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Samuel Melo Ribeiro Turma XXXII 1 EMBOLIA Definição de êmbolo: É uma massa sólida, líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue para um local distante de seu ponto de origem. Tipos de êmbolo: Trombo (coágulo sanguíneo), gotículas de gordura, bolhas de ar ou nitrogênio, fragmentos tumorais, pedacinhos de medula óssea e líquido amniótico Inevitavelmente, os êmbolos se alojam em vasos muito pequenos para permitir a sua passagem, resultando em oclusão vascular parcial ou completa. A consequência primária da embolização sistêmica é a necrose isquêmica (infarto). 1. Tromboembolismo Pulmonar → 95% dos casos, os êmbolos venosos originam-se de trombos nas veias profundas (TVP) da perna proximais à fossa poplítea. Fossa poplítea: → Os trombos fragmentados decorrentes de TVPs são transportados e atravessam o lado direito do coração antes de pararem nos vasos pulmonares. Dependendo do tamanho pode ocluir a principal artéria pulmonar, alojar-se na bifurcação das artérias pulmonares direita e esquerda (êmbolo em sela) Êmbolo em sela: Samuel Melo Ribeiro Turma XXXII 2 • A maioria dos êmbolos pulmonares (60-80%) é de êmbolos pequenos e clinicamente silenciosa. • Um êmbolo grande que bloqueia uma grande artéria pulmonar pode causar morte súbita • A obstrução de uma artéria de tamanho médio e a subsequente ruptura de capilares podem causar hemorragia pulmonar. Tal embolização normalmente não causa infarto pulmonar, uma vez que a área também recebe sangue através de circulação bronquial intacta (circulação colateral). 2. Tromboembolismo Sistêmico Êmbolos que viajam na circulação arterial e que podem se deslocar para praticamente qualquer parte do corpo. Destinos comuns incluem extremidades inferiores (75%) e sistema nervoso central (10%); intestinos, rins e baço são alvos menos comuns. 3. Embolia Gordurosa A lesão por esmagamento de tecido mole ou fratura de osso longo libera na circulação glóbulos de gordura microscópicos I. A embolia gordurosa e medular ocorre em cerca de 90% dos indivíduos com graves lesões esqueléticas, porém menos de 10% exibem achados clínicos. II. Minoria dos pacientes com achados clínicos: a) Sinais clínicos e sintomas aparecem 1-3 dias após a lesão, como o início súbito de taquipneia, dispneia, taquicardia, irritabilidade e agitação b) Pode progredir para o delírio ou coma 4. Embolia do Líquido Amniótico I. É uma complicação incomum do parto e do período pós-parto imediato II. Taxa de mortalidade de 80% III. 85% das sobreviventes sofrem de alguma forma de déficit neurológico permanente Caracteriza-se por dispneia aguda súbita, cianose e choque hipotensivo, seguidos por convulsões e coma Samuel Melo Ribeiro Turma XXXII 3 Se a paciente sobreviver à crise inicial, tipicamente se desenvolve o edema pulmonar, juntamente (em cerca de metade das pacientes) com coagulação intravascular disseminada secundária à liberação de substâncias trombogênicas provenientes do líquido amniótico. Causa: É a entrada do líquido amniótico (e seus conteúdos) na circulação materna via lacerações nas membranas placentárias e/ou ruptura da veia uterina. Achados histológicos: Células escamosas descartadas da pele fetal, pelos lanuginosos, gordura do verniz caseoso e mucina derivada dos tratos respiratório ou gastrointestinal fetal na microcirculação pulmonar materna 5. Embolia Gasosa Bolhas de gás na circulação podem coalescer e obstruir o fluxo vascular causando lesão isquêmica distal Assim, pequeno volume de ar capturado em uma artéria coronária, durante revascularização do miocárdio ou introduzido na circulação arterial cerebral por neurocirurgia realizada em “posição sentada” ereta, pode ocluir o fluxo, com péssimas consequências. Uma forma particular de embolia gasosa, chamada doença da descompressão, é causada por alterações súbitas na pressão atmosférica. Assim, os escafandristas, os trabalhadores em construções submarinas e pessoas em aeronaves não pressurizadas, submetidas a rápida ascensão, estão em risco. Quando o ar é respirado a alta pressão (p. ex., durante um mergulho marítimo profundo), maiores quantidades de gás (particularmente nitrogênio) se dissolvem no sangue e nos tecidos. Se o mergulhador ascender (despressurizar-se) de forma muito rápida, o nitrogênio se expande nos tecidos, e bolhas da solução no sangue formam êmbolos gasosos, que causam isquemia tecidual. Consequências: edema, hemorragias e atelectasia focal ou enfisema, levando à angústia respiratória, as chamadas sufocações. A doença da descompressão aguda é tratada colocando-se a pessoa afetada em uma câmara de alta pressão, para forçar o gás a voltar à solução. A subsequente descompressão lenta permite a gradual reabsorção do gás e a exalação, de modo que não voltem a se formar bolhas obstrutivas. Câmara de alta pressão: Samuel Melo Ribeiro Turma XXXII 4 INFARTO É uma área de necrose isquêmica causada por obstrução do suprimento vascular para o tecido afetado Morfologia: I. Infartos vermelhos/hemorrágicos Ocorre nas seguintes situações: a) Oclusões venosas b) Tecidos frouxos (ex: pulmão), onde o sangue pode se acumular em zonas infartadas c) Tecidos com circulações duplas, como pulmão e intestino delgado d) Em tecidos previamente congestionados e) Quando o fluxo é restabelecido após ocorrer o infarto II. Infartos brancos/anêmicos a) Ocorrem com oclusões arteriais em órgãos sólidos com circulação arterial terminal (p. ex., coração, baço e rim) b) A densidade do tecido limita a penetração de sangue dos leitos capilares adjacentes para a área necrótica. Legenda: Figura A: infarto hemorrágico do pulmão Figura B: Infarto branco do baço Fatores que influenciam o desenvolvimento do Infarto: Anatomia do suprimento vascular: A presença ou ausência de um suprimento sanguíneo alternativo. Exemplo: Pulmão é vascularizado pelas artérias pulmonares e bronquiais e isso significa que a obstrução das arteríolas pulmonares não causa infarto pulmonar, já que apresenta uma circulação colateral. Velocidade da oclusão: O lento desenvolvimento das oclusões tem menos probabilidade de causar infarto por dar tempo para o desenvolvimento de suprimentos sanguíneos colaterais. Samuel Melo Ribeiro Turma XXXII 5 Vulnerabilidade tecidual à isquemia: Os neurônios sofrem dano irreversível quando privados de seu suprimento sanguíneo por apenas 3-4 minutos. Já as células miocárdicas morrem após 20-30 minutos de isquemia. Hipoxemia: Compreensivelmente, o conteúdo de O2 do sangue anormalmente baixo (independentemente da causa) aumenta a probabilidade e a extensão do infarto. CHOQUE O choque se caracteriza por hipoperfusão sistêmica dos tecidos; pode ser causado por diminuição do débito cardíaco ou do volume sanguíneo circulante efetivo. - É reversível, porém quando prolongado pode levar a uma lesão irreversível ou até a morte. I. Choque cardiogênico: resulta do baixo débito cardíaco decorrente de falha da bomba miocárdica. Pode ser causado por dano miocárdico (infarto), arritmias ventriculares, compressão extrínseca (tamponamento cardíaco). II. Choque hipovolêmico: resulta de baixo débito cardíaco decorrente da perda de volume sanguíneo ou plasmático (p. ex., por hemorragia) III. Choque séptico: resulta de vasodilatação arterial e acúmulo de sangue venoso que se origina da resposta imune sistêmica à infecção microbiana. IV. Choque neurogênico: Desregulação neurogênica que resulta na redução do tônus das veias e artérias, reduzindo também a pressão arterial. Causas: acidentes anestésicos ou tramas em medula espinal. V. Choque anafilático: resulta de vasodilatação sistêmica e aumento da permeabilidade vascular que é deflagradopor uma reação de hipersensibilidade mediada por imunoglobulina E.