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MERCADO - O mercado cambial - Tema 5

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DESCRIÇÃO
O mercado de câmbio, sua organização e seu funcionamento, assim como a ligação dele com a
política cambial e seus reflexos na economia do país.
PROPÓSITO
Compreender o funcionamento do mercado de câmbio, assim como seus agentes e sua ligação
com a política cambial do país, para uma boa gestão de recursos financeiros em um mercado com
reflexos significativos tanto na economia do país quanto em um mundo com um comércio global
de importância crescente.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora científica
ou use a calculadora de seu smartphone ou computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o funcionamento do mercado cambial
MÓDULO 2
Aplicar as taxas de câmbio para conversão de valores monetários
MÓDULO 3
Reconhecer os diferentes regimes cambiais
INTRODUÇÃO
Em um mundo cada vez mais globalizado, os agentes econômicos nacionais realizam
constantemente transações com esses agentes nos demais países. Essas transações usualmente
se dão em moeda estrangeira (em geral, o dólar americano), mas podem ser realizadas em euros,
yuans chineses, francos suíços ou ienes japoneses.
O comércio eletrônico e o grande crescimento do turismo também tornam mais forte a demanda
por transações em moedas estrangeiras.
Ao longo deste tema, descreveremos o funcionamento do mercado de câmbio, que trata da troca
de divisas (moedas) entre diversos agentes. Veremos, em suma, como esse mercado é regulado,
quem são as instituições que nele operam e como funcionam seus preços (as cotações de
câmbio). Demonstraremos ainda de que forma os valores de uma moeda podem ser convertidos
para os de outra.
Em seguida, observaremos como a relação entre as diversas moedas afeta nosso dia a dia e de
que forma os países desenvolvem suas políticas cambiais para fazer frente a esses efeitos. Por
fim, estudaremos os diversos modelos de crises cambiais.
MÓDULO 1
 Descrever o funcionamento do mercado cambial
PRIMEIRAS PALAVRAS
Neste módulo, exploraremos o funcionamento do mercado de câmbio, destacando sua estrutura e
seus principais agentes. Em seguida, apresentaremos o principal instrumento de formalização das
operações: o contrato de câmbio.
MERCADO CAMBIAL
Trata-se de um mercado global no qual são trocadas moedas (ou divisas) entre diversos agentes
econômicos que desejam realizar transações comerciais ou financeiras entre si.
Devido à grande atividade gerada pelo comércio internacional, ele é considerado o maior mercado
global em volume de negócios e liquidez. Seu volume diário de negociações gira na casa dos
trilhões de dólares.
Os objetos negociados no mercado de câmbio são as moedas dos diferentes países. Com isso,
rúpias indianas podem ser trocadas por pesos mexicanos, assim como é possível fazer o mesmo
processo na conversão de dólares australianos para libras esterlinas.
Apesar de as trocas poderem se dar entre quaisquer moedas, algumas, como, por exemplo, o
dólar americano, são consideradas as principais referências nesse mercado devido à sua maior
liquidez e por serem vistas como moeda de reserva internacional, ou seja, uma moeda “segura”.
No Brasil, o mercado de câmbio é regulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e
monitorado pelo Banco Central do Brasil (BCB). Ambos obedecem a uma estrutura que
descreveremos adiante.
ESTRUTURA DO MERCADO DE CÂMBIO
A figura a seguir a seguir ilustra o funcionamento do mercado de câmbio, que se divide em dois:
mercado primário e mercado secundário.
 
Fonte: YDUQS, 2020
 A estrutura do mercado de câmbio no Brasil.
MERCADO PRIMÁRIO
No mercado primário, os agentes econômicos de uma nação – ou seja, pessoas e empresas –
realizam transações comerciais e financeiras com os agentes estrangeiros, trocando, nesse
processo, divisas entre si. Esse mercado sensibiliza o balanço de pagamentos do país, pois é
nele que se forma o fluxo de entrada e saída de divisas da nossa economia, alterando seus
estoques.
Quando a quantidade de divisas estrangeiras enviada para o exterior é superior à recebida de lá, o
balanço de pagamentos fica negativo e o estoque de moeda estrangeira do país diminui. Já
quando a quantidade recebida é superior à que é enviada, esse balanço fica positivo e o estoque
de moeda estrangeira da nação aumenta.
BALANÇO DE PAGAMENTOS
javascript:void(0)
Trata-se da diferença entre a quantidade de divisas estrangeiras que entram no país e a que
sai dele.
MERCADO SECUNDÁRIO
No mercado secundário, as moedas estrangeiras no país são negociadas entre os agentes de
câmbios autorizados a operar pelo BCB. Por isso, ele também é chamado de mercado
interbancário.
As negociações nesse mercado não afetam o balanço de pagamentos; portanto, elas não alteram
o estoque de divisas estrangeiras no país.
Conheceremos agora alguns exemplos de como funcionam esses mercados.
MERCADO PRIMÁRIO
Suponha que um exportador venda mercadorias para o exterior e receba o pagamento em moeda
estrangeira. Quando essas divisas chegam ao país, elas sensibilizam o balanço de pagamentos,
aumentando o estoque da moeda estrangeira no Brasil. Um agente de câmbio então faz a
conversão dessa moeda estrangeira para reais por meio de um contrato de câmbio, repassando o
valor ao exportador.
Como já frisamos, os contratos de câmbio efetuados pelos agentes de câmbio são o meio utilizado
para se trocar moeda local e estrangeira com as empresas e as pessoas que realizam transações
no mercado internacional de bens e serviços.
MERCADO SECUNDÁRIO
Suponha, por exemplo, que o Banco A esteja com um estoque baixo de dólares e deseje
aumentá-lo. Ele negocia a compra de dólares com o Banco B, que conta com muitos exemplares
dessa moeda estrangeira.
Como o domicílio de ambos é o Brasil, não houve aumento nem redução da quantidade de
dólares no país. Este é um exemplo do tipo de negociação efetuada no mercado interbancário (ou
secundário).
Outra razão para os bancos negociarem moeda estrangeira entre si é a melhor gestão de suas
exposições ao risco cambial. Vamos entender o que isso significa.
Neste vídeo, entenderemos melhor a estrutura do mercado de câmbio no Brasil.
RISCO CAMBIAL
O risco cambial é um dos riscos no qual incorrem os agentes econômicos que possuem direitos ou
obrigações em moeda estrangeira. Ele é o risco de oscilações adversas nas taxas de câmbio.
Suponha que um importador tenha um milhão de dólares para receber daqui a uma semana por
conta de um negócio fechado recentemente. Se, nesse período, o dólar sofrer uma depreciação
frente ao real (ou, de forma equivalente, se este se apreciar frente àquele), esse importador,
quando o contrato de câmbio for fechado, não conseguirá a mesma quantidade de reais que
conseguiria antes da depreciação da moeda americana.
A mesma coisa acontece com um investidor que possua títulos nominados em dólar. Uma
depreciação dessa moeda fará com que ele tenha um retorno menor em seu investimento após a
conversão para reais.
Por outro lado, se um exportador tiver uma dívida em dólares, seu risco será o oposto: a chance
maior, neste caso, é que o dólar se aprecie, ou seja, sua cotação na moeda brasileira aumente,
pois sua dívida em reais também irá aumentar.
 
Fonte: Eliseu Geisler/Shutterstock
Para proteger-se contra estes tipos de riscos, os instrumentos que os agentes econômicos utilizam
são os derivativos cambiais. Eles devem ser empregados quando um agente assume uma
posição contrária àquela a que está exposto.
Se o risco contra o qual ele queira se proteger for o de uma depreciação do dólar, o agente
assumirá uma posição em derivativos que gere ganhos com essa depreciação. Se o risco for a
subida do dólar, ele fará o contrário.
Os principais derivativos cambiais são os contratos futuros de dólar, os contratos a termo e os
swaps.
 COMENTÁRIO
Os swaps e o termo são contratos no mercado de balcão (operações nas quais se conhece a
contraparte) utilizados, na maioria das vezes, para proteção contra a variação cambial. Já ofuturo
de dólar é transacionado na Bolsa de Valores, servindo tanto para proteção quanto para
especulação.
Neste tema, nossa abordagem se atém ao mercado à vista de câmbio. Por conta disso, falaremos
apenas de forma superficial do mercado de derivativos cambiais.
AGENTES DO MERCADO DE CÂMBIO
O artigo 2º da Circular BCB nº 3.691, de 2013, determina que as pessoas físicas e jurídicas
podem comprar e vender moeda estrangeira ou realizar transferências internacionais em reais de
qualquer natureza, sem limitação de valor, sendo a contraparte da operação o agente autorizado a
operar no mercado de câmbio.
Ou seja, apesar de não haver limitações de volume de negociação para a compra e venda de
moeda estrangeira, as pessoas físicas e jurídicas devem negociar com instituições autorizadas
pelo Banco Central a operar câmbio, ou seja, os agentes de câmbio.
 
Fonte: Adriano Kirihara/Shutterstock
O artigo 33 do mesmo normativo indica quem pode obter tal autorização junto ao Banco Central
para operar como agente de câmbio:
Bancos múltiplos;
Bancos comerciais;
Caixas econômicas;
Bancos de investimento;
Bancos de desenvolvimento;
Bancos de câmbio;
Agências de fomento;
Sociedades de crédito, financiamento e investimento;
Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários;
Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
Sociedades corretoras de câmbio.
CONTRATO DE CÂMBIO
A Circular nº 3.691 também estabelece que o contrato de câmbio é o instrumento por meio do qual
se formalizam as operações cambiais, além de exigir que tais contratos sejam registrados no
sistema de câmbio do Banco Central.
 
Fonte: TippaPatt/shutterstock
Há dois os tipos de contrato de câmbio existentes:
 
Fonte: YDUQS, 2020
O CONTRATO DE COMPRA
Ele é destinado a operações de compra de moeda estrangeira realizadas pelas instituições
autorizadas a operar no mercado de câmbio.
Figura: O contrato de compra de moeda estrangeira.
 
Fonte: YDUQS, 2020
O CONTRATO DE VENDA
Já este contrato é destinado às operações de venda de moeda estrangeira realizadas pelas
instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio.
Figura: O contrato de venda de moeda estrangeira.
O BCB utiliza as informações registradas no Sistema do Banco Central (Sisbacen) para controlar a
exposição cambial dos bancos e monitorar a higidez do mercado.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA SOBRE O MERCADO DE CÂMBIO.
A) O mercado primário de câmbio não sensibiliza o balanço de pagamentos do país, já que é onde
os bancos negociam moedas estrangeiras entre si, não havendo fluxos de moeda estrangeira
entrando ou saindo do território nacional.
B) O mercado interbancário opera com agentes autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários.
C) Apenas agentes autorizados pelo Conselho Monetário Nacional podem operar no mercado
primário de câmbio.
D) Os contratos de venda de moeda estrangeira devem ser registrados no sistema de câmbio do
Banco Central, mas não é necessário registrar os contratos de compra.
E) As exportações contribuem para aumentar o estoque de divisas estrangeiras no país; as
importações, para reduzi-lo.
2. UM FUNDO DE PENSÃO COMPRA TÍTULOS DO TESOURO DOS ESTADOS UNIDOS. PARA
ISSO, EFETUA UM CONTRATO DE CÂMBIO COM UM GRANDE BANCO NACIONAL, QUE,
POR SUA VEZ, ENVIA OS DÓLARES NECESSÁRIOS À COMPRA PARA O EXTERIOR.
