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Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Infanticídio é o homicídio praticado pela genitora contra o próprio filho, influenciada pelo estado puerperal, durante ou logo após o parto. De acordo com o princípio da especialidade, a norma especial do art. 123 prevalece sobre a norma geral do homicídio (art. 121). Somente a mãe (parturiente), sob influência do estado puerperal, pode ser sujeito ativo do crime de infanticídio, sendo assim, trata-se de crime próprio. Questiona-se na doutrina se é possível o concurso de agentes (coautoria e participação). Alguns doutrinadores entendem que sim, e outros entendem que não. O principal argumento de quem acredita que não há o concurso, é de que o estado puerperal é condição personalíssima, não abrangida pela descrição do referido artigo. Já quem defende o concurso, argumenta que, apesar de ser condição personalíssima, o estado puerperal é circunstância elementar do delito, sendo assim, comunica-se aos partícipes, segundo o art. 30, CP. De acordo com essa análise, podemos citar 2 situações: ● a parturiente e o médico executam o núcleo matar o neonato - nessa hipótese, os dois executores serão considerados coautores de infanticídio, conclusão extraída da leitura dos arts. 29 e 30, CP. ● a parturiente, auxiliada pelo médico, sozinha, executa o verbo matar - aqui, ambos poderão responder por infanticídio, porém o médico na qualidade de partícipe. ● o médico, induzido pela parturiente, isolado, executa a ação matar - por fim, na terceira opção, em princípio, o médico, fomentado pela parturiente, é o único executor, despertando a tese de que ambos os participantes por homicídio (a gestante na condição de partícipe). A ação criminosa ocorre quando a mãe causa a morte do próprio filho, durante ou logo após o parto (elemento cronológico), sob influência do estado puerperal (elemento etiológico). Existe certa dificuldade em estabelecer quando é o “logo após”. A maioria da doutrina entende que esse intervalo de tempo compreende todo o período do estado puerperal, circunstância a ser analisada pelos peritos médicos no caso concreto. Cabe frisar que, nem sempre o estado puerperal produz perturbações psíquicas na parturiente, ou seja, é necessário que haja uma relação de causa e efeito entre tal estado e o crime. O delito só é punido a título de dolo (direto ou eventual), consistente na vontade consciente ou de autodeterminação. Questiona-se sobre a consequência no caso da mãe que mata o filho agindo com negligência, imprudência ou imperícia. Parte da doutrina entende que tal conduta é atípica, uma segunda corrente doutrinária defende que a mãe deve responder por homicídio culposo. O crime se consuma com a morte do nascente ou recém-nascido, sendo admissível a tentativa. O bem jurídico tutelado é a vida extrauterina.