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Organização da Educação Básica Paulo Antônio Machado Organização da Educação Básica Paulo Antônio Machado Diretoria Geral Eloane Coimbra Lima Direção Administrativa Eloane Coimbra Lima Secretaria Acadêmica Ginoã Das Graças Coimbra Lima Coordenação Brisdete Sepulvida Coelho Brito Coordenação do Nead Tiago Soares da Silva FILHO, Paulo Antônio Machado da Silva. Organização da Educação Básica. 1ª ed. Água Branca; Isepro – Cursos de Graduação. 184p. Bibliografia 1. Pedagogia. 2. Política Educacional. 3. Título. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Isepro. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são reservados à Isepro. 5 Sumário Ementa ...................................................................................................................... 7 Currículo Resumido do Professor ............................................................................. 9 Bibliografia Utilizada ................................................................................................. 11 Unidade 1 Da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Educação Profissional, e da Educação Profissional Técnica de Nível Médio .......................................................................................................... 13 Módulo 1 Da Educação Infantil ................................................................................................. 15 Módulo 2 Do Ensino Fundamental ............................................................................................ 21 Módulo 3 Do Ensino Médio ....................................................................................................... 28 Módulo 4 Da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Educação Profissional e da Educação Profissional Técnica de Nível Médio .......................................................................... 34 Resumo da Unidade ........................................................................................... 41 Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 45 Unidade 4 Da Educação Superior, da Educação Especial, dos Profissionais da Educação, dos Recursos Financeiros, das Disposições Gerais e das Disposições Transitórias da LDB 51 Módulo 1 Da Educação Superior ............................................................................................... 53 Módulo 2 Da Educação Especial ............................................................................................... 58 Módulo 3 Dos profissionais da educação .................................................................................. 64 Módulo 4 Dos recursos financeiros, das disposições gerais e das disposições transitórias ..... 70 Descentralização do sistema educacional: desafios do ponto de vista da transparência e da accountability .................................................................................................... 77 Resumo da Unidade ........................................................................................... 93 Organização da Educação Básica 6 Exercícios de Aprendizagem .............................................................................. 97 Unidade 3 Educação Básica ........................................................................................................ 103 Módulo 1 A educação básica como direito ............................................................................... 105 Módulo 2 Economia ................................................................................................................... 109 Módulo3 Financiamento e gasto público da educação básica no Brasil e comparações com alguns países da OCDE e América Latina ................................................................. 115 Módulo 4 Gasto público na educação básica brasileira ............................................................ 121 Resumo da Unidade ........................................................................................... 127 Unidade 4 Privatização ............................................................................................................... 129 Módulo 1 Uma modalidade peculiar de privatização da educação pública: ........................... 131 Módulo 2 Submissão do direito à qualidade do ensino à lógica do lucro ................................ 140 Módulo 3 Políticas de material didático no Brasil .................................................................... 145 Módulo 4 Pesquisas acadêmico-científicas sobre livro didático no Brasil ................................. 151 Resumo da Unidade ........................................................................................... 164 Anexos Educação Física Escolar e implicações para a formação docente ............................ 167 Sumário 7 Ementa Dimensão política e pedagógica da organização escolar brasileira. As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – princípios orientadores, finalidades e objetivos. Estrutura e gestão da educação básica. Legislação específica para o ensino fundamental. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. 9 Currículo Resumido do Professor Mestrando em Direito Empresarial pela Faculdade Milton Campos. Especialista em Tributação Internacional pela Universidade de Sydney. Pós-Graduado em Direito Internacional pelo CEDIN. Pós-Graduado em Direito Tributário pelo CAD/UGF. Advogado. 11 Bibliografia Básica: MARQUES, Mara Rubia Alves (Orgs.) LDB - Balanços e perspectivas para a educação Brasileira. Campinas: Alineia, 2013 DEMO, PEDRO. A Nova LDB: Ranços e avanços. Campinas: Papirus, 2013 CARNEIRO, MOACI ALVES. LDB Fácil- Leitura critico- compreensiva artigo a artigo.21ª ed. Rio de janeiro: Vozes, 2013 Bibliografia complementar: BIANCHETTI, Lucídio; MEKSENAS,Paulo (Orgs). A trama do conhecimento: teoria, método e escrita em ciência e pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 2008. SOARES, Marco Aurélio Silva. O pedagogo e a organização do trabalho pedagógico. 2 ed. Curitiba: Intersaberes, 2014. FERRAREZI JÚNIOR, Celso. Sintaxe para a educação básica. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2012. PILETTI, Nelson. Educação básica: da organização legal ao cotidiano escolar. 1 ed. São Paulo: Ática, 2010. Bibliografia Utilizada 13UNIDADE 1 UNIDADE 1 Da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Educação Profissional, e da Educação Profissional Técnica de Nível Médio 15UNIDADE 1 pela Emenda Constitucional nº 59/2009, que determinou a obrigatoriedade da educação para as crianças na faixa etária de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos. Desse modo, a LDB dispõe que a educação infantil corresponde à primeira etapa da educação básica e possui como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Na antiga redação do artigo 29, a idade da criança era até 6 (seis) anos. A educação infantil será oferecida em creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; e em pré-escolas para crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Mais uma vez observamos a alteração da Lei nº 12.796/2013, haja vista que na antiga redação do inciso II do artigo 30, a pré-escola era para crianças de 4 (quatro) a 6 (seis) anos de idade. A Lei nº 12.796/2013 alterou bastante o artigo 31, disciplinando regras de orga- nização da educação infantil. Na antiga redação, a avaliação na educação infantil era mediante o acompanhamento e o registro do desenvolvimento da criança, MÓDULO 1 Da Educação Infantil O primeiro destaque quedeve ser dado ao tratarmos da educação infantil é que a LDB deixa bem claro o papel complementar do Estado, aduzindo de maneira um pouco indireta que o papel principal está com a família e com a comunidade. Não obstante, a educação infantil deve propiciar um currículo que seja capaz de desenvolver nos educandos o seu crescimento cognitivo, intelectual, afetivo, moral, ético, social, entre outros. A LDB trata da educação infantil nos artigos 29 a 31. Cabe ressaltar que esta seção na LDB foi praticamente alterada em sua totalidade pela Lei nº 12.796/2013, sendo que o único dispositivo que permanece com a redação original é o caput do artigo 30 e o seu inciso I. Não obstante tal fato, cabe também ressaltar que as mudanças advindas da Lei nº 12.796/2013 correspondem principalmente em decorrência das idades das crianças no início da educação infantil. Na realidade, as alterações realizadas pela Lei nº 12.796/2013 consistem em adaptar a LDB às alterações preconizadas no texto constitucional Organização da Educação Básica 16 UNIDADE 1 sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Com a nova redação, além da antiga regra (agora no inciso I), outras quatro passaram a serem comuns à educação infantil: II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuídas por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendi- zagem da criança. Cabe enfatizar, principalmente no tocante ao inciso I do artigo 31, que não é possível a reprovação do educando na educação infantil, posto que, conforme explícito no texto legal, trata-se de fase inicial da educação básica que não tem objetivo de promoção, mesmo para o acesso fundamental. Ainda sobre a avaliação, no mesmo diapasão do artigo 31 da LDB, a Resolução nº 5/2009 do Conselho Nacional de Educação, que estabelece Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil dispõe que as instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo: I – a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II – utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, etc.); III – a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transcrições no interior da instituição, transição creche / pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental); IV – documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; e V – a não retenção das crianças na Educação Infantil. O Parecer nº 17/2012 do Conselho Nacional de Educação conclui que além do acompanhamento do trabalho pedagógico e do desenvolvimento da criança, é imprescindível que também se realize a avaliação das instituições de Educação Infantil e de suas condições de oferta. Ademais, é preciso aferir a adequação da infraestrutura física do quadro de pessoal e dos recursos pedagógicos e de acessibilidade 17UNIDADE 1 empregados na creche e na pré-escola (de acordo com o Plano Nacional de Educação 2011-2020, então em tramitação no Congresso Nacional). O parecer ainda determina que a aferição deve ser feita com base em critérios consistentes com o que determinam os dispositivos legais e normativos, como as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, cabendo ao MEC desenvolver metodologia e sistemática para cumprir essa estratégia. Dos objetivos da Educação Infantil O Conselho Nacional de Educação, através da Resolução CNE/CED nº4/2010, deixou claro que a educação infantil tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual, social, complementando a ação da família e da sociedade. Partindo do fato de que as crianças provêm de diferentes e singulares contextos socioculturais, socioeconômicos e étnicos, elas devem ter a oportunidade de serem acolhidas e respeitadas pela escola e pelos profissionais da educação, com base nos princípios da individualidade, igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade. Ademais, para as crianças, independentemente das diferentes condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas, étnico- raciais, socioeconômicas, de ordem, de religião, entre outras, as relações sociais e intersubjetivas no espaço escolar requerem a atenção intensiva dos profissionais da educação durante o tempo de desenvolvimento das atividades que lhes são peculiares, pois este é o momento em que a curiosidade deve ser estimulada, a partir da brincadeira orientada pelos profissionais da educação. Os vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e do respeito mútuo em que se assenta a vida social devem iniciar-se na Educação Infantil e sua intensificação deve ocorrer ao longo da Educação Básica. Com relação aos sistemas educativos, estes devem envidar esforços promovendo ações a partir das quais as unidades de Educação Infantil sejam dotadas de condições para acolher as crianças, em estreita relação com a família, com agentes sociais e com a sociedade, prevendo programas e projetos em parceria, formalmente estabelecidos. Por fim, a gestão da convivência e as situações em que se torna necessária a solução de problemas individuais e coletivos pelas crianças devem ser previamente programadas, com foco nas motivações estimuladas e orientadas pelos professores e demais profissionais da educação e outros de áreas pertinentes, respeitados os limites e as potencialidades de cada criança e os vínculos desta com a família ou com o seu responsável direto. Organização da Educação Básica 18 UNIDADE 1 Dos estabelecimentos de creches e pré-escolas e das jornadas e turnos O Conselho Nacional de Educação, através da Resolução nº 5 de 2009, conceitua creches e pré-escolas como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos de idade, no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. Através desta mesma resolução, o Conselho Nacional de Educação ainda aduz ser dever do Estado garantir a oferta da educação infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção. Com relação à jornada, a referida resolução disciplina que é considerada educação infantil em tempo parcial, a jornada de no mínimo quatro horas diárias, e em tempo integral, a jornada com duração igual ou superior a sete horas diárias, compreendendo o tempo total que a criança permanece na instituição. Cabe enfatizar que o posicionamento do Conselho Nacional de Educação, explícito em sua Resolução nº 5 de 2009, tem a importância de ser uma Diretriz Curricular Nacional para a Educação Infantil que representa um importante avanço no sentido de determinar a correta identificação da educaçãoem creches e pré-escolas. Inclusive, os posicionamentos acima mencionados serviram para tornarem superados antigos pareceres do Conselho Nacional de Educação, como o Parecer nº 39/2002, que dispunha ser o atendimento domiciliar espécie de educação infantil e o Parecer nº 35/2004, que concluía positivamente sobre a possibilidade de atendimento noturno como oferta de educação infantil. Formação dos Professores Segundo o Parecer nº 17/2012 do Conselho Nacional de Educação, um dos problemas da Educação Infantil reside na necessidade de definições sobre a formação do profissional que atua junto às crianças nas instituições de ensino infantil. O problema é levantado devido ao fato de que muitos profissionais são contratados para trabalhar com crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos sem o cumprimento dos requisitos da LDB, mas, através de concursos públicos, o que acarretaria em uma estabilidade para pessoas que poderiam não ser competentes para tanto. Levando-se em conta que as atividades desses profissionais (auxiliares de desenvolvimento infantil, técnicos em desenvolvimento infantil, monitores, pajens, etc.) muitas das vezes se restringem a socializar e garantir o bem-estar das crianças, e não ensiná-las, 19UNIDADE 1 muitos defendem que nas creches poderiam trabalhar profissionais que não são docentes. A conclusão elaborada pelo Parecer nº 17/2012 do Conselho Nacional de Educação é de que o professor que trabalha com crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos deve ser um especialista, saber cumprir determinadas funções, e sua formação, oferecida nos cursos de graduação, especialização e na formação continuada, deve possibilitar-lhe lidar com a organização dos espaços e dos tempos das unidades (estabelecimentos) de educação infantil e com as dinâmicas dos grupos infantis com foco em diferentes prioridades: cuidado físico, atividades propostas para ocorrerem em grupo ou individualmente, que possibilitem a construção pela criança de significações sobre o mundo e sobre si. Ademais, em princípio, todos os profissionais que coordenam as turmas de crianças pequenas devem ser professores com formação específica em Educação Infantil, conscientes da importância de todas as atividades e responsáveis, inclusive, pelas trocas, alimentação, higiene, etc. Assim, faz parte da função do professor estar integralmente com as crianças, tal como prescrevem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, de modo a enfrentar questões como a do acolhimento, da alimentação, sono e higiene, do apoio ao controle esfincteriano pela criança, sempre relegadas a um segundo ou terceiro plano e acompanhadas por quem “não é professor”, não se admitindo auxiliares em substituição à presença do professor. Por fim, o referido parecer elenca uma lista de exigências que determina ser importante para a formação inicial e continuada do professor da Educação Infantil: • participar de experiências forma- tivas diversificadas que lhe ofereçam oportunidades de construir conhe- cimentos, habilidades e valores, fortalecer seu pensamento crítico, seu raciocínio argumentativo, sua sensibi- lidade pessoal, sua capacidade para trabalhar em equipe e para tomar decisões; • estabelecer uma relação lúdica e criativa com o saber, particularmente com a literatura e demais artes, sem esquecer dos saberes relativos ao mundo social, da natureza e das quantidades; • articular vários conceitos traba- lhados em sua formação com sua prática profissional cotidiana. Isso envolve problematizar sua prática, pesquisar alternativas de ação, sistematizar suas reflexões em várias formas de registro e reconstruir conhecimentos historicamente elabo- rados, considerando a diversidade Organização da Educação Básica 20 UNIDADE 1 das populações de crianças e dos contextos familiares e o compromisso de garantia de equidade no alcance a uma Educação Infantil de qualidade; • rever e aprofundar conhecimentos sobre a organização e operaciona- lização dos cuidados com a higiene, alimentação e bem-estar dos bebês e crianças de até cinco anos em ambientes de educação coletiva, sem copiar os modelos domésticos ou dos serviços de saúde, que são contextos que têm outras características e objetivos; • dominar os elementos básicos do trabalho com as linguagens artísticas, do conhecimento linguístico e mate- mático, noções do sistema imunoló- gico e outros conceitos ligados aos cuidados físicos e afetivos da criança, inclusive os fatores que podem mediar formas de organização de situações que estimulem a autonomia das crianças nesse campo de experiência; • dominar o conhecimento sobre a diversidade cultural brasileira, as desi- gualdades sociorraciais, bem como a superação de todas as formas de discriminação e preconceito; • examinar seu modo de agir a partir de condições concretas, ao mesmo tempo em que percebe o quanto suas formas de reação e as concepções que as justifiquem podem ser modi- ficadas; e • desenvolver formas de compar- tilhar com os familiares da criança suas experiências e de inserir os pais na gestão pedagógica da unidade educacional. 21UNIDADE 1 Do Ensino Fundamental A LDB trata do ensino fundamental nos artigos 32 a 34. O artigo 32 já passou por duas alterações, sendo que a última foi feita pela Lei nº 11.274/2006, e apenas em seu caput. O ensino fundamental passou a ser de 9 (nove) anos com o advento dessa nova lei. Ademais, o artigo 32 ainda dispõe que o ensino fundamental obrigatório e gratuito nas escolas públicas iniciará aos 6 (seis) anos de idade tendo como objetivo a formação básica do cidadão. A formação básica que é buscada através do ensino fundamental será alcançada mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade MÓDULO 2 humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. O Conselho Nacional de Educação, através de sua Resolução nº 7/2010, fixou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, onde se encontram os fundamentos, princípios e procedimentos para orientar as políticas públicas educacionais, aplicando-se a todas as modalidades de Ensino Fundamental previstas na LDB. Fundamentos Segundo estas diretrizes, e partindo dos preceitos legais e constitucional de que o Ensino Fundamental é direito público subjetivo de cada um e dever do Estado e da família, as escolas que ministram esse ensino deverão trabalhar considerando essa etapa da educação como aquela capaz de assegurar a cada um e a todos o acesso ao conhecimento e aos elementos da cultura imprescindíveis para o desenvolvimento pessoal e para a vida em sociedade, assim como os benefícios de uma formação comum, independentemente da grande diversidade da população escolar e das demandas sociais (§ único, art. 4º). Assim, a educação, ao proporcionar o Organização da Educação Básica 22 UNIDADE 1 desenvolvimento do potencial humano, permite o exercício dos direitos civis, políticos, sociais e do direito à diferença, sendo ela mesma também um direito social que possibilita a formação cidadã e o usufruto dos bens sociais e culturais (art. 5º). Neste diapasão, o Ensino Fundamental deve comprometer-se com uma educação com qualidade social, igualmente entendida como direito humano (§1º, art. 5º). Assim, aeducação de qualidade como direito fundamental é, antes de tudo, relevante, pertinente e equitativa. Com relação à relevância, reporta-se a promoção de aprendizagens significativas do ponto de vista das exigências sociais e de desenvolvimento pessoal; a pertinência refere-se à possibilidade de atender às necessidades e às características dos estudantes de diversos contextos sociais e culturais e com diferentes capacidades e interesses; e a equidade alude à importância de tratar de forma diferenciada o que se apresenta como desigual no ponto de partida, com vistas a obter desenvolvimento e aprendizagens equiparáveis, assegurando a todos a igualdade de direito à educação (§2º). Na tentativa de erradicação da pobreza e das desigualdades, devem ser oferecidos mais recursos e melhores condições às escolas menos providas e aos alunos que deles mais necessitem, e sustentar políticas reparadoras que assegurem maior apoio aos diferentes grupos sociais em desvantagem (§3º). Assim, será uma educação com qualidade social e contribuirá para dirimir as desigualdades historicamente produzidas, assegurando, assim, o ingresso, a permanência e o sucesso na escola, com a consequente redução da evasão, da retenção e das distorções de idade/ano/série (§4º). Princípios Os princípios que irão nortear o Ensino Fundamental, de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional de Educação são os princípios: I – Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia; de respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoção do bem de todos, contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestações de preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; II – Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do regime democrático e dos recursos ambientais; da busca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e outros benefícios; da exigência de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades; da redução da pobreza e das desigualdades 23UNIDADE 1 sociais e regionais; e III – Estéticos: do cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade; do enriquecimento das formas de expressão e do exercício da criatividade; da valorização das diferentes manifestações culturais, especialmente a da cultura brasileira; da construção de identidades plurais e solidárias (art. 6º Resolução 7/2010). Jornada escolar A LDB, em seu artigo 34, determina que a jornada no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. Às exceções correspondem os casos de ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas na LDB (§1º). A LDB ainda prevê que o ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (§2º). Ademais, a Resolução 07/2010 do Conselho Nacional de Educação determina em seu artigo 8º que o Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove) anos, abrangerá a população na faixa etária dos 6 (seis) aos 14 (quatorze) anos de idade e se estende, também, a todos os que, na idade própria, não tiveram condições de frequentá-lo. A matrícula no ensino fundamental de crianças com 6 (seis) anos de idade completados ou a completar até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula é obrigatória, enquanto que as crianças que completarem 6 (seis) anos após essa data deverão ser matriculadas na Educação Infantil. Com relação à carga horária do ensino fundamental, esta será de 800 (oitocentas) horas, distribuídas em pelo menos 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar. Base nacional comum do currículo e parte diversificada O Conselho Nacional de Educação apresenta disposições a respeito do currículo do ensino fundamental em sua Resolução nº 07/2010. Nela, dispõe que o currículo do ensino fundamental tem uma base nacional comum, complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por uma parte diversificada (art. 10). Contudo, tanto a base nacional comum e a parte diversificada do currículo do ensino fundamental constituem um todo integrado e não podem ser consideradas como dois blocos distintos (art. 11). Sendo assim, a articulação entre a base nacional comum e a parte diversificada do currículo do ensino fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do cidadão com a realidade local, as necessidades dos alunos, as características regionais Organização da Educação Básica 24 UNIDADE 1 da sociedade, da cultura e da economia e perpassa todo o currículo. Assim, os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum e que são voltados à divulgação de valores fundamentais ao interesse social e à preservação da ordem democrática asseguram a característica unitária das orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos projetos político-pedagógicos das escolas. Com relação aos conteúdos curriculares que compõem a parte diversificada do currículo, eles serão definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer o currículo, assegurando a contextualização dos conhecimentos escolares em face das diferentes realidades. Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas, no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na cultura e na tecnologia, na produção artística, nas atividades desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam saberes como os que advêm das formas diversas de exercício da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da experiência docente, do cotidiano e dos alunos (art. 12). Tais conteúdos são constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se articulam com as áreas de conhecimento, a saber: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a comunicação entre diferentes conhecimentos sistematizados e entre estes e outros saberes, mas permitem que os referenciais próprios de cada componente curricular sejam preservados (art. 13). Observando o artigo 26 da LDB, os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às áreas de conhecimento: I – Linguagens: a) Língua Portuguesa; b) Língua Materna, para populações indígenas; c) Língua Estrangeira moderna; d) Arte; e e) Educação Física; II – Matemática; III – Ciências da Natureza; IV – Ciências Humanas: a) História; b) Geografia; V – Ensino Religioso. Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento devem articular em seus conteúdos, a partir das possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida humana em escala global, regional e local, bem como na esfera individual. Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069/90), preservação do meio ambiente, nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei no 9.795/99), 25UNIDADE 1 educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade cultural devem permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo (art. 16). Ademais, outras leis específicas que complementam a Lei nº 9.394/96 determinam que sejam ainda incluídos temas relativosà condição e aos direitos dos idosos (Lei nº 10.741/2003) e à educação para o trânsito (Lei no 9.503/97). A produção e a disseminação de materiais subsidiários ao trabalho docente, que contribuam para a eliminação de discriminações, racismo, sexismo, homofobia e outros preconceitos e que conduzam à adoção de comportamentos responsáveis e solidários em relação aos outros e ao meio ambiente fica a cargo dos órgãos executivos dos sistemas de ensino. Outra disposição da LDB pertinente ao ensino fundamental é a possibilidade de se desdobrar em ciclos (faculdade dos sistemas de ensino, segundo o parágrafo 1º do artigo 32). Ademais, os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino- aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino (§2º). O Conselho Nacional de Educação esclarece que a necessidade de assegurar aos alunos um percurso contínuo de aprendizagens torna imperativa a articulação de todas as etapas da educação, especialmente do Ensino Fundamental com a Educação Infantil, dos anos iniciais e dos anos finais no interior do Ensino Fundamental, bem como do Ensino Fundamental com o Ensino Médio, garantindo a qualidade da Educação Básica (art. 29 da Resolução 07/2010). Com isso, o reconhecimento do que os alunos já aprenderam antes da sua entrada no Ensino Fundamental e a recuperação do caráter lúdico do ensino contribuirão para melhor qualificar a ação pedagógica junto às crianças, sobretudo nos anos iniciais dessa etapa da escolarização (§1º). Ademais, na passagem dos anos iniciais para os anos finais do Ensino Fundamental, especial atenção será dada: I – pelos sistemas de ensino, ao planejamento da oferta educativa dos alunos transferidos das redes municipais para as estaduais; II – pelas escolas, à coordenação das Organização da Educação Básica 26 UNIDADE 1 demandas específicas feitas pelos diferentes professores aos alunos, a fim de que os estudantes possam melhor organizar as suas atividades diante das solicitações muito diversas que recebem (§2º). Ainda segundo a Resolução nº 07/2010 do Conselho Nacional de Educação, em seu artigo 30, os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar: I – a alfabetização e o letramento; II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da Geografia; III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. Dessa forma, mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso de sua autonomia, fizerem opção pelo regime seriado, será necessário considerar os três anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo sequencial não passível de interrupção, voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematização e aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos (§1º). Considerando as características de desenvolvimento dos alunos, cabe aos professores adotar formas de trabalho que proporcionem maior mobilidade das crianças nas salas de aula e as levem a explorar mais intensamente as diversas linguagens artísticas, a começar pela literatura, a utilizar materiais que ofereçam oportunidades de raciocinar, manuseando-os e explorando as suas características e propriedades (§2º). Nas escolas que optarem por incluir Língua Estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o professor deverá ter licenciatura específica no componente curricular (§1º). Já nos casos em que esses componentes curriculares sejam desenvolvidos por professores com licenciatura específica, deve ser assegurada a integração com os demais componentes trabalhados pelo professor de referência da turma. Por fim, o parágrafo 6º do artigo 32 da LDB, incluído pela Lei nº 12.472/2011, dispõe que estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. Ensino religioso Sobre o ensino religioso no ensino 27UNIDADE 1 fundamental, a LDB dispõe no artigo 33, com redação dada pela Lei nº 9.475/97, que este será de matrícula facultativa, e será parte integrante da formação básica do cidadão, constituindo disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. Tanto os conteúdos do ensino religioso como as normas para a habilitação e admissão dos professores serão regulamentados pelos sistemas de ensino (§1º). Para tanto, serão ouvidas entidades civis constituídas pelas diferentes denominações religiosas (§2º). Organização da Educação Básica 28 UNIDADE 1 MÓDULO 3 Do Ensino Médio Os artigos 35 e 36 da LDB tratam do ensino médio, que faz parte da educação básica e corresponde à sua parte final. De acordo com o artigo 35, as finalidades do ensino médio são 4 (quatro): I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. A LDB ainda prevê que os cursos de ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio O Conselho Nacional de Educação, através da Resolução nº 2/2012, definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Apresentaremos algumas dessas diretrizes com base na referida resolução. Da organização curricular Assim como o ensino fundamental, a organização curricular do ensino médio tem uma base nacional comum e uma parte diversificada que não devem constituir blocos distintos, mas um todo integrado, de modo a garantir tanto conhecimentos e saberes comuns necessários a todos os estudantes, quanto uma formação que considere a diversidade e as características locais e especificidades regionais. 29UNIDADE 1 O currículo é organizado em áreas de conhecimento, a saber: I - Linguagens; II - Matemática; III - Ciências da Natureza; IV - Ciências Humanas (art. 8º). Ademais, o currículo deve contemplar as quatro áreas do conhecimento, com tratamento metodológico que evidencie a contextualização e a interdisciplinaridade ou outras formas de interação e articulação entre diferentes campos de saberes específicos (§1º). A organização por áreas de conhecimento não dilui nem exclui componentes curriculares com especificidades e saberes próprios construídos e sistematizados, mas implica no fortalecimento das relações entre eles e a sua contextualização para apreensãoe intervenção na realidade, requerendo planejamento e execução conjugados e cooperativos dos seus professores (§2º). A LDB determina componentes obriga- tórios que devem ser tratados em uma ou mais áreas de conhecimento para compor o currículo. Em decorrência de legislação específica, são obrigatórios (art. 10): I - Língua Espanhola, de oferta obrigatória pelas unidades escolares, embora facultativa para o estudante (Lei nº 11.161/2005); II - Com trata- mento transversal e integradamente, permeando todo o currículo, no âmbito dos demais componentes curriculares: educação alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/2009, que dispõe sobre o aten- dimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da Educação Básica); processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, de forma a eliminar o precon- ceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria (Lei nº 10.741/2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso); Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental); Educação para o Trânsito (Lei nº 9.503/97, que institui o Código de Trânsito Brasileiro); Educação em Direitos Humanos (Decreto nº 7.037/2009, que institui o Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH). O currículo do Ensino Médio deve (art. 12): I - garantir ações que promovam: a) a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; b) o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; c) a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II - adotar metodologias de ensino e de avaliação de aprendizagem que estimulem a iniciativa dos estudantes; III - organizar os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação de tal forma que ao final do Ensino Médio o estudante demonstre: a) domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; b) conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. As unidades escolares devem orientar a definição de toda proposição Organização da Educação Básica 30 UNIDADE 1 curricular, fundamentada na seleção dos conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaços, arranjos alternativos e formas de avaliação, tendo presente: I - as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social contemporâneo; II - o trabalho como princípio educativo, para a compreensão do processo histórico de produção científica e tecnológica, desenvolvida e apropriada socialmente para a transformação das condições naturais da vida e a ampliação das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos; III - a pesquisa como princípio pedagógico, possibilitando que o estudante possa ser protagonista na investigação e na busca de respostas em um processo autônomo de (re)construção de conhecimentos. IV - os direitos humanos como princípio norteador desenvolvendo-se sua educação de forma integrada, permeando todo o currículo, para promover o respeito a esses direitos e à convivência humana. V - a sustentabilidade socioambiental como meta universal, desenvolvida como prática educativa integrada, contínua e permanente, e baseada na compreensão do necessário equilíbrio e respeito nas relações do ser humano com seu ambiente. Da organização Com relação às formas de oferta e organização, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio previstas na Resolução nº 2/2012 do Conselho Nacional de Educação deixa claro que o Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, concebida como conjunto orgânico, sequencial e articulado, deve assegurar sua função formativa para todos os estudantes, sejam adolescentes, jovens ou adultos. Assim, o artigo 14 apresenta um rol de exigências que devem ser atendidas: I - o Ensino Médio pode organizar-se em tempos escolares no formato de séries anuais, períodos semestrais, ciclos, módulos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar; II - no Ensino Médio regular, a duração mínima é de 3 (três) anos, com carga horária mínima total de 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas, tendo como referência uma carga horária anual de 800 (oitocentas) horas, distribuídas em pelo menos 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar; III - o Ensino Médio regular diurno, 31UNIDADE 1 específicas, com as cargas horárias mínimas de: a) 3.200 (três mil e duzentas) horas, no Ensino Médio regular integrado com a Educação Profissional Técnica de Nível Médio; b) 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas, na Educação de Jovens e Adultos integrada com a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, respeitado o mínimo de 1.200 (mil e duzentas) horas de educação geral; c) 1.400 (mil e quatrocentas) horas, na Educação de Jovens e Adultos integrada com a formação inicial e continuada ou qualificação profissional, respeitado o mínimo de 1.200 (mil e duzentas) horas de educação geral; VII - na Educação Especial, na Educação do Campo, na Educação Escolar Indígena, na Educação Escolar Quilombola, de pessoas em regime de acolhimento ou internação e em regime de privação de liberdade, e na Educação a Distância, devem ser observadas as respectivas Diretrizes e normas nacionais; VIII - os componentes curriculares que integram as áreas de conhecimento podem ser tratados ou como disciplinas, sempre de forma integrada, ou como unidades de estudos, módulos, atividades, práticas e projetos contextualizados e interdisciplinares ou diversamente articuladores de saberes, desenvolvimento transversal de temas ou outras formas de organização; quando adequado aos seus estudantes, pode se organizar em regime de tempo integral com, no mínimo, 7 (sete) horas diárias; IV - no Ensino Médio regular noturno, adequado às condições de trabalhadores, respeitados os mínimos de duração e de carga horária, o projeto político-pedagógico deve atender, com qualidade, a sua singularidade, especificando uma organização curricular e metodológica diferenciada, e pode, para garantir a permanência e o sucesso destes estudantes: a) ampliar a duração do curso para mais de 3 (três) anos, com menor carga horária diária e anual, garantido o mínimo total de 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas; V - na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, observadas suas Diretrizes específicas, com duração mínima de 1.200 (mil e duzentas) horas, deve ser especificada uma organização curricular e metodológica diferenciada para os estudantes trabalhadores, que pode: a) ampliar seus tempos de organização escolar, com menor carga horária diária e anual, garantida sua duração mínima; VI - atendida a formação geral, incluindo a preparação básica para o trabalho, o Ensino Médio pode preparar para o exercício de profissões técnicas, por integração com a Educação Profissional e Tecnológica, observadas as Diretrizes Organização da Educação Básica 32 UNIDADE 1 IX - os componentes curriculares devem propiciar a apropriação de conceitos e categorias básicas, e não o acúmulo de informações e conhecimentos, estabelecendo um conjunto necessário de saberes integrados e significativos; X - além de seleção criteriosa de saberes, em termos de quantidade, pertinência e relevância, deve ser equilibrada sua distribuição ao longo do curso, para evitar fragmentação e congestionamento com número excessivo de componentes em cada tempo da organização escolar; XI - a organização curricular doEnsino Médio deve oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades que permitam itinerários formativos opcionais diversificados, a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes, com suas especificidades etárias, sociais e culturais, bem como sua fase de desenvolvimento; XII - formas diversificadas de itinerários podem ser organizadas, desde que garantida a simultaneidade entre as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura, e definidas pelo projeto político-pedagógico, atendendo necessidades, anseios e aspirações dos sujeitos e a realidade da escola e do seu meio; XIII - a interdisciplinaridade e a contextualização devem assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes componentes curriculares, propiciando a interlocução entre os saberes e os diferentes campos do conhecimento. 33UNIDADE 1 Acesse o site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm Para saber mais: Organização da Educação Básica 34 UNIDADE 1 MÓDULO 4 Da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Educação Profissional e da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Da Educação de Jovens e Adultos (EJA) O final do Capítulo II, referente à Educação Básica, trata da Educação de Jovens e Adultos nos artigos 37 e 38 da LDB. O artigo 37 dispõe que a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. A gratuidade é assegurada pelos sistemas de ensino àqueles jovens e adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, levando em consideração as características do aluno, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames (§1º). Ademais, ações integradas do Poder Público e que são complementares entre si, viabilizarão e estimularão o acesso e permanência do trabalhador na escola (§2º). Por fim, a educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento (§3º). Cursos e exames supletivos serão mantidos pelos sistemas de ensino, e, compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. O parágrafo 1º do artigo 38 determina que estes exames realizar- se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. Caso os educandos adquiram conhecimentos e habilidades por meios informais, poderá haver o reconhecimento através de exames (§2º). Segundo o Conselho Nacional de Educação, através de sua Resolução nº 07/2012, que trata das Diretrizes Curriculares nacionais para o Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos nos artigos 43 a 47, é preciso para a sua realização que a mesma seja pautada pela inclusão e pela qualidade social, requerendo: I – um processo de gestão e financiamento que lhe assegure isonomia em relação ao Ensino 35UNIDADE 1 Fundamental regular; II – um modelo pedagógico próprio que permita a apropriação e a contextualização das Diretrizes Curriculares Nacionais; III – a implantação de um sistema de monitoramento e avaliação; IV – uma política de formação permanente de seus professores; e V – maior alocação de recursos para que seja ministrada por docentes licenciados. Ainda segundo o artigo 45 da referida resolução, a idade mínima para o ingresso nos cursos de EJA e para a realização de exames de conclusão de EJA será de 15 (quinze) anos completos (conforme Parecer CNE/CEB nº 6/2010). Ademais, considerada a prioridade de atendimento à escolarização obrigatória, para que haja oferta capaz de contemplar o pleno atendimento dos adolescentes, jovens e adultos na faixa dos 15 (quinze) anos ou mais, com defasagem idade/série, tanto na sequência do ensino regular, quanto em EJA, assim como nos cursos destinados à formação profissional, é necessário: I – fazer a chamada ampliada dos estudantes em todas as modalidades do Ensino Fundamental; II – apoiar as redes e os sistemas de ensino a estabelecerem política própria para o atendimento desses estudantes, que considere as suas potencialidades, necessidades, expectativas em relação à vida, às culturas juvenis e ao mundo do trabalho, inclusive para programas de aceleração de aprendizagem, quando necessário; III – incentivar a oferta de EJA nos períodos diurno e noturno, com avaliação em processo. Com relação aos anos iniciais do Ensino Fundamental, o artigo 46 da resolução determina que será presencial e sua duração ficará a critério de cada sistema de ensino. Já nos anos finais (do sexto ao nono ano), os cursos poderão ser presenciais ou a distância, desde que devidamente credenciados e com duração de 1.600 (mil e seiscentas) horas. O modelo pedagógico irá assegurar: I – a identificação e o reconhecimento das formas de aprender dos adolescentes, jovens e adultos e a valorização de seus conhecimentos e experiências; II – a distribuição dos componentes curriculares de modo a proporcionar um patamar igualitário de formação, bem como a sua disposição adequada nos tempos e espaços educativos, em face das necessidades específicas dos estudantes. Por fim, segundo o artigo 47 da Resolução 07/2010 do Conselho Nacional de Educação, a inserção de Educação de Jovens e Adultos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, incluindo, além da avaliação do rendimento dos alunos, a aferição de indicadores institucionais das redes públicas e privadas, concorrerá para a universalização e a melhoria da qualidade do processo educativo. Organização da Educação Básica 36 UNIDADE 1 Da Educação Profissional A educação profissional ganhou destaque com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que tratou do tema em capítulo próprio, correspondente ao estudo do presente módulo. Dessa forma, desde a edição da LDB foi possível perceber uma preocupação do legislador quanto à importância da relação entre educação e trabalho. Conforme se infere da leitura do artigo 39, houve, também, uma preocupação de que o ensino profissionalizante tornasse o educando apto para a vida produtiva. Assim, é possível percebermos que o tratamento dado pela LDB à educação profissional visa com que este tipo de ensino não seja apenas restrito no espaço escolar, mas, também esteja no ambiente de trabalho. Acontece que as disposições referentes à educação profissional na LDB, principalmente no tocante à sua redação original, são muito genéricas, o que inclusive é justificável em virtude de se tratar de uma norma geral sobre o assunto. Contudo, tal fato resultou em mudanças legislativas ao longo do tempo, impulsionadas principalmente pelas políticas de governo que estava à frente. Neste sentido, podemos perceber que ao longo do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) houve uma preocupação em dissociar a educação profissional do ensino médio (também chamado de ensino propedêutico). O Decreto nº 2.208/97, que regulava a educação profissional, deixava bastante clara a intenção do governo em separar estes dois tipos de ensino. Posteriormente, já no governo Lula, o referido decreto foi substituído pelo Decreto 5.154/2004, onde havia claramente uma intenção do legislador em criar uma integração entre o ensino propedêutico e o ensino profissionalizante. Ainda neste governo houve a edição do Decreto nº 5.478/2005, criando o Programa de Integração da Educação Profissional ao Fique atento! Caso o valor por aluno não alcance o mínimo definido nacionalmente, haverá uma complementação advinda de parcela de recursos federais. 37UNIDADE 1 Ensino Médiona Modalidade de Jovens e Adultos – PROEJA. Finalmente, em 2008 foi editada a Lei nº 11.741 que introduziu mudanças na LDB em consonância com o Decreto nº 5.154/2004. Assim, houve a introdução ao Capítulo II (Da Educação Básica) de uma nova seção que tratava “Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio” cuja principal função foi justamente realizar a integração entre os dois tipos de ensino, agora em nível legal. Além dessa nova seção, os artigos 39 a 42 da LDB também sofreram alterações com novas redações dada pela Lei nº 11.741/2008, além de abranger o título do Capítulo III que passou a ser denominado como “Da Educação Profissional e Tecnológica”. Buscando atingir os objetivos da educação nacional, notadamente o de preparar o cidadão para o mercado de trabalho, a educação profissional e tecnológica será integrada aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia (artigo 39). Desde que observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino e possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos (§1º). Ademais, abrangerão três tipos distintos de cursos: I – formação inicial e continuada ou qualificação profissional; II – educação profissional técnica de nível médio; e III – educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação (§2º). Com relação a este último curso, o Conselho Nacional de Educação irá estabelecer as diretrizes curriculares nacionais pelas quais estes cursos deverão determinar seus objetivos, características e duração (§3º). O Decreto nº 5.154/2004 irá regulamentar a forma como a educação profissional irá ser desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho (art. 40). A LDB ainda determina que poderá haver a avaliação, o reconhecimento, e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos, no que diz respeito ao conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive no trabalho (art. 41). Além disso, haverá cursos especiais, abertos à comunidade, oferecidos pelas instituições de educação profissional e tecnológica. Para a matrícula nestes cursos será levada em consideração a capacidade de aproveitamento e não necessariamente o nível de escolaridade (art. 42). Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Organização da Educação Básica 38 UNIDADE 1 A Lei nº 11.741/2008 incluiu na LDB a Seção IV-A dispondo sobre a educação profissional técnica de nível médio, incluindo os artigos 36-A, 36-B, 36-C e 36-D. Trata-se de uma educação de ensino médio que irá prover a formação geral do educando e, ao mesmo tempo, prepará-lo para o exercício de profissões técnicas (artigo 36-A). A preparação da educação profissional técnica de nível médio poderá ser desenvolvida nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. Da mesma forma e facultativamente irá ocorrer para a habilitação profissional (parágrafo único). As formas de desenvolvimento da educação profissional técnica poderão ser ou articulada com o ensino médio, ou, subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio (artigo 36-B). Para tanto, a educação profissional técnica deverá observar: I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico (parágrafo único). Com relação aos objetivos, o Conselho Nacional de Educação, através da Resolução nº 06/2012, que define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, esclarece em seu artigo 5º que estes cursos têm por finalidade proporcionar ao estudante conhecimentos, saberes e competências profissionais necessárias ao exercício profissional e da cidadania, com base nos fundamentos científico-tecnológicos, sócio-históricos e culturais. No caso da educação profissional técnica de nível médio articulada com este será desenvolvida de forma: I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou O FUNDEB veio para substi- tuir o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magis- trado (FUNDEF), cuja vigência durou de 1998 a 2006. Curiosidade: 39UNIDADE 1 já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. Com relação aos diplomas, o artigo 36-D determina que terão validade nacional e habilitarão os educandos para prosseguimento na educação superior, caso assim queiram. Ademais, o parágrafo único determina que os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subsequente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho. Com relação à avaliação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, a Resolução nº 06/2012 do Conselho Nacional de Educação estabelece, em seu artigo 39, que na formulação e no desenvolvimento de política pública para a Educação Profissional e Tecnológica, o Ministério da Educação, em regime de colaboração com os Conselhos Nacional e Estaduais de Educação e demais órgãos dos respectivos sistemas de ensino, promoverá, periodicamente, a avaliação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, garantida a divulgação dos resultados, com a finalidade de: I – promover maior articulação entre as demandas socioeconômico-ambientais e a oferta de cursos, do ponto de vista qualitativo e quantitativo; II – promover a expansão de sua oferta, em cada eixo tecnológico; III – promover a melhoria Para ler a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde do Trabalhador NR17/ ERGONOMIA acesse o link: goo.gl/MfLXvD Para saber mais: Organização da Educação Básica 40 UNIDADE 1 Assista à videoaula com este conteúdo. da qualidade pedagógica e efetividade social, com ênfase no acesso, na permanência e no êxito no percurso formativo e na inserção socioprofissional; IV – zelar pelo cumprimento das responsabilidades sociais e das instituições mediante valorização de sua missão, afirmação da autonomia e da identidade institucional, atendimento às demandas socioeconômico-ambientais, promoção dos valores democráticos e respeito à diferença e à diversidade. Por fim, com relação à formação do docente para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, a referida resolução dispõe em seu artigo 40 que a formação inicial realiza-se em cursos de graduação e programas de licenciatura ou outras formas, em consonância com a legislação e com normas específicas definidas pelo Conselho Nacional de Educação. Ademais, os sistemasde ensino devem viabilizar esta formação podendo ser organizada em cooperação com o Ministério da Educação e instituições de Educação Superior (§1º). Com relação aos professores graduados, não licenciados, em efetivo exercício na profissão docente ou aprovados em concurso público, é assegurado o direito de participar ou ter reconhecidos seus saberes profissionais em processos destinados à formação pedagógica ou à certificação da experiência docente, podendo ser considerado equivalente à licenciatura: I – excepcionalmente, na forma de pós-graduação lato sensu, de caráter pedagógico, sendo o trabalho de conclusão de curso, preferencialmente, projeto de intervenção relativo à prática docente; II – excepcionalmente, na forma de reconhecimento total ou parcial dos saberes profissionais de docentes, com mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício como professores da Educação Profissional, no âmbito da Rede CERTIFIC; III – na forma de uma segunda licenciatura, diversa da sua graduação original, a qual o habilitará ao exercício docente (§2º). O prazo para o cumprimento das excepcionalidades acima mencionadas é até encerrar o ano de 2020 (§3º). Já com relação à qualificação profissional e o desenvolvimento de professores, poderá ocorrer ações destinadas à formação continuada de professores, organizadas e viabilizadas pelos sistemas e instituições de ensino, não se esgotando na formação inicial. 41UNIDADE 1 RESUMO DA UNIDADE A Educação Infantil é tratada na LDB como uma obrigação principal da família e complementar do Estado, conforme se infere da leitura dos artigos 29 a 31. As disposições da LDB referentes ao assunto sofreram alterações em quase sua totalidade, sendo que a principal delas diz respeito à alteração realizada pela Lei nº 12.796/2013 que adaptando o texto legal com a Constituição Federal de 1988 (alterada pela Emenda Constitucional nº 59/2009) fixou a idade de obrigatoriedade para crianças na educação infantil na faixa etária de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos. A educação infantil corresponde à primeira etapa da Educação Básica e tem a finali- dade de prover o desenvolvimento integral da criança. Para as crianças de até 3 (três) anos de idade, a educação infantil será oferecida em creches, enquanto que para as crianças entre 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade será oferecida em pré-escolas. O artigo 31 da LDB trata das regras de organização da educação infantil, sendo destacado que nesta fase da educação o educando não pode ser reprovado. O Conselho Nacional de Educação, através da Resolução nº 4/2010, traça os objetivos da Educação Infantil. Os estabelecimentos de creches e pré-escolas e das jornadas e turnos da Educação Infantil são tratadas pelo Conselho Nacional de Educação através de sua Resolução nº 05/2009, onde conceitua creches e pré-escolas como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos de idade, no período diurno, em jornada integral ou parcial, e, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino, sendo submetidos a controle social. Com relação aos professores, o tema foi debatido pelo Conselho Nacional de Educação no Parecer nº 17/2012, onde concluiu-se que o profissional da educação infantil deve ser um especialista, devendo saber cumprir determinadas funções, tendo uma formação que o possibilite a lidar com a organização dos espaços e dos tempos das unidades (estabelecimentos) de Educação Infantil e com as dinâmicas dos grupos infantis com foco em diferentes prioridades. A LDB trata do ensino fundamental nos artigos 32 a 34. O ensino fundamental passou a ser de 9 (nove) anos com o advento da Lei nº 11.274/2006. Ademais, Organização da Educação Básica 42 UNIDADE 1 o artigo 32 ainda dispõe que o ensino fundamental obrigatório e gratuito nas escolas públicas iniciará aos 6 (seis) anos de idade tendo como objetivo a formação básica do cidadão. O Conselho Nacional de Educação, através de sua Resolução nº 7/2010, fixou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, onde se encontram os fundamentos, princípios e procedimentos para orientar as políticas públicas educacionais, aplicando-se a todas as modalidades de Ensino Fundamental previstas na LDB. A LDB, em seu artigo 34, determina que a jornada no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola, com exceção do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas na LDB. A Resolução 07/2010 do Conselho Nacional de Educação determina em seu artigo 8º que o Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove) anos, abrangerá a população na faixa etária dos 6 (seis) aos 14 (quatorze) anos de idade e se estende, também, a todos os que, na idade própria, não tiveram condições de frequentá-lo. O Conselho Nacional de Educação apresenta disposições a respeito do currículo do Ensino Fundamental em sua Resolução nº 07/2010. O artigo 26 da LDB determina os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental e a sua organização em relação às áreas de conhecimento. Outra disposição da LDB pertinente ao ensino fundamental é a possibilidade de se desdobrar em ciclos. O parágrafo 6º do artigo 32 da LDB, incluído pela Lei nº 12.472/2011, dispõe que estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. Sobre o ensino religioso no ensino fundamental, a LDB dispõe no artigo 33, com redação dada pela Lei nº 9.475/97, que este será de matrícula facultativa, e será parte integrante da formação básica do cidadão, constituindo disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. O ensino médio corresponde à parte final da Educação Básica. O artigo 35 da LDB apresenta como finalidades do ensino médio a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de 43UNIDADE 1 estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. As diretrizes específicas do ensino médio são: destacar a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; adotar metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; incluir uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição, inclusão da Filosofia e da Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; e conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. Com relação às formas deoferta e organização, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio previstas na Resolução nº 2/2012 do Conselho Nacional de Educação deixa claro que o Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, concebida como conjunto orgânico, sequencial e articulado, deve assegurar sua função formativa para todos os estudantes, sejam adolescentes, jovens ou adultos. Assim, o artigo 14 da referida resolução apresenta rol de exigências que devem ser atendidas. Com relação à educação de jovens e adultos, conhecida pela sigla EJA, a LDB tratou nos artigos 37 e 38. É modalidade de educação destinadas àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Para ser gratuito deve ser levado em conta as características do aluno, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames. O Poder Púbico, através de ações complementares irá estimular o acesso e a permanência do trabalhador na escola. A Educação Profissional é tratada em capítulo próprio da LDB, o que demonstrou uma preocupação do Organização da Educação Básica 44 UNIDADE 1 legislador da relação entre o trabalho e a educação. O artigo 39 da LDB apresenta uma preocupação em que o ensino profissionalizante torne apto o educando para a vida produtiva, não sendo este tipo de ensino apenas limitado ao estabelecimento escolar, mas também ao ambiente de trabalho. As normas da Educação Profissional na LDB são, contudo, consideradas bastante genéricas e, ao longo do tempo, foi possível perceber um tratamento diferenciado dado pelo governo federal, a depender da linha partidária que estava à frente do Poder Executivo. No governo Lula foi editada a Lei nº 11.741/2008 que apresenta um posicionamento deste governo no sentido de haver uma integração entre o ensino regular e o profissionalizante, acrescentando ao texto da LDB os artigos 36-A, 36-B, 36-C e 36-D, criando a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Trata-se de uma educação de ensino médio que irá prover a formação geral do educando e, ao mesmo tempo, prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. A preparação da educação profissional técnica de nível médio poderá ser desenvolvida nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. Da mesma forma e facultativamente irá ocorrer para a habilitação profissional. 45UNIDADE 1 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 1. Sobre a educação infantil, assinale a opção correta. a) A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 6 (seis) anos, em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. b) A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 4 (quatro) anos, em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. c) A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. d) A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 3 (três) anos, em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 2. Assinale a opção correta. a) A Educação Infantil terá atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral. b) A Educação Infantil terá atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 8 (oito) horas para a jornada integral. c) A Educação Infantil terá atendimento à criança de, no mínimo, 6 (seis) horas diárias para o turno parcial e de 8 (oito) horas para a jornada integral. d) A Educação Infantil terá atendimento à criança de, no mínimo, 3 (três) horas diárias para o turno parcial e de 6 (seis) horas para a jornada integral. Organização da Educação Básica 46 UNIDADE 1 3. Assinale a opção correta. a) A Educação Infantil terá controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 50% do total de horas. b) A Educação Infantil terá controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% do total de horas. c) A Educação Infantil terá controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 70% do total de horas. d) A Educação Infantil terá controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 75% do total de horas. 4. Assinale a opção correta. a) O ensino religioso, de matrícula obrigatória, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino médio. b) O ensino religioso, de matrícula obrigatória, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. c) O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino médio. d) O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. 47UNIDADE 1 5. Assinale a opção correta. a) Com relação à educação profissional técnica de nível médio, a preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. b) Com relação à educação profissional técnica de nível médio, a preparação geral para o trabalho e a habilitação profissional deverão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. c) Com relação à educação profissional técnica de nível médio, a habilitação profissional e, facultativamente, a preparação geral para o trabalho poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. c) Com relação à educação profissional técnica de nível médio, a habilitação profissional e, facultativamente, a preparação geral para o trabalho poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio. 6. Assinale a opção correta: a) O ensino médio corresponde à etapa final da educação básica, com duração máxima de 3 anos. b) O ensino médio corresponde à etapa final da educação básica, com duração mínima de 3 anos. c) O ensino médio corresponde à etapa final da educação básica, com duração máxima de 4 anos. d) O ensino médio corresponde à etapa final da educação básica, com duração mínima de 4 anos. Organização da Educação Básica 48 UNIDADE 1 7. Assinale a opção correta. Com relação ao currículo do ensino médio: a) Serão incluídas Filosofia e Antropologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. b) Serão incluídas Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. c) Serão incluídas Filosofia e Antropologia como disciplinas facultativas em todas as séries do ensino médio. d) Serão incluídas Filosofia e Sociologia como disciplinas facultativas em todas as séries do ensino médio. 8. Sobre a educação de jovens e adultos, assinale a opção correta. a) Será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no