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Imunidade Tributária de Templos Religiosos

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IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER 
CULTO 
 
Amanda Assis de Oliveira1 
Francisco Secaf Alves Silveira 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho visa o estudo das imunidades tributárias aos templos de qualquer culto, 
fazendo para isso uma revisão literária sobre o tema, a fim de se discutir a respeito das 
polêmicas em torno do assunto e a possibilidade da supressão da norma. Assim como, o 
artigo em questão, faz uma análise dos termos desta imunidade, utilizando-se de um estudo 
histórico-teológico e sistemático. 
 
 
Palavras-chave: Templos; Imunidade Tributárias; Qualquer Culto. 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work aims at the study of tax immunities to the temples of any cult, making for this 
a literary review on the subject, in order to discuss the polemics around the subject and the 
possibility of the suppression of the norm. Likewise, the article in question analyses the terms 
of this immunity, using a systematic historical-theological study. 
 
Keywords: : Temples; Religious Immunit; Any Cult. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A Imunidade concedida aos templos de qualquer culto é uma tematica muito abordada 
e descutida na doutrina e na nossa jurisprudência. A Imunidade tem como desígno proteger a 
liberdade religiosa. 
 
 Este artigo, tem como finalidade relatar sobre as definições da imunidade, suas 
caracteristicas, entendiento jurisprudênciais acerca do tema, bem como, vislumbrar o 
entendimento do Supremo Tribunal Federal, por ser a última instância no ordenamento jurídico 
brasileiro para decidir sobre matéria constitucional. 
 
Por fim, relatar sobre a possibilidade de extinção da imunidade dos templos de qualquer 
culto, como também, da sua extensão. 
 
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2. A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO 
 
As imunidades tributárias é uma limitação constitucional ao poder de tributar, visto que 
está contida de forma expressa pela Constituição Federal de 1988, cabendo dizer que as 
imunidades tributárias visam resguardar o equilíbrio federativo, sem prejuízo da liberdade 
política, religiosa, associativa, intelectual, cultural e outras expressões, e sem ameaçar o 
desenvolvimento econômico. 
 
O professor Leandro Paulsen para definir o termo imunidade, cita Bernardo Ribeiro de 
Moraes, o qual diz que, imunidade tributária pode ser definida da seguinte forma: 
 
Imunitas ou exonerado de munus, indica a liberação de munus ou encargos, 
dispensa de carga, de ônus, de obrigação ou até de penalidade. Quem não 
pública, ou da lei, e obriga o individuo a certos encargos). Oferece, o vocábulo 
imunidade, em princípio, um privilégio concedido a alguma pessoa de não ser 
obrigada a determinados encargos ou ônus (liberação do munus). (2005, p. 
254, grifo do autor). 
 
Sobre imunidade, pode-se, ainda, destacar: 
 
No que tange a etimologia da palavra “imunidade”, vale ainda ressaltar que o 
prefixo originário do latim “in’, que antecede o radical, além de negação, 
assume também o significado de “em para dentro de” e o termo munitas, que 
obedece a mesma raiz de “múnus”, por sua vez, têm o mesmo sentido de “algo 
protegido por uma barreira”. (FARIA, 2002, p. 118). 
 
“Munus” é também empregado, no latim, como sinônimo de imposto e, 
também, como dívida ou favor. Em termos gerais, pois o vocábulo 
“imunidade” remete à noção de desobrigação de se suportar uma condição 
onerosa. (FARIA, 2002, p. 117). 
 
Logo, não se deve cogitar a imunidade tributária como um benefício ou como um favor 
fiscal, uma renúncia à competência ou um privilégio, mas sim uma forma de preservar e garantir 
valores da sociedade em si. 
 
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3. APROVAÇÃO/VETO DA LEI Nº 14.057/2020 
 
Recentemente, foi vetado pelo presidente da República o artigo 8º da Lei nº 
14.057/2020, que alterava a Lei da Contribuição Social sobre o Lucro das Pessoas Jurídicas 
(CSLL) para reconhecer expressamente aos templos religiosos, no tocante a essa contribuição, 
a imunidade tributária prevista no artigo 150, inciso VI, "b", da Constituição Federal. 
 
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) havia criticado o projeto. Em um 
comunicado divulgado recentemente, se dizendo excluída do debate sobre o tema, entidade da 
Igreja Católica pontuou que: 
 
Um tema tão complexo como o tratamento tributário dado às 
organizações religiosas não pode ser discutido de modo incidental e 
praticamente silencioso, sob o risco de surgirem interesses particulares 
que maculem a própria discussão, (Walmor Oliveira de Azevedo, 
Arcebispo e presidente da instituição) 
 
Outro assim, a proposta aprovada pelo Congresso no mês passado previa aos templos 
religiosos, de qualquer culto, isenção do pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro 
Líquido (CSLL), anistia das multas recebidas por não pagar a CSLL e anulação das multas por 
não pagamento da contribuição previdenciária. 
 
4. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E A INTERPRETAÇÃO 
CONSTITUCIONAL DAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS AOS TEMPLOS DE 
QUALQUER CULTO 
 
Ao interpretar as imunidades tributárias aos templos de qualquer culto no RE nº 325.822, 
de relatoria do Exmo. Ministro Gilmar Mendes, entendeu o Supremo Tribunal Federal que 
intributável não é somente o local de culto, mas também todos os bens suficientes para o 
desenvolvimento da finalidade essencial das entidades religiosas, como podemos perceber com 
a ementa a seguir: 
 
 
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“EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de 
qualquer culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda 
e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 
150, VI, "b" e § 4º, da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre 
imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade 
prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve abranger não somente os prédios 
destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços 
"relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas 
mencionadas". 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor 
interpretativo das alíneas "b" e "c" do inciso VI do art. 
 
150 da Constituição Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas 
referidas. 6. Recurso extraordinário provido” 
 
Na interpretação da Carta Magna, a imunidade concedida aos templos de qualquer culto 
é considerada uma extensão dos direitos e garantias fundamentais garantia ao povo, 
configurando como uma proteção a liberdade religiosa. 
 
 
5. POSSIVEL EXTINÇÃO DAS IMUNIDADES DOS TEMPLOS DE QUALQUER 
CULTO 
 
A suposição de extinção da imunidade dos templos religiosos requer profunda análise, 
já que é um direito reservado pela própria Constituição Federal de 1988, oriundo de um direito 
fundamental, que é liberdade religiosa, propagada no seu artigo Art. 5º, inciso VI, vez que os 
direitos e garantias fundamentais são cláusulas pétreas do § 4º, IV do artigo 60º da mesma carta 
de direitos e, portanto, as propostas tendentes a aboli-las não poderiam ser sequer objeto de 
deliberação, quanto mais abolidas. 
 
É correto que há uma grande discussão com relação às imunidades dos templos 
religiosos e sua possível extinção, diante dos escândalos de enriquecimento ilícito por alguns 
líderes religiosos, sendo um assunto muitissimo comentando e repercutido, que deve ser 
analisado juridicamente, de acordo com interpretação da Carta Magna. 
 
 
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Em que pese a polêmica sobre a possível extinção das imunidades dos templos 
religiosos, fica notório a necessidade de que o Estado crie mecanismos de fiscalização desses 
templos religiosos, capazes de trazer transparência nas suas contas e assim coibir pessoas de se 
valerem de um direito garantido por lei para benefício próprio, bem como, o descumprimento 
da norma. 
 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
O estudo apresentou de forma simplificada a imunidade tributária dos templos de 
qualquer culto, ressaltando as preocupaçõesem torno do tema. Relatando também acerca das 
posições, definições e entendimentos do Supremo Tribunal Federal quanto ao assunto e a 
polêmica da “possível” possível extinção da imunidade concedida aos templos de qualquer 
culto. 
 
Portanto, é essencial evidenciar a relevância de respeitar essa imunidade em relação aos 
templos religiosos. Este é um meio de incentivar a religião, conforme a Constituição Federal 
protege, e também de tratar as crenças de uma maneira igualitária, uma vez que essa imunidade 
não faz qualquer diferença entre as religiões, favorecendo assim o interesse coletivo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível 
em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 
05 de março de 2017. 
 
APARECIDA, Juliana Tavares. Imunidades dos templos religiosos: breve análise crítica. 
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templos-religiosos-breve-analise-critica > Acesso em: 05/11/2020 
 
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religiosos. Consultório jurídico, São Paulo 2020 – Disponível em: < 
https://www.conjur.com.br/2020-set-18/willer-tomaz-imunidade-tributaria-templos-
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
https://jus.com.br/artigos/60918/imunidades-dos-templos-religiosos-breve-analise-critica
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https://www.conjur.com.br/2020-set-18/willer-tomaz-imunidade-tributaria-templos-religiosos#author
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SALES, Denólia Maria Beserra Sales. Imunidade constitucional dos templos de qualquer 
culto. Publica Direito. São Paulo 2018 – Disponível em: < 
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=b21d2f86beb19214> Acesso em: 28/10/2020 
 
FERNANDES, Renato de Barros. Igrejas ou organizações criminosas?. Revista Jus 
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5656, 26 dez. 2018. Disponível em:< 
https://jus.com.br/artigos/70963> . Acesso em: 10/11/2020 
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=b21d2f86beb19214
https://jus.com.br/artigos/70963

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