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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATOS E MÉTODOS SILVICULTURAIS 
 
 
 
 
PROFESSOR: Juarez Martins Hoppe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTA MARIA, MARÇO 1999. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
 
ÍNDICE 
 
 
Unidade 1 - Regeneração de Florestas .............. .............04 
 1.1 - Regeneração Natural ................................04 
 1.2 - Implantação de Florestas .........................05 
Unidade 2 - Crescimento das Árvores .............................10 
 2.1 - Processo de crescimento ...........................10 
 2.2 - Fases de crescimento do povoamento ........13 
Unidade 3 - Classificação das Florestas ...........................17 
 3.1 - Quanto a espécie ......................................17 
 3.2 - Quanto a idade ......................................... 
 3.3 - Quanto ao regime de manejo .................... 
Unidade 4 - Intervenções Silviculturais ...........................19 
 4.1 - Corte Intermediário ..................................19 
 4.2 - Desrama ..................................................20 
 4.3 - Desbaste ..................................................27 
Unidade 5 - Sistemas Silviculturais ................................40 
 5.1 - Talhadia ..................................................40 
 5.2 - Alto fuste ................................................43 
 5.3 - Espécies ..................................................55 
Unidade 6 - Sistemas Agrosilvopastoris .........................63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
UNIDADE 1- REGENERAÇÃO DE FLORESTAS 
 1.1- REGENERAÇÃO NATURAL 
1.2- IMPLANTAÇÃO DE FLORESTAS 
 
 
UNIDADE 1- REGENERAÇÃO DE FLORESTAS 
 
1.1- REGENERAÇÃO NATURAL 
 
Entende-se por regeneração natural os processos de renovação do povoamento, em que o 
povoamento jovem provém de: 
 sementes caídas 
 formação de brotos 
 raízes do povoamento velho. 
A principal condição para o emprego da regeneração natural na renovação do 
povoamento jovem e escolhido. A espécie a ser regenerada naturalmente deve ser: 
 de qualidade satisfatória 
 suficientemente numerosa no povoamento 
 ser representada regularmente ( distribuição homogênea sobre a área). 
A distribuição espacial sobre a área de regeneração é muito importante, principalmente 
nos casos de espécies de rara frutificação ou que têm dificuldade para suportar sementes 
(Araucaria angustifolia). 
Para uma frutificação abundante, a maioria das árvores necessita de uma copa bem 
formada e boa incidência de luz na parte superior desta. 
Para germinação das sementes e crescimento das mudas, o estado do povoamento é de 
grande importância. Este pode ser criado ou melhorado por meio de métodos adequados de 
tratamento do solo. 
As condições de luz necessárias ao solo são criadas por meio de desbastes no 
povoamento. A intensidade de cada desbaste orienta-se segundo as exigências de luz das 
espécies a serem regeneradas. 
Como a produção periódica de sementes das árvores está sujeita a maiores oscilações, a 
regeneração natural apresenta algumas irregularidades na distribuição sobre a área e no 
crescimento. Assim, logicamente, surgem dificuldades na utilização silvicultural da regeração 
natural. Estas dificuldades são aumentadas pelos perigos que ameaçam a semente e a muda na 
 4 
fase inicial e durante os primeiros anos de vida. Assim, causado por fungos, ratos, insetos, 
pássaros e secas, podem ocorrer grandes perdas nas sementes com poder germinativo, assim 
como nas mudas. 
No Brasil a regeneração natural tem maior importância, em suas diversas formas, onde 
predominam florestas mistas de várias camadas. A Araucaria angustifolia também pertence 
aquelas espécies que apresentam uma regeneração natural satisfatória. 
Uma combinação entre regeneração natural e artificial, é atualmente praticada com 
Eucalyptus spp. Após o corte final, surge um povoamento novo pela saída de brotos nos 
tocos. Inicialmente deixa-se 2 brotos em cada toco, dos quais é retirado o menos bem 
formado. A força dos brotos dos tocos diminui com o avançar dos anos. Este tipo de 
regeneração pode ser repetido duas ou três vezes consecutivas. 
 
1.2- IMPLANTAÇÃO DE FLORESTAS 
 
Toda implantação de um povoamento inicia-se com : 
 
 Preparo do terreno para o plantio: 
Uma vez escolhido o local de plantio e analisado o solo, deve-se prepará-lo de maneira 
que ofereça as melhores condições de crescimento às árvores, visando a obtenção da máxima 
produção a um custo mínimo. 
O crescimento de qualquer vegetal não é indiferente às boas condições do solo; as 
árvores de qualquer local onde são plantadas devem encontrar condições ótimas de 
crescimento, principalmente nos primeiros anos, que são mais críticos e decisivos, para o bom 
desenvolvimento das plantações. 
As despesas iniciais que se tem com o preparo do solo, poderão ser compensadas pela 
economia que se pode fazer nos tratamentos posteriores. Quando o solo está devidamente 
preparado, o alinhamento, o coveamento e as limpezas são de mais fácil execução e portanto, 
mais baratas. 
Não poderemos esperar bons resultados no caso de aplicação de fertilizantes, sem um 
preparo conveniente do solo, tornando-o poroso e permeável à água e ao ar, facilitando a 
penetração de raízes e o aproveitamento dos nutrientes nele contidos ou adicionados. 
O preparo do local de plantio varia, segundo: 
 as condições geológicas 
 os objetivos da plantação 
 5 
 as espécies florestais consideradas 
 terreno (de mata, de campo) 
 topografia 
 solos (profundidade, natureza) 
 lençol freático 
 operações subsequentes, manuais ou mecanizadas. 
Etapas do preparo do terreno: 
 planejamento 
 abertura de picadas 
 derrubada de vegetação 
 aproveitamento da madeira 
 queima 
 destoca 
 aração e gradagem. 
 
1.2.1- Implantação por plantio 
 
De todos os métodos de reflorestamento, o de plantio é, no Brasil, o mais utilizado. As mudas 
são produzidas em viveiros de grandes empresas florestais. As empresas menores, geralmente 
compram suas mudas de viveiros particulares. 
Aspectos a serem observados no plantio: 
 Espaçamento 
 É a forma de distribuição das plantas sobre o terreno e a distância entre elas. O espaçamento 
maior ou menor entre as mudas será determinado em relação ao crescimento da espécie. Sempre 
levando em consideração o objetivo da produção, sítio, tamanho das mudas e considerações 
econômicas. 
 
 Técnicas de plantio 
 O plantio pode ser realizado com mudas: de raiz nua ou embaladas. 
 Vantagens das mudas embaladas: produção rápida, evita-se a repicagem, danos mais 
reduzidos das raízes, maior facilidade de transporte em distâncias maiores, os choques de 
transplante são evitados, menos perdas após o plantio - maior percentual de sobrevivência. 
 6 
Desvantagens: elevados custos de produção por unidade, maiores custos de transporte, maior 
tempo dispendido para o plantio. 
 
 Épocas de plantio 
 Não há época claramente definida para o plantio florestal. É evidente que, existem 
determinados critérios ou normas a seguir, obedecendo-se certas épocas e evitando-se períodos que 
possam prejudicar o plantio. 
Para o plantio de mudas de raízes nuas deve-se preferir as épocas de chuva e frio ou no 
período dormente. O ideal seria um inverno com períodos de chuva, um inverno sem chuvas poderá 
ser fatal. 
Para o plantio de mudas embaladas deve-se evitar épocas prolongadas de tempo quente e 
seco. 
 
1.2.2 - Implantação por semeadura 
 
A semeadura como método para o estabelecimento de um povoamento florestal não é 
conveniente às espécies florestais, cujas sementes são de difíceis de comprar (alto custo) ou sãomuito raras. Isto é válido principalmente para as espécies, cuja semente foi coletada em pomares 
porta-sementes implantados, pois as sementes desta origem são muito caras e por esta razão o seu 
aproveitamento é maior se feito em viveiros para a produção de mudas. 
 
1.2.3 - Implantação por estacas 
 
No caso de florestas implantadas com espécies capazes de brotar, é possível obter regeneração 
por brotação das cepas (touceiras) remanescentes, após o corte raso, ao final da rotação. 
Dessa forma, quando bem conduzida, essa brotação permite realizar, em média três rotações 
sucessivas e econômicas. 
O manejo dessa brotação é muito importante para que possa assegurar alta produção no corte 
seguinte. Algumas espécies de Eucalyptus apresentam alta capacidade de brotação, após a 
exploração e são cortadas à altura média de 5 cm do solo. E para as espécies que apresentam 
deficiência de brotação, uma alternativa seria elevar a altura de corte para que houvesse maior 
número de gemas na cepa, sendo estas espécies cortadas à altura de 10-15 cm, obtendo-se com isso 
um adicional de brotação da ordem de 10%. 
 7 
O combate às formigas cortadeiras é de suma importância para evitar drástica redução na 
sobrevivência das cepas. Esse ataque inicia-se no princípio da brotação e poderá prolongar-se 
durante o crescimento das árvores. Pode-se afirmar que, depois de dois ataques sucessivos de 
formigas, com danificação sensível dos brotos, cessa a capacidade de brotação e a cepa morre. 
Quando ocorrer grande desenvolvimento de ervas daninhas, deve-se fazer seu controle para reduzir 
a concorrência com a brotação e ao mesmo tempo, facilitar a localização e o combate às formigas. 
Outro fator importante para a manutenção da produtividade florestal por várias rotações é a 
fertilização mineral. 
 Interplantio: é o plantio de mudas da mesma espécie nas falhas de brotação. 
 Adensamento: é o aumento de número de plantas por hectare, neste caso é feito o plantio 
de novas mudas na entrelinha das copas. O objetivo do adensamento é aumentar a população de 
árvores por unidade de área, visando aumentar o volume total de madeira ao final da rotação. Com 
o adensamento, reduz-se o espaçamento entre as plantas e deverá também ser reduzida a rotação. A 
madeira produzida, embora em maior volume, será constituída de peças finas e servirá como fonte 
energética. 
 Reforma: talhões com potencial muito baixo são totalmente substituídos por meio de novo 
plantio de mudas. Faz-se isso, geralmente em talhões muito falhados e constituídos de material 
genético de baixa qualidade. Para a reforma, devem ser eliminados as cepas sobreviventes, de modo 
a extinguir toda a brotação, para não competir com as mudas. O controle da formiga é muito 
importante nessa fase e deve ser feito antes do plantio. 
 
