançados, o Sr. Whetmore declarou
desistência e foi acusado de violação do acordo. Então, quando chegou a sua vez,
um dos acusados jogou os dados em seu lugar da vítima, o que foi adversa a sorte,
e então foi ele foi morto.
Depois de libertos foram acusados e sentenciados pelo assassinato do
Sr. Whetmore. O juiz de primeira instância decidiu que os réus eram culpados e
consequentemente, foram sentenciados à forca, não lhe permitindo a lei nenhuma
discrição com respeito à pena a ser imposta.
É o relatório. Passo a opinar e decidir.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso de
apelação interposto.
Com base no dispositivo legal N.C.S.A (n.s) § 12-A, que prevê a morte
daqueles que intencionalmente prive a outrem à vida, tanto o júri, quanto o juiz de 1ª
instância opinaram pela condenação dos réus. 
Este dispositivo legal não permite nenhuma exceção aplicável à espécie,
embora, conforme bem explicitou o Ministro presidente, “a nossa simpatia nos incline
a se ater em consideração a trágica situação em que esses homens foram
envolvidos”. No entanto, a hermenêutica jurídica, nos aponta que é possível buscar
em outras fontes do direito, situação que busque trazer ao caso, a verdadeira justiça.
Antes de posicionarmos é necessário citar o que os demais ministros que
me antecederam disseram, o que é visível uma divergência em suas opiniões sobre
o pleito, conforme elencado abaixo:
9
O ministro-presidente Truepenny, fundamentou dizendo que o texto da
nossa lei é bem conhecido: “Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida
será punido com a morte”. N.C.S.A. (n.s.) § 12-A. Este dispositivo legal não permite
nenhuma exceção aplicável à espécie, embora a nossa simpatia nos incline a ter em
consideração a trágica situação em que esses homens foram envolvidos, mantendo
a decisão de condenação. 
O Exmo Ministro Foster, J. - Com sua visão jusnaturalista, alega que o
caso tomou dimensões dificultosas, e se o Tribunal declarar os acusados culpados a
lei de Commonwealth tornar-se-á vergonhosa, acreditando que o direito positivo não
deve ser aplicado e que deveria ser a lei natural a ser adotada a julgar o presente
caso. Entendeu em seu voto, que houve a legítima defesa e afirmou que os réus são
inocentes do crime de homicídio, contra Roger Whetmore, votando pela reforma da
sentença de condenação. 
O Ministro Tatting, J. - Afirma que como juiz, no cumprimento dos seus
deveres, tem sido normalmente capaz de associar os aspectos emocionais e
intelectuais de suas reações e decidir o caso sub judice. Ao analisar o voto do seu
colega Foster,J., acredita que o voto está minando por falácias e contradições. 
O nobre colega e Ministro Keen, J. - Relata duas questões: A primeira
delas consiste em saber se a clemência executiva deveria ser cedida aos réus caso
a condenação seja confirmada, a segunda se o que os homens fizeram foi “justo” ou
“injusto”, “mau” ou “bom”. E a única questão presente é decidir dentro do
ordenamento jurídico onde o importante é o que consta a clareza da redação
N.C.S.A (n.s.) §12-A,: “Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida
será punido com a morte”.
Já o ministro Handy, J. - Entende que a lei não deve ser tomada como
pressuposto fundamental e que os juízes cumpririam melhor o seu ofício se
considerassem as formalidades e os conceitos abstratos como instrumentos e que é 
10
mister a opinião popular, entendeu que os acusados já sofreram mais tormento e
humilhação do que é suportável, declara-os inocentes e que a sentença deve ser
reformada.
Após analisar os autos, atentamente, em especial as razões recursais
defensivas, as contrarrazões recursais ministeriais, bem como os votos dos colegas
ministros e, atendo-me aos elementos coligidos, tenho que o recurso merece
provimento, pelos motivos que declino:
Analisando os fatos, à primeira vista, dentro do ordenamento jurídico
brasileiro os réus devem ser inocentados já que, as provas colhidas no bojo
processual, vislumbra-se a excludente de ilicitude, prevista no art. 23 e 24 do Código
Penal Brasileiro, in verbis:
"Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I – em estado de necessidade;
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se."
