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1Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série Noções Espaciais Começamos a estudar geografia localizando e dimensionando o seu objeto de estudo. Para a Geografia do Brasil, este trabalho inicial consiste no reconhecimento da posição geográfica e das di- mensões que o país ocupa em relação à totalidade da área terrestre. O Brasil localiza-se no hemisfério ocidental, em longitudes a oeste do meridiano inicial de Gre- enwich, ou seja, entre os meridianos 34º47’30” e 73º59’32” a oeste de Greenwich. Situado entre os paralelos de 5º16’20” de latitude norte e 33º44’42” de latitude sul, é cortado ao norte pelo Equador e, ao sul, pelo Trópico de Capricórnio, situando-se, portanto, cerca de 90% de seu território no hemis- fério sul. Integrante do continente americano, o Bra- sil situa-se na porção centro-oriental da América do Sul, limitando-se com a quase totalidade dos países sul-americanos, a exceção do Equador, do Chile e de Trinidad e Tobago. A área territorial brasileira é de 8.547.403,5 km2 e seu perímetro abrange 23.086 km, limi- tando-se em 7.367 km, com o Oceano Atlântico, ou seja 31,9% de sua linha divisória. É o terceiro maior país do continente em termos de área e o primeiro da América do Sul, ocupando 47% da área territorial sul-americana. Suas dimensões territoriais o caracterizam como um país continental, uma vez que seu terri- tório ocupa 1,6% da superfície do globo terrestre, 5,7% das terras emersas do planeta e 20,8% da su- perfície do continente americano. Posição Geográfica e suas Implicações Que País é este? 1 CA PÍ TU LO 2 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série A partir dos pontos extremos, das fronteiras, dos paralelos e dos meridianos, podemos determi- nar precisamente a posição geográfica do Brasil. O Brasil ocupa a porção centro-oriental da Hemisfério Sul Continente América Área (km2) 8.547.403,5 População residente (2005) 183.825.475 Densidade Demográfica (hab/km2) 21,06 Taxa de Urbanização (%) 80,59 Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual 1991-2000 (%) 1,93 COORDENADA GEOGRÁFICA ACIDENTE GEOGRÁFICO UNIDADE DA FEDERAÇÃO POSIÇÃO Norte Nascente dos rios Ailã e Caburaí, na Serra do Caburaí, fronteira com a Guiana Estado de Rorâima 5O 16’ 19’’ N Sul Curva do arroio Chuí, na fronteira com o Uruguai Estado do Rio Grande do Sul 33 O 45’ 09’’ S Leste Ponta Seixas, voltada para o Atlântico Estado da Paraíba 34 O 45’ 54’’ O Oeste Rio Moá, na fronteira com o Peru (Serra da Contamana) Estado do Acre 73 O 59’ O Fonte dos dados: Anuário Estatístico do Brasil América do Sul. São os acidentes geográficos si- tuados nas maiores latitudes e longitudes do país. Veja o quadro. Oficialmente o Brasil se constitui em uma República Federativa - República Federativa do Brasil – composta por 26 estados e um distrito fede- ral, onde se situa a capital da República – Brasília, sede do governo e dos poderes executivo, legislati- vo e judiciário. Cada um dos estados brasileiros, ou seja, cada uma das unidades da Federação, é ainda subdividido em municípios e esses em distritos. Ao todo o Brasil possui 9.274 distritos distribuídos em 4.974 municípios. Apesar de o País se constituir em uma Fede- ração é grande a centralização política existente, sendo pequena a autonomia de cada unidade da Federação. Os estados brasileiros são ainda agrupados em cinco grandes regiões político-administrativas: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste Fronteiras São os limites territoriais do país. As frontei- ras brasileiras estendem-se por mais de 23.000 Km, dos quais cerca de 7.500 representam a linha divi- sória oceânica. A fronteira com a Bolívia, esten- dendo-se por pouco mais de 3.100 Km, é a maior linha divisória continental. Verifique no quadro os tipos de fronteiras continentais brasileiras. 3Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série Rios Serras Linhas Geodésicas Lagos 50% 25% 20% 5% Observando o mapa da América do Sul, no- tamos que Brasil não possui fronteira com o Chile e o Equador. Alguns autores, entretanto têm alega- do que a ilha de Trinidad Tobago, desmembrada da Venezuela em 1972, seria um terceiro país não fronteiriço. Paralelos e Meridianos Utilizando como referência os principais pa- ralelos e meridianos (primeira figura percebe que o território brasileiro está assim posicionado): Hemisfério Área Oeste (Ocidental) Sul (Meridional) Norte (Setentrional) 100% 92% 8% Como principais consequências do posicio- namento geográfico brasileiro podemos destacar: • que a participação do Brasil na história do mundo ocidental só se inicia no século XVI, quando se amplia o horizonte geográfico hu- mano através das grandes navegações, ocor- rendo assim o descobrimento das Américas; • a formação de uma paisagem geográfica es- sencialmente tropical. Dimensões e suas Consequências As dimensões do país podem ser estudadas sob diversas perspectivas; daremos ênfase aos pro- blemas da extensão e da área. Extensão As distâncias entre os pontos extremos bra- sileiros são semelhantes, como verificamos na fi- gura. No entanto, veremos que as consequências deste fato são diferentes de acordo com o sentido e a direção das extensões. Distância Norte-Sul São 4.320 Km em linha reta, que refletem a grande extensão latitudinal do país. Este é um dos fatores mais significativos na formação das paisagens brasileiras, pois a latitude influi profun- damente nas temperaturas e, consequentemente, no clima de uma região. É importante lembrar que cerca de 8% do território brasileiro se encontra abaixo da linha do Trópico de Capricórnio (Veja primeira figura), ou seja, dentro da Zona tempera- da, embora seu clima seja subtropical. Distância Leste-Oeste São 4.328 Km em linha reta. A consequên- cia desta grande extensão longitudinal é a forma- ção de quatro fusos horários no Brasil, atrasados devido ao posicionamento a oeste do meridiano inicial de Greenwich (GMT). Área O Brasil ocupa aproximadamente 5,8% da superfície da Terra, o que equivale a pouco menos de 8.512.000 km2. Regionalmente, no entanto, forma um subcontinente, pois ocupa cerca de 47% da superfície da América do Sul. Fusos Horários Em decorrência do movimento de rotação da Terra, temos os dias e as noites, além da dife- rença de horário entre os diversos pontos longitu- dinais da esfera terrestre. Ao dividir os 360 graus da esfera terrestre pelas 24 horas de duração do movimento de rota- ção, o resultado é 15 graus. A cada 15 graus que a Terra gira, passa-se uma hora. Assim, cada uma das 24 divisões da Terra corresponde a um fuso horário (veja o mapa). Desde o Encontro de Washington, no ano de 1884, todas as localidades dentro de um mesmo fuso adotam o mesmo horário. Convencionou-se também que o meridiano que cruza Greenwich é 4 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série considerado o meridiano de referência para as lon- gitudes, a partir do qual se acertam os relógios em todo o planeta. As horas mudam à medida que nos dirigimos de um fuso a outro. Para determinarmos a diferen- ça de horário entre duas localidades, basta saber- mos a distância longitudinal entre elas e dividi-la por 15, que é a medida de cada fuso. Veja, no mapa de fusos do planeta, que as horas aumentam para leste e diminuem para oeste, a partir de qualquer referencial adotado. Isso ocor- re parque a Terra gira de oeste para leste. A hora oficial do Brasil, por exemplo, está três horas atra- sadas em relação a Greenwich. FUSO NACIONAL HORÁRIO ÁREAS ABRANGIDAS 1º Fuso Atrasado duas horas do CMT Todas as ilhas oceânicas 2º Fuso Atrasado três horas de GMT Estados: Todos os das regiões SE, Sul e NE além de GO e da posição a lestedo rio Xingu no PA, Distrito Federal e Amapá 3º Fuso Atrasado quatro horas de GMT Estados: MT, MS, RO, PA (porção a oeste do rio Xingu) e AM (quase totalidade) Roraima, AC e AM. Divisões Regionais DIVISÃO REGIONAL OFICIAL DE 1945 DIVISÃO REGIONAL OFICIAL DE 1969 Como você vê no mapa, em 1945 existia o leste meridional e setentrional, sendo formado pelos estados: Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Espí- rito Santo e Rio de Janeiro. • A região Centro-Oeste: Mato Grosso, Goi- 5Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série ás, Tocantins e Mato Grosso do Sul. • A região Sul: São Paulo, Paraná, Santa Ca- tarina e Rio Grande do Sul. • A região Norte: Amapá, Roraima, Acre, Amazonas e Rondônia. • A região Nordeste: Ceará, Pernambuco, Maranhão, Paraiba, Rio Grande do Norte e Alagoas. Como você pode ver, em 1969 foram esta- belcidos dois níveis hierárquicos básicos das regi- ões: as microrregiões e as macrorregiões homogê- neas. As microrregiões foram substituídas pelas antigas zonas fisográficas e as macrorregiões apre- sentaram algumas diferenças devido ao fator da homogeneidade. Diferenças Os estados da Bahia e Sergipe foram ane- xados à região nordeste. Eliminação da subdivisão do Nordeste em Nordeste ocidental e oriental A região sudeste que foi criada para substiruir o leste meridional constuiu uma nova unidade especial. A criação da região sudeste está ligada ao desenvolvimento indústrial e urbano nesta região. Essa região foi formada por três estados da antiga Região Leste: Minas Gerais, Rio de Janeiro e Es- pírito Santo e por um estado desmembrado da Re- gião Sul (São Paulo). A divisão regional tem apenas uma modi- ficação: Estado de Tocantins, criado em 1988, e desmembrado do Estado de Goiás, foi incluído na Região Norte. ESTADOS CAITAL EXPECTATIVA DE VIDA (EM ANOS) ÁREA EM Km2 POPULAÇÃO (ESTIMATIVA 2000) HATIBANTES/ Km Acre Rio Branco 70,5 153.149 557.226 3,7 Alagoas Maceió 65,5 27.933 2.819.172 101,3 Amapá Macapá 69,4 143.453 475.843 3,3 Amazonas Manaus 70,7 1.577.820 2.813.085 1,8 Bahia Salvador 71,2 567.295 13.066.910 23,2 Ceará Fortaleza 69,2 146.348 7.418.476 50,9 Distrito Federal (*) Brasília 74,6 5.802 2.282.049 393,3 DIVISÃO REGIONAL OFICIAL DE 1945 Informativos do Brasil • Sistema: República presidencialista • Divisão Administrativa: 26 estados e 1 Dis- trito Federal • Chefe de Estado e de Governo: Luís Inácio Lula da Silva, eleito por voto direto, para o período de 01.01.2003 à 31.12.2006 • Poder Legislativo: Bicameral, Senado Fede- ral e Câmara dos Deputados • Senado Federal: 81 membros, eleitos para mandatos de 8 anos – Câmara dos Deputa- dos: 513 membros, eleitos para mandatos de 4 anos. 6 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série Espírito Santo Vitória 72,9 46.184 3.094.390 67,2 Goiás Goiânia 72,5 341.289 4.996.436 14,7 Maranhão Sao Luís 66,4 333.365 5.642.960 17,0 Mato Grosso Cuiabá 72,3 906.806 2.502.260 2,8 Mato Grosso do Sul Campo Grande 72,9 358.158 2.074.877 5,8 Minas Gerais Belo Horizonte 73,8 588.383 17.866.402 30,5 Pará Belém 71,1 1.253.164 6.189.550 5,0 Paraíba João Pessoa 67,9 56.584 3.439.344 61,1 Paraná Curitiba 73,2 199.709 9.558.454 48,0 Pernambuco Recife 67,1 98.937 7.911.937 80,3 Piauí Teresina 67,8 252.378 2.841.202 11,3 Rio de Janeiro Rio de Janeiro 72,1 43.909 14.367.083 328,0 Rio Grande do Norte Natal 69,4 53.306 2.771.538 52,2 Rio Grande do Sul Porto Alegre 74,2 282.062 10.181.749 36,1 Rondônia Porto Velho 70,3 238.512 1.317.614 5,5 Roraima Boa Vista 69,0 225.116 324.152 1,5 Santa Catarina Florianópolis 74,5 95.442 5.349.580 56,1 São Paulo São Paulo 73,4 248.808 36.969.476 149,0 Sergipe Aracajú 69,9 22.050 1.781.714 81,1 Tocantins Palmas 70,4 278.420 1.155.913 4,2 BRASIL (**) Brasília 71,7 (*) 8.514.204,8 184.739.395 21,69 7Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série Inicialmente, a preocupação ambiental se confundia com a luta pela defesa de nossas flores- tas. Durante os quatro primeiros séculos de ocu- pação humana, no Centro-sul e no Nordeste, o desenvolvimento do País e dessas regiões se fazia à custa da derrubada das florestas. Os cerrados e os campos rupestres, bem como as caatingas, eram considerados áreas marginais e recebiam atenção também marginal. O desenvolvimento agrícola exigia a destruição das matas. Assim, até os anos de 1950, o café respondia por aproximadamente 90% de nossas exportações. Os cafeeiros são plantas vo- razes, que exaurem o solo e exigem terras muito férteis. A cafeicultura de expressão econômica se iníciou junto ao Rio de Janeiro, onde Dom João VI estabeleceu a capital real. Depois, a cafeicultu- ra migrou através do Vale do Paraíba do Sul. Em seguida, tangenciou São Paulo, para ocupar Cam- pinas e se espraiou pelo oeste do Estado. Mais tarde ocupou o noroeste do Paraná. Ocupou também o sul de Minas Gerais e partes do estado do Espírito Santo. No Nordeste a produção agrícola principal era e ainda é a plantação de cana para a fabricação de açúcar e álcool, também muito importante no Sudeste. O Brasil era, até meados do século XX, uma nação basicamente agrícola. Durante e após a Primeira Guerra Mundial, a indústria começou a se desenvolver, principal- mente através das atividades de indústriais italia- nos e ítalo-brasileiros, como os Matarazzo, os Cres- pi e os Bardella, além de empresários descendentes de libaneses, sírios, portugueses, alemães e outros. Roberto Simonsen foi o principal expoente da política brasileira de reserva de mercado para os produtos indústriais. Foi a época do “similar nacio- nal”. Se havia “similar nacional”, não se importa- vam os produtos indústrializados de outras nações. Dom João VI abriu os portos brasileiros ao mundo. Roberto Simonsen e sua escola os fecharam, proi- bindo ou restringindo a importação de produtos indústriais. Era a ideologia do Brasil Grande, con- siderado aqui como se fosse um País sitiado pelas outras nações do planeta. Essa reserva de mercado visava proteger o início da industrialização, objeti- vo necessário, mas era uma política insustentável a longo prazo. Muito mais tarde, somente a partir de 1980, os portos brasileiros começaram a ser re- abertos ao mundo, no governo Collor (1990-92) e principalmente nos governos que se seguiram. Hoje vivemos um clima de Mercosul, de economia global, de maior respeito ao mercado. O café responde agora por cerca de 10% das nossas exportações. Diversificamos nossa produção, que em muitos setores é competitiva no mundo globa- lizado. Essas características, aqui muito resumidas, de nossa evolução econômica, tiveram não apenas profundas consequências na aceleração do desen- volvimento do País, mas também causaram gran- des impactos ambientais. Geografia: os Domínios Morfoclimáticos e a Paisagem do Brasil Uma maneira interessante e rápida de os vestibulandos revisarem as principais característi- cas das grandes paisagens naturais do Brasil é estu- dar a partir dos domínios morfoclimáticos. Esses domínios correspondem a áreas com relativa homogeneidade no quadro natural com- posto pelo relevo, pelo clima, pela vegetação e pela hidrografia. É muito importante observar que as paisagens não são homogêneas, podendo ocor- rer, por exemplo, mais de uma vegetação em um Os elementOs FOrmadOs da Paisagem geOlógica Brasileira2 CA PÍ TU LO 8 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série mesmo tipo de relevo. Ainda assim, é possível fa- zer uma síntese do quadro natural do país em seis grandes domínios. As perguntas de vestibulares costumam questionar também o modo como essas áreas fo- ram e são transformadas pela ação antrópica (do homem). Vamos revisar os domínios brasileirose tra- tar um pouco da localização original de cada um deles. O domínio do cerrado ocorre principalmen- te na região Centro-Oeste, no entanto está presen- te também nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, em suas porções limítrofes com o Brasil central. Na região Norte, prevalece o domínio ama- zônico, que também está presente no Centro-Oes- te (no norte de Mato Grosso) e no Nordeste (no oeste do Estado do Maranhão). O domínio das caatingas, que é relativo ao sertão nordestino, também aparece do norte de Minas Gerais, no Sudeste. O domínio das araucárias está presente pre- dominantemente nas partes mais altas da região Sul. O domínio dos mares de morros é a carac- terística da porção mais próxima ao litoral do país e se interioriza um pouco mais na região Sudeste. Na porção meridional do Estado do Rio Grande do Sul, está a maior ocorrência do domí- nio das pradarias no país. As Bases Geológicas do Território Brasileiro Com as noções adquiridas podemos agora estudar as bases ou estruturas geológicas do terri- tório brasileiro. O Brasil possui em seu território as três ma- croestruturas citadas anteriormente: • os crátons ou plataformas; • as bacias sedimentares; • as cadeias orogênicas (no caso, antigas). Em relação às cadeias orogênicas, é impor- tante ressaltar que nosso território não possui as de formação recente, isto é, as do fim do Mesozoico e Cenozoico (Terciário), denominadas também dobramentos modernos, mas sim as antigas (do Pré-Cambriano), como as das serras do Mar e da Mantiqueira, da Serra do Espinhaço e das serras do Planalto das Guianas. a) Os Crátons ou Plataformas Procurando inserir o território brasileiro, sob o ponto de vista geológico-estrutural, no sub- continente da América do Sul, os estudos realiza- dos demonstraram que ele se encontra totalmente alojado na Placa Sul-americana, sendo parte inte- grante da Plataforma Sul-Americana, cuja história geológica remonta a mais de 2.600 M.A. (milhões de anos). A Plataforma Sul-Americana contém dois grandes embasamentos ou escudos cristalinos, que correspondem ao Escudo das Guianas e ao Escudo Brasileiro, formados predominantemente por ro- chas metamórficas muito antigas (Azoico e Arque- ozoico), por rochas magmáticas intrusivas antigas (Arqueozoico e Proterozoico) e ainda por rochas sedimentares antigas (Proterozoico, denominado também Pré-Cambriano Superior). Essas rochas são verdadeiros resíduos que, no passado geológi- co, deviam recobrir maiores porções das platafor- mas ou crátons. Esses escudos cristalinos (das Guianas e Bra- sileiro) são circundados por coberturas ou por ba- cias sedimentares fanerozoicas. 9Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série Em vista de o território brasileiro ocupar a porção centro-oriental da Plataforma Sul-Ameri- cana, localiza-se distante das zonas de contato en- tre as placas tectônicas Sul-Americana, de Nazca e do Caribe ou das Antilhas. Essa posição geográfica explica a relativa estabilidade geológica do território brasileiro. O Brasil não possui, portanto, tectonismo orogê- nico recente, muito embora apresente o de tipo epirogênico, ou seja, de movimentos verticais ou de soerguimento que vêm ocorrendo ao longo do Cenozoico, isto é, nos últimos 70 milhões de anos. Esses movimentos epirogenéticos explicam, por exemplo, a existência no Brasil de planaltos for- mados em bacias sedimentares, hoje situados em altitudes mais elevadas do que antes do Cenozoico. Explicam, também, a formação de depressões, pois, ao mesmo tempo que ocorria e ocorre a epirogê- nese, os agentes da dinâmica externa do relevo — como a água, as oscilações de temperatura do ar atmosférico e o vento — provocaram e provocam o desgaste de rochas menos resistentes criando, as- sim, as depressões que circundam os planaltos de nosso território. Com os conhecimentos adquiridos, pode- mos agora interpretar o mapa da estrutura geoló- gica do Brasil. Existem dois grandes crátons pré-brasilianos no território brasileiro: o cráton amazônico, que, em vista da grande extensão de seus afloramentos rochosos pode ser dividido em dois escudos: o das Guianas e o do Brasil Central; e o cráton do São Francisco. Os crátons menores são: cráton de São Luís (MA), cráton Luís Alves (SC) e cráton do Rio da Prata (RS). Todos eles, datam do Arqueozoico, de modo que são formados por rochas muito antigas, predo- minantemente metamórficas, muitas delas datan- do de idade superiores a 3.000 M.A. Mas possuem também rochas magmáticas intrusivas datadas de 1 a 2 M.A. e, completando a estrutura rochosa complexa, resíduos de rochas sedimentares do Pré- -Cambriano Superior, que no passado geológico deviam cobrir vastas extensões dos crátons ou pla- taformas. Os crátons ou plataformas formam no Brasil o “embasamento cristalino” ou o “complexo cris- talino” ou, ainda, o “complexo brasileiro”, como podem ser denominados na literatura geológica e geomorfológica. Durante algum tempo pensou-se que as for- mações arquezoicas ou os crátons ou plataformas de nosso território não abrigassem depósitos mi- nerais expressivos. Entretanto novas descobertas minerais e seu estudo têm colocado em dúvida essa questão. Tudo indica que as grandes jazidas minerais da Serra dos Carajás, no Pará, ou o ouro de áreas próximas aos rios Madeira e Tapajós e a outros da Amazônia, como também o minério de manganês da Serra do Navio, no Amapá, estão re- lacionados aos terrenos arqueozoicos. b) As Bacias Sedimentares (Características Gerais) Essas formações geológicas ocupam a maior área do território brasileiro, estimando-se que ocu- pem 5,5 milhões de km2, ou seja, cerca de 64%. No Brasil, existem bacias sedimentares de grande e de pequena extensão. de grande extensão: a Amazônica, do Parna- íba — chamada também de Meio-Norte —, a do Paraná ou Paranaica e a Central. de menor extensão: do Pantanal Mato- -Grossense, do São Francisco ou Sanfranciscana (esta muito antiga), do Recôncavo Tucano (pro- dutora de petróleo) e a Litorânea. Além dessas, há as denominadas bacias de compartimento de planalto, de reduzida extensão, se comparadas às citadas, e correspondentes a for- mações sedimentares alojadas em porções cônca- vas dos crátons de pouca extensão e profundidade. É o caso das bacias sedimentares de Curitiba (PR), Taubaté (SP), Resende (RJ), São Paulo e outras. As bacias sedimentares do Brasil possuem camadas dispostas horizontalmente ou quase ho- rizontalmente, fato que evidencia a ausência de movimentos importantes — como os tectonismos 10 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série — desde remotos tempos geológicos. Entretanto, no fim da era Mesozoica, ocorreram movimentos da crosta que formaram fraturas, ou seja, fendas ou aberturas microscópicas ou macroscópicas que aparecem no corpo de uma rocha, principalmente em decorrência de forças tectônicas. Por essas fra- turas ocorreu o escoamento de lavas básicas (lavas que podem percorrer grandes extensões), cobrindo grande extensão do sul do território brasileiro e da região de Poços de Caldas e Araxá (MG). Uma vez consolidadas, essas lavas resultantes do vulcanis- mo (destacando-se os basaltos e os diabásicos) e a diversos diques, ou seja, intrusões magmáticas em forma alongada nas camadas da crosta terres- tre, onde se solidifica. Essas rochas e diques, por apresentarem grande resistência à erosão, forma- ram relevos residuais, permitindo a existência de várias quedas d’água nos rios do Centro-Sul, com destaque para as de Sete quedas (que não existem mais, devido à construção da barragem de Itaipu), no Rio Paraná, e para as Cataratas do Iguaçu, na foz do rio de mesmo nome. Além disso, o basalto e o diabásio, submetidos a agentes erosivos como o intemperismo, se desagregaram e sedecompuseram dando origem a solos avermelhados conhecidos genericamente com o nome de terra-roxa, encon- trados principalmente no Planalto Meridional ou Arenito-Basáltico. As bacias sedimentares do Brasil datam do Paleozoico, do Mesozoico e do Cenozoico. As ba- cias sedimentares como a do Pantanal Mato-Gros- sense, litorâneas e de trechos que margeiam os rios da bacia hidrográfica Amazônica são do Cenozoi- co. c) As Cadeias Orogênicas Antigas do Brasil Veja a seguir o resumo da história geológica e as principais características dos cinturões orogê- nicos antigos do Brasil: Possuem uma complexa formação litológica (de rochas) e estrutural, com predomínio de ro- chas metamórficas (gnaisses, quartzitos, ardósias, micaxistos e outras) e, secundariamente, de rochas magmáticas intrusivas (granitos, sienitos e outras). São originários de vários diastrofismos an- tigos: • o diatrofismo laurenciano, que se manifstou no fim do Arquezoico e provocou grandes dobramentos, dando origem às serras do Mar e da Mantiqueira, localizadas na faixa de do- bramento do Atlântico; • o diastrofismo huroniano, que data do final do Proterozoico e cujos dobramentos deram origem à Serra do Espinhaço (MG) e à Cha- pada Diamantina (BA); • o diastrofismo caledoniano, nos períodos geológicos Siluriano e Devoniano da era Pa- leozoica, que deu origem aos dobramentos das serras de Paranapiacaba (PR), na faixa de dobramento antigo do Atlântico, e dos Pirineus (GO), na faixa de dobramento an- tigo, denominado Brasília ou Araguaio-To- cantins. As cadeias orogênicas antigas do Brasil esti- veram (e estão) submetidas a várias fases erosivas, motivo pelo qual encontram-se bastante desgas- tadas. Devem ter possuído elevadas altitudes, mas nos dias atuais apresentam aspecto serrano em vá- rias porções. A Geomorfologia: Conceito, Importância e Aplicações A geomorfologia pode ser entendida da for- ma que se segue: “A geomorfologia analisa as formas de relevo focalizando suas características morfológicas, materiais componentes, processos atuantes e fatores controlantes, bem como a dinâmica evolutiva. Compreende os estudos voltados para os aspectos morfológicos da topografia e da dinâmica responsável pelo funcionamento e pela esculturação das paisagens 11Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série topográficas. Dessa maneira, ganha relevância por auxiliar a compreender o modelado terrestre, que surge como elemento do sistema ambiental físico e condicionante para as atividades humanas e organizações espaciais”. (Antônio Christofoletti, Aplicabilidade do conhecimento geomorfológico nos projetos de planejamento, in Antônio José Teixeira Guerra e Sandra Baptista daCunha (orgs), Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos, p. 415.) O objeto de estudo da geomorfologia são as formas de relevo. Assim, ela se relaciona intima- mente com a geologia e a geografia, situando-se na interface de ambas. Enquanto a primeira lhe fornece vários conhecimentos relativos às rochas e minerais, ao tectonismo ou diastrofismo, ao vul- canismo, às estruturas geológicas, a geografia lhe fornece subsídios importantes sobre o clima e suas relações com as formas e a evolução do relevo, a ocupação humana, a produção do espaço geográfi- co e suas consequências ambientais, entre outros. O relevo condiciona o processo de produção e organização do espaço geográfico. Basta obser- varmos um mapa da distribuição espacial da po- pulação mundial para notar a influência condicio- nante do relevo. Mas essa influência se estende a vários outros aspectos de ordem natural e humana: a distribuição dos solos, da vegetação, dos animais, da agricultura e da pecuária; o traçado da rede vi- ária; a localização urbana, indústrial e de usinas de eletricidade (de fonte hidráulica, térmica e termo- nuclear); a ocupação humana de vales e vertentes; o estabelecimento de áreas de lazer e turismo, e até mesmo as características climáticas locais e regio- nais. A aplicabilidade da geomorfologia é vasta. Envolve também questões de lixiviação nas áreas desmatadas; de agricultura e pecuária, com os seus consequentes empobrecimento e erosão do solo, o aumento das voçorocas e a desertificação; de pla- nejamento do solo rural e urbano; de recuperação de áreas degradadas pela atividade mineradora; de deslizamentos de terra que frequentemente ocor- rem nas encostas da Serra da Mantiqueira e na do Mar, na Baixada Santista (SP), e nos morros da cidade do Rio de Janeiro, causando verdadeiras ca- tástrofes, inclusive com perda de vidas humanas. Resumindo, a geomorfologia tem relação com todo o processo e a dinâmica de ocupação e aproveitamento do espaço pelas sociedades huma- nas. Nos últimos anos, com o crescimento da postura ambientalista ou ecológica, da necessidade premente de se reverem as relações entre o homem e o meio ambiente, cresceu ainda mais sua impor- tância e a de outras ciências ambientais (ecologia, biogeografia, engenharia ambiental etc.). Ela par- ticipa, juntamente com estas, no trabalho interdis- ciplinar de estudos ambientais. Possui um caráter prático muito grande e é portadora de um relevan- te sentido, ou seja, o de contribuir, através de seus conhecimentos, para diminuir e evitar o intenso processo de destruição do meio ambiente em curso, portanto de destruição da Terra, nossa morada. Zonas Hipsométricas do Território Brasileiro Hipsometria (do grego hypsos = “altura”; métron = “medição”) corresponde às medidas alti- métricas. No caso do relevo, é a sua representação altimétrica através do uso de cores e curvas de ní- vel. 12 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série As Classificações do Relevo Brasileiro a) Segundo o Professor Aroldo de Azevedo Antes do professor Aroldo de Azevedo, as classificações do relevo brasileiro (de Orville Der- by, 1884; de Delgado de Carvalho, 1923; de Pierre Denis, 1929; de Fábio de Macedo Soares Guima- rães, 1942, e outras) utilizavam termos geomorfo- lógicos, geológicos e até mesmo regionais para de- signar as unidades do relevo, criando, assim, certa complexidade e dificuldade por não reproduzirem ou a não se referirem às formas de relevo. Usavam termos como Maciço Central, Maciço Atlântico e outros de caráter puramente geológicos, e não ge- omorfológico. O professor Aroldo de Azevedo demonstrou preocupação em caracterizar as unidades do relevo utilizando-se de uma terminologia geomorfológica e secundariamente geológica quando se fez neces- sário um maior detalhamento. foi ele que sugeriu que o Planalto Brasileiro fosse subdividido em três subunidades: Planalto Atlântico, compreenden- do as Serras Cristalinas e os Planaltos Cristalinos; Planalto Meridional, abrangendo a Depressão Pe- riférica e o Planalto Arenito–Basáltico; e Planalto Central, onde se alojam as Chapadas Sedimentares e os Planaltos Cristalinos. Essa classificação, utili- zada durante muito tempo, serviu de base para rea- valiações posteriores, como a realizada pelo profes- sor Aziz Nacib Ab’Sáber. b) Segundo o Professor Aziz N. Ab’Sáber: Domínios Morfoclimáticos e Províncias Fitogeográficas O professor Aziz N. Ab’Sáber, ao estudar o Planalto Brasileiro, propôs sua divisão em cin- co subunidades: o Planalto do Meio-Norte ou do Maranhão–Piauí; o Planalto Nordestino ou da Borborema, incluindo as chapadas circundantes; o Planalto Oriental e Sul Ocidental ou Planalto Atlântico; e o Planalto Meridional ou Goncuânico Sul-Brasileiro. Vê-se que houve preocupação por parte do pesquisador em utilizar termos da geomorfologia para caracterizar as formas de relevo. Tanto essa classificação quanto a do pro- fessor Aroldo de Azevedo se inserem no processo natural do desenvolvimento da geomorfologia noBrasil, em sua busca incessante de explicar e classi- ficar o relevo brasileiro, representando contribui- ções valiosas. Com o desenvolvimento da chamada geo- morfologia climática, na década de 50, começaram a surgir os primeiros estudos explicando as formas de relevo a partir do clima. contrapunha-se, assim, à orientação até então adotada, ou seja, à geomor- fologia estrutural, que se preocupava em explicar o relevo e seu modelado tendo por base a estrutura do terreno.A divisão do relevo em domínios mor- foclimáticos, do professor Aziz, procurou: RELEVO BRASILEIRO Fonte: Aziz Nacib Ab’Saber, O relevo brasileiro e seus problemas, in Aroldo de Azevedo (org.) Brasil _ a terra e o homem, volume I, as bases físicas, p. 155. “O esclarecimento preliminar de um certo núme- ro de grandes tipos de combinação de fatos, geomor- fológicos, climáticos, hidrológicos e pedológicos, os quais respondem pela homogeneidade relativa e pela 13Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série notável extensão dos principais quadros de estrutura e de fisiologia de paisagens de nosso país.” (Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil, in: Revista Orientação, n. 3, mar. 1967, p. 46.) c) Segundo o IBGE Apoiando-se no Projeto Radambrasil, que realizou o levantamento geológico, geomorfológi- co e de recursos naturais do território brasileiro, os especialistas do IBGE realizaram uma nova classi- ficação do relevo brasileiro, tendo por base a si- militude de formas, a altimetria, as características litológicas e estruturais e os processos climáticos do passado e atuais ordenados em domínios mor- foestruturais (a morfoestrutura refere-se à influên- cia que a estrutura geológica exerce na gênese das formas de relevo). A nova classificação, detalhada, dividida em quatro domínios morfoestruturais, foi publicada no Atlas Nacional do Brasil, 1966. Adaptado de: – IBGE – Anuário Estatístico do Brasil, 1991 – Ross, J. L. S. Relevo Brasileiro; uma nova proposta de classificação. Revista da USP, nº 4. 1990 (simplificado). Percebe-se que houve uma evolução meto- dológica significativa na geomorfologia. Buscou-se a interação dos elementos da paisagem na escultu- ração das formas de relevo. foi um grande avanço, abrindo as portas para outras buscas metodológicas aplicadas à geomorfologia. d) Segundo o Prof. Jurandyr L. S. Ross (1989) Apoiando-se nos estudos anteriores, prin- cipalmente os do professor Aziz Nacib Ab’Sáber, e nos relatórios e mapas elaborados pelo Projeto Radambrasil, da qual fez parte como pesquisador, o professor Jurandyr L. S. ross, da Universidade de São Paulo, propôs em 1989 uma nova divisão do relevo brasileiro. Para tanto, utilizou-se de novos procedimentos de análise geomorfológica desen- volvidos por J. P. Mescerjakov. Esses procedimen- tos se assentam nas noções de morfoestrutura, mor- foclimática e morfoescultura. A noção de morfoestrutura, como já vimos, está diretamente relacionada ao peso ou influên- cia que a estrutura geológica exerce na gênese das formas de relevo. A morfoclimática compreende a influência dos tipos de climas atuais no modelado. A morfoescultura abrange tanto os climas atuais quanto os do passado (os paleoclimas) que exerce- ram influência na esculturação do relevo e que “so- breviveram” até os dias atuais através de “marcas” impressas na paisagem. Aplicando esses conceitos ou noções ao ter- ritório brasileiro, o professor Jurandyr L. S. Ross criou três táxons, ou seja, três níveis hierárquicos de classificação: • O 1º táxon diz respeito predominantemente à geomorfologia, ou seja, à forma de relevo que se destaca numa certa porção da super- fície terrestre, distinguindo os planaltos, as planícies e as depressões. • O 2º táxon refere-se à estrutura geológica, ou seja, à composição litológica, donde a re- ferência a planaltos esculpidos ou modelados em:bacias sedimentares;intrusões e cobertu- ras residuais da plataforma;núcleos cristali- nos arqueados;cinturões orogênicos. • O 3º táxon é aquele que dá o nome a cada uma das unidades morfoesculturais, apoian- do-se nas denominações locais e regionais. Abrange as três formas, ou seja, os planal- 14 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série tos, as planícies e as depressões. É o caso dos Planaltos da Amazônia Oriental, Planície do Rio Araguaia e outros. A Depressão Sertaneja e do São Francisco inicia-se ao norte e leste do litoral do Nordeste com altitudes baixas (cerca de 100 m) e ocupa uma vasta porção do terreno. a oeste confronta os planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba, de alti- tudes entre 200 e 800 m, que formam paredões de frente para a depressão. Daí prolonga-se pelo Vale do Rio São Francisco até quase o seu alto vale. Forma uma extensa superfície de erosão numa estrutura geológica complexa. Possui rele- vos residuais, que formam inselbergs, “montanhas- -ilhas” que surgem em regiões de clima árido e semiárido, alguns dos quais se destacam pela ex- tensão: Chapada do apodi, próxima ao litoral do Rio Grande do Norte, e Chapada do Araripe, loca- lizada no interior do Ceará e Pernambuco. No final da era Pré-Cambriana, mas princi- palmente nos períodos Cambriano e Ordoviciano (início do Paleozoico), ocorreu uma grande trans- gressão marinha no então continente de Gondwa- na, do qual o território brasileiro fazia parte. Forma- ram-se imensos mares interiores. Um deles cobriu vastas porções dos atuais territórios da Amazônia, Bahia, Paraguai, Peru, Chile e Argentina e outro cobriu extensas áreas do sertão nordestino brasi- leiro e do futuro Vale do Rio São Francisco. Com a transgressão, deu-se a deposição de sedimentos marinhos na área de terrenos que correspondem às coberturas sedimentares correlativas ao brasiliano e na região do atual sertão nordestino ou depressão Sertaneja. A regressão marinha se deu somente no período Carbonífero e o mar do Devoniano deixou de existir, com o reaparecimento dos terrenos de seu fundo. A evaporação da água do mar deu lugar à deposição ou acumulação de sal-gema, ou seja, cloreto de sódio (sal de cozinha) na Bacia Sedi- mentar do São Francisco e no sertão (Depressão Sertaneja). Em alguns locais, o sal-gema chega à superfície por eflorescência, isto é, substâncias so- lúveis que se depositam na superfície das rochas, por capilaridade. Além de ter representado um papel histó- rico importante, como meio de transporte, como fornecedor de água e alimento, a Bacia do rio São Francisco foi, também, no período colonial, de grande significado para a criação de gado. Além da vegetação original formada por cerrados, que ofe- recia pastagens naturais, e do relevo plano, deve-se considerar o manancial de águas e a presença do cloreto de sódio, alimento importante para o gado. As Planícies Brasileiras As planícies correspondem a áreas mais ou menos planas em que o processo de deposição de materiais (detritos ou sedimentos), ao contrário do que ocorre nas áreas de planalto, supera o processo de desgaste. Percebe-se, pelo conceito, que os ter- renos de uma planície são de natureza sedimentar. No Brasil, as planícies podem ser resumidas a dois tipos: • Planícies Marítimas ou Costeiras: situadas, como indica o próprio nome, no litoral ou na costa marítima. Exemplos: Planície da Lagoa dos Patos e Mirim e Planícies e Tabuleiros Litorâneos. • Planícies Continentais: situadas no interior das terras emersas, como é o caso da Planície do Pantanal Mato-Grossense, Planície do Rio Amazonas, Planície do Rio Araguaia e Planície e Pantanal do Rio Guaporé. Os sedimentos depositados nas planícies brasileiras são recentes (do Quaternário) e