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PROPOSTA DE INTERVENÇAO BALLET

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 
UNIDADE ESEFFEGO 
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPIA DO ESTADO DE 
GOIÁS 
 
 
 
ISABELA ALVES CUNHA 
LETÍCIA FERNANDES PEREIRA DE ARAÚJO 
 
 
 
PROTOCOLO DE TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO FOCADO EM 
BALARINOS DE BALLET 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA, 2020 
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 
UNIDADE ESEFFEGO 
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPIA DO ESTADO DE 
GOIÁS 
 
 
 
ISABELA ALVES CUNHA 
LETÍCIA FERNANDES PEREIRA DE ARAÚJO 
 
 
 
PROTOCOLO DE TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO FOCADO EM 
BALARINOS DE BALLET 
 
 
 
 
Trabalho apresentado a Universidade Estadual de 
Goiás – FACULDADE DO ESPORTE ESEFFEGO 
- como requisito parcial para obtenção de nota no 
Curso de Fisioterapia, 6° período, na disciplina 
Estágio de observação VI, sob orientação da 
professora Rina Magnani. 
 
 
 
 
GOIÂNIA, 2020 
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Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO DO BALLET CLÁSSICO ......................................................... 3 
2. CASO CLÍNICO ..................................................................................................... 4 
2.1 Achados da avaliação ......................................................................................... 5 
3. TRATAMENTO ...................................................................................................... 6 
3.1 Curto Prazo ............................................................................................................. 6 
3.2 Médio Prazo .......................................................................................................... 20 
3.3 Longo Prazo .......................................................................................................... 25 
4. REFERENCIAS .................................................................................................... 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO DO BALLET CLÁSSICO 
 O ballet clássico é uma atividade com importantes solicitações físico-motoras, 
integrando exigências gestuais e posicionais consideradas antianatômicas e repercutindo, 
com frequência, em sobrecargas articulares e posturais (FRAÇÃO et al. 1999; SIMAS 
MELO, 2000). 
 No aspecto desportivo, essas solicitações específicas à modalidade de dança podem 
representar fatores de causa extrínseca relacionada à instalação de lesões 
musculoesqueléticas em bailarinos. Outros fatores extrínsecos incluem ainda o tipo de 
piso, a temperatura ambiente e o formato da sapatilha (PICON, 2004). Cabe ressaltar que 
o uso contínuo da sapatilha de ponta consiste em um potencial fator de risco extrínseco 
para o desenvolvimento de lesões e prejuízos no desempenho (LIANZA, 2001). Já os 
intrínsecos consistem em anormalidades anatômicas e biomecânicas, como encurtamento 
muscular, hipermobilidade e fraqueza muscular, características antropométricas, 
flexibilidade e histórico de lesões (DELIBERATO, 2002). 
 Em geral, as exigências do ballet decorrem dos exercícios de aquecimento, alongamento 
e flexibilidade, das quedas, dos saltos, do equilíbrio, das amplitudes extremas de 
movimento, das forças dinâmica, estática e explosiva, dos giros, do trabalho sobre a 
sapatilha de ponta, das resistências aeróbica e anaeróbica, entre outros, na busca pelo 
melhor sincronismo e gestual técnico apurado (FRAÇÃO et al. 1999; LIMA , 1995). 
 O ballet é composto por 9 passes básicos e fundamentais, sendo eles: plié, tendu, jeté, 
fondu, rond de jambe, frappé, grand Battement, adagio e espacate. A posição 
predominante dos pés no ballet é o “En dehors” (para fora), em que é necessário manter 
os calcanhares encostados , associado com uma extrema rotação externa de quadril 
durante a execução dos exercícios. Os movimentos basais do ballet são realizados em 
rotação lateral de quadril, joelho e pé. Estes movimentos exigem força e resistência 
adequada dos músculos abdominais e dorsais, de forma a garantir o equilíbrio corporal e 
a postura correta (PILGERM, et al.,2019). 
 A instalação de lesões é comum a quaisquer modalidades desportivas e, quanto maior 
o número dos fatores de risco, de naturezas intrínseca e/ou extrínseca, mais provável é a 
ocorrência de uma lesão musculoesquelética (GANTUS,2002; BAHR, 2003). No 
contexto epidemiológico, as principais condições em bailarinos clássicos incluem 
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acometimentos tegumentares, como abrasões dérmicas e bolhas, desordens articulares, 
fraturas e afecções lombares (MONTEIRO; GREGO, 2003). 
 Carvalho e colaboradores (2014) afirmam que há um predomínio de lesões articulares 
e musculares nos membros inferiores em bailarinos de ballet clássico, decorrentes de 
exercícios específicos, sendo o maior tempo semanal de prática o principal fator de risco 
para lesão. 
2. CASO CLÍNICO 
Paciente A.R.S., 26 anos, nascido em 15/06/1996, do sexo masculino. Atua como 
publicitário e, anteriormente, como assessor de imprensa. Pratica balé contemporâneo há 
5 anos, com frequência de treinos correspondente a duas vezes por semana nos períodos 
sem apresentações, e cinco vezes por semana em época de apresentação, sendo que a 
duração de cada ensaio é de 3h. Não faz o uso de sapatilha de ponta, apresenta dieta livre 
de restrições e tem a média de 7h de sono por noite. 
Atleta relata o acometimento de tendinite no punho direito há menos de seis meses da 
avaliação, e lesão prévia no joelho causada por impacto de um salto durante treinamento, 
que ainda gera dor e estalos. Apresenta como antecedentes patológicos gastrite e refluxo, 
ambos provenientes de aspectos emocionais relacionados a ansiedade. Nunca passou por 
procedimentos cirúrgicos e não realiza tratamento medicamentoso. 
Como dados antropométricos, relatou peso igual a 56 Kg, altura igual a 1,75 m, IMC 
equivalente a 18,28, indicativo de baixo peso. No exame físico, apresentou FC: 76 pbm, 
FR: 14 ipm e PA: 100 X 80 mmHg. Sua dominância, tanto manual quanto pedal, é do 
membro direito. Durante a inspeção, foi identificada elevação da cartilagem costal das 6° 
e 7° costelas, e na palpação, dor na região do deltoide fibras médias. Possui sensibilidade 
(tátil, térmica e dolorosa) inalterada. Na avaliação das medidas de MMII, apresentou 
simetria baseada nas medidas real (direito: 98cm e esquerdo: 98 cm) e aparente (direito: 
100cm e esquerdo: 101cm). 
Na realização dos testes de retração, apresentou encurtamento de plantiflexores, com 
ênfase nos gastrocnêmios, em ambos os membros, e encurtamento de iliopsoas no 
membro esquerdo. Em relação aos testes especiais, obtiveram resultados positivos os 
testes de gaveta anterior (membro direito), lachman (membro esquerdo) e stress em valgo 
(membro direito). 
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Na avaliação físico-funcional, diante da realização do teste de função do glúteo 
médio, apresentou dificuldade referente ao membro direito, realizando apenas três 
repetições de acordo com a qualidade exigida, fletindo o joelho e oscilando a pelve como 
compensação. O teste de função de rotadores laterais também constatou fraqueza da 
musculatura do membro direito, com menor ADM e contração involuntária de glúteo 
máximo e extensores de tronco para compensar o movimento. 
Por meio da realização da ponte pélvica, foi identificada instabilidade pélvica no lado 
direito, tendo o atleta mantido a posição por apenas 10 segundos sem compensações, 
apresentando intensa oscilação da pelve em direção ao solo a partir dessa marca de tempo. 
Na prancha lateral, também foram observadas oscilações, desta vez de tronco. 
Na avaliação de força, potência e instabilidade dos MMII realizada por meio do Single 
Hop Test e do Crossover Hop Test, obteve pior desempenho nos saltos unipodais com o 
membro direito, com menores distâncias alcançadas e maior instabilidade no momento 
de recepção ao solo. Durante a realização do agachamento, foi evidenciada atitude 
compensatória de adução dos MMII, extensãodos artelhos e rotação externa de quadril. 
2.1 Achados da avaliação 
Escoliose em S: tóracica destro convexa de T6-T12 e tóraco-lombar sinistro convexa 
de T12-L3. 
Inclinação da cabeça para a esquerda 
Ombro esquerdo elevado 
Ombros protusos 
Escápulas aladas 
Maior angulação da cintura do lado esquerdo 
Rotação pélvica à esquerda 
Hiperlordose 
Diminuição da mobilidade total da coluna (Stibor: 58 – 64cm) 
Encurtamento de iliopsoas e gastrocnemios 
Fraqueza de glúteo médio (membro direito) 
Hiperextensão de joelho 
Patelas rodadas lateralmente 
Hálux valgo 
Pé cavo 
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3. TRATAMENTO 
 
3.1 Curto Prazo 
 
OBJETIVOS 
o Promover relaxamento da musculatura acessória da cabeça/pescoço: ECM, 
escalenos e trapézio fibras superiores; 
o Aumentar flexibilidade e mobilidade de tronco; 
o Aumentar flexibilidade dos flexores de quadril; 
o Promover relaxamento e aumentar flexibilidade de plantiflexores; 
o Trabalhar mobilidade dos artelhos; 
o Ativar musculatura intrínseca e dorsiflexora do pé. 
o Iniciar fortalecimento da musculatura dos MMSS (adutores e depressores da 
escápula) e MMII (posteriores de coxa, quadríceps, glúteo médio, rotadores 
laterais da pelve e eversores); 
 
CONDUTAS 
Aplicar técnicas manuais e alongamentos para diminuição de contraturas nos 
músculos ECM, escalenos e trapézio fibras superiores, provenientes da inclinação lateral 
da cabeça e elevação do ombro. 
 
• Liberação miofascial 
 
 
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• Relaxamento do trapézio 
 
 
 
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• Alongamento passivo e ativo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Realizar alongamento da musculatura lateral e posterior do tronco e exercícios 
com materiais que propiciem maior mobilidade à coluna, promovendo distanciamento 
entre as vértebras. 
 
• Alongamento de grande dorsal e quadrado lombar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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• Alongamento dos extensores de tronco 
 
• Alongamento dinâmico da coluna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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• Exercícios com rolos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Realizar alongamentos para diminuir a contratura dos músculos flexores de quadril, 
provocada pela rotação e anteroversão pélvicas. 
• Alongamento de iliopsoas e retofemoral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Aplicar técnicas manuais e alongamentos para diminuir as contraturas na 
musculatura plantiflexora, provocadas pelas posições extremas do tornozelo na 
prática do balé. 
• Liberação miofascial de plantiflexores 
 
 
 
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• Alongamento de plantiflexores 
 
 
 
Aumentar a mobilidade do hálux e diminuir possíveis contraturas provocadas pelo 
valgismo do mesmo. 
• Exercícios dinâmicos 
 
 
 
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• Método Therapy Taping 
 
 
 
 
 
 
 
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 Realizar exercícios para ativação da musculatura dorsiflexora, visando 
redirecionar o pé para medial e, assim, corrigir o arco plantar. 
 
 
 Realizar fortalecimento dos adutores e depressores da escápula a fim de corrigir 
sua posição alada. 
• Romboides 
 
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• Serrátil anterior 
 
• Trapézio inferior 
 
 Fortalecer ísquiostibiais, para corrigir a hiperextensão de joelho; quadríceps e 
glúteo médio, para redirecionamento da patela; rotadores laterais, para melhor 
condicionamento nos movimentos de extrema abdução de quadril; eversores, para 
prevenção de lesões devido a posição de extrema supinação e plantiflexão do tornozelo. 
• Ísquiostibiais 
 
 
 
 
 
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• Quadríceps 
 
 
• Glúteo médio 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Rotadores laterais 
 
 
 
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• Eversores 
 
 
 
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3.2 Médio Prazo 
OBJETIVOS 
o Aumentar flexibilidade de plantiflexores; 
o Aumentar fortalecimento da musculatura dos MMSS (adutores e depressores da 
escápula) e MMII (posteriores de coxa, quadríceps, glúteo médio, rotadores 
laterais da pelve e eversores); 
o Promover o realinhamento da CV e das costelas; 
o Promover o fortalecimento da musculatura que insere no hálux; 
o Estimular descarga de peso na borda medial do pé. 
 
CONDUTAS 
• Exercício para aumentar flexibilidade de gastrocnêmio e sóleo. 
 
• Fortalecimento de adutores da escápula e rombóides 
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• Fortalecimento de posteriores de coxa 
 
 
 
 
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• Fortalecimento de Glúteo médio, rotadores laterais da pelve e quadríceps 
 
 
 
 
 
 
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• Fortalecimento de eversores 
 
 
• Realinhamento de CV 
 
 
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• Fortalecimento da musculatura do hálux 
 
• Estimular descarga de peso na parte interna do pé 
 
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3.3 Longo Prazo 
OBJETIVOS 
o Promover ganho de resistência da musculatura dos MMSS (adutores e 
depressores da escápula) e MMII (posteriores de coxa, quadríceps, glúteo médio, 
rotadores laterais da pelve e eversores); 
o Promover a estabilização da musculatura do tronco; 
o Aumentar o fortalecimento da musculatura que insere no hálux; 
o Estimular a propriocepção reeducativa de MMII; 
o Aumentar condicionamento cardiorespiratório. 
 
CONDUTAS 
• Ganho de resistência muscular de adutores e depressores da escápula 
 
• Ganho de resistência muscular de MMII
 
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• Estabilização da musculatura do tronco 
 
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• Marcha fletida para correção de hiperextensão de joelhos 
 
• Fortalecimento da musculatura do hálux 
 
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• Treino de propriocepção + circuito 
 
 
 
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4. REFERENCIAS 
➢ FRAÇÃO, Vitor; VAZ, Mario; MÜLLER, João Pedro. Efeito do treinamento na 
aptidão física da bailarina clássica. Rev Mov, Rio Grande do Sul, v. 5, n. 11, p. 
5-13, out. 1999. 
➢ LIMA, Lucas. Dança como atividade física. Rev Bras Med Esporte, São Paulo, 
v. 3, n. 1, p. 94-96, 1995. 
➢ PICON , Alberto Paulo. Estudo biomecânico do ballet clássico: Influência da 
sapatilha e do andamento musical no sauté em primeira posição. Escola de 
Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. 
➢ LIANZA, Sérgio. Medicina de reabilitação. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2001. 
➢ DELIBERATO, Paulo Cesar. Fisioterapia preventiva: fundamentos e 
aplicações. São Paulo: Manole, 2002. 
➢ GANTUS, Mario Cardoso; ASSUMPÇÃO, Jurandyr D'Ávila. Epidemiology of 
the injuries of the locomotor system in basketball athletes. Acta Fisiátrica, [s.l.], 
v. 9, n. 2, p. 23-31, jul. 2002. Universidade de Sao Paulo, Agencia USP de Gestão 
da Informação Acadêmica (AGUIA). http://dx.doi.org/10.5935/0104-
7795.20020002. 
➢ BAHR, Rick; HOLME, Ivan. Risk factors for sports injuries: a methodological 
approach. : a methodological approach. British Journal Of Sports Medicine, 
[s.l.], v. 5, n. 37, p. 384-392, mar. 2001. 
➢ MONTEIRO, Henrique Luiz; GREG, Lia Geraldo. As lesões na dança: conceitos, 
sintomas, causa situacional e tratamento. Motriz, Bauru, v. 9, n. 2, p. 63-71, ago. 
2003. 
 
http://dx.doi.org/10.5935/0104-7795.20020002
http://dx.doi.org/10.5935/0104-7795.20020002

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