 
UNIDADE 2- CRESCIMENTO DAS ÁRVORES 
 2.1- PROCESSO DE CRESCIMENTO 
 2.2- FASES DO CRESCIMENTO E DINÂMICA DO POVOAMENTO 
 
UNIDADE 2- CRESCIMENTO DAS ÁRVORES 
 
2.1- PROCESSO DE CRESCIMENTO 
 
O crescimento constitui o resultado final da interação de numerosos processos fisiológicos. 
Segundo BOHNING et alii (1973), o aspecto mais evidente do crescimento, é o aumento em 
tamanho obtido pelo desenrolar dos processos normais de divisão e aumento de volume celular. 
Sobrepondo-se a estes dois processos, encontra-se a complexa fase de diferenciação, na qual os 
diversos tipos de células característicos de vários tecidos, se desenvolvem de forma coordenada. Os 
aspectos mais evidentes são estruturais e químicos, mas devem refletir modificações a um nível 
mais profundo, que tem lugar durante o desenvolvimento do mecanismo metabólico, estando este, 
sob duplo controle de fatores: genéticos e ambientais. 
Os gens, possuem códigos que imprimem características, e o grau destas, esta na dependência 
do meio. 
Para FERRI (1979), examinando uma curva hipotética de crescimento de um vegetal, 
observa-se que existe um período inicial que o crescimento é lento, seguido de uma fase de rápido 
aumento de tamanho e, finalmente um decréscimo na acumulação de matéria seca, ou na altura da 
planta. 
A interpretação fisiológica destas diferentes fases do crescimento, é a seguinte: no início, a 
planta depende das reservas da semente para a produção dos órgãos que compõem a plântula; após 
o desenvolvimento do sistema radicular e a emergência das folhas, os processos anabólicos, 
dependentes da fotossíntese, se traduzem por um rápido crescimento: atingindo o tamanho 
definitivo, a planta inicia uma fase de senescência, que se reflete inicialmente, na paralisação da 
produção de matéria orgânica. 
 
2.1.1- Meristemas 
 
Segundo BOHNING et allii (1973), um meristema é um tecido onde, em condições 
favoráveis, novas células se formam, mais ou menos continuamente, em conseqüência das divisões 
 9 
de algumas ou de todas as células. Os meristemas mais importantes da maioria das plantas 
vasculares são os do ápice da raiz, do ápice do caule, e do câmbio vascular. 
O crescimento iniciado pelos meristemas apicais do caule e da raiz, chama-se crescimento 
primário. E os tecidos formados a partir do câmbio vascular, chama-se tecido secundário. 
O alongamento se processa às custas da atividade dos meristemas apicais, logo participam no 
aumento de comprimento do eixo da planta, quer na extremidade do caule, quer na raiz, e ainda são 
responsáveis pela formação de apêndices, tais como; ramos, folhas, partes florais e ramificações da 
raiz. 
 
 Crescimento em altura: 
O ritmo de crescimento em altura das espécies ou da espécie componente de um povoamento, 
influência ao lado da luminosidade : 
 possibilidade de se formar um povoamento misto 
 formação de estratos sociológico 
 seleção e desrama natural 
 tipo e freqüência das intervenções silviculturais 
 formação da copa e forma do tronco 
O fenômeno do alongamento, esta fortemente condicionado por fatores da natureza 
hereditária, sendo muito menos sujeito as alterações do meio e as influências do tratamento. 
Algumas espécies tropicais crescem intermitantemente durante o ano todo, enquanto que outras 
vegetando em climas frios e com períodos vegetativos curtos, tem uma duração inferior a dois 
meses. 
Isso não quer dizer que condições muito desfavoráveis não reduzem o período de 
alongamento, ou que, a melhoria das condições de sítio, irrigação, fertilização ou destruição da 
vegetação concorrente não incremente, quer o período de alongamento, quer o montante do 
crescimento estacional em altura. A principal influência dos fatores do meio, esta relacionada com a 
formação das gemas, os quais contêm os primórdios do crescimento. 
KRAMER & KOZLOWSKI (1960), verificaram um maior crescimento apical dos tecidos, 
durante a noite em relação ao dia. Contudo ao longo das noites frias, o crescimento noturno pode 
ser inferior ao diurno. 
O início do crescimento em altura é característico para cada espécie, sendo que diversos 
fatores podem adiantar ou retardar esta data. 
 10 
Observando-se não apenas um período vegetativo, mas sim todo o ciclo vital, nota-se que 
algumas espécies ultrapassam rapidamente a fase inicial, em que o alongamento é lento, entrando 
logo na fase seguinte de intenso crescimento em altura. 
As espécies de ciclo curto podem apresentar taxas de crescimento, mais elevadas na idade 
juvenil do que as espécies de ciclo longo. As de ciclo longo atingem muitas vezes portes bem 
maiores quando na idade adulta. Quando se pretende obter peças de pequenas dimensões, se dará 
preferência, para as espécies que entram em intenso alongamento. Porem pretendendo-se peças de 
maiores dimensões, as de crescimento rápido e de ciclo de vida mais longo, mesmo que não 
ultrapassem rapidamente a fase inicial em que o alongamento é lento. 
 
 Origem dos Nutrientes para o Crescimento em Altura 
O crescimento em altura processa-se fundamentalmente à custa de hidratosde carbono. Estas 
reservas encontram-se acumuladas nas folhas antigas, e nas formações lenhosas, localizadas nas 
extremidades. Portanto, dependendo da espécie e seu ciclo, o produto da fotossíntese terá menor ou 
maior participação no alongamento. 
A maior fração de hidratos de carbono, formado nas folhas pela fotossíntese, é utilizado no 
crescimento em diâmetro, sendo transportada para o câmbio das raízes e dos eixos caulinares e para 
às respectivas extremidades, onde é convertido em protoplasma, paredes celulares e outros 
produtos. Outra grande fração é oxidada na respiração, liberando a energia necessária aos processos 
associados ao crescimento. 
Para BOHNING et al. (1973), durante o período de dormência das plantas lenhosas, a 
utilização das reservas pela respiração continua lentamente. Nessas espécies, quando a atividade 
meristemática recomeça na primavera, há sempre uma utilização considerável das reservas 
acumuladas nas folhas. 
 
 Dominância Apical 
Em silvicultura, o primeiro aspecto a ser considerado, quando se deseja uma alta produção de 
lenho, é a escolha de espécies que possuam uma forte dominância apical. Quanto ao tronco, deve 
ser mais cilíndrico possível, e que apresentem nós vivos de pequenas dimensões, e uma reduzida 
proporção de nós mortos, confinados a um núcleo central. 
De uma maneira geral, as espécies caracterizadas por uma forte dominância apical, adaptam-
se melhor a vida em maciço, causando assim alterações específicas, no desenvolvimento de uma 
forma florestal particularmente ajustada aos objetivos da cultura, para as madeiras: troncos retos, 
fustes altos e sem nós, copas mais estreitas, ramos mais finos. 
 11 
 
 Crescimento em Diâmetro 
Juntamente com o crescimento em altura, o incremento em diâmetro é o responsável pelo 
crescimento da árvore como um todo. 
O engrossamento do tronco e dos ramos, se processa as custas da atividade câmbial, e inicia-
se com freqüência, após Ter iniciado o alongamento. A duração do engrossamento, embora muito 
variável de espécie para espécie, e nitidamente superior ao período de alongamento. Assim sendo, 
encontra-se muito mais sujeito as alterações ambientais, ao contrário do que acontece com o 
alongamento, muito mais uniforme sobre este aspecto. 
Durante a vida da planta, a curva descrita pelo aumento em diâmetro, é também semelhante a 
descrita pelo aumento em altura, isto é; com período inicial de pequenas taxas, e a fase seguinte 
com um crescimento acelerado, alcançando na fase adulta o platô da curva signoidal típica. 
O crescimento em diâmetro, é sensível às mudanças de condições do meio, especialmente às 
disponibilidades hídricas. 
A fração de acréscimo anual produzido, no final da estação de crescimento, e designado por 
lenho tardio, ou lenho de inverno, apresenta uma coloração mais escura, bem como uma maior 
densidade. O aumento que se verifica no início da estação de crescimento, é designado de lenho 
primaveril, e apresenta menor densidade e coloração mais clara. Estes acréscimos, vistos numa 
secção transversal do tronco, aparecem formando anéis de crescimento. 
 
2.2- FASES DO CRESCIMENTO E DINÂMICA DO POVOAMENTO 
 
As condições edafo-climáticas de uma região, atuam e decidem , de certo modo o 
comportamento fisiológico de determinada espécie. 
Porém, como pode ser visto no quadro 01 (KRAMER e KOZLOWSKI, 1960), a 
demonstração dos processos e fatores do meio, importantes em vários estágios de crescimento da 
planta. 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
 
Quadro 01- Processos e fatores do meio importantes, em vários estágios de crescimento. 
FASE 
PROCESSOS E CONDIÇÕES FATORES DO MEIO MAIS 
IMPORTANTES 
Germinação 
- absorção de água 
- digestão 
- respiração 
- assimilação 
- temperatura 
- água 
- oxigênio 
Estabelecimento 
de plântulas 
- fotossíntese 
- assimilação 
- equilíbrio hídrico interno 
- luz 
- água 
- temperatura 
- substâncias nutritivas 
Crescimento 
vegetativo 
- fotossíntese 
- respiração 
- assimilação 
- transporte 
- equilíbrio hídrico interno 
- luz 
- água 
- temperatura 
- substâncias nutritivas 
Reprodução 
- fotossíntese 
- equilíbrio C/N 
- condições para florescer 
- iniciação dos primórdios florais 
- acumulação de reservas 
- luz 
- água 
- temperatura 
- substâncias nutritivas 
Decreptude 
Desconhecidos (possivelmente: 
água e relações hormonais, transporte, 
e equilíbrio entre fotossíntese e a 
respiração. 
- água 
- substâncias nutritivas 
- insetos e doenças 
 
 
 Significado de alguns termos utilizados até o presente. 
 
a) Assimilação: É a conversão do produto da fotossíntese em novo protoplasma, 
paredes celulares, e outras substâncias. 
 
