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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ Processo nº ____________________________ GILBERTO já qualificado nos autos do processo, às fls..., por seu Advogado formalmente constituído que este subscreve, vem, respeitosamente, á presença de Vossa, interpor o presente AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no artigo 197 da Lei de Execução Penal 7.210/81. Nesse sentido, requer que seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer que seja encaminhado o presente recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça, para o devido processamento. Nestes termos, pede deferimento. Comarca, data Advogado, OAB____ nº ____. EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Recorrente: Gilberto Recorrido: Ministério Público Processo nº_________________ RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça Colenda Câmara I – DOS FATOS O agravante foi denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Artigo 157, caput, do Código de Processo Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão em regime inicial fechado e 12 dias de multa , tendo a sentença transitada em julgado para ambas as partes em 11 de setembro de 2017. No dia 04 de janeiro de 2018, o agravante formulou o pedido de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido, contudo, foi indeferido, apesar de, em tese, os requisitos subjetivos estarem preenchidos, sob os seguintes argumentos: a) o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade; b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir metade da pena imposta para obtenção do livramento condicional; c) indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em vista que os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade. II – DO DIREITO A) Do roubo não ser crime hediondo O magistrado indeferiu o pedido de livramento condicional, sob o fundamento de que o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade. Todavia o crime de roubo não é hediondo, tendo em vista que não está previsto no rol trazido pelo Art. 1º da lei nº 8.072/90. Assim, não há o que se falar em cumprimento de 2/3 da pena para concessão do benefício, mas 1/3 da pena, já que o agravante não é reincidente, conforme prevê o artigo 83, I, do Código Penal. B) Do preenchimento do requisito objetivo O magistrado indeferiu o pedido de livramento condicional, argumentado, ainda, que estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes deveria cumprir metade da pena imposta para obtenção do livramento condicional. Todavia, a decisão do magistrado fere o princípio da legalidade, uma vez que o artigo 83 do Código Penal prevê que apenas o condenado reincidente na pratica de crime doloso tem que cumprir mais da metade da pena aplicada para fazer jus ao livramento condicional. Embora o artigo 83 inciso I, do Código Penal dispor que o condenado não reincidente e portador de bons antecedentes deve cumprir 1/3 da pena, além de não reincidente. Houve uma omissão do legislador ao não prever o requisito objetivo para concessão do livramento condicional para o condenado primário, mas portador de maus antecedentes. Diante da omissão. Deve ser aplicado o percentual que seja mais favorável ao acusado, pois não cabe analogia in malam partem. Diante do exposto, a jurisprudência pacificou o entendimento de que o condenado não reincidente ainda que portador de maus antecedentes, deverá observar o requisito objetivo para o livramento condicional após cumprimento de 1/3 da pena. C) Da necessidade do exame criminológico O magistrado indeferiu o pedido de livramento condicional, porque considera indispensável a realização de exame criminológico, tendo em vista eu os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade. Todavia, com a edição da Lei 10.792/03, não mais a obrigatoriedade da realização de exame criminológico para fins de obtenção da progressão de regime ou do livramento condicional. Isto é, para o livramento, basta que seja atestado comportamento satisfatório durante a execução da pena. No caso, a justificada apresentada pelo Magistrado não é suficiente para a realização do exame criminológico. O simples fato de considerar o crime de roubo grave não justifica a realização do exame criminológico, não sendo idôneo indeferir o pedido de livramento condicional apenas por considerar grave e abstrato, devendo a decisão ser devidamente fundamentada considerando o caso concreto, nos termos da Súmula 439 do STJ, até porque se trata de roubo simples. Além disso, o agravante nunca foi punido pela prática de falta grave dentro do estabelecimento prisional, de modo que desnecessária a realização do exame. III – DO PEDIDO Ante o exposto, requer que seja CONHECIDO E PROVIDO o presente recurso, com a REFORMA DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim de que seja concedido o livramento condicional em favor de Gilberto, com consequente expedição de alvará, eis que, quando o recurso, já preenchia todos os requisitos. Nestes termos, pede deferimento Local, data Advogado OAB ____Nº____