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Boas Práticas de Assistência ao Parto e Nascimento Profª Mestre Cilene Delgado Crizóstomo Enfermeira Obtétra 14/03/16 A QUEM ESTAS DIRETRIZES SE DESTINAM 14/03/16 Estas Diretrizes deverão servir de referência e orientação para assistência a: • mulheres em trabalho de parto com parto normal planejado (espontâneo ou induzido) entre 37 e 42 semanas de gestação com feto único, vivo e em apresentação cefálica; • gestantes com ruptura prematura de membranas no termo ou imediatamente antes do parto; • parturientes que apresentarem eliminação de mecônio imediatamente antes ou durante o trabalho de parto; • anormalidades ou complicações mais comuns encontradas na assistência ao trabalho de parto e parto em todas as suas fases; • • recém-nascido normal imediatamente após o parto e nas primeiras horas de vida; recém-nascido normal em alojamento conjunto e no momento da alta; 14/03/16 Nas mulheres em trabalho de parto a termo, espontâneo ou induzido, com complicações da gestação, tais como desordens hipertensivas, diabetes, gravidez múltipla, restrição de crescimento fetal, etc., estas Diretrizes também podem servir de referência já que algumas práticas e intervenções podem ser semelhantes. v Estimulação do trabalho de parto com ocitocina; v Ruptura artificial de membranas; v Alívio farmacológico da dor (peridural, opióides, óxido nitroso); v Alívio não farmacológico da dor; ou v Manobra ativa no terceiro período Para efeito destas Diretrizes entende-se como parto normal ou espontâneo aquele que não foi assistido por fórceps, vácuo extrator ou cesariana, podendo ocorrer intervenções baseadas em evidências, em circunstâncias apropriadas, para facilitar o progresso do parto e um parto vaginal normal, tais como: v estimulação do trabalho de parto com ocitocina; v • ruptura artificial de membranas; v • alívio farmacológico da dor (peridural, opióides, óxido nitroso); v • alívio não farmacológico da dor; ou v • manobra ativa no terceiro período.14/03/16 Local de assistência ao Parto 1. Informar às gestantes de baixo risco de complicações que o parto normal é geralmente muito seguro tanto para a mulher quanto para a criança. 2. Informar às gestantes de baixo risco sobre os riscos e benefícios dos locais de parto (domicílio, Centro de Parto Normal extra, peri ou intra hospitalar, maternidade). Utilizar as tabelas 1, 2, 3 e 4 para tal. Informar também que as evidências são or iundas de outros países, e não necessariamente aplicáveis ao Brasil. 3. As mulheres nulíparas ou multíparas que optarem pelo planejamento do parto em Centro de Parto Normal (extra, peri ou intra-hospitalar), se disponível na sua área de abrangência ou próximos dessa, e cientes dos riscos e benefícios desses locais, devem ser apoiadas em sua decisão. Local de assistência ao Parto 4. As mulheres devem receber as informações sobre o local de parto: - acesso à equipe médica (obstetrícia, anestesiologia e pediatria); - acesso ao cuidado no trabalho de parto e parto por enfermeiras obstétricas ou obstetrizes; - acesso a métodos de alívio da dor, incluindo os não farmacológicos (banheira, chuveiro, massagens, etc.), analgesia regional e outras substâncias analgésicas; - a probabilidade de ser transferida para uma maternidade (se esse não for o local escolhido), as razões porque isso pode acontecer e o tempo necessário para tal. Cuidados Gerais durante o Trabalho de Parto Informações e Comunicação Para estabelecer comunicação com a mulher os profissionais devem: vCumprimentar a mulher com um sorriso e uma boa acolhida, se apresentar e explicar qual o seu papel nos cuidados e indagar sobre as suas necessidades, incluindo como gostaria de ser chamada; vManter uma abordagem calma e confiante, demonstrando à ela que tudo está indo bem; vBater na porta do quarto ou enfermaria e esperar antes de entrar, respeitando aquele local como espaço pessoal da mulher e orientar outras pessoas a fazerem o mesmo; Cuidados Gerais durante o Trabalho de Parto Informações e Comunicação vPerguntar à mulher como ela está se sentindo e se alguma coisa em particular a preocupa; vSe a mulher tem um plano de parto escrito, ler e discutir com ela, levando-se em consideração as condições para a sua implementação tais como a organização do local de assistência, limitações (físicas, recursos) relativas à unidade e a disponibiidade de certos métodos e técnicas; v Avaliar o que a mulher sabe sobre estratégias de alívio da dor e oferecer informações e métodos que são mais aceitáveis para ela; Cuidados Gerais durante o Trabalho de Parto Informações e Comunicação v Solicitar permissão à mulher