 13 
b) Absorção: É a entrada de água e de minerais provenientes do solo, oxigênio e gás 
carbônico. 
 
c) Crescimento: É o constante aumento de dimensão, resultante da interação dos vários 
processos anteriormente indicados. 
 
d) Digestão: É a conversão, por ações de enzimas, do alimento existente sob formas 
complexas, ou insolúveis, como por exemplo o amido, em outras mais simples, que podem ser 
transportadas e utilizados na respiração e outros processos. 
 
e) Fotossíntese: Para HALL/RAO (1980), o termo fotossíntese, significa literalmente, 
construção; ou síntese pela luz. Na sua acepção comum, fotossíntese é o processo através do 
qual às plantas sintetizam compostos orgânicos a partir de matéria prima inorgânica (co2, água), 
na presença de luz. 
 
f) Respiração: A oxidação do alimento nas células vivas libera à energia utilizada na 
assimilação; na absorção mineral e em outros processos consumidores de energia. 
 
g) Transporte: É o movimento de água, minerais, e alimentos (carboidratos) no interior 
das plantas. 
 
h) Transpiração: É a perda de água pelas plantas, sob forma de vapor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
UNIDADE 3 - CLASSIFICAÇÃO DE FLORESTAS 
 3.1 - QUANTO A ESPÉCIE 
 3.2 - QUANTO A IDADE 
 3.3 - QUANTO AO REGIME DE MANEJO 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 3 - CLASSIFICAÇÃO DE FLORESTAS 
 
 
3.1 - QUANTO A ESPÉCIE 
 
Classificam-se em florestas Puras e Mistas. 
 
3.1.1 - Florestas Puras 
 
 Vantagens: 
- produzem grande quantidade de madeiras de idênticas propriedades e mais ou menos 
idênticas dimensões, o que é muito conveniente para às indústrias madeireiras, as quais necessitam 
freqüentemente de grandes quantidades de matéria prima homogênea. 
- uma floresta pura ordenada, pode abastecer indefinidamente os mercados com madeira de 
conhecidas propriedades, dimensões e quantidades, o que facilita muito o estabelecimento e 
desenvolvimento de indústrias florestais estáveis. 
 
 b.1.1. Vantagens: 
1) Produzem grandes quantidades de madeiras de idênticas propriedades e mais 
ou menos idênticas dimensões, o que é muito conveniente para às industrias madeireiras, 
as quais necessitam freqüentemente de grandes quantidades de matéria prima 
homogênea. 
 15 
2) Uma floresta pura ordenada, pode abastecer indefinidamente os mercados 
com madeira de conhecidas propriedades, dimensões e quantidades, o que facilita muito 
o estabelecimento e desenvolvimento de indústrias florestais estáveis. 
3) O manejo de uma floresta pura, é aparentemente fácil; basta conhecer o 
cultivo, às exigências, comportamento e desenvolvimento de uma só espécie. 
4) A administração, os controles etc ..., são fáceis, pois se produz um só tipo de 
material. 
 b.1.2. Desvantagens: 
 Os povoamentos puros acham-se expostos continuamente a todo os riscos comuns à 
monocultura. 
 Os principais inconvenientes são: 
1) Exposição aos danos causados pelos fatores climáticos(ventos, secas, etc...) 
2) Grande exposição aos danos por parte dos fatores biológicos(fungos, insetos, 
animais em geral). Estes agentes muitas vezes são específicos, e atacam somente uma 
espécie florestal. 
3) Os povoamentos puros, aproveitamos solos de uma maneira exclusivista, 
provocando um esgotamento de solo, que por sua vez causa redução considerável do 
incremento, e dificuldades na regeneração natural ou artificial. 
4) Uma escolha errada, com respeito à espécies, que forma o povoamento, não 
poderia ser modificada a curto prazo. 
5) Às possibilidades de trocar à produção, uma vez formado o povoamento, são 
quase nulas, pois o povoamento puro não permite nenhum ajuste, e possíveis trocas nas 
exigências das indústrias. 
6) Ao substituir um povoamento puro natural, por um puro artificial, arrisca-se a 
eliminar definitivamente espécies, que talvez poderiam adquirir grande valor no futuro. 
Isso pode resultar em inconveniente grave, porque não se conhecem às futuras 
exigências das indústrias madeireiras. 
 Em síntese: o povoamento puro, apresenta muitas vantagens de cunho econômico, mas todas 
estas vantagens podem ser anuladas a longo prazo, pelos grandes riscos bioecológicos que à 
ameaça, continuamente. 
 c) Povoamentos mistos 
 Os povoamentos mistos, caracterizam-se por possuírem mais de uma espécie. Podem ser 
naturais ou artificiais. 
 c.1. Povoamentos mistos naturais: 
 16 
 Desenvolvem-se nas seguintes condições 
 c.1.1. Às áreas de distribuição natural de várias espécies, são idênticas ou se superpõe pelo 
menos parcialmente (clima). Conforme figura 08. 
 
 Área de distribuição natural de Araucária 
 Área de distribuição natural de cedro 
 Área de distribuição natural de imbuía 
 Área de distribuição natural de araucária, cedro e imbuía. 
 c.1.2. Nenhuma espécies natural é favorecida, é favorecida por condições locais, de uma 
maneira exclusiva em comparação com as demais (solo) 
 c.1.3. Nenhuma espécies é dotada de uma vitalidade e poder de competição ao elevados que 
poderia eliminar as demais espécies. 
 Quase sempre existem nos trópicos, às três condições enumeradas; portanto, às florestas 
tropicais, são quase sempre mistas. 
 c.2. Povoamentos mistos artificiais 
 São povoamentos heterogêneos artificias. Nascem de plantações florestais mistas. No Brasil 
ainda são raros. 
 Assim como os povoamentos puros, aos povoamentos mistos deve-se fazer algumas 
qualificações: 
 a) Vantagens: 
 1 - São pouco expostos à perigos de caráter climático e biológico; os riscos são muito 
repartidos, e portanto reduzidos. Ainda que certas espécies sejam prejudicadas por este ou aquele 
agente daninho, é o mais certo que outras não sofram nada. Portanto nunca estará em perigo a 
totalidade da floresta. 
 2 - Permitem geralmente o aproveitamento ótimo do espaço disponível (espécies de sombra, 
espécies de luz, espécies de “meia luz”, etc...) 
 3 - Nenhum aproveitamento exclusivista de solo; portanto nenhum perigo de esgotamento. 
Além disto às raízes de diferentes espécies “habitam”, camadas do solo, a variadas profundidades. 
 4 - Possuem boas possibilidades de “adaptar-se” às trocas nas exigências de parte dos 
compradores de madeira porque dispõe de um sortimento variado. 
 5 - Conservam-se todas às espécies, entre as quais pode ser que haja uma, ou várias de 
grande valor futuro. 
 b) Inconvenientes: 
 1 - Seu manejo, exige bastante cuidado e conhecimento muito bom por parte do técnico. 
 17 
 2 - À administração, é mais complexa. 
 3 - À venda de produto muito variado, poderá ser muito difícil. 
 
5.3.2. Classificação quanto a Idade 
 Os povoamentos quanto à idade, podem ser: equiâneos ou inequiâneos. 
 a) Povoamentos equiâneos 
 É um tipo de povoamento cujos indivíduos constituintes, tem a mesma idade. Originário 
quer de sementes mediante à semeadura natural ou artificial, quer por muda, ou por brotação de 
toco. Na prática, há sempre um amplitude de variação de idade, dentro do qual se considera 
equiâneo o povoamento. 
 O povoamento equiâneo, caracteriza-se pela uniformidade da vegetação, apresentando um 
copado integro e contínuo, não obstante à existência de classes distintas das árvores integrantes. 
 À reunião em classes dos dados referentes, aos diâmetros das árvores integrantes da floresta 
equiânea, vem demonstrar que existe uma distribuição regular das classes em torno da media geral 
da floresta, e esta distribuição, assume o caráter da curva normal. 
 b) Povoamentos inequiâneos 
 São às florestas que contém exemplares de todas às idades, desde árvores maduras, até às 
que estão germinando. 
 Sob o ponto de vista silvicultural, é de grande importância, à concepção dos dois tipos 
extremos, segundo à classificação por idade dos indivíduos integrantes do povoamento. 
 À floresta inequiânea, apresenta um copado irregular, interrompido e incompleto, resultado 
da coexistência de indivíduos das mais diferentes idades. 
5.3.2.1. Modo de classificar a floresta quanto à idade 
 Assim, sempre na dependência da idade da floresta, podem ser admitidos limites da ordem 
de 10%, de 15% e de até 20%. De fato, para uma floresta de 150 anos de idade por exemplo, mesmo 
à existência de exemplares de 120 anos, não impedirá a classificação do povoamento como 
equiâneo. 
 Podemos também, determinar o tipo de floresta, pelo limite de idade, dado pela fórmula, que 
vem a ser uma derivação do processo anterior: 
Li = i  0,1 x i (sistema europeu) 
 Onde: 
 Li = limite de idade 
 i = idade (contando da data de plantio) 
 18 
 Exemplo: um povoamento plantado em 1970., sendo feito replantios até o terceiro ano, o 
povoamento será: 
 Li = 20  0,1 x 20 
 Li = 20  2,0 
 Li = 18 - 22 anos 
 Sendo à idade das árvores dos replantios de 17 anos, pode-se concluir, que elas se encontram 
fora do limite de idade geral do povoamento. Assim o povoamento é inequiâneo. 
5.3.3. Quanto ao regime de manejo 
 Sob o ponto de vista econômico, a solicitação do mercado, determinará à eleição do caráter 
da floresta. De fato, há regiões onde os produtos de menores dimensões oriundos das florestas 
equiâneas, não encontram mercado, de modo que não haverá outra alternativa, senão orientar à 
floresta no sentido da obtenção de indivíduos com maiores dimensões. 
 Ainda sob o aspecto econômico, podemos dizer que nas florestas equiâneas, há menos 
dispêndios no serviço de administração. 
 O regime de manejo, a ser empregado na empresa, é definido basicamente pelo tipo de 
povoamento e a meta econômica da empresa. Assim podemos encornar um regime de: 
a) Alto fuste: neste, todas às arvores do povoamento, originam-se de sementes 
(plantio ou semeadura direta), e se pretende fuste grandes e limpos, a serem destinados 
para à serraria, por exemplo. 
b) Talhadia simples: às arvores que compõem à floresta provém de brotação. 
Como exemplo, às florestas de Eucalyptus spp.. 
c) Talhadia composta: é uma combinação dos dois anteriores, sendo que a 
maioria das árvores, originam-se de brotação e uma minoria de sementes. 
d) Regular e irregular: também chamados de jardinagem. Neste caso, tem-se um 
povoamento em regime de alto fuste irregular, geralmente misto e sempre inequiâneo, de 
tal forma que árvores de todas às idade são dispersas na área. 
 A diferença entre Regular e irregular, se resume em: 
- Regular: é um sistema de manejo, utilizado em florestas que possuem indivíduos de 
todas às idades e dimensões distribuídas em área limitada. 
- Irregular: é um sistema de manejo, utilizado em florestas que possuem indivíduos de 
todas às idades e dimensões, formando pequenos grupos homogêneos, sendo estes 
distribuídos em maiores áreas. 
 19 
UNIDADE 4 - INTERVENÇÕES SILVICULTURAIS 
 4.1- CORTES INTERMEDIÁRIOS 
 4.2- DESRAMA 
 4.3- DESBASTE 
 