de ori- gens marinha, fluvial ou lacustre. Lembramos que a noção de planície não deve estar associada necessariamente a baixaalti- tude, mas à deposição de materiais. Existem pla- nícies situadas a altitudes elevadas, como as cha- madas planícies de montanha da Cordilheira dos Andes, dos Pireneus, do Himalaia e de muitos ou- tros lugares da Terra. Com exceção das Planícies Litorâneas e Costeiras e da Planície Lagoa dos Patos e Mirim, as demais têm sua gênese relacionada aos processos fluviais, formando verdadeiras planícies de inun- 15Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série dação. Os estudos realizados pelo professor Jurandyr L. S. Ross e pelo IBGE, com base nas informações fornecidas pelo Projeto Radambrasil, confirmaram que apenas os terrenos situados ao longo de rios amazônicos podem ser considerados planícies. As áreas próximas são formadas por depressões e pla- naltos. O professor Aziz Ab’Sáber já destacava que são planícies típicas apenas as áreas ao longo dos rios e considerava as demais áreas como baixos- -platôs (baixos planaltos). No território brasileiro, os terrenos aciden- tados, de formação geológica cristalina, são muito antigos e desgastados pela erosão, possuindo alti- tudes modestas. O país não possui cadeias monta- nhosas ou dobramentos modernos. Como vimos, isso decorre do fato de o Brasil encontrar-se no centro de uma placa tectônica. Já as bacias sedi- mentares brasileiras são constituídas de terrenos relativamente aplainados, de idades geológicas recentes em seus estratos superiores (terciários e quaternários). REPRESENTAÇÃO DO TERRENO EM CARTA TIPOGRÁFICA As curvas de nível são linhas que unem pontos do terreno com a mesma altitude. Quando desenhadas num perfil de relevo, permitem a prática do terrace- amento agrícola, para proteger o solo da erosão, já que os degraus fazem com que diminua a velocidade de escoamento superficial da água. Vistas em planta, permitem a visualização tridimensional do terreno. Quanto maior a declividade do terreno, maior é a aproximação entre as curvas; quanto menor a decli- vidade, maior o afastamento entre elas. BRASIL: COTAS ALIMENTÍCIAS Terras Baixas 0 a 100 metros 101 a 200 41% 24,09% 16,91% Terras Altas 201 a 500 metros 501 a 800 metros 501 a 1200 58,46% 37,03% 14,68% 6,75% Áreas Culminatntes 1200 a 1800 metros acima de 1800 0,54% 0,52% 0,02% Anuário Estatístico do Brasil, 1997 Segundo a nova proposta, distinguem-se três com- partimentos no território: • Planalto: é um compartimento de relevo com superfície irregular e altitude superior a 300 me- tros, no qual predominam processos erosivos em terrenos cristalinos ou sedimentares. • Planícies: é um compartimento de relevo com superfície plana e altitude igual ou inferior a 100 metros, no qual predominam acúmulos recentes de sedimentos. • Depressão: é um compartimento de relevo mais plano que o planalto, no qual predominam pro- cessos erosivos, com suave inclinação e altitude entre 100 a 500 metros. Não devemos confundir bacia sedimentar com planície. A estrutura geológica sedimentar corresponde à ori- gem, formação e composição do terreno, ocorrida há muito tempo. Durante sua formação, a bacia sedimentar é sempre uma planície. Assim, uma bacia sedimentar que no passado foi uma planície pode estar atualmente sofrendo um processo de desgaste e, essa forma, corresponder a um planalto ou a uma depressão. Nada impede, obviamente, que outras bacias sedimentares em processo de formação correspondam hoje a várias planícies. Um exemplo bem ilustrativo: a planície do Pantanal. O planalto Mato-Grossense. 16 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série Solo Uma rocha qualquer, ao sofrer intemperis- mo, transforma-se em solo, adquire maior porosi- dade e, como decorrência, há penetração de ar e água, o que cria condições propícias para o desen- volvimento de formas vegetais e animais. Estas, por sua vez, passam a fornecer matéria orgânica à superfície do solo, aumentando cada vez mais sua fertilidade. Assim, o solo é constituído por rocha intemperizada, ar, água e matéria orgânica, for- mando um manto de intemperismo que recobre superficialmente as rochas da crosta terrestre. A matéria orgânica, fornecida pela fauna e pela flora decompostas, encontra-se concentrada apenas na camada superior do solo. Essa cama- da é chamada de horizonte A, o mais importan- te para a agricultura, dada a sua fertilidade. Logo abaixo, com espessura variável de acordo com o clima, responsável pela intensidade e velocidade da decomposição da rocha, encontramos rocha in- temperizada, ar e água, que formam o horizonte B. Em seguida, encontramos rocha em processo de decomposição – horizonte C – e, finalmente, a rocha matriz — horizonte D — , que originou o manto de intemperismo ou o solo que a recobre. Sob as mesmas condições climáticas, cada tipo de rocha origina um tio de solo diferente, ligado à sua constituição mineralógica: do basalto, por exem- plo, originou-se a terra roxa; do gnaisse, o solo de massapé, e assim por diante. É importante destacar que solos de origem sedimentar, encontrados em bacias sedimentares e aluvionais, não apresentam horizontes, por se for- marem a partir do acúmulo de sedimentos em uma depressão, e não por ação de intemperismo, mas são extremamente férteis, por possuírem muita matéria orgânica. O principal problema ambiental, relaciona- do ao solo é a erosão superficial ou desgaste, que ocorre em três fases: intemperismo, transporte e sedimentação. Os fragmentos intemperizados da rocha es- tão livres para serem transportados pela água que escorre pela superfície (erosão hídrica) ou pelo vento (erosão eólica). No Brasil, o escoamento superficial da água é o principal agente erosivo e, sendo o horizonte A o primeiro a ser desgastado, a erosão acaba com a fertilidade natural do solo. A intensidade da erosão hídrica está direta- mente ligada à velocidade de escoamento superfi- cial da água: quanto maior a velocidade de escoa- mento, maior a capacidade da água de transportar material em suspensão; quanto menor a velocida- de, mais intensa a sedimentação. A velocidade de escoamento depende da de- clividade do terreno e da densidade da cobertura vegetal. Em uma floresta a velocidade é baixa, pois a água encontra muitos obstáculos (raízes, troncos, folhas) à sua frente e, portanto, muita água se infil- tra no solo. Em uma área desmatada, a velocidade de escoamento superficial é alta e a água transpor- ta muito material em suspensão, o eu intensifica a erosão e diminui a quantidade de água que se in- filtra no solo. Assim, para combater a erosão superficial, há dois caminhos: manter o solo recoberto por vegetação ou quebrar a velocidade de escoamento utilizando a técnica de cultivo em curvas de nível, seja seguindo as cotas altimétricas na hora da se- meadura, seja plantando em terraços. Para a conservação dos solos, deve-se evitar a prática das queimadas, que acabam com a maté- ria orgânica do horizonte A. Somente em casos es- peciais, na agricultura, deve-se utilizar essa prática para combater pragas ou doenças. Um problema natural relacionado aos solos de clima tropical, sujeitos a grandes índices plu- viométricos, é a erosão vertical, representada pela lixiviação e pela laterização. A água que se infiltra no solo escoa através dos porros, como em uma es- ponja, e vai, literalmente, lavando os sais minerais hidrossolúveis (sódio, potássio, cálcio, etc.), o que retira a fertilidade do solo. Essa “lavagem” cha- ma-se lixiviação. Paralelamente a esse processo, ocorre a laterização ou surgimento de uma crosta ferruginosa, a laterita – popularmente chamada de canga no interior do Brasil –, que em certos casos chega a impedir a penetração das raízes no solo. 17Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série 18 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª SérieOs Elementos Formadores da Paisagem Climática no Brasil A climatologia é um ramo da ciência que é estudado tanto pela geografia, quanto pela meteo- rologia. Nos ensinos fundamental e médio (Brasil), é estudada nas matérias ciências e física. No tem- po histórico, os primeiros estudos foram feitos por viajantes europeus – sendo Sant’ Anna de Neto o mais lembrado – rumo ao Novo Mundo (Amé- rica), e consequentemente ao Brasil, com as se- guintes preocupações: vinda da coroa portuguesa para o Brasil, preocupações com saúde pública por problemas causados pela umidade excessiva e pela altíssima temperatura, se comparada aos padrões europeus. Os primeiros estudos tiveram como foco a distribuição geográfica dos elementos meteorológi- cos, levando-se em conta sua variabilidade tempo- ral. Tinham a intenção de explicar regimes climá- ticos regionais. Nos anos 60, foi dado um enfoque mais dinâmico nas relações com o espaço, protago- nizado por Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro e Edmom Nimer, na leitura de Max Sorre (1951). A análise dos episódios climatológicos é fundamento básico da climatologia geográfica e tenta explicar os processos naturais que causam in- fluência nas ocupações humanas. Tempo e clima são popularmente considera- dos a mesma coisa, mas na verdade, possuem dife- renças importantes para a Climatologia. O tempo pode ser meteorológico e cronológico, podendo o primeiro ser observado a partir do espaço geográfi- co e o segundo, momentâneo, dependendo da at- mosfera de determinado local. Clima é uma noção criada pelo homem, for- mada por informações coletadas a partir das noções de clima. Pode ser compreendido a partir de no- ções matemáticas e numéricas, ou a partir de infor- mações