O caso em questão, embora seja complexo, buscando a fundamentação
no ordenamento jurídico brasileiro e no direito positivo, denota-se que à guisa de
como os fatos ocorreram e sob a ótica constantes nos autos, há uma revelação de
que os fatos teve uma iniciativa da própria vítima, Sr. Roger Whetmore, quando este
colocou o acordo em pauta para sobrevivência de todos. Embora tenha declinado,
antes de ser pactuado, percebe-se dos autos, que conforme declarações dos réus,
um deles teria lançado os dados em seu lugar da vítima, contudo este não se opôs.
O que leva a transparecer sua aquiescência. 
https://jus.com.br/tudo/estado-de-necessidade
11
O caso em questão pela circunstância narrada na denúncia e na
apuração dos fatos e no escopo processual, verifica-se não haver provas
testemunhais, busca-se, então, ater-se ao que foi apurado. 
Ainda que não pudéssemos concordar com o posicionamento do Ministro
Foster J., o qual afirmou que os exploradores não tinham ciência dos fatos e que tal
atitude não configurava o crime de homicídio por erro de ilicitude não há dúvida que
os exploradores tinham ciência daquilo que foi feito. Os próprios dispositivos da lei,
no caso a brasileira prevê isso:
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Ademais que, mediante a Carta Magna, todos são iguais perante a lei:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade.
III - ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante;
Ocorre, porém, que mesmo não se excluindo o tipo subjetivo do dolo e
tipicidade da conduta, deve o presente caso ser visto como um fato que é alcançado
pela excludente de ilicitude de estado de necessidade. Tal posicionamento, visa
ater-se as regras da lei, submetendo ao direito positivo.
12
Quanto ao entendimento do ministro Foster J. de que houve legítima
defesa, não restou configurado, já que só se caracteriza quando se enquadrar nos
seguintes requisitos: a) a reação a uma agressão atual ou iminente e injusta; b) a
defesa de um direito próprio ou alheio; c) a moderação no emprego dos meios
necessários àrepulsa; e d) o elemento subjetivo. 
Não há elementos nos autos para entrar nessa seara jurídica de legítima
defesa. No entanto, também não há como não atentar-se para a natureza humana
no qual os exploradores passaram na caverna. Eles encontravam-se em risco
iminente, que poderia também elevar-se ao máximo sua aptidão física, por conta da
descarga enorme de adrenalina que estava gerando no organismo. 
Havia a informação de que eles apenas sobreviveriam 10 dias. Os
exames clínicos constantes nos autos demonstraram que estavam desnutridos e em
choque. Se tivessem passado mais alguns dias sem comer poderia haver quedas de
pressão, arritmias cardíacas, redução das proteínas, diminuição do tamanho dos
órgãos, incluindo o cérebro. Enfim, sem alimentação o quadro se converteria em
morte por insuficiência hepática ou falência dos órgãos.
Em situação dessa natureza, revela-se ser impossível alguém manter o
seu controle emocional diante do iminente risco de morte. Foi a própria vítima, que
sugeriu o sacrifício de um deles e neste aspecto, poderia surgir também o medo
entre eles, de ser sacrificado, enquanto dorme ou apunhalado pelas costas, gerando
contenda e desconfiança entre eles.
Assim, vislumbra-se que o caso em epígrafe, existiam naquela situação
extraordinária elementos que caracterizam o “Estado de Necessidade” – que é o
instinto de sobrevivência, frente ao art. 4º do CP - “Considera-se praticado o crime
no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado”. Porém, estamos diante da inexistência de um ambiente jurídico ou
político o que caracteriza um fato atípico, além uma condição não prevista no
ordenamento, chegando a conclusão de que na ocasião, as normas jurídicas se
encontravam inválidas.
13
É de se ressaltar que o sacrifício veio após um período de 21 dias sem
alimentos, e a única maneira de se manterem vivos foi comendo a carne de um
deles, não havia outro modo para os exploradores se alimentarem. Sem água e
comida, indispensáveis à vida, não tendo eles alternativas, havia o risco de morte
por desnutrição. Assim, seria inviável aguardar a morte natural de um dos indivíduos
para se alimentarem de sua carne, visto o lapso temporal exigido.
Portanto, observa-se evidentemente a presença do estado de
necessidade como excludente de ilicitude a fim de provar a inexistência de crime,
visto que os sobreviventes usaram de meio necessário, para salvar suas vidas, onde
o elemento subjetivo era única e exclusivamente à sobrevivência.
Não obstante, o posicionamento dos colegas que votaram pela
condenação, que tiveram sua fundamentação legal, entendemos que fazer justiça,
não é apenas a aplicação da lei, deve se buscar toda a essência dos fatos. 
Ainda que tenhamos fundamento no direito positivo para absolver os réus,
não podemos nos furtar, de esclarecer uns pontos importantes no presente caso.
Vale destacar que para salvar os exploradores, dez trabalhadores acabaram
morrendo em um deslizamento de terra. Essas mortes terão sido em vão, caso
ocorra a condenação com a morte dos réus, simplesmente por um análise fria da
letra da lei.
Se isso não bastasse, sabemos que o legislador, representa o povo, e se
em um julgamento do povo, representado pelo júri, não queria a morte dos réus,
mas sim, uma condenação branda e, não sendo possível. Se o povo mesmo
entendendo ter ocorrido o crime, quisesse absolver, sendo que o poder emana do
povo, este teria a capacidade de perdoar. Tem-se dessa forma, após uma análise
detalhada e fundamentada no presente voto, uma busca de aliar-se a um julgamento
justo, buscando uma análise de todo o fato, sem deixar de lado o direito positivo.
Diante dessas considerações, parafraseando parte do voto do ministro
Foster que outrora diz: 
14
“Mas um dos mais antigos aforismas da sabedoria jurídica ensina
que um homem pode infringir a letra da lei sem violar a própria lei”. 
O caso em questão é o típico. 
E chegamos à óbvia conclusão de que este caso em questão, em razão
da existência da excludente de ilicitude de Estado de Necessidade, afasta a
tipicidade do crime, já que de acordo o texto constitucional para que se caracterizar
crime é obrigatoriamente necessária a existência de fato típico, ilícito e culpável. No
presente caso, restaram afastados aqui os elementos de ilicitude e culpabilidade.
Tem-se por certo a inexistência de crime e, consequentemente não há
que se falar em aplicação de pena.
Por todo o exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO.
É como voto.
Publique-se, Registre-se e cumpra-se 
15
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Expôs-se neste trabalho a posição do grupo formado pelos acadêmicos do 1º
período de direito da UNEC: Camila Moreira de Lima, Camila Silva dos Santos,
Jalmir Pereira Figueiredo, Laynara Coutinho Oliveira, Ricardo Vitor Santos Araújo e
Wágda Pereira Viana. 
Fizemos um debate sobre o livro: “O caso dos exploradores da caverna”, do jurista
britânico Lon L. Fuller, onde discutimos os posicionamentos do Júri, Juiz e Ministros,
bem como tentamos trazer o caso, a luz do ordenamento jurídico brasileiro. Foram
feitas pesquisas, estudamos o livro e, resolvemos com a proposição do trabalho não
limitar apenas no pensamento e posição frente ao caso. Dessa forma, nosso
trabalho, buscou fazer um acórdão utilizado no Brasil e, como um julgador, proferiu
seu voto escrito no caso em questão.
Ressalta que no decorrer da elaboração do trabalho, também houve divergências na
decisão. Alguns entendiam que os réus deveriam ser condenados e outros
absolvidos, em razão da complexidade e do ajustamento com o direito positivo. No
entanto, com o passar dos debates, vimos que, não temos que ater apenas ao
direito positivo e direito naturalista, mas necessariamente, devemos sempre
fundamentar no direito com as nossas posições e busca de toda essência do fato . O
caso em questão, baseamos a nossa decisão, com o ordenamento jurídico
brasileiro, que nos dá a opção da excludente de ilicitude do Estado de Necessidade.
O presente caso, nos trouxe uma visão mais profunda e extensa do pleito. Porém,
também nos alertou que não se pode deixar de lado todo um ordenamento para
enfatizar questões emocionais e pessoais. Destarte, acreditamos que para se
chegar a um veredito justo, é necessário analisar todas as questões. Assim, não se
pode deixar de lado o litígio jusnaturalista e positivista, pois a melhor e justa
sentença, requer de nós uma profunda atenção e cuidado.
Assim, espera-se que, que o nosso posicionamento esteja dentro do princípio legal
do juspositivismo mas, principalmente, que tenhamos a capacidade de fazer justiça.
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. 
Código Penal Brasileiro - DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940).
Brasília: Senado, 1940. 
FULLER, Lon L. O Caso dos Exploradores de Cavernas. 2008.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
	SUMÁRIO
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS