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Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 1 
 
Fisiologia Renal
Transporte tubular de água e sódio 
Túbulo Contorcido Proximal (TCP) 
É um grande absorvedor de sódio, conse-
guindo isso pela absorção de cloreto e bicar-
bonato (cargas negativas). O rim é muito 
equilibrado! Desse modo, uma carga posi-
tiva só será absorvida se for colocada outra 
carga positiva para fora ou se for absorvida 
uma carga negativa junto. Ainda, o túbulo 
contorcido proximal absorve diversos outros 
solutos: glicose, fosfato, ácido úrico, proteí-
nas... 
Podemos dividir o TCP em duas porções. Na 
primeira opção, temos que o sódio será mais 
absorvido com o bicarbonato; na segunda, 
com o cloreto. 
Primeira porção 
Na membrana apical das células epiteliais tu-
bulares, temos uma bomba antiporter (con-
segue absorver e secretar) Na-H-ATPase. Ela 
coloca hidrogênio para fora, o qual se com-
bina com o bicarbonato no túbulo, for-
mando ácido carbônico. Este, pela ação da 
anidrase carbônica, se divide em água e gás 
carbônico. Ao entrarem na célula, a água e o 
CO2 sofrem ação da anidrase e se combinam 
em ácido carbônico, que será dissociado em 
bicarbonato e hidrogênio. O bicarbonato 
será absorvido pelo sangue junto com o só-
dio, por meio do simporte de sódio-bicarbo-
nato. Já o hidrogênio, será secretado pelo 
antiporter Na-H-ATPase. 
Além de ser absorvido junto com o bicarbo-
nato, o sódio também será absorvido junto 
a outros solutos, como: 
a) Glicose, pela bomba de simporte SGLT2. 
b) Aminoácido. 
c) Lactato. 
d) Fosfato. 
e) Ácido úrico. 
Segunda porção 
O sódio será absorvido junto com o cloreto, 
por meio de duas vias: transcelular e parace-
lular. 
 Via Transcelular 
Localizada na parte apical, a bomba de Na-
H-ATPase coloca o sódio para dentro junto 
com o cloreto. Isso ocorre da seguinte 
forma: 
O hidrogênio é colocado para fora, onde se 
combina com um ânion e consegue se difun-
dir para a célula, ou seja, o H+ sai para buscar 
uma carga negativa. Em seguida, o ânion é 
colocado para fora, para que o cloreto possa 
entrar. 
Com a entrada do cloreto, a membrana ba-
solateral permite a absorção de sódio, em 
um antiporter Na-K-ATPase. Dessa forma, a 
absorção do sódio gera um gradiente que 
estimula a absorção do potássio com o clo-
reto. 
 Via Paracelular 
Absorção de cloreto e sódio, ocorrendo em 
menor grau. 
Absorção de água 
A absorção da água se dá em resposta à ab-
sorção dos solutos, que cria um gradiente 
osmótico transtubular. A água é absorvida 
pelas aquaportinas e por junções fechadas. 
Absorção de Proteínas 
Poucas proteínas não são filtradas pelo glo-
mérulo. As que conseguem passar são ab-
sorvidas no TCP. Dessa forma, um achado de 
proteinúria é frequentemente patológico. 
Outras substâncias 
O TCP faz a excreção de substâncias exóge-
nas, produtos finais do metabolismo de fár-
macos e outras substâncias. 
 
 
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Alça de Henle (AH) 
O mecanismo de contracorrente da alça de 
Henle entrega uma urina diluída para o TCD, 
deixando a medula concentrada e, assim, 
possibilitando a ação do ADH (que vai absor-
ver essa água excedente, deixada pela alça 
de Henle). 
Porção descendente da Alça de Henle 
É onde ocorre a absorção de água. Trata-se 
de uma região muito permeável em que a 
água é absorvida pelas aquaporinas. Ao fim 
dessa porção, tem-se uma urina concen-
trada e repleta de sódio. 
Parte ascendente fina 
É impermeável à água e os solutos são ab-
sorvidos facilmente. O NaCl é absorvido pas-
sivamente. 
Porção ascendente espessa 
Tem-se um transporte ativo de solutos. 
a) Bomba Na-K-2Cl: faz um simporte da mem-
brana apical para os solutos serem absorvi-
dos na membrana basolareral. 
É nessa bomba que age a Furosemida. 
b) Bomba Na-H-ATPase. 
c) Na membrana basolateral, temos um sim-
porte de Cl-K e um antiporter de Na-K-
ATPase. 
d) Absorção paracelular: a absorção pela 
bomba Na-K-2Cl acaba gerando um alto gra-
diente elétrico, o qual favorece a absorção 
de outros eletrólitos, como sódio, potássio, 
cálcio, magnésio... 
e) Ainda, o potássio é reciclado, sendo absor-
vido e reciclado. 
 
Ao final da passagem pela alça de Henle, a 
urina se encontra muito diluída. Apesar de 
ter acontecido absorção de água na porção 
descendente da AH, a proporção de eletróli-
tos absorvidos nas porções ascendentes é 
muito maior, o que deixa a urina hipocon-
centrada. 
Na divisória da porção ascendente da 
AH com o túbulo contorcido distal, 
temos a mácula densa. Ela entra em contato 
com as células especializadas da arteríola 
aferente, no aparelho justaglomerular, e in-
forma como está a absorção de sódio nesse 
segmento do rim. A partir dessa informação, 
podem surgir respostas, como a dilatação ou 
contração da arteríola aferente e a ativação 
do sistema renina-angiotensina-aldoste-
rona. 
Túbulo Contorcido Distal (TCD) 
Nessa fase, teremos uma bomba de sim-
porte Na-Cl, que vai absorver estes dois íons 
na membrana apical. 
É onde atua a hidroclorotiazida e onde acon-
tece a regulação tubular do cálcio, sob a 
ação do PTH. 
Túbulo Coletor (TC) 
Porção cortical 
Tem-se uma bomba de aldosterona, que ab-
sorve sódio e excreta potássio ou hidrogê-
nio. É nessa bomba que age a espironolac-
tona. 
Existem dois tipos de células: 
a) Principais: reabsorvem sódio e excretam 
potássio; 
b) Intercaladas: excretam hidrogênio e, even-
tualmente, bicarbonato. Adicionalmente, a 
bomba K-H-ATPase absorve potássio e ex-
creta hidrogênio. 
Ambas as células sofrem ação da aldoste-
rona. 
Porção Medular 
A urina chega diluída nessa região e, por 
isso, é a hora da ação do ADH. Ele vai absor-
ver a água pelas aquaporinas, reduzindo a 
diurese. 
 
 
 
 
 
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Regulação renal do Cálcio e do Fósforo 
O cálcio não pode ficar baixo. Caso isso acon-
teça, os receptores sensíveis ao cálcio 
(CaSR), localizados nas glândulas paratireoi-
des e nos rins, emitem um sinal. Quando os 
CaSR sinalizam, o PTH é estimulado a ser se-
cretado. O PTH, junto com a vitamina D, faz 
a degradação osteoclástica da matriz óssea, 
liberando cálcio e fosfato no sangue. Nos 
rins, o PTH estimula a absorção de cálcio, 
inibe a absorção de fosfato e estimula a sín-
tese de vitamina D. Nos rins, a vitamina D es-
timula absorção do cálcio e do fosfato. 
Ao mesmo tempo que o PTH, em sua função 
óssea, convoca o seu parceiro, Vitamina D, 
ele também estimula a produção dessa vita-
mina em sua função renal. 
 
Cálcio no Rim 
Reabsorção no TCP 
Ocorre majoritariamente pela via paracelu-
lar (80%), mas também pela via transcelular 
(20%). Uma parte acaba entrando pela 
membrana apical, devido ao gradiente quí-
mico favorecido. Na membrana basolateral, 
tem-se a bomba Ca-ATPase ou a 3Na-Ca. 
Via paracelular: mecanismo de tração pelo 
solvente, feito pela força da água. 
Reabsorção na Alça de Henle 
Atuação da bomba de Na-K-2Cl. A absorção 
do sódio gera um gradiente que favorece a 
entrada do cálcio pela via paracelular. Assim, 
o cálcio entra pelo fluxo de sódio. 
Reabsorção no TCD 
O cálcio é absorvido pela TRPV5/TRPV6. Na 
célula, a calbindina cobre o cálcio e o trans-
porta da membrana apical para a membrana 
basolateral, onde será expulso pela Ca-
ATPase ou 3Na-Ca. 
 
Regulação de Cálcio nos rins 
Quando os CaSR detectam varrições nas 
concentrações de cálcio. Se tiver pouco cál-
cio, ativa o PTH; se em excesso, diminui a ati-
vidade do simporte Na-K-2Cl, reduzindo a 
absorção de cálcio. 
Fosfato 
Reabsorção no TCP 
O TCP absorve 80% do fosfato, exclusiva-
mente pelavia transcelular. Na membrana 
apical, temos a bomba Na-P; na membrana 
basolateral, antiporter dos ânions inorgâni-
cos do fosfato. 
Regulação do Fosfato nos rins 
PTH inibe a reabsorção de fosfato; 
Vitamina D estimula a reabsorção de fosfato; 
Corticoide aumenta a excreção de fosfato; 
GH reduz a excreção de fosfato. 
Regulação renal do Potássio 
Quem coloca o Potássio para dentro 
Catecolaminas 
Agem nos receptores adrenérgicos. A epine-
frina ativa os receptores β2. Daí, agonistas 
de β2 (como o Sulbutamol) podem ser utili-
zados para tratar hipercalemia, bem como 
β-bloqueadores podem ser usados para au-
mentar os níveis de potássio. 
Insulina 
Para não causar hipoglicemia, é adminis-
trada juntamente com a glicose. 
Aldosterona 
Quem retira o Potássio da célula 
Distúrbios metabólicos de pH 
Na tentativa de regulação, o corpo tenta 
tamponar pela troca de potássio por hidro-
gênio. 
 
 
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a) Acidose metabólica leva a altos níveis de 
potássio. 
b) Alcalose metabólica leva a baixos níveis 
de potássio. 
Líquido Extracelular Hipertônico 
Lise Celular 
Hemólise, rabdomiólise 
Potássio pelo rim 
É filtrado livremente no glomérulo, sendo 
que apenas 15% do filtrado será excretado. 
Absorção 
TCP – 67% da absorção de potássio. 
AH – ascendente espessa absorve 20%. 
Secreção 
TCD – Pelas células principais, por ação da al-
dosterona. 
Ação da Aldosterona 
Na membrana basolateral das células princi-
pais do TCD, a aldosterona estimula a bomba 
Na-K-ATPase, jogando sódio para corrente 
sanguínea e potássio pra dentro da célula tu-
bular. 
Além disso, a aldosterona aumenta a expres-
são do ENaC (canais epiteliais de sódio) na 
membrana apical. Aumentando a captação 
de sódio. Os níveis de SGK1, quinases esti-
muladas por glicocorticoides e responsáveis 
por estimular os ENaC, também são aumen-
tados. Adicionalmente, aumentam-se os ní-
veis de CAP1, que também estimula os ENaC. 
Os canais apicais ficam mais permeáveis ao 
potássio, para que este possa sair para o flu-
ido tubular. 
Nas células intercaladas, a aldosterona esti-
mula a excreção de hidrogênio. 
Como resultado de todo esse processo, o 
corpo está hipervolêmico e retém sódio e 
água. Com isso, a excreção de potássio au-
menta e de hidrogênio nas células intercala-
das.

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