qualitativas, de natureza mais descritiva. Os dois focos de estudo pressupõem uma sucessão de tipos de tempo. É importante o estudo dos diferentes fluxos de energia: horizontal e vertical. O vertical reflete diretamente os resultados da radiação solar, tendo essa, influência direta sobre os fluxos de energia horizontal: massas de ar, frentes quentes e frias, centros de ação. A radiação solar determina todo o sistema, podendo ser analisado pelos seus elementos: tem- peratura, pressão e umidade, tendo grande influên- cia sobre as características biogeográficas, fenôme- nos geomorfológicos, hidrológicos etc. Os estudos climáticos estão atraindo muito mais a atenção da população em geral, sendo di- vulgados largamente pelos meios de comunicação de massa. Também têm tido atenção em estudos dirigidos e gestões de políticas ambientais. Devem estar atentos ao problema da água, contaminação, desmatamento, sem esquecer dos elementos tradi- cionais. O problema da água está relacionado com fatores ambientais e climáticos; A contaminação atmosférica tem relação íntima com a ação destrutiva do homem, sendo de suma importância estudos como, por exemplo, o da chuva ácida; O desmatamento não é causado por fatores climáticos, mas acaba tendo influência direta sobre a população, no que se refere a inundações causa- das por ele, e a diminuição da evapotranspiração, que é feita pelas plantas, o que consequentemente diminui a quantidade de água na atmosfera. O clima é um resultado complexo de diver- climatOlOgia 3 CA PÍ TU LO 19Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série sas variáveis definidas a partir de fatores climato- lógicos. A Climatologia é um ramo da Geografia, sendo matéria e assunto pertinente à grade dos cur- sos de geografia de todo o mundo. A Meteorologia estuda mais diretamente o tempo, e a Climatologia o clima. Ao geógrafo interessa os três quilômetros inferiores da atmosfera, que sofre influência mais direta da litosfera, dos oceanos, da radiação solar, e é de grande interesse para as populações humanas. Cabe a ele também isolar os elementos a fim de entender melhor o conjunto deles. Existe um confronto ideológico entre a Ge- ografia e a Meteorologia, mas a Climatologia faz parte de ambas as áreas. É importante compreender a noção de ritmo para entender a mudança de enfoque da climato- logia – introduzida por Monteiro, em 1971 –, que busca análises, ao menos diárias, do tempo, para assim considerar a análise geográfica de um lugar. Climas no Brasil Por possuir 92% do território na zona inter- tropical do planeta, grande extensão no sentido norte-sul e litoral muito extenso, com forte influ- ência das massas de ar oceânicas, há a predomi- nância de climas quentes e úmidos no Brasil. Em apenas 8% do território, ao sul do trópico de Ca- pricórnio, encontramos clima com maior variação térmica e certo delineamento das estações do ano, o subtropical. O Brasil, pelas suas dimensões continentais, possui uma diversificação climática bem ampla, influênciada pela sua configuração geográfica, sua significativa extensão costeira, seu relevo e a di- nâmica das massas de ar sobre seu território. Esse último fator assume grande importância, pois atua diretamente sobre as temperaturas e os índices plu- viométricos nas diferentes regiões do país. Em especial, as massas de ar que interferem mais diretamente no Brasil, segundo o Anuário Es- tatístico do Brasil, do IBGE, são a Equatorial, tan- to Continental como Atlântica; a Tropical, tam- bém Continental e Atlântica; e a Polar Atlântica, proporcionando as diferenciações climáticas. Nessa direção, são verificados no país des- de climas superúmidos quentes, provenientes das massas Equatoriais, como é o caso de grande parte da região Amazônica, até climas semiáridos mui- to fortes, próprios do sertão nordestino.O clima de uma dada região é condicionado por diversos fatores, dentre eles pode-se citar temperatura, chu- vas, umidade do ar, ventos e pressão atmosférica, os quais, por sua vez, são condicionados por fatores como altitude, latitude, condições de relevo, vege- tação e continentalidade. De acordo com a classificação climática de Arthur Strahler, predominam no Brasil cinco grandes climas, a saber: • clima equatorial úmido da convergência dos alísios, que engloba a Amazônia; • clima tropical alternadamente úmido e seco, englobando grande parte da área central do país e litoral do meio-norte; • clima tropical tendendo a ser seco pela irre- gularidade da ação das massas de ar, englo- bando o sertão nordestino e vale médio do rio São Francisco; e • clima litorâneo úmido exposto às massas tro- picais marítimas, englobando estreita faixa do litoral leste e nordeste; • clima subtropical úmido das costas orientais e subtropicais, dominado largamente por massa tropical marítima, englobando a Re- gião Sul do Brasil. Quanto aos aspectos térmicos também ocor- rem grandes variações. Como pode ser observado no mapa das médias anuais de temperatura a se- guir, a Região Norte e parte do interior da Região Nordeste apresentam temperaturas médias anuais superiores a 25oC, enquanto na Região Sul do país e parte da Sudeste as temperaturas médias anuais ficam abaixo de 20oC. De acordo com dados da FIBGE, tempera- turas máximas absolutas, acima de 40oC, são ob- servadas em terras baixas interioranas da Região Nordeste; nas depressões, vales e baixadas do Su- 20 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série deste; no Pantanal e áreas rebaixadas do Centro- -Oeste; e nas depressões centrais e no vale do rio Uruguai, na Região Sul. Já as temperaturas míni- mas absolutas, com frequentes valores negativos, MASSAS DE AR QUE ATUAM NO BRASIL são observadas nos cumes serranos do sudeste e em grande parte da Região Sul, onde são acompanha- das de geadas e neve. 21Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS DO BRASIL RADIAÇÃO SOLAR, RADIAÇÃO TERRESTRE E TEMPERATURA DE UM PONTO DA SUPERFÍCIETERRESTRE Climogramas Para classificar um clima, devemos consi- derar a temperatura, a umidade, as massas de ar, a pressão atmosférica, correntes marítimas e ventos, entre muitas outras características. A classifica- ção mais utilizada para os diferentes tipos de cli- ma do Brasil assemelha-se a criada pelo estudioso Arthur Strahler, que se baseia na origem, natureza e movimentação das correntes e massas de ar. Po- demos identificar no Brasil três correntes princi- pais: equatorial, tropical e polar. De acordo com essa classificação, os tipos de clima do Brasil são os seguintes: subtropical, semiárido, equatorial, tro- pical, tropical de altitude e tropical atlântico ou tropical úmido. 22 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série das pelas massas de ar:A classificação de Strahler baseia-se nas áre- as da superfície terrestre, controladas ou domina- SEMIÁRIDO EQUATORIAL TROPICAL SUB-TROPICAL 23Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série Monitoramento Climático Trata-se do acompanhamento do comporta- mento médio do estado da atmosfera e dos oceanos numa determinada região por um longo período de tempo (mês, estação ou ano). FENÔMENO O QUE É / O QUE OCASIONA CONSEQUÊNCIAS NO BRASIL El Niño • É o aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental. • Faz com que o padrão normal de circula- ção atmosférica se altere. • Região Sul: precipitações abundantes (pri- mavera) e chuvas intensas de maio a julho, aumento da temperatura média do ar. • Região Sudeste: moderado aumento das temperaturas médias. • Região Centro-Oeste: tendência de chuvas acima da média e temperaturas mais altas no sul do Mato Grosso do Sul. • Região Nordeste: secas de diversas intensi- dades no norte do Nordeste, durante a estação chuvosa, de fevereiro a maio. • Região Norte: secas de moderadas a intensas no norte e no leste da Amazônia. Aumento da probabilidade de incêndios florestais. CLIMA CARACTERÍSTICAS Clima equatorial úmido (convergência de alísios) Abrange a Amazônia, e se caracteriza por um clima equatorial continental, quase todo o ano. Em algumas porções litorâneas da Amazônia, há alguma influência da massa equatorial atlântica, que algumas vezes (no inverno) conduz a frente fria, atingindo o sul e o sudeste da região. Embora as massas de ar sejam em geral secas, a mEc é úmida por sua localização estar sobre uma área com rios cauda- losos e com cobertura da Floresta Amazônica, que possui grande umidade pela transpiração dos vegetais. Portanto, é um clima úmido e quente. As médias anuais térmicas mensais vão de 24ºC a 27ºC, ocorrendo baixa am- plitude térmica anual, com pequeno resfriamento no inverno. As médias pluvio- métricas são altas e a estação seca é curta. Por ser uma região de calmaria, devido ao encontro dos alísios do Hemisfério Norte com os do Sul, a maior parte das precipitações que aí ocorrem são chuvas de convecção. Clima litorâneo úmido Abrange parte do território brasileiro próximo ao litoral. A massa de ar que exerce maior influência nesse clima é a tropical atlântica (mTa). Pode ser notado em duas principais estações: verão (chuvoso) e inverno (menos chuvoso), com mé- dias térmicas e índices pluviométricos elevados; é um clima quente e úmido. Clima tropical alternadamente úmido e seco Abrange os estados de Minas Gerais e Goiás, parte de São Paulo, Mato Grosso do Sul, parte da Bahia, do Maranhão, do Piauí e do Ceará. É um clima tropi- cal típico, quente e semi-úmido, com uma estação chuvosa (verão) e outra seca (inverno). Clima tropical tendendo a seco pela irregularidade de ação das massas de ar ou clima semiárido Abrange o Sertão do Nordeste, sendo um clima tropical próximo ao árido com médias anuais de pluviosidade inferior a 1000mm. As chuvas concentram-se num período de 3 meses. No Sertão Nordestino, é uma espécie de encontro de quatro sistemas atmosféricos oriundos das massas de ar mEc, mTa, mEa, mPa. Clima subtropical úmido Abrange o Brasil Meridional, porção localizada ao sul do Trópico de Capricórnio, com predominância da massa tropical atlântica, que provoca chuvas fortes. No inverno, tem frequência de penetração de frente polar, dando origem às chuvas frontais com precipitações devidas ao encontro da massa quente com a fria, onde ocorre a condensação do vapor de água atmosférico. O índice médio anual de plu- viosidade é elevado e as chuvas são bem distribuídas durante todo o ano, fazendo com que não exista a estação da seca. O acompanhamento de fenômenos como as fases quentes (El Niño) e as frias (La Niña) da Oscilação Sul são fundamentais para o País, princi- palmente por causa dos diferentes impactos climá- ticos que ocasionam. 