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Geografia do Brasil - Colégio Protágoras

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1Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
Noções Espaciais
Começamos a estudar geografia localizando 
e dimensionando o seu objeto de estudo. Para a 
Geografia do Brasil, este trabalho inicial consiste 
no reconhecimento da posição geográfica e das di-
mensões que o país ocupa em relação à totalidade 
da área terrestre.
O Brasil localiza-se no hemisfério ocidental, 
em longitudes a oeste do meridiano inicial de Gre-
enwich, ou seja, entre os meridianos 34º47’30” e 
73º59’32” a oeste de Greenwich. Situado entre os 
paralelos de 5º16’20” de latitude norte e 33º44’42” 
de latitude sul, é cortado ao norte pelo Equador e, 
ao sul, pelo Trópico de Capricórnio, situando-se, 
portanto, cerca de 90% de seu território no hemis-
fério sul. 
Integrante do continente americano, o Bra-
sil situa-se na porção centro-oriental da América 
do Sul, limitando-se com a quase totalidade dos 
países sul-americanos, a exceção do Equador, do 
Chile e de Trinidad e Tobago. 
A área territorial brasileira é de 8.547.403,5 
km2 e seu perímetro abrange 23.086 km, limi-
tando-se em 7.367 km, com o Oceano Atlântico, 
ou seja 31,9% de sua linha divisória. É o terceiro 
maior país do continente em termos de área e o 
primeiro da América do Sul, ocupando 47% da 
área territorial sul-americana. 
Suas dimensões territoriais o caracterizam 
como um país continental, uma vez que seu terri-
tório ocupa 1,6% da superfície do globo terrestre, 
5,7% das terras emersas do planeta e 20,8% da su-
perfície do continente americano.
Posição Geográfica e suas 
Implicações
Que País é este?
1
CA
PÍ
TU
LO
2 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
A partir dos pontos extremos, das fronteiras, 
dos paralelos e dos meridianos, podemos determi-
nar precisamente a posição geográfica do Brasil.
O Brasil ocupa a porção centro-oriental da 
Hemisfério Sul
Continente América
Área (km2) 8.547.403,5
População residente (2005) 183.825.475
Densidade Demográfica (hab/km2) 21,06
Taxa de Urbanização (%) 80,59
Taxa Média Geométrica de 
Crescimento Anual 1991-2000 (%) 1,93
COORDENADA 
GEOGRÁFICA ACIDENTE GEOGRÁFICO UNIDADE DA FEDERAÇÃO POSIÇÃO
Norte
Nascente dos rios Ailã e 
Caburaí, na Serra do Caburaí, 
fronteira com a Guiana
Estado de Rorâima 5O 16’ 19’’ N
Sul Curva do arroio Chuí, na fronteira com o Uruguai Estado do Rio Grande do Sul 33
O 45’ 09’’ S
Leste Ponta Seixas, voltada para o Atlântico Estado da Paraíba 34
O 45’ 54’’ O
Oeste Rio Moá, na fronteira com o Peru (Serra da Contamana) Estado do Acre 73
O 59’ O
Fonte dos dados: Anuário Estatístico do Brasil
América do Sul. São os acidentes geográficos si-
tuados nas maiores latitudes e longitudes do país. 
Veja o quadro.
Oficialmente o Brasil se constitui em uma 
República Federativa - República Federativa do 
Brasil – composta por 26 estados e um distrito fede-
ral, onde se situa a capital da República – Brasília, 
sede do governo e dos poderes executivo, legislati-
vo e judiciário. Cada um dos estados brasileiros, ou 
seja, cada uma das unidades da Federação, é ainda 
subdividido em municípios e esses em distritos. Ao 
todo o Brasil possui 9.274 distritos distribuídos em 
4.974 municípios. 
Apesar de o País se constituir em uma Fede-
ração é grande a centralização política existente, 
sendo pequena a autonomia de cada unidade da 
Federação. 
Os estados brasileiros são ainda agrupados 
em cinco grandes regiões político-administrativas: 
Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste
Fronteiras
São os limites territoriais do país. As frontei-
ras brasileiras estendem-se por mais de 23.000 Km, 
dos quais cerca de 7.500 representam a linha divi-
sória oceânica. A fronteira com a Bolívia, esten-
dendo-se por pouco mais de 3.100 Km, é a maior 
linha divisória continental. Verifique no quadro os 
tipos de fronteiras continentais brasileiras.
3Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
Rios Serras
Linhas 
Geodésicas
Lagos
50% 25% 20% 5%
Observando o mapa da América do Sul, no-
tamos que Brasil não possui fronteira com o Chile 
e o Equador. Alguns autores, entretanto têm alega-
do que a ilha de Trinidad Tobago, desmembrada 
da Venezuela em 1972, seria um terceiro país não 
fronteiriço.
Paralelos e Meridianos
Utilizando como referência os principais pa-
ralelos e meridianos (primeira figura percebe que o 
território brasileiro está assim posicionado):
Hemisfério Área
Oeste (Ocidental)
Sul (Meridional)
Norte (Setentrional)
100%
92%
8%
Como principais consequências do posicio-
namento geográfico brasileiro podemos destacar:
•	 que a participação do Brasil na história do 
mundo ocidental só se inicia no século XVI, 
quando se amplia o horizonte geográfico hu-
mano através das grandes navegações, ocor-
rendo assim o descobrimento das Américas;
•	 a formação de uma paisagem geográfica es-
sencialmente tropical.
Dimensões e suas 
Consequências
As dimensões do país podem ser estudadas 
sob diversas perspectivas; daremos ênfase aos pro-
blemas da extensão e da área.
Extensão
As distâncias entre os pontos extremos bra-
sileiros são semelhantes, como verificamos na fi-
gura.
No entanto, veremos que as consequências 
deste fato são diferentes de acordo com o sentido e 
a direção das extensões.
Distância Norte-Sul
São 4.320 Km em linha reta, que refletem 
a grande extensão latitudinal do país. Este é um 
dos fatores mais significativos na formação das 
paisagens brasileiras, pois a latitude influi profun-
damente nas temperaturas e, consequentemente, 
no clima de uma região. É importante lembrar que 
cerca de 8% do território brasileiro se encontra 
abaixo da linha do Trópico de Capricórnio (Veja 
primeira figura), ou seja, dentro da Zona tempera-
da, embora seu clima seja subtropical.
Distância Leste-Oeste 
São 4.328 Km em linha reta. A consequên-
cia desta grande extensão longitudinal é a forma-
ção de quatro fusos horários no Brasil, atrasados 
devido ao posicionamento a oeste do meridiano 
inicial de Greenwich (GMT).
Área 
O Brasil ocupa aproximadamente 5,8% da 
superfície da Terra, o que equivale a pouco menos 
de 8.512.000 km2. Regionalmente, no entanto, 
forma um subcontinente, pois ocupa cerca de 47% 
da superfície da América do Sul.
Fusos Horários
Em decorrência do movimento de rotação 
da Terra, temos os dias e as noites, além da dife-
rença de horário entre os diversos pontos longitu-
dinais da esfera terrestre.
Ao dividir os 360 graus da esfera terrestre 
pelas 24 horas de duração do movimento de rota-
ção, o resultado é 15 graus. A cada 15 graus que a 
Terra gira, passa-se uma hora. Assim, cada uma das 
24 divisões da Terra corresponde a um fuso horário 
(veja o mapa).
Desde o Encontro de Washington, no ano 
de 1884, todas as localidades dentro de um mesmo 
fuso adotam o mesmo horário. Convencionou-se 
também que o meridiano que cruza Greenwich é 
4 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
considerado o meridiano de referência para as lon-
gitudes, a partir do qual se acertam os relógios em 
todo o planeta.
As horas mudam à medida que nos dirigimos 
de um fuso a outro. Para determinarmos a diferen-
ça de horário entre duas localidades, basta saber-
mos a distância longitudinal entre elas e dividi-la 
por 15, que é a medida de cada fuso.
Veja, no mapa de fusos do planeta, que as 
horas aumentam para leste e diminuem para oeste, 
a partir de qualquer referencial adotado. Isso ocor-
re parque a Terra gira de oeste para leste. A hora 
oficial do Brasil, por exemplo, está três horas atra-
sadas em relação a Greenwich.
FUSO 
NACIONAL HORÁRIO
ÁREAS 
ABRANGIDAS
1º Fuso Atrasado duas horas do CMT
Todas as ilhas 
oceânicas
2º Fuso Atrasado três horas de GMT
Estados: Todos os 
das regiões SE, Sul e 
NE além de GO e da 
posição a lestedo rio 
Xingu no PA, Distrito 
Federal e Amapá
3º Fuso
Atrasado 
quatro horas 
de GMT
Estados: MT, MS, 
RO, PA (porção a 
oeste do rio Xingu) 
e AM (quase 
totalidade) Roraima, 
AC e AM.
Divisões Regionais 
DIVISÃO REGIONAL OFICIAL DE 1945
DIVISÃO REGIONAL OFICIAL DE 1969
Como você vê no mapa, em 1945 existia o 
leste meridional e setentrional, sendo formado 
pelos estados: Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Espí-
rito Santo e Rio de Janeiro. 
•	 A	região	Centro-Oeste: Mato Grosso, Goi-
5Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
ás, Tocantins e Mato Grosso do Sul.
•	 A	região	Sul: São Paulo, Paraná, Santa Ca-
tarina e Rio Grande do Sul.
•	 A	 região	 Norte: Amapá, Roraima, Acre, 
Amazonas e Rondônia.
•	 A	 região	 Nordeste: Ceará, Pernambuco, 
Maranhão, Paraiba, Rio Grande do Norte e 
Alagoas.
Como você pode ver, em 1969 foram esta-
belcidos dois níveis hierárquicos básicos das regi-
ões: as microrregiões e as macrorregiões homogê-
neas. 
As microrregiões foram substituídas pelas 
antigas zonas fisográficas e as macrorregiões apre-
sentaram algumas diferenças devido ao fator da 
homogeneidade.
Diferenças
Os estados da Bahia e Sergipe foram ane-
xados à região nordeste. Eliminação da subdivisão 
do Nordeste em Nordeste ocidental e oriental A 
região sudeste que foi criada para substiruir o leste 
meridional constuiu uma nova unidade especial.
A criação da região sudeste está ligada ao 
desenvolvimento indústrial e urbano nesta região. 
Essa região foi formada por três estados da antiga 
Região Leste: Minas Gerais, Rio de Janeiro e Es-
pírito Santo e por um estado desmembrado da Re-
gião Sul (São Paulo).
A divisão regional tem apenas uma modi-
ficação: Estado de Tocantins, criado em 1988, e 
desmembrado do Estado de Goiás, foi incluído na 
Região Norte.
ESTADOS CAITAL
EXPECTATIVA 
DE VIDA
(EM ANOS)
ÁREA EM Km2
POPULAÇÃO 
(ESTIMATIVA 
2000)
HATIBANTES/
Km
Acre Rio Branco 70,5 153.149 557.226 3,7
Alagoas Maceió 65,5 27.933 2.819.172 101,3
Amapá Macapá 69,4 143.453 475.843 3,3
Amazonas Manaus 70,7 1.577.820 2.813.085 1,8
Bahia Salvador 71,2 567.295 13.066.910 23,2
Ceará Fortaleza 69,2 146.348 7.418.476 50,9
Distrito Federal (*) Brasília 74,6 5.802 2.282.049 393,3
DIVISÃO REGIONAL OFICIAL DE 1945
Informativos do Brasil
•	 Sistema: República presidencialista
•	 Divisão	Administrativa: 26 estados e 1 Dis-
trito Federal
•	 Chefe	de	Estado	e	de	Governo: Luís Inácio 
Lula da Silva, eleito por voto direto, para o 
período de 01.01.2003 à 31.12.2006
•	 Poder	Legislativo: Bicameral, Senado Fede-
ral e Câmara dos Deputados
•	 Senado	 Federal: 81 membros, eleitos para 
mandatos de 8 anos – Câmara dos Deputa-
dos: 513 membros, eleitos para mandatos de 
4 anos.
6 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
Espírito Santo Vitória 72,9 46.184 3.094.390 67,2
Goiás Goiânia 72,5 341.289 4.996.436 14,7
Maranhão Sao Luís 66,4 333.365 5.642.960 17,0
Mato Grosso Cuiabá 72,3 906.806 2.502.260 2,8
Mato Grosso do Sul Campo Grande 72,9 358.158 2.074.877 5,8
Minas Gerais Belo Horizonte 73,8 588.383 17.866.402 30,5
Pará Belém 71,1 1.253.164 6.189.550 5,0
Paraíba João Pessoa 67,9 56.584 3.439.344 61,1
Paraná Curitiba 73,2 199.709 9.558.454 48,0
Pernambuco Recife 67,1 98.937 7.911.937 80,3
Piauí Teresina 67,8 252.378 2.841.202 11,3
Rio de Janeiro Rio de Janeiro 72,1 43.909 14.367.083 328,0
Rio Grande do Norte Natal 69,4 53.306 2.771.538 52,2
Rio Grande do Sul Porto Alegre 74,2 282.062 10.181.749 36,1
Rondônia Porto Velho 70,3 238.512 1.317.614 5,5
Roraima Boa Vista 69,0 225.116 324.152 1,5
Santa Catarina Florianópolis 74,5 95.442 5.349.580 56,1
São Paulo São Paulo 73,4 248.808 36.969.476 149,0
Sergipe Aracajú 69,9 22.050 1.781.714 81,1
Tocantins Palmas 70,4 278.420 1.155.913 4,2
BRASIL (**) Brasília 71,7 (*) 8.514.204,8 184.739.395 21,69
7Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
Inicialmente, a preocupação ambiental se 
confundia com a luta pela defesa de nossas flores-
tas. Durante os quatro primeiros séculos de ocu-
pação humana, no Centro-sul e no Nordeste, o 
desenvolvimento do País e dessas regiões se fazia 
à custa da derrubada das florestas. Os cerrados e 
os campos rupestres, bem como as caatingas, eram 
considerados áreas marginais e recebiam atenção 
também marginal. O desenvolvimento agrícola 
exigia a destruição das matas. Assim, até os anos de 
1950, o café respondia por aproximadamente 90% 
de nossas exportações. Os cafeeiros são plantas vo-
razes, que exaurem o solo e exigem terras muito 
férteis.
 A cafeicultura de expressão econômica se 
iníciou junto ao Rio de Janeiro, onde Dom João 
VI estabeleceu a capital real. Depois, a cafeicultu-
ra migrou através do Vale do Paraíba do Sul. Em 
seguida, tangenciou São Paulo, para ocupar Cam-
pinas e se espraiou pelo oeste do Estado. Mais tarde 
ocupou o noroeste do Paraná. Ocupou também o 
sul de Minas Gerais e partes do estado do Espírito 
Santo.
 No Nordeste a produção agrícola principal 
era e ainda é a plantação de cana para a fabricação 
de açúcar e álcool, também muito importante no 
Sudeste. O Brasil era, até meados do século XX, 
uma nação basicamente agrícola.
Durante e após a Primeira Guerra Mundial, 
a indústria começou a se desenvolver, principal-
mente através das atividades de indústriais italia-
nos e ítalo-brasileiros, como os Matarazzo, os Cres-
pi e os Bardella, além de empresários descendentes 
de libaneses, sírios, portugueses, alemães e outros.
Roberto Simonsen foi o principal expoente 
da política brasileira de reserva de mercado para os 
produtos indústriais. Foi a época do “similar nacio-
nal”. Se havia “similar nacional”, não se importa-
vam os produtos indústrializados de outras nações. 
Dom João VI abriu os portos brasileiros ao mundo. 
Roberto Simonsen e sua escola os fecharam, proi-
bindo ou restringindo a importação de produtos 
indústriais. Era a ideologia do Brasil Grande, con-
siderado aqui como se fosse um País sitiado pelas 
outras nações do planeta. Essa reserva de mercado 
visava proteger o início da industrialização, objeti-
vo necessário, mas era uma política insustentável 
a longo prazo. Muito mais tarde, somente a partir 
de 1980, os portos brasileiros começaram a ser re-
abertos ao mundo, no governo Collor (1990-92) e 
principalmente nos governos que se seguiram.
Hoje vivemos um clima de Mercosul, de 
economia global, de maior respeito ao mercado. O 
café responde agora por cerca de 10% das nossas 
exportações. Diversificamos nossa produção, que 
em muitos setores é competitiva no mundo globa-
lizado.
Essas características, aqui muito resumidas, 
de nossa evolução econômica, tiveram não apenas 
profundas consequências na aceleração do desen-
volvimento do País, mas também causaram gran-
des impactos ambientais.
Geografia: os Domínios 
Morfoclimáticos e a 
Paisagem do Brasil
Uma maneira interessante e rápida de os 
vestibulandos revisarem as principais característi-
cas das grandes paisagens naturais do Brasil é estu-
dar a partir dos domínios morfoclimáticos.
Esses domínios correspondem a áreas com 
relativa homogeneidade no quadro natural com-
posto pelo relevo, pelo clima, pela vegetação e 
pela hidrografia. É muito importante observar que 
as paisagens não são homogêneas, podendo ocor-
rer, por exemplo, mais de uma vegetação em um 
Os elementOs FOrmadOs da Paisagem
geOlógica Brasileira2
CA
PÍ
TU
LO
8 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
mesmo tipo de relevo. Ainda assim, é possível fa-
zer uma síntese do quadro natural do país em seis 
grandes domínios.
As perguntas de vestibulares costumam 
questionar também o modo como essas áreas fo-
ram e são transformadas pela ação antrópica (do 
homem).
Vamos revisar os domínios brasileirose tra-
tar um pouco da localização original de cada um 
deles.
O domínio do cerrado ocorre principalmen-
te na região Centro-Oeste, no entanto está presen-
te também nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, 
em suas porções limítrofes com o Brasil central.
Na região Norte, prevalece o domínio ama-
zônico, que também está presente no Centro-Oes-
te (no norte de Mato Grosso) e no Nordeste (no 
oeste do Estado do Maranhão).
O domínio das caatingas, que é relativo ao 
sertão nordestino, também aparece do norte de 
Minas Gerais, no Sudeste.
O domínio das araucárias está presente pre-
dominantemente nas partes mais altas da região 
Sul.
O domínio dos mares de morros é a carac-
terística da porção mais próxima ao litoral do país 
e se interioriza um pouco mais na região Sudeste.
Na porção meridional do Estado do Rio 
Grande do Sul, está a maior ocorrência do domí-
nio das pradarias no país.
As Bases Geológicas do 
Território Brasileiro
Com as noções adquiridas podemos agora 
estudar as bases ou estruturas geológicas do terri-
tório brasileiro.
O Brasil possui em seu território as três ma-
croestruturas citadas anteriormente:
•	 os crátons ou plataformas;
•	 as bacias sedimentares;
•	 as cadeias orogênicas (no caso, antigas).
Em relação às cadeias orogênicas, é impor-
tante ressaltar que nosso território não possui as de 
formação recente, isto é, as do fim do Mesozoico 
e Cenozoico (Terciário), denominadas também 
dobramentos modernos, mas sim as antigas (do 
Pré-Cambriano), como as das serras do Mar e da 
Mantiqueira, da Serra do Espinhaço e das serras do 
Planalto das Guianas.
a) Os Crátons ou Plataformas
Procurando inserir o território brasileiro, 
sob o ponto de vista geológico-estrutural, no sub-
continente da América do Sul, os estudos realiza-
dos demonstraram que ele se encontra totalmente 
alojado na Placa Sul-americana, sendo parte inte-
grante da Plataforma Sul-Americana, cuja história 
geológica remonta a mais de 2.600 M.A. (milhões 
de anos).
A Plataforma Sul-Americana contém dois 
grandes embasamentos ou escudos cristalinos, que 
correspondem ao Escudo das Guianas e ao Escudo 
Brasileiro, formados predominantemente por ro-
chas metamórficas muito antigas (Azoico e Arque-
ozoico), por rochas magmáticas intrusivas antigas 
(Arqueozoico e Proterozoico) e ainda por rochas 
sedimentares antigas (Proterozoico, denominado 
também Pré-Cambriano Superior). Essas rochas 
são verdadeiros resíduos que, no passado geológi-
co, deviam recobrir maiores porções das platafor-
mas ou crátons.
Esses escudos cristalinos (das Guianas e Bra-
sileiro) são circundados por coberturas ou por ba-
cias sedimentares fanerozoicas.
9Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
Em vista de o território brasileiro ocupar a 
porção centro-oriental da Plataforma Sul-Ameri-
cana, localiza-se distante das zonas de contato en-
tre as placas tectônicas Sul-Americana, de Nazca e 
do Caribe ou das Antilhas.
Essa posição geográfica explica a relativa 
estabilidade geológica do território brasileiro. O 
Brasil não possui, portanto, tectonismo orogê-
nico recente, muito embora apresente o de tipo 
epirogênico, ou seja, de movimentos verticais ou 
de soerguimento que vêm ocorrendo ao longo do 
Cenozoico, isto é, nos últimos 70 milhões de anos. 