 
UNIDADE 4- INTERVENÇÕES SILVICULTURAIS 
 
4.1- CORTES INTERMEDIÁRIOS 
 
São intervenções feitas no povoamento durante o período de rotação antes do corte final, estas 
intervenções são chamadas de cortes intermediários. Isto independe se estas intervenções são cortes 
parciais e destinam-se à melhoria do povoamento, quer quanto à sua estabilidade,estrutura e estado 
de sanidade, quer quanto à qualidade da madeira a ser produzida. 
Pode-se classificar os cortes intermediários, segundo à época e seus objetivos, em: 
 
4.1.1- Cortes de Limpeza. 
 
Os cortes de limpeza são operações feitas, quando o povoamento encontra-se em ECI. De 
modo mais abrangente, enquadram-se como cortes de limpeza, às operações que visam eliminar à 
concorrência entre indivíduos desejáveis e os indesejáveis que surgem naturalmente no interior da 
floresta. Tais operações podem ser; coroamento, capinas, decepamento ou envenenamento de não 
interessantes ou prejudiciais. 
A eliminação de brotos da espécie desejada, que possam atrapalhar o crescimento de árvores 
ou brotos melhores, é também uma atividade pertinente aos cortes de limpeza. A retirada de grupos 
ou indivíduos dispersos com excessivo crescimento, poderiam formar árvores muito ramificadas, 
ocupando grande espaço vital e produzindo madeira enodada de qualidade inferior. 
Os cortes de limpeza, devem ser feitos com maior cuidado, quanto às espécies a serem 
retiradas e a serem mantidas, bem como a inter-relação entre elas (principalmente quanto `a luz). 
Para ALVES (1982), considerando o período normal de limpeza, em geral, do segundo ou 
terceiro ano, até o décimo quinto ano, o número de operações irá de 2 a 4, em intervalos médios de 
cinco anos. Ás intervenções, são consideradas necessárias quando à competição entre os indivíduos, 
começa a tornar-se nítida; quando às copas daquelas que interessa manter, demonstram sinais de 
prejuízo. 
 20 
Uma regra prática para determinação do momento da primeira limpeza, é o de intervir, 
quando os "pés" dos indivíduos que se quer retirar, ultrapassem, um DAP superior a 5 cm. Para às 
restantes limpezas, há que atender sobretudo, ao crescimento em altura, que não deve ser atrasado, e 
a evolução das copas, executando-se às operações, quando estas começam a interpenetrar-se 
visivelmente. 
Em florestas nativas, os cortes de limpeza, devem visar além da eliminação da concorrência, a 
melhora do valor da floresta, através da formação de maciços mistos, compostos por espécies mais 
valiosas. 
 
4.1.2 - Cortes de Liberação 
 
São cortes realizados para liberar uma massa jovem que ainda não tenha superado a fase de 
renovação, da competição de indivíduos que o recobrem. São executados normalmente, na mesma 
fase de desenvolvimento em que se faz os cortes de limpeza, dos quais se diferem apenas pela idade 
dos indivíduos cortados. Os cortes de liberação, são semelhantes em muitos aspectos aos cortes de 
extração, no método de árvores padrão e árvores protetoras do sistema de alto fuste regular. 
Os indivíduos que se retira, envenena ou estrangula, são os que deixam no tratamento 
anterior. Os cortes de liberação, são aplicáveis tanto em reflorestamento quanto em florestas 
nativas. 
 
4.1.3 - Cortes de Melhora 
 
Operação efetuada no maciço, após à fase de crescimento inicial (FCI), como fim específico 
de melhorar à composição do povoamento, retirando-se às espécies menos desejáveis. Esta 
regulagem de percentagem de mistura, dificilmente será necessária, quando os cortes de limpeza e 
liberação, forem feitos no tempo correto e de forma acertada. 
 
4.1.4 - Cortes de Recuperação 
 
Atividade feita, com a finalidade de retirar árvores mortas, ou danificadas por agentes 
especiais. Estes cortes tem o propósito principal de impedir a propagação de insetos ou fungos, a 
partir de árvores infestadas. São também chamados de cortes de saneamento. 
 
4.2 - DESRAMA 
 21 
 
A presença de nós na madeira, constitui um dos principais critérios para à avaliação da 
qualidade da mesma. 
Os nós podem ser classificados em : nós vivos e nós mortos. Os nós vivos, também ditos 
vermelhos, são formados a partir do engrossamento da base dos ramos vivos, que com o 
desenvolvimento do tronco, estas bases vão sendo incluídas nestes. Estes nós são aderentes por 
motivo de continuidade dos tecidos, e com diâmetros progressivamente maiores no início de sua 
inserção para o exterior. Paralelamente, às camadas anuais, sofrem inflexão para o exterior da peça, 
ao nível da ligação da estrutura central com a lateral. Já os nós mortos ou negros, caracterizam-se 
pela inclusão dos ramos mortos no tronco. 
A medida que as árvores crescem no interior do povoamento, gradativamente ocorre a 
desvitalização dos ramos da base sombreados, devido a redução da fotossíntese na parte foliar. 
Reduz-se primeiro a taxa de crescimento dos ramos, e portanto o seu engrossamento, verificando-se 
depois a sua morte, embora os tecidos aos níveis da inserção no tronco, ainda possam manter-se 
vivos durante um certo número de anos após a morte das respectivas folhas. Este aspecto é 
importante, pois se fizermos a poda dos ramos mortos durante este período, evitaremos a inclusão 
de nós mortos. 
 
4.2.1 - Tipos de Desrama: 
 
A desrama, também chamada poda, pode ser fundamentalmente de dois tipos. 
a) Natural 
Este tipo de desrama é conseguido através da manutenção de espaçamentos apertados, mais 
precisamente nas primeiras idades. 
O processo que envolve a desrama natural divide-se em três etapas: 
 morte do galho 
 desprendimento 
 cicatrização 
O fenômeno da desrama natural, inicia-se quando a copa dos indivíduos do povoamento 
começam a se tocar lateralmente, e ocorre sempre de baixo para cima, devido a menor incidência de 
luz para ao galhos mais baixos, pode ser controlada através da densidade do povoamento. A 
densidade determina igualmente o diâmetro alcançado pelos ramos antes de morrerem, o que influi 
diretamente nas fases seguintes, ou seja, o tempo necessário para o desprendimento, como também 
para a cicatrização. 
 22 
Apesar de maiores densidades, favorecem a desrama natural, este processo é relativamente 
lento. Há espécies que mantêm os ramos mortos aderidos ao tronco por muitos anos, e este detalhe 
deve ser observado, conforme dito anteriormente. 
b) Artificial 
Por ser muito lenta a desrama natural, a desrama artificial, surge como um meio de conciliar a 
necessidade de melhoramento da matéria prima. 
Para HUENAGL & PUZYR (1968), pode-se distinguir na desrama artificial, as seguintes 
vantagens: 
 aumento do valor do tronco 
 ganho de lenha, ou cama para animais 
 diminuição de prejuízos no sub-bosque, no momento da exploração 
Para ALVES (1982), a desrama artificial visa: 
 diminuir às condições que favorecem o adelgaçamento do fuste. 
 Evitar a formação de nós mortos 
 Reduzir o diâmetro do núcleo enodado. 
A desrama seca, quando bem conduzida, jamais prejudica os indivíduos, a desrama verde, 
deve ser feita com muito cuidado, para que seus benefícios não sejam superados pelos aspectos 
negativos (possibilidade de pragas, diminuição do incremento, surgimento de concorrentes). 
 
4.2.2 - Efeitos da desrama no crescimento 
 
Para KRAMER & KOZLOWSKI (1972), o corte de ramos vivos reduz o montante da 
superfície fotossintética, embora reduza também a superfície de respiração. Como muitos ramos 
dominados da base, apenas com poucas folhas (acículas), podem consumir na respiração, todos os 
hidratos de carbono que produzem na fotossíntese; tais como, não contribuem para o, crescimento 
do tronco. A sua remoção, é obviamente desejável, porque não haverá redução no crescimento do 
tronco, e a madeira será mais limpa. 
A retirada de ramos mortos não influencia o crescimento da árvore, mas uma forte desrama da 
parte viva da copa, retarda o crescimento em diâmetro e altura. 
YOUNG & KRAMER (1952), citados por KRAMER & KOZLOWSKI, observaram em 
Pinus taeda, uma acentuada redução no engrossamento, mas não no alongamento, após a desrama. 
A desrama até limites de 70% da altura da árvore, pouco reduz o incremento em altura. 
Somente uma redução em torno de 90% produz uma diferença significativa. Esta observação pode 
ser atribuída ao fato de que o crescimento em altura se processaàs custas dos hidratos de carbono, 
 23 
produzidos próximos ao broto terminal. Podendo à desrama retirar grande parte da copa localizada a 
níveis que lhe fique inferiores, sem promover séria redução nos hidratos de carbono que são 
utilizados em favor do alongamento. 
Para KRAMER & KOSLOWSKI (1972), o crescimento diamétrico em qualquer parte do 
tronco, depende mais dos hidratos de carbono produzidos pelos ramos situados acima dele, do que 
aqueles que se encontram abaixo. É afirmação de muitos autores, que para coníferas, uma desrama 
não atinja 70% o mais indicado é deixa-la em torno de 50%, embora isso depende muito de relação 
benefício-custo. 
 
4.2.3 - Época das desramas 
 
Se na operação de desrama, forem retirados somente os ramos mortos, esta pode ser feita 
durante todo o ano. Apenas quando a desrama for mecânica, deve-se preferir o repouso vegetativo, 
pois este procedimento evitará lesões ao tronco, que normalmente ocorrem com o emprego deste 
método. 
Quando se tratar de desrama verde, o melhor período para tal prática é durante a estação de 
dormência de preferência no inverno. Nesta época do ano, obviamente é menos provável, que o 
câmbio sofra feridas, já que este não está ativo e portanto a casca não se desprende com facilidade. 
Por outro lado, com a chegada da próxima estação vegetativa, o ferimento pode cicatrizar mais 
rapidamente. 
 
4.2.4 - Técnicas de Execução 
 
Os galhos devem ser cortados, tanto quanto possível bem junto a casca, sem que esta seja 
ferida. Desramar deixando tocos de galhos no tronco, implica em maior tempo de cicatrização, bem 
como inclusão destes tocos, formando regiões com nós mortos no tronco. 
Para a desrama inicial baixa, normalmente se utilizam serrotes especiais ou podões florestais. 
Quando a altura dos primeiros galhos não for mais alcançada pela mão estendida, pode-se adaptar o 
serrote sobre varas adequadas. O emprego de escadas leves e de fácil transporte também deve ser 
ponderada. Existe também a possibilidade de se utilizar aparelho especial, semelhante a motoserra, 
que funciona subindo na árvore em espiral, fazendo a desrama automaticamente. Seu emprego 
limita-se a árvores cujo o diâmetro, esteja entre 12 e 30 cm. Quando o tronco estiver molhado, sua 
utilização é perigosa. O emprego de tais máquinas deve ser restrito ao período de repouso 
vegetativo, pois ao contrário poderá ocorrer problemas com a vitalidade da árvore. 
 24 
A intensidade de desrama é governada por dois parâmetros, ou seja, o grau e a periodicidade. 
O grau, refere-se a severidade de cada operação, isto é, quanto de copa é removida, enquanto 
que a periodicidade diz respeito ao intervalo entre sucessivas intervenções. 
A intensidade, mais comumente depende de vários fatores, entre os quais se destacam; a 
espécie, taxa de crescimento, utilizações previstas para o lenho. 
Para a minimização de custos, sempre é interessante, fazer-se a desrama de grau forte e com 
períodos bem distanciados, porém com o cuidado de respeitar os limites impostos por cada espécie. 
 
4.2.5 - Espécies indicadas, e quantidade a remover na desrama 
 
A desrama, se justifica para aquelas espécies que alto valor comercial e que não apresentem 
uma boa desrama natural. 
Normalmente as espécies cujas as madeiras têm alto valor comercial, apresentam incrementos 
relativamente baixos. A melhora de qualidade obtida pela desrama costuma compensar, do ponto de 
vista econômico, os menores incrementos. 
A aplicação desta prática à espécies de crescimento lento e que se destinam apenas à 
produção de massa, dificilmente encontra justificativa econômica. Quando se trata da produção de 
massa, somente às espécies de rápido crescimento e em bons sítios podem justificar à aplicação da 
desrama artificial. 
Os melhores investimentos são realizados, quando se aplica o trato à indivíduos que, pela 
melhora de qualidade, venham a se destinar à utilização mais nobres, e consequentemente alcançam 
melhores preços no mercado. 
Para SPEIDEL (1971), teoricamente deve-se desramar somente indivíduos que possivelmente 
irão permanecer até o final da rotação. A este número teórico, deve ser somado uma certa reserva 
em consideração ao risco de perdas. Desta forma o número de árvores à desramar, depende 
fundamentalmente da espécie. Espécies que necessitam de grande espaço vital (área de projeção de 
copa grande), permitem a desrama de pequeno número de indivíduos por unidade de área. Espécies 
que ocupam menores espaços, ao contrário, permitem que sejam desramadas mais indivíduos. 
Segundo estudos realizados pela Forest Comission com diversas resinosas, o número de árvores 
desramadas não pode passar de 400 por hectare, quando a finalidade é a obtenção de lenho limpo e 
sem nós, e umas 600 por hectare, no caso de especificações menos severas, e quando se pretende 
evitar os nós mortos e os grandes nós vivos. 
 25 
Na eleição dos itens a desramar, dentro do maciço florestal, deve-se atentar para que as 
escolhidas apresentem boa potencialidade de crescimento. Por outro lado, o cuidado com a 
distribuição espacial dos itens, também precisa estar presente. 
Pode ocorrer que, devido a redução da copa quando da poda, às árvores desramadas passem a 
se encontrar em posição desfavorável na ocorrência, com suas vizinhas não tratadas. Por isso, pode 
ser necessário o corte de indivíduos que potencialmente possam prejudicar as árvores escolhidas. 
 
4.2.6 - Povoamentos e Sítios indicados 
 
Somente povoamentos saudáveis, e de boa estabilidade justificam a ampliação de desrama. 
Em povoamentos sujeitos a doenças, com riscos de perdas pelo vento, fogo, ou ataque de animais, é 
arriscado investir dinheiro. 
Segundo MAYER (1977), os povoamentos em sítios excessivamente favoráveis, não são 
indicados para a desrama, já que os melhores sítios produzem madeira de melhor qualidade, o que 
pode sombrear a melhora de qualidade obtida pela desrama. Os sítios de produtividade média são os 
mais indicados, pois produzem madeira de boa qualidade, juntamente com incrementos 
relativamente altos, redundando num maior incremento em valor. 
Para um maior controle, é interessante se fazer um arquivo, onde constem todos os talhões 
que foram desramados, com seu histórico e previsões futuras, já que facilmente se perde no tempo, 
a lembrança da altura da poda, diâmetro do núcleo enodado, número de árvores podadas, etc... No 
povoamento tratado é interessante que se marque as árvores que foram tratadas. 
 
4.2.7 - Esquema de desrama 
 
A execução da primeira desrama, depende da finalidade do produto final. Quando se quer 
produzir postes, em que apenas a aparência externa não deve apresentar nós, uma desrama próxima 
a época de corte pode ser suficiente. Quando porém, se pretende que o núcleo enodado seja o menor 
possível, as operações devem iniciar mais cedo. Normalmente se iniciam as atividade quando o 
povoamento está em FNC. O núcleo enodado, segundo SHULZ (1961), citado por MAYER (1977), 
não deve ultrapassar a um terço do diâmetro estabelecido como limite para a exploração. 
Considera-se primordial importância para a produção de lenho limpo, para as serrarias e 
outros fins nobres, manter diâmetros uniformes do núcleo enodado ao longo das sucessivas 
desramas. Isto determina, em conseqüência a data da primeira operação e a duração do ciclo de 
desrama. Dentro deste ciclo, o comprimento do tronco a limpar em cada ocasião e em cada árvore, 
 26 
deve ser tão grande quanto o permitido pelas limitações biológicas, isto é, remoção do máximo da 
copa viva, sem afetar o engrossamento. Desramar um pouco de cada vez, prolonga o período total e 
o número de intervenções, e consequentemente aumenta o número de operações. 
Baseado nisso, deve-se iniciar nas árvores selecionadas, tão cedo quanto possível as 
operações de desrama, mesmo antes dos desbastes. Essa primeira intervenção deve estender-se a um 
número maior de árvores do queas que se pretende manter até o final da rotação. Para alguns 
autores, a operação deve estender-se de 1/2 a 1/3 do número total de árvores. Após esta poda, que 
inclui todos os indivíduos bem conformados e de melhor vigor, fica muito material para selecionar 
na próxima intervenção, para a qual já deve Ter sido estabelecido o diâmetro no núcleo enodado 
permitido (por exemplo 10 cm). 
Quando uma dada percentagem, das árvores selecionadas na primeira intervenção, 
apresentarem um diâmetro igual ou superior a 10 cm na altura da primeira inserção, está chegando a 
hora de iniciar a Segunda desrama. 
A terceira desrama e as subsequentes seguem o mesmo esquema. Para medir os diâmetros a 
altura da primeira inserção, pode-se utilizar uma suta fixa, montada sobre varas apropriadas. 
 
4.2.8 - Aspectos econômicos da desrama 
 
A desrama exige um gasto atual, com a finalidade de aumentar o valor do produto final. Os 
ganhos de rendimento deverão ser calculados ou estimados e comparados com os gastos necessários 
para obtê- los, antes de se tomar uma decisão sobre a realização da desrama. Os fatores que devem 
ser considerados nesta operação são: 
 custo inicial da desrama 
 morte de árvores tratadas durante o período de rotação 
 tempo decorrido entre cada intervenção e o corte final 
 diferença de valor entre produtos desramados e não desramados. 
Para ALVES (1982), a decisão ou não, fica condicionada fundamentalmente aos diferenciais 
de preços unitários, que compensam os encargos da operação. 
Todos estes aspectos inter-relacionados, conduzem a noção de intensidade de desramações, a 
qual obviamente dependerá da espécie, taxa de crescimento e objetivos da produção. 
Para muitos autores, tais como MAYER, HABLEY, SMITH, as desramas executadas 
criteriosamente pertencem aos investimentos mais rentáveis que se pode fazer no trato de um 
povoamento. 
 27 
Infelizmente no Brasil, por não se Ter claro uma política de comercialização de madeira, fica 
muito difícil arriscar investimentos n desrama, pois as vezes bons sortimentos de madeira, não 
possuem valor comercial merecido. 
 
4.3 - DESBASTE 
 
São cortes intermediários, executados nos povoamentos em desenvolvimento, com o objetivo 
de melhorar o crescimento e a forma das árvores que permanecem, sem no entanto provocar 
aberturas permanentes no maciço. 
Em síntese, os desbastes visam redistribuir a ordem espacial do povoamento, de forma a 
mantê-lo estabilizado em termos de estrutura, visando uma máxima produtividade do material que 
fica, bem como a obtenção de rendimentos secundários. 
Os desbastes, além de um conjunto de técnicas produtivas, está incluída numa técnica de 
produção, e portanto sofrem e refletem às leis da economia, na qual se enquadra o povoamento 
como empresa produtiva. 
 
4.3.1 - Conceitos que caracterizam um Regime de Desbaste 
 
Para ALVES (1982), os desbastes concretizam-se, pela remoção de determinadas categorias 
de árvores, de acordo com critérios por vezes, muito variáveis, de tal modo que a descrição objetiva, 
quer qualitativa quer quantitativa, nem sempre é fácil. Um elevado número de elementos tornam-se 
necessários para que os desbastes fiquem bem caracterizados. No seu conjunto eles definem um 
padrão de tratamento, isto é um regime de desbastes. 
A seguir são apresentados alguns conceitos que caracterizam o regime de desbastes: 
 Método de desbastes - Por método de desbastes, entende-se às árvores que serão cortadas 
no povoamento. Isto resulta numa alteração do modo de arranjo espacial das árvores. 
 Ciclo de desbastes - É a localização no tempo, de sucessivas intervenções que se fará no 
povoamento. Depende da espécie e de sua taxas de crescimento, ou de forma mais simples, é o 
intervalo médio entre dois desbastes aplicados no tempo. 
 Peso de desbaste - É o volume de material lenhoso que se retirou em determinada 
intervenção e idade do povoamento. 
 Grau de desbaste - É o volume retirado num único e determinado desbaste, em relação ao 
volume do povoamento antes do desbaste. É expresso em percentagem. 
 28 
 Intensidade dos desbastes - A intensidade reflete uma média anual de produção. A saída 
dos desbastes, pode ser expresso do seguinte modo: 
 
 Ii = Edi/m x n onde: Ii = intensidade de desbastes na idade i 
 Edi = somatória dos desbastes 
 n = número de desbastes 
 m = ciclo de desbastes 
 
4.3.2 - Classificação das árvores para desbastes 
 
Para a diferenciação das árvores nos respectivos estratos, vários são os fatores considerados. 
Entre estes fatores tem especial importância os que se referem a copa, sua profundidade, largura, 
estado de vigor, dominância apical, forma de inserção nos ramos, densidade da folhagem. 
Baseado nos fatores citados anteriormente, são consideradas quatro as categorias de árvores 
num povoamento: 
 Dominantes - São as árvores de grandes dimensões no interior da floresta, cuja as copas 
recebem iluminação direta na parte apical, e grande parte lateral. 
 Codominantes - São as árvores com dimensões médias no interior da floresta. A parte 
apical recebe iluminação direta, porém a parte lateral é pouco iluminada de forma direta. 
 Sub-dominantes - São as árvores de pequenas dimensões, recebendo iluminação direta, 
somente na extremidade da copa. 
 Dominadas - Árvores que se encontram suprimidas no interior do povoamento, não 
recebem luz direta. 
Segundo o sistema de classificação inglesa, a cada um dos três fatores considerados, 
corresponde a um número digito, ficando cada árvore caracterizada portanto, por três algarismos, de 
acordo com a seguinte ordem: o primeiro, das centenas, corresponde a caracterização da árvore pela 
sua posição sociológica no coberto (dominantes, codominantes, sub-dominantes e dominadas); o 
segundo, das dezenas, à qualidade dos fustes, a distinguir em três categorias: bom, levemente 
defeituoso, e muito defeituoso; o terceiro das unidades, à conformação das copas, também com três 
categorias: bem conformada, levemente defeituosa, e muito defeituosa. 
Pode-se considerar ainda, uma Quinta categoria, a das árvores mortas ou doentes(500), 
subdivididas em 4 categorias, conforme sua posição no coberto(10,20,30,40), e três categorias 
quanto a qualidade do fuste(1,2,3); onde uma árvore doente, sub-dominante, com bom fuste, ter um 
número correspondente a 531. 
 29 
Classes sociológicas das árvores segundo KRAF (1888) 
2 4a 2 3 1 4b 2 5 3 2 
 
1 = Predominante: Copa excepcionalmente desenvolvida 
 
2 = Dominante: formam a parte principal do povoamento. comparativamente apresentam copas bem 
desenvolvidas. 
3 = Co-dominante: Copa com desenvolvimento comparativamente inferior, com evidente 
deformação moderada 
 
4 = Dominada: Copas deformadas por pressão de um ou mais lados 
4a = copa imersa na média do dossel, e com a parte superior livre 
4b = copa parcialmente abaixo do dossel 
 
5 = Suprimida: 
5a = copa com capacidade de sobreviver 
5b = copa sem capacidade de sobreviver ou praticamente mortas 
 
 
 30 
4.3.3 - Métodos de desbastes 
 
Para SHENEIDER (1976), basicamente quatro são os métodos de desbastes que se tem 
utilizado, para definir as árvores que irão sair, e as que permanecerão na floresta: 
 Desbaste por baixo 
 Desbaste pelo alto 
 Desbaste seletivo 
 Desbaste sistemático 
Os desbastes, por baixo, pelo alto, e seletivo, na verdade caracterizam-se pelo caráter seletivo, 
ou seja, após observação de pontos de vista dinâmico/biológico, como posição sociológica, 
vitalidade, tendência de mudança de posição sociológica, e qualidade, como ponderação de 
características estáticas como tortuosidade de tronco, galhosidade etc... 
 
4.3.3.1 - Desbaste por baixo 
 
São removidos no desbaste por baixo, as árvores de menores classes de diâmetro, paraas 
classes de diâmetros superiores, o que determina acentuada assimetria a esquerda, na curva de 
distribuição de freqüência. Com ele se pretende favorecer sistematicamente as árvores de maiores 
dimensões, com copas colocadas nos andares superiores do coberto (dominantes, codominantes). 
Os cortes progridem de baixo para cima, incidindo primeiro sobre as árvores do andar 
inferior, quanto a posição no coberto. 
Este método, também conhecido por desbaste alemão, tem origem nos trabalhos de HARTIG 
(fins do século XVIII), que aconselhava intervenções leves, nos andares inferiores com a finalidade 
de favorecer, árvores de maiores dimensões e com melhor posição no coberto, portanto sem grande 
interferência sobre as elevadas densidades e segregação de classes de árvores, com o objetivo de 
defender a qualidade do lenho, nelas produzido. 
Correções posteriores, apoiadas inicialmente nos trabalhos de COTTA (primeiro quarto do 
século XIX), promoveram a intensificação dos cortes culturais por baixo, quer mediante uma maior 
severidade de cada operação, podendo aliás, envolver representantes dos andares superiores quer 
por encurtamento dos períodos entre dois cortes culturais consecutivos, quer finalmente pela 
antecipação das primeiras operações. O aparecimento de classificação das árvores permitiram a 
SWAPPACH, por exemplo, propôs diversos graus ou severidade de "desbaste por baixo", de acordo 
com o número de árvores removidas em cada operação e as classes de árvores removidas. 
 31 
Este método de desbaste, tem sido considerado como uma imagem, do próprio evoluir normal 
das árvores entregues a competição natural. Entretanto, acarreta certos inconvenientes, 
principalmente aqueles que se referem ao desbaste de árvores com pequenas dimensões, muitas 
vezes mal conformados, e com valor de mercado nulo ou reduzido. Sendo assim, perde-se ou é mal 
conduzido um dos objetivos dos desbastes, exatamente o de fortalecer a situação econômica da 
empresa, mediante a aferição de rendimentos adequados, convenientemente distribuídos ao longo 
do período de vida do povoamento, a partir de uma idade tão baixo quanto possível. 
A sua aplicação é fácil, exatamente por ser muito natural, contando-se como já foi dito, da 
pior para a melhor, num esquema que expressa a remoção das árvores condenadas a curto ou médio 
prazo, e ainda daquelas cujo futuro não é promissor sob qualquer ângulo. 
Como as árvores intolerantes, não suportam viver em situação desfavorável, ao longo da luta 
competitiva com suas vizinhas, sem perda de sua capacidade de resposta ao desafogo, este método, 
está particularmente indicado para o tratamento cultural de tais espécies, pelo menos durante a fase 
média de seu ciclo de vida, quando já segregam as classes de árvores, e as dominadas e sub- 
dominadas alcançarem dimensões comerciáveis. Nas fases jovens dos povoamentos e em locais 
onde não haja mercado para as peças pequenas, este método, obriga a considerar o desbaste como 
um encargo adicional. 
Para BURGER (1976) foram definidos cinco graus de desbastes. Primeiramente definiu-se as 
cinco classes de árvores, conforme citação anterior. 
Os cinco graus são: 
 Grau A - Corte das classes 5, e doentes de outras classes. 
 Grau B - Corte das classes 5, 4, e parte da 2. 
 Grau C - Corte sucessivo de todas as árvores das classes 2 - 5 e parte da 1. 
 Grau D - Corte das classes 5 e 2 e parte da classe 1. 
 Grau E - Idêntico ao grau D, porém mais forte. 
Para todos os graus anteriormente apresentados, a regra a seguir consiste em não permitir que 
o desbaste seja tão forte em qualquer altura, e que evite o fechar das aberturas por ele deixadas no 
coberto, dentro de um período de 5 anos, ou no máximo de 10 anos, a partir da data de desbaste. 
Devem ficar árvores dominadas ou sub-dominadas, tendo em vista a ocupação de uma abertura, 
provocada pela remoção de um árvore das classes superiores do coberto. 
 
4.3.3.2 - Desbaste pelo alto 
Os cortes culturais neste tipo de desbaste, incidem sobre as árvores cujas copas se expandem 
pelos níveis médios superiores do coberto. Isto é, nos andares codominantes e dominantes. São 
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poupadas as árvores inferiores, e com elas as melhores dos andares superiores, de tal forma que na 
época da exploração (corte final), tenhamos o mesmo número de indivíduos, quer o povoamento 
tenha sido desbastado por baixo, ou pelo alto. 
As diferenças entre estas duas modalidades de desbastes, dizem respeito as variações quanto a 
forma de favorecer as árvores do povoamento principal (as que ficarão de pé), e ainda a época mais 
adequada, para o abate das diversas classes de árvores que serão desbastadas. 
Este tipo de desbaste, também chamado de desbaste francês, desenvolveu-se com o objetivo 
de favorecer mais intensamente os melhores indivíduos dos andares superiores, uma vez que a 
maior concorrência, lhes é medida pelas suas vizinhas, também codominantes e dominantes. 
As dominadas e sub-dominadas, desempenham um papel secundário sob este ponto de vista. 
Ao mesmo tempo, a manutenção das árvores dos andares inferiores, pode contribuir para um 
processo de desenvolvimento das dominantes e codominantes, sob o ponto de vista de qualidade do 
lenho. É que as copas das árvores mais baixas, podem atuar sobre as árvores mais elevadas, 
provocando a desrama natural dos galhos (o que não ocorreria se fossem cortadas). Além disso há 
uma maior proteção do solo contra a erosão. 
Outro aspecto a ser considerado, é o econômico. O abate de árvores dominantes e 
codominantes de futuro duvidoso e de pouco valor, traduz-se por rendimentos intermediários mais 
elevados. Em complemento, guarda-se para mais tarde, a época do abate das florestas dos andares 
inferiores, na esperança que venham alcançar, em resposta aos desbastes pelo alto, diâmetros 
comerciáveis a preços mais elevados. 
Este método tem suas limitações. Quando se trata de espécies intolerantes (heliófitas), não é 
possível contar com a manutenção de potencialidade de crescimento dos indivíduos que já 
suportaram grandes períodos de forte competição em condições de alta densidade e conseqüente 
sombreamento. É por isso que se considera utópico, na maioria dos casos conduzir os povoamentos 
de espécies intolerantes por meio de desbastes pelo alto, principalmente quando estes já estiverem 
em fase de nítida diferenciação em andares. 
As espécies de sombra ou meia sombra (umbrófilas), são as que melhor se ajustam a este tipo 
de condução, só tais espécies podem formar os dois estratos bem distintos, quando se adota o 
método de desbaste pelo alto. Nos maciços de espécies intolerantes, a aplicação do método, é 
restrita as suas fases jovens, enquanto a competição não promover a segregação de nítidas classes 
sociológicas, e assim não prejudicam acentuadamente a vitalidade das árvores menos favorecidas. 
Este tipo de intervenção, pode ser utilizado, em povoamentos mistos, com espécies de sombra 
e de luz (umbrófilas e heliófitas). Deste modo ter-se-á, após o desbaste, árvores heliófitas de boa 
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forma na parte superior, e no andar inferior composto de árvores umbrófilas, protetora do solo e que 
ajudam a desrama natural das que as cobrem. 
Resumindo, as principais características dessa modalidade, é a de pretender estimular o 
engrossamento das melhores dominantes, através de cortes das codominantes e dominantes 
vizinhas, de menores chances de desenvolvimento. Também se pretende, manter a densidade 
conveniente do coberto com ajuda das árvores dos andares inferiores, em que sua presença 
encontra-se correlacionada com o enriquecimento do solo e com a adequada desrama natural dos 
itens selecionados, juntamente com a possibilidade de se explorar horizontes diferentes do solo. 
Além disto, procura-se obter lucros mais elevados com o material extraído dos cortes culturais, bem 
como encurtar o tempo de explorabilidade das árvores do povoamento. 
Nos trabalhos daFORESTRY COMMISSION, distingue-se dois graus de desbastes pelo alto: 
 desbaste pelo alto leve 
 desbaste pelo alto forte 
 
4.3.3.3 - Desbaste seletivo 
Este método, foi desenvolvido por BORGGREVE (1891), difere radicalmente dos princípios 
dos métodos anteriormente expostos. 
Enquanto ao métodos sempre poupam as melhores dominantes, o método seletivo, remove os 
indivíduos dos andares superiores, em favor das árvores de menor dimensão e com copas 
localizadas a níveis mais baixos do coberto. Trata-se de um processo nitidamente aposto ao 
desenvolvimento natural do povoamento. Enquanto naqueles, o técnico controla, o fenômeno da 
competição em favor das árvores de maiores dimensões, no desbaste seletivo ele remove justamente 
as árvores maiores, determinando uma acumulação do crescimento em árvores dos andares 
inferiores. 
Um dos argumentos contrário a este método, é o seu desajustamento com o curso natural do 
desenvolvimento dos povoamentos. Entretanto, há determinadas condições que o justificam, pelo 
menos temporariamente. 
Desenvolve-se por vezes, um andar dominante, constituído por árvores mal conformadas no 
tronco e/ou copa, que se fosse mantidos poderiam afetar a qualidade do lenho futuramente 
produzido, e consequentemente a própria eficiência do povoamento. As árvores com ramos grossos 
e de demasiada expansão , produzem normalmente lenho de inferior qualidade, paralelamente não 
podem justificar o espaço vital que ocupam o que significa de fato uma quebra da eficiência do 
povoamento. 
 34 
A ser assim, poderá ser conveniente seu abate, facultando a possibilidade de produção para ao 
andares inferiores que sejam compostos por itens bem conformados em relação ao tronco e a copa. 
Circunstâncias desta natureza, ocorrem com certa freqüência em povoamentos de espécies 
tolerantes, onde a princípio é possível assentar este método de desbaste, mesmo em fases adiantadas 
de seu ciclo de vida. Já em povoamentos intolerantes, os resultados pretendidos, só poderão ser 
alcançados, quando as árvores a permanecer, ainda mantenham vitalidade suficiente e capacidade 
de resposta ao desafogo. 
 
4.3.3.4 - Desbaste sistemático 
Neste método de desbaste, não se segue uma orientação com a intenção de selecionar 
determinadas árvores ou classes de árvores. Os indivíduos, são removidos de forma sistemática, 
seguindo um critério pré-fixado. Deste modo, as diversas classes de diâmetros são afetadas 
proporcionalmente, segundo as freqüências de cada classe. A relação Vd/Vad é sempre igual a 
unidade. 
Devido a época que é feito estes desbastes, e consequentemente ao pequeno diâmetro dos 
indivíduos por eles obtidos, dificilmente se encontra, possibilidade de venda deste material, de 
forma que a maioria dos casos, este desbaste precisa ser computado como custo adicional da 
empresa. 
É certo que ao longo da vida de um povoamento, há normalmente motivos que justificam a 
adoção de distintas modalidades de desbastes, não sendo correto se efetuar um só tipo de desbaste 
durante toda a vida do maciço. 
Este tipo de desbaste, pode ser feito de duas maneiras: 
 em espaçamento: corta-se árvores de espaço em espaço, dentro de uma mesma linha. 
 em fila: remove-se uma linha, e deixa-se outra ou outras sem remover. 
Esta última modalidade, tem o inconveniente de acarretar, pelo menos temporariamente, 
condições irregulares para o desenvolvimento das copas, e sistema radicular, estimulando 
expansões desequilibradas. 
 
4.3.4 - Efeito dos desbastes sobre o desenvolvimento das árvores e do povoamento 
 
O objetivo principal de se fazer um desbaste, é propiciar um desafogo dentro do povoamento. 
Pondo assim, a disposição das árvores que ficam, as potencialidades de crescimento, que seriam 
destinadas as árvores retiradas, ou seja: um maior espaço aéreo para o desenvolvimento das copas, e 
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consequentemente maior superfície de produção fotossintética; e também uma maior superfície de 
área, que aumenta consideravelmente a disponibilidade de nutrientes e água. 
Conclusões básicas a respeito dos desbastes: 
 
 Para ALVES (1982), os desbastes mais intensos, traduzem-se em um maior volume 
retirado antecipadamente, e por conseqüência indivíduos de maior porte no corte final. Já os 
desbastes menos intensos, traduzem-se em um menor volume antecipado, e volume relativamente 
mais elevado no corte final, oriundos de indivíduos de menores dimensões. Esta conseqüência, por 
si só justifica a importância dos desbastes como técnica cultural, e como elemento influenciador da 
economia da empresa. 
 
 Segundo JOHNSTON et al, citado por ALVES (1982), verificou-se que o volume por 
hectare, tende a variar pouco para relativamente moderadas intensidades de desbastes, enquanto o 
volume individual, para as mesmas intensidades moderadas, varia de modo acentuado, crescendo 
rapidamente. Para as maiores intensidades de desbastes, o volume individual tende a manter-se 
constante, enquanto o espaço aberto e a diminuição de competição, não vão favorecer mais o 
crescimento individual, enquanto o volume por hectare, tende a diminuir rapidamente, na medida 
em que se reduz fortemente o número de pés por hectare. 
 
 Efeito sobre a área basal: A área basal individual, é variável com a intensidade de desbaste, 
e esta variação também está correlacionada com a da área da superfície da copa. Embora o 
acréscimo da superfície total da copa tende a ser proporcionalmente menor. 
 Efeito dos desbastes sobre o fator forma: Para ALVES (1982), quanto mais intenso é o 
desbaste, mais rapidamente afinam-se os troncos, seguindo estas considerações: 
- Se as árvores estão protegidas do vento, não sofrendo oscilações pronunciadas, a parte do 
tronco contida dentro da copa, será de forma cônica, enquanto a parte abaixo dos primeiros ramos 
tende a ser aproximadamente cilíndrica; portanto, maiores afastamentos, formam copas mais 
profundas, e maior afinamento. 
- Sob ação do vento, esta tendência, acentua-se, passando a forma geral cônica, e tem por 
base o nível do tronco por onde a árvore oscila, daí que o desbaste contribua, pela maior exposição 
das árvores para o afinamento. 
 
 Riscos do povoamento: Para Burger (1976), o desbaste pode aumentar ou diminuir os 
riscos de um povoamento. 
 36 
- Risco de vento: os danos causados pelo vento, chegam a ser relevantes, somente quando o 
povoamento estiver numa faixa da altura dominante de + ou - 12 metros. Mediante desbaste cedo e 
pesado pode-se conseguir que as árvores remanescentes formem copas e raízes que possam melhor 
resistir ao vento. Porém desbastes atrasados, podem aumentar sensivelmente o risco. Pois em um 
povoamento com altura acima de 12 m, que não foi suficientemente desbastado, as árvores não 
poderiam formar raízes e copas resistentes. Ao se efetuar um desbaste pesado em um povoamento, 
estaria se expondo as árvores ao vento, sem prepará-las para tanto. 
- Risco de incêndio: o desbaste, juntamente com a poda, aumenta temporariamente a 
qualidade de material inflamável, porém o risco de incêndio diminui, pois devido ao desbaste 
principalmente das árvores dominadas, a quantidade de material inflamável entre chão e copa 
diminui e, portanto é mais difícil um fogo de chão se propagar até a copa. 
- Risco de pragas: em povoamentos não desbastados, a quantidade de árvores fracas é maior, 
portanto, aumenta o risco de pragas. Porém imediatamente depois do desbaste, a alta quantidade de 
material no chão, também favorece a propagação de certas pragas. Em determinadas regiões, o 
material desbastado permanecendo no povoamento, deve ser envenenado nas épocas mais 
favoráveis as pragas. 
 
4.3.5 - Intensidade de desbaste e critérios para a condução dos desbastes. 
 
Para SCHENEIDER (1976), além da quantidade cortada num desbaste, deve-se considerar os 
intervalos de cada intervenção no povoamento. 
Alguns índices, podem ser utilizados para orientar a intensidade de desbastes: O fator de espaçamento de HART-BECKING; refere-se a relação distância média entre 
árvores/altura dominante, ou seja, o número de árvores mantidas é determinado em função da altura 
dominante atingida pelo povoamento. Este índice deve ser estudado para cada espécie em 
particular, e é expresso em termos percentuais. 
 
 Índice de ASSMANN; Caracteriza-se pela área basal a ser mantida num povoamento. Pode 
ser uma determinada percentagem da área basal máxima numa área não desbastada. Sua aplicação é 
feita com auxílio de tabelas. 
 
 Índice de REINEKE; O número de árvores a ser mantido é determinado em função do 
diâmetro médio atingido pelo povoamento. 
 
 37 
 Fator de competição de copas (FCC) de KRAJICEK; Baseia-se na concepção teórica, de 
que a competição entre árvores, de um povoamento ao nível das copas, se inicia quando todo o 
espaço a esse nível fica ocupado, e a copa de cada árvore que forma o povoamento possui uma área 
igual a área da copa de árvores com o mesmo DAP, desenvolvidos em espaço aberto, e portanto, 
deve procurar-se um índice que permita interpretar o grau de competição, ou densidade ótimas 
fixados entre o espaço de crescimento que uma árvore pode utilizar, e o espaço de crescimento 
mínimo necessário para que essa árvore possa desenvolver-se com outras (ALVES, 1982). 
Para SCHNEIDER (1976), o regime de desbaste é intenso, quando os cortes são fortes, e a 
periodicidade é curta, e é pouco intenso quando os desbastes são fracos e muito espaçados. 
O primeiro desbaste, deve ser estudado considerando: a espécie, o local, o tipo de silvicultura 
adotado, e com as decisões tomadas desde as regenerações ou instalações artificiais. Para as 
coníferas (principalmente Pinus), o primeiro desbaste pode ser adiado até a fase de 
desenvolvimento e que convém desafogar as árvores e selecionar para que as sua copas, sujeitas até 
então a uma desrama, mais intensa ou menos intensa conforme a espécie, não sofram reduções 
demasiadas na respectiva profundidade. Conforme ensaios anteriores, não convém deixar baixar a 
altura da copa viva para valores inferiores a 40% da altura total do tronco. 
O desbaste determina aberturas no coberto, de dimensões variáveis, podendo as copas 
desenvolverem-se para os espaços livres, e ser um ponto de referência que indicará o novo corte 
cultural. Este novo corte deverá ser efetuado depois de fechadas as aberturas menores e antes da 
total ocupação dos espaços maiores, provocados pelo desbaste anterior. Aconselha-se fazer nova 
intervenção, depois que as árvores tiverem retomado uma certa competição, que resultará num 
auxílio a desrama natural. 
A análise da área basal do povoamento por hectare, é uma variável de grande importância 
para o controle da densidade. Na prática, a época de cada corte cultural é determinada com base na 
observação das copas e não em medições feitas com o objetivo de se saber se o limite superior da 
área basal foi alcançado. A duração do período de tempo entre dois desbastes, é governado pelo 
nível que o primeiro desbaste reduziu a densidade do povoamento. Cada desbaste, deverá ser 
suficientemente forte, para que a área basal se mantenha em um nível mais ou menos constante. 
Em síntese, a intensidade dos desbastes é governada pelas respostas aos efeitos ecológicos, 
pelas regras da economia, e pelo objetivo do produto final (peças de grande dimensões ou 
pequenas). 
 
4.3.6 - Vantagens e desvantagens dos desbastes: 
 
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 Vantagens: 
- Produção de matéria-prima intermediária, podendo esta ser desvantajosa, quando não 
houver mercado. 
- Permite obter dois tipos de produto: para celulose e para serraria. 
- Os desbastes provocam um maior incremento nas árvores remanescentes. 
- Elimina-se as árvores doentes ou estressadas, evitando-se assim focos de doenças ou 
pragas. 
- Propícia um produto final de grandes dimensões. 
- Provocam o aparecimento de sub-bosque. 
 
 Desvantagens: 
- Risco do material fino se tornar inaproveitável. 
- Custo elevado na exploração. 
- Dependência de mercado para o material explorado. 
- Quando mal conduzidos, conforme citado anteriormente o povoamento estará 
exposto a alguns riscos: ventos, incêndios, pragas, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 5- SISTEMAS SILVICULTURAS 
 5.1 - SISTEMA DE TALHADIA 
 5.2 - SITEMA ALTO FUSTE 
 5.3 - SISTEMA ESPECIAL 
 
UNIDADE 5 - SISTEMAS SILVICULTURAIS 
 
 Um sistema silvicultural, abrange todas às operações culturais que são aplicadas a uma 
floresta no decorrer de sua vida. Estas operações têm por objetivo o sucesso na regeneração das 
espécies desejadas, o tratamento adequado das árvores, cuidados com a conservação e nutrição dos 
solos. Desta forma, um sistema silvicultural está correlacionado com às espécies, com o meio físico, 
e com os objetivos do manejo florestal. Numerosos sistemas silviculturais têm sido desenvolvidos 
para atender a propósitos particulares e alguns deles, aplicados nos trópicos, são similares a outros 
usados em florestas temperadas. 
 Para TROUP (1952), sistema silvicultural é o processo pelo qual se atende, extrai e substitui 
a produção de um povoamento por novos cultivos. 
 Os sistemas silviculturais nos trópicos, podem ser agrupados em três categorias: Talhadia, 
alto fruste e especiais. 
 
5.1. - SISTEMA DE TALHADIA 
 
5.1.1. - Talhadia simples: 
 No sistema de talhadia, à regeneração dos povoamentos é assegurada pela brotação dos 
tocos. Á exploração é feita em corte raso, e os brotos se desenvolvem sobre tocos, que só à parte 
viva que resta no solo após o corte das árvores. Se os brotos forem muito numerosos, haverá 
necessidade de desbastá-los, reduzindo-os a dois ou três por toco. Estes serão deixados para crescer 
até o fim da rotação, quando novo corte raso terá lugar. Os povoamentos serão uniformes. 
 Este sistema é conhecido por talhadia simples regular ou apenas Talhadia simples. É muito 
empregado para a produção de pequenas peças de madeira destinadas a moirões de cercas, 
fabricação de carvão, pasta de celulose, combustível, etc. A rotação é curta, talvez 10 anos em 
regiões tropicais, sendo o gênero Eucalyptus o mais cultivado no Brasil, segundo esse sistema. 
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 Os tocos devem ser cortados de modo a deixar à superfície lisa, evitando depressões na parte 
central a fim de reduzir os riscos de apodrecimento da madeira naquela região. Alguns tocos 
morrem e devem ser repostos por qualquer forma de regeneração natural ou artificial. 
 
5.1.1.1 - Particularidades do método: 
a)Vigor das árvores; o vigor de formação de brotos a partir do toco é proporcional ao vigor da 
árvore mãe. O período de formação de brotos mais favorável, costuma coincidir com o período de 
maior crescimento da árvore, e termina antes que estas se tornem boas produtores de sementes. O 
corte da árvore na época de maior crescimento, entretanto, pode diminuir a efetividade do produto. 
b)Estação do ano em que se corta; recomenda-se realizar esta operação no fim da estação de 
inverno, porque às plantas estão inativas, mas a ponto de reiniciar as atividades, de maneira que seu 
metabolismo não sofre nenhum “choque” forte e ao mesmo tempo são reduzidos os perigos de 
dessecação, doenças, etc. 
c)Estrutura e o caráter do toco; os cortes do todo devem ser: 
 - baixo: para possibilitar o rápido desenvolvimento do sistema radicular do broto e obter 
volume da árvore que retiramos. 
 - inclinado: para evitar acumulação da água na ferida, o que ocasionaria doenças. 
 - liso: para facilitar a rápida cicatrização. 
 
5.1.1.2 - Vantagens e desvantagens: 
 a) Vantagens: 
 - Simples e econômico (às vezes) 
 - Os ganhos são relativamente elevados devida ao baixo custo do manejo e à pequena 
inversão de capital. Este aspecto esta condicionado à existência de um mercado consumidor 
garantido. 
- Propicia um grande rendimento por ha, pois se trabalha com uma massa florestal