24 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série La Niña • É o resfriamento das águas do Oceano Pa- cífico Equatorial Central e Oriental • Provoca mudanças no padrão de circula- ção atmosférica • Região Sul: passagens rápidas de frentes frias. • Região Sudeste: temperaturas abaixo da mé- dia durante inverno e verão. • Região Nordeste: frentes frias, principal- mente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas. • Região Norte: chuvas abundantes no norte e nordeste da Amazônia. Previsão Climática Estimativa do comportamento médio da atmosfera com antecedência de uma ou duas esta- ções. Utilizam-se dois métodos: • Método Estatístico: modelos de previsão empíricos, os quais se valem de uma corre- lação entre duas ou mais variáveis, para re- gionalmente estimar os prognósticos de uma delas. • Método Dinâmico: modelos dinâmicos do sistema climático, nos quais se utiliza um conjunto de equações físicas que simulam os movimentos atmosféricos para prever os acontecimentos futuros. As regiões tropicais apresentam maior índi- ce de acerto nas previsões, devido aos fatores que determinam os fenômenos meteorológicos, que são diretamente influênciados pelas condições da superfície (temperatura da superfície do mar e umidade do solos nos continentes). No Brasil, nas regiões Norte e Nordeste é possível se fazer as me- lhores previsões climáticas. Caracteres Climáticos por Região do Brasil Região Norte A região Norte do Brasil compreende grande parte da denominada região Amazônica, represen- tando a maior extensão de floresta quente e úmi- da do planeta. A região é cortada, de um extremo a outro, pelo Equador e caracteriza-se por baixas altitudes (0 a 200 m). São quatro os principais sis- temas de circulação atmosférica que atuam na re- gião, a saber: sistema de ventos de Nordeste (NE) a Leste (E) dos anticiclones subtropicais do Atlân- tico Sul e dos Açores, geralmente acompanhados de tempo estável; sistema de ventos de Oeste (O) da massa equatorial continental (mEc); sistema de ventos de Norte (N) da Convergência Inter- tropical (CIT); e sistema de ventos de Sul (S) do anticiclone Polar. Estes três últimos sistemas são responsáveis por instabilidade e chuvas na área. Quanto ao regime térmico, o clima é quen- te, com temperaturas médias anuais variando entre 24o e 26ºC. Com relação à pluviosidade não há uma homogeneidade espacial como acontece com a temperatura. Na foz do rio Amazonas, no litoral do Pará e no setor ocidental da região, o total pluvio- métrico anual, em geral, excede a 3.000 mm. Na direção NO-SE, de Roraima a leste do Pará, tem-se o corredor menos chuvoso, com totais anuais da ordem de 1.500 a 1.700 mm. O período chuvoso da região ocorre nos me- ses de verão - outono, a exceção de Roraima e da parte norte do Amazonas, onde o máximo pluvio- métrico se dá no inverno, por influência do regime do hemisfério Norte. Região Nordeste A caracterização climática da região Nor- deste é um pouco complexa, sendo que os quatro sistemas de circulaçãoque influênciam na mesma são denominados Sistemas de Correntes Perturba- das de Sul, Norte, Leste e Oeste. O proveniente do Sul, representado pelas frentes polares que alcançam a região na primavera - verão nas áreas litorâneas até o sul da Bahia, traz chuvas frontais e pós-frontais, sendo que no inver- no atingem até o litoral de Pernambuco, enquanto o sertão permanece sob ação da alta tropical. O sistema de correntes perturbadas de Nor- te, representadas pela CIT, provoca chuvas do 25Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série verão ao outono até Pernambuco, nas imediações do Raso da Catarina. Por outro lado, as correntes de Leste são mais frequentes no inverno e normal- mente provocam chuvas abundantes no litoral, raramente alcançando as escarpas do Planalto da Borborema (800 m) e da Chapada Diamantina (1.200 m). Por fim, o sistema de correntes de Oeste, tra- zidas pelas linhas de Instabilidade Tropical (IT), ocorrem desde o final da primavera até o início do outono, raramente alcançando os estados do Piauí e Maranhão. Em relação ao regime térmico, suas tempe- raturas são elevadas, com médias anuais entre 20º e 28ºC, tendo sido observado máximas em torno de 40ºC no sul do Maranhão e Piauí. Os meses de inverno, principalmente junho e julho, apresen- tam mínimas entre 12º e 16ºC no litoral, e infe- riores nos planaltos, tendo sido verificado 1oC na Chapada da Diamantina após a passagem de uma frente polar. A pluviosidade na região é complexa e fonte de preocupação, sendo que seus totais anuais va- riam de 2.000 mm até valores inferiores a 500 mm no Raso da Catarina, entre Bahia e Pernambuco, e na depressão de Patos na Paraíba. De forma geral, a precipitação média anual na região nordeste é in- ferior a 1.000 mm, sendo que em Cabaceiras, inte- rior da Paraíba, foi registrado o menor índice plu- viométrico anual já observado no Brasil, 278 mm/ ano. Além disso, no sertão desta região, o período chuvoso é, normalmente, de apenas dois meses no ano, podendo, em alguns anos até não existir, oca- sionando as denominadas secas regionais. Região Sudeste A posição latitudinal cortada pelo Trópico de Capricórnio, sua topografia bastante acidentada e a influência dos sistemas de circulação perturba- da são fatores que conduzem à climatologia da re- gião Sudeste ser bastante diversificada em relação à temperatura. A temperatura média anual situa-se entre 20ºC, no limite de São Paulo e Paraná, e 24ºC, ao norte de Minas Gerais, enquanto nas áreas mais elevadas das serras do Espinhaço, Mantiqueira e do Mar, a média pode ser inferior a 18ºC, devido ao efeito conjugado da latitude com a frequência das correntes polares. No verão, principalmente no mês de janeiro, são comuns médias das máximas de 30ºC a 32ºC nos vales dos rios São Francisco e Jequitinhonha, na Zona da Mata de Minas Gerais, na baixada lito- rânea e a oeste do estado de São Paulo. No inverno, a média das temperaturas míni- mas varia de 6ºC a 20ºC, com mínimas absolutas de -4º a 8ºC, sendo que as temperaturas mais bai- xas são registradas nas áreas mais elevadas. Vastas extensões de Minas Gerais e São Paulo registram ocorrências de geadas, após a passagem das frentes polares. Com relação ao regime de chuvas, são duas as áreas com maiores precipitações: uma, acompa- nhando o litoral e a serra do Mar, onde as chuvas são trazidas pelas correntes de sul; e outra, do oeste de Minas Gerais ao Município do Rio de Janei- ro, em que as chuvas são trazidas pelo sistema de Oeste. A altura anual da precipitação nestas áreas é superior a 1.500 mm. Na serra da Mantiqueira estes índices ultrapassam 1.750 mm, e no alto do Itatiaia, 2.340 mm. Na serra do Mar, em São Paulo, chove em média mais de 3.600 mm. Próximo de Paranapia- caba e Itapanhaú, foi registrado o máximo de chu- va do país (4.457,8 mm, em um ano). Nos vales dos rios Jequitinhonha e Doce são registrados os menores índices pluviométricos anuais, em torno de 900 mm. O máximo pluviométrico da região Sudes- te normalmente ocorre em janeiro e o mínimo em julho, enquanto o período seco, normalmente centralizado no inverno, possui uma duração desde seis meses, no caso do vale dos rios Jequitinhonha e São Francisco, até cerca de dois meses nas serras do Mar e da Mantiqueira. Região Sul A região Sul está localizada abaixo do Tró- pico de Capricórnio, em uma zona temperada, É influênciada pelo sistema de circulação perturbada 26 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série de Sul, responsável pelas chuvas, principalmente no verão, e pelo sistema de circulação perturba- da de Oeste, que acarreta chuvas e trovoadas, por vezes granizo, com ventos com rajadas de 60 a 90 km/h. Quanto ao regime térmico, o inverno é frio e o verão é quente. A temperatura média anual si- tua-se entre 14º e 22ºC, sendo que nos locais com altitudes acima de 1.100 m, cai para aproximada- mente 10ºC. No verão, principalmente em janeiro, nos vales dos rios Paranapanema, Paraná, Ibicuí-Jacuí, a temperatura média é superior a 24ºC, e do rio Uruguai ultrapassa a 26ºC. A média das máximas mantém-se em torno de 24º a 27ºC nas superfícies mais elevadas do planalto e, nas áreas mais baixas, entre 30º e 32ºC. No inverno, principalmente em julho, a temperatura média se mantém relativamente bai- xa, oscilando entre 10º e 15ºC, com exceção dos vales dos rios Paranapanema e Paraná, além do li- toral do Paraná e Santa Catarina, onde as médias são de aproximadamente 15º a 18ºC. A média das máximas também é baixa, em torno de 20º a 24ºC, nos grandes vales e no litoral, e 16º a 20ºC