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6
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
CAMILA MORAES ANTONIO
GÉCIA ALINE GARCIA
JOHNY ALBERTO DE OLIVEIRA E SILVA
JOSUÉ FRANCISCO PERINI
JULIA MARINA DE LARA
LUIZA CANALES BECERRA
MICHAEL DOS SANTOS MATIAS
SAVIUS MIGUEL POVALUK
VIKINGS
CURITIBA
2012
CAMILA MORAES ANTONIO
GÉCIA ALINE GARCIA
JOHNY ALBERTO DE OLIVEIRA E SILVA
JOSUÉ FRANCISCO PERINI
JULIA MARINA DE LARA
LUIZA CANALES BECERRA
MICHAEL DOS SANTOS MATIAS
SAVIUS MIGUEK POVALUK
VIKINGS
Trabalho acadêmico apresentado à disciplina deProjeto Integrador II, do curso de Licenciatura em História, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Orientador: Professor Wilson Maske.
CURITIBA
2012
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	3
1 ORIGEM DOS VIKINGS	4
2 ORGANIZAÇÃO POLÍTICA	6
2.1 EXPANSÃO VIKING	7
3 A ECONOMIA DOS VIKINGS	9
4 SOCIEDADE VIKING	13
5 CULTURA VIKING	16
5.1 AS EMBARCAÇÕES E A TECNOLOGIA	16
5.2 O GUERREIRO E SEU EQUIPAMENTO	16
5.3 RUNAS	17
5.4 OS FUNERAIS E ENTERROS	18
5.5 OS POETAS DA ERA VIKING	18
7 RELIGIÃO	20
8 O LEGADO DOS VIKINGS	23
CONCLUSÃO	26
REFERÊNCIAS	27
INTRODUÇÃO
Com a decadência e posterior queda do Império Romano,deu-se invasão do território antes dominado por Roma por inúmeros povos ditos “Bárbaros”. Dentre eles estavam os Vikings, que ao contrário do que se pensa não constituía apenas um povo, mas sim composto de vários grupos diferentes habitantes da Escandinávia, que compartilhavam a mesma língua, religião e costumes. 
Colonizadores, mercadores e invasores implacáveis, os Vikings irromperam da Escandinávia para aterrorizar a Europa em embarcações velozes entre os séculos IX e XI – A Era dos Vikings. Isso é o que se conhece com base nos escritos dos sobreviventes, das descrições da cultura popular e mesmo de suas próprias sagas épicas - a história de invasores brutais e impiedosos atacando a partir dos mares do norte. Mas os vikings foram mais do que invasores e saqueadores. Eles foram a peça-chave de uma rica cultura escandinava que não apenas devastou parte da Europa, mas também a colonizou. Os vikings fundaram Dublin, conquistaram a Normandia, controlaram mais da metade da Inglaterra eaté descobriram e se estabeleceram na América do Norteséculos antes de Cristóvão Colomboexistir. Eles também estabeleceram lucrativas rotas de comércio que chegaram tão longe quanto ao norte da África. 
Levando esses fatores em consideração, vamos através desse trabalho procurar entender quem eram os verdadeiros Vikings, de onde vieram, como era sua cultura e costumes, religião e organização social, tudo pautado por texto com uma linguagem clara e de fácil entendimento.
1 ORIGEM DOS VIKINGS
Embora o termo viking seja usado de maneira geral para descrever o povo da Escandinávia durante o período medieval, na realidade ele é o nome de uma profissão - é como se chamássemos todo o povo da Espanha ou da França de piratas. Entre os escandinavos também havia exploradores, agricultores, pescadores e mercadores - não apenas vikings. O povo normalmente chamado de viking era, na realidade, composto de vários grupos diferentes, incluindo dinamarqueses, suecos e noruegueses, que também eram divididos em reinos menores.[footnoteRef:2] [2: BRONDSTED, Johannes. Os Vikings: história de uma fascinante civilização. São Paulo: Hemus, 2004.] 
Os verdadeiros vikings eram todos homens. Eles usaram sua experiência em marinharia e batalhas para fazer incursões nas cidades e igrejas dos reinos vizinhos. Essas incursões eram parte de uma cultura bélica que enfatizava a batalha como um meio de um homem colocar a si mesmo à prova.
Ir a tais incursões era conhecido como ir "i viking". A verdadeira origem da palavra está perdida na história e há muitas teorias contraditórias. 
Algumas sugerem que é derivada do idioma nórdico antigo, vikingr, que significa "pirata". No entanto, é provável que vikingr tenha se originado com as vítimas dos vikings e só mais tarde tenha sido adotada pelos próprios vikings. A palavra também pode ter se originado da palavra wic, do inglês antigo, que significa "porto de comércio", referindo-se ao hábito dos vikings de atacar esses lugares. Outra teoria ainda sugere que ela é baseada na palavra nórdica vik, significando "baía" ou "massa de água" ou uma palavra de sonoridade similar que significava "dirigir-se para longe" ou "partir em uma jornada". [footnoteRef:3] [3: GRABIANOWSKI, Ed. Como funcionavam os Vikings.HowStuffWorks Brasil. Disponível em: http://pessoas.hsw.uol.com.br/viking2.htm. Acesso 28 out. 2012] 
Em todo caso, a concepção moderna do termo viking vem dos registros históricos da época feitos pelos dignitários da igreja, as pessoas mais instruídas daquele período. Os vikings costumavam atacar igrejas devido a sua opulência. Os cristãos ficavam horrorizados com esses ataques porque, com isso, aviltava-se a santidade de tais lugares. Como resultado, a maioria dos registros escritos remanescentes vem de relatórios cristãos de prestação de contas e descreve os vikings sob uma luz particularmente desagradável. Isso não quer dizer que essa descrição seja injustificada - os ataques Viking às cidades e às igrejas européias eram realmente brutais, mas isso representa apenas um aspecto da cultura escandinava.
2 ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
As características mais marcante dos povos Vikings no que diz respeito a sua política é que todos eles adotavam a monarquia, mas na grande maioria dos casos, uma monarquia em moldes atuais, ou seja, semelhante às monarquias parlamentares de hoje em dia.
Os reis tinham pode absoluto no que dizia respeito às guerras, regiões dominadas e tudo que tivesse ligação com os domínios de seu reino. Ele não podia criar leis, ou mesmo julgar pessoas, estas tarefas estavam delegadas às Althings, ou simplesmente Things:
As Althings eram um reunião de todos homens livres (mulheres, crianças e escravos não participavam) do Reino. Em cada localidadedo Reino existia uma Althing, o que significava que mesmo no caso de domínios pequenos, as leis e o sistema judicial poderia variar de uma cidade ou região para outra, dentro de um mesmo Reino. O rei só poderia tratar da economia e de assuntos das regiões dominadas.[footnoteRef:4] [4: FIGUEIREDO, Danilo José. Vikings: mais que um povo, um ideal. Revista Klepsidra online. Disponível em: <http://www.klepsidra.net/klepsidra2/vikings.html>. Acesso em: 27 out. 2012.] 
Baseado nesse sistema, se configurou uma forma de democracia primitiva, onde o reino era dividido em distritos, e dentro desses distritos havia uma reunião regular de uma assembleia geral (Things). “Reis, nobres, homens ricos, guerreiros, mercadores e agricultores tinham todos tecnicamente uma voz igual nos procedimentos, que podiam incluir decisões políticas, disputas de terra e julgamentos de criminosos”[footnoteRef:5] . Entretanto, aqueles que tinham mais riqueza e poder exerciam mais influência que os outros e havia alguns procedimentos formais: [5: GRABIANOWSKI, Ed. Como funcionavam os Vikings.HowStuffWorks Brasil. Disponível em: <http://pessoas.hsw.uol.com.br/viking6.htm>. Acesso em: 28 out. 2012.] 
Se uma disputa não pudesse ser decidida, eles frequentemente recorriam a duelos ou provas conhecidas como ordálios(negrito do autor).Em um ordálio, alguém podia receber a ordem de caminhar sobre a água ou segurar ferro quente. Se a pessoa permanecesse incólume, era considerada inocente graças aos deuses olhando para ela. [footnoteRef:6] [6: Ibid] 
Em relação à sucessão era sempre dada de forma conturbada, os homens mais poderosos do reino travavam guerras de influências para ver quem iria suceder o rei morto, já que a sucessão hereditária só foi instituída no século XIV[footnoteRef:7]. Segundo Brondsted[footnoteRef:8] issotodavia não garantia a exclusão dos filhos do rei na linha de sucessão. Muitas vezes o filho do rei herdava seu trono, ou por se acreditar que ele teria os mesmos valores admirados por seu pai, ou então porque o rei deixara homens de confiança para assegurar ao filho o tronoapós sua morte. “Essa situação era mais comum quando o rei morria em campo de batalha, pois devido a necessidade de coroar outro rei rapidamente(para não desorganizar as tropas), escolhia-se o filho do rei como sucessor” [footnoteRef:9] [7: BRONDSTED, Johannes. Os Vikings: história de uma fascinante civilização. São Paulo: Hemus, 2004.
] [8: Ibid] [9: Ibid, p. 100.] 
2.1 EXPANSÃO VIKING
As primeiras investidas dos vikings foram em colônias na própria Escandinávia. Depois dos ataques, os vikings retornavam para casa com seus despojos. Por fim, começaram a estabelecer postos avançados de comércio nas terras atacadas, como a Irlandae a Inglaterra. Esses postos também serviam como pontos de lançamento de novos ataques. “Os vikings conquistavam e mantinham parte do território que atacavam”. [footnoteRef:10] [10: GRABIANOWSKI, Ed. Como funcionavam os Vikings.HowStuffWorks Brasil. Disponível em: <http://pessoas.hsw.uol.com.br/viking2.htm>. Acesso em: 28 out. 2012.] 
Em 839, um viking dinamarquês conquistou Ulster na Irlanda, estabeleceu uma colônia - que um dia se tornaria a cidade de Dublin - e coroou a si mesmo rei[footnoteRef:11]. Com o tempo, os pequenos grupos de ataque vikings se tornaram exércitos. Eles navegavam rio acima ou marchavam pela terra, avançando pelo interior, distante dos locais costeiros que normalmente atacavam. Os vikings até sitiaram Paris e provavelmente a teriam capturado se o povo não tivesse pago um resgate. [11: FIGUEIREDO, Danilo José. Vikings: mais que um povo, um ideal. Revista Klepsidra online Disponível em: <http://www.klepsidra.net/klepsidra2/vikings-2.html>. Acesso 28 out. 2012.
] 
O exército viking na França provocou grandes problemas, continuamente atacando e sitiando cidades. O rei franco Charles, o Simples, finalmente fez um acordo com um líder viking chamado Rollo. Sob a condição de que se convertesse ao cristianismo, Rollo foi agraciado com o território hoje conhecido como Normandia que em sua forma original significava algo como "terra dos homens do norte". Alguns escandinavos se estabeleceram na área e gradualmente se mesclaram com a cultura francesa que os rodeava. [footnoteRef:12] [12: HEYMANN, Gisela. Vikings a fúria nórdica. Super Interessante.v. 6, n. 12, p.-78, dez., 1992.] 
Vikings dinamarqueses controlaram cerca de metade da Inglaterra do fim do século IX até o século XI. Essa área era conhecida como Danelaw (lei dinamarquesa). Ela não foi um reino totalmente viking - antes, as leis dinamarquesas dominavam devido à influência de vários lordes escandinavos. A quantidade de postos diretos de governo dos líderes vikings sobre a região variou ao longo das décadas.
Enquanto isso, a Irlanda foi conquistada, retomada, reconquistada e tomada novamente por várias facções escandinavas e povos celtas. Por fim, os celtas na Irlanda e os anglo-saxões na Inglaterra absorveram o povo nórdico que veio para viver com eles (e às vezes dominá-los) através de casamentos e adoção de costumes e tradições. Essas pessoas adotaram o cristianismo prontamente, ainda que a religião tenha se difundido mais lentamente na própria Escandinávia.
Os Vikings conquistaram a maior parte da Irlanda e grandes partes da Inglaterra, viajaram pelos rios da França, Portugal e Espanha e ganharam controle de áreas na Rússia e na costa do Mar Báltico. Houve também invasões no Mediterrâneo e no leste do Mar Cáspio e há indícios que estiveram na costa do novo continente, fundando a Efêmera colônia de Vinland, no atual Canadá.[footnoteRef:13] [13: Ibid, p. 77.] 
3 A ECONOMIA DOS VIKINGS
A sociedade Viking era composta de um rei, o cargo mais elevado, de proprietários de terra e homens abastados, de homens livres que no geral serviam o exército, porém, sem muitas propriedades, e de escravos. A economia Viking era bastante variada, mas pode-se notar a predominância das atividades marítima tanto de cunho comercial quanto de cunho bélico, o que muitas vezes resultava em saques e em alianças comercias importantes para esta sociedade.
A vida voltada para os mares também estabeleceu a pirataria como outra importante atividade econômica. Em várias incursões realizadas pela Europa Continental, os vikings saquearam e conquistaram terras, principalmente na região da Bretanha, que hoje abriga do Reino Unido. Cronologicamente, a civilização viking alcançou seu auge entre os séculos VIII e XI. [footnoteRef:14] [14: SOUSA, Rainer. Viking. História do Mundo. Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/viking>. Acesso 28 nov. 2012.] 
Nas vilas, as famílias viviam em comunidade onde, no geral, os homens se ocupavam da caça, da guerra os dos saques, enquanto as mulheres tomavam conta do lar bem como praticavam o comércio, segundo Danilo José Figueiredo:
As mulheres tinham a função de ajudar os maridos, além de cozinharem e fazerem as roupas para toda a família. Quando os maridos se ausentavam caçando ou guerreando (não só os soldados profissionais lutavam nas guerras, o grosso dos contingentes era de homens do povo), as mulheres se tornavam as chefes do lar, não só defendendo-o contra invasores e bandidos, mas também comerciando com os mercadores. [footnoteRef:15] [15: FIGUEIREDO, Danilo José. Vikings: mais que um povo, um ideal.Revista Klepsidra onlineDisponível em:<http://www.klepsidra.net/klepsidra2/vikings-2.html>. Acesso 28 nov. 2012.] 
As atividades dentro das aldeias eram divididas, existiam ferreiros, artesãos, a maioria dos homens que trabalhavam na agricultura, e homens dedicados à guerra, soldados e os homens comuns do povo. “As campanhas militares eram geralmente no inverno, pois assim os homens do povo podiam integrar os exércitos sem terem prejuízos maiores, pois teriam feito as colheitas em suas fazendas”.[footnoteRef:16] [16: Ibid] 
As cidades maiores da Noruega, no geral não tinham produção agrícola própria e comercializavam com o interior por alimentos; o comercio ali, configurava como a principal fonte de renda. Os comerciantes poderiam adotar as vestimentas de outros povos para que não causasse estranheza. Levavam balanças portáteis e dobráveis para pesar a prata já que negociavam com diferentes moedas. Os escandinavos apenas cunharam suas próprias moedas a partir do século XI. Nas Escandinávia já foram encontradas cerca de 85000 moedas islâmicas e persas da época da dinastia Samanid que governou o Turquistão no século X. O escambo não era o único meio de troca e nem o mais seguro, a melhor forma de travar compras e vendas juntas era por meio da pesagem do metal puro. As moedas poderiam ser quebradas até que a balança se equilibrasse. 
Para comercializar peles em Birka ou Kaupang, uma moeda de prata valia exatamente o mesmo que um peso de prata não cunhado [...] Portanto, não havia hesitação em partir moedas em pequenos segmentos quando necessário. Braceletes ou hastes de prata não trabalhada, em forma de espiral e encaixadas seguramente ao redor do pulso - não existiam bolsos - eram outra forma de transportar capital (tradução nossa). [footnoteRef:17] [17: ALMGREN, Bertil; CHARLOTTE, Blindheim; ELDDJÁRN, Kristján. The Viking. [s.n]: Crescent Books, 1978.p. 176.] 
Os povos Vikings foram muito reconhecidos por sua habilidade naval, eles construíam bons navios, os primeiros movidos com o vento, e eram utilizadostanto para as guerras quanto para o comércio, 
Os progressos no desenho de suas embarcações lhes proporcionaram um novo domínio dos mares que rodeiam o nordeste da Europa, de que se valeram para o comércio. O crescimento da população levou esse povo a navegar por outros mares e não apenas para praticar o comercio, mas para morar.[footnoteRef:18] [18: PITTA, VALTER. O Comércio Viking na Europa. Blog Povoviking. Disponível em: <http://povoviking.blogspot.com.br/2010/10/o-comercio-viking-na-europa.html>. Acesso 28 nov. 2012.] 
A tecnologia dos barcos os tornava flexíveis, leves e ágeis. Poderiam cruzar qualquer rio da Europa, mares e o oceano Atlântico. Seu casco pouco submergia, facilitando a travessia por aguas rasas. As velas eram painéis quadradosde lã tratados com resina semelhante ao piche e pesava em média 500 quilos. Os navios cargueiros poderiam transportar até 24 toneladas e navegavam a 24 km/h. Nesses deslocamentos marítimos trinta mil pessoas chegaram a Islândia em barcos Vikings saindo da Escandinávia em busca de melhores condições de vida, terras férteis e menores impostos.
No mar, o comércio nas diversas regiões era movido por trocas, que geralmente era feitas da seguinte forma: “Compravam bens materiais, como prata, seda, especiarias, vinho Âmbar, joias, metais, vidro e cerâmica. Vendiam itens como mel, estanho, trigo, lã, madeira, ferro, peles, couro, bacalhau e marfim de morsa”[footnoteRef:19]. [19: PITTA, VALTER. O Comércio Viking na Europa.Blog Povoviking. Disponível em: <http://povoviking.blogspot.com.br/2010/10/o-comercio-viking-na-europa.html>. Acesso 28 nov. 2012.] 
Existiam muitos centros comercias que eram considerados de extrema importância como, Birka, Ahu, Turso, RibeHedebyetc; as rotas comerciais criadas por eles ligavam o mar do norte a cidade de Bizâncio, o mar Cáspio e as rotas das caravanas de Bagdá, tornando Kiev, que ficava ao centro dessas rotas e permitia a ligação entre oriente e ocidente, já que as rotas pelo mediterrâneo já não eram mais tão seguras, uma das cidades mais prósperas da época. A respeito de Hedeby:
O seu caráter internacional refletia-se nos objetos encontrados ali, procedentes de todo o mundo viking e de fora dele, compreendendo até alguns de Bagdá. As escavações dentro da zona do porto ampliaram muito os nossos conhecimentos sobre a natureza da navegação viking e a construção de molhes e de fortificações portuárias.[footnoteRef:20] [20: FERREIRA FH., O.A. Hedeby. Portal Templodeapolo.net, Porto Alegre-RS. Disponível em: <http://www.historia.templodeapolo.net/cidades_ver.asp?Cod_cidade=180&value=Hedeby&civ=Civilização Viking#topo>. Acesso 28 nov. 2012.] 
Os Vikings também realizavam saques, e principalmente como uma forma de subsistência, devido à precariedade de sua terra de origem que era muito fria e dificultava de certo modo as colheitas; eles eram considerados um povo guerreiro e bastante violento.
Os escandinavos certamente não eram o único povo de sua época a invadir e saquear seus vizinhos, mas faziam isso com maior freqüência e com uma eficiência brutal não encontrada em outras culturas. O que os induziu a ser i viking? Há várias teorias diferentes e provavelmente nenhuma explica isso por completo. Uma combinação de vários fatores possivelmente provocou o comportamento sanguinário dos vikings. [footnoteRef:21] [21: GRABIANOWSKI, Ed. Como funcionavam os Vikings.HowStuffWorks Brasil. Disponível em: <http://pessoas.hsw.uol.com.br/viking4.htm>. Acesso28 out. 2012.
] 
Além dos produtos alimentícios e bens duráveis os vikings também comercializavam escravos. 
O imperador Constantino fala de um outro artigo, além das já mencionadas: escravos. Nós não sabemos de onde, nem como, comerciantes Vikings mantinham esse artigo escondido. Pode-se supor que eles ou os levavam como prisioneiros de guerra, ou eram pegos em caçadas a escravos (tradução nossa). [footnoteRef:22] [22: ALMGREN, Bertil; CHARLOTTE, Blindheim; ELDDJÁRN, Kristján. The Viking. [s.n]: Crescent Books, 1978.p. 25.] 
Naquela época havia um famoso mercado internacional de escravos em Hedeby. Os missionários cristãos que viviam pelas proximidades observavam com dor seus irmãos de fé serem vendidos ali.
4 SOCIEDADE VIKING
A sociedade Viking era muito estratificada. Dentro de cada região da Escandinávia, havia uma estrita hierarquia com um chefe ou rei no comando e uma aristocracia que servia de apoio ao seu poder. Abaixo, estavam os fazendeiros, comerciantes e pescadores. No estrato mais inferior, os escravos. Juridicamente, só existiam os homens livres e os não-livres (escravos), sendo que os primeiros eram protegidos pela lei e podiam participar das Things (assembleias). A estrutura social não era rígida, assim, um escravo poderia adquirir liberdade, assim como um fazendeiro poderia se tornar um nobre.
O rei (konungr) era basicamente um chefe militar, religioso e administrador que garante a paz no seu território. No início da Era Viking, quando toda a Escandinávia era dividida em muitos clãs, um chefe local tornou-se rei apenas porque foi nomeado por outros chefes nas assembleias. Nos últimos momentos da Era Viking, a monarquia se transforma em um instrumento mais poderoso, unificador e centralizador, e a herança tornou-se regra, ao invés da nomeação. Mas se o poder real era hereditário nesse momento, a sucessão de pai para filho não era garantida. Assim, outro membro da família poderia disputar a sucessão, originando violentos conflitos. A fonte de toda essa riqueza, no início da Era Viking, era a posse das terras, nos produtos e impostos pagos pelos trabalhadores, as receitas reais começaram a ser adquiridas com impostos mercantis e alfandegários. A cunhagem de moedas foi uma típica atividade demonstradora de poder político e econômico, por parte da realeza nórdica. 
Segundo MikaelAgaton, os vikings não foram apenas guerreiros e piratas, mas também comerciantes, agricultores, artistas, ourives, exploradores e colonizadores. Para a sociedade escandinava, um bom poeta era tão respeitado quanto um grande guerreiro[footnoteRef:23]. [23: AGATON, Mikael. The Viking Saga. Denmark/Norway: Agaton Film Television: Sveriges Television, 1998.
] 
A classe dos nobres (jarls) formava a base da aristocracia, que também era hereditária. Todas as propriedades, família e bens legais passavam para o filho mais velho. Esta classe exercia uma influência muito grande nas assembleias regionais. Eram os constituidores do principal suporte militar de uma comunidade. Formavam a base dos chamados chefes locais (lendrmadr), que exerciam autoridade em nome do rei. Os homens usavam mantos finos de lã, presos aos ombros por sofisticados broches, cobrindo túnicas muito belas. As espadas possuíam um fino acabamento nos punhos. Suas damas ostentavam broches, colares e braceletes de prata e ouro. O principal traje feminino era uma única túnica fina, comprida ou curta.
A classe mais numerosa da Escandinávia Viking era a dos karls, todos os nórdicos que não eram escravos e nem nobres. Podiam possuir e usar armas, assistir e falar no Thing. A maioria dos karls eram granjeiros ou fazendeiros, chamados de bóndis. Mas havia também os pescadores, comerciantes, construtores de navios, ferreiros, artífices, carpinteiros, etc. Os bóndi podiam também ser muito ricos, devido à quantidade de terras, podiam ter escravos e o controle total de suas propriedades, ao contrário do feudalismo reinante na Europa da época. Outra forma de reafirmar seu prestígio eram as alianças com os jarls. A classe dos karls servia como reserva de combatentes dos exércitos reais, convocados em época de grandes conflitos ou invasões estrangeiras.