ESTAMOS FALANDO DE QUE MERCADO?
A) Mercado primário, pois há saída de divisas do país.
B) Mercado primário, porque somente é possível efetuar essa operação por intermédio de uma
instituição autorizada pelo Banco Central para operar câmbio.
C) Mercado secundário, já que não há saída de divisas do país.
D) Mercado secundário, uma vez que os dois agentes envolvidos são regulados pelo CMN.
E) Mercado secundário; afinal, trata-se de uma operação de investimento, e não de bens e
serviços.
GABARITO
1. Assinale a afirmativa correta sobre o mercado de câmbio.
A alternativa "E " está correta.
Quando um bem ou serviço é exportado, os exportadores recebem seu pagamento em moeda
estrangeira, aumentando o estoque de divisas estrangeiras. Nas importações, ocorre o contrário.
O erro da letra a é que o mercado primário de câmbio efetivamente sensibiliza o balanço de
pagamentos. É nele que os agentes econômicos nacionais realizam transações com os agentes
econômicos estrangeiros. Já a opção b está errada, porque é o Banco Central o responsável por
autorizar os agentes a operarem no mercado interbancário. O erro da letra c reside no fato de que
é o Banco Central do Brasil quem autoriza a operação no mercado de câmbio. Já a opção d não
pode ser considerada correta, pois tanto os contratos de compra como de venda devem ser
registrados.
2. Um fundo de pensão compra títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Para isso, efetua
um contrato de câmbio com um grande banco nacional, que, por sua vez, envia os dólares
necessários à compra para o exterior. Estamos falando de que mercado?
A alternativa "A " está correta.
Para poder comprar um título estrangeiro, é necessário haver uma remessa de divisas para o
exterior, sensibilizando o balanço de pagamentos. Trata-se, portanto, de uma operação do
mercado primário.
MÓDULO 2
 Aplicar as taxas de câmbio para conversão de valores monetários
PRIMEIRAS PALAVRAS
As taxas de câmbio representam os preços praticados no mercado cambial. Elas também são o
instrumento utilizado para a conversão de moedas.
Expressaremos neste módulo a importância de se ter um bom conhecimento do que essas taxas
representam e de como elas são formadas tanto para operar nesse mercado quanto para entender
os efeitos do câmbio na economia.
TAXAS DE CÂMBIO
Como dissemos anteriormente, a taxa de câmbio expressa o preço da moeda estrangeira no
mercado cambial. É quanto se paga, portanto, na troca entre duas moedas.
Poderemos compreender melhor esse conceito por meio de exemplos.
EXEMPLO 1
Se a taxa de câmbio é de 5R$/US$, isso significa que, para se comprar um dólar americano, é
preciso pagar R$5. Em outras palavras:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Da mesma forma, pode-se dividir cada lado da igualdade acima por 5 e verificar que:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Ou seja, para se adquirir um real, são necessários vinte centavos de dólar. Dessa maneira, é
possível expressar essa mesma taxa de câmbio como sendo 0,20 US$/R$.
EXEMPLO 2
Suponha que eu queira converter 2.000 dólares em reais. O agente de câmbio me diz que a
cotação é de 5,2R$/US$. Quantos reais posso obter com essa cotação?
De início, devemos expressar a cotação do dólar como fizemos anteriormente.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
US $1 = R$5
=US $15
R$5
5
  US $0,20 = R$1
US $1 = R$5,20
Como quero calcular o valor de dois mil dólares, devo multiplicar toda a expressão acima por
2.000, obtendo:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
EXEMPLO 3
Ainda desejo converter os mesmos 2.000 dólares; no entanto, a cotação agora está expressa de
maneira diferente: 0,16US$/R$. Como devo proceder?
Para começar, representaremos a cotação na forma vista anteriormente:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Dividindo os dois lados da igualdade por 0,16, temos:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
US $2.000 = R$5,20 × 2.000
US $2.000 = R$10.400
US $0,16 = R$1
=
US $0,16
0,16
R$1
0,16
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Recaímos no caso anterior. Podemos, portanto, multiplicar toda a igualdade por 2.000:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da equação utilize a rolagem horizontal
No primeiro caso, só multiplicamos o valor que queríamos converter pela cotação em R$/US$ (
). No segundo, por outro lado, dividimos o valor que seria convertido pela
cotação em US$/R$ ( ).
ISO 4217:2015
Conforme destacamos, o objeto de negociação no mercado de câmbio são as moedas (ou
divisas). Moedas de diversos países podem ser negociadas; ainda assim, muitas vezes, suas
cotações são expressas em dólares americanos.
US $1 = R$6,25 
US $2.000 = R$6,25 × 2.000
US $2.000 = R$12.500
2.000 × 5,2 = 10.400
2.000/0,16 = 12.500
Para facilitar a comunicação entre os agentes, a norma ISO 4217:2015 estabelece códigos para
cada moeda e outras commodities, como o ouro.
Há dois tipos de código:
ALFABÉTICO
NUMÉRICO
ALFABÉTICO
O código alfabético contém três letras: as duas primeiras são o código do país, enquanto a terceira
– quando possível – corresponde à primeira letra da moeda.
NUMÉRICO
Já o código numérico foi desenvolvido para países que não utilizam caracteres ocidentais e
também para facilitar o uso em sistemas computadorizados.
A tabela a seguir apresenta alguns desses códigos, com destaque para o real (BRL) e o dólar
americano (USD):
Moeda Código
Alfabético
Código
Numérico
Colón CRC 188
Dólar australiano AUD 036
Dólar americano USD 840
Dólar canadense CAD 124
Dólar de Hong Kong HKD 344
Euro EUR 978
Franco suíço CHF 756
Iene JPY 392
Libra egípcia EGP 818
Libra esterlina GBP 826
Peso argentino ARS 032
Peso mexicano MXN 484
Real BRL 986
Rublo RUB 643
Rúpia INR 356
Won KRW 410
Yuan Renminbi CNY 156
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela: Códigos alfabéticos e numéricos das moedas segundo a ISO 4217:2015.
