Prévia do material em texto
1 Agravos e Imunidade em Saúde Animal – Prof. Valéria | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 6 de novembro de 2020 Série bioquímica para identificação de Enterobacteriaceae Principais gêneros da família Enterobacteriaceas: Série Bioquímica Os tubos usados estão com meios de cultura específicos para a identificação da bactéria analisada. Indicador de pH → presente para identificar reações químicas. pH (Potencial Hidrogeniônico) Água � poder de dissociação H20 � H+ + OH- Se uma solução apresentar uma variação de H+ ou OH-, um em relação ao outro dizemos que a solução está: Ácida: H+ > OH- Básica ou Alcalina H+ < OH- Autodissociação da água H2O H+ + OH- Kw = constante do produto iônico que traz embutida em si o valor da concentração molar da água. A 25° C = [H+] = 10-⁷ M [OH-] = 10-⁷ M Assim: Kw= [H+] [OH-] Kw= (10-⁷M) x (10-⁷M) Kw= 10-ⁱ⁴M Para evitar o uso de expoentes negativos usamos os valores de pH (escala de 0 – 14), sendo: pH = 7 (solução neutra) pH < 7 (solução ácida) pH > 7 (solução básica) O pH ou potencial hidrogeniônico é o resultado de uma expressão logarítmica que indica o pH sem fator exponencial. Por exemplo, numa solução neutra: pH = -log10 [H+] -pH = log10 [10-7] logba = c e bc = a, temos que: log10[10-7] = -pH 10-pH = 10-7 pH = 7 Podemos então entender que: Solução ácida � [H+] > [OH-] , ou seja, pH < 7 Solução neutra � [H+] = [OH-] , ou seja, pH = 7 Solução alcalina ou básica � [H+] < [OH-] , ou seja, pH > 7 Solução tampão Indicador de pH 1º tubo Teste de fermentação de carboidratos e produção de H₂S (ácido sulfídrico) – meio três açucares e Ferro (TSI) (tubo 4) Meio de cultura Açucares → glicose, lactose ou sacarose H₂S → aminoácidos que contêm enxofre (enzima dessulfurase – presente em bactérias negativas) Diferencia membros positivos de negativos da família enterobacteriaceae 2 Agravos e Imunidade em Saúde Animal – Prof. Valéria | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno Técnica Inocular o material a ser analisado com auxílio de uma agulha estéril de maneira perpendicular, da superfície até o fundo do tubo contendo o meio de cultura. Após inoculação, incubar o material a 35ºC por 14- 48h Interpretação: Presença de cor negra: hidrólise da cisteína pela dessulfurase (bactérias negativas) Base do tubo amarela e o ápice vermelho: bactéria capaz de fermentar apenas a glicose, com produção de CO₂ Resultado: Salmonella Base e ápice do tubo amarelos: bactéria capaz de fermentar dois ou mais açucares. Produção de CO₂. Resultado: E. coli Reações ápice/base Vermelho/amarelo = fermentação da glicose (lactose e sacarose negativos) Amarelo/amarelo = fermentação da glicose + lactose e/ou sacarose (2 ou 3 açucares) Presença da gás (CO₂) = bolhas ou meio fragmentado H₂S positivo = cor negra na base Série bioquímica: TSI 2º Tubo Teste do citrato: (tubo 1) Princípio: determinar se um microrganismo é capaz de utilizar o citrato como única fonte de carbono para seu crescimento com consequente alcalinização do meio de cultura Um micro-organismo que é capaz de utilizar o citrato como uma única fonte de carbono utiliza também sais de amônia como sua única fonte de nitrogênio. Os sais de amônia são desdobrados em amoníaco com consequente alcalinização do meio reacional. Técnica Inocular uma alçada de cultura de bactéria-teste contida em caldo triptona soja ou caldo nutriente em superfície de ágar inclinado de citrato Simmons. Incubar a 35-37ºC por 24 horas ou mais tempo, se necessário. Interpretação Indicador de pH azul de bromotimol presente no meio de cultura Resultados Positivo → azul → meio alcalino (Salmonella) Negativo → verde → meio neutro sem crescimento (E. coli) Série bioquímica: Citrato Simmons Verifica a capacidade da bactéria de utilizar o citrato de sódio como única fonte de carbono, juntamente com sais de amônia como fonte de nitrogênio No caso de reação positiva, haverá alteração do pH, que se torna alcalino e provoca a viragem do indicador de pH (azul de bromotimol) para azul 3 Agravos e Imunidade em Saúde Animal – Prof. Valéria | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 6 de novembro de 2020 3º Tubo Teste de uréase: (tubo 3) Determinar se um microrganismo é capaz de hidrolisar ureia e duas moléculas de amônia (NH₃) por ação da enzima uréase Este teste é útil na distinção entre patógenos do gênero Proteus e outras bactérias entéricas Utilizam-se meio ou caldo de ureia contendo extrato de levedura, ureia e o indicador de pH vermelho de fenol, alça ou agulha de platina Técnica Inocular o material a ser testado no meio teste com auxílio de uma agulha ou alça estéril. Incuba a 35ºC para posterior análise da mudança de cor Interpretação Positivo → produto alcalino, cor rosa. Proteus Negativo → Nenhuma mudança de cor, ou levemente alaranjada Série bioquímica: ureia Determina a habilidade do microrganismo de degradar a ureia em duas moléculas de amônia pela ação da enzima uréase Em caso de reação positiva, irá ocorrer alcalinização intensa do meio, tornando-o rosa pink 4º tubo Teste da fenilalanina-desaminase (tubo 21) Determinar a capacidade de um microrganismo de desaminar a fenilalanina em ácido pirúvico, por sua atividade enzimática, com consequente acidez. Técnica A inoculação da bactéria-teste deve seguir as normas de semeadura em meio de cultura em ágar inclinado. Incubar a 35-37ºC por 18 a 24h Interpretação No momento da leitura, adicionar 5 gotas de cloreto férrico a 10%. Rodar suavemente o tubo entre as mãos. Positivo → Verde → houve desaminação Negativo → Amarelo → não houve desaminação Série bioquímica: fenilalanina Algumas bactérias têm a capacidade de realizarem a desaminação oxidativa da fenilalanina desaminase. Como produto, formará o ácido fenilpirúvico, que, por ser ácido, irá acidificar o meio. Para a leitura da prova, é necessário a utilização de cloreto férrico a 10%, que irá revelar o resultado do teste. Teste da fenilalanina após a adição do doreto férrico. A reação é praticamente imediata e irá apresentar a cor ver quando for positiva. 5º tubo Teste de motilidade (tubo 16) 4 Agravos e Imunidade em Saúde Animal – Prof. Valéria | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno Determinar se o microrganismo é ou não móvel. A bactéria é móvel através dos seus flagelos que ocorrem nos bacilos gram-negativos. Sendo que poucos cocos são móveis. Técnica Inocular o material a ser testado no meio teste com auxílio de uma agulha estéril. Incubar a 35ºC por 24h para posterior análise da mudança de aspecto. Interpretação A motilidade do organismo é evidente com a formação de uma névoa de crescimento que se estende sobre o ágar, a partir da linha da picada. Positivo → presença de névoa Negativo → sem presença de névoa 6º tubo Teste de produção de indol: (tubo 36) Determinar a habilidade de um determinado microrganismo em produzir o indol a partir da molécula de triptofano. Enzimas triptofanases. Técnica Inocular uma alçada de cultura de bactéria-teste contida em caldo triptona soja ou caldo nutriente em caldo triptona 1%. Incubar a 35-37ºC por 24h. Interpretação No momento da leitura, adicionar 5 goras de reativo de Kovacs. Positivo → formação de composto de coloração vermelha, evidenciado pela formação de um anel na camada alcoólica superficial do meio Negativo → o meio fica amarelo, que é a cor do reativo de Kovacs Série bioquímica: meio SIM Ágar SIM (Sulfato/Indol/Motilidade Agar) Determina a habilidade do microrganismo de metabolizar o triptofano em indol. Triptofano é um aminoácido que pode ser degradado por certasbactérias resultando na produção de indol, que é evidenciado após a adição do reagente de Kovacs. Com a picada em linha reta, é possível avaliar se a bactéria inoculada é imóvel ou não. Teste do indol após a adiçaõ do reativo de Kovacs Teste da motilidade. O tubo à esquerda é positivo 7º Tubo Teste de vermelho de metila (VM): (tubo 19) Testar a habilidade de um microrganismo em produzir ácido orgânicos relativamente estáveis, a partir da fermentação da glicose, de modo a suplantar a capacidade tampão existente no meio de cultura. E. coli realiza esta fermentação Técnica Inocular uma alçada de cultura contida em caldo triptona soja ou em caldo nutriente em tubo contendo 3,5mL de meio VM-VP e incubar a 35-37ºC por 2 a 5 dias. Interpretação No momento da leitura, retirar 2,5mL do meio e acrescentar cinco gotas de uma solução hidroalcóolica de vermelho de metila. O vermelho de merila é um indicador que já é ácido e indicará os graus de acidez por alterações de cor de uma escala de pH de 4,4 a 6,0. Em pH 4,4 o indicador ficará vermelho Com a diminuição da acidez (pH =6,0), o indicador passará para a cor amarela Resultados Positivo → Vermelho → pH 4,5 Negativo → Amarelo → pH 6,0 5 Agravos e Imunidade em Saúde Animal – Prof. Valéria | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno 6 de novembro de 2020 Os microrganismos VM (+) fermentam a glicose produzindo ácidos e originando um pH final muito baixo, vencendo o sistema tampão de fosfato e mantendo o ácido (Escherichia coli) Os microrganismo VM (-) produzem ácidos, porém o pH é mais elevado (pH = 6,0) porque eles continuam metabolizando os produtos iniciais da fermentação, produzindo acetoína 8º Tubo Teste de Voges-Proskauer (VP): (tubo 19) Determinar a habilidade de um certo microrganismo em produzir um composto neutro, o acetilmetilcarbinol (acetoína), a partir da fermentação da glicose. Os principais gêneros que realizam esta fermentação são Enterobacter e Aeromonas Técnica Inocular uma alçada de cultura contida em caldo triptona soja ou em caldo nutriente em tubo contendo 3,5mL de meio VM-VP e incubar a 35-37ºC por 2 a 5 dias. Interpretação No momento d aleitura, retirar 1,0 mL do meio VM- VP e adicionar os seguintes reativos de Barrit, nesta ordem: 1) 0,6 mL de solução de alfa-naftol a 5% 2) 0,2 mL de solução de KOH a 40% 3) Agitar o tubo suavemente para oxigenar o meio, a fim de oxidar a acetoína e obter uma reação de cor 4) Deixar o tubo em repouso por aproximadamente 15 minutos antes de iniciar a interpretação Resultado Positivo → Rosa a vermelho – Enterobacter e Aeromonas Negativo → Cobre 9º Tubo Teste da lisina-descarboxilase: (tubo 22) Determinar a habilidade enzimática de um determinado microrganismo em descarboxilar o aminoácido lisina, com a consequente alcalinização do meio de cultivo, pela formação da enzima correspondente. Enzima → descarboxilase Técnica Inocular o material a ser testado no meio teste com auxílio de uma agulha estéril. Incubar a 35ºC por 24h para posterior análise da mudança de cor. Interpretação Indicador: púrpura de bromocresol Positivo → Meio púrpura e turvo (crescimento bacteriano) Negativo → Meio torna-se ácido, amarelo e turvo Série bioquímica: lisina descarboxilase Ágar lisina Crescimento bacteriano → há a fermentação de glicose com produção de ácido → acidifica o meio → o indicador de pH vira, fazendo o meio mudar de púrpura para amarelo. Se a bactéria possuir a enzima lisina descarboxilase: há a liberação de CO₂ e descarboxilação da lisina com produção de cadaverina (composto alcalino) → neutraliza os ácidos produzidos na fermentação da glicose → alcaliniza o meio → viragem do indicador de pH novamente: o meio muda de amarelo e volta a ser púrpura (reação positiva) Teste da lisina descarboxilase: o tubo amarelo (à direita) apresenta reação negativa 6 Agravos e Imunidade em Saúde Animal – Prof. Valéria | Medicina Veterinária 2020 | Natália Ramos Bueno