Os escravos tinham o nome de thrall e eram fundamentais para a economia. Executavam os trabalhos menos valorizados e não possuíam mais direitos do que um cavalo ou um cão, pois pela lei, eram propriedades. Seus donos tinham poder de vida e morte sobre eles, e até o advento do cristianismo, matar um escravo não era considerado crime, especialmente as mulheres (muitas das quais eram oferecidas a sacrifícios religiosos). A escravidão podia ser uma pena imposta para pessoas capturadas em outros países, punições para certos crimes, pagamento de dívidas ou, simplesmente, pessoas nascidas em servidão, pois ela também era hereditária. Alguns homens livres podiam ser convertidos em escravos por dívidas, e após o saldo desta, voltavam a ser livres novamente. Praticamente em todas as propriedades escandinavas existiam servos e escravos. Os escravos podiam comprar sua liberdade, mediante cultivo de lotes de terra concedidos por seus proprietários. Não existem indícios arqueológicos de sepultamento de escravos. Possivelmente, após a sua morte, o corpo do escravo era simplesmente desfeito sem qualquer cerimônia. Um dos grandesentrepostos Vikings para vendas de escravos foi na região do Volga, e eles serviam como mercadoria de troca para o comércio com o califado abássida de Bagdá. A instituição da escravidão desapareceu da Escandinávia entre os séculos 12 e 14 de nossa Era.
A noção de família (fjolskylda) era diferente da moderna: numa mesma casa, moravam os avós, pai, mãe, irmãos e primos do pai, crianças e os escravos. Todas as pessoas de uma família comiam, dormiam, trabalhavam e cozinhavam dentro das residências, em um único aposento sem divisões. O ambiente interior das residências era muito escuro e insalubre. Somente os ricos viviam em casas confortáveis.
Os filhos mantinham uma relação muito estreita com os pais, e mesmo após o casamento continuavam a trabalhar na fazenda da família paterna. Os membros de uma fjolskylda mantinham obrigações de suporte mútuo. Se a honra da família era maculada, os membros deveriam defendê-la, mesmo em casos de assassinato ou injúria contra um membro dela (no caso, a realização da vingança de sangue). A família era responsável pelo suporte material de todos os membros, principalmente aqueles que pela idade ou doença, não podiam trabalhar.
Como em muitas culturas, as crianças Vikings brincavam com miniaturas que imitavam a vida adulta, como espadas e armas de madeira, além de jogos de tabuleiro e de bola. A educação formal era desconhecida. O pai tomava toda a responsabilidade da educação. Algumas crianças eram tratadas com muita severidade, outras com mais tolerância. Desde muito cedo, as crianças colaboravam diretamente nos trabalhos das fazendas, artesanato ou negócios. Posteriormente, com o avanço da idade, são incumbidos de tarefas apropriadas para seu sexo, como exemplo, fiação e tecelagem para as garotas e metalurgia para os garotos. Entre os 13 e 19 anos, ocorre a passagem para a vida adulta. Na aristocracia e realeza, garotos são convocados para atuarem na política e guerra na metade da adolescência.
5 CULTURA VIKING
5.1 AS EMBARCAÇÕES E A TECNOLOGIA
Acima de tudo, os Vikings foram um povo construtor de navios e uma culturadedicada ao mar. A expansão de sua civilização e de suas conquistas se deve diretamente ao seu conhecimento em tecnologia náutica. Existiam vários tipos de navios, sendo os mais comuns o langrskip (navio longo, chamado também de herskip), utilizado para guerra, e o knorr, para fins comerciais. O tipo de embarcação mais numerosa nos tempos vikings eram os botes, utilizados para pescaria, transporte de pessoas entre as cidades e o litoral e comércio. Os ataques relâmpagos eram possíveis graças à enorme rapidez e extrema maneabilidade das embarcações longas. O segredo da pirataria bem sucedida: navios ágeis e velozes. 
Para orientar a navegação em alto mar, os marinheiros utilizavam a experiência geográfica, memória, observação das rotas das aves marinhas e peixes, variação da cor da água, astronomia e o uso de equipamentos. Não existiam cartas náuticas e nem o conhecimento da bússola magnética. Direções eram calculadas em relação ao Sol e Lua direção do vento e à ondulação. 
5.2 O GUERREIRO E SEU EQUIPAMENTO
Todos os homens livres tinham o direito de usar armas nas sociedades nórdicas. Mas nem todos recebiam um treinamento específico para a guerra, como no caso dos jarls. A espada era a melhor de todas as armas, muito apreciada pelo seu poder de combate e como símbolo de posição social: quanto maior o status do guerreiro, mais magnífica era a espada. Algumas lâminas eram importadas dos Francos (Ulfberht), mas o restante da espada era confeccionada na própria Escandinávia.
As facas curtas de combate, de um só gume, eram concebidas para serem espetadas no inimigo, em combates corpo a corpo. Seu uso era cotidiano para qualquer tipo de escandinavo, mesmo as mulheres, pois também era uma arma dedefesa, caça e pescaria. O machado é a arma mais associada aos guerreiros Vikings, mas seu uso era mais frequente em atos de pirataria e incursões marítimas do que em frentes de batalhas. Seu uso foi muito popular na primeira Era Viking, pelo fato de ser tanto utilizado na agricultura quanto nas empreitadas predatórias (os machados de “barba”), visto que a maioria da tripulação não tinha recursos para adquirir espadas.
Todos os capacetes de combate dos escandinavos encontrados até hoje possuem forma cônica, esférica e sem nenhuma protuberância. Alguns possuíam proteção nasal, enquanto outros tinham adaptação para cotas de malha descendo sobre o pescoço. Os escudos eram feitos de madeira, com uma saliência de metal no meio, para proteger as mãos. Possuíam forma redonda e protegiam o corpo desde o ombro até as coxas, cerca de um metro de diâmetro. O canto dos escudos era reforçado com uma faixa de ferro. 
5.3 RUNAS
As runas são os alfabetos dos povos germânicos, inventados a partir de 200 d.C. no norte da europa. Inicialmente eram apenas textos simples e curtos. Somente com o advento da Era Viking, as runas foram empregadas para textos longos, geralmente talhadas em suportes pétreos (estelas, monumentos funerários), madeira, ossos e couro. As runas eram empregadas para uso jurídico, comemorativo, genealógico e em algumas ocasiões, finalidades mágico-religiosas. Em muitos rituais, as runas eram gravadas enquanto eram recitadas fórmulas mágicas (galdr) e eram pintadas com o sangue de animais sacrificados (blóts). 
5.4 OS FUNERAIS E ENTERROS
Na Escandinávia pré-cristã, existiam duas formas básicas de enterro: os de cremação e os de inumação (sepultamento do corpo). Nos dois tipos de enterro, os corpos eram conservados com a roupa do uso cotidiano, e estavam providos com pertences e utensílios. As práticas funerárias, assim como os rituais religiosos, variavam conforme a classe social e a região da Escandinávia. Quanto mais rico o indivíduo, mais elaborado o funeral e maior a quantidade e qualidade dos objetos depositados no jazigo mortuário.
Nas cremações, o corpo que ia ser incinerado era vestido e adornado com jóias e os objetos. A queima era feita em uma grande pira. Os ossos incinerados e as jóias fundidas eram recolhidos. Em outras regiões, as cinzas eram simplesmente espalhadas pelo buraco ou chão. A inumação era praticada principalmente pelas classes superiores da sociedade e pelos estrangeiros (vindos do Leste europeu). Algumas inumações utilizavam câmaras: escavava-se um buraco no solo e escorava-se o mesmo com madeira. Até cavalos eram enterrados nestas câmaras, junto a objetos cotidianos, alimentos (ovos e pães pequenos) e o defunto. Era crença popular que o morto continuava a viver no seu túmulo.
5.5 OS POETAS DA ERA VIKING
A técnica skáldica era transmitida das gerações mais avançadas para as mais novas, por meio oral e individualizado. Um skáld necessitava de excelente memória, grande conhecimento em mitologia e cosmogonia nórdica, linguagem refinada e uma oratória sofisticada. Todos os poetas e poetisas pertenciam à classe social denominada de Jarl(“nobre, conde”), da qual também faziam parte os reis, aristocratas e pessoas com grandes propriedades de terra e grande concentração de poder. Geralmente provinham de famílias importantes, conceituadas ou com tradição na arte skáldica. Os poetas atuavam nas cortes reais, reuniões dos Things(conselhos), fazendas e nos lares de chefes locais. 
A finalidade dos poemas skáldicos era por meio de sua técnica, divertir as famílias e os nobres, relatar aventuras, experiências, meios de obtenção de riquezas, e principalmente, conexões para a vitória e a reputação. A celebração das glórias individuais era o fundamento de vida para um guerreiro Viking, mais importante até do que a vida após a morte. A principal meta do skáld era transmitir para a comunidade os principais atributos Vikings: coragem, bravura, ousadia, abandono ao amor, desprezo pela morte, generosidade, força da mente, fidelidade, astúcia.
7 RELIGIÃO
Embora os vikings possuíssem um sistema de escrita (o rúnico), não produziram literatura escrita, mas sim uma vasta tradição oral.[footnoteRef:24] As fontes escritasexistentes sobre a mitologia nórdica referem-se às compilações feitas entre os séculos VIII e XIII, já sob influência cristã (uma vez que, ao colonizar a Islândia, os próprios islandeses incumbiram-se da tarefa de registrar os principais mitos e tradições).[footnoteRef:25] No entanto, uma das fontes mais completas sobre a mitologia nórdica concerne ao trabalho do poeta e historiador islandês SnorriSturluson, que compilara todos os mitos nórdicos de que tivera conhecimento em seu Edda em prosa[footnoteRef:26], um manual de poesia escáldica em três partes cujo prefácio, o Gylfaginning, é uma introdução à panteologia nórdica.[footnoteRef:27] [24: 
 WILKINSON, Philip. Mitos & lendas: origens e significados. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
p. 89.] [25: Id.] [26: Id.] [27: ELIADE, Mircea; COULIANO, IoanPetru. Dicionário de religiões. São Paulo: Martins Fontes,
 2003, p. 153] 
Sobre a tradição mitológica dos vikings, Wilkinson[footnoteRef:28] afirma que: [28: WILKINSON, loc. cit.] 
Os grandes mitos nórdicos tratam dos grandes temas: a criação do cosmo, as batalhas e amores dos deuses e o fim do mundo. Os nórdicos imaginaram diversas raças de seres mitológicos – de gigantes a anões – que habitam mundos diferentes, paralelos ao nosso, o qual é conhecido como Midgard. A cultura das divindades é bélica e heroica, e o mundo mítico e real se encontram em Valhalla, o grande salão da divindade maior, Odin, onde as almas dos heróis humanos mortos recebem seu galardão celeste.
O Gylfaginningapresenta a cosmogonia presente nos poemas do Edda (VafthrúdhnismálGrimnismáleVoluspá)[footnoteRef:29],contando como o mundo surgira a partir do vazio primordial – chamado Ginnungagap. Aos poucos então foram surgindo dois reinos nas extremidades desse vazio: Muspelheim, região do calor e do fogo localizada ao sul; e Niflheim, região do frio e do gelo, localizada ao norte.[footnoteRef:30] Do encontro entre os ares de Muspelheim e Niflheim surge o primeiro ser, um gigante de gelo chamado Ymir, do qual surgiram outros gigantes e a vaca Audhumla.[footnoteRef:31] Do leite de Audhumla os gigantes alimentaram-se, e com o tempo mais gigantes surgiram (como Buri, Bor, Bestla e Bolthorn), sendo que do relacionamento entre Bor e Bestla sugiram três filhos: Odin, Vili e Ve.[footnoteRef:32] [29: ELIADE, loc. cit.] [30: 
WILKINSON, Philip. Mitos & lendas: origens e significados. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
p. 90.] [31: Id.] [32: Id.] 
O mito conta que os três irmãos mataram Ymir e construíram o mundo a partir do seu corpo – sendo que Midgard concernia à morada dos homens, e Asgard à morada dos deuses (com todos os mundos sendo sustentados pela árvore Yggdrassil, axismundi).[footnoteRef:33] O casal primordial fora criado por Odin, sendo Askr o primeiro homem e Embla a primeira mulher (sendo ambos criados a partir de árvores).[footnoteRef:34] [33: ELIADE, Mircea; COULIANO, IoanPetru. Dicionário de religiões. São Paulo: Martins Fontes,
2003, p. 154.] [34: Id.] 
Os deuses eram então divididos em diferentes classes: os Aesir (deuses celestes, representados por Odin, Vili e Ve) e os Vanir (divindades da Terra, representados por Njord e seus filhos Freyr e Freyja).[footnoteRef:35] [35: WILKINSON,op. cit., 2010,p. 91.] 
A forma de adoração destes deuses em geral estava associada a sacrifícios rituais por enforcamento, além de saques e pilhagens durante a experiência religiosa do berserkr(furor assassino e de invulnerabilidade chamado de “pele de urso”)[footnoteRef:36]; quanto ao culto destes deuses, sabe-se que Odin gozava de popularidade somente entre os jarls(nobreza nórdica), sendo que entre o estrato dos kalrs (homens livres) o deus mais popular era Thor.[footnoteRef:37] [36: ELIADE, op. cit., 2003, p. 157.] [37: Id.] 
Acreditava-se que Odin vivia num salão ostentoso chamado Valhalla (ou “salão dos mortos em batalha”), no qual recebia as almas dos guerreiros nórdicos mortos em batalhas, recompensando-os com presentes e honrarias. [footnoteRef:38] Era aqui também que os guerreiros banqueteavam-se com carne de javali e com o hidromelservido pelas valquírias, além de treinarem para o evento escatológico chamado Ragnarök.[footnoteRef:39] [38: WILKINSON, op. cit., 2010, p. 99. ] [39: 
WILKINSON, Philip. Mitos & lendas: origens e significados. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
p. 99.] 
Segundo a escatologia nórdica o fim do mundo estava ligado às ações do deus metamorfoLoki (pertencente à categoria dos deuses trapaceiros)[footnoteRef:40], que em uma de suas malfeitorias causara a morte do deus Balder, filho de Odin; destarte, somado a esse feito, a própria árvore Yggdrassil teria sua folhagem devorada pelos cervos Dáin, Dvalin, Dúneyr e Durathrór, com sua casca em processo acelerado de apodrecimento e a raiz sendo roída pela serpente Nidhogg.[footnoteRef:41] Durante este processo, Loki – até então aprisionado desde a morte de Balder –, libertar-se-ia de seus tormentos e convocaria todas as forças contra os Aesir: junto de si traria seu filho Fenrir, um lobo gigante; a serpente Jörmungand; a deusa Hel, além dos gigantes do fogo e do gelo.[footnoteRef:42] [40: ELIADE, Mircea; COULIANO, IoanPetru. Dicionário de religiões. São Paulo: Martins Fontes,
2003, p. 155.] [41: Ibid., 2003, p. 155-156.] [42: Id.] 
Wilkinson[footnoteRef:43] apresenta as consequências do embate final: [43: WILKINSON, op. cit., 2010, p. 98.] 
A luta será cruel e não haverá vencedores. Bem e mal serão destruídos. Por fim, só restará da população do universo uma enorme montanha de cadáveres. Os únicos sobreviventes serão o gigante do fogo Surt, além de um casal de humanos e uns poucos animais que tiverem conseguido se ocultar entre os galhos da árvore do mundo, Yggdrassil. Surt fará dos cadáveres uma grande fogueira para ter certeza de não haver sobreviventes entre eles, eliminando de vez do universo todos os monstros e espécies de demônios e elfos. O fogo destruidor seguirá queimando por anos a fio e a Terra afundará no mar.
Após a consumação do fim deste mundo, um novo mundo surgiria, no qual Balder seria o novo senhor de um universo sem a nódoa do mal.[footnoteRef:44] [44: Ibid., 2010, p. 99.] 
8 O LEGADO DOS VIKINGS
Em um primeiro momento, podemos identificar que no vocabulário romano houve uma “germanização”, do mesmo, o qual obteve contribuição viking:
a grande “marcha dos povos” repeliu para o oeste e para o sul as fronteiras da germanização. Sua linha de demarcação linguística, tal como a podemos escalonar a partir do século XIII, parte de Boulogne-sur-Mer e passa por Lille, Turnai, Maasctricht, Ardenne, os Vosges e a porta de Borgonha, onde o frâncio cede lugar ao alemânico.[footnoteRef:45] [45: LOUTH, Patrick. A civilização dos germanos e dos vikings. Famot:Gèneve, 1976, p. 141.] 
Portanto, houve uma incorporação de uma série de termos para o combate (guerra, esgrima, espionar, vigiar, ferir), de armamento (elmo, cota, espora, estribo), de vestes e adornos (vestido, xale), de direito (banho, penhor, interpretar, afiançar, cessão, alódio, feudo), de habitação e mobiliário (banho, penhor, aldeola, torre, poltrona, banco), de alimentação (bolo, favo, assado), de diversão (dança, harpa).
Os vikings foram grandes comerciantes, incentivando o comércio e a indústria, revitalizaram os centros urbanos em decadência da Europa Ocidental Setentrional e fundaram novas comunidades urbanas em partes tão remotas como a Rússia e a Irlanda. 
criaram uma das mais promissores teias comerciais da Europa Oriental, com rotas ligando o Mar do Norte tanto a Bizâncio quanto ao Mar Cáspio e às caravanas vindas de Bagdá. Centro de todo esse movimento, Kiev tornou-se uma das cidades mais ricas da Europa.[footnoteRef:46] [46: PITTA, VALTER. O comércio Viking na Europa.Blog Povoviking. Disponível em: <http://povoviking.blogspot.com.br/2010/10/o-comercio-viking-na-europa.html>. Acesso 28 out. 2012.
] 
O principado de Kiev chegou à fronteira setentrional do Império bizantino, com o qual estabeleceu um acordo comercial em 911. Enquanto que antigas rotascomerciais entre Oriente e Ocidente através do Mediterrâneo, estavam fechadas ou eram inseguras, os vikings mantiveram a rota de comércio entre Bizâncio e o Ocidente aberta por meio de Kiev. O principado prosperou controlando as rotas de comércio baseadas entre os rios que ligavam os mares Báltico e Negro. Peles, escravos, ceras, mel e produtos da floresta (madeira) eram levados através do Mar Negro para Constantinopla, onde eram trocados por sedas, especiarias e ouro. Esta prosperidade perduraria pelos próximos trezentos anos.
Os vikings foram grandes artistas. Decoravam suas armas, seus móveis e suas casas com belos desenhos e quadros:
Além de serem fazendeiros, navegantes, comerciantes e piratas, os vikings eram artesãos que fabricavam (além dos produtos de uso diário) joias admiráveis, armas elegantes e praticas, talhas de madeira complexas e pedras gravadas. O alto nível da sua destreza pode observar-se no seu manuseio de materiais muito diferentes, desde metais preciosos até cornaduras e ossos.”[footnoteRef:47] [47: FERREIRA FH., O.A. Ofícios e modo de produção Viking. Portal Templodeapolo.net, Porto Alegre-RS. Disponível em:<http://www.historia.templodeapolo.net/civilizacao_ver.asp?Cod_conteudo=301&value=Oficios e modo de produção Viking&civ=Vikings&topico=Cotidiano#topo>. Acesso 23 out. 2012.] 
Trabalhavam tão bem com madeira quanto com ferro, chifre e marfim. Sua habilidade na construção de barcos lhes permitia navegar com muita segurança, onde
A grande maioria das embarcações utilizadas pelos vikings não eram os barcos de guerra nem os barcos mercantes, ambos de longa distancia, mas uma variedade de pequenos barcos concebidos para a pesca ou o transporte de gente, mercadorias, noticias locais ou mexericos de uma povoação para outra; alguns navegavam ao longo da costa, mas a maioria ia e vinha pelas rotas navegáveis de lagos e de rios do interior. [footnoteRef:48] [48: FERREIRA FH., O.A. Barcos e construção naval Viking. Portal Templodeapolo.net, Porto Alegre-RS. Disponível em: <http://www.historia.templodeapolo.net/civilizacao_ver.asp?Cod_conteudo=299&value=Barcos e construção naval Viking&civ=Vikings&topico=Economia#topo>. Acesso 23 out 2012.] 
Surpreendentemente, há muito poucos indícios destas embarcações, mas encontrou-se um pequeno barco de pesca ou ferryboat em razoável estado de conservação em Skuldelev, e o barco no túmulo de Gokstad tinha a bordo três pequenos botes a remo, incluindo um faering de quatro remos. Este não media mais de 6,5 metros de comprimento. Também foram encontrados restos fragmentários de pequenos botes em embarcações-tumulo na Noruega, na Dinamarca e na Suécia. 
	
	
Com o intuito de balizar o legado viking em aspectos gerais, as estruturas dessa civilização podem ser assim compreendidas:
“A visão profética de Heimdall, o Ase radioso do convés flamejante, soando com a sua trompa o inicio do Crepúsculo dos deuses, não inibe a cultura nórdica, pelo contrario, ela o chama ao infinito da ação pela qual os Germanos marcarão o Ocidente. A Vosksreligion, religião de povo-clã, simultaneamente individual e coletiva, não desaparecerá com a cristianização: transmutar-se-á no cadinho da Europa medieval, reaparecera na Reforma,sobretudo a luterana, na expansão do capitalismo, no livre pensamento e no materialismo conquistador, todos fenômenos ligados e inscritos na área tanto geográfica como mental dos povos nórdicos. Numa outra vertente, o pan-germanismo e o nacional-socialismo dela estarão impregnados.”[footnoteRef:49] [49: LOUTH, Patrick. A civilização dos germanos e dos vikings. Edições Famot:Gèneve, 1976, pág. 368.
] 
CONCLUSÃO
Por muito tempo a imagem que nos era passada pelos livros de História a respeito dos Vikings era que eles eram “Bárbaros cruéis e sanguinários”, que vinham para destruir a civilização ocidental medieval. O mito Viking, de povo violento através de novos estudos foi suavizado, pois esses desbravadores do gelo, como foi descrito no texto desse artigo, eram uma complexa e avançada civilização que por mais de 300 anos se espalhou da Rússia até a América do Norte, se integrando aos costumes e formas de viver das mais diversas paisagens. Eles não apenas lutavam e saqueavam, mas tinham outras vocações: eles comerciavam, desenvolveram técnicas navais inovadoras que só depois de 400 anos seriam superadas pelos portugueses com suas caravelas e tinham uma grande capacidade de adaptação.
Apesar da sua rica cultura e de seu poderio militar, aos poucos os terríveis Vikings foram superados por outros povos europeus. Passado o susto inicial, os Europeus se fortificaram e puderam criar defesas para fazer frentea ameaça nórdica. Além disso, os Vikings com o passar do tempo foram se integrando as populações nativas, e procurando obter mais facilidades nos negócios e alianças mais duradoras, foram se convertendo ao catolicismo. Aos poucos sua impetuosidade e violência foram sendo amainadas e com o passar do tempo o norte passou a fazer parte da civilização ocidental. Muita das características que marcavam esse povo com essa integração foi desaparecendo: A antiga língua falada na Escandinávia, assim como as runas caracteres de uma escrita germânica usada pelos nórdicos, foram abandonadas em favor da língua europeia e do latim. Com a decadência da Civilização Viking, o que sobrou foi o mito, que de geração em geração, atravessou os séculos echegou aos nossos dias para contar o quanto foi grandiosa e ao mesmo tempo terrível a passagem da fúria nórdica pelo continente europeu.
REFERÊNCIAS
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