antes de qualquer procedimento e observações, focando nela e não na tecnologia ou documentação; vMostrar à mulher e aos seus acompanhantes como ajudar e assegurar-lhe que ela o pode fazer em qualquer momento e quantas vezes quiser. Quando sair do quarto, avisar quando vai retornar; vEnvolver a mulher na transferência de cuidados para outro profissional 14/03/16 CATEGORIA A DEVEM SER ESTIMULADAS Respeito à escolha da mãe sobre o local do parto Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto e escolha do acompanhante Fornecimento às mulheres sobre todas as informações e explicações que desejarem Oferta de líquidos por via oral Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente CATEGORIA A Uso do Partograma Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto; Estímulo a posições não supinas durante o trabalho de parto; Administração profilática de ocitocina no 3º estágio do parto Condições estéreis ao cortar o cordão Prevenção da hipotermia do bebê Contato pele a pele e aleitamento na 1ª hora Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares; DEVEM SER ESTIMULADAS CATEGORIA B Uso rotineiro de enema, tricotomia Infusão intravenosa de rotina no trabalho de parto Uso rotineiro de posição supina Administração de ocitócitos em qualquer momento antes do parto de um modo que não permite controlar seus efeitos Esforço de puxo prolongado Distensão do períneo durante o 2º estágio do trabalho de parto Exploração manual rotineira após o parto BOAS PRÁTICAS DE ATENÇÃO AO PARTO E AO NASCIMENTO DEVEM SER ELIMINADAS CATEGORIA C Amniotomia precoce de rotina Pressão do fundo durante o trabalho de parto; Manobras relacionadas à proteção do períneo Uso rotineiro de ocitocina de rotina, tração controlada do cordão, ou sua combinação durante o 3º estágio Clampeamento precoce do cordão umbilical USO COM CAUTELA CATEGORIA D Restrição hídrica e alimentar Controle da dor por agentes sistêmicos Monitoramento eletrônico fetal Uso de máscaras e aventais estéreis durante a assistência ao TP Exames vaginais repetidos ou frequentes Correção da dinâmica com utilização de ocitocina Transferência da parturiente para outra sala no início do 2º estágio do TP Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a mulher sinta o puxo involuntário USO INADEQUADO Oferta de líquidos e sólidos Restrição era uma rotina que pretendia prevenir o risco de aspiração gástrica em caso de intervenção cirúrgica sob anestesia geral A ingestão de líquidos claros durante o parto não influi na evolução do mesmo, no tipo de parto, na duração e no uso da ocitocina, e nem nos resultados do recém-nascido Previne cetose que pode resultar em náuseas, vômitos, cefaleia e exaustão materna Melhora o conforto e a satisfação materna e não aumenta as complicações maternas Categoria A - Recomenda-se permitir a ingestão de líquidos claros durante o parto Obstetrícia Baseada em Evidencias Movimentação e adoção de diferentes posições As posições verticais e a deambulação encurtama duração da primeira fase do parto A liberdade de movimentos permite que se adotem posições que aliviam a dor Melhoram o bem-estar da mulher e sua sensação de protagonismo e controle CATEGORIA A Deve-se estimular e ajudar as mulheres a adotarem qualquer posição que achem cômoda ao longo do período de dilatação Uso de Partograma Obstetrícia Baseada em Evidencias r a m a r e c o m e n d a - s e o d e l i n h a Puxos dirigidos ou espontâneos Obstetrícia Baseada em Evidencias CATEGORIA A : Recomenda-se o puxo espontâneo. Na ausência de sensação de puxo, recomenda-se não orientá-lo até que se tenha concluído a fase passiva da segunda etapa do parto Obstetrícia Baseada em Evidencias Categoria A: Não Episiotomia seletiva x rotineira Menos trauma perineal grave Menor necessidade de sutura Menos complicações na cicatrização Mais trauma perineal anterior Indicações? Parto operatório, pré-termo, pélvico Macrossomia Ameaça de ruptura perineal grave Pinçamento do cordão umbilical Contato pele a pele Amamentação materna Obstetrícia Baseada em Evidencias MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR Imersão em água durante o período de dilatação Produziu alívio imediato da dor das contrações e facilita o relaxamento e a mobilidade da mãe Um estudo piloto randomizado realizado em 200 mulheres comparou a imersão precoce (< 5 cm de dilatação) em comparação com tardia. No grupo com imersão precoce em água, observou-se uma taxa de uso de analgesia epidural e de ocitocina significativamente maior que 95%. Categoria A - Recomenda-se a imersão em água quente como método eficaz de alívio da dor durante a fase tardia da primeira etapa do parto Obstetrícia Baseada em Evidencias Massagem Ajuda a relaxar e aliviar a dor das contrações, transmitir interesse e compreensão Nece ssár io conhece r me lhor o e fe i to da massagem no alívio da dor durante o parto Categoria B - Recomenda-se a massagem e o contato físico tranquilizador como um método de alívio da dor durante a primeira e a segunda etapas do parto. Obstetrícia Baseada em Evidencias Bolas de parto (SUIÇA) Melhorar a mobilidade da pelve e relaxar a musculatura Procura promover o bem-estar das mulheres ao proporcionar-lhe um tipo de assento cômodo que permite a mobilização da pelve e o alívio em seguida Mulheres que escolherem usar bolas de borracha devem ser animadas a fazê-lo para posturas mais confortáveis Obstetrícia Baseada em Evidencias Presença do Acompanhante Lei nº 11.108 de 07 de abril de 2005 Diminuição da duração do trabalho de parto Redução da necessidade do uso de medicamentos Diminuição dos índices de cesarianas; Diminuição dos casos de depressão pós-parto Obstetrícia Baseada em Evidencias Ambiente acolhedor Diminui a ansiedade, insegurança, tensão, medo e sensação de dor excessiva. Ativar o córtex primitivo na liberação de ocitocina e endorfinas aumentando a sensação de segurança da mulher e da família. Obstetrícia Baseada em Evidencias Cócoras sustentado/ Agachamento Descida e rotação do feto; Assinclitismo persistente; Hipossistolia; Aumenta diâmetros da pelve em 25% Possibilita a ação da gravidade; aliviar a dor nas costas Necessita de menos esforços expulsivos Vantagens mecânicas - o tronco empurra o fundo uterino; aumenta a pressão no períneo Obstetrícia Baseada em Evidencias Exercícios Respiratórios O uso consciente da respiração (Inspirar pelo nariz e expirar pela boca) Promovem relaxamento e alív io da dor, enviam mensagens para o sistema nervoso que responde e n v i a n d o m e n s a g e m p a r a t o d o o s i s t e m a psicofisiológico. Diminui a tensão, o medo e a sensação dolorosa. Obstetrícia Baseada em Evidencias Auxilia rotação e descida do feto Cavalinho (assento ativo) Reduz edema de colo Auxilia no assinclitismo persistente Amplia os diâmetros da pelve Libera o sacro e cóccix Auxilia a rotação do bebê na posição occipito posteriores (OP) Descompressão do colo pelo pólo cefálico durante as contrações Obstetrícia Baseada em Evidencias Auxiliar na descida e rotação do feto. Amplia os diâmetros da pelve Permite a sensação de controle da mulher com seu processo de parturição. Não deve ser estimulado antes de dilatação avançada por risco de edema no colo vVERTICALIZADA Metrossístoles esparsas Possibilita massagens nas costas Melhor oxigenação do feto Potencializa a ação da gravidade na descida do feto Encurta o ângulo de descida e amplia os diâmetros da pelve em 25% Libera o sacro e cóccix Promove contrações menos dolorosas e mais eficazes Feto alinhado com o eixo da pelve Pode aumentar a necessidade do puxo no 2º estágio ( LATERAL Favorável para descansar Reduz a pressão nos grandes vasos Possibilita maior aporte sanguíneo e de oxigênio para o feto permite o movimento do sacro no 2º estágio Favorece a progressão do feto sem traumas; Útil para reduzir um 2º estágio muito acelerado Favorece a proteção perineal Alivia a pressão nas hemorróidas Cócoras Dificuldades na descida do feto Pode aliviar a dor nas costas Possibilita a ação da gravidade Amplia a saída da bacia N e c e s s i t a d e m e n o s e s f o r ç o s expulsivos Facilita a rotação e a descida – o tronco empurra o fundo uterino Aumenta a sensação de bem estar, por se sentir amparada Quatro Apoios Posições posteriores persistentes Distócia de ombro Alivia a dor nas costas Auxilia a rotação do bebê na posição OP Permite balançar a pelve e movimentos corporais Permite exames vaginais Alivia a pressão nas hemorroidas Facilita o desprendimento das espáduas ANVISA. Diário Oficial da União. RESOLUÇÃO-RDC N.o36, DE 3 DE JUNHO DE 2008 Dispõe sobre Regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/040608_1_rdc36.pdf BECKMANN MM, GARRETT AJ. Antenatal perineal massage for reducing perineal trauma. Cochrane Database of Systematic Reviews 2006, Issue 1. Art. No.: CD005123. DOI: 10.1002/14651858.CD005123.pub2 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM n. 163, de 22 de setembro de 1998. Trata das atribuições do enfermeiro obstetra e da obstetriz e do Laudo de Enfermagem para Emissão de Autorização de Internação Hospitalar – AIH para realização de parto normal. Diário Oficial da União 1998 setembro Seção 1, p. 24. 1998.-a. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM n. 2815 de 29 de maio de 1998. 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