Usaremos esses códigos com frequência a partir de agora.
Podemos supor que conheçamos tanto a cotação do dólar canadense contra o americano
(1,3408CAD/USD) quanto a do dólar americano contra a libra esterlina (1,2703USD/GBP).
Como calculamos a cotação do dólar canadense contra a libra esterlina?
A resposta para isso é bem simples: basta observar a forma como as cotações estão
apresentadas.
    e    CAD
USD
USD
GBP
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Notem que, se multiplicarmos as duas frações acima, o dólar americano sumirá, restando apenas
o canadense e a libra esterlina. Vejamos então como fica.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Ou seja, cada libra esterlina equivale a 1,7032 dólares canadenses. Podemos usar esse
procedimento sempre que precisarmos.
Explicaremos neste vídeo como funciona a conversão de moedas de mesmo tipo.
1,3408 × 1,2703 = 1,7032CAD
USD
USD
GBP
CAD
GBP
PTAX
A PTAX é a cotação calculada pelo BCB para as moedas estrangeiras.
Segundo informações disponíveis no site do Banco Central, o nome PTAX se origina de uma
transação do Sisbacen muito utilizada no passado pelo público para consultar taxas de câmbio: a
PTAX800.
Apesar de essa transação ter sido desativada em setembro de 2014, o sistema que a substituiu
conservou seu nome.
 
Fonte: Jo Galvao/Shutterstock
Tal cotação é divulgada diariamente para todas as moedas, ainda que ela esteja comumente
associada à do dólar americano. Seus valores estão disponíveis no site do Banco Central do
Brasil.
Esta tabela exibe um extrato da cotação da PTAX obtida no site do BCB para o dia 25 de
setembro de 2020:
 
Fonte: Banco Central do Brasil
 Cotações da PTAX em 19 de outubro de 2020.
Na coluna “Cod Moeda”, estão dispostos os códigos numéricos da norma ISO 4217 e, em
“Moeda”, seus respectivos códigos alfabéticos.
Observando respectivamente as colunas “Taxa Compra” e “Taxa Venda”, notamos que, no dia 25
de setembro de 2020, a cotação do dólar americano (código numérico 220 e código alfabético
USD) era de R$5,5661 para compra e de R$ 5,5667 para venda.
Há ainda três outras colunas na tabela. As colunas “Paridade Compra” e “Paridade Venda” nos
permitem ver a cotação das moedas em relação ao dólar americano. Já a coluna “Tipo” indica
como essa cotação é apresentada.
Podemos dominar melhor tais conceitos mediante a análise de dois exemplos envolvendo tanto o
dólar de Hong Kong (código numérico 205 e código alfabético HKD), que é uma moeda do tipo “A”,
quanto o fijiano (200 e FJD), que é do tipo “B”.
DÓLAR DE HONG KONG
Neste caso, a leitura é a mesma feita para ler o valor em reais, pois a cotação informa quantas
unidades da moeda analisada equivalem a um dólar americano.
Desse modo, verificamos que, no dia 25 de setembro de 2020:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na compra (coluna “Paridade Compra”):
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na venda (coluna “Paridade Venda”).
DÓLAR FIJIANO
Já para o dólar fijiano, a leitura é inversa: a cotação agora informa quantos dólares equivalem a
uma unidade da moeda analisada.
Com isso, em 25 de setembro de 2020:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na compra (coluna “Paridade Compra”):
1 USD   =  7,7500 HKD  
1 USD   =  7,7501 HKD  
1 FJD   =  0,4574 USD
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na venda (coluna “Paridade Venda”).
Repare que a conversão das moedas deve ser feita, conforme destacamos anteriormente, de
maneiras distintas.
Para converter valores de dólares americanos para os de Hong Kong, precisamos multiplicar o
valor em dólares pela cotação HKD/USD. Por outro lado, para a conversão de dólares americanos
para os fijianos, devemos dividir esse valor por outra cotação: USD/FJD.
SPREAD DE COMPRA E VENDA
Notem que as cotações apresentadas pelo Banco Central na PTAX se dão em dois valores: para
compra e para venda. Reparem ainda que a cotação de compra é sempre menor que a de venda.
Explicaremos agora o que isso significa.
Imaginemos um banco que opere câmbio, ou seja, que tenha, na compra e venda de moeda
estrangeira, um negócio. Sua remuneração por prestar esse serviço é dada pela diferença entre
as duas cotações. Essa diferença é chamada de spread, que, em inglês, significa “margem”.
Assim, para que o banco aufira algum lucro nessa operação, o valor pelo qual ele compra a
moeda estrangeira (cotação de compra) deve ser menor que aquele pelo qual ele vende a mesma
moeda (cotação de venda).
 COMENTÁRIO
Podemos fazer agora um link com os dois contratos estudados anteriormente: o de compra (cuja
taxa é a de compra) e o de venda (taxa de venda).
Retomemos o exemplo do dólar americano em 25 de setembro de 2020:
1 FJD   =  0,4744 USD
A cotação de venda é de:

A cotação de compra é de:
Se o banco, em determinado dia, comprar 1 milhão de dólares e o revender no mesmo dia, qual
será seu lucro?
Resposta: sua receita será dada pelo valor pelo qual ele vendeu esses dólares.
Ou seja:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Já a despesa dele será auferida pelo valor pelo qual ele comprou esses dólares:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O lucro, portanto, será dado pela diferença entre receita e despesa:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
1 USD   =  5,5667 BRL  
1 USD   =  5,5661 USD  
Receita = 1.000.000 × 5,5667 = R$5.566.700
Despesa = 1.000.000 × 5,5661 = R$5.566.100
Lucro = 5.566.700 − 5.566.100 = R$600
Quando o banco realiza inúmeras operações diárias como as descritas acima, ele consegue
administrar bem o seu risco cambial, permitindo reduzir esse spread. Quando essas negociações
são menos abundantes, o spread tende a aumentar, já que o banco espera um retorno maior pelo
risco adicional em que incorreu.
Em outras palavras, pode-se dizer que um spread será tão menor quanto mais líquida for uma
divisa.
 COMENTÁRIO
As moedas com maior liquidez são, portanto, mais baratas parase operar no mercado
internacional, já que elas possuem spreads menores, reduzindo os custos para importadores e
exportadores. As moedas mais líquidas no cenário global são o dólar americano (USD), o euro
(EUR), o iene (JPY) e a libra esterlina (GBP).
COMO É CALCULADA A PTAX
Até julho de 2011, a taxa PTAX era calculada como a taxa média ponderada pelo volume nas
operações do mercado interbancário, havendo o expurgo de algumas operações específicas
(outliers, operações intragrupo etc.) para que fossem evitadas possíveis distorções. Dessa média,
diminuía-se 004 para a cotação de compra e somava-se 004 para a de venda.
Com a maior participação do Brasil no comércio internacional, fez-se necessário alterar essa
metodologia. Isso ocorreu com a edição da Circular BCB nº 3.506, de 23 de setembro de 2010.
Desde então, a PTAX passou a ser calculada a partir de quatro consultas diárias do BCB aos
operadores de câmbio. As duas maiores e as duas menores cotações são excluídas, calculando-
se as médias simples de todas as cotações recebidas para compra e para venda. O BCB ainda
verifica se essas taxas médias estão de acordo com as praticadas no mercado interbancário.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM IMPORTADOR, QUE DESEJA ADQUIRIR MERCADORIAS DA CHINA NO VALOR DE 10
MILHÕES DE YUANS, CONSULTA O SITE DO BCB PARA SABER O VALOR DA COMPRA EM
REAIS. DESSA FORMA, ELE OBTÉM A COTAÇÃO DE COMPRA IGUAL A 0,8155BRL/CNY E
A DE VENDA, A 0,8160BRL/CNY. QUE VALOR EM REAIS SERÁ GASTO PELO IMPORTADOR
SE ELE DECIDIR EFETUAR A COMPRA?
A) R$8.155.000
B) R$8.160.000
C) R$12.262.415,69
D) R$12.254.910,96
E) R$10.815.500
2. UM BANCO OPERA NO MERCADO À VISTA DE DÓLAR COM UM SPREAD DE
0,005BRL/USD. SE ELE COMPRAR E VENDER 10 MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS EM
UM SÓ DIA, QUAL SERÁ SEU LUCRO NESSA OPERAÇÃO?
A) R$5.000
B) R$20.000
C) R$50.000
D) R$2.000
E) R$500.000.000
GABARITO
1. Um importador, que deseja adquirir mercadorias da China no valor de 10 milhões de
yuans, consulta o site do BCB para saber o valor da compra em reais. Dessa forma, ele
obtém a cotação de compra igual a 0,8155BRL/CNY e a de venda, a 0,8160BRL/CNY. Que
valor em reais será gasto pelo importador se ele decidir efetuar a compra?
A alternativa "B " está correta.
Como o importador precisa comprar yuans, ele deve celebrar um contrato de venda de yuans com
um agente de mercado (lembre-se de que, no contrato de venda, um agente de câmbio vende
moeda estrangeira para sua contraparte). Por isso, deve-se utilizar a cotação de venda para
efetuar a conversão.
Desse modo, temos:
Multiplicando-se os dois lados da igualdade acima por 10.000.000, obtemos:
1 CNY = 0,8160 BRL
2. Um banco opera no mercado à vista de dólar com um spread de 0,005BRL/USD. Se ele
comprar e vender 10 milhões de dólares americanos em um só dia, qual será seu lucro
nessa operação?
A alternativa "C " está correta.
Para cada dólar negociado, o banco aufere um lucro de 0,005 reais. Com isso, verificamos que o
lucro total dele é de:
MÓDULO 3
 Reconhecer os diferentes regimes cambiais
PRIMEIRAS PALAVRAS
Alguns dos principais atores no mercado de câmbio são os governos nacionais. Como as
flutuações das taxas de câmbio podem ter impactos na economia dos países, os governos atuam
nesse mercado buscando alcançar maior estabilidade e um crescimento econômico.
Neste módulo, delinearemos os diferentes tipos de políticas cambiais. Destacaremos ainda as
crises cambiais que podem colocar em risco os objetivos – que foram apontados logo acima – de
muitos países.
POLÍTICA CAMBIAL
Segundo o BCB, a política cambial “é o conjunto de medidas que define o regime de taxas de
câmbio e regulamenta as operações de câmbio”.
10.000.000 CNY = 8.160.000 BRL
Lucro = 10.000.000 × 0,005 = 50.000 BRL
Fonte: (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2020a)
Essa política estabelece o funcionamento do mercado de câmbio e a gestão das reservas
internacionais.
Como vimos, a definição das regras de funcionamento do mercado de câmbio fica a cargo do
Conselho Monetário Nacional (CMN). Entidade subordinada ao CMN, o Banco Central do Brasil
(BCB) atua para garantir o cumprimento dessas regras. O BCB tem, portanto, papel fundamental
na execução da política cambial, como veremos mais à frente.
 ATENÇÃO
A política cambial e os movimentos das taxas de câmbio afetam diretamente a vida de todos os
cidadãos. Muitos itens consumidos são afetados pelos valores do câmbio, desde o agronegócio,
em que os preços de alguns produtos e insumos são determinados pela moeda estrangeira, até a
mineração e os produtos industrializados. Mesmo alguns bens produzidos no Brasil têm seu preço
dependente de matéria-prima ou de peças adquiridas no exterior.
Por outro lado, se uma taxa de câmbio muito apreciada (ou seja, com um Real forte) reduz a
pressão externa nos preços de bens e serviços comercializados no país, ela tem o efeito de
diminuir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, pois eles ficam mais
caros em moeda estrangeira.
A despeito do valor absoluto do câmbio, uma volatilidade muito grande nas taxas dificulta bastante
a previsibilidade dos agentes econômicos, gerando incerteza e ineficiência na economia.
REGIMES CAMBIAIS
Por conta do que foi exposto anteriormente, uma das principais decisões tomadas pelo CMN é a
definição do regime de câmbio a ser adotado no país. Esse regime pode ser fixo, flutuante ou
administrado.
REGIME DE CÂMBIO FIXO
Como o próprio nome diz, a taxa de câmbio não se altera, sendo artificialmente mantida fixa pelo
governo. Para manter essa taxa fixa, ele opera no mercado de câmbio, comprando e vendendo
moeda estrangeira.
Sua ação ocorre da seguinte forma: se a moeda estrangeira tende a se apreciar (ficar mais cara),
o governo vende moeda estrangeira, aumentando sua oferta e reduzindo seu preço (cotação).
Caso essa moeda se deprecie (fique mais barata), ele atua comprando-a, o que reduz sua oferta e
aumenta sua cotação.
Essas operações requerem a disponibilidade de grandes volumes de reservas para que o sistema
funcione adequadamente.
 COMENTÁRIO
O principal argumento para a utilização de câmbio fixo é o controle inflacionário. Segundo os
defensores deste tipo de regime, atrelar o valor da moeda local a uma moeda estável pode evitar
surtos de inflação. Seus críticos, por outro lado, argumentam que a manutenção artificial do
câmbio em um valor fixo é de difícil sustentação em longo prazo, terminando inevitavelmente em
uma crise cambial.
Alguns países latino-americanos empregam atualmente este tipo de regime cambial, o que
mantém suas moedas equiparadas ao dólar americano. Podemos citar como exemplos Equador,
Panamá, El Salvador, Costa Rica, Haiti e Honduras.
O regime de câmbio fixo foi adotado mais recentemente no Brasil na década de 1990 como forma
de controlar a hiperinflação vivida pelo país até então. Essa estratégia foi bem sucedida naquele
momento.
Já na história econômica mundial, seu percurso é bastante interessante.
PADRÃO-OURO
Sistema monetário internacional utilizado entre 1870 e 1914, o padrão-ouro se baseava na teoria
quantitativa da moeda elaborada por David Hume. Nesse sistema, cada banco era obrigado a
converter as moedas em ouro sempre que houvesse o pedido para tal.
O padrão-ouro consistia, portanto, em um regime cambial fixo com a moeda lastreada em
determinada quantidade de ouro.
 
Fonte: Pla2na/Shutterstock
Os países comprometiam-se a manter a paridade de suas moedas com o ouro, comprando-o e
vendendo-o quando fosse necessário.
Se o balanço de pagamentos de um país fosse deficitário, ele deveria vender ouro para manter a
paridade monetária. Caso contrário, deveria importá-lo.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) pôs um fim a esse sistema.
BRETTON WOODS
Em 1944, ainda durante a Segunda Grande Guerra, 44 países reuniram-se em Bretton Woods,
localidade no estado de New Hampshire, para uma conferência. Foram definidas nela as regras de
uma nova ordem monetária internacional.O acordo de Bretton Woods estabeleceu instituições
que permanecem até os dias atuais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional
(FMI).
 COMENTÁRIO
Com esse acordo, o dólar americano passou a estar vinculado ao ouro, em que cada onça troy
(aproximadamente 28 gramas) correspondia a 35 dólares, enquanto os demais países
comprometiam-se a manter suas moedas indexadas ao dólar. Os países podiam recorrer ao FMI
para ajudá-los a manter essa indexação em situações mais difíceis.
Em 1971, os Estados Unidos romperam o acordo, fazendo com que o dólar americano se tornasse
a principal moeda de reserva internacional e que muitos países passassem a adotar o regime de
câmbio flutuante.
REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE
Trata-se do regime cambial adotado atualmente no Brasil.
No regime de câmbio flutuante, o valor das taxas de câmbio se dá livremente pelas condições de
oferta e demanda do mercado. Se houver uma maior procura por moeda estrangeira, ela tenderá a
se valorizar, depreciando a moeda local. Contudo, se a procura pela estrangeira for menor, sua
tendência será a de se depreciar, valorizando a local.
Vejamos um exemplo disso:
Suponhamos que, em determinado momento, a taxa de câmbio entre reais (BRL) e dólares
americanos (USD) seja tal que 1USD = 5BRL.
Digamos agora que, devido a uma melhora no ambiente de negócios no Brasil e aos incentivos a
grandes investimentos em infraestrutura, haja um grande fluxo de investidores estrangeiros em
nossa economia.
Neste caso, os dólares desses investidores serão convertidos em reais para poderem ser
investidos nos projetos pelo Brasil. Isso fará com que a procura por reais aumente e ele se
valorize frente ao dólar, ou seja, que este se deprecie frente àquele.
Esse movimento gerará uma pressão na taxa de câmbio de tal forma que 1USD < 5BRL.
Da mesma forma, se houver uma instabilidade política no país que afugente os investidores
estrangeiros, eles irão converter seus reais em dólares, ou seja, haverá um aumento na demanda
por dólares, o que fará com que ele se valorize frente ao real.
Desta vez, a pressão do mercado fará com que a taxa de câmbio seja tal que 1USD > 5BRL.
A demanda e a oferta por moeda estrangeira decorrem das atividades econômicas, como, por
exemplo, importações, exportações, turismo, investimentos estrangeiros no Brasil e de brasileiros
no exterior, além de remessa de juros e amortizações a credores externos e de capitais e
dividendos por empresas multinacionais.
Com isso, a demanda e a oferta são bastante afetadas por problemas como inflação, taxas de
juros, balanço de pagamentos, estabilidade política, segurança jurídica e perspectivas econômicas
dos agentes.
 ATENÇÃO
Um regime de câmbio flutuante não exclui o fato de que o governo, por meio do Banco Central,
atua nesse mercado. Certamente, o BCB não fará isso com o objetivo de determinar a taxa de
câmbio, que flutua livremente; contudo, sua atuação será fundamental para, como veremos
adiante, manter a funcionalidade desse mercado.
REGIME DE CÂMBIO ADMINISTRADO
Esse regime também é chamado de regime de bandas cambiais, pois ele permite uma flutuação
limitada da taxa de câmbio dentro de intervalos predeterminados (bandas cambiais). Dessa
maneira, os governos estabelecem uma faixa cambial dentro da qual a taxa de câmbio pode
flutuar livremente, intervindo apenas quando ela tende a sair do intervalo fixado.
 
Fonte: Number1411/Shutterstock
CRISES CAMBIAIS
Com o fim do acordo de Bretton Woods e a disseminação dos regimes de câmbio flutuante,
observaram-se diversas crises cambiais no mundo, que passaram a ser o objeto de estudo de
muitos economistas. Consideraremos crises do tipo os eventos em que a taxa de câmbio de
determinado país sofre uma forte depreciação em curto espaço de tempo.
Desenvolvidas após o estudo de diversos economistas, as três gerações de crises cambiais serão
analisadas a seguir:
CRISES CAMBIAIS DE 1ª GERAÇÃO
Neste tipo de modelo, as crises cambiais são causadas pela conjugação de políticas internas que
geram deficit fiscal e um regime de câmbio fixo.
Como o deficit fiscal — quando o governo gasta mais do que arrecada — precisa ser financiado
por emissão de dívida ou diminuição das reservas internacionais, os governos possuem um
estoque limitado de reservas para manter o câmbio fixo. Essas políticas acabam por esgotar tais
reservas, tornando impossível a manutenção do regime de câmbio fixo.
Caso as reservas se esgotem, os países teriam de emitir mais moeda para financiar seu deficit, o
que geraria uma desvalorização da moeda local. Nesse momento, passaria a ser mais vantajoso
deter a moeda estrangeira: sua cotação aumentaria abruptamente.
Na verdade, os agentes sabem que isso ocorrerá. Tão logo percebam que as reservas estão
fadadas a esgotarem-se no futuro, eles se antecipam e convertem seus ativos de moeda local
para moeda estrangeira, fazendo com que as reservas se esgotem imediatamente e a local tenha
uma forte desvalorização.
Esses modelos descrevem de certa forma as crises observadas no México e na Argentina na
década de 1980. No entanto, eles não correspondem às vividas na Europa no início dos anos
1990.
CRISES CAMBIAIS DE 2ª GERAÇÃO
Os países que sofreram ataques especulativos na Europa, no início da década de 1990, não
apresentavam as condições prévias descritas nos modelos de 1ª geração. Isso fez com fossem
desenvolvidos os de 2ª geração.
Enquanto as respostas dos governos eram automáticas nos de 1ª geração, os modelos de 2ª
geração previam uma ponderação deles sobre os custos de se manter o regime de câmbio fixo,
ainda que possuindo condições para tal.
Esses custos estão relacionados a consequências, como, por exemplo, aumento do desemprego e
das taxas de juros ou baixo crescimento (caso a opção seja manter o regime de câmbio fixo).
Segundo esses modelos, haveria três situações de equilíbrio possíveis:
Caso os fundamentos estejam deteriorados, a crise é inevitável;
Caso eles estejam bons, não haverá crise;
Caso sejam intermediários, qualquer desfecho é possível.
No exemplo europeu, os países enquadravam-se no terceiro caso. Apesar de os fundamentos não
estarem ruins, o alto desemprego gerava pressões políticas para a desvalorização cambial, o que
favoreceu o ataque especulativo às moedas.
CRISES CAMBIAIS DE 3ª GERAÇÃO
No final da década de 1990, uma série de países asiáticos foi afetada por crises cambiais. Elas
apresentavam características distintas, o que propiciou o desenvolvimento dos modelos de 3ª
geração.
A principal característica dessa crise foi seu ponto de origem: uma crise bancária. Ela suscitou o
surgimento de outra crise, a cambial, a qual, por sua vez, agravou a crise bancária, gerando um
círculo vicioso.
Nesses modelos, a crise decorre do choque entre dois objetivos dos bancos centrais: manter o
câmbio fixo ou garantir o bom funcionamento do sistema bancário. Como eles se tornem
incompatíveis, o regime de câmbio fixo termina por ser abandonado.
As crises asiáticas (1997), assim como a crise da Rússia (1998) e do México (1995), precipitaram
o abandono do regime de câmbio fixo no Brasil em 1998.
Neste vídeo, entenderemos melhor os modelos de crises cambiais de 1ª, 2ª e 3ª gerações.
RESERVAS INTERNACIONAIS
Vimos que, nos regimes de câmbio fixo e administrado, as reservas internacionais são
fundamentais para permitir que seja mantida a cotação da moeda local fixa ou que ela permaneça
dentro da banda cambial. No entanto, mesmo no regime de câmbio flutuante, as reservas
internacionais desempenham um papel relevante.
Podemos observar no site do BCB que as reservas internacionais são definidas como ativos em
moeda estrangeira do Brasil, funcionando como uma espécie de seguro para o país fazer frente a
suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa, como, por exemplo, crises cambiais
e interrupções nos fluxos de capital para o país.
O site ainda traz a figura a seguir, que mostra o volume de reservas internacionais do Brasildesde
setembro de 2010. Elas giram em torno de US$350 bilhões.
 
Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2020b
 Reservas internacionais brasileiras (out/2010 a out/2020).
Com o regime de câmbio flutuante adotado pelo Brasil, as reservas internacionais permitem a
manutenção do mercado de câmbio funcionando adequadamente. O BCB administra essas
reservas, podendo operar nesse mercado para atenuar oscilações bruscas do real frente ao dólar.
Desse modo, em vez de tentar manter fixa a cotação da moeda, a entidade atua para atenuar a
volatilidade excessiva do câmbio e manter a estabilidade sistêmica. Apesar de poder operar
diretamente com as reservas, o Banco Central também usa outro expediente nesse trabalho de
prover previsibilidade e segurança no câmbio: o swap cambial. Em inglês, o termo swap significa
“troca”.
Ele é um instrumento derivativo muito utilizado. A partir do contrato de swap cambial, o investidor
recebe do BCB um valor correspondente à variação cambial do período, protegendo-se, assim,
dessas variações do câmbio. Em troca, o investidor paga ao Banco Central a variação da taxa de
juros brasileira: a taxa Selic.
Como este tipo de contrato não exige desembolso inicial, o BCB consegue atuar no mercado
cambial sem utilizar diretamente suas reservas internacionais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. DETERMINADO PAÍS TEM BAIXA INFLAÇÃO, DÍVIDA E BALANÇO DE PAGAMENTOS
ESTABILIZADOS, ALÉM DE UM SIGNIFICATIVO ESTOQUE DE RESERVAS. MESMO ASSIM,
ELE POSSUI ALTO DESEMPREGO E BAIXO CRESCIMENTO. APÓS SER ALVO DE UM
ATAQUE ESPECULATIVO CONTRA SUA MOEDA, O PAÍS DECIDE ABANDONAR O REGIME
DE CÂMBIO FIXO UTILIZADO ATÉ ENTÃO. QUAL MODELO DE CRISE CAMBIAL MELHOR
DESCREVE ESSA SITUAÇÃO?
A) Modelo de 1ª geração.
B) Modelo de 2ª geração.
C) Modelo de 3ª geração.
D) Tanto o modelo de 1ª geração quanto o de 3ª explicam adequadamente a situação descrita no
enunciado.
E) Esta não é uma situação de crise cambial que possa ser explicada por modelos econômicos.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA.
A) No regime de câmbio fixo, os governos atuam no mercado de câmbio para manter a taxa de
câmbio artificialmente fixa.
B) No regime de câmbio flutuante, a taxa de câmbio é determinada exclusivamente pela oferta e
pela demanda por moeda local e estrangeira.
C) O regime de câmbio administrado é um híbrido entre o câmbio fixo e o flutuante, com os
governos definindo faixas em que a taxa de câmbio pode flutuar livremente.
D) As reservas cambiais não são importantes no regime de câmbio fixo.
E) O padrão-ouro pode ser considerado um sistema de câmbio fixo.
GABARITO
1. Determinado país tem baixa inflação, dívida e balanço de pagamentos estabilizados, além
de um significativo estoque de reservas. Mesmo assim, ele possui alto desemprego e baixo
crescimento. Após ser alvo de um ataque especulativo contra sua moeda, o país decide
abandonar o regime de câmbio fixo utilizado até então. Qual modelo de crise cambial
melhor descreve essa situação?
A alternativa "B " está correta.
O modelo de 2ª geração prevê três equilíbrios possíveis: fundamentos deteriorados e colapso do
regime cambial fixo; fundamentos sólidos e manutenção do regime; e, por fim, situação
intermediária, em que o país decide abandonar (ou não) o regime de câmbio fixo graças aos
custos envolvidos em sua manutenção. No enunciado, tais custos são o alto desemprego e o
baixo crescimento.
2. Assinale a alternativa incorreta.
A alternativa "D " está correta.
Para um regime de câmbio fixo ser sustentável, é imperativo que os governos disponham de
reservais cambiais adequadas para poderem operar no mercado de câmbio a fim de que a taxa de
câmbio fixa seja mantida.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discutimos neste tema vários aspectos do mercado de câmbio. Para isso, descrevemos sua
estruturação e seus agentes, além de destacarmos a importância desse mercado para o comércio
internacional.
Vimos ainda como é feita a conversão de moedas. Em seguida, descrevemos a atuação do Banco
Central no mercado cambial em duas frentes: no cálculo de diversas cotações (PTAX) ou na
atuação para implantar o regime cambial definido pelo Conselho Monetário Internacional.
Por fim, estudamos os modelos de crises cambiais recentes, ressaltando, com isso, a importância
de se manter um sistema saudável para o bom funcionamento da economia.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Política cambial. Consultado em meio eletrônico em: 14 out.
2020a.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Reservas internacionais. Consultado em meio eletrônico em: 14
out. 2020b.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Circular nº 3.691, de 16 de dezembro de 2013. Regulamenta a
Resolução nº 3.568, de 29 de maio de 2008, que dispõe sobre o mercado de câmbio e dá outras
providências. 16 dez. 2013.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Circular nº 3.506, de 21 de setembro de 2010. Dispõe sobre a
metodologia de apuração da taxa de câmbio real/dólar divulgada pelo Banco Central do Brasil
(PTAX). 21 set. 2010.
EXPLORE+
Para saber mais sobre a PTAX, acesse o site do Banco Central e, em seguida, digite no campo de
busca dele a seguinte frase: “A taxa de câmbio de referência Ptax”.
Obtenha mais informações sobre a ISO 4217:2015 no site da ISO. Para tal, basta digitar “ISO
4217 currency codes” em seu campo de busca.
CONTEUDISTA
Paulo Miller
 CURRÍCULO LATTES
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