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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUÍZ DE DIREITO DA 1ª VARA FEDERAL – SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE FORTALEZA/CE 
 
APELAÇÃO 
 
Processo nº XXXXX 
 
RODRIGO, já qualificado no caderno processual, vem a presença de Vossa 
Excelência, por intermédio de seu procurador judicial, inconformado com a decisão 
que condenou o réu pelo crime de constrangimento ilegal, interpor RECURSO DE 
APELAÇÃO, com fundamento no artigo 593, inciso I do Código do Processo Penal. 
 
Requer seja recebida, processada e encaminhada a apelação, com as razões, ao Egrégio 
Tribunal Regional Federal da 5ª Região. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Fortaleza/CE, 06 de abril de 2020 
 
Advogado 
 
OAB nº XXXXX 
 
 
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO 
 
RAZÕES RECURSAIS 
 
Apelante: RODRIGO 
Apelado: PAMELA 
 
 
Egrégio Tribunal Regional Federal, 
 
Colenda Câmara Criminal, 
 
Doutos procuradores, 
 
 
DOS FATOS 
 
O MM. Juiz da 1ª Vara Federal da Comarca Fortaleza/CE exarou decisão condenando 
o acusado ao crime de constrangimento ilegal, determinando a pena base no mínimo, ou seja, 
de três meses, e já substituindo por pena restritiva de direito, conforme os termos da decisão 
recorrida. 
 
Em que pese a mencionada decisão do Meritíssimo Juiz de Direito da 1º Vara Federal, 
no entanto não merece prosperar pelas razões a seguir expostas. 
 
Ocorre que apelante é policial rodoviário e foi destacado para uma operação na BR-
116. Durante essa operação na rodovia federal, a equipe da PRF (em que estava o apelante) 
abordou a apelada e solicitou a apresentação de sua carteira nacional de habilitação (CNH) 
e do certificado de registro e licenciamento de veículo (CRLV). A apelada estava muito 
nervosa, o que gerou desconfiança do apelante, que, ao consultar o sistema, verificou que o 
veículo era clonado. O apelante, como agente policial, começou a realizar os procedimentos 
adequados a esta situação, pedindo que a apelada saísse do veículo, o que foi negado. 
 
O apelante, então, usou de força necessária para fazê-la cumprir a ordem. Em razão 
da resistência da apelada em obedecer ao comando da força policial, o apelante realizou uma 
busca pessoal nela, não havendo outra forma para tal pois a única policial mulher tinha saído 
para uma diligência em outro local. Ainda tentando resistir (com protestos veementes), a 
apelada foi presa em flagrante e encaminhada para a delegacia. No momento que foi ouvida 
pela autoridade policial, a apelada estava acompanhada de seu advogado que requereu a 
abertura de Inquérito policial contra o apelante. No entendimento da vítima e seu patrono, o 
policial rodoviário agiu com excesso ao utilizar força para retirar apelada, por isso, deveria 
responder por constrangimento ilegal acrescendo que o fato dela ser mulher, além de 
enquadrar a conduta do policial na Lei 11.340/06, que dispõe sobre a violência contra a 
mulher. A autoridade policial, entretanto, não procedeu a abertura do inquérito policial. 
 
DO DIREITO 
 
1. Da legalidade da conduta. 
 
Ora, verifica-se claramente que os fatos contradizem completamente a fundamentação 
da acusação, pois o apelante agiu, única e exclusivamente, dentro das balizas legais, 
utilizando-se apenas da força necessária para que fosse cumprido integralmente a ordem 
policial, seguindo estritamente o comando do art. 284 do código de processo penal: 
 
“Não será permitido o emprego de força, SALVO A INDISPENSÁVEL NO CASO DE 
RESISTÊNCIA ou de tentativa de fuga do preso.”. 
 
A súmula vinculante 11/STF deixa claro que: 
 
“(...) é lícito o uso de algemas EM CASOS DE RESISTÊNCIA e de fundado receio de 
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de 
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade 
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato 
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.”. 
 
O art. Art. 23 do Código Penal esclarece: 
 “Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”. 
 
Os fatos são incontestes. A apelante resistiu de forma veemente contra a ordem dada 
pelo apelante, não restando outra forma de fazê-la cumprir tal comando, atendo-se 
unicamente à prática estrita de seu dever legal como agente policial. 
 
2. Da revista pessoal 
 
Consta dos autos do processo que o apelante realizou revista pessoal na apelada, o 
que também não configura nenhum possível constrangimento para apelada. 
 
Inicialmente, faz-se necessário realizar a diferenciação entre “revista pessoal” e 
“revista íntima”. A revista íntima é aquela que ocorre sobre a pessoa, com exposição de parte 
do corpo ou o toque corporal. Já a revista pessoal é aquela que recai sobre os bens da pessoa 
e é considerada não íntima, conhecida como revista visual. Pode-se afirmar que qualquer tipo 
de revista íntima viola evidentemente o direito da pessoa. O mesmo não pode ser dito a 
respeito da revista pessoal. 
 
No caso em tela, é incontroverso que a revista realizada se encaixa no conceito de 
revista pessoal, afastando qualquer possibilidade de constrangimento ou uso excessivo da 
força. O art. Artigo 244 aponta que: 
 
“A busca pessoal independerá de mandado, NO CASO DE PRISÃO ou quando 
houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de 
objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for 
determinada no curso de busca domiciliar.”. 
 
A apelante foi presa em flagrante, o que indica a permissão dada pelo ordenamento 
jurídico para a aplicação da revista pessoal. 
 
Resta ainda saber se, pelo fato de ser mulher, a apelante teria direito absoluto em 
ser revistada por uma policial do sexo feminino. Vejamos. 
 
O Código de Processo Penal regula os procedimentos pertinentes à busca pessoal 
sobre a busca em mulheres: 
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar 
retardamento ou prejuízo da diligência. 
Tal artigo demonstra que um Policial Masculino pode, sim, realizar busca pessoal 
numa mulher caso não haja alternativa. E é exatamente o que aconteceu durante a 
abordagem policial, pois o apelante realizou a busca pessoal na apelada, não havendo outra 
forma para tal pois a única policial mulher tinha saído para uma diligência em outro local. 
3. Da aplicação da lei 11.340/06 
No entendimento da apelada, o acusado agiu com excesso ao utilizar força para retira-
la do veículo acrescendