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ANDREZA+SILVA+MOREIRA+_AVALIAÇÃO_OFICIAL_PROCESSO_PENAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE /CE 
 
 
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA​, brasileiro, casado, político, inscrito no CPF sob o 
nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº 
XXXX, Bairro XXXXXXX, Conceição do Agreste/ Ceara, por seu (a) advogado 
(a) que a esta subscreve, conforme procuração anexa a este instrumento, vem 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer o ​HABEAS CORPUS 
LIBERATORIO C/C PEDIDO DE LIMINAR com fundamento nos artigos 647 a 667, 
do CPP e no artigo 5º, LXV da Constituição Federal, e art. 310, I, do Código de 
Processo Penal, pelos motivos de fato e direito a seguir expostos: 
 
 
DOS FATOS 
 
C​onforme consta do auto de prisão em flagrante, em anexo, o requerente foi 
preso ilegalmente no dia 03 de fevereiro de 2018, em razão da suposta prática 
do delito de corrupção passiva, previsto no artigo 317, do Código Penal ocorrido, 
Zé da Farmácia é um político muito famoso, do Município de Conceição do 
Agreste/CE, possuindo grande influência em todo o estado do Ceará, e que, 
atualmente, ocupa o cargo de Presidente da Câmara dos Vereadores daquele 
município. 
Por ser muito conhecido, sempre atraiu os “holofotes” da imprensa local, bem 
como os olhares atentos das autoridades policiais. Tanto que todo esse 
“sucesso” acabou lhe custando muito caro. 
 
Isso porque, no dia 03 de fevereiro de 2018, o Delegado de Polícia do Município, 
Dr. João Rajão, alega que recebeu em seu gabinete o Sr. Paulo Matos, 
empresário, sócio de uma empresa interessada em participar das contratações a 
serem realizadas pela Câmara de Vereadores. 
 
A vítima relatou ao Delegado que, naquela data, o Vereador ​João Santos​, o 
João do Açougue​, que exerce, atualmente, a função de Presidente da 
Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de 
Conceição do Agreste/CE, junto aos vereadores ​Fernando Caetano e ​Maria do 
Rosário, membros da mesma Comissão, haviam exigido de Paulo o pagamento 
de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar do 
referido procedimento licitatório, que estava agendado para o dia seguinte. 
 
Segundo o delegado A vítima estava bastante nervosa e apreensiva com tal 
exigência, uma vez que sua empresa preenchia todos os requisitos legais para 
participar da referida concorrência, que era fundamental, inclusive, para a 
manutenção de seu negócio. 
 
Após ouvir atentamente a narrativa de Paulo, o Delegado João, visando prender 
todos os envolvidos em flagrante delito, orientou Paulo a sacar o dinheiro e 
combinar com os vereadores a entrega da quantia na própria sessão de 
realização da licitação, oportunidade em que uma equipe de policiais disfarçados 
estaria presente para efetuar a prisão dos envolvidos. 
 
Assim, no dia seguinte, no horário e local designados para a realização da 
concorrência pública, os policiais, que esperavam o ato, realizaram a prisão em 
flagrante dos vereadores ​João do Açougue​, ​Fernando Caetano e Maria do 
Rosário, ​no momento em que estes conferiam o valor entregue por​ ​Paulo. 
 
Ocorre que, por ironia do destino, Zé da Farmácia, na qualidade de Presidente 
da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, resolveu, 
naquele exato dia, assistir à Sessão da Comissão de Finanças e Contratos da 
Câmara para verificar se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e 
eficaz. 
 
Desta forma, mesmo sem ter ciência de nenhum dos fatos aqui narrados, estava 
presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial e acabou 
também preso em flagrante, acusado de participar do esquema criminoso. 
 
Apresentados ao Delegado João Rajão, este lavrou o respectivo auto de prisão 
em flagrante delito da forma estabelecida na legislação pátria (pela prática do 
delito de corrupção passiva, previsto no artigo 317, do Código Penal) e 
encaminhou a esse juízo. 
 
Comunicada a Autoridade Judiciária, esta determinou a apresentação dos 
presos, em audiência de custódia, a ser realizada no dia seguinte à prisão. Na 
data e nos horários designados, os réus foram representados pelo Procurador 
da Câmara dos Vereadores, que requereu a liberdade deles, com a decretação 
de medidas cautelares diversas da prisão. Entretanto, o MM. Juiz, acatando o 
pedido do Ministério Público de conversão da prisão em flagrante em prisão 
preventiva, decretou a prisão preventiva de todos, nos termos do art. 310, II, c/c 
art. 312, c/c art. 313, I, todos do CPP, para garantia da ordem pública, tendo em 
vista a gravidade e a repercussão do crime. 
 
DO DIREITO 
Excelência, não há motivos para a manutenção da prisão do Requerente. Com 
efeito, a prisão em flagrante imposta não atendeu às exigências legais. A prisão 
preventiva, é medida cautelar mais grave, e passou a ser entendida pela 
doutrina como a “ultima ratio”e, portanto, só podendo ser decretada de maneira 
subsidiária, isto é, somente quando nenhuma das outras medidas cautelares for 
necessária e adequada ao caso. 
A prisão preventiva, tem como função garantir a tutela da persecução penal, 
objetivando impedir que eventuais condutas praticadas pelo acusado e ou por 
terceiros possam colocar em risco a efetividade da investigação ou do processo, 
está prevista nos artigos 311 a 316, do CPP: 
 
DA ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
No caso dos autos a própria denúncia tacitamente admiti tratar-se de flagrante 
preparado pela polícia, quando, textualmente:“o Delegado aconselha que a 
vítima vá ao encontro dos supostos réus e leve o dinheiro exigido, sendo 
desnecessária tal conduta visto tratar-se de suposto crime formal. Desse modo, 
é irrecusável o enfrentamento da questão relativa ao flagrante preparado pela 
polícia, sobretudo, à vista do que consta da Súmula 145 do Supremo Tribunal 
Federal, senão para declarar a FRAUDE..Hipótese que caracteriza, como 
dissemos alhures, flagrante preparado pela polícia, desaguando no crime 
impossível ou de ensaio. 
 
DO DIREITO A LIBERDADE PROVISÓRIA DO PACIENTE 
 
Diante de tudo que fora exposto e tendo em vista a imposição do art. 321 do 
nosso CPP, quando diz que ,Ausentes os requisitos que autorizam a decretação 
da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se 
for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e 
observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. não resta dúvida 
acerca do direito do paciente em responder o processo em liberdade, pois, como 
já comprovado anteriormente, o paciente possui bons antecedentes, residência 
fixa, idoneidade moral, (​tudo conforme documentos em anexo​) não retardou, 
retarda ou pretende retardar o processo, bem como não possui nenhuma 
intenção de fuga ou a frustrar a aplicação da lei penal. 
Sendo assim, este constrangimento ilegal causa danos de difícil reparação 
moral e física, bem como uma alta reprovação social, pois esta é muito rigorosa 
acerca de pessoas que já foram presas, mesmo que sejam vítimas de uma total 
injustiça. 
Dessa forma, não restam dúvidas acercado acolhimento do presente remédio 
constitucional, pois vós, Excelentíssimo Doutor, aplicador da mais bela justiça, 
cure o presente paciente deste ato injusto que lhe retira seu direito constitucional 
e humano de liberdade de locomoção. 
 n 
DO PEDIDO 
Diante de todo o exposto, postula-se o relaxamento da prisão em flagrante 
imposta ao requerente, diante da flagrante ilegalidade de sua prisão, ouvido o 
ilustre representante do Ministério Público, determinando-se a expedição do 
competente alvará de soltura em seu favor, como medida da mais lídima justiça. 
 
 
ADVOGADO/OAB 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Local e data. 
Nome do(a) advogado(a) 
OAB XXXXXX

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