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7
 A Arte reflete a vida
A presença da arte em nossa vida apre-
senta-se como algo fundamental e constante, 
mas também como algo cujos contornos são 
pouco claros.
Onde está a arte? Somente nos “espaços 
oficiais” da arte, tais como museus, teatros, 
cinemas, livrarias? Ou estará também no quin-
tal da casa, com os personagens criados pela 
criança em sua brincadeira de faz de conta ou 
então no quarto da adolescente apaixonada, em 
suas tentativas de poetizar seus sentimentos? 
Será que podemos considerar arte os quadros 
do senhor idoso que foram realizados em um 
curso de pintura?
O Dicionário Aurélio define arte (1999, p. 
204) como “capacidade que tem o ser humano 
de pôr em prática uma ideia, valendo-se da fa-
culdade de dominar a matéria”. Portanto, seja de 
forma espontânea, como tentativa, aprendizado 
ou ofício, a arte se faz através da matéria.
A possibilidade de fazer arte com diferen-
tes formas de matéria é o que determinou, ao 
longo da história, o surgimento de sete artes, 
na definição de Riccioto Canudo (2009), são 
elas: música (arte dos sons); dança (arte do 
movimento); pintura (arte da cor); escultura (arte 
dos volumes); teatro (arte da representação); 
literatura (arte da palavra); cinema (arte do som 
e imagem em movimento).
O mesmo dicionário traz uma definição 
complementar: arte (1999, p. 204) é uma “ati-
vidade que supõe a criação de sensações ou de 
estados de espírito de caráter estético, carre-
gados de vivência pessoal e profunda, podendo 
suscitar em outrem o desejo de prolongamento 
ou renovação”.
Destacamos dois elementos importantes 
contidos nessa citação: primeiro que a ativi-
dade artística carrega a “vivência pessoal” de 
quem a realiza (sua história, suas ideias e seus 
sentimentos) e, por outro lado, essa atividade 
pode encontrar, em um espectador, o “desejo 
de prolongamento”, ou seja, identificação com a 
história, com as ideias ou com os sentimentos 
do artista. Então, podemos dizer que a arte ex-
pressa a vivência pessoal de alguém através de 
uma matéria (som, imagem, cor etc.) que pode 
encontrar identificação com outro sujeito.
Conhecer a história da arte é ter a opor-
tunidade de entrar em contato com um dos 
aspectos mais ricos da produção humana. Por 
meio das experiências que o artista procura 
exibir em suas obras, podemos imaginar toda a 
sua vida. Através dos materiais que ele utiliza 
é possível viajar em sua trajetória e, assim, 
finalmente deixar-se levar pelo encantamento e 
pelas emoções despertadas por meio de uma 
obra de arte. É assim que somos tocados por 
manifestações artísticas em qualquer lugar e a 
qualquer hora.
A obra de arte é 
“filha do seu tempo”
Iniciamos agora uma jornada pelo mundo da 
arte que irá começar com obras de arte produzi-
das há aproximadamente 15 000 anos. E, para 
que possamos reconhecer a vivência pessoal de 
artistas tão longínquos no tempo, vale a pena 
refletir sobre a seguinte afirmação do pintor rus-
so Wassily Kandinsky (1866-1944): “A obra de 
arte é filha do seu tempo. Cada período produz 
uma arte própria, que não pode ser repetida” 
(KANDINSKY, 2009).
Ao ver alguns artefatos produzidos pelo 
homem, em épocas remotas, é inevitável per-
ceber que os objetos não são criados apenas 
para uma utilidade, mas também para expres-
sar sentimentos diante da vida. O inglês John 
Ruskin (1819-1900), crítico de arte, dizia que 
as grandes nações constroem suas histórias 
em três volumes: o livro das suas ações, o livro 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
8
das suas palavras e o livro da sua arte. Segun-
do ele, “nenhum desses três livros pode ser 
compreendido sem que se tenha lido os outros 
dois, mas de todos, o único que se pode confiar 
é o último” (RUSKIN, apud PROENÇA, 2007, p. 
6). Assim, podemos considerar que por ser uma 
expressão verdadeira, a arte pode também ser 
considerada uma das mais confiáveis fontes de 
conhecimento da história da humanidade.
Cada momento da história produz uma 
arte que lhe é propícia. Isso implica também 
na observação de alguns outros fatores, como 
localização geográfica, capacidade tecnológica, 
poder econômico, sistema político e sistema 
religioso. Essas são informações que podem 
esclarecer aspectos da vivência pessoal dos 
artistas e que também operam sobre a forma 
final das obras de arte.
Para observar isso, tomemos imagens de 
três obras de arte que possuem um aspecto 
fundamental em comum: as três representam o 
modelo de beleza feminina de suas respectivas 
épocas. Percebam como as diferenças entre elas 
revelam o contexto em que foram criadas e nos 
aproximam de seus criadores.
Vênus de Laussel, de 15000 a 10000 a.C. Sul da França.
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Na pré-história, época em que foi realizado 
esse relevo rupestre, o homem dependia da caça 
dos grandes animais para sobreviver. Portanto, 
torna-se fundamental a ideia de magia da ferti-
lidade reforçando o conceito de beleza feminina 
associado à fertilidade. As Vênus pré-históricas 
não tinham a intenção de ser um retrato realista 
de uma mulher da época, mas uma idealização 
da figura feminina. Podemos ver na figura ante-
rior que os seios, quadris e barriga são volumo-
sos tendo uma relação direta com o conceito de 
fertilidade, enquanto que cabeça e membros são 
pouco detalhados. Assim, uma bela mulher era 
uma boa nutriz, aqui representada pelos quadris 
largos e seios caídos.
Nascimento de Vênus, 1482. Sandro Botticelli.
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o.
O Renascimento italiano viu o resgate da 
mitologia greco-romana como uma forma de res-
tituir o poder ao ser humano depois de séculos 
de supremacia da Igreja Católica durante a Idade 
Média. Nessa tela de Botticelli, Vênus, a deusa 
do amor, tem o modelo da beleza feminina, 
delicada e de origem europeia.
Cena do filme Final Fantasy, 2001.
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O filme Final Fantasy, produzido com tec-
nologia de animação computadorizada, teve 
como sua protagonista uma perfeita “Vênus da 
era digital-globalizada” com feições ocidentais e 
traços orientais, além de uma beleza adequada 
ao ambiente tecnológico-espacial, que é a nova 
fronteira da sociedade atual.
Essas três obras aliam o modelo de beleza 
feminina com as últimas inovações técnicas de 
suas respectivas épocas. A peculiaridade de 
cada uma delas é o fato de terem desafiado seu 
tempo e ampliado as fontes de conhecimento 
de suas épocas justamente por serem produto 
das sociedades em que foram criadas. Por meio 
dessas obras de arte, historiadores podem re-
compor a organização social de diferentes grupos 
humanos em diferentes épocas. Isso significa 
que além de funções expressivas, mágicas ou 
tecnológicas, a arte serve também como registro 
histórico da passagem do homem pela Terra.
Assim, uma obra de arte não deve ser 
analisada como se fosse um fato extraordinário 
dentro de certa cultura, mas deve simplesmente 
ser considerada como o resultado de vivências 
integradas à cultura e aos anseios de um povo, 
como testemunho histórico onde o artista sugere 
suas impressões e sensações.
É nessa perspectiva, da observação de 
obras de arte em relação ao contexto em que 
apareceram, que vamos iniciar nosso breve 
relato da história da arte ocidental.
O nascimento da arte
As primeiras manifestações artísticas do 
homem que chegaram até nós remontam à Era 
Paleolítica1. São as pinturas parietais, feitas 
sobre as paredes das cavernas, consideradas 
como obras de grande expressividade que re-
tratam aquilo que era o interesse central para o 
caçador da pedra lascada: sua presa principal, 
o animal de caça, ou seja, sua fonte de sobre-
vivência.
1 Período Paleolítico Superior, também conhecido como período 
da “pedra lascada”, entre 40 mil e 10 mil a.C.
Sala dos Touros, caverna de Lascaux, França.
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As principais cavernas onde essas obras 
de arte foram encontradas situam-se na região 
que compreende o norte da Espanha e o sul da 
França, também conhecida como região Franco-
-Cantábrica. Os dois conjuntos de obras mais 
ricos localizam-se nas cavernas de Altamira 
(Espanha) e Lascaux (França).
O homem aplicava as tintas com as mãos, 
espátulas, bastonetes ou pincéis rudimentares. 
Em alguns casos, empregava a técnica de pisto-
lar, isto é, enchia a boca de tinta e soprava por 
um canudo ou osso. Numerosas silhuetas de 
mãos espalmadas (em negativo) encontradas 
nas cavernas foram feitas com essa técnica.
Silhuetas de Mãos e Cavalos, caverna de Peach-Merle, 
França.
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As tintas das pinturas eram conseguidas 
com materiais minerais – terra, carvão vegetal, os-
sos queimados e óxido de ferro – misturadas com 
gorduras de animais, argilas coloridas, sangue 
de animais e excrementos de aves. As cores eram 
basicamente o preto, o ocre e o vermelho.
Quando as primeiras pinturas parietais ou 
rupestres foram descobertas, os arqueólogos 
recusaram-se a considerar que desenhos tão 
animados pudessem ter sido realizados por 
homens primitivos e sem nenhum recurso téc-
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10
nico. Aos poucos, porém, foram encontrados 
utensílios usados para reproduzir os desenhos 
da época, o que tornou evidente o fato de que 
apenas caçadores que observavam atentamente 
os animais teriam a capacidade de retratá-los 
tão bem.
O homem nessa época vivia uma luta 
diária pela sobrevivência, castigado pelo frio, 
pela busca incessante por alimento e pelas 
condições precárias de vida. Então, como justi-
ficar um ato “ocioso”, como esse, de produzir 
desenhos? A explicação é interessante: a arte 
nasceu também como um ato de sobrevivência. 
Os desenhos eram realizados nos chamados 
rituais propiciatórios e o artista era, em geral o 
xamã da tribo.
O xamã [...] não é o mesmo que curandeiro, feiti-
ceiro ou mágico, encontráveis em todos os grupos 
primitivos até os tempos de hoje. [...] é um homem 
que combina funções e habilidades que no mundo 
contemporâneo se divorciaram umas das outras: 
é simultaneamente sacerdote, médico e artista. 
( LOMMEL, 1966, p. 19)
O xamã-artista pretendia, através do dese-
nho, dominar o animal que a tribo iria caçar no 
dia seguinte. Por isso muitos desenhos desses 
animais vinham acompanhados de flechas, 
armadilhas e dos negativos de mãos. Com o 
animal fixado no desenho, o caçador, por meio 
do ritual, enchia-se de confiança, força e objeti-
vidade para o momento imprevisível da caça.
Estamos falando de magia, e devemos es-
tar cientes de que naquela época “magia” não 
era uma mera superstição. Poderíamos mesmo 
dizer que “magia” era a “ciência” da época, 
pois reunia os conhecimentos acessíveis ao 
homem, o resumo de experiências coletivas e 
as interpretações de fenômenos naturais. Ela 
era o instrumento pelo qual o homem se rela-
cionava, interferia e até mesmo tentava dominar 
a natureza. Era o máximo do conhecimento do 
homem daquela época.
Homem Atacado por Bisonte Ferido, Lascaux.
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Motivo em Xadrez, Lascaux.
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A partir das pinturas dos grandes animais, o 
homem começou a representar acontecimentos 
(como uma caçada a um bisonte) e formas abs-
tratas independentes (o quadrado), apresenta-
das nas imagens anteriores. Esses são registros 
de como a arte, partindo de uma função mágica, 
abre para o pensamento humano a dimensão da 
narrativa (ilustração) e da abstração pura (cria-
ção de novas formas, fora da natureza).
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O homem pré-histórico não foi apenas pin-
tor. Foi também um escultor. Nesse período, 
fazia incisões em pedras, ossos ou chifres, es-
culpindo figuras femininas de formas exagerada-
mente volumosas, que estariam ligadas a rituais 
de fecundação. É o caso da famosa Vênus de 
Laussel, mostrada anteriormente, que represen-
ta, segundo Lommel (1966, p. 34), a “Senhora 
dos Animais”, um esboço do que viriam a ser as 
primeiras divindades criadas pelo homem.
A primeira 
grande revolução 
na vida do homem
O final da Era Paleolítica ocorreu por volta de 
10000 e 5000 a.C. com o início das tentativas 
bem-sucedidas de domesticar animais e cultivar 
cereais. A descoberta da agricultura foi a maior 
revolução na história do homem. Através dela, 
iniciou-se o processo de compreensão e domi-
nação das forças da natureza. Segundo Hauser 
(1998, p. 12):
Somente quando começou a cultivar plantas e a criar 
gado é que também passou a sentir que sua sorte 
era regida por poderes dotados de razão e com ca-
pacidade para determinar o destino humano. [...] os 
ritos religiosos e os atos de culto assumem agora o 
lugar da magia e da feitiçaria.
A atividade de plantio e colheita deu ao 
homem a noção de ordem do mundo. Ele com-
preendeu os ciclos da natureza, as estações do 
ano, a ordenação dos astros. E dessa observa-
ção nasceu a ideia de seres superiores respon-
sáveis por essa ordem. Com isso, a relação do 
homem com os mistérios do mundo começou a 
abandonar a dimensão da magia (da intervenção 
indireta sobre a realidade) e adentrou o campo 
da religião (do diálogo com “seres superiores”). 
É o início do período Neolítico, onde embora o ho-
mem ainda dependesse dos utensílios de pedra, 
suas habilidades e invenções o impulsionaram 
a outro estágio de vida.
Além disso, tendo sua sobrevivência ra-
zoavelmente assegurada pela perspectiva das 
colheitas e do abate dos animais mantidos em 
cativeiro (pecuária), o homem começou a conhe-
cer o verdadeiro ócio.
A arte deixou de registrar o olhar atento do 
caçador em relação à sua caça e passou a ser 
ilustrativa e decorativa. O homem retratava os 
seus semelhantes inseridos em suas atividades 
na agricultura, na pecuária, nas atividades do-
mésticas, na caça e na luta. Os rituais propicia-
tórios dos tempos da dependência total da caça 
foram abandonados, assim essa arte, realizada 
em partes mais acessíveis das cavernas, era 
feita para ser observada e compreendida.
A passagem do estado de caçador para a 
agricultura trouxe profundas transformações no 
modo do homem ver a si próprio e ao mundo. 
Isso teve reflexos diretos sobre a arte, como 
podemos ver nas ilustrações a seguir.
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Um Veado e Figuras, Casas Viejas, Espanha.
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Pastores e Gado, Tassili, Argélia.
(L
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p.
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)
Os principais sítios arqueológicos das pin-
turas neolíticas estão localizados na Espanha 
(o chamado Segundo Levante Espanhol) e na 
caverna de Tassili, em pleno Saara, e datam de 
6 000 a 4 500 a.C.
Nessa mesma época o homem descobriu 
a cerâmica, um elemento de grande utilidade 
para o armazenamento de água e grãos. Os po-
tes e vasos de cerâmica tornaram-se um meio 
ideal para realização de uma arte decorativa, 
puramente estética, um adorno. As formas 
geométricas ganharam espaço. Infelizmente, a 
maioria das peças do período Neolítico se per-
deu no tempo simplesmente porque os artistas 
da época trabalhavam em materiais altamente 
perecíveis como madeira, cerâmica e ossos. As 
exceções são as obras feitas em pedra, como 
as pequenas esculturas ou os incríveis monu-
mentos megalíticos.
As esculturas em pedra polida continuaram 
retratando mulheres com formas acentuadas, 
mas a ideia da fertilidade passou a estar ligada à 
fertilidade do solo. Uma divindade definida como 
a “Grande Mãe” ou “Mãe Terra” tomou força. 
O artista/caçador tentava interferir diretamente 
sobre a natureza através da magia. Já o agricul-
tor vislumbrava uma realidade suprassensorial, 
um “mundo dos deuses”, para o qual buscava 
acesso na ânsiade reverter a seu favor as forças 
que movem o mundo.
Os rituais buscavam o contato com esse 
mundo superior, misterioso. O ritmo, a dança 
e a incorporação do “espírito” das divindades, 
com o uso de máscaras, passam a ser usados 
como meios de atingir o transe, que, segundo 
a crença de várias religiões, permitia acesso às 
forças misteriosas. Vemos esboçadas as artes 
da música, da dança e do teatro.
Um esboço do que viria a ser a arquitetura 
também apareceu na esteira desses rituais 
religiosos primitivos. As primeiras construções 
mais arrojadas nasceram como locais ritualísti-
cos: são os monumentos megalíticos (mega = 
grande, lithus = pedra).
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Hagar Qim, Malta.
Carnac, França.
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Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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Stonehenge, Inglaterra.
O estilo megalítico tem como característica 
as construções com enormes pedras colocadas 
de pé para honrar os mortos e se relacionar 
com os astros, em um esboço do que viria a 
ser a astronomia. Os mais famosos desses 
monumentos são o Hagar Qim, na ilha de Malta 
no Mediterrâneo, o Carnac, na França, e o 
 Stonehenge, na Inglaterra. Os monumentos me-
galíticos têm em comum, de modo simplificado, 
dois elementos:
os • menires (grandes blocos de pedra 
colocados verticalmente) alinhados ou 
em crontíques (círculos);
dolmens • (duas pedras verticais susten-
tam uma pedra horizontal).
Os homens da Idade Média acreditavam que 
o misterioso arranjo de pedras de Stonehenge 
fosse uma obra de engenharia de uma raça 
de gigantes ou talvez uma feitiçaria do mago 
Merlin, entretanto, esses monumentos de ca-
racterísticas sobre-humanas apenas podem ser 
explicados a partir da fé, uma fé que literalmente 
movia montanhas.
Quanto mais desenvolvido o nível de cultura 
de uma civilização, maior é o grau de complexida-
de das relações sociais e artísticas de sua época 
e mais obscuro se torna para nós decifrar seus 
códigos. Sabemos muito pouco sobre nosso 
passado ancestral, mas se quisermos compre-
ender um pouco mais sobre nossas misteriosas 
origens é conveniente recordar a história da arte 
e os feitos dos artistas de cada época.
Para saber mais
Arte na Pré-História brasileira
(PROENÇA, 2007, p. 13-16)
O território brasileiro possui um valioso 
patrimônio arqueológico, embora nem sem-
pre saibamos preservá-lo. Em Minas Gerais, 
por exemplo, encontra-se o sítio arqueoló-
gico1 de Lapa da Cerca Grande, localizado 
no município de Matosinhos, a aproximada-
mente 50 quilômetros de Belo Horizonte. 
Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio 
Histórico e Artístico Nacional – Iphan, o que 
atesta sua importância e aumenta suas 
chances de preservação.
Nas pinturas do interior de grutas e 
abrigos da Lapa da Cerca Grande podem 
ser vistas figuras zoomórficas (representa-
ções de animais terrestres, peixes e aves), 
antropomórficas (imagens humanas) e geo-
métricas.
A cor predominante nas figuras de Lapa 
da Cerca Grande é a vermelha, mas observa-
-se também a amarela, a branca e a preta.
O patrimônio arqueológico brasileiro
Os sítios arqueológicos brasileiros são 
protegidos pela Lei n.o 3.924/61 e conside-
rados bens patrimoniais da União. Segundo 
sua importância científica ou ambiental, 
porém, podem ainda vir a ser tombados, o 
que reforça as ações de preservação quanto 
à intervenção humana.
Até 2006, o Iphan já havia identificado 
cerca de 10 mil sítios arqueológicos, dos 
quais sete se encontravam tombados [...].
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
14
[...] pesquisas científicas sobre antigas 
culturas que existiram no Brasil abrem um novo 
panorama tanto para a historiografia como para 
a arte brasileiras. Por meio delas, podemos 
ver com mais clareza nossa história inserida 
em um contexto maior na história humana. 
Além disso, podemos constatar que nossas 
origens antecedem em muito os séculos XV e 
XVI, período em que se deu o início oficial da 
“história do Brasil”.
1 Local onde se encontram vestígios de ocupação humana de 
nossos ancestrais pré-históricos.
Dicas de estudo
Para um estudo mais aprofundado sobre o 
nascimento da arte leia o capítulo “Os tempos 
pré-históricos”, do livro História Social da Arte 
e da Literatura, de Arnold Hauser (Martins Fon-
tes, 1998). Esse livro traz uma reflexão sobre 
aspectos históricos e estéticos da arte única dos 
caçadores do período paleolítico, bem como a 
transição para o período neolítico.
Assista ao filme A Guerra do Fogo (La Guer-
re du Feu, 1981, FRA/CAN), direção de Jean-
 -Jacques Annaud. Observe o modo de vida do 
homem pré-histórico, sua relação com o mundo, 
e a forma como essa vivência foi expressa nas 
obras que chegaram até nós. 
Exercícios de aplicação
Comente o significado desta frase do pintor 1. 
russo Wassily Kandinsky (1866-1944): “A 
obra de arte é filha do seu tempo”.
Pesquise a respeito de patrimônios tomba-2. 
dos no Brasil e responda.
O que é um patrimônio tombado?a) 
Quais são os bens brasileiros que estão b) 
na lista do Patrimônio Histórico Nacional?
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
15
Gabarito
Exercícios de aplicação
O momento histórico e o local em que é 1. 
produzida uma obra de arte (além de ou-
tros fatores, como capacidade tecnológica, 
poder econômico, sistema político e religio-
so) definem de maneira marcante as suas 
características.
2. 
O patrimônio tombado é um bem cul-a) 
tural de valor histórico que possui, por 
meio de legislação federal específica, 
um conjunto de ações para preservá-lo, 
impedindo principalmente sua demoli-
ção ou destruição.
A cidade de Ouro Preto, Diamantina e b) 
Brasília. O Parque Nacional da Serra da 
Capivara, a Mata Atlântica e o Pantanal 
Matogrossense.
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Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br