Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS TRATOS E MÉTODOS SILVICULTURAIS PROFESSOR: Juarez Martins Hoppe SANTA MARIA, MARÇO 1999. 2 ÍNDICE Unidade 1 - Regeneração de Florestas .............. .............04 1.1 - Regeneração Natural ................................04 1.2 - Implantação de Florestas .........................05 Unidade 2 - Crescimento das Árvores .............................10 2.1 - Processo de crescimento ...........................10 2.2 - Fases de crescimento do povoamento ........13 Unidade 3 - Classificação das Florestas ...........................17 3.1 - Quanto a espécie ......................................17 3.2 - Quanto a idade ......................................... 3.3 - Quanto ao regime de manejo .................... Unidade 4 - Intervenções Silviculturais ...........................19 4.1 - Corte Intermediário ..................................19 4.2 - Desrama ..................................................20 4.3 - Desbaste ..................................................27 Unidade 5 - Sistemas Silviculturais ................................40 5.1 - Talhadia ..................................................40 5.2 - Alto fuste ................................................43 5.3 - Espécies ..................................................55 Unidade 6 - Sistemas Agrosilvopastoris .........................63 3 UNIDADE 1- REGENERAÇÃO DE FLORESTAS 1.1- REGENERAÇÃO NATURAL 1.2- IMPLANTAÇÃO DE FLORESTAS UNIDADE 1- REGENERAÇÃO DE FLORESTAS 1.1- REGENERAÇÃO NATURAL Entende-se por regeneração natural os processos de renovação do povoamento, em que o povoamento jovem provém de: sementes caídas formação de brotos raízes do povoamento velho. A principal condição para o emprego da regeneração natural na renovação do povoamento jovem e escolhido. A espécie a ser regenerada naturalmente deve ser: de qualidade satisfatória suficientemente numerosa no povoamento ser representada regularmente ( distribuição homogênea sobre a área). A distribuição espacial sobre a área de regeneração é muito importante, principalmente nos casos de espécies de rara frutificação ou que têm dificuldade para suportar sementes (Araucaria angustifolia). Para uma frutificação abundante, a maioria das árvores necessita de uma copa bem formada e boa incidência de luz na parte superior desta. Para germinação das sementes e crescimento das mudas, o estado do povoamento é de grande importância. Este pode ser criado ou melhorado por meio de métodos adequados de tratamento do solo. As condições de luz necessárias ao solo são criadas por meio de desbastes no povoamento. A intensidade de cada desbaste orienta-se segundo as exigências de luz das espécies a serem regeneradas. Como a produção periódica de sementes das árvores está sujeita a maiores oscilações, a regeneração natural apresenta algumas irregularidades na distribuição sobre a área e no crescimento. Assim, logicamente, surgem dificuldades na utilização silvicultural da regeração natural. Estas dificuldades são aumentadas pelos perigos que ameaçam a semente e a muda na 4 fase inicial e durante os primeiros anos de vida. Assim, causado por fungos, ratos, insetos, pássaros e secas, podem ocorrer grandes perdas nas sementes com poder germinativo, assim como nas mudas. No Brasil a regeneração natural tem maior importância, em suas diversas formas, onde predominam florestas mistas de várias camadas. A Araucaria angustifolia também pertence aquelas espécies que apresentam uma regeneração natural satisfatória. Uma combinação entre regeneração natural e artificial, é atualmente praticada com Eucalyptus spp. Após o corte final, surge um povoamento novo pela saída de brotos nos tocos. Inicialmente deixa-se 2 brotos em cada toco, dos quais é retirado o menos bem formado. A força dos brotos dos tocos diminui com o avançar dos anos. Este tipo de regeneração pode ser repetido duas ou três vezes consecutivas. 1.2- IMPLANTAÇÃO DE FLORESTAS Toda implantação de um povoamento inicia-se com : Preparo do terreno para o plantio: Uma vez escolhido o local de plantio e analisado o solo, deve-se prepará-lo de maneira que ofereça as melhores condições de crescimento às árvores, visando a obtenção da máxima produção a um custo mínimo. O crescimento de qualquer vegetal não é indiferente às boas condições do solo; as árvores de qualquer local onde são plantadas devem encontrar condições ótimas de crescimento, principalmente nos primeiros anos, que são mais críticos e decisivos, para o bom desenvolvimento das plantações. As despesas iniciais que se tem com o preparo do solo, poderão ser compensadas pela economia que se pode fazer nos tratamentos posteriores. Quando o solo está devidamente preparado, o alinhamento, o coveamento e as limpezas são de mais fácil execução e portanto, mais baratas. Não poderemos esperar bons resultados no caso de aplicação de fertilizantes, sem um preparo conveniente do solo, tornando-o poroso e permeável à água e ao ar, facilitando a penetração de raízes e o aproveitamento dos nutrientes nele contidos ou adicionados. O preparo do local de plantio varia, segundo: as condições geológicas os objetivos da plantação 5 as espécies florestais consideradas terreno (de mata, de campo) topografia solos (profundidade, natureza) lençol freático operações subsequentes, manuais ou mecanizadas. Etapas do preparo do terreno: planejamento abertura de picadas derrubada de vegetação aproveitamento da madeira queima destoca aração e gradagem. 1.2.1- Implantação por plantio De todos os métodos de reflorestamento, o de plantio é, no Brasil, o mais utilizado. As mudas são produzidas em viveiros de grandes empresas florestais. As empresas menores, geralmente compram suas mudas de viveiros particulares. Aspectos a serem observados no plantio: Espaçamento É a forma de distribuição das plantas sobre o terreno e a distância entre elas. O espaçamento maior ou menor entre as mudas será determinado em relação ao crescimento da espécie. Sempre levando em consideração o objetivo da produção, sítio, tamanho das mudas e considerações econômicas. Técnicas de plantio O plantio pode ser realizado com mudas: de raiz nua ou embaladas. Vantagens das mudas embaladas: produção rápida, evita-se a repicagem, danos mais reduzidos das raízes, maior facilidade de transporte em distâncias maiores, os choques de transplante são evitados, menos perdas após o plantio - maior percentual de sobrevivência. 6 Desvantagens: elevados custos de produção por unidade, maiores custos de transporte, maior tempo dispendido para o plantio. Épocas de plantio Não há época claramente definida para o plantio florestal. É evidente que, existem determinados critérios ou normas a seguir, obedecendo-se certas épocas e evitando-se períodos que possam prejudicar o plantio. Para o plantio de mudas de raízes nuas deve-se preferir as épocas de chuva e frio ou no período dormente. O ideal seria um inverno com períodos de chuva, um inverno sem chuvas poderá ser fatal. Para o plantio de mudas embaladas deve-se evitar épocas prolongadas de tempo quente e seco. 1.2.2 - Implantação por semeadura A semeadura como método para o estabelecimento de um povoamento florestal não é conveniente às espécies florestais, cujas sementes são de difíceis de comprar (alto custo) ou sãomuito raras. Isto é válido principalmente para as espécies, cuja semente foi coletada em pomares porta-sementes implantados, pois as sementes desta origem são muito caras e por esta razão o seu aproveitamento é maior se feito em viveiros para a produção de mudas. 1.2.3 - Implantação por estacas No caso de florestas implantadas com espécies capazes de brotar, é possível obter regeneração por brotação das cepas (touceiras) remanescentes, após o corte raso, ao final da rotação. Dessa forma, quando bem conduzida, essa brotação permite realizar, em média três rotações sucessivas e econômicas. O manejo dessa brotação é muito importante para que possa assegurar alta produção no corte seguinte. Algumas espécies de Eucalyptus apresentam alta capacidade de brotação, após a exploração e são cortadas à altura média de 5 cm do solo. E para as espécies que apresentam deficiência de brotação, uma alternativa seria elevar a altura de corte para que houvesse maior número de gemas na cepa, sendo estas espécies cortadas à altura de 10-15 cm, obtendo-se com isso um adicional de brotação da ordem de 10%. 7 O combate às formigas cortadeiras é de suma importância para evitar drástica redução na sobrevivência das cepas. Esse ataque inicia-se no princípio da brotação e poderá prolongar-se durante o crescimento das árvores. Pode-se afirmar que, depois de dois ataques sucessivos de formigas, com danificação sensível dos brotos, cessa a capacidade de brotação e a cepa morre. Quando ocorrer grande desenvolvimento de ervas daninhas, deve-se fazer seu controle para reduzir a concorrência com a brotação e ao mesmo tempo, facilitar a localização e o combate às formigas. Outro fator importante para a manutenção da produtividade florestal por várias rotações é a fertilização mineral. Interplantio: é o plantio de mudas da mesma espécie nas falhas de brotação. Adensamento: é o aumento de número de plantas por hectare, neste caso é feito o plantio de novas mudas na entrelinha das copas. O objetivo do adensamento é aumentar a população de árvores por unidade de área, visando aumentar o volume total de madeira ao final da rotação. Com o adensamento, reduz-se o espaçamento entre as plantas e deverá também ser reduzida a rotação. A madeira produzida, embora em maior volume, será constituída de peças finas e servirá como fonte energética. Reforma: talhões com potencial muito baixo são totalmente substituídos por meio de novo plantio de mudas. Faz-se isso, geralmente em talhões muito falhados e constituídos de material genético de baixa qualidade. Para a reforma, devem ser eliminados as cepas sobreviventes, de modo a extinguir toda a brotação, para não competir com as mudas. O controle da formiga é muito importante nessa fase e deve ser feito antes do plantio. UNIDADE 2- CRESCIMENTO DAS ÁRVORES 2.1- PROCESSO DE CRESCIMENTO 2.2- FASES DO CRESCIMENTO E DINÂMICA DO POVOAMENTO UNIDADE 2- CRESCIMENTO DAS ÁRVORES 2.1- PROCESSO DE CRESCIMENTO O crescimento constitui o resultado final da interação de numerosos processos fisiológicos. Segundo BOHNING et alii (1973), o aspecto mais evidente do crescimento, é o aumento em tamanho obtido pelo desenrolar dos processos normais de divisão e aumento de volume celular. Sobrepondo-se a estes dois processos, encontra-se a complexa fase de diferenciação, na qual os diversos tipos de células característicos de vários tecidos, se desenvolvem de forma coordenada. Os aspectos mais evidentes são estruturais e químicos, mas devem refletir modificações a um nível mais profundo, que tem lugar durante o desenvolvimento do mecanismo metabólico, estando este, sob duplo controle de fatores: genéticos e ambientais. Os gens, possuem códigos que imprimem características, e o grau destas, esta na dependência do meio. Para FERRI (1979), examinando uma curva hipotética de crescimento de um vegetal, observa-se que existe um período inicial que o crescimento é lento, seguido de uma fase de rápido aumento de tamanho e, finalmente um decréscimo na acumulação de matéria seca, ou na altura da planta. A interpretação fisiológica destas diferentes fases do crescimento, é a seguinte: no início, a planta depende das reservas da semente para a produção dos órgãos que compõem a plântula; após o desenvolvimento do sistema radicular e a emergência das folhas, os processos anabólicos, dependentes da fotossíntese, se traduzem por um rápido crescimento: atingindo o tamanho definitivo, a planta inicia uma fase de senescência, que se reflete inicialmente, na paralisação da produção de matéria orgânica. 2.1.1- Meristemas Segundo BOHNING et allii (1973), um meristema é um tecido onde, em condições favoráveis, novas células se formam, mais ou menos continuamente, em conseqüência das divisões 9 de algumas ou de todas as células. Os meristemas mais importantes da maioria das plantas vasculares são os do ápice da raiz, do ápice do caule, e do câmbio vascular. O crescimento iniciado pelos meristemas apicais do caule e da raiz, chama-se crescimento primário. E os tecidos formados a partir do câmbio vascular, chama-se tecido secundário. O alongamento se processa às custas da atividade dos meristemas apicais, logo participam no aumento de comprimento do eixo da planta, quer na extremidade do caule, quer na raiz, e ainda são responsáveis pela formação de apêndices, tais como; ramos, folhas, partes florais e ramificações da raiz. Crescimento em altura: O ritmo de crescimento em altura das espécies ou da espécie componente de um povoamento, influência ao lado da luminosidade : possibilidade de se formar um povoamento misto formação de estratos sociológico seleção e desrama natural tipo e freqüência das intervenções silviculturais formação da copa e forma do tronco O fenômeno do alongamento, esta fortemente condicionado por fatores da natureza hereditária, sendo muito menos sujeito as alterações do meio e as influências do tratamento. Algumas espécies tropicais crescem intermitantemente durante o ano todo, enquanto que outras vegetando em climas frios e com períodos vegetativos curtos, tem uma duração inferior a dois meses. Isso não quer dizer que condições muito desfavoráveis não reduzem o período de alongamento, ou que, a melhoria das condições de sítio, irrigação, fertilização ou destruição da vegetação concorrente não incremente, quer o período de alongamento, quer o montante do crescimento estacional em altura. A principal influência dos fatores do meio, esta relacionada com a formação das gemas, os quais contêm os primórdios do crescimento. KRAMER & KOZLOWSKI (1960), verificaram um maior crescimento apical dos tecidos, durante a noite em relação ao dia. Contudo ao longo das noites frias, o crescimento noturno pode ser inferior ao diurno. O início do crescimento em altura é característico para cada espécie, sendo que diversos fatores podem adiantar ou retardar esta data. 10 Observando-se não apenas um período vegetativo, mas sim todo o ciclo vital, nota-se que algumas espécies ultrapassam rapidamente a fase inicial, em que o alongamento é lento, entrando logo na fase seguinte de intenso crescimento em altura. As espécies de ciclo curto podem apresentar taxas de crescimento, mais elevadas na idade juvenil do que as espécies de ciclo longo. As de ciclo longo atingem muitas vezes portes bem maiores quando na idade adulta. Quando se pretende obter peças de pequenas dimensões, se dará preferência, para as espécies que entram em intenso alongamento. Porem pretendendo-se peças de maiores dimensões, as de crescimento rápido e de ciclo de vida mais longo, mesmo que não ultrapassem rapidamente a fase inicial em que o alongamento é lento. Origem dos Nutrientes para o Crescimento em Altura O crescimento em altura processa-se fundamentalmente à custa de hidratosde carbono. Estas reservas encontram-se acumuladas nas folhas antigas, e nas formações lenhosas, localizadas nas extremidades. Portanto, dependendo da espécie e seu ciclo, o produto da fotossíntese terá menor ou maior participação no alongamento. A maior fração de hidratos de carbono, formado nas folhas pela fotossíntese, é utilizado no crescimento em diâmetro, sendo transportada para o câmbio das raízes e dos eixos caulinares e para às respectivas extremidades, onde é convertido em protoplasma, paredes celulares e outros produtos. Outra grande fração é oxidada na respiração, liberando a energia necessária aos processos associados ao crescimento. Para BOHNING et al. (1973), durante o período de dormência das plantas lenhosas, a utilização das reservas pela respiração continua lentamente. Nessas espécies, quando a atividade meristemática recomeça na primavera, há sempre uma utilização considerável das reservas acumuladas nas folhas. Dominância Apical Em silvicultura, o primeiro aspecto a ser considerado, quando se deseja uma alta produção de lenho, é a escolha de espécies que possuam uma forte dominância apical. Quanto ao tronco, deve ser mais cilíndrico possível, e que apresentem nós vivos de pequenas dimensões, e uma reduzida proporção de nós mortos, confinados a um núcleo central. De uma maneira geral, as espécies caracterizadas por uma forte dominância apical, adaptam- se melhor a vida em maciço, causando assim alterações específicas, no desenvolvimento de uma forma florestal particularmente ajustada aos objetivos da cultura, para as madeiras: troncos retos, fustes altos e sem nós, copas mais estreitas, ramos mais finos. 11 Crescimento em Diâmetro Juntamente com o crescimento em altura, o incremento em diâmetro é o responsável pelo crescimento da árvore como um todo. O engrossamento do tronco e dos ramos, se processa as custas da atividade câmbial, e inicia- se com freqüência, após Ter iniciado o alongamento. A duração do engrossamento, embora muito variável de espécie para espécie, e nitidamente superior ao período de alongamento. Assim sendo, encontra-se muito mais sujeito as alterações ambientais, ao contrário do que acontece com o alongamento, muito mais uniforme sobre este aspecto. Durante a vida da planta, a curva descrita pelo aumento em diâmetro, é também semelhante a descrita pelo aumento em altura, isto é; com período inicial de pequenas taxas, e a fase seguinte com um crescimento acelerado, alcançando na fase adulta o platô da curva signoidal típica. O crescimento em diâmetro, é sensível às mudanças de condições do meio, especialmente às disponibilidades hídricas. A fração de acréscimo anual produzido, no final da estação de crescimento, e designado por lenho tardio, ou lenho de inverno, apresenta uma coloração mais escura, bem como uma maior densidade. O aumento que se verifica no início da estação de crescimento, é designado de lenho primaveril, e apresenta menor densidade e coloração mais clara. Estes acréscimos, vistos numa secção transversal do tronco, aparecem formando anéis de crescimento. 2.2- FASES DO CRESCIMENTO E DINÂMICA DO POVOAMENTO As condições edafo-climáticas de uma região, atuam e decidem , de certo modo o comportamento fisiológico de determinada espécie. Porém, como pode ser visto no quadro 01 (KRAMER e KOZLOWSKI, 1960), a demonstração dos processos e fatores do meio, importantes em vários estágios de crescimento da planta. 12 Quadro 01- Processos e fatores do meio importantes, em vários estágios de crescimento. FASE PROCESSOS E CONDIÇÕES FATORES DO MEIO MAIS IMPORTANTES Germinação - absorção de água - digestão - respiração - assimilação - temperatura - água - oxigênio Estabelecimento de plântulas - fotossíntese - assimilação - equilíbrio hídrico interno - luz - água - temperatura - substâncias nutritivas Crescimento vegetativo - fotossíntese - respiração - assimilação - transporte - equilíbrio hídrico interno - luz - água - temperatura - substâncias nutritivas Reprodução - fotossíntese - equilíbrio C/N - condições para florescer - iniciação dos primórdios florais - acumulação de reservas - luz - água - temperatura - substâncias nutritivas Decreptude Desconhecidos (possivelmente: água e relações hormonais, transporte, e equilíbrio entre fotossíntese e a respiração. - água - substâncias nutritivas - insetos e doenças Significado de alguns termos utilizados até o presente. a) Assimilação: É a conversão do produto da fotossíntese em novo protoplasma, paredes celulares, e outras substâncias. 13 b) Absorção: É a entrada de água e de minerais provenientes do solo, oxigênio e gás carbônico. c) Crescimento: É o constante aumento de dimensão, resultante da interação dos vários processos anteriormente indicados. d) Digestão: É a conversão, por ações de enzimas, do alimento existente sob formas complexas, ou insolúveis, como por exemplo o amido, em outras mais simples, que podem ser transportadas e utilizados na respiração e outros processos. e) Fotossíntese: Para HALL/RAO (1980), o termo fotossíntese, significa literalmente, construção; ou síntese pela luz. Na sua acepção comum, fotossíntese é o processo através do qual às plantas sintetizam compostos orgânicos a partir de matéria prima inorgânica (co2, água), na presença de luz. f) Respiração: A oxidação do alimento nas células vivas libera à energia utilizada na assimilação; na absorção mineral e em outros processos consumidores de energia. g) Transporte: É o movimento de água, minerais, e alimentos (carboidratos) no interior das plantas. h) Transpiração: É a perda de água pelas plantas, sob forma de vapor. 14 UNIDADE 3 - CLASSIFICAÇÃO DE FLORESTAS 3.1 - QUANTO A ESPÉCIE 3.2 - QUANTO A IDADE 3.3 - QUANTO AO REGIME DE MANEJO UNIDADE 3 - CLASSIFICAÇÃO DE FLORESTAS 3.1 - QUANTO A ESPÉCIE Classificam-se em florestas Puras e Mistas. 3.1.1 - Florestas Puras Vantagens: - produzem grande quantidade de madeiras de idênticas propriedades e mais ou menos idênticas dimensões, o que é muito conveniente para às indústrias madeireiras, as quais necessitam freqüentemente de grandes quantidades de matéria prima homogênea. - uma floresta pura ordenada, pode abastecer indefinidamente os mercados com madeira de conhecidas propriedades, dimensões e quantidades, o que facilita muito o estabelecimento e desenvolvimento de indústrias florestais estáveis. b.1.1. Vantagens: 1) Produzem grandes quantidades de madeiras de idênticas propriedades e mais ou menos idênticas dimensões, o que é muito conveniente para às industrias madeireiras, as quais necessitam freqüentemente de grandes quantidades de matéria prima homogênea. 15 2) Uma floresta pura ordenada, pode abastecer indefinidamente os mercados com madeira de conhecidas propriedades, dimensões e quantidades, o que facilita muito o estabelecimento e desenvolvimento de indústrias florestais estáveis. 3) O manejo de uma floresta pura, é aparentemente fácil; basta conhecer o cultivo, às exigências, comportamento e desenvolvimento de uma só espécie. 4) A administração, os controles etc ..., são fáceis, pois se produz um só tipo de material. b.1.2. Desvantagens: Os povoamentos puros acham-se expostos continuamente a todo os riscos comuns à monocultura. Os principais inconvenientes são: 1) Exposição aos danos causados pelos fatores climáticos(ventos, secas, etc...) 2) Grande exposição aos danos por parte dos fatores biológicos(fungos, insetos, animais em geral). Estes agentes muitas vezes são específicos, e atacam somente uma espécie florestal. 3) Os povoamentos puros, aproveitamos solos de uma maneira exclusivista, provocando um esgotamento de solo, que por sua vez causa redução considerável do incremento, e dificuldades na regeneração natural ou artificial. 4) Uma escolha errada, com respeito à espécies, que forma o povoamento, não poderia ser modificada a curto prazo. 5) Às possibilidades de trocar à produção, uma vez formado o povoamento, são quase nulas, pois o povoamento puro não permite nenhum ajuste, e possíveis trocas nas exigências das indústrias. 6) Ao substituir um povoamento puro natural, por um puro artificial, arrisca-se a eliminar definitivamente espécies, que talvez poderiam adquirir grande valor no futuro. Isso pode resultar em inconveniente grave, porque não se conhecem às futuras exigências das indústrias madeireiras. Em síntese: o povoamento puro, apresenta muitas vantagens de cunho econômico, mas todas estas vantagens podem ser anuladas a longo prazo, pelos grandes riscos bioecológicos que à ameaça, continuamente. c) Povoamentos mistos Os povoamentos mistos, caracterizam-se por possuírem mais de uma espécie. Podem ser naturais ou artificiais. c.1. Povoamentos mistos naturais: 16 Desenvolvem-se nas seguintes condições c.1.1. Às áreas de distribuição natural de várias espécies, são idênticas ou se superpõe pelo menos parcialmente (clima). Conforme figura 08. Área de distribuição natural de Araucária Área de distribuição natural de cedro Área de distribuição natural de imbuía Área de distribuição natural de araucária, cedro e imbuía. c.1.2. Nenhuma espécies natural é favorecida, é favorecida por condições locais, de uma maneira exclusiva em comparação com as demais (solo) c.1.3. Nenhuma espécies é dotada de uma vitalidade e poder de competição ao elevados que poderia eliminar as demais espécies. Quase sempre existem nos trópicos, às três condições enumeradas; portanto, às florestas tropicais, são quase sempre mistas. c.2. Povoamentos mistos artificiais São povoamentos heterogêneos artificias. Nascem de plantações florestais mistas. No Brasil ainda são raros. Assim como os povoamentos puros, aos povoamentos mistos deve-se fazer algumas qualificações: a) Vantagens: 1 - São pouco expostos à perigos de caráter climático e biológico; os riscos são muito repartidos, e portanto reduzidos. Ainda que certas espécies sejam prejudicadas por este ou aquele agente daninho, é o mais certo que outras não sofram nada. Portanto nunca estará em perigo a totalidade da floresta. 2 - Permitem geralmente o aproveitamento ótimo do espaço disponível (espécies de sombra, espécies de luz, espécies de “meia luz”, etc...) 3 - Nenhum aproveitamento exclusivista de solo; portanto nenhum perigo de esgotamento. Além disto às raízes de diferentes espécies “habitam”, camadas do solo, a variadas profundidades. 4 - Possuem boas possibilidades de “adaptar-se” às trocas nas exigências de parte dos compradores de madeira porque dispõe de um sortimento variado. 5 - Conservam-se todas às espécies, entre as quais pode ser que haja uma, ou várias de grande valor futuro. b) Inconvenientes: 1 - Seu manejo, exige bastante cuidado e conhecimento muito bom por parte do técnico. 17 2 - À administração, é mais complexa. 3 - À venda de produto muito variado, poderá ser muito difícil. 5.3.2. Classificação quanto a Idade Os povoamentos quanto à idade, podem ser: equiâneos ou inequiâneos. a) Povoamentos equiâneos É um tipo de povoamento cujos indivíduos constituintes, tem a mesma idade. Originário quer de sementes mediante à semeadura natural ou artificial, quer por muda, ou por brotação de toco. Na prática, há sempre um amplitude de variação de idade, dentro do qual se considera equiâneo o povoamento. O povoamento equiâneo, caracteriza-se pela uniformidade da vegetação, apresentando um copado integro e contínuo, não obstante à existência de classes distintas das árvores integrantes. À reunião em classes dos dados referentes, aos diâmetros das árvores integrantes da floresta equiânea, vem demonstrar que existe uma distribuição regular das classes em torno da media geral da floresta, e esta distribuição, assume o caráter da curva normal. b) Povoamentos inequiâneos São às florestas que contém exemplares de todas às idades, desde árvores maduras, até às que estão germinando. Sob o ponto de vista silvicultural, é de grande importância, à concepção dos dois tipos extremos, segundo à classificação por idade dos indivíduos integrantes do povoamento. À floresta inequiânea, apresenta um copado irregular, interrompido e incompleto, resultado da coexistência de indivíduos das mais diferentes idades. 5.3.2.1. Modo de classificar a floresta quanto à idade Assim, sempre na dependência da idade da floresta, podem ser admitidos limites da ordem de 10%, de 15% e de até 20%. De fato, para uma floresta de 150 anos de idade por exemplo, mesmo à existência de exemplares de 120 anos, não impedirá a classificação do povoamento como equiâneo. Podemos também, determinar o tipo de floresta, pelo limite de idade, dado pela fórmula, que vem a ser uma derivação do processo anterior: Li = i 0,1 x i (sistema europeu) Onde: Li = limite de idade i = idade (contando da data de plantio) 18 Exemplo: um povoamento plantado em 1970., sendo feito replantios até o terceiro ano, o povoamento será: Li = 20 0,1 x 20 Li = 20 2,0 Li = 18 - 22 anos Sendo à idade das árvores dos replantios de 17 anos, pode-se concluir, que elas se encontram fora do limite de idade geral do povoamento. Assim o povoamento é inequiâneo. 5.3.3. Quanto ao regime de manejo Sob o ponto de vista econômico, a solicitação do mercado, determinará à eleição do caráter da floresta. De fato, há regiões onde os produtos de menores dimensões oriundos das florestas equiâneas, não encontram mercado, de modo que não haverá outra alternativa, senão orientar à floresta no sentido da obtenção de indivíduos com maiores dimensões. Ainda sob o aspecto econômico, podemos dizer que nas florestas equiâneas, há menos dispêndios no serviço de administração. O regime de manejo, a ser empregado na empresa, é definido basicamente pelo tipo de povoamento e a meta econômica da empresa. Assim podemos encornar um regime de: a) Alto fuste: neste, todas às arvores do povoamento, originam-se de sementes (plantio ou semeadura direta), e se pretende fuste grandes e limpos, a serem destinados para à serraria, por exemplo. b) Talhadia simples: às arvores que compõem à floresta provém de brotação. Como exemplo, às florestas de Eucalyptus spp.. c) Talhadia composta: é uma combinação dos dois anteriores, sendo que a maioria das árvores, originam-se de brotação e uma minoria de sementes. d) Regular e irregular: também chamados de jardinagem. Neste caso, tem-se um povoamento em regime de alto fuste irregular, geralmente misto e sempre inequiâneo, de tal forma que árvores de todas às idade são dispersas na área. A diferença entre Regular e irregular, se resume em: - Regular: é um sistema de manejo, utilizado em florestas que possuem indivíduos de todas às idades e dimensões distribuídas em área limitada. - Irregular: é um sistema de manejo, utilizado em florestas que possuem indivíduos de todas às idades e dimensões, formando pequenos grupos homogêneos, sendo estes distribuídos em maiores áreas. 19 UNIDADE 4 - INTERVENÇÕES SILVICULTURAIS 4.1- CORTES INTERMEDIÁRIOS 4.2- DESRAMA 4.3- DESBASTE UNIDADE 4- INTERVENÇÕES SILVICULTURAIS 4.1- CORTES INTERMEDIÁRIOS São intervenções feitas no povoamento durante o período de rotação antes do corte final, estas intervenções são chamadas de cortes intermediários. Isto independe se estas intervenções são cortes parciais e destinam-se à melhoria do povoamento, quer quanto à sua estabilidade,estrutura e estado de sanidade, quer quanto à qualidade da madeira a ser produzida. Pode-se classificar os cortes intermediários, segundo à época e seus objetivos, em: 4.1.1- Cortes de Limpeza. Os cortes de limpeza são operações feitas, quando o povoamento encontra-se em ECI. De modo mais abrangente, enquadram-se como cortes de limpeza, às operações que visam eliminar à concorrência entre indivíduos desejáveis e os indesejáveis que surgem naturalmente no interior da floresta. Tais operações podem ser; coroamento, capinas, decepamento ou envenenamento de não interessantes ou prejudiciais. A eliminação de brotos da espécie desejada, que possam atrapalhar o crescimento de árvores ou brotos melhores, é também uma atividade pertinente aos cortes de limpeza. A retirada de grupos ou indivíduos dispersos com excessivo crescimento, poderiam formar árvores muito ramificadas, ocupando grande espaço vital e produzindo madeira enodada de qualidade inferior. Os cortes de limpeza, devem ser feitos com maior cuidado, quanto às espécies a serem retiradas e a serem mantidas, bem como a inter-relação entre elas (principalmente quanto `a luz). Para ALVES (1982), considerando o período normal de limpeza, em geral, do segundo ou terceiro ano, até o décimo quinto ano, o número de operações irá de 2 a 4, em intervalos médios de cinco anos. Ás intervenções, são consideradas necessárias quando à competição entre os indivíduos, começa a tornar-se nítida; quando às copas daquelas que interessa manter, demonstram sinais de prejuízo. 20 Uma regra prática para determinação do momento da primeira limpeza, é o de intervir, quando os "pés" dos indivíduos que se quer retirar, ultrapassem, um DAP superior a 5 cm. Para às restantes limpezas, há que atender sobretudo, ao crescimento em altura, que não deve ser atrasado, e a evolução das copas, executando-se às operações, quando estas começam a interpenetrar-se visivelmente. Em florestas nativas, os cortes de limpeza, devem visar além da eliminação da concorrência, a melhora do valor da floresta, através da formação de maciços mistos, compostos por espécies mais valiosas. 4.1.2 - Cortes de Liberação São cortes realizados para liberar uma massa jovem que ainda não tenha superado a fase de renovação, da competição de indivíduos que o recobrem. São executados normalmente, na mesma fase de desenvolvimento em que se faz os cortes de limpeza, dos quais se diferem apenas pela idade dos indivíduos cortados. Os cortes de liberação, são semelhantes em muitos aspectos aos cortes de extração, no método de árvores padrão e árvores protetoras do sistema de alto fuste regular. Os indivíduos que se retira, envenena ou estrangula, são os que deixam no tratamento anterior. Os cortes de liberação, são aplicáveis tanto em reflorestamento quanto em florestas nativas. 4.1.3 - Cortes de Melhora Operação efetuada no maciço, após à fase de crescimento inicial (FCI), como fim específico de melhorar à composição do povoamento, retirando-se às espécies menos desejáveis. Esta regulagem de percentagem de mistura, dificilmente será necessária, quando os cortes de limpeza e liberação, forem feitos no tempo correto e de forma acertada. 4.1.4 - Cortes de Recuperação Atividade feita, com a finalidade de retirar árvores mortas, ou danificadas por agentes especiais. Estes cortes tem o propósito principal de impedir a propagação de insetos ou fungos, a partir de árvores infestadas. São também chamados de cortes de saneamento. 4.2 - DESRAMA 21 A presença de nós na madeira, constitui um dos principais critérios para à avaliação da qualidade da mesma. Os nós podem ser classificados em : nós vivos e nós mortos. Os nós vivos, também ditos vermelhos, são formados a partir do engrossamento da base dos ramos vivos, que com o desenvolvimento do tronco, estas bases vão sendo incluídas nestes. Estes nós são aderentes por motivo de continuidade dos tecidos, e com diâmetros progressivamente maiores no início de sua inserção para o exterior. Paralelamente, às camadas anuais, sofrem inflexão para o exterior da peça, ao nível da ligação da estrutura central com a lateral. Já os nós mortos ou negros, caracterizam-se pela inclusão dos ramos mortos no tronco. A medida que as árvores crescem no interior do povoamento, gradativamente ocorre a desvitalização dos ramos da base sombreados, devido a redução da fotossíntese na parte foliar. Reduz-se primeiro a taxa de crescimento dos ramos, e portanto o seu engrossamento, verificando-se depois a sua morte, embora os tecidos aos níveis da inserção no tronco, ainda possam manter-se vivos durante um certo número de anos após a morte das respectivas folhas. Este aspecto é importante, pois se fizermos a poda dos ramos mortos durante este período, evitaremos a inclusão de nós mortos. 4.2.1 - Tipos de Desrama: A desrama, também chamada poda, pode ser fundamentalmente de dois tipos. a) Natural Este tipo de desrama é conseguido através da manutenção de espaçamentos apertados, mais precisamente nas primeiras idades. O processo que envolve a desrama natural divide-se em três etapas: morte do galho desprendimento cicatrização O fenômeno da desrama natural, inicia-se quando a copa dos indivíduos do povoamento começam a se tocar lateralmente, e ocorre sempre de baixo para cima, devido a menor incidência de luz para ao galhos mais baixos, pode ser controlada através da densidade do povoamento. A densidade determina igualmente o diâmetro alcançado pelos ramos antes de morrerem, o que influi diretamente nas fases seguintes, ou seja, o tempo necessário para o desprendimento, como também para a cicatrização. 22 Apesar de maiores densidades, favorecem a desrama natural, este processo é relativamente lento. Há espécies que mantêm os ramos mortos aderidos ao tronco por muitos anos, e este detalhe deve ser observado, conforme dito anteriormente. b) Artificial Por ser muito lenta a desrama natural, a desrama artificial, surge como um meio de conciliar a necessidade de melhoramento da matéria prima. Para HUENAGL & PUZYR (1968), pode-se distinguir na desrama artificial, as seguintes vantagens: aumento do valor do tronco ganho de lenha, ou cama para animais diminuição de prejuízos no sub-bosque, no momento da exploração Para ALVES (1982), a desrama artificial visa: diminuir às condições que favorecem o adelgaçamento do fuste. Evitar a formação de nós mortos Reduzir o diâmetro do núcleo enodado. A desrama seca, quando bem conduzida, jamais prejudica os indivíduos, a desrama verde, deve ser feita com muito cuidado, para que seus benefícios não sejam superados pelos aspectos negativos (possibilidade de pragas, diminuição do incremento, surgimento de concorrentes). 4.2.2 - Efeitos da desrama no crescimento Para KRAMER & KOZLOWSKI (1972), o corte de ramos vivos reduz o montante da superfície fotossintética, embora reduza também a superfície de respiração. Como muitos ramos dominados da base, apenas com poucas folhas (acículas), podem consumir na respiração, todos os hidratos de carbono que produzem na fotossíntese; tais como, não contribuem para o, crescimento do tronco. A sua remoção, é obviamente desejável, porque não haverá redução no crescimento do tronco, e a madeira será mais limpa. A retirada de ramos mortos não influencia o crescimento da árvore, mas uma forte desrama da parte viva da copa, retarda o crescimento em diâmetro e altura. YOUNG & KRAMER (1952), citados por KRAMER & KOZLOWSKI, observaram em Pinus taeda, uma acentuada redução no engrossamento, mas não no alongamento, após a desrama. A desrama até limites de 70% da altura da árvore, pouco reduz o incremento em altura. Somente uma redução em torno de 90% produz uma diferença significativa. Esta observação pode ser atribuída ao fato de que o crescimento em altura se processaàs custas dos hidratos de carbono, 23 produzidos próximos ao broto terminal. Podendo à desrama retirar grande parte da copa localizada a níveis que lhe fique inferiores, sem promover séria redução nos hidratos de carbono que são utilizados em favor do alongamento. Para KRAMER & KOSLOWSKI (1972), o crescimento diamétrico em qualquer parte do tronco, depende mais dos hidratos de carbono produzidos pelos ramos situados acima dele, do que aqueles que se encontram abaixo. É afirmação de muitos autores, que para coníferas, uma desrama não atinja 70% o mais indicado é deixa-la em torno de 50%, embora isso depende muito de relação benefício-custo. 4.2.3 - Época das desramas Se na operação de desrama, forem retirados somente os ramos mortos, esta pode ser feita durante todo o ano. Apenas quando a desrama for mecânica, deve-se preferir o repouso vegetativo, pois este procedimento evitará lesões ao tronco, que normalmente ocorrem com o emprego deste método. Quando se tratar de desrama verde, o melhor período para tal prática é durante a estação de dormência de preferência no inverno. Nesta época do ano, obviamente é menos provável, que o câmbio sofra feridas, já que este não está ativo e portanto a casca não se desprende com facilidade. Por outro lado, com a chegada da próxima estação vegetativa, o ferimento pode cicatrizar mais rapidamente. 4.2.4 - Técnicas de Execução Os galhos devem ser cortados, tanto quanto possível bem junto a casca, sem que esta seja ferida. Desramar deixando tocos de galhos no tronco, implica em maior tempo de cicatrização, bem como inclusão destes tocos, formando regiões com nós mortos no tronco. Para a desrama inicial baixa, normalmente se utilizam serrotes especiais ou podões florestais. Quando a altura dos primeiros galhos não for mais alcançada pela mão estendida, pode-se adaptar o serrote sobre varas adequadas. O emprego de escadas leves e de fácil transporte também deve ser ponderada. Existe também a possibilidade de se utilizar aparelho especial, semelhante a motoserra, que funciona subindo na árvore em espiral, fazendo a desrama automaticamente. Seu emprego limita-se a árvores cujo o diâmetro, esteja entre 12 e 30 cm. Quando o tronco estiver molhado, sua utilização é perigosa. O emprego de tais máquinas deve ser restrito ao período de repouso vegetativo, pois ao contrário poderá ocorrer problemas com a vitalidade da árvore. 24 A intensidade de desrama é governada por dois parâmetros, ou seja, o grau e a periodicidade. O grau, refere-se a severidade de cada operação, isto é, quanto de copa é removida, enquanto que a periodicidade diz respeito ao intervalo entre sucessivas intervenções. A intensidade, mais comumente depende de vários fatores, entre os quais se destacam; a espécie, taxa de crescimento, utilizações previstas para o lenho. Para a minimização de custos, sempre é interessante, fazer-se a desrama de grau forte e com períodos bem distanciados, porém com o cuidado de respeitar os limites impostos por cada espécie. 4.2.5 - Espécies indicadas, e quantidade a remover na desrama A desrama, se justifica para aquelas espécies que alto valor comercial e que não apresentem uma boa desrama natural. Normalmente as espécies cujas as madeiras têm alto valor comercial, apresentam incrementos relativamente baixos. A melhora de qualidade obtida pela desrama costuma compensar, do ponto de vista econômico, os menores incrementos. A aplicação desta prática à espécies de crescimento lento e que se destinam apenas à produção de massa, dificilmente encontra justificativa econômica. Quando se trata da produção de massa, somente às espécies de rápido crescimento e em bons sítios podem justificar à aplicação da desrama artificial. Os melhores investimentos são realizados, quando se aplica o trato à indivíduos que, pela melhora de qualidade, venham a se destinar à utilização mais nobres, e consequentemente alcançam melhores preços no mercado. Para SPEIDEL (1971), teoricamente deve-se desramar somente indivíduos que possivelmente irão permanecer até o final da rotação. A este número teórico, deve ser somado uma certa reserva em consideração ao risco de perdas. Desta forma o número de árvores à desramar, depende fundamentalmente da espécie. Espécies que necessitam de grande espaço vital (área de projeção de copa grande), permitem a desrama de pequeno número de indivíduos por unidade de área. Espécies que ocupam menores espaços, ao contrário, permitem que sejam desramadas mais indivíduos. Segundo estudos realizados pela Forest Comission com diversas resinosas, o número de árvores desramadas não pode passar de 400 por hectare, quando a finalidade é a obtenção de lenho limpo e sem nós, e umas 600 por hectare, no caso de especificações menos severas, e quando se pretende evitar os nós mortos e os grandes nós vivos. 25 Na eleição dos itens a desramar, dentro do maciço florestal, deve-se atentar para que as escolhidas apresentem boa potencialidade de crescimento. Por outro lado, o cuidado com a distribuição espacial dos itens, também precisa estar presente. Pode ocorrer que, devido a redução da copa quando da poda, às árvores desramadas passem a se encontrar em posição desfavorável na ocorrência, com suas vizinhas não tratadas. Por isso, pode ser necessário o corte de indivíduos que potencialmente possam prejudicar as árvores escolhidas. 4.2.6 - Povoamentos e Sítios indicados Somente povoamentos saudáveis, e de boa estabilidade justificam a ampliação de desrama. Em povoamentos sujeitos a doenças, com riscos de perdas pelo vento, fogo, ou ataque de animais, é arriscado investir dinheiro. Segundo MAYER (1977), os povoamentos em sítios excessivamente favoráveis, não são indicados para a desrama, já que os melhores sítios produzem madeira de melhor qualidade, o que pode sombrear a melhora de qualidade obtida pela desrama. Os sítios de produtividade média são os mais indicados, pois produzem madeira de boa qualidade, juntamente com incrementos relativamente altos, redundando num maior incremento em valor. Para um maior controle, é interessante se fazer um arquivo, onde constem todos os talhões que foram desramados, com seu histórico e previsões futuras, já que facilmente se perde no tempo, a lembrança da altura da poda, diâmetro do núcleo enodado, número de árvores podadas, etc... No povoamento tratado é interessante que se marque as árvores que foram tratadas. 4.2.7 - Esquema de desrama A execução da primeira desrama, depende da finalidade do produto final. Quando se quer produzir postes, em que apenas a aparência externa não deve apresentar nós, uma desrama próxima a época de corte pode ser suficiente. Quando porém, se pretende que o núcleo enodado seja o menor possível, as operações devem iniciar mais cedo. Normalmente se iniciam as atividade quando o povoamento está em FNC. O núcleo enodado, segundo SHULZ (1961), citado por MAYER (1977), não deve ultrapassar a um terço do diâmetro estabelecido como limite para a exploração. Considera-se primordial importância para a produção de lenho limpo, para as serrarias e outros fins nobres, manter diâmetros uniformes do núcleo enodado ao longo das sucessivas desramas. Isto determina, em conseqüência a data da primeira operação e a duração do ciclo de desrama. Dentro deste ciclo, o comprimento do tronco a limpar em cada ocasião e em cada árvore, 26 deve ser tão grande quanto o permitido pelas limitações biológicas, isto é, remoção do máximo da copa viva, sem afetar o engrossamento. Desramar um pouco de cada vez, prolonga o período total e o número de intervenções, e consequentemente aumenta o número de operações. Baseado nisso, deve-se iniciar nas árvores selecionadas, tão cedo quanto possível as operações de desrama, mesmo antes dos desbastes. Essa primeira intervenção deve estender-se a um número maior de árvores do queas que se pretende manter até o final da rotação. Para alguns autores, a operação deve estender-se de 1/2 a 1/3 do número total de árvores. Após esta poda, que inclui todos os indivíduos bem conformados e de melhor vigor, fica muito material para selecionar na próxima intervenção, para a qual já deve Ter sido estabelecido o diâmetro no núcleo enodado permitido (por exemplo 10 cm). Quando uma dada percentagem, das árvores selecionadas na primeira intervenção, apresentarem um diâmetro igual ou superior a 10 cm na altura da primeira inserção, está chegando a hora de iniciar a Segunda desrama. A terceira desrama e as subsequentes seguem o mesmo esquema. Para medir os diâmetros a altura da primeira inserção, pode-se utilizar uma suta fixa, montada sobre varas apropriadas. 4.2.8 - Aspectos econômicos da desrama A desrama exige um gasto atual, com a finalidade de aumentar o valor do produto final. Os ganhos de rendimento deverão ser calculados ou estimados e comparados com os gastos necessários para obtê- los, antes de se tomar uma decisão sobre a realização da desrama. Os fatores que devem ser considerados nesta operação são: custo inicial da desrama morte de árvores tratadas durante o período de rotação tempo decorrido entre cada intervenção e o corte final diferença de valor entre produtos desramados e não desramados. Para ALVES (1982), a decisão ou não, fica condicionada fundamentalmente aos diferenciais de preços unitários, que compensam os encargos da operação. Todos estes aspectos inter-relacionados, conduzem a noção de intensidade de desramações, a qual obviamente dependerá da espécie, taxa de crescimento e objetivos da produção. Para muitos autores, tais como MAYER, HABLEY, SMITH, as desramas executadas criteriosamente pertencem aos investimentos mais rentáveis que se pode fazer no trato de um povoamento. 27 Infelizmente no Brasil, por não se Ter claro uma política de comercialização de madeira, fica muito difícil arriscar investimentos n desrama, pois as vezes bons sortimentos de madeira, não possuem valor comercial merecido. 4.3 - DESBASTE São cortes intermediários, executados nos povoamentos em desenvolvimento, com o objetivo de melhorar o crescimento e a forma das árvores que permanecem, sem no entanto provocar aberturas permanentes no maciço. Em síntese, os desbastes visam redistribuir a ordem espacial do povoamento, de forma a mantê-lo estabilizado em termos de estrutura, visando uma máxima produtividade do material que fica, bem como a obtenção de rendimentos secundários. Os desbastes, além de um conjunto de técnicas produtivas, está incluída numa técnica de produção, e portanto sofrem e refletem às leis da economia, na qual se enquadra o povoamento como empresa produtiva. 4.3.1 - Conceitos que caracterizam um Regime de Desbaste Para ALVES (1982), os desbastes concretizam-se, pela remoção de determinadas categorias de árvores, de acordo com critérios por vezes, muito variáveis, de tal modo que a descrição objetiva, quer qualitativa quer quantitativa, nem sempre é fácil. Um elevado número de elementos tornam-se necessários para que os desbastes fiquem bem caracterizados. No seu conjunto eles definem um padrão de tratamento, isto é um regime de desbastes. A seguir são apresentados alguns conceitos que caracterizam o regime de desbastes: Método de desbastes - Por método de desbastes, entende-se às árvores que serão cortadas no povoamento. Isto resulta numa alteração do modo de arranjo espacial das árvores. Ciclo de desbastes - É a localização no tempo, de sucessivas intervenções que se fará no povoamento. Depende da espécie e de sua taxas de crescimento, ou de forma mais simples, é o intervalo médio entre dois desbastes aplicados no tempo. Peso de desbaste - É o volume de material lenhoso que se retirou em determinada intervenção e idade do povoamento. Grau de desbaste - É o volume retirado num único e determinado desbaste, em relação ao volume do povoamento antes do desbaste. É expresso em percentagem. 28 Intensidade dos desbastes - A intensidade reflete uma média anual de produção. A saída dos desbastes, pode ser expresso do seguinte modo: Ii = Edi/m x n onde: Ii = intensidade de desbastes na idade i Edi = somatória dos desbastes n = número de desbastes m = ciclo de desbastes 4.3.2 - Classificação das árvores para desbastes Para a diferenciação das árvores nos respectivos estratos, vários são os fatores considerados. Entre estes fatores tem especial importância os que se referem a copa, sua profundidade, largura, estado de vigor, dominância apical, forma de inserção nos ramos, densidade da folhagem. Baseado nos fatores citados anteriormente, são consideradas quatro as categorias de árvores num povoamento: Dominantes - São as árvores de grandes dimensões no interior da floresta, cuja as copas recebem iluminação direta na parte apical, e grande parte lateral. Codominantes - São as árvores com dimensões médias no interior da floresta. A parte apical recebe iluminação direta, porém a parte lateral é pouco iluminada de forma direta. Sub-dominantes - São as árvores de pequenas dimensões, recebendo iluminação direta, somente na extremidade da copa. Dominadas - Árvores que se encontram suprimidas no interior do povoamento, não recebem luz direta. Segundo o sistema de classificação inglesa, a cada um dos três fatores considerados, corresponde a um número digito, ficando cada árvore caracterizada portanto, por três algarismos, de acordo com a seguinte ordem: o primeiro, das centenas, corresponde a caracterização da árvore pela sua posição sociológica no coberto (dominantes, codominantes, sub-dominantes e dominadas); o segundo, das dezenas, à qualidade dos fustes, a distinguir em três categorias: bom, levemente defeituoso, e muito defeituoso; o terceiro das unidades, à conformação das copas, também com três categorias: bem conformada, levemente defeituosa, e muito defeituosa. Pode-se considerar ainda, uma Quinta categoria, a das árvores mortas ou doentes(500), subdivididas em 4 categorias, conforme sua posição no coberto(10,20,30,40), e três categorias quanto a qualidade do fuste(1,2,3); onde uma árvore doente, sub-dominante, com bom fuste, ter um número correspondente a 531. 29 Classes sociológicas das árvores segundo KRAF (1888) 2 4a 2 3 1 4b 2 5 3 2 1 = Predominante: Copa excepcionalmente desenvolvida 2 = Dominante: formam a parte principal do povoamento. comparativamente apresentam copas bem desenvolvidas. 3 = Co-dominante: Copa com desenvolvimento comparativamente inferior, com evidente deformação moderada 4 = Dominada: Copas deformadas por pressão de um ou mais lados 4a = copa imersa na média do dossel, e com a parte superior livre 4b = copa parcialmente abaixo do dossel 5 = Suprimida: 5a = copa com capacidade de sobreviver 5b = copa sem capacidade de sobreviver ou praticamente mortas 30 4.3.3 - Métodos de desbastes Para SHENEIDER (1976), basicamente quatro são os métodos de desbastes que se tem utilizado, para definir as árvores que irão sair, e as que permanecerão na floresta: Desbaste por baixo Desbaste pelo alto Desbaste seletivo Desbaste sistemático Os desbastes, por baixo, pelo alto, e seletivo, na verdade caracterizam-se pelo caráter seletivo, ou seja, após observação de pontos de vista dinâmico/biológico, como posição sociológica, vitalidade, tendência de mudança de posição sociológica, e qualidade, como ponderação de características estáticas como tortuosidade de tronco, galhosidade etc... 4.3.3.1 - Desbaste por baixo São removidos no desbaste por baixo, as árvores de menores classes de diâmetro, paraas classes de diâmetros superiores, o que determina acentuada assimetria a esquerda, na curva de distribuição de freqüência. Com ele se pretende favorecer sistematicamente as árvores de maiores dimensões, com copas colocadas nos andares superiores do coberto (dominantes, codominantes). Os cortes progridem de baixo para cima, incidindo primeiro sobre as árvores do andar inferior, quanto a posição no coberto. Este método, também conhecido por desbaste alemão, tem origem nos trabalhos de HARTIG (fins do século XVIII), que aconselhava intervenções leves, nos andares inferiores com a finalidade de favorecer, árvores de maiores dimensões e com melhor posição no coberto, portanto sem grande interferência sobre as elevadas densidades e segregação de classes de árvores, com o objetivo de defender a qualidade do lenho, nelas produzido. Correções posteriores, apoiadas inicialmente nos trabalhos de COTTA (primeiro quarto do século XIX), promoveram a intensificação dos cortes culturais por baixo, quer mediante uma maior severidade de cada operação, podendo aliás, envolver representantes dos andares superiores quer por encurtamento dos períodos entre dois cortes culturais consecutivos, quer finalmente pela antecipação das primeiras operações. O aparecimento de classificação das árvores permitiram a SWAPPACH, por exemplo, propôs diversos graus ou severidade de "desbaste por baixo", de acordo com o número de árvores removidas em cada operação e as classes de árvores removidas. 31 Este método de desbaste, tem sido considerado como uma imagem, do próprio evoluir normal das árvores entregues a competição natural. Entretanto, acarreta certos inconvenientes, principalmente aqueles que se referem ao desbaste de árvores com pequenas dimensões, muitas vezes mal conformados, e com valor de mercado nulo ou reduzido. Sendo assim, perde-se ou é mal conduzido um dos objetivos dos desbastes, exatamente o de fortalecer a situação econômica da empresa, mediante a aferição de rendimentos adequados, convenientemente distribuídos ao longo do período de vida do povoamento, a partir de uma idade tão baixo quanto possível. A sua aplicação é fácil, exatamente por ser muito natural, contando-se como já foi dito, da pior para a melhor, num esquema que expressa a remoção das árvores condenadas a curto ou médio prazo, e ainda daquelas cujo futuro não é promissor sob qualquer ângulo. Como as árvores intolerantes, não suportam viver em situação desfavorável, ao longo da luta competitiva com suas vizinhas, sem perda de sua capacidade de resposta ao desafogo, este método, está particularmente indicado para o tratamento cultural de tais espécies, pelo menos durante a fase média de seu ciclo de vida, quando já segregam as classes de árvores, e as dominadas e sub- dominadas alcançarem dimensões comerciáveis. Nas fases jovens dos povoamentos e em locais onde não haja mercado para as peças pequenas, este método, obriga a considerar o desbaste como um encargo adicional. Para BURGER (1976) foram definidos cinco graus de desbastes. Primeiramente definiu-se as cinco classes de árvores, conforme citação anterior. Os cinco graus são: Grau A - Corte das classes 5, e doentes de outras classes. Grau B - Corte das classes 5, 4, e parte da 2. Grau C - Corte sucessivo de todas as árvores das classes 2 - 5 e parte da 1. Grau D - Corte das classes 5 e 2 e parte da classe 1. Grau E - Idêntico ao grau D, porém mais forte. Para todos os graus anteriormente apresentados, a regra a seguir consiste em não permitir que o desbaste seja tão forte em qualquer altura, e que evite o fechar das aberturas por ele deixadas no coberto, dentro de um período de 5 anos, ou no máximo de 10 anos, a partir da data de desbaste. Devem ficar árvores dominadas ou sub-dominadas, tendo em vista a ocupação de uma abertura, provocada pela remoção de um árvore das classes superiores do coberto. 4.3.3.2 - Desbaste pelo alto Os cortes culturais neste tipo de desbaste, incidem sobre as árvores cujas copas se expandem pelos níveis médios superiores do coberto. Isto é, nos andares codominantes e dominantes. São 32 poupadas as árvores inferiores, e com elas as melhores dos andares superiores, de tal forma que na época da exploração (corte final), tenhamos o mesmo número de indivíduos, quer o povoamento tenha sido desbastado por baixo, ou pelo alto. As diferenças entre estas duas modalidades de desbastes, dizem respeito as variações quanto a forma de favorecer as árvores do povoamento principal (as que ficarão de pé), e ainda a época mais adequada, para o abate das diversas classes de árvores que serão desbastadas. Este tipo de desbaste, também chamado de desbaste francês, desenvolveu-se com o objetivo de favorecer mais intensamente os melhores indivíduos dos andares superiores, uma vez que a maior concorrência, lhes é medida pelas suas vizinhas, também codominantes e dominantes. As dominadas e sub-dominadas, desempenham um papel secundário sob este ponto de vista. Ao mesmo tempo, a manutenção das árvores dos andares inferiores, pode contribuir para um processo de desenvolvimento das dominantes e codominantes, sob o ponto de vista de qualidade do lenho. É que as copas das árvores mais baixas, podem atuar sobre as árvores mais elevadas, provocando a desrama natural dos galhos (o que não ocorreria se fossem cortadas). Além disso há uma maior proteção do solo contra a erosão. Outro aspecto a ser considerado, é o econômico. O abate de árvores dominantes e codominantes de futuro duvidoso e de pouco valor, traduz-se por rendimentos intermediários mais elevados. Em complemento, guarda-se para mais tarde, a época do abate das florestas dos andares inferiores, na esperança que venham alcançar, em resposta aos desbastes pelo alto, diâmetros comerciáveis a preços mais elevados. Este método tem suas limitações. Quando se trata de espécies intolerantes (heliófitas), não é possível contar com a manutenção de potencialidade de crescimento dos indivíduos que já suportaram grandes períodos de forte competição em condições de alta densidade e conseqüente sombreamento. É por isso que se considera utópico, na maioria dos casos conduzir os povoamentos de espécies intolerantes por meio de desbastes pelo alto, principalmente quando estes já estiverem em fase de nítida diferenciação em andares. As espécies de sombra ou meia sombra (umbrófilas), são as que melhor se ajustam a este tipo de condução, só tais espécies podem formar os dois estratos bem distintos, quando se adota o método de desbaste pelo alto. Nos maciços de espécies intolerantes, a aplicação do método, é restrita as suas fases jovens, enquanto a competição não promover a segregação de nítidas classes sociológicas, e assim não prejudicam acentuadamente a vitalidade das árvores menos favorecidas. Este tipo de intervenção, pode ser utilizado, em povoamentos mistos, com espécies de sombra e de luz (umbrófilas e heliófitas). Deste modo ter-se-á, após o desbaste, árvores heliófitas de boa 33 forma na parte superior, e no andar inferior composto de árvores umbrófilas, protetora do solo e que ajudam a desrama natural das que as cobrem. Resumindo, as principais características dessa modalidade, é a de pretender estimular o engrossamento das melhores dominantes, através de cortes das codominantes e dominantes vizinhas, de menores chances de desenvolvimento. Também se pretende, manter a densidade conveniente do coberto com ajuda das árvores dos andares inferiores, em que sua presença encontra-se correlacionada com o enriquecimento do solo e com a adequada desrama natural dos itens selecionados, juntamente com a possibilidade de se explorar horizontes diferentes do solo. Além disto, procura-se obter lucros mais elevados com o material extraído dos cortes culturais, bem como encurtar o tempo de explorabilidade das árvores do povoamento. Nos trabalhos daFORESTRY COMMISSION, distingue-se dois graus de desbastes pelo alto: desbaste pelo alto leve desbaste pelo alto forte 4.3.3.3 - Desbaste seletivo Este método, foi desenvolvido por BORGGREVE (1891), difere radicalmente dos princípios dos métodos anteriormente expostos. Enquanto ao métodos sempre poupam as melhores dominantes, o método seletivo, remove os indivíduos dos andares superiores, em favor das árvores de menor dimensão e com copas localizadas a níveis mais baixos do coberto. Trata-se de um processo nitidamente aposto ao desenvolvimento natural do povoamento. Enquanto naqueles, o técnico controla, o fenômeno da competição em favor das árvores de maiores dimensões, no desbaste seletivo ele remove justamente as árvores maiores, determinando uma acumulação do crescimento em árvores dos andares inferiores. Um dos argumentos contrário a este método, é o seu desajustamento com o curso natural do desenvolvimento dos povoamentos. Entretanto, há determinadas condições que o justificam, pelo menos temporariamente. Desenvolve-se por vezes, um andar dominante, constituído por árvores mal conformadas no tronco e/ou copa, que se fosse mantidos poderiam afetar a qualidade do lenho futuramente produzido, e consequentemente a própria eficiência do povoamento. As árvores com ramos grossos e de demasiada expansão , produzem normalmente lenho de inferior qualidade, paralelamente não podem justificar o espaço vital que ocupam o que significa de fato uma quebra da eficiência do povoamento. 34 A ser assim, poderá ser conveniente seu abate, facultando a possibilidade de produção para ao andares inferiores que sejam compostos por itens bem conformados em relação ao tronco e a copa. Circunstâncias desta natureza, ocorrem com certa freqüência em povoamentos de espécies tolerantes, onde a princípio é possível assentar este método de desbaste, mesmo em fases adiantadas de seu ciclo de vida. Já em povoamentos intolerantes, os resultados pretendidos, só poderão ser alcançados, quando as árvores a permanecer, ainda mantenham vitalidade suficiente e capacidade de resposta ao desafogo. 4.3.3.4 - Desbaste sistemático Neste método de desbaste, não se segue uma orientação com a intenção de selecionar determinadas árvores ou classes de árvores. Os indivíduos, são removidos de forma sistemática, seguindo um critério pré-fixado. Deste modo, as diversas classes de diâmetros são afetadas proporcionalmente, segundo as freqüências de cada classe. A relação Vd/Vad é sempre igual a unidade. Devido a época que é feito estes desbastes, e consequentemente ao pequeno diâmetro dos indivíduos por eles obtidos, dificilmente se encontra, possibilidade de venda deste material, de forma que a maioria dos casos, este desbaste precisa ser computado como custo adicional da empresa. É certo que ao longo da vida de um povoamento, há normalmente motivos que justificam a adoção de distintas modalidades de desbastes, não sendo correto se efetuar um só tipo de desbaste durante toda a vida do maciço. Este tipo de desbaste, pode ser feito de duas maneiras: em espaçamento: corta-se árvores de espaço em espaço, dentro de uma mesma linha. em fila: remove-se uma linha, e deixa-se outra ou outras sem remover. Esta última modalidade, tem o inconveniente de acarretar, pelo menos temporariamente, condições irregulares para o desenvolvimento das copas, e sistema radicular, estimulando expansões desequilibradas. 4.3.4 - Efeito dos desbastes sobre o desenvolvimento das árvores e do povoamento O objetivo principal de se fazer um desbaste, é propiciar um desafogo dentro do povoamento. Pondo assim, a disposição das árvores que ficam, as potencialidades de crescimento, que seriam destinadas as árvores retiradas, ou seja: um maior espaço aéreo para o desenvolvimento das copas, e 35 consequentemente maior superfície de produção fotossintética; e também uma maior superfície de área, que aumenta consideravelmente a disponibilidade de nutrientes e água. Conclusões básicas a respeito dos desbastes: Para ALVES (1982), os desbastes mais intensos, traduzem-se em um maior volume retirado antecipadamente, e por conseqüência indivíduos de maior porte no corte final. Já os desbastes menos intensos, traduzem-se em um menor volume antecipado, e volume relativamente mais elevado no corte final, oriundos de indivíduos de menores dimensões. Esta conseqüência, por si só justifica a importância dos desbastes como técnica cultural, e como elemento influenciador da economia da empresa. Segundo JOHNSTON et al, citado por ALVES (1982), verificou-se que o volume por hectare, tende a variar pouco para relativamente moderadas intensidades de desbastes, enquanto o volume individual, para as mesmas intensidades moderadas, varia de modo acentuado, crescendo rapidamente. Para as maiores intensidades de desbastes, o volume individual tende a manter-se constante, enquanto o espaço aberto e a diminuição de competição, não vão favorecer mais o crescimento individual, enquanto o volume por hectare, tende a diminuir rapidamente, na medida em que se reduz fortemente o número de pés por hectare. Efeito sobre a área basal: A área basal individual, é variável com a intensidade de desbaste, e esta variação também está correlacionada com a da área da superfície da copa. Embora o acréscimo da superfície total da copa tende a ser proporcionalmente menor. Efeito dos desbastes sobre o fator forma: Para ALVES (1982), quanto mais intenso é o desbaste, mais rapidamente afinam-se os troncos, seguindo estas considerações: - Se as árvores estão protegidas do vento, não sofrendo oscilações pronunciadas, a parte do tronco contida dentro da copa, será de forma cônica, enquanto a parte abaixo dos primeiros ramos tende a ser aproximadamente cilíndrica; portanto, maiores afastamentos, formam copas mais profundas, e maior afinamento. - Sob ação do vento, esta tendência, acentua-se, passando a forma geral cônica, e tem por base o nível do tronco por onde a árvore oscila, daí que o desbaste contribua, pela maior exposição das árvores para o afinamento. Riscos do povoamento: Para Burger (1976), o desbaste pode aumentar ou diminuir os riscos de um povoamento. 36 - Risco de vento: os danos causados pelo vento, chegam a ser relevantes, somente quando o povoamento estiver numa faixa da altura dominante de + ou - 12 metros. Mediante desbaste cedo e pesado pode-se conseguir que as árvores remanescentes formem copas e raízes que possam melhor resistir ao vento. Porém desbastes atrasados, podem aumentar sensivelmente o risco. Pois em um povoamento com altura acima de 12 m, que não foi suficientemente desbastado, as árvores não poderiam formar raízes e copas resistentes. Ao se efetuar um desbaste pesado em um povoamento, estaria se expondo as árvores ao vento, sem prepará-las para tanto. - Risco de incêndio: o desbaste, juntamente com a poda, aumenta temporariamente a qualidade de material inflamável, porém o risco de incêndio diminui, pois devido ao desbaste principalmente das árvores dominadas, a quantidade de material inflamável entre chão e copa diminui e, portanto é mais difícil um fogo de chão se propagar até a copa. - Risco de pragas: em povoamentos não desbastados, a quantidade de árvores fracas é maior, portanto, aumenta o risco de pragas. Porém imediatamente depois do desbaste, a alta quantidade de material no chão, também favorece a propagação de certas pragas. Em determinadas regiões, o material desbastado permanecendo no povoamento, deve ser envenenado nas épocas mais favoráveis as pragas. 4.3.5 - Intensidade de desbaste e critérios para a condução dos desbastes. Para SCHENEIDER (1976), além da quantidade cortada num desbaste, deve-se considerar os intervalos de cada intervenção no povoamento. Alguns índices, podem ser utilizados para orientar a intensidade de desbastes: O fator de espaçamento de HART-BECKING; refere-se a relação distância média entre árvores/altura dominante, ou seja, o número de árvores mantidas é determinado em função da altura dominante atingida pelo povoamento. Este índice deve ser estudado para cada espécie em particular, e é expresso em termos percentuais. Índice de ASSMANN; Caracteriza-se pela área basal a ser mantida num povoamento. Pode ser uma determinada percentagem da área basal máxima numa área não desbastada. Sua aplicação é feita com auxílio de tabelas. Índice de REINEKE; O número de árvores a ser mantido é determinado em função do diâmetro médio atingido pelo povoamento. 37 Fator de competição de copas (FCC) de KRAJICEK; Baseia-se na concepção teórica, de que a competição entre árvores, de um povoamento ao nível das copas, se inicia quando todo o espaço a esse nível fica ocupado, e a copa de cada árvore que forma o povoamento possui uma área igual a área da copa de árvores com o mesmo DAP, desenvolvidos em espaço aberto, e portanto, deve procurar-se um índice que permita interpretar o grau de competição, ou densidade ótimas fixados entre o espaço de crescimento que uma árvore pode utilizar, e o espaço de crescimento mínimo necessário para que essa árvore possa desenvolver-se com outras (ALVES, 1982). Para SCHNEIDER (1976), o regime de desbaste é intenso, quando os cortes são fortes, e a periodicidade é curta, e é pouco intenso quando os desbastes são fracos e muito espaçados. O primeiro desbaste, deve ser estudado considerando: a espécie, o local, o tipo de silvicultura adotado, e com as decisões tomadas desde as regenerações ou instalações artificiais. Para as coníferas (principalmente Pinus), o primeiro desbaste pode ser adiado até a fase de desenvolvimento e que convém desafogar as árvores e selecionar para que as sua copas, sujeitas até então a uma desrama, mais intensa ou menos intensa conforme a espécie, não sofram reduções demasiadas na respectiva profundidade. Conforme ensaios anteriores, não convém deixar baixar a altura da copa viva para valores inferiores a 40% da altura total do tronco. O desbaste determina aberturas no coberto, de dimensões variáveis, podendo as copas desenvolverem-se para os espaços livres, e ser um ponto de referência que indicará o novo corte cultural. Este novo corte deverá ser efetuado depois de fechadas as aberturas menores e antes da total ocupação dos espaços maiores, provocados pelo desbaste anterior. Aconselha-se fazer nova intervenção, depois que as árvores tiverem retomado uma certa competição, que resultará num auxílio a desrama natural. A análise da área basal do povoamento por hectare, é uma variável de grande importância para o controle da densidade. Na prática, a época de cada corte cultural é determinada com base na observação das copas e não em medições feitas com o objetivo de se saber se o limite superior da área basal foi alcançado. A duração do período de tempo entre dois desbastes, é governado pelo nível que o primeiro desbaste reduziu a densidade do povoamento. Cada desbaste, deverá ser suficientemente forte, para que a área basal se mantenha em um nível mais ou menos constante. Em síntese, a intensidade dos desbastes é governada pelas respostas aos efeitos ecológicos, pelas regras da economia, e pelo objetivo do produto final (peças de grande dimensões ou pequenas). 4.3.6 - Vantagens e desvantagens dos desbastes: 38 Vantagens: - Produção de matéria-prima intermediária, podendo esta ser desvantajosa, quando não houver mercado. - Permite obter dois tipos de produto: para celulose e para serraria. - Os desbastes provocam um maior incremento nas árvores remanescentes. - Elimina-se as árvores doentes ou estressadas, evitando-se assim focos de doenças ou pragas. - Propícia um produto final de grandes dimensões. - Provocam o aparecimento de sub-bosque. Desvantagens: - Risco do material fino se tornar inaproveitável. - Custo elevado na exploração. - Dependência de mercado para o material explorado. - Quando mal conduzidos, conforme citado anteriormente o povoamento estará exposto a alguns riscos: ventos, incêndios, pragas, etc. 39 UNIDADE 5- SISTEMAS SILVICULTURAS 5.1 - SISTEMA DE TALHADIA 5.2 - SITEMA ALTO FUSTE 5.3 - SISTEMA ESPECIAL UNIDADE 5 - SISTEMAS SILVICULTURAIS Um sistema silvicultural, abrange todas às operações culturais que são aplicadas a uma floresta no decorrer de sua vida. Estas operações têm por objetivo o sucesso na regeneração das espécies desejadas, o tratamento adequado das árvores, cuidados com a conservação e nutrição dos solos. Desta forma, um sistema silvicultural está correlacionado com às espécies, com o meio físico, e com os objetivos do manejo florestal. Numerosos sistemas silviculturais têm sido desenvolvidos para atender a propósitos particulares e alguns deles, aplicados nos trópicos, são similares a outros usados em florestas temperadas. Para TROUP (1952), sistema silvicultural é o processo pelo qual se atende, extrai e substitui a produção de um povoamento por novos cultivos. Os sistemas silviculturais nos trópicos, podem ser agrupados em três categorias: Talhadia, alto fruste e especiais. 5.1. - SISTEMA DE TALHADIA 5.1.1. - Talhadia simples: No sistema de talhadia, à regeneração dos povoamentos é assegurada pela brotação dos tocos. Á exploração é feita em corte raso, e os brotos se desenvolvem sobre tocos, que só à parte viva que resta no solo após o corte das árvores. Se os brotos forem muito numerosos, haverá necessidade de desbastá-los, reduzindo-os a dois ou três por toco. Estes serão deixados para crescer até o fim da rotação, quando novo corte raso terá lugar. Os povoamentos serão uniformes. Este sistema é conhecido por talhadia simples regular ou apenas Talhadia simples. É muito empregado para a produção de pequenas peças de madeira destinadas a moirões de cercas, fabricação de carvão, pasta de celulose, combustível, etc. A rotação é curta, talvez 10 anos em regiões tropicais, sendo o gênero Eucalyptus o mais cultivado no Brasil, segundo esse sistema. 40 Os tocos devem ser cortados de modo a deixar à superfície lisa, evitando depressões na parte central a fim de reduzir os riscos de apodrecimento da madeira naquela região. Alguns tocos morrem e devem ser repostos por qualquer forma de regeneração natural ou artificial. 5.1.1.1 - Particularidades do método: a)Vigor das árvores; o vigor de formação de brotos a partir do toco é proporcional ao vigor da árvore mãe. O período de formação de brotos mais favorável, costuma coincidir com o período de maior crescimento da árvore, e termina antes que estas se tornem boas produtores de sementes. O corte da árvore na época de maior crescimento, entretanto, pode diminuir a efetividade do produto. b)Estação do ano em que se corta; recomenda-se realizar esta operação no fim da estação de inverno, porque às plantas estão inativas, mas a ponto de reiniciar as atividades, de maneira que seu metabolismo não sofre nenhum “choque” forte e ao mesmo tempo são reduzidos os perigos de dessecação, doenças, etc. c)Estrutura e o caráter do toco; os cortes do todo devem ser: - baixo: para possibilitar o rápido desenvolvimento do sistema radicular do broto e obter volume da árvore que retiramos. - inclinado: para evitar acumulação da água na ferida, o que ocasionaria doenças. - liso: para facilitar a rápida cicatrização. 5.1.1.2 - Vantagens e desvantagens: a) Vantagens: - Simples e econômico (às vezes) - Os ganhos são relativamente elevados devida ao baixo custo do manejo e à pequena inversão de capital. Este aspecto esta condicionado à existência de um mercado consumidor garantido. - Propicia um grande rendimento por ha, pois se trabalha com uma massa florestal