Esses movimentos epirogenéticos explicam, por 
exemplo, a existência no Brasil de planaltos for-
mados em bacias sedimentares, hoje situados em 
altitudes mais elevadas do que antes do Cenozoico. 
Explicam, também, a formação de depressões, pois, 
ao mesmo tempo que ocorria e ocorre a epirogê-
nese, os agentes da dinâmica externa do relevo — 
como a água, as oscilações de temperatura do ar 
atmosférico e o vento — provocaram e provocam 
o desgaste de rochas menos resistentes criando, as-
sim, as depressões que circundam os planaltos de 
nosso território.
Com os conhecimentos adquiridos, pode-
mos agora interpretar o mapa da estrutura geoló-
gica do Brasil.
Existem dois grandes crátons pré-brasilianos 
no território brasileiro: o cráton amazônico, que, 
em vista da grande extensão de seus afloramentos 
rochosos pode ser dividido em dois escudos: o das 
Guianas e o do Brasil Central; e o cráton do São 
Francisco.
Os crátons menores são: cráton de São Luís 
(MA), cráton Luís Alves (SC) e cráton do Rio da 
Prata (RS).
Todos eles, datam do Arqueozoico, de modo 
que são formados por rochas muito antigas, predo-
minantemente metamórficas, muitas delas datan-
do de idade superiores a 3.000 M.A. Mas possuem 
também rochas magmáticas intrusivas datadas de 
1 a 2 M.A. e, completando a estrutura rochosa 
complexa, resíduos de rochas sedimentares do Pré-
-Cambriano Superior, que no passado geológico 
deviam cobrir vastas extensões dos crátons ou pla-
taformas.
Os crátons ou plataformas formam no Brasil 
o “embasamento cristalino” ou o “complexo cris-
talino” ou, ainda, o “complexo brasileiro”, como 
podem ser denominados na literatura geológica e 
geomorfológica.
Durante algum tempo pensou-se que as for-
mações arquezoicas ou os crátons ou plataformas 
de nosso território não abrigassem depósitos mi-
nerais expressivos. Entretanto novas descobertas 
minerais e seu estudo têm colocado em dúvida 
essa questão. Tudo indica que as grandes jazidas 
minerais da Serra dos Carajás, no Pará, ou o ouro 
de áreas próximas aos rios Madeira e Tapajós e a 
outros da Amazônia, como também o minério de 
manganês da Serra do Navio, no Amapá, estão re-
lacionados aos terrenos arqueozoicos.
b) As Bacias Sedimentares 
(Características Gerais)
Essas formações geológicas ocupam a maior 
área do território brasileiro, estimando-se que ocu-
pem 5,5 milhões de km2, ou seja, cerca de 64%.
No Brasil, existem bacias sedimentares de 
grande e de pequena extensão.
de grande extensão: a Amazônica, do Parna-
íba — chamada também de Meio-Norte —, a do 
Paraná ou Paranaica e a Central.
de menor extensão: do Pantanal Mato-
-Grossense, do São Francisco ou Sanfranciscana 
(esta muito antiga), do Recôncavo Tucano (pro-
dutora de petróleo) e a Litorânea. 
Além dessas, há as denominadas bacias de 
compartimento de planalto, de reduzida extensão, 
se comparadas às citadas, e correspondentes a for-
mações sedimentares alojadas em porções cônca-
vas dos crátons de pouca extensão e profundidade. 
É o caso das bacias sedimentares de Curitiba (PR), 
Taubaté (SP), Resende (RJ), São Paulo e outras.
As bacias sedimentares do Brasil possuem 
camadas dispostas horizontalmente ou quase ho-
rizontalmente, fato que evidencia a ausência de 
movimentos importantes — como os tectonismos 
10 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
— desde remotos tempos geológicos. Entretanto, 
no fim da era Mesozoica, ocorreram movimentos 
da crosta que formaram fraturas, ou seja, fendas 
ou aberturas microscópicas ou macroscópicas que 
aparecem no corpo de uma rocha, principalmente 
em decorrência de forças tectônicas. Por essas fra-
turas ocorreu o escoamento de lavas básicas (lavas 
que podem percorrer grandes extensões), cobrindo 
grande extensão do sul do território brasileiro e da 
região de Poços de Caldas e Araxá (MG). Uma vez 
consolidadas, essas lavas resultantes do vulcanis-
mo (destacando-se os basaltos e os diabásicos) e 
a diversos diques, ou seja, intrusões magmáticas 
em forma alongada nas camadas da crosta terres-
tre, onde se solidifica. Essas rochas e diques, por 
apresentarem grande resistência à erosão, forma-
ram relevos residuais, permitindo a existência de 
várias quedas d’água nos rios do Centro-Sul, com 
destaque para as de Sete quedas (que não existem 
mais, devido à construção da barragem de Itaipu), 
no Rio Paraná, e para as Cataratas do Iguaçu, na 
foz do rio de mesmo nome. Além disso, o basalto e 
o diabásio, submetidos a agentes erosivos como o 
intemperismo, se desagregaram e sedecompuseram 
dando origem a solos avermelhados conhecidos 
genericamente com o nome de terra-roxa, encon-
trados principalmente no Planalto Meridional ou 
Arenito-Basáltico.
As bacias sedimentares do Brasil datam do 
Paleozoico, do Mesozoico e do Cenozoico. As ba-
cias sedimentares como a do Pantanal Mato-Gros-
sense, litorâneas e de trechos que margeiam os rios 
da bacia hidrográfica Amazônica são do Cenozoi-
co.
c) As Cadeias Orogênicas Antigas 
do Brasil
 Veja a seguir o resumo da história geológica 
e as principais características dos cinturões orogê-
nicos antigos do Brasil:
Possuem uma complexa formação litológica 
(de rochas) e estrutural, com predomínio de ro-
chas metamórficas (gnaisses, quartzitos, ardósias, 
micaxistos e outras) e, secundariamente, de rochas 
magmáticas intrusivas (granitos, sienitos e outras).
São originários de vários diastrofismos an-
tigos:
•	 o	diatrofismo	laurenciano,	que	se	manifstou	
no fim do Arquezoico e provocou grandes 
dobramentos, dando origem às serras do Mar 
e da Mantiqueira, localizadas na faixa de do-
bramento do Atlântico;
•	 o	diastrofismo	huroniano,	que	data	do	final	
do Proterozoico e cujos dobramentos deram 
origem à Serra do Espinhaço (MG) e à Cha-
pada Diamantina (BA);
•	 o	 	 diastrofismo	 caledoniano,	 nos	 períodos	
geológicos Siluriano e Devoniano da era Pa-
leozoica, que deu origem aos dobramentos 
das serras de Paranapiacaba (PR), na faixa 
de dobramento antigo do Atlântico, e dos 
Pirineus (GO), na faixa de dobramento an-
tigo, denominado Brasília ou Araguaio-To-
cantins.
As cadeias orogênicas antigas do Brasil esti-
veram (e estão) submetidas a várias fases erosivas, 
motivo pelo qual encontram-se bastante desgas-
tadas. Devem ter possuído elevadas altitudes, mas 
nos dias atuais apresentam aspecto serrano em vá-
rias porções.
A Geomorfologia: 
Conceito, Importância e 
Aplicações
A geomorfologia pode ser entendida da for-
ma que se segue:
“A geomorfologia analisa as formas de relevo 
focalizando suas características morfológicas, 
materiais componentes, processos atuantes e fatores 
controlantes, bem como a dinâmica evolutiva. 
Compreende os estudos voltados para os aspectos 
morfológicos da topografia e da dinâmica responsável 
pelo funcionamento e pela esculturação das paisagens 
11Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
topográficas. Dessa maneira, ganha relevância por 
auxiliar a compreender o modelado terrestre, que 
surge como elemento do sistema ambiental físico 
e condicionante para as atividades humanas e 
organizações espaciais”.
(Antônio Christofoletti, Aplicabilidade do conhecimento 
geomorfológico nos projetos de planejamento,
in Antônio José Teixeira Guerra e Sandra Baptista 
daCunha (orgs),
Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos, p. 
415.)
O objeto de estudo da geomorfologia são as 
formas de relevo. Assim, ela se relaciona intima-
mente com a geologia e a geografia, situando-se 
na interface de ambas. Enquanto a primeira lhe 
fornece vários conhecimentos relativos às rochas 
e minerais, ao tectonismo ou diastrofismo, ao vul-
canismo, às estruturas geológicas, a geografia lhe 
fornece subsídios importantes sobre o clima e suas 
relações com as formas e a evolução do relevo, a 
ocupação humana, a produção do espaço geográfi-
co e suas consequências ambientais, entre outros.
O relevo condiciona o processo de produção 
e organização do espaço geográfico. Basta obser-
varmos um mapa da distribuição espacial da po-
pulação mundial para notar a influência condicio-
nante do relevo. Mas essa influência se estende a 
vários outros aspectos de ordem natural e humana: 
a distribuição dos solos, da vegetação, dos animais, 
da agricultura e da pecuária; o traçado da rede vi-
ária; a localização urbana, indústrial e de usinas de 
eletricidade (de fonte hidráulica, térmica e termo-
nuclear); a ocupação humana de vales e vertentes; 
o estabelecimento de áreas de lazer e turismo, e até 
mesmo as características climáticas locais e regio-
nais.
A aplicabilidade da geomorfologia é vasta. 
Envolve também questões de lixiviação nas áreas 
desmatadas; de agricultura e pecuária, com os seus 
consequentes empobrecimento e erosão do solo, o 
aumento das voçorocas e a desertificação; de pla-
nejamento do solo rural e urbano; de recuperação 
de áreas degradadas pela atividade mineradora; de 
deslizamentos de terra que frequentemente ocor-
rem nas encostas da Serra da Mantiqueira e na do 
Mar, na Baixada Santista (SP), e nos morros da 
cidade do Rio de Janeiro, causando verdadeiras ca-
tástrofes, inclusive com perda de vidas humanas. 
Resumindo, a geomorfologia tem relação 
com todo o processo e a dinâmica de ocupação e 
aproveitamento do espaço pelas sociedades huma-
nas.
Nos últimos anos, com o crescimento da 
postura ambientalista ou ecológica, da necessidade 
premente de se reverem as relações entre o homem 
e o meio ambiente, cresceu ainda mais sua impor-
tância e a de outras ciências ambientais (ecologia, 
biogeografia, engenharia ambiental etc.). Ela par-
ticipa, juntamente com estas, no trabalho interdis-
ciplinar de estudos ambientais. Possui um caráter 
prático muito grande e é portadora de um relevan-
te sentido, ou seja, o de contribuir, através de seus 
conhecimentos, para diminuir e evitar o intenso 
processo de destruição do meio ambiente em curso, 
portanto de destruição da Terra, nossa morada.
Zonas Hipsométricas do Território 
Brasileiro
Hipsometria (do grego hypsos = “altura”; 
métron = “medição”) corresponde às medidas alti-
métricas. No caso do relevo, é a sua representação 
altimétrica através do uso de cores e curvas de ní-
vel.
12 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
As Classificações do Relevo 
Brasileiro
a) Segundo o Professor Aroldo de 
Azevedo
Antes do professor Aroldo de Azevedo, as 
classificações do relevo brasileiro (de Orville Der-
by, 1884; de Delgado de Carvalho, 1923; de Pierre 
Denis, 1929; de Fábio de Macedo Soares Guima-
rães, 1942, e outras) utilizavam termos geomorfo-
lógicos, geológicos e até mesmo regionais para de-
signar as unidades do relevo, criando, assim, certa 
complexidade e dificuldade por não reproduzirem 
ou a não se referirem às formas de relevo. Usavam 
termos como Maciço Central, Maciço Atlântico e 
outros de caráter puramente geológicos, e não ge-
omorfológico.
O professor Aroldo de Azevedo demonstrou 
preocupação em caracterizar as unidades do relevo 
utilizando-se de uma terminologia geomorfológica 
e secundariamente geológica quando se fez neces-
sário um maior detalhamento. foi ele que sugeriu 
que o Planalto Brasileiro fosse subdividido em três 
subunidades: Planalto Atlântico, compreenden-
do as Serras Cristalinas e os Planaltos Cristalinos; 
Planalto Meridional, abrangendo a Depressão Pe-
riférica e o Planalto Arenito–Basáltico; e Planalto 
Central, onde se alojam as Chapadas Sedimentares 
e os Planaltos Cristalinos. Essa classificação, utili-
zada durante muito tempo, serviu de base para rea-
valiações posteriores, como a realizada pelo profes-
sor Aziz Nacib Ab’Sáber.
b) Segundo o Professor Aziz 
N. Ab’Sáber: Domínios 
Morfoclimáticos e Províncias 
Fitogeográficas
O professor Aziz N. Ab’Sáber, ao estudar 
o Planalto Brasileiro, propôs sua divisão em cin-
co subunidades: o Planalto do Meio-Norte ou do 
Maranhão–Piauí; o Planalto Nordestino ou da 
Borborema, incluindo as chapadas circundantes; 
o Planalto Oriental e Sul Ocidental ou Planalto 
Atlântico; e o Planalto Meridional ou Goncuânico 
Sul-Brasileiro.
Vê-se que houve preocupação por parte do 
pesquisador em utilizar termos da geomorfologia 
para caracterizar as formas de relevo.
Tanto essa classificação quanto a do pro-
fessor Aroldo de Azevedo se inserem no processo 
natural do desenvolvimento da geomorfologia noBrasil, em sua busca incessante de explicar e classi-
ficar o relevo brasileiro, representando contribui-
ções valiosas.
Com o desenvolvimento da chamada geo-
morfologia climática, na década de 50, começaram 
a surgir os primeiros estudos explicando as formas 
de relevo a partir do clima. contrapunha-se, assim, 
à orientação até então adotada, ou seja, à geomor-
fologia estrutural, que se preocupava em explicar o 
relevo e seu modelado tendo por base a estrutura 
do terreno.A divisão do relevo em domínios mor-
foclimáticos, do professor Aziz, procurou:
RELEVO BRASILEIRO
Fonte: Aziz Nacib Ab’Saber, O relevo brasileiro e 
seus problemas, in Aroldo de Azevedo (org.) Brasil _ a terra e 
o homem, volume I, as bases físicas, p. 155.
“O esclarecimento preliminar de um certo núme-
ro de grandes tipos de combinação de fatos, geomor-
fológicos, climáticos, hidrológicos e pedológicos, os 
quais respondem pela homogeneidade relativa e pela
13Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
notável extensão dos principais quadros de estrutura 
e de fisiologia de paisagens de nosso país.” 
(Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas 
do Brasil, in: Revista Orientação, n. 3, mar. 1967, p. 
46.)
c) Segundo o IBGE
Apoiando-se no Projeto Radambrasil, que 
realizou o levantamento geológico, geomorfológi-
co e de recursos naturais do território brasileiro, os 
especialistas do IBGE realizaram uma nova classi-
ficação do relevo brasileiro, tendo por base a si-
militude de formas, a altimetria, as características 
litológicas e estruturais e os processos climáticos 
do passado e atuais ordenados em domínios mor-
foestruturais (a morfoestrutura refere-se à influên-
cia que a estrutura geológica exerce na gênese das 
formas de relevo). A nova classificação, detalhada, 
dividida em quatro domínios morfoestruturais, foi 
publicada no Atlas Nacional do Brasil, 1966.
Adaptado de: – IBGE – Anuário Estatístico do Brasil, 1991 
– Ross, J. L. S.
Relevo Brasileiro; uma nova proposta de classificação.
Revista da USP, nº 4. 1990 (simplificado).
Percebe-se que houve uma evolução meto-
dológica significativa na geomorfologia. Buscou-se 
a interação dos elementos da paisagem na escultu-
ração das formas de relevo. foi um grande avanço, 
abrindo as portas para outras buscas metodológicas 
aplicadas à geomorfologia.
d) Segundo o Prof. Jurandyr L. S. 
Ross (1989)
Apoiando-se nos estudos anteriores, prin-
cipalmente os do professor Aziz Nacib Ab’Sáber, 
e nos relatórios e mapas elaborados pelo Projeto 
Radambrasil, da qual fez parte como pesquisador, 
o professor Jurandyr L. S. ross, da Universidade de 
São Paulo, propôs em 1989 uma nova divisão do 
relevo brasileiro. Para tanto, utilizou-se de novos 
procedimentos de análise geomorfológica desen-
volvidos por J. P. Mescerjakov. Esses procedimen-
tos se assentam nas noções de morfoestrutura, mor-
foclimática e morfoescultura.
A noção de morfoestrutura, como já vimos, 
está diretamente relacionada ao peso ou influên-
cia que a estrutura geológica exerce na gênese das 
formas de relevo. A morfoclimática compreende a 
influência dos tipos de climas atuais no modelado. 
A morfoescultura abrange tanto os climas atuais 
quanto os do passado (os paleoclimas) que exerce-
ram influência na esculturação do relevo e que “so-
breviveram” até os dias atuais através de “marcas” 
impressas na paisagem.
Aplicando esses conceitos ou noções ao ter-
ritório brasileiro, o professor Jurandyr L. S. Ross 
criou três táxons, ou seja, três níveis hierárquicos 
de classificação:
•	 O	1º	táxon	diz	respeito	predominantemente	
à geomorfologia, ou seja, à forma de relevo 
que se destaca numa certa porção da super-
fície terrestre, distinguindo os planaltos, as 
planícies e as depressões.
•	 O	 2º	 táxon	 refere-se	 à	 estrutura	 geológica,	
ou seja, à composição litológica, donde a re-
ferência a planaltos esculpidos ou modelados 
em:bacias sedimentares;intrusões e cobertu-
ras residuais da plataforma;núcleos cristali-
nos arqueados;cinturões orogênicos.
•	 O	3º	táxon	é	aquele	que	dá	o	nome	a	cada	
uma das unidades morfoesculturais, apoian-
do-se nas denominações locais e regionais. 
Abrange as três formas, ou seja, os planal-
14 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
tos, as planícies e as depressões. É o caso dos 
Planaltos da Amazônia Oriental, Planície do 
Rio Araguaia e outros.
A Depressão Sertaneja e do São Francisco 
inicia-se ao norte e leste do litoral do Nordeste 
com altitudes baixas (cerca de 100 m) e ocupa 
uma vasta porção do terreno. a oeste confronta os 
planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba, de alti-
tudes entre 200 e 800 m, que formam paredões de 
frente para a depressão. Daí prolonga-se pelo Vale 
do Rio São Francisco até quase o seu alto vale.
Forma uma extensa superfície de erosão 
numa estrutura geológica complexa. Possui rele-
vos residuais, que formam inselbergs, “montanhas-
-ilhas” que surgem em regiões de clima árido e 
semiárido, alguns dos quais se destacam pela ex-
tensão: Chapada do apodi, próxima ao litoral do 
Rio Grande do Norte, e Chapada do Araripe, loca-
lizada no interior do Ceará e Pernambuco.
No final da era Pré-Cambriana, mas princi-
palmente nos períodos Cambriano e Ordoviciano 
(início do Paleozoico), ocorreu uma grande trans-
gressão marinha no então continente de Gondwa-
na, do qual o território brasileiro fazia parte. Forma-
ram-se imensos mares interiores. Um deles cobriu 
vastas porções dos atuais territórios da Amazônia, 
Bahia, Paraguai, Peru, Chile e Argentina e outro 
cobriu extensas áreas do sertão nordestino brasi-
leiro e do futuro Vale do Rio São Francisco. Com 
a transgressão, deu-se a deposição de sedimentos 
marinhos na área de terrenos que correspondem às 
coberturas sedimentares correlativas ao brasiliano 
e na região do atual sertão nordestino ou depressão 
Sertaneja. A regressão marinha se deu somente no 
período Carbonífero e o mar do Devoniano deixou 
de existir, com o reaparecimento dos terrenos de 
seu fundo. A evaporação da água do mar deu lugar 
à deposição ou acumulação de sal-gema, ou seja, 
cloreto de sódio (sal de cozinha) na Bacia Sedi-
mentar do São Francisco e no sertão (Depressão 
Sertaneja). Em alguns locais, o sal-gema chega à 
superfície por eflorescência, isto é, substâncias so-
lúveis que se depositam na superfície das rochas, 
por capilaridade.
Além de ter representado um papel histó-
rico importante, como meio de transporte, como 
fornecedor de água e alimento, a Bacia do rio São 
Francisco foi, também, no período colonial, de 
grande significado para a criação de gado. Além da 
vegetação original formada por cerrados, que ofe-
recia pastagens naturais, e do relevo plano, deve-se 
considerar o manancial de águas e a presença do 
cloreto de sódio, alimento importante para o gado.
As Planícies Brasileiras
As planícies correspondem a áreas mais ou 
menos planas em que o processo de deposição de 
materiais (detritos ou sedimentos), ao contrário do 
que ocorre nas áreas de planalto, supera o processo 
de desgaste. Percebe-se, pelo conceito, que os ter-
renos de uma planície são de natureza sedimentar.
No Brasil, as planícies podem ser resumidas 
a dois tipos:
•	 Planícies	Marítimas	ou	Costeiras: situadas, 
como indica o próprio nome, no litoral ou na 
costa marítima. Exemplos: Planície da Lagoa 
dos Patos e Mirim e Planícies e Tabuleiros 
Litorâneos.
•	 Planícies	Continentais: situadas no interior 
das terras emersas, como é o caso da Planície 
do Pantanal Mato-Grossense, Planície do 
Rio Amazonas, Planície do Rio Araguaia e 
Planície e Pantanal do Rio Guaporé.
Os sedimentos depositados nas planícies 
brasileiras são recentes (do Quaternário) e de ori-
gens marinha, fluvial ou lacustre.
Lembramos que a noção de planície não 
deve estar associada necessariamente a baixaalti-
tude, mas à deposição de materiais. Existem pla-
nícies situadas a altitudes elevadas, como as cha-
madas planícies de montanha da Cordilheira dos 
Andes, dos Pireneus, do Himalaia e de muitos ou-
tros lugares da Terra.
Com exceção das Planícies Litorâneas e 
Costeiras e da Planície Lagoa dos Patos e Mirim, 
as demais têm sua gênese relacionada aos processos 
fluviais, formando verdadeiras planícies de inun-
15Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
dação.
Os estudos realizados pelo professor Jurandyr 
L. S. Ross e pelo IBGE, com base nas informações 
fornecidas pelo Projeto Radambrasil, confirmaram 
que apenas os terrenos situados ao longo de rios 
amazônicos podem ser considerados planícies. As 
áreas próximas são formadas por depressões e pla-
naltos. O professor Aziz Ab’Sáber já destacava que 
são planícies típicas apenas as áreas ao longo dos 
rios e considerava as demais áreas como baixos-
-platôs (baixos planaltos).
No território brasileiro, os terrenos aciden-
tados, de formação geológica cristalina, são muito 
antigos e desgastados pela erosão, possuindo alti-
tudes modestas. O país não possui cadeias monta-
nhosas ou dobramentos modernos. Como vimos, 
isso decorre do fato de o Brasil encontrar-se no 
centro de uma placa tectônica. Já as bacias sedi-
mentares brasileiras são constituídas de terrenos 
relativamente aplainados, de idades geológicas 
recentes em seus estratos superiores (terciários e 
quaternários).
REPRESENTAÇÃO DO TERRENO EM CARTA TIPOGRÁFICA
As curvas de nível são linhas que unem pontos do 
terreno com a mesma altitude. Quando desenhadas 
num perfil de relevo, permitem a prática do terrace-
amento agrícola, para proteger o solo da erosão, já 
que os degraus fazem com que diminua a velocidade 
de escoamento superficial da água. Vistas em planta, 
permitem a visualização tridimensional do terreno.
Quanto maior a declividade do terreno, maior é a 
aproximação entre as curvas; quanto menor a decli-
vidade, maior o afastamento entre elas.
BRASIL: COTAS ALIMENTÍCIAS
Terras Baixas
0 a 100 metros
101 a 200
41%
24,09%
16,91%
Terras Altas
201 a 500 metros
501 a 800 metros
501 a 1200
58,46%
37,03%
14,68%
6,75%
Áreas Culminatntes
1200 a 1800 metros
acima de 1800
0,54%
0,52%
0,02%
Anuário Estatístico do Brasil, 1997
Segundo a nova proposta, distinguem-se três com-
partimentos no território:
•	Planalto: é um compartimento de relevo com 
superfície irregular e altitude superior a 300 me-
tros, no qual predominam processos erosivos em 
terrenos cristalinos ou sedimentares.
•	Planícies: é um compartimento de relevo com 
superfície plana e altitude igual ou inferior a 100 
metros, no qual predominam acúmulos recentes 
de sedimentos.
•	Depressão: é um compartimento de relevo mais 
plano que o planalto, no qual predominam pro-
cessos erosivos, com suave inclinação e altitude 
entre 100 a 500 metros.
Não devemos confundir bacia sedimentar com planície. A estrutura geológica sedimentar corresponde à ori-
gem, formação e composição do terreno, ocorrida há muito tempo. Durante sua formação, a bacia sedimentar 
é sempre uma planície. Assim, uma bacia sedimentar que no passado foi uma planície pode estar atualmente 
sofrendo um processo de desgaste e, essa forma, corresponder a um planalto ou a uma depressão. Nada impede, 
obviamente, que outras bacias sedimentares em processo de formação correspondam hoje a várias planícies. Um 
exemplo bem ilustrativo: a planície do Pantanal.
O planalto Mato-Grossense.
16 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
Solo
Uma rocha qualquer, ao sofrer intemperis-
mo, transforma-se em solo, adquire maior porosi-
dade e, como decorrência, há penetração de ar e 
água, o que cria condições propícias para o desen-
volvimento de formas vegetais e animais. Estas, 
por sua vez, passam a fornecer matéria orgânica à 
superfície do solo, aumentando cada vez mais sua 
fertilidade. Assim, o solo é constituído por rocha 
intemperizada, ar, água e matéria orgânica, for-
mando um manto de intemperismo que recobre 
superficialmente as rochas da crosta terrestre.
A matéria orgânica, fornecida pela fauna e 
pela flora decompostas, encontra-se concentrada 
apenas na camada superior do solo. Essa cama-
da é chamada de horizonte A, o mais importan-
te para a agricultura, dada a sua fertilidade. Logo 
abaixo, com espessura variável de acordo com o 
clima, responsável pela intensidade e velocidade 
da decomposição da rocha, encontramos rocha in-
temperizada, ar e água, que formam o horizonte 
B. Em seguida, encontramos rocha em processo 
de decomposição – horizonte C – e, finalmente, 
a rocha matriz — horizonte D — , que originou o 
manto de intemperismo ou o solo que a recobre. 
Sob as mesmas condições climáticas, cada tipo de 
rocha origina um tio de solo diferente, ligado à sua 
constituição mineralógica: do basalto, por exem-
plo, originou-se a terra roxa; do gnaisse, o solo de 
massapé, e assim por diante.
É importante destacar que solos de origem 
sedimentar, encontrados em bacias sedimentares e 
aluvionais, não apresentam horizontes, por se for-
marem a partir do acúmulo de sedimentos em uma 
depressão, e não por ação de intemperismo, mas 
são extremamente férteis, por possuírem muita 
matéria orgânica.
O principal problema ambiental, relaciona-
do ao solo é a erosão superficial ou desgaste, que 
ocorre em três fases: intemperismo, transporte e 
sedimentação.
Os fragmentos intemperizados da rocha es-
tão livres para serem transportados pela água que 
escorre pela superfície (erosão hídrica) ou pelo 
vento (erosão eólica). No Brasil, o escoamento 
superficial da água é o principal agente erosivo e, 
sendo o horizonte A o primeiro a ser desgastado, a 
erosão acaba com a fertilidade natural do solo.
A intensidade da erosão hídrica está direta-
mente ligada à velocidade de escoamento superfi-
cial da água: quanto maior a velocidade de escoa-
mento, maior a capacidade da água de transportar 
material em suspensão; quanto menor a velocida-
de, mais intensa a sedimentação.
A velocidade de escoamento depende da de-
clividade do terreno e da densidade da cobertura 
vegetal. Em uma floresta a velocidade é baixa, pois 
a água encontra muitos obstáculos (raízes, troncos, 
folhas) à sua frente e, portanto, muita água se infil-
tra no solo. Em uma área desmatada, a velocidade 
de escoamento superficial é alta e a água transpor-
ta muito material em suspensão, o eu intensifica a 
erosão e diminui a quantidade de água que se in-
filtra no solo.
Assim, para combater a erosão superficial, 
há dois caminhos: manter o solo recoberto por 
vegetação ou quebrar a velocidade de escoamento 
utilizando a técnica de cultivo em curvas de nível, 
seja seguindo as cotas altimétricas na hora da se-
meadura, seja plantando em terraços.
Para a conservação dos solos, deve-se evitar 
a prática das queimadas, que acabam com a maté-
ria orgânica do horizonte A. Somente em casos es-
peciais, na agricultura, deve-se utilizar essa prática 
para combater pragas ou doenças.
Um problema natural relacionado aos solos 
de clima tropical, sujeitos a grandes índices plu-
viométricos, é a erosão vertical, representada pela 
lixiviação e pela laterização. A água que se infiltra 
no solo escoa através dos porros, como em uma es-
ponja, e vai, literalmente, lavando os sais minerais 
hidrossolúveis (sódio, potássio, cálcio, etc.), o que 
retira a fertilidade do solo. Essa “lavagem” cha-
ma-se lixiviação. Paralelamente a esse processo, 
ocorre a laterização ou surgimento de uma crosta 
ferruginosa, a laterita – popularmente chamada de 
canga no interior do Brasil –, que em certos casos 
chega a impedir a penetração das raízes no solo.
17Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
18 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª SérieOs Elementos 
Formadores da 
Paisagem Climática no 
Brasil
A climatologia é um ramo da ciência que é 
estudado tanto pela geografia, quanto pela meteo-
rologia. Nos ensinos fundamental e médio (Brasil), 
é estudada nas matérias ciências e física. No tem-
po histórico, os primeiros estudos foram feitos por 
viajantes europeus – sendo Sant’ Anna de Neto 
o mais lembrado – rumo ao Novo Mundo (Amé-
rica), e consequentemente ao Brasil, com as se-
guintes preocupações: vinda da coroa portuguesa 
para o Brasil, preocupações com saúde pública por 
problemas causados pela umidade excessiva e pela 
altíssima temperatura, se comparada aos padrões 
europeus.
Os primeiros estudos tiveram como foco a 
distribuição geográfica dos elementos meteorológi-
cos, levando-se em conta sua variabilidade tempo-
ral. Tinham a intenção de explicar regimes climá-
ticos regionais. Nos anos 60, foi dado um enfoque 
mais dinâmico nas relações com o espaço, protago-
nizado por Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro 
e Edmom Nimer, na leitura de Max Sorre (1951).
A análise dos episódios climatológicos é 
fundamento básico da climatologia geográfica e 
tenta explicar os processos naturais que causam in-
fluência nas ocupações humanas.
Tempo e clima são popularmente considera-
dos a mesma coisa, mas na verdade, possuem dife-
renças importantes para a Climatologia. O tempo 
pode ser meteorológico e cronológico, podendo o 
primeiro ser observado a partir do espaço geográfi-
co e o segundo, momentâneo, dependendo da at-
mosfera de determinado local.
Clima é uma noção criada pelo homem, for-
mada por informações coletadas a partir das noções 
de clima. Pode ser compreendido a partir de no-
ções matemáticas e numéricas, ou a partir de infor-
mações qualitativas, de natureza mais descritiva. 
Os dois focos de estudo pressupõem uma sucessão 
de tipos de tempo.
É importante o estudo dos diferentes fluxos 
de energia: horizontal e vertical. O vertical reflete 
diretamente os resultados da radiação solar, tendo 
essa, influência direta sobre os fluxos de energia 
horizontal: massas de ar, frentes quentes e frias, 
centros de ação.
A radiação solar determina todo o sistema, 
podendo ser analisado pelos seus elementos: tem-
peratura, pressão e umidade, tendo grande influên-
cia sobre as características biogeográficas, fenôme-
nos geomorfológicos, hidrológicos etc.
Os estudos climáticos estão atraindo muito 
mais a atenção da população em geral, sendo di-
vulgados largamente pelos meios de comunicação 
de massa. Também têm tido atenção em estudos 
dirigidos e gestões de políticas ambientais. Devem 
estar atentos ao problema da água, contaminação, 
desmatamento, sem esquecer dos elementos tradi-
cionais.
O problema da água está relacionado com 
fatores ambientais e climáticos; 
A contaminação atmosférica tem relação 
íntima com a ação destrutiva do homem, sendo de 
suma importância estudos como, por exemplo, o da 
chuva ácida; 
O desmatamento não é causado por fatores 
climáticos, mas acaba tendo influência direta sobre 
a população, no que se refere a inundações causa-
das por ele, e a diminuição da evapotranspiração, 
que é feita pelas plantas, o que consequentemente 
diminui a quantidade de água na atmosfera. 
O clima é um resultado complexo de diver-
climatOlOgia
3
CA
PÍ
TU
LO
19Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
sas variáveis definidas a partir de fatores climato-
lógicos.
A Climatologia é um ramo da Geografia, 
sendo matéria e assunto pertinente à grade dos cur-
sos de geografia de todo o mundo. A Meteorologia 
estuda mais diretamente o tempo, e a Climatologia 
o clima.
Ao geógrafo interessa os três quilômetros 
inferiores da atmosfera, que sofre influência mais 
direta da litosfera, dos oceanos, da radiação solar, e 
é de grande interesse para as populações humanas. 
Cabe a ele também isolar os elementos a fim de 
entender melhor o conjunto deles.
Existe um confronto ideológico entre a Ge-
ografia e a Meteorologia, mas a Climatologia faz 
parte de ambas as áreas.
É importante compreender a noção de ritmo 
para entender a mudança de enfoque da climato-
logia – introduzida por Monteiro, em 1971 –, que 
busca análises, ao menos diárias, do tempo, para 
assim considerar a análise geográfica de um lugar.
Climas no Brasil
Por possuir 92% do território na zona inter-
tropical do planeta, grande extensão no sentido 
norte-sul e litoral muito extenso, com forte influ-
ência das massas de ar oceânicas, há a predomi-
nância de climas quentes e úmidos no Brasil. Em 
apenas 8% do território, ao sul do trópico de Ca-
pricórnio, encontramos clima com maior variação 
térmica e certo delineamento das estações do ano, 
o subtropical.
O Brasil, pelas suas dimensões continentais, 
possui uma diversificação climática bem ampla, 
influênciada pela sua configuração geográfica, sua 
significativa extensão costeira, seu relevo e a di-
nâmica das massas de ar sobre seu território. Esse 
último fator assume grande importância, pois atua 
diretamente sobre as temperaturas e os índices plu-
viométricos nas diferentes regiões do país. 
Em especial, as massas de ar que interferem 
mais diretamente no Brasil, segundo o Anuário Es-
tatístico do Brasil, do IBGE, são a Equatorial, tan-
to Continental como Atlântica; a Tropical, tam-
bém Continental e Atlântica; e a Polar Atlântica, 
proporcionando as diferenciações climáticas. 
Nessa direção, são verificados no país des-
de climas superúmidos quentes, provenientes das 
massas Equatoriais, como é o caso de grande parte 
da região Amazônica, até climas semiáridos mui-
to fortes, próprios do sertão nordestino.O clima 
de uma dada região é condicionado por diversos 
fatores, dentre eles pode-se citar temperatura, chu-
vas, umidade do ar, ventos e pressão atmosférica, 
os quais, por sua vez, são condicionados por fatores 
como altitude, latitude, condições de relevo, vege-
tação e continentalidade. 
De acordo com a classificação climática 
de Arthur Strahler, predominam no Brasil cinco 
grandes climas, a saber: 
•	 clima	equatorial	úmido	da	convergência	dos	
alísios, que engloba a Amazônia;
•	 clima	tropical	alternadamente	úmido	e	seco,	
englobando grande parte da área central do 
país e litoral do meio-norte;
•	 clima	tropical	tendendo	a	ser	seco	pela	irre-
gularidade da ação das massas de ar, englo-
bando o sertão nordestino e vale médio do 
rio São Francisco; e
•	 clima	litorâneo	úmido	exposto	às	massas	tro-
picais marítimas, englobando estreita faixa 
do litoral leste e nordeste;
•	 clima	subtropical	úmido	das	costas	orientais	
e subtropicais, dominado largamente por 
massa tropical marítima, englobando a Re-
gião Sul do Brasil.
Quanto aos aspectos térmicos também ocor-
rem grandes variações. Como pode ser observado 
no mapa das médias anuais de temperatura a se-
guir, a Região Norte e parte do interior da Região 
Nordeste apresentam temperaturas médias anuais 
superiores a 25oC, enquanto na Região Sul do país 
e parte da Sudeste as temperaturas médias anuais 
ficam abaixo de 20oC. 
 De acordo com dados da FIBGE, tempera-
turas máximas absolutas, acima de 40oC, são ob-
servadas em terras baixas interioranas da Região 
Nordeste; nas depressões, vales e baixadas do Su-
20 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
deste; no Pantanal e áreas rebaixadas do Centro-
-Oeste; e nas depressões centrais e no vale do rio 
Uruguai, na Região Sul. Já as temperaturas míni-
mas absolutas, com frequentes valores negativos, 
MASSAS DE AR QUE ATUAM NO BRASIL
são observadas nos cumes serranos do sudeste e em 
grande parte da Região Sul, onde são acompanha-
das de geadas e neve.
21Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS DO BRASIL
RADIAÇÃO SOLAR, RADIAÇÃO TERRESTRE E 
TEMPERATURA DE UM PONTO DA SUPERFÍCIETERRESTRE
Climogramas
Para classificar um clima, devemos consi-
derar a temperatura, a umidade, as massas de ar, a 
pressão atmosférica, correntes marítimas e ventos, 
entre muitas outras características. A classifica-
ção mais utilizada para os diferentes tipos de cli-
ma do Brasil assemelha-se a criada pelo estudioso 
Arthur Strahler, que se baseia na origem, natureza 
e movimentação das correntes e massas de ar. Po-
demos identificar no Brasil três correntes princi-
pais: equatorial, tropical e polar. De acordo com 
essa classificação, os tipos de clima do Brasil são os 
seguintes: subtropical, semiárido, equatorial, tro-
pical, tropical de altitude e tropical atlântico ou 
tropical úmido.
22 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
das pelas massas de ar:A classificação de Strahler baseia-se nas áre-
as da superfície terrestre, controladas ou domina-
SEMIÁRIDO EQUATORIAL
TROPICAL SUB-TROPICAL
23Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
Monitoramento Climático
Trata-se do acompanhamento do comporta-
mento médio do estado da atmosfera e dos oceanos 
numa determinada região por um longo período de 
tempo (mês, estação ou ano).
FENÔMENO O QUE É / O QUE OCASIONA CONSEQUÊNCIAS NO BRASIL
El Niño
•	 É	 o	 aquecimento	 anômalo	 das	 águas	 do	
Oceano Pacífico Equatorial Central e 
Oriental.
•	 Faz	com	que	o	padrão	normal	de	circula-
ção atmosférica se altere.
•	 Região	 Sul: precipitações abundantes (pri-
mavera) e chuvas intensas de maio a julho, 
aumento da temperatura média do ar.
•	 Região	 Sudeste: moderado aumento das 
temperaturas médias.
•	 Região	Centro-Oeste: tendência de chuvas 
acima da média e temperaturas mais altas no 
sul do Mato Grosso do Sul.
•	 Região	Nordeste: secas de diversas intensi-
dades no norte do Nordeste, durante a estação 
chuvosa, de fevereiro a maio. 
•	 Região	Norte: secas de moderadas a intensas 
no norte e no leste da Amazônia. Aumento da 
probabilidade de incêndios florestais.
CLIMA CARACTERÍSTICAS
Clima equatorial úmido (convergência 
de alísios)
Abrange a Amazônia, e se caracteriza por um clima equatorial continental, quase 
todo o ano. Em algumas porções litorâneas da Amazônia, há alguma influência 
da massa equatorial atlântica, que algumas vezes (no inverno) conduz a frente 
fria, atingindo o sul e o sudeste da região. Embora as massas de ar sejam em geral 
secas, a mEc é úmida por sua localização estar sobre uma área com rios cauda-
losos e com cobertura da Floresta Amazônica, que possui grande umidade pela 
transpiração dos vegetais. Portanto, é um clima úmido e quente. 
As médias anuais térmicas mensais vão de 24ºC a 27ºC, ocorrendo baixa am-
plitude térmica anual, com pequeno resfriamento no inverno. As médias pluvio-
métricas são altas e a estação seca é curta. Por ser uma região de calmaria, devido 
ao encontro dos alísios do Hemisfério Norte com os do Sul, a maior parte das 
precipitações que aí ocorrem são chuvas de convecção.
Clima litorâneo úmido
Abrange parte do território brasileiro próximo ao litoral. A massa de ar que exerce 
maior influência nesse clima é a tropical atlântica (mTa). Pode ser notado em 
duas principais estações: verão (chuvoso) e inverno (menos chuvoso), com mé-
dias térmicas e índices pluviométricos elevados; é um clima quente e úmido.
Clima tropical alternadamente úmido 
e seco
Abrange os estados de Minas Gerais e Goiás, parte de São Paulo, Mato Grosso 
do	Sul,	parte	da	Bahia,	do	Maranhão,	do	Piauí	e	do	Ceará.	É	um	clima	tropi-
cal típico, quente e semi-úmido, com uma estação chuvosa (verão) e outra seca 
(inverno).
Clima tropical tendendo a seco pela 
irregularidade de ação das massas de ar 
ou clima semiárido
Abrange o Sertão do Nordeste, sendo um clima tropical próximo ao árido com 
médias anuais de pluviosidade inferior a 1000mm. As chuvas concentram-se num 
período de 3 meses. No Sertão Nordestino, é uma espécie de encontro de quatro 
sistemas atmosféricos oriundos das massas de ar mEc, mTa, mEa, mPa.
Clima subtropical úmido
Abrange o Brasil Meridional, porção localizada ao sul do Trópico de Capricórnio, 
com predominância da massa tropical atlântica, que provoca chuvas fortes. No 
inverno, tem frequência de penetração de frente polar, dando origem às chuvas 
frontais com precipitações devidas ao encontro da massa quente com a fria, onde 
ocorre a condensação do vapor de água atmosférico. O índice médio anual de plu-
viosidade é elevado e as chuvas são bem distribuídas durante todo o ano, fazendo 
com que não exista a estação da seca.
O acompanhamento de fenômenos como 
as fases quentes (El Niño) e as frias (La Niña) da 
Oscilação Sul são fundamentais para o País, princi-
palmente por causa dos diferentes impactos climá-
ticos que ocasionam.
24 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
La Niña
•	 É	o	resfriamento	das	águas	do	Oceano	Pa-
cífico Equatorial Central e Oriental
•	 Provoca	mudanças	no	padrão	de	 circula-
ção atmosférica
•	 Região	 Sul: passagens rápidas de frentes 
frias.
•	 Região	Sudeste: temperaturas abaixo da mé-
dia durante inverno e verão.
•	 Região	 Nordeste: frentes frias, principal-
mente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas.
•	 Região	Norte: chuvas abundantes no norte e 
nordeste da Amazônia.
Previsão Climática
 Estimativa do comportamento médio da 
atmosfera com antecedência de uma ou duas esta-
ções. Utilizam-se dois métodos:
•	 Método	 Estatístico:	 modelos de previsão 
empíricos, os quais se valem de uma corre-
lação entre duas ou mais variáveis, para re-
gionalmente estimar os prognósticos de uma 
delas.
•	 Método	 Dinâmico: modelos dinâmicos do 
sistema climático, nos quais se utiliza um 
conjunto de equações físicas que simulam 
os movimentos atmosféricos para prever os 
acontecimentos futuros.
As regiões tropicais apresentam maior índi-
ce de acerto nas previsões, devido aos fatores que 
determinam os fenômenos meteorológicos, que 
são diretamente influênciados pelas condições 
da superfície (temperatura da superfície do mar e 
umidade do solos nos continentes). No Brasil, nas 
regiões Norte e Nordeste é possível se fazer as me-
lhores previsões climáticas. 
Caracteres Climáticos por Região 
do Brasil
Região Norte
A região Norte do Brasil compreende grande 
parte da denominada região Amazônica, represen-
tando a maior extensão de floresta quente e úmi-
da do planeta. A região é cortada, de um extremo 
a outro, pelo Equador e caracteriza-se por baixas 
altitudes (0 a 200 m). São quatro os principais sis-
temas de circulação atmosférica que atuam na re-
gião, a saber: sistema de ventos de Nordeste (NE) 
a Leste (E) dos anticiclones subtropicais do Atlân-
tico Sul e dos Açores, geralmente acompanhados 
de tempo estável; sistema de ventos de Oeste (O) 
da massa equatorial continental (mEc); sistema 
de ventos de Norte (N) da Convergência Inter-
tropical (CIT); e sistema de ventos de Sul (S) do 
anticiclone Polar. Estes três últimos sistemas são 
responsáveis por instabilidade e chuvas na área. 
Quanto ao regime térmico, o clima é quen-
te, com temperaturas médias anuais variando entre 
24o e 26ºC. 
Com relação à pluviosidade não há uma 
homogeneidade espacial como acontece com a 
temperatura. Na foz do rio Amazonas, no litoral do 
Pará e no setor ocidental da região, o total pluvio-
métrico anual, em geral, excede a 3.000 mm. Na 
direção NO-SE, de Roraima a leste do Pará, tem-se 
o corredor menos chuvoso, com totais anuais da 
ordem de 1.500 a 1.700 mm. 
O período chuvoso da região ocorre nos me-
ses de verão - outono, a exceção de Roraima e da 
parte norte do Amazonas, onde o máximo pluvio-
métrico se dá no inverno, por influência do regime 
do hemisfério Norte. 
Região Nordeste
A caracterização climática da região Nor-
deste é um pouco complexa, sendo que os quatro 
sistemas de circulaçãoque influênciam na mesma 
são denominados Sistemas de Correntes Perturba-
das de Sul, Norte, Leste e Oeste. 
O proveniente do Sul, representado pelas 
frentes polares que alcançam a região na primavera 
- verão nas áreas litorâneas até o sul da Bahia, traz 
chuvas frontais e pós-frontais, sendo que no inver-
no atingem até o litoral de Pernambuco, enquanto 
o sertão permanece sob ação da alta tropical. 
O sistema de correntes perturbadas de Nor-
te, representadas pela CIT, provoca chuvas do 
25Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
verão ao outono até Pernambuco, nas imediações 
do Raso da Catarina. Por outro lado, as correntes 
de Leste são mais frequentes no inverno e normal-
mente provocam chuvas abundantes no litoral, 
raramente alcançando as escarpas do Planalto da 
Borborema (800 m) e da Chapada Diamantina 
(1.200 m). 
Por fim, o sistema de correntes de Oeste, tra-
zidas pelas linhas de Instabilidade Tropical (IT), 
ocorrem desde o final da primavera até o início do 
outono, raramente alcançando os estados do Piauí 
e Maranhão. 
Em relação ao regime térmico, suas tempe-
raturas são elevadas, com médias anuais entre 20º 
e 28ºC, tendo sido observado máximas em torno 
de 40ºC no sul do Maranhão e Piauí. Os meses de 
inverno, principalmente junho e julho, apresen-
tam mínimas entre 12º e 16ºC no litoral, e infe-
riores nos planaltos, tendo sido verificado 1oC na 
Chapada da Diamantina após a passagem de uma 
frente polar. 
A pluviosidade na região é complexa e fonte 
de preocupação, sendo que seus totais anuais va-
riam de 2.000 mm até valores inferiores a 500 mm 
no Raso da Catarina, entre Bahia e Pernambuco, e 
na depressão de Patos na Paraíba. De forma geral, 
a precipitação média anual na região nordeste é in-
ferior a 1.000 mm, sendo que em Cabaceiras, inte-
rior da Paraíba, foi registrado o menor índice plu-
viométrico anual já observado no Brasil, 278 mm/
ano. Além disso, no sertão desta região, o período 
chuvoso é, normalmente, de apenas dois meses no 
ano, podendo, em alguns anos até não existir, oca-
sionando as denominadas secas regionais. 
Região Sudeste
A posição latitudinal cortada pelo Trópico 
de Capricórnio, sua topografia bastante acidentada 
e a influência dos sistemas de circulação perturba-
da são fatores que conduzem à climatologia da re-
gião Sudeste ser bastante diversificada em relação 
à temperatura. 
A temperatura média anual situa-se entre 
20ºC, no limite de São Paulo e Paraná, e 24ºC, 
ao norte de Minas Gerais, enquanto nas áreas mais 
elevadas das serras do Espinhaço, Mantiqueira e do 
Mar, a média pode ser inferior a 18ºC, devido ao 
efeito conjugado da latitude com a frequência das 
correntes polares. 
No verão, principalmente no mês de janeiro, 
são comuns médias das máximas de 30ºC a 32ºC 
nos vales dos rios São Francisco e Jequitinhonha, 
na Zona da Mata de Minas Gerais, na baixada lito-
rânea e a oeste do estado de São Paulo. 
No inverno, a média das temperaturas míni-
mas varia de 6ºC a 20ºC, com mínimas absolutas 
de -4º a 8ºC, sendo que as temperaturas mais bai-
xas são registradas nas áreas mais elevadas. Vastas 
extensões de Minas Gerais e São Paulo registram 
ocorrências de geadas, após a passagem das frentes 
polares. 
Com relação ao regime de chuvas, são duas 
as áreas com maiores precipitações: uma, acompa-
nhando o litoral e a serra do Mar, onde as chuvas 
são trazidas pelas correntes de sul; e outra, do oeste 
de Minas Gerais ao Município do Rio de Janei-
ro, em que as chuvas são trazidas pelo sistema de 
Oeste. A altura anual da precipitação nestas áreas 
é superior a 1.500 mm. Na serra da Mantiqueira 
estes índices ultrapassam 1.750 mm, e no alto do 
Itatiaia, 2.340 mm. 
Na serra do Mar, em São Paulo, chove em 
média mais de 3.600 mm. Próximo de Paranapia-
caba e Itapanhaú, foi registrado o máximo de chu-
va do país (4.457,8 mm, em um ano). Nos vales 
dos rios Jequitinhonha e Doce são registrados os 
menores índices pluviométricos anuais, em torno 
de 900 mm. 
O máximo pluviométrico da região Sudes-
te normalmente ocorre em janeiro e o mínimo 
em julho, enquanto o período seco, normalmente 
centralizado no inverno, possui uma duração desde 
seis meses, no caso do vale dos rios Jequitinhonha 
e São Francisco, até cerca de dois meses nas serras 
do Mar e da Mantiqueira. 
Região Sul
A região Sul está localizada abaixo do Tró-
pico de Capricórnio, em uma zona temperada, É 
influênciada pelo sistema de circulação perturbada 
26 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
de Sul, responsável pelas chuvas, principalmente 
no verão, e pelo sistema de circulação perturba-
da de Oeste, que acarreta chuvas e trovoadas, por 
vezes granizo, com ventos com rajadas de 60 a 90 
km/h. 
Quanto ao regime térmico, o inverno é frio 
e o verão é quente. A temperatura média anual si-
tua-se entre 14º e 22ºC, sendo que nos locais com 
altitudes acima de 1.100 m, cai para aproximada-
mente 10ºC. 
No verão, principalmente em janeiro, nos 
vales dos rios Paranapanema, Paraná, Ibicuí-Jacuí, 
a temperatura média é superior a 24ºC, e do rio 
Uruguai ultrapassa a 26ºC. A média das máximas 
mantém-se em torno de 24º a 27ºC nas superfícies 
mais elevadas do planalto e, nas áreas mais baixas, 
entre 30º e 32ºC. 
No inverno, principalmente em julho, a 
temperatura média se mantém relativamente bai-
xa, oscilando entre 10º e 15ºC, com exceção dos 
vales dos rios Paranapanema e Paraná, além do li-
toral do Paraná e Santa Catarina, onde as médias 
são de aproximadamente 15º a 18ºC. A média das 
máximas também é baixa, em torno de 20º a 24ºC, 
nos grandes vales e no litoral, e 16º a 20ºC no pla-
nalto. A média das mínimas varia de 6º a 12ºC, 
sendo comum o termômetro atingir temperaturas 
próximas de 0ºC, ou mesmo alcançar índices nega-
tivos, acompanhados de geada e neve, quando da 
invasão das massas polares. 
A pluviosidade média anual oscila entre 
1.250 e 2.000 mm, exceto no litoral do Paraná e 
oeste de Santa Catarina, onde os valores são supe-
riores a 2.000 mm, e no norte do Paraná e peque-
na área litorânea de Santa Catarina, com valores 
inferiores a 1.250 mm. O máximo pluviométrico 
acontece no inverno e o mínimo no verão em qua-
se toda a região. 
Região Centro-Oeste
Três sistemas de circulação interferem na re-
gião Centro-Oeste: sistema de correntes perturba-
das de Oeste, representado por tempo instável no 
verão; sistema de correntes perturbadas de Norte, 
representado pela CIT, que provoca chuvas no ve-
rão, outono e inverno no norte da região; e sistema 
de correntes perturbadas de Sul, representado pe-
las frentes polares, invadindo a região no inverno 
com grande frequência, provocando chuvas de um 
a três dias de duração. 
Nos extremos norte e sul da região, a tempe-
ratura média anual é de 22ºC e nas chapadas varia 
de 20º a 22ºC. Na primavera-verão, são comuns 
temperaturas elevadas, quando a média do mês 
mais quente varia de 24º a 26ºC. A média das má-
ximas de setembro (mês mais quente) oscila entre 
30º e 36ºC. 
O inverno é uma estação amena, embora 
ocorram com frequência temperaturas baixas, em 
razão da invasão polar, que provoca as friagens, 
muito comuns nesta época do ano. A temperatura 
média do mês mais frio oscila entre 15º e 24ºC, e a 
média das mínimas, de 8º a 18ºC, não sendo rara a 
ocorrência de mínimas absolutas negativas. 
A caracterização da pluviosidade da região 
se deve quase que exclusivamente ao sistema de 
circulação atmosférica. A pluviosidade média anu-
al varia de 2.000 a 3.000 mm ao norte de Mato 
Grosso a 1.250 mm no Pantanal mato-grossense. 
Apesar dessa desigualdade, a região é bem 
provida de chuvas. Sua sazonalidade é tipicamente 
tropical, com máxima no verão e mínima no in-
verno. Mais de 70% do total de chuvas acumuladas 
durante o ano se precipitam de novembroa março. 
O inverno é excessivamente seco, pois as chuvas 
são muito raras. 
Convenção – Quadro das 
Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima
As correntes oceânicas e marítimas que cru-
zam o planeta, acionadas pela energia solar, mol-
dam o ambiente. Para os trópicos, carregam chuvas 
abundantes e calor o ano inteiro e para os pólos 
levam o inverno. O clima é alterado pela terra e 
pelo mar. As montanhas fazem os ventos espalha-
rem sua umidade, criando frentes localizadas de 
chuva, enquanto correntes frias refrescam as terras 
27Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
quentes. Por esta troca mútua, o planeta e seu cli-
ma criam um ao outro.
Qualquer alteração neste ciclo pode ocasio-
nar sérias consequências na Terra. Até o presente, 
os fenômenos que mais ameaçam a atmosfera são a 
destruição da camada de ozônio e o efeito estufa. A 
camada de ozônio absorve a maior parte da radia-
ção ultravioleta que atinge a superfície da Terra. 
A eliminação do ozônio está ocorrendo, conforme 
observações e estudos científicos, em grande parte 
pela presença do cloro nas substâncias denomi-
nadas clorofluorcarbonos (CFC), além de outras 
substâncias sintéticas como o metilclorofórmio, e 
ainda dos halons e compostos de bromo.
O aquecimento global pelo aumento das 
temperaturas médias altas é uma das consequên-
cias mais prováveis do aumento das concentrações 
de gases de efeito estufa na atmosfera, o que pode 
provocar novos padrões de clima com repercussões 
nos regimes de vento, chuva e circulação geral dos 
oceanos. O efeito estufa natural tem mantido a 
temperatura da Terra por volta de 30ºC mais quen-
te do que ela seria na ausência dele, possibilitando 
a existência de vida no planeta. Entre os gases que 
podem ocasionar esse fenômeno, destacam-se o va-
por d’ água, o dióxido de carbono (CO2), o ozônio 
(O3), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).
Alguns indícios de alteração do clima:
•	 As	temperaturas	aumentam.
•	 Extensas	regiões	do	planeta	ficam	mais	secas	
e as áreas desérticas aumentam.
•	 Em	 algumas	 áreas,	 o	 alto	 índice	 de	 chuvas	
provoca enchentes.
•	 Os	oceanos	esquentam	e	se	expandem,	inun-
dando ilhas e litorais.
•	 Tempestades	violentas	 ocorrem	com	 frequ-
ência; 
•	 Colheitas	 são	 perdidas	 e	 comunidades	 vul-
neráveis abandonam suas casas, migrando 
para outro lugar.
A convenção “Quadro das Nações Unidas 
sobre Mudança do Clima” foi assinada por mais de 
150 países em junho de 1992, durante a ECO-92, 
no Rio de Janeiro. O objetivo principal da Con-
venção é:
“... alcançar a estabilização das concentrações 
de gases de efeito estufa na atmosfera num nível 
que impeça uma interferência antrópica perigosa 
no sistema clima. Esse nível deverá ser alcançado 
num prazo suficiente que permita aos ecossistemas 
adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, 
que assegure que a produção de alimentos não seja 
ameaçada e que permita ao desenvolvimento econô-
mico prosseguir de maneira sustentável.”
(MCT/CPMG,	1999)
A convenção reconhece que a maior parcela 
das emissões globais, históricas e atuais de gases de 
efeito estufa é originária dos países desenvolvidos, 
devendo estes estabelecerem medidas de redução 
de suas emissões. Reconhece também que, embora 
as emissões per capita dos países em desenvolvi-
mento ainda sejam relativamente baixas, a parcela 
de emissões globais originárias desses países cres-
cerá uma vez que eles tendem a satisfazer suas ne-
cessidades sociais e de desenvolvimento. (MCT/
CPMG, 1999).
Protocolo de Kyoto
Foi adotado em dezembro de 1997, no Ja-
pão, com o objetivo de:
a) fixar compromissos de redução e limitação 
para os países desenvolvidos;
b) trazer a possibilidade de utilização de meca-
nismos de flexibilidade para que os países em 
desenvolvimento possam atingir os objetivos 
de redução de gases do efeito estufa. 
Sistema de Observações 
Meteorológicas
Para diagnóstico e prognóstico da atmosfera, 
tornam-se indispensáveis a instalação e operação 
de um sistema global de observações meteorológi-
cas. Este sistema deve ser apto a promover a ex-
ploração global da atmosfera, tanto na superfície 
quanto nos níveis superiores, além de realizar me-
dições em intervalos de tempo curtos para permitir 
o monitoramento da origem e do desenvolvimento 
28 Colégio Protágoras - Geografia do Brasil 3ª Série
dos fenômenos.
 Sendo a atmosfera um meio contínuo, o 
que existe é uma interligação de fenômenos que 
se desenvolvem na superfície, interagindo com as 
camadas superiores da atmosfera e vice-versa. Des-
se modo a ONU mantém um órgão especializado, 
denominado ORGANIZAÇÃO METEOROLÓ-
GICA MUNDIAL – OMM, que congregava em 
1990 cerca de 161 países, coordenando o mundo 
todo, por todas as atividades meteorológicas de ca-
ráter operacional, bem como os programas de pes-
quisas de interesse mundial.
A OMM não propõe soluções imediatas 
para todos os problemas meteorológicos. Em mais 
de 100 anos de cooperação internacional, os im-
portantes progressos da Meteorologia já se situa-
ram em um lugar destacável entre os programas 
e as atividades destinados a solucionar ou aliviar 
graves problemas da humanidade. 
As atividades da OMM são controlados pe-
los Diretores dos Serviços Meteorológicos Nacio-
nais, baseando-se na mútua cooperação entre eles. 
Isso faz com que a OMM seja um organismo coor-
denador e executor, que explica o êxito que tem 
alcançado ao responder às necessidades de todos os 
países, tanto os desenvolvidos quanto aqueles em 
vias de desenvolvimento.
29Colégio Protágoras - Geografia do Brasi 3ª Série
Os Elementos 
Formadores da 
Paisagem Hidrográfica 
Brasileira
A Hidrologia é ciência que estuda a ocor-
rência, distribuição e movimentação da água no 
planeta Terra. A definição atual deve ser ampliada 
para incluir aspectos de qualidade da água, polui-
ção e descontaminação.
Hidrologia é, em um sentido amplo, a ciên-
cia que se relaciona com a água. Como ela se rela-
ciona com a ocorrência primária de água na Terra, 
é considerada uma ciência natural. Por razões prá-
ticas, no entanto, a hidrologia restringe-se a alguns 
de seus aspectos, por exemplo, ela não cobre todo 
o estudo sobre oceanos (oceanografia) e também 
não se preocupa com usos médicos da água (hidro-
logia médica).
O termo tem sido usado para denotar o es-
tudo da água sobre a superfície da Terra, enquanto 
que outros termos como hidrografia e hidrometria 
têm sido usados para denotar o estudo da água na 
superfície. No entanto, esses termos têm agora sig-
nificados específicos:
Hidrologia se refere à ciência da água. 
Hidrografia é a ciência que descreve as ca-
racterísticas físicas e as condições da água na su-
perfície da Terra, principalmente as massas de água 
para navegação. 
A hidrologia não é uma ciência inteiramen-
te pura; ela tem muitas aplicações práticas. Para 
enfatizar-lhe a importância prática, o termo “hi-
drologia aplicada” tem sido comumente usado. 
Como numerosas aplicações dos conhecimentos 
em hidrologia ocorrem também no campo das 
engenharias hidráulica, sanitária, agrícola, de re-
cursos hídricos e de outros ramos da engenharia, o 
termo “engenharia hidrológica” tem sido também 
empregado.
Definições
Várias definições de hidrologia já foram 
propostas. O Webster’s Third New International 
Dictionary (Merrian Webster, 1961) descreve hi-
drologia como sendo “a ciência que trata das pro-
priedades, distribuição e circulação da água; especi-
ficamente, o estudo da água na superfície da Terra: 
no solo, rochas e na atmosfera, particularmente 
com respeito à evaporação e precipitação. O Painel 
Ad Hoc em Hidrologia do Conselho Federal para 
Ciência e Tecnologia E.U.A., 1959) recomendou 
a seguinte definição: “hidrologia é a ciência que 
trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação

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