no pla- nalto. A média das mínimas varia de 6º a 12ºC, sendo comum o termômetro atingir temperaturas próximas de 0ºC, ou mesmo alcançar índices nega- tivos, acompanhados de geada e neve, quando da invasão das massas polares. A pluviosidade média anual oscila entre 1.250 e 2.000 mm, exceto no litoral do Paraná e oeste de Santa Catarina, onde os valores são supe- riores a 2.000 mm, e no norte do Paraná e peque- na área litorânea de Santa Catarina, com valores inferiores a 1.250 mm. O máximo pluviométrico acontece no inverno e o mínimo no verão em qua- se toda a região. Região Centro-Oeste Três sistemas de circulação interferem na re- gião Centro-Oeste: sistema de correntes perturba- das de Oeste, representado por tempo instável no verão; sistema de correntes perturbadas de Norte, representado pela CIT, que provoca chuvas no ve- rão, outono e inverno no norte da região; e sistema de correntes perturbadas de Sul, representado pe- las frentes polares, invadindo a região no inverno com grande frequência, provocando chuvas de um a três dias de duração. Nos extremos norte e sul da região, a tempe- ratura média anual é de 22ºC e nas chapadas varia de 20º a 22ºC. Na primavera-verão, são comuns temperaturas elevadas, quando a média do mês mais quente varia de 24º a 26ºC. A média das má- ximas de setembro (mês mais quente) oscila entre 30º e 36ºC. O inverno é uma estação amena, embora ocorram com frequência temperaturas baixas, em razão da invasão polar, que provoca as friagens, muito comuns nesta época do ano. A temperatura média do mês mais frio oscila entre 15º e 24ºC, e a média das mínimas, de 8º a 18ºC, não sendo rara a ocorrência de mínimas absolutas negativas. A caracterização da pluviosidade da região se deve quase que exclusivamente ao sistema de circulação atmosférica. A pluviosidade média anu- al varia de 2.000 a 3.000 mm ao norte de Mato Grosso a 1.250 mm no Pantanal mato-grossense. Apesar dessa desigualdade, a região é bem provida de chuvas. Sua sazonalidade é tipicamente tropical, com máxima no verão e mínima no in- verno. Mais de 70% do total de chuvas acumuladas durante o ano se precipitam de novembroa março. O inverno é excessivamente seco, pois as chuvas são muito raras. Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima As correntes oceânicas e marítimas que cru- zam o planeta, acionadas pela energia solar, mol- dam o ambiente. Para os trópicos, carregam chuvas abundantes e calor o ano inteiro e para os pólos levam o inverno. O clima é alterado pela terra e pelo mar. As montanhas fazem os ventos espalha- rem sua umidade, criando frentes localizadas de chuva, enquanto correntes frias refrescam as terras 27Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série quentes. Por esta troca mútua, o planeta e seu cli- ma criam um ao outro. Qualquer alteração neste ciclo pode ocasio- nar sérias consequências na Terra. Até o presente, os fenômenos que mais ameaçam a atmosfera são a destruição da camada de ozônio e o efeito estufa. A camada de ozônio absorve a maior parte da radia- ção ultravioleta que atinge a superfície da Terra. A eliminação do ozônio está ocorrendo, conforme observações e estudos científicos, em grande parte pela presença do cloro nas substâncias denomi- nadas clorofluorcarbonos (CFC), além de outras substâncias sintéticas como o metilclorofórmio, e ainda dos halons e compostos de bromo. O aquecimento global pelo aumento das temperaturas médias altas é uma das consequên- cias mais prováveis do aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, o que pode provocar novos padrões de clima com repercussões nos regimes de vento, chuva e circulação geral dos oceanos. O efeito estufa natural tem mantido a temperatura da Terra por volta de 30ºC mais quen- te do que ela seria na ausência dele, possibilitando a existência de vida no planeta. Entre os gases que podem ocasionar esse fenômeno, destacam-se o va- por d’ água, o dióxido de carbono (CO2), o ozônio (O3), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Alguns indícios de alteração do clima: • As temperaturas aumentam. • Extensas regiões do planeta ficam mais secas e as áreas desérticas aumentam. • Em algumas áreas, o alto índice de chuvas provoca enchentes. • Os oceanos esquentam e se expandem, inun- dando ilhas e litorais. • Tempestades violentas ocorrem com frequ- ência; • Colheitas são perdidas e comunidades vul- neráveis abandonam suas casas, migrando para outro lugar. A convenção “Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima” foi assinada por mais de 150 países em junho de 1992, durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. O objetivo principal da Con- venção é: “... alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema clima. Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econô- mico prosseguir de maneira sustentável.” (MCT/CPMG, 1999) A convenção reconhece que a maior parcela das emissões globais, históricas e atuais de gases de efeito estufa é originária dos países desenvolvidos, devendo estes estabelecerem medidas de redução de suas emissões. Reconhece também que, embora as emissões per capita dos países em desenvolvi- mento ainda sejam relativamente baixas, a parcela de emissões globais originárias desses países cres- cerá uma vez que eles tendem a satisfazer suas ne- cessidades sociais e de desenvolvimento. (MCT/ CPMG, 1999). Protocolo de Kyoto Foi adotado em dezembro de 1997, no Ja- pão, com o objetivo de: a) fixar compromissos de redução e limitação para os países desenvolvidos; b) trazer a possibilidade de utilização de meca- nismos de flexibilidade para que os países em desenvolvimento possam atingir os objetivos de redução de gases do efeito estufa. Sistema de Observações Meteorológicas Para diagnóstico e prognóstico da atmosfera, tornam-se indispensáveis a instalação e operação de um sistema global de observações meteorológi- cas. Este sistema deve ser apto a promover a ex- ploração global da atmosfera, tanto na superfície quanto nos níveis superiores, além de realizar me- dições em intervalos de tempo curtos para permitir o monitoramento da origem e do desenvolvimento 28 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série dos fenômenos. Sendo a atmosfera um meio contínuo, o que existe é uma interligação de fenômenos que se desenvolvem na superfície, interagindo com as camadas superiores da atmosfera e vice-versa. Des- se modo a ONU mantém um órgão especializado, denominado ORGANIZAÇÃO METEOROLÓ- GICA MUNDIAL – OMM, que congregava em 1990 cerca de 161 países, coordenando o mundo todo, por todas as atividades meteorológicas de ca- ráter operacional, bem como os programas de pes- quisas de interesse mundial. A OMM não propõe soluções imediatas para todos os problemas meteorológicos. Em mais de 100 anos de cooperação internacional, os im- portantes progressos da Meteorologia já se situa- ram em um lugar destacável entre os programas e as atividades destinados a solucionar ou aliviar graves problemas da humanidade. As atividades da OMM são controlados pe- los Diretores dos Serviços Meteorológicos Nacio- nais, baseando-se na mútua cooperação entre eles. Isso faz com que a OMM seja um organismo coor- denador e executor, que explica o êxito que tem alcançado ao responder às necessidades de todos os países, tanto os desenvolvidos quanto aqueles em vias de desenvolvimento. 29Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série Os Elementos Formadores da Paisagem Hidrográfica Brasileira A Hidrologia é ciência que estuda a ocor- rência, distribuição e movimentação da água no planeta Terra. A definição atual deve ser ampliada para incluir aspectos de qualidade da água, polui- ção e descontaminação. Hidrologia é, em um sentido amplo, a ciên- cia que se relaciona com a água. Como ela se rela- ciona com a ocorrência primária de água na Terra, é considerada uma ciência natural. Por razões prá- ticas, no entanto, a hidrologia restringe-se a alguns de seus aspectos, por exemplo, ela não cobre todo o estudo sobre oceanos (oceanografia) e também não se preocupa com usos médicos da água (hidro- logia médica). O termo tem sido usado para denotar o es- tudo da água sobre a superfície da Terra, enquanto que outros termos como hidrografia e hidrometria têm sido usados para denotar o estudo da água na superfície. No entanto, esses termos têm agora sig- nificados específicos: Hidrologia se refere à ciência da água. Hidrografia é a ciência que descreve as ca- racterísticas físicas e as condições da água na su- perfície da Terra, principalmente as massas de água para navegação. A hidrologia não é uma ciência inteiramen- te pura; ela tem muitas aplicações práticas. Para enfatizar-lhe a importância prática, o termo “hi- drologia aplicada” tem sido comumente usado. Como numerosas aplicações dos conhecimentos em hidrologia ocorrem também no campo das engenharias hidráulica, sanitária, agrícola, de re- cursos hídricos e de outros ramos da engenharia, o termo “engenharia hidrológica” tem sido também empregado. Definições Várias definições de hidrologia já foram propostas. O Webster’s Third New International Dictionary (Merrian Webster, 1961) descreve hi- drologia como sendo “a ciência que trata das pro- priedades, distribuição e circulação da água; especi- ficamente, o estudo da água na superfície da Terra: no solo, rochas e na atmosfera, particularmente com respeito à evaporação e precipitação. O Painel Ad Hoc em Hidrologia do Conselho Federal para Ciência e Tecnologia E.U.A., 1959) recomendou a seguinte definição: “hidrologia é a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação