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POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL

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POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: Trabalho Infantil.
Emilly Sabrina Almeida Bentes (myrry18@live.com)
Júlio Marrone Castro Santana(juliomarronekazuya@gmail.com)
Maria do Socorro Cavalcante de Abreu (sosdeabreu@gmail.com)
Mirta Conceição Sousa dos Santos (myrtha.santos.stm@gmail.com)
Rodrigo Pereira.....
 
1. INTRODUÇÃO
No cenário histórico e cultural em todo o mundo, tem-se negado a devida importância e valor à criança e adolescente como cidadãos de direitos. Com isso, houve a necessidade de se pensar formas alternativas de cuidado à criança e adolescente, o qual se tem feito de diferentes maneiras de acordo com a realidade local.
No Brasil, a assistência a esses sujeitos vem sofrendo alterações significativas ao longo dos anos. No período da monarquia, deparamo-nos com as primeiras práticas de assistência às crianças abandonadas. A Roda dos Expostos, que foi um mecanismo utilizado para recolher crianças enjeitadas à época, eram deixadas em aparelho giratório, no qual era preservado o anonimato de quem as deixava. Esta prática era utilizada tanto por pessoas pobres, sem condições financeiras de arcar com os cuidados básicos de seus filhos; mães que tinham filhos em situação ilícitas e quanto por senhores e senhoras da elite que separavam as crianças escravas de suas mães, para servirem de amas de leite. (RIZZINE, 2008).
A partir do século XX, a imagem social da criança sofre modificações, antes vista como um ser angelical, agora passa a ser associada a condição de “menor”, responsável pelas mazelas da sociedade. Segundo Siqueira (2012), o Código de Menores (BRASIL, 1979), foi o primeiro documento legal que tratava da infância e da adolescência desamparadas.
No período da ditadura militar foi criado a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), logo depois as FEBEMS, unidades de nível estadual, intituladas “unidades educacionais” que realizavam atendimento direto de crianças e adolescentes, nominados menores. Percebe-se que a história das instituições voltadas ao atendimento de crianças e adolescentes no Brasil foi marcada por graves violações de direitos, haja vista que muitas vezes se caracterizam pelo confinamento e isolamento social.
Esta realidade, de vulnerabilidade social, no qual, criança e adolescente se encontravam, fez com que a sociedade brasileira reagisse e lutasse pela redemocratização do país em defesa dos direitos da criança e do adolescente consolidado no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei 8.069/90, de 13 de julho de 1990, que veio para regulamentar, garantir e inovar através de um mandamento constitucional que assegura à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida.  Sendo a inclusão da família, sociedade, além do Estado, uma das inovações consideradas positivas no Estatuto, na promoção dos direitos da criança e do adolescente.
Diante do exposto, o presente resumo pretende apresentar dados sobre a realidade do trabalho infantil no Brasil, especificamente o município de Santarém-Pará. Com isso, sensibilizar a sociedade em prol da defesa, proteção e garantia de direitos da criança e adolescente em condições vulneráveis.
2. LEGISLAÇÃO
            A primeira legislação brasileira de 1891, proibia o trabalho noturno em certos serviços, estabelecia idade mínima de 12 anos e a jornada máxima de sete horas. Ficou sem aplicação com o decreto nº16.300, de 1923, que reduzia a jornada para seis horas, para os menores de 18 anos.
O Código de Menores de 1927, manteve os 12 anos com idade mínima para o trabalho, mas proibia o trabalho noturno e nas praças públicas, para os menores de 14 anos. Decreto nº 22.042 de 1932 elevou a idade mínima para 14 anos. Se manteve na Constituição de 1934 e 1937.
            Na CLT de 1943 e na Constituição de 1946, proibia a diferença de salário entre menores e maiores e o trabalho noturno de menores de 18 anos.
            A Constituição de 1967 (Regime Militar) baixou novamente para 12 anos e eliminou a proibição de diferenças nos salários. A Lei 5.274 de 1967, estabelecia o salário-mínimo (52% para os menores de 16 e 75% para os adolescentes entre 16 e 18 anos).
A Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) 138 estabeleceu idade mínima de 16 anos e proibição das piores formas do trabalho infantil.
            A Constituição Federal de 1988 em seu Art. 227; Art. 7º, inciso XXXIII, “proibição de trabalho noturno, perigoso e insalubre a meninos e meninas menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16 anos'' (Emenda Constitucional nº 20). A única exceção à proibição, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos, para realização de atividades de acordo com os requisitos legais para a aprendizagem profissional prevista também na Lei 8.069/1990 – ECA, em seu Art. 60 a 69.
A problemática do trabalho infantil, hoje no Brasil, se deve a falta de políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento socioeconômico-cultural da sociedade brasileira, que acabam resultando na inserção prematura de crianças e adolescentes no mercado de trabalho.  Pesquisa realizada pelo PNAD afirma que o trabalho infantil, no Brasil, reduziu em 2019, porém, 1,8 milhão de crianças estavam nessa condição, sendo 1,3 milhão em atividade econômica e 463 mil em atividades de autoconsumo. Na faixa etária, 21,3% tinham de 5 a 13 anos; 25,0%, 14 e 15 anos e a maioria, 53,7%, tinha 16 e 17 anos de idade. O trabalho infantil predominava em pessoas do sexo masculino (66,4%) do que feminino (33,6%). Cerca de 25% dos jovens de 16 e 17 anos que trabalhavam cumpriam uma jornada de 40 horas. 66,1% eram pessoas de cor preta, 32,8% cor branca.
Em Santarém-Pará, os dados coletados no último censo 2010 pelo IBGE, apontam na faixa etária de 10 a 17 anos, 7,5% não frequentam a escola; a taxa de analfabetismo de 1,7%; há uma predominância do sexo masculino, 59,6%; sobre 36,4% do sexo feminino; as atividades desenvolvidas: agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura de 48,9%; comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, 17,5%; outras atividades 26,9%.  A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 18.15 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 0,8 para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os municípios do estado, essas posições são de 1352 de 5570 e 2710 de 5570, respectivamente.
Trabalho infantil é uma prática proibida por lei, no Brasil por geral, estão proibidos trabalhos para menores de 16 anos, no entanto segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2015 no Pará fora registrado que cerca de 58 mil crianças trabalhavam.
Para combater esse tipo de prática o brasil conta com 3 dispositivos principais muito importantes, sendo eles:
1- Constituição federal de1988.
2- CLT= Consolidação das leis de trabalho.
3- ECA= Estatuto da criança e do adolescente.
Em todos esses documentos estão listados os direitos das crianças e adolescentes. Entre as necessidades básicas contidas no ECA, por exemplo, estão alimentação; educação; cultura; esporte e lazer; dignidade, respeito e liberdade; convivência familiar e comunitária; tudo o que o trabalho infantil ilegal tira dessas crianças.
“Famílias com baixa renda ou escolaridade tendem a ser mais propicias a aderir ao trabalho infantil.”
Uma pesquisa realizada pela UNICEF chamada Fora da escola não pode – o desafio da exclusão escolar. Mostrou que entre os adolescentes entre 15 a 17 anos que trabalhavam, 26% estão fora da escola. Entre os que não trabalham o índice é de 14%.
O estado brasileiro que mais tem crianças e adolescentes trabalhando em situação completamente irregular é o maranhão com até 7,4%. Já o DF está na outra ponta com os índices mais baixos de até 0,7%.
Afim de conscientizar a população e combater essa situação recorrente, foram feitas várias proposta e discursões sobre o assunto nas mais diversas comunidades, concelhos e congressos no Brasil e no mundo. Dentre essa ideias e propostas debatidas vale ressaltar:
· O dia 12 de junho o dia dos namorados mas que hoje em dia tambémé o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, essa ideia foi tomada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O principal objetivo da data é alertar a comunidade em geral e os diferentes núcleos do governo sobre a realidade do trabalho infantil, uma prática que se mantém corriqueira em diversas regiões do Brasil e do mundo.
· Programa jovem aprendiz tem como intenção inserir os jovens no mercado de trabalho mas garantindo a eles todas as condições dignas pra exercer suas atividades, e um programa bastante interessante que visa também combater o trabalho infantil ilegal. Esse programa foi criado a partir do ano 2000 com base na lei da aprendizagem pra evitar que as crianças começassem a trabalhar e largassem seus estudos.
Para combater o trabalho infantil no Brasil, desde 1998, o governo brasileiro desenvolve programas e ações na área social com o objetivo de garantir a proteção e o desenvolvimento infanto-juvenil, na área educacional, Programa do Livro Didático, de Merenda Escolar, do Transporte Escolar, entre outros; Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar; Saúde da Família; Bolsa Família, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e a Pastoral do Menor, entidade pertencente às Obras Sociais da Arquidiocese de Santarém, e também a nivel nacional, com a missão a luta e a defesa em favor das crianças e adolescentes empobrecidos e em situação de risco social.    
 3. METODOLOGIA
Os caminhos percorridos para realização deste estudo, foi por meio da pesquisa bibliográfica, pois segundo Severino (2019, p.131)), pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Os dados foram obtidos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), de 2019. Ficou prejudicado a pesquisa de campo pelo fato de estarmos num momento de calamidade pública, em virtude da pandemia pelo Coronavírus, Covid-19.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As consequências do trabalho infantil afeta o desenvolvimento da criança e/ou adolescente; gera a perda da infância; gera diversos problemas sociais, provoca doenças e problemas psicológicos; induz ao baixo rendimento e abandono escolar e causa despreparo para o mercado de trabalho. O trabalho infantil deve ser duramente combatido pelo Estado, as crianças não podem trabalhar de forma ilegal apenas sobre condições de aprendiz. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição Federal de 1988. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso em: 15/02/2021.
BRASIL. Lei nº 8.069/90. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providencias. Senado Federal, Brasília, 2011
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2011). Indicadores sociais municipais: uma análise dos resultados do universo do Censo Demográfico 2010. Estudos e Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica, número 28. Recuperado em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/indicadores_sociais_municipais/indicadores_sociais_municipais.pdf.
LEI nº 6.697, de 10 de Outubro de 1979. Institui o Código de Menores. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-6697-10-outubro-1979-365840- publicacaooriginal-1-pl.html.
POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PNAS. Aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social por intermédio da Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004, e publicada no Diário Oficial da União – DOU do dia 28 de outubro de 2004.
 RIZZINI, Irene. O Século Perdido: raízes históricas das políticas públicas para a Infância no Brasil. (2ª Ed.). São Paulo: Cortez, 2008.
 SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 24 ed. São Paulo: Cortez, 2016.
 SIQUEIRA, Aline Cardoso. A garantia ao direito à convivência familiar e comunitária em foco. Estudos de Psicologia, Campinas. 29: 3, 437-444, 2012.

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