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Língua Portuguesa IV
Caro(a) aluno(a), a partir do momento em que abrimos nossos olhos até
quando os fechamos e entramos em um estado de “inconsciência” (sono), de
alguma maneira, estabelecemos relações de comunicação. Transmitimos
mensagens constantes de desejos, vontades, insatisfações, medos, alegrias
e por aí vai. Mesmo sozinhos, fazemos re�exões que expressam formas de
comunicação.
Essas manifestações estão intimamente ligadas à linguagem que
aprendemos e desenvolvemos, seja ela em casa, na escola ou no ambiente
de trabalho.
Será necessário que o ser humano conheça tudo que se refere a uma língua
para que consiga transmitir suas ideias? Logicamente, não! O conhecimento
das normas de uma língua facilita a comunicação do ser humano? Acredito
que sim. As informações chegam até nós em uma velocidade assustadora.
Não há como evitar! Somos bombardeados a todo momento com novas
informações; as mídias se encarregam de realizar essa tarefa de forma
rapidamente mágica.
Unidade 1
Introdução
Mas será que essa velocidade tem feito com que nos distanciemos dos
princípios que regem a língua portuguesa e o seu uso? Infelizmente,
acredito que a resposta a esse questionamento é sim! Muitas vezes
ouvimos letras de músicas, expressões na mídia, pessoas manifestando seus
pensamentos de forma muito comum, repetindo o que todos já falaram sem
apresentar argumentação convincente. Precisamos investir mais tempo na
leitura e no cuidado com a língua. A�nal, a organização de um sistema de
escrita se deu para garantir a preservação do conhecimento de um povo.
Nesta unidade, veremos quais as propostas de estudo da fonética e da
fonologia; de que maneira exercem in�uência e determinam aspectos da
língua portuguesa. Fechando o ciclo de estudos, abordaremos as questões
ortográ�cas e as propostas do novo, que já não é mais novo, acordo
ortográ�co.
Desejo que aproveite seu material e faça bom uso de seus conhecimentos.
Bons estudos!
Construção de Sentidos das Palavras
Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa
A fonética e a fonologia são áreas da linguística que possuem como objetos
de estudo os sons da fala. Ambas analisam esses sons, contudo, o fazem de
maneira diferente. É complexo traçar uma linha divisória, pois, muitas vezes,
os conceitos de fonética e fonologia estão entrelaçados.
Entretanto, elas possuem características que as diferenciam: a fonética
trabalha os constituintes do discurso segmentados no nível mais profundo,
quando ainda estão desprovidos de signi�cado.
Isso signi�ca que a fonética aborda a natureza física da produção e da
percepção dos sons da fala, os quais são denominados fones. Dessa forma, a
fonética possui o objetivo de descrever a formação dos sons da linguagem
humana no aparelho fonador, sua transmissão, sua recepção e
decodi�cação (BARBIERI, 2014). Acerca de sua fundação, Câmara Júnior
(1977, p. 52) diz o seguinte:
Criou-se assim a disciplina da fonética em bases objetivas e sólidas,
mas quase exclusivamente articulatórias, ou motoras, isto é,
focalizando os movimentos dos órgãos fonadores e não a impressão
acústica. Estabeleceu-se com isso uma grande objetividade, que
podemos chamar naturalística porque se procurava depreender o
fenômeno natural da produção do som. Para isso desenvolveu-se uma
técnica baseada num grande apuro auditivo: uma vez ouvido o som, o
foneticista passa a reproduzi-lo e analisa introspectivamente os
movimentos que tem de fazer para consegui-lo.  
A fonologia se detém aos estudos sobre como os sons da linguagem humana
se organizam dentro de uma língua, categorizando-os em unidades que
distinguem signi�cados, chamadas fonemas.
Unidade mínima da fonética: fone.
Unidade mínima da fonologia: fonema.
Os sons articulados pela fala podem produzir efeitos diferentes? Todas as
pessoas expressam os sons da mesma maneira? Os sons da fala in�uenciam
no entendimento das palavras? Essas são algumas questões que os estudos
da fonética e da fonologia abordam.  
Observe a construção do poema:
A semelhança entre a sonoridade e a gra�a das palavras luxo e lixo se
contrapõem na construção do poema de Augusto de Campos. Por meio da
oposição dos fonemas i e u, o poeta constrói uma crítica social.
Mas qual a importância dessas a�rmações para a língua? A fonética e a
fonologia estabelecem alguma relação com a língua portuguesa? Sim, e
estes serão nossos próximos alvos de estudo: compreender do que se
ocupam a fonética e a fonologia.
Para compreender de que maneira os sons se processam e como funcionam
dentro da língua, vamos observar cada um desses objetos de estudo da
linguística.
Fonética
A fonética tem como preocupação os sons da fala, a maneira como eles são
produzidos e os aspectos físicos envolvidos quando são emitidos.
Os estudos de fonética classi�cam-se em:
Figura 1.1 - Poema Lixo Luxo, de Augusto de Campos
Fonte: Campos (1982, p. 32.)
1. Fonética articulatória – a ênfase é dada na forma como os sons da fala são
emitidos pelo aparelho fonador, ocupa-se com a parte física da produção
dos sons, ou seja, como ela acontece no corpo humano.
2. Fonética acústica – estuda como os sons da fala chegam ao aparelho
auditivo.
3. Fonética auditiva – estuda como os sons da fala são percebidos pelo
aparelho auditivo e compreendidos pelo cérebro humano, mas esse é um
campo da fonética ainda pouco explorado.
Porém, esses três campos não andam no mesmo compasso. A parte mais
desenvolvida no estudo da fonética é a articulatória por ser menos
complexa, sendo que os outros dependem de tecnologia mais elaborada.
A �m de compreender um pouco melhor como os sons são produzidos,
vejamos como funciona o aparelho fonador.
Aparelho Fonador Humano
O ser humano possui um aparelho composto por órgãos responsáveis pela
produção do som, o aparelho fonador. Ele é formado pelos pulmões,
brônquios e traqueia, sendo que esses são órgãos respiratórios que
fornecem a corrente de ar para a fonação; pela laringe, onde se localizam as
cordas vocais, que produzem a energia sonora utilizada na fonação; e pelas
cavidades supralaríngeas (faringe, boca e fossas nasais), que funcionam
como caixas de ressonância.
O som é produzido no momento da expiração. O ar entra e chega até os
pulmões. No caminho de volta, chega até a laringe e passa pela glote para
depois chegar às cordas vocais. O caminho que o ar faz ao passar pelas
cordas vocais é o que chamamos de som.
De uma maneira bem simpli�cada, esse é o processo de produção dos sons.
Dependendo de sua articulação, eles recebem características de produção
diferentes. Vejamos:
Quando sai da laringe, vai para a faringe, passa pelas cordas vocais, torna-se
som e pode tomar duas direções: o trato vocal ou nasal. Nesta região �ca a
úvula, que possui mobilidade capaz de obstruir ou não a passagem do som e
determinar som nasal ou oral. Aí temos:
1. Som oral – quando a úvula levantada impede o �uxo de ar pelas fossas
nasais. Articulação de [ p ], [ b ], [ a ].
2. Som nasal – quando o ar passa pelo trato vocal e pelas fossas nasais por
causa da úvula abaixada. Articulação de [ m ], [ n ].
Figura 1.2 - Aparelho Fonador
Fonte: alila / 123RF.
Língua portuguesa IV - U1 V1
de VG Educacional
https://vimeo.com/user59698954
https://vimeo.com/user59698954
Articuladores
Barbieri (2014) ressalta que os articuladores são os órgãos que produzem
as consoantes. Esse processo é realizado pela interação entre os
articuladores superiores (lábio superior, incisivos superiores, alvéolos
superiores, diferentes zonas do palato duro, diferentes zonas do palato
mole, úvula e parede faringal) e os articuladores inferiores (lábio inferior,
ponta da língua, diferentes zonas do dorso da língua, raiz da língua, epiglote
e glote). Os órgãos articuladores intervêm na passagem do ar que chegam
da laringe e, por meio dos seus movimentos, alteram a forma das cavidades
de ressonância, conferindo às consoantes o seu timbre característico.
Segue uma explicação dos diferentes órgãos articuladores:
a. Labial: os lábios inferiores e a língua são importantes nos processosde
estreitamento e de obstrução do aparelho fonador. Os lábios inferiores com
os lábios superiores provocam uma obstrução, formando as oclusivas
bilabiais [p] e [b]. Os lábios inferiores com os dentes superiores formam um
estreitamento do aparelho fonador, produzindo as fricativas lábio-dentais
[v] e [f]: ponto, tipo, bola, beber, vida, dever, �car, folha.
b. Coronal: as consoantes coronais se formam ao se mover a parte anterior
da língua contra a parte superior da cavidade bucal.
Como exemplos, temos as consoantes [n], [t], [d], [s], [z], [∫], [Ȝ], [ſ] e [l]: nove,
tudo, dez, cem, zunir, chá, já, caro, litro.
c. Dorsal: As consoantes dorsais são formadas com a parte posterior da
língua contra o palato. Como exemplos, temos as consoantes [k] e [g]: queijo,
vaca, gol, mago.
06:06
Ainda na produção de sons, temos envolvido o conjunto de articuladores
que são divididos em ativos e passivos. Articuladores ativos são o lábio
superior e o palato mole, que se movimentam na realização do som. Os
articuladores passivos são o lábio inferior e o palato duro.  
Assim, os sons linguísticos podem ser articulados de acordo com o ponto e
quanto ao modo de articulação.
Quanto ao Modo de Articulação
Conforme Barbieri (2014), o modo de articulação é a forma como as
consoantes são articuladas. São realizadas com um impedimento da
passagem do ar, com a soltura repentina do ar retido e pela modi�cação do
caminho pelo qual o ar passa. Para um mesmo lugar é possível ter vários
modos de articulação e, assim, podem existir consoantes formadas num
mesmo lugar de articulação. Os modos de articulação se dividem em dois
grupos:
Obstruentes: nas consoantes obstruentes há um bloqueio à passagem do ar
pelo aparelho fonador durante a sua articulação. Fazem parte desse grupo
as plosivas e as fricativas. Uma característica importante do grupo é o fato
de seus componentes poderem ser surdos ou sonoros. Há, a seguir,
explicações sobre os modos de articulação das consoantes que pertencem a
esse grupo:
Oclusiva ou plosiva: interrupção total do �uxo de ar pelo fechamento dos
lábios, pela pressão da língua sob a arcada dentária ou sob o palato duro.
São elas: [p ], [ b ], [ t ], [ d ], [ k ], [ g ].
Fricativa: ocorre um estreitamento da passagem do ar, produzindo um
ruído semelhante ao de uma fricção. São elas: [ f ], [ v ], [ s ], [ z ], [ s ], [  x].
Africadas: apresentam, em sua parte inicial, um bloqueio completo à
passagem do ar, e, na parte �nal de sua articulação, apresentam uma
obstrução que produz fricção. Para que um som seja considerado uma
africada, a articulação de ambas as partes deve ocorrer no mesmo lugar de
articulação. Por exemplo: [ts], [dz], [t∫], [dȜ]: pizza, dzeta, tchau, adjacente.
Soantes: são os sons produzidos sem ou com pouquíssima obstrução do
aparelho fonador. Uma característica comum é o caráter sonoro dos sons
que dele fazem parte. Além das vogais, as nasais, as aproximantes, as
vibrantes, os tepes ou �epes e as fricativas laterais são agrupadas às
soantes. A seguir, apresentam-se explicações dos modos de articulação
desse grupo:
Nasal: ocorre quando parte do ar sai pelo trato vocal e parte pelas fossas
nasais, como acontece com [ m], [ n, ].
Lateral: a língua, ao tocar os alvéolos, obstrui a passagem do ar nas vias
superiores, mas permite que o ar passe através das paredes laterais da boca.
Exemplo: [ l ].
Vibrante: ocorre o movimento rápido e vibratório da língua, causando
breves interrupções do ar. Temos o som [ r ] de caro, barata.
Tepe: ocorre apenas por uma batida da ponta da língua nos alvéolos.
Aparece nos encontros consonantais de frasco, preta.
Retro�exa: caracteriza-se pelo levantamento e encurvamento da ponta da
língua em direção ao palato duro. Exemplo: [ r ], “erre” encontrado
comumente no falar de algumas comunidades de São Paulo, do Paraná e
também de Minas Gerais.
Vozeamento
As consoantes podem ser produzidas com ou sem a vibração das cordas
vocais. São divididas em dois tipos:
a. Sonoras: são as consoantes produzidas com a vibração das cordas vocais.
Como exemplos, temos as consoantes [b], [v], [d], [n], [g], [Ȝ] e [l]:
beber, favo, dia, nada, gato, jornal, ler.
b. Surdas: são as consoantes produzidas sem a vibração das cordas vocais.
Como exemplos, as consoantes [p], [f], [s], [∫], [k]:
parte, fazer, soda, chá, querer.
Quanto ao Ponto de Articulação
Barbieri (2014) assevera que cada consoante possui um lugar exato em que
ocorre o seu estreitamento ou a sua obstrução máxima, esse lugar é
denominado articulação. A mandíbula superior é a parte �xa do aparelho
fonador, o qual é um local importante para a formação dos sons. Vejamos os
lugares de articulação dos fonemas do português:
a. Bilabial: as consoantes bilabiais são formadas pela interação entre o lábio
superior e o inferior. Como exemplos, temos a nasal [m] e as plosivas [p] e
[b]:
moda, tema, pipa, papo, bala, boliche.
b. Lábio-dental: consoantes lábio-dentais são articuladas pela interação
entre o lábio inferior e os dentes incisivos superiores. As fricativas [f] e [v]
são exemplos de consoantes lábio-dentais:
alfafa, fofo, vento, viver.
c. Alveolar: as consoantes alveolares são produzidas com a parte anterior
da língua em contato ou próxima aos alvéolos dos dentes incisivos
superiores. Como exemplos, temos a consoante nasal [n], as plosivas [t] e [d],
as fricativas [s] e [z], o tepe [r] e a aproximante lateral [l]:
nada, nojo, tempo, teto, dia, dedo, saci, arara, areia, lado, tela.
d. Palato-alveolar: são consoantes formadas por uma constrição na região
imediatamente posterior aos alvéolos dentais. Como exemplos, temos as
consoantes [∫] e [Ȝ]:
chá, xisto, veja, gênio.
e. Palatal: as consoantes palatais são articuladas com a parte central da
língua pressionada contra o palato duro. Como exemplos, temos a
consoante nasal [n], a aproximante [j] e a aproximante lateral [λ]:
cozinha, pamonha, pai, feijão, palhaço, lhama.
f. Velar: as consoantes velares são produzidas com a parte posterior da
língua contra o palato mole (também conhecido como véu palatino). Como
exemplo, podemos citar a consoante nasal [ŋ] e as plosivas [k] e [g]:
tem, tanga, colo, boca, gato, fogo.
g. Glotal: as consoantes glotais são articuladas com a glote. Como exemplo,
temos a fricativa [r]:
terra, rato.
Até aqui nos ocupamos com as consoantes do alfabeto português, mas as
vogais também recebem atenção especial quanto ao seu modo de
articulação. Vejamos:
A língua portuguesa não admite consoante como núcleo silábico; todas as
sílabas têm vogal como núcleo. Por isso, são classi�cadas considerando:
a) A posição vertical da língua
São classi�cadas em: alta, média e baixa.
Vogais altas – em sua realização, a língua, seja em direção à parte anterior
da boca ou à parte posterior, atinge maior altura. São elas [ i ], [ u ].
Vogais médias – mantêm, em sua realização, a língua nem na posição mais
alta nem em repouso. São elas [e], [o].
Vogal baixa: [a], mantém a língua em posição de repouso.
b) Posição horizontal da língua
Nessa posição, a língua pode ir até a direção anterior da boca ou à direção
frontal, o que nos dá as vogais anteriores [i], [I], [e]. Se a língua �ca em
repouso, temos a vogal [a], classi�cada como central. Caso a língua recue na
direção posterior da boca, temos as vogais [o] e [u], também denominadas
posteriores.
c) Posição dos lábios
Quanto à posição dos lábios, temos as vogais arredondadas e as não
arredondadas. São arredondadas as vogais [o] e [u]; e não arredondadas as
vogais [e] e [a].
Fonologia
A fonologia tem o objetivo de realizar uma interpretação das informações
que a fonética oferece por meio da descrição dos sons da fala e aplicar os
resultados ao estudo dos sons utilizados na língua. Dessa forma, a fonologia
descreve os sons como componentes de um sinal linguístico de forma
incompleta, considerando apenas a sua função linguística, ou seja, ela
desconsidera as diferenças na produção dos fonemas em determinados
contextos, a diferença entre um som emitido por um homem e um som
emitidopor uma mulher, a in�uência da idade, dentre outros fatores.
Assim, se na descrição de um som apenas as características funcionais
forem consideradas, trata-se de um fonema; em oposição a ele, estão os
sons descritos de forma mais completa pela fonética, que são denominados
FIQUE POR DENTRO
Alfabeto fonético
Para que as transcrições fonéticas pudessem ser entendidas
claramente por todas as línguas, criou-se o Alfabeto Fonético
Internacional. Assim, qualquer falante conhecedor de seus símbolos
pode produzir os sons de qualquer língua. A transcrição fonética de
uma palavra é feita por meio dos símbolos que representam cada
letra, de acordo com o som que a pronúncia revela e que são
representados entre colchetes. Vale ressaltar que pode haver
divergências devido à diferença de pronúncia entre falantes.
Você pode ter acesso a tabelas de transcrição fonética aplicadas ao
português no link a seguir:
<https://michaelis.uol.com.br/escolar-ingles/transcricao-fonetica-
do-portugues/>. Acesso em: 01 jul. 2019.
https://michaelis.uol.com.br/escolar-ingles/transcricao-fonetica-do-portugues/
fones. Os fonemas são, portanto, abstratos em relação aos fones, visto que
apenas algumas de suas características são descritas.
Câmara Jr. (1974) explica-nos que o princípio básico dos estudos
fonológicos recai no conceito de oposição linguística. A esse respeito,
vejamos:
[...] o princípio primordial da gramática[...] é a oposição linguística, ou
seja, a circunstância de que cada elemento linguístico tem valor e
individualidade na medida em que se opõe a outro elemento.
(CÂMARA JR., 1974, p. 43)
As oposições linguísticas são de�nidas pela maneira como os fonemas se
relacionam com os outros elementos e pela função que exercem dentro do
sistema linguístico. Por exemplo, a  fonologia pode reconhecer as diferentes
articulações do /t/ e o /p/ como em pato, bato, tato, dato, cato, gato. Assim,
podemos entender que o fonema /p/ é diferente de /b/, de /t/, de /d/, de /k/ e
de /g/, como explica (CARDOSO, 2009).
A fonologia é a parte da linguística que se ocupa pelo estudo dos sons de
uma determinada língua, do grego fono ("som, voz") e log, logia ("estudo",
"conhecimento"). Signi�ca, literalmente, “estudo dos sons".
Cada pessoa, ao falar, pronuncia sons diferentes e, como vimos, o estudo
dessas particularidades �ca por conta da fonética.
Fonema é a menor unidade de som que se pode identi�car em uma palavra.
A fonologia se preocupa com a organização dos sons dentro de uma língua,
classi�cando-os em unidades que conseguem distinguir signi�cados, os
quais são denominados fonemas. Essa distinção de signi�cados ocorre pelo
estabelecimento de uma relação de oposição entre eles. Assim, se forem
substituídos por outros fonemas, mudam o signi�cado da palavra. Nessas
condições, diz-se que o fonema estabelece uma oposição distintiva.
Observe:
gato – pato                       sento – tento                               fuja – fuga
sala – mala                       abusa – acusa                           pente – tente
A oposição distintiva permite obter uma mudança completa de signi�cado.
As qualidades funcionais dos fonemas compreendem, portanto, os
conceitos de oposição e contraste. Dentre as várias características dos sons,
é possível distinguir algumas como sendo funcionais.
Cada uma das unidades marcadas acima mudou o signi�cado das palavras,
sendo, dessa maneira, fonemas.
Fonema e Letra
O fonema não deve ser confundido com letras, pois elas são a
representação grá�ca dos fonemas. Os conceitos de fonema e de letra são
diferentes. O fonema é um conceito da língua como realização auditiva; já a
letra é a representação grá�ca, por vezes imprecisa, dos fonemas. Vejamos
o caso das palavras coser/cozer, aço/asso, caçar/cassar, nas quais letras
diferentes representam um mesmo fonema.
Você já deve ter se lembrado daqueles fonemas que nos confundem porque
podem ser representados por mais de uma letra do alfabeto, como é o caso
do fonema /z/, que pode ser representado pelas letras z, s, x:
zebra                                 casamento                                   exílio
Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A
letra x, por exemplo, pode representar:
- O fonema sê: texto
- O fonema zê:  exibir
- O fonema chê: enxame
- O grupo de sons ks: táxi
Então, se transcrevermos a palavra táxi, teremos:
Táxi – 4 letras                   t a k s i - 5 fonemas
Por isso, o número de letras nem sempre coincide com o número de
fonemas.
Quando as letras m e n indicam nasalização, elas não representam fonemas.
Exemplos:
senta/ tombo – n/ m representam nasalização.
pena/ mamadeira – n/ m representam fonemas n/m.
Nas palavras iniciadas por h, este não representa fonema.
Classi�cação dos Fonemas
Os fonemas da língua portuguesa são classi�cados em vogal, semivogal e
consoante.
1)    Vogal
Vogal é o fonema produzido por uma corrente de ar que, vinda dos pulmões,
passa livremente pela boca. As vogais funcionam como base da sílaba, pois
toda sílaba tem necessariamente uma única vogal.
A vogal pode ser:
Oral, quando o ar sai exclusivamente pela boca; ou nasal, quando o ar sai
pela boca e pelo nariz.
Átona, quando pronunciada com menor intensidade; ou tônica, quando
pronunciada com maior intensidade.
Aberta, fechada ou reduzida, de acordo com a abertura da boca na
pronúncia.
Anterior ou palatal, quando a língua se eleva em direção ao palato duro;
posterior ou velar, quando a língua se eleva em direção ao palato mole;
ou média, quando a língua �ca quase em repouso.
2)    Semivogais
É o fonema produzido como vogal, mas pronunciado mais fraco, com baixa
intensidade. Por isso, não constitui sílaba e sempre acompanha uma vogal.
As semivogais apresentam qualidade vocálica parcial e se situam sempre na
periferia da sílaba: se estão antes do núcleo, constituem ditongos
crescentes; se estão depois do núcleo, constituem ditongos decrescentes.
Vejamos alguns exemplos:
a. Ditongos crescentes:
RelógIO.
b. Ditongos decrescentes:
FEIjão; BEIjo.
3)    Consoantes
A classi�cação de um fone como consoante ocorre quando em sua
articulação há uma obstrução, total ou parcial, em um ou vários pontos do
conduto vocal. Quando a obstrução do aparelho fonador é total, são
produzidas as chamadas plosivas: no decorrer de sua articulação, o ar
primeiramente é retido e depois liberado subitamente, o que causa uma
pequena explosão.
Ex.: pato, bola, tatu, dado, casa, gato.
Se a obstrução do aparelho fonador é parcial, ao gerar um grande
impedimento à passagem do ar pela boca, é produzida uma fricção, que
resulta nas fricativas.
Ex.: sol, faca, bolha, vaso, terra.
Ao descrever as consoantes, é importante considerar alguns aspectos:
1. O lugar onde ocorre o estreitamento ou a obstrução (lugar de
articulação).
2. O órgão móvel responsável pelo estreitamento ou pela obstrução
(articulador).
3. O tipo de formação do estreitamento e de abertura da obstrução (modo
de articulação).
4. O vozeamento (BARBIERI, 2014).
O fonema é produzido graças aos obstáculos que impedem a livre passagem
da corrente respiratória. Isso faz com que as consoantes sejam verdadeiros
"ruídos", incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Encontros Vocálicos, Encontros
Consonantais e Dígrafos
Encontros Vocálicos
São agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias.
É importante reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo e o hiato.
Para conhecê-los, observe o infográ�co a seguir:
Encontros Consonantais
É o agrupamento de duas ou mais consoantes em uma mesma palavra.
Podem ser:
Inseparáveis – pertencem à mesma sílaba.
bl– oblíquo                       br – obrigado                   cl – clave
cr– cravo                           dr – drástico                     �– �utuante
fr – fruta                             gl– inglês                         gr – gracioso
pl – plástico                     pr– princesatl – atleta
tr– atraente                       vr– livro
Separáveis – as consoantes pertencem a sílabas diferentes.
Ditongo
crescente
é o encontro de uma vogal e uma semivogal
(ou
vice-versa) em uma mesma sílaba, Pode ser
crescente: quando a semivogal vem antes da
vogal.
Exemplo: trégua
bn – abnegar                   bs – absorver                   cc – �cção
cn – técnico                     ct – néctar                         dv – adversário
ft – naftalina                     ls – avulso                       rs – personalidade
tm – ritmo                         pt – aptidão                    
gn – digno (no início da palavra não se separam)
Dígrafos
É a combinação de duas letras que representam um único fonema.
ch – chateado                 lh – ilhota                         nh – galinha
rr – carroça                       ss – passeio                   sc – nascer
sç– cresça                         xc– excelência
gu – guerra (apenas quando seguidos de e ou i)
qu – aquilo (apenas quando seguidos de e ou i)
Também são considerados dígrafos os grupos que servem para representar,
na escrita, as vogais nasais:
am – amputar                               an – anterior                     em – embora
en – pente                                     im – impossível               in – vindo
om – bomba                                 on – onda                         um – atum
un – profundo
Ortogra�a                                                  
Estamos escrevendo e, de repente, surge aquela dúvida: Como escrevo isso?
É com s ou ss? Tem acento? Mesmo os mais “entendidos” no assunto, vez por
outra, se questionam sobre a forma correta de escrever esta ou aquela
palavra.
A linguística, por meio da gramática, discute esse assunto na chamada
ortogra�a. O termo ortogra�a origina-se no grego orto = certo, correto,
justo, exato e gra�a = escrita, sendo entendida como os estudos
responsáveis pela determinação da gra�a correta das palavras.
Precisamos lembrar também que a ortogra�a é determinada por meio de
acordos ortográ�cos envolvendo países em que a língua portuguesa
representa o idioma o�cial. O primeiro desses acordos foi aprovado em
1931, contudo considerado sem êxito, pois o propósito para o qual foi
elaborado não foi alcançado, sendo que não conseguiu promover a
uni�cação dos dois sistemas. Em seguida, outros acordos foram feitos em
1943, 1945, 1971 no Brasil e 1973 em Portugal, e o de 1975, embora não
tenha sido o�cialmente aprovado por razões de ordem política.
Em meio a tantas tentativas, em 1986, no Rio de Janeiro, houve um
encontro de representantes dos países lusófonos, sendo estabelecido o
Novo Acordo Ortográ�co de 1986, também inviabilizado. O último deles,
nosso conhecido e objeto de estudo nesta unidade, entrou em vigor desde o
dia 1º de janeiro de 2009, legitimando outra reforma ortográ�ca.
Sabemos que escrever corretamente é uma habilidade que devemos
desenvolver por representar um padrão instituído pelo uso da língua. Dessa
forma, faremos algumas considerações e orientações sobre alguns aspectos
relevantes da ortogra�a da língua portuguesa.
Primeiramente, precisamos fazer algumas considerações sobre os
elementos que compõem a ortogra�a da língua portuguesa.
O Alfabeto
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada letra
apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula.
As letras k, w e y, mesmo não fazendo parte do alfabeto originalmente, eram
ensinadas após as 23 letras. A partir da reforma ortográ�ca de 2009, elas
passaram a incorporar o alfabeto e são usadas em diversas situações, como
em símbolos de unidades de medida (Km, Kg, W) e em palavras e nomes
(show, playboy, playground etc.). Veja:
Alfabeto (maiúsculo e minúsculo)
a A (á) j J (jota) s S (esse)
Tabela 1.1 - O Alfabeto 
Fonte: Elaborada pelo autor.
A indicação de plural do nome das letras pode ser representada de duas
maneiras:
1. Ás, bês, cês etc. – ex.: "escreve-se com dois as..."
2. Aa, bb, cc etc. – ex.: "escreve-se com aa..."
b B (bê) k K (cá) t T (tê)
c C (cê) l L (ele) u U (u)
d D (dê) m M (eme) v V (vê)
e E (é) n N (ene) w W (dáblio)
f F (efe) o O (ó) x X (xis)
g G (gê ou guê) p P (pê) y Y (ípsilon)
h H (agá) q Q (quê) z Z (zê)
i I (i) r R (erre)  
INDICAÇÃO DE LEITURA
Livro: Iniciação à fonética e à fonologia
Autor: Dinah Callou e Yonne Leite
Orientações ortográ�cas
Emprego das letras K, W e Y
Essas letras são utilizadas em casos especiais, como:
1. Em nomes próprios estrangeiros e seus derivados: Darwin, darwinismo;
Byron, byronismo; Kant, kantismo.
2. Em siglas, símbolos, abreviaturas de uso internacional: K (Potássio), W
(West), kg (quilograma), km (quilômetro), WC (sanitário) etc.
3. Em palavras estrangeiras não aportuguesadas: marketing, playground,
hardware, smoking etc.
Emprego de X e Ch
Ano: 1990
Editora: Zahar, 11ª edição
ISBN: 8571100969
Sinopse: No primeiro capítulo, Leite e Callou trazem uma distinção
entre fonética e fonologia, e destacam seus objetos de estudo. Assim,
de�nem fonologia como o estudo dos sons (entidades físico-
articuladoras isoladas), procurando descrever os sons e analisar suas
particularidades acústicas e perspectivas. Já a fonologia estuda os
sons do ponto de vista funcional, como elementos que integram um
sistema linguístico. Ambas as disciplinas são interdependentes. Yonne
e Dinah trazem informações de Baudovin de Courtenay, que, em �ns
do século XIX, foi um dos primeiros a tentar distinguir de modo
sistemático o estudo dos elementos de signi�cação (os fonemas)
daqueles que são resultados das realizações individuais dos falantes
(fones, ou sons da fala).
O uso do X acontece:
1. Depois de ditongo: caixa, frouxo, feixe, paixão.
2. Depois da sílaba inicial em (exceção para encher e derivados): enxada,
enxerido, enxuto, enxofre etc.
3. Em palavras de origem tupi, africanas ou inglesas aportuguesadas:
abacaxi, oxalá, xale, exu, macaxeira, xerife, xavante etc.
Uso do ch se dá:
1. Em palavras como: cachimbo, chalé, charque, chimarrão, chuchu, tchau
etc.
Dica: Apesar de existirem exceções às regras, há uma maneira de dirimir as
dúvidas nos empregos de CH e X. O uso do X virá após ditongo (auxiliar);
após palavras primitivas iniciadas por “en” (enxurrada); após a sílaba “me”
(mexer); em palavras de origem africanas ou aportuguesadas (orixá; xampu).
É preciso ter cuidado com as palavras derivadas iniciadas por "en"
(enchente) e com as palavras homófonas (xeque-cheque; taxa-tacha).
Emprego de G e J
O J é usado:
1. Em palavras de origem tupi: jacaré, jandaia, jenipapo, pajé etc.
2. Em verbos terminados em - jar ou jear: engajar, trajar, viajar, sujar, gorjear
etc.
3. Em palavras derivadas de outras que já apresentam j. Exemplo: laranja -
laranjeira, loja - lojista, jeito - jeitoso, nojo - nojento, enojar etc.
Por sua vez, o G é usado:
1. Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem. Exemplo:
barragem, origem, ferrugem etc.
2. Palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio. Exemplo: estágio,
privilégio, prestígio, relógio, refúgio etc.
Emprego das letras S, Z
O uso de Z acontece:  
1. Em substantivos terminados em su�xos -ez, -eza derivados de adjetivos.
Exemplos: pobre - pobreza, macio - maciez, limpo - limpeza, bravo - braveza.
2. Em palavras derivadas de outras que já apresentam z no radical. Exemplo:
deslize - deslizar, razão - razoável etc.
3. Em verbos terminados em -izar. Exemplos: legalizar, dramatizar,
hospitalizar etc.
4. Em terminações -zinho de palavras no diminutivo. Exemplos: pão -
pãozinho, tatu - tatuzinho, nariz - narizinho etc.
5. Nas palavras homófonas, estabelecendo distinção no contraste entre o S
e o Z. Exemplo: cozer (cozinhar) – coser (costurar), traz (trazer) – trás (parte
posterior).
O uso de S, por sua vez:
1. Em palavras derivadas de outras escritas com s no radical. Exemplo:
análise - analisar, liso - alisar, casa - casinha, casebre etc.
2. Em palavras com su�xo -ês e -esa, indicando nacionalidade, origem ou
título. Exemplo: inglês- inglesa, burguês - burguesa, milanês - milanesa etc.
3. Em palavras com su�xo -ense, -oso e  -osa que dão origem a adjetivos.
Exemplo: catarinense, gostoso/gostosa, amoroso/amorosa.
4. Em palavras com su�xos gregos -ese, -isa, -osa, -ose. Exemplos:
catequese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose.
5. Depois de ditongos. Exemplo: coisa, pouso, lousa, náusea.
6. Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus derivados.
Exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos, quis,
quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos.
Emprego de S, Ç, X e dos dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs
Na língua portuguesa, várias letras representam o fonema S. Essa
representação, muitas vezes, é causa de equívocos na escrita. Vejamos
algumas situações.
1. Nas palavras de origem tupi, o fonema /s/ é representado por c ou ç.
Exemplo: cipó, araçá, Iguaçu, paçoca.
2. Depois de ditongo, empregam-se c ou ç para representar o fonema /s/.
Exemplos: coice, beiço, feição, foice, sujeição, rejeição.
3. Em palavras com pre�xo terminado em vogal + palavras iniciadas em s,
emprega-se ss. Exemplos: a + segurar = assegurar; pre + supor =
pressupor; re + surgir = ressurgir.
4. Substantivos derivados de verbos terminados em ter, tir, der, dir e mir são
escritos com ss quando essas terminações caem na formação do
substantivo. Exemplos: submeter - submissão, discutir - discussão,
conceder - concessão, reprimir - repressão.
5. Os substantivos derivados de verbos que não estão incluídos na regra
anterior, escrevem-se com ç. Exemplos: descrever - descrição, comover -
comoção, conter - contenção, resolver - resolução.
Emprego das letras O e U
A oposição o/u causa confusões entre usuários da língua e pode ser
responsável pela diferença de signi�cados das palavras. Veja os exemplos:
Comprimento (extensão) e cumprimento (saudação, realização).
Soar (emitir som) e suar (transpirar).
Concluímos uma etapa do que diz respeito às normas ortográ�cas da língua
portuguesa. O assunto é amplo, portanto, a seguir abordaremos algumas
particularidades que causam di�culdades no momento da escrita e
deixaremos de lado aspectos menos signi�cativos.
Uso do por que, porque, por quê, porquê
1. Por que – usado em frases interrogativas diretas ou indiretas, sendo um
advérbio interrogativo ou podendo ser substituído pela expressão “pelo
qual” (e suas variações).
2. Por quê – usado no �nal da frase, imediatamente antes de um ponto (�nal,
de interrogação, de exclamação) ou de reticências, ou como expressão
isolada.
3. Porque – é uma conjunção e costuma ser utilizado em respostas, para
explicação ou causa.
4. Porquê – precedido de artigo "o", representa um substantivo.
Tabela 1.2 -  Uso do por que, porque, por quê, porquê 
Fonte: Elaborada pelo autor.
Acentuação
São oxítonos os vocábulos como: cateter, condor, hangar, mister, Nobel,
recém, refém, ruim. (BUENO, 2014, p. 38)
São paroxítonos os vocábulos: austero, avaro, barbárie, batavo,
caracteres, clímax, decano, estalido, estratégia, �lantropo, �uido, fórceps,
fortuito, gratuito, ímpio, index, meteorito, necropsia, ônix, pudico,
recorde, rubrica, sótão, táctil, têxtil. (BUENO, 2014, p. 39)
São proparoxítonos os vocábulos: ágape, alcoólatra, álibi, antídoto,
bígamo, êxodo, idólatra, leucócito, munícipe, ômega, pégaso, protótipo.
(BUENO, 2014, p. 39)
Trema
O trema, sinal grá�co usado sobre o u em gue, gui, que, qui, não se usa mais,
porém isso não altera a pronúncia.
Tabela 1.3 - Como Era e Como Fica 
Fonte: Elaborada pelo autor.
Atenção: em palavras estrangeiras e em suas derivadas, o trema permanece.
Exemplos: Müller, mülleriano.
Mudanças nas regras de acentuação
Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras
paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Como era: alcalóide - alcatéia - andróide - apóia (verbo apoiar) - apóio
(verbo apoiar) - asteróide - bóia.
Como �ca: alcaloide - alcateia - androide - apoia (verbo apoiar) - apoio
(verbo apoiar) - asteroide - boia.
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim,
continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus,
ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
Há ainda mais mudanças de acentuação e do uso do hífen que podem ser
consultadas no Guia Prático da Nova Ortogra�a.
SAIBA MAIS
IMPORTANTE: a ortogra�a é fruto de uma convenção.
Ou seja, a forma correta de gra�a das palavras é imposta, é um
acordo, algo não natural estabelecido para padronizar. Por isso, é
possível falar em acordos ortográ�cos, já que é possível padronizar a
escrita de uma língua. A forma de grafar as palavras é produto de
acordos ortográ�cos que envolvem os diversos países em que a
língua portuguesa é o�cial (BECHARA, 2015).
Nesta unidade, analisamos aspectos característicos da nossa língua e sua
escrita ortográ�ca. O assunto é extenso e cheio de particularidades. Vimos
que não é possível usar adequadamente a língua escrita se não nos
apropriarmos de suas normas e conceitos. Não há fórmula mágica para
escrever corretamente, mas o melhor caminho para alcançar sucesso nesse
critério é o uso e leitura.
Diante de situações de escrita, somos desa�ados a compreender e
empregar adequadamente as palavras a �m de que sejamos compreendidos
e de que o leitor assimile todas as considerações feitas. Todo escritor
precisa estar diante de situações desa�adoras que o conduzam à prática
escrita de maneira coerente e compreensiva.
Vimos que a língua falada está em constante transformação e, dessa
maneira, a língua escrita também sofre alterações e adaptações. A intenção
comunicativa de um povo é sempre a principal causa de mudanças, e a
língua precisa atender a essa necessidade. Diante disso, �rmou-se o acordo
ortográ�co, com o objetivo de uni�car a língua. A necessidade e a
funcionalidade desse documento ainda geram discussões e controvérsias,
porém já faz parte de nosso sistema de normas escritas e, portanto, cabe ao
estudante da língua portuguesa apropriar-se dele, garantindo aos
educandos o seu domínio. Não é possível ensinar sem conhecer. Dessa
maneira, estamos certos de que o estudo aprofundado e o desenvolvimento
da prática de leitura são instrumentos fundamentais ao preparo do
indivíduo que se propõe à prática docente.
Língua portuguesa IV - U1 V2
de VG Educacional
04:18
https://vimeo.com/user59698954
https://vimeo.com/user59698954
Atividade
A fonética e a fonologia são áreas da linguística as quais possuem como objetos de estudo os sons da fala. Ambas
analisam esses sons, contudo, o fazem de maneira diferente.
Referente aos estudos que conceituam a fonética leia as assertivas.
I.  Os conceitos de fonética e fonologia são diferentes, no entanto, é possível realizar um paralelo ou
entrelaçamento entre eles .
II.    A fonética trabalha os constituintes do discurso segmentados no nível mais raso, assim estão cheios de
INDICAÇÃO DE LEITURA
Livro: História da Língua Portuguesa
Autora: Segismundo Spina
Ano: 2017
Editora: Ateliê Editorial
O livro contém seis capítulos que apresentam o percurso histórico do
século XII até o XX. A cada capítulo, o leitor terá acesso a textos
comentados, a um vocabulário crítico, além de uma bibliogra�a ampla
e comentada. Um dos pontos, talvez o mais positivo do livro, diz
respeito à questão dos apontamentos de cunho estilístico e cultural
que, a um só tempo, enriquecem o texto, pois apresentam valiosas
contribuições e tornam a leitura agradável e �uente.
signi�cado.
III.   A fonética aborda a natureza abstrata da produção e da percepção dos sons da fala, os quais são
denominados fones.
IV.   A fonética tem objetivo de descrever a formação dos sons da linguagem sua transmissão, sua recepção e
decodi�cação.
É correto o que se a�rma em:
I e II, apenas
I e III, apenas.
I e IV, apenas.
I, II e III apenas.
I, II, III e IV.
Atividade
A ortogra�a é o conjunto de regras estabelecidas pela gramática normativa que ensina a gra�a das palavras, o uso
de sinais grá�cos, o empregode crase e de sinais de pontuação. Levando isso em conta, leia o texto a seguir:
Nova espécie de rã é descoberta em serra entre Colômbia e Venezuela
Cientistas da Venezuela e da Colômbia identi�caram uma nova espécie de rã na Serra de Perijá, uma vasta cadeia
montanhosa compartilhada pelos dois países e lar de espécies endêmicas como este pequeno anfíbio. A espécie
não era conhecida ainda porquê a região permanece isolada até hoje. Com uma pele multicolorida e canto único,
a Hyloscirtus japreria, que habita rios e cursos d'água a mais de 1 mil metros de altitude, foi descoberta durante
expedições realizadas há uma década. Seu nome presta homenagem aos járerias, um grupo étnico de Perijá, no
estado de Zulia (noroeste da Venezuela).
Com essa descoberta – publicada na revista cientí�ca "Zootaxa" - são 37 espécies as identi�cadas do gênero
Hyloscirtus. Menores, os machos medem entre 2,8 e 3,2 centímetros e as fêmeas de 3,5 a 3,9 cm.
Fonte: Nova espécie de rã é descoberta em serra entre Colômbia e Venezuela. Portal G1. Disponível em:
<https://glo.bo/2SrTQcN>. Acesso em: 16 jun. 2019.
https://glo.bo/2SrTQcN
Após leitura atenta, assinale a alternativa correta:
No trecho “as fêmeas de 3,5 a 3,9 cm”, a crase deveria ter sido empregada.
A ocorrência do “porque” está inadequada: ele não poderia estar junto e com acento.
São exemplos de palavras que são acentuadas por serem proparoxítonas: Colômbia, Gênero, países, centímetro.
Deveria ter sido aplicado hífen no vocábulo multicoloridos.
O termo revista cientí�ca deveria estar em maiúsculo.
Atividade
A classi�cação dos fonemas da língua portuguesa são: vogal, semivogal e consoante. Referente aos estudos
acerca da classi�cação dos fonemas, leia as assertivas e assinale a alternativa que apresenta todas assertivas
corretas.
i. A semivogal é o fonema produzido como vogal, mas pronunciado mais fraco, com baixa intensidade.
ii. As vogais funcionam como base da sílaba, assim, toda sílaba possui mais de uma vogal.
iii. A classi�cação de um fone como consoante ocorre quando há uma obstrução total ou parcial no conduto vocal.
iv. Consoantes podem ser plosivas quando a obstrução do aparelho fonador é total.
v. Consoantes fricativas ocorrem quando a obstrução do aparelho fonador gera um impedimento à passagem do
ar.
A sequência correta corresponde a:
I, II, III, IV.
I, II, III, V.
I,III, IV, V.
II, III, IV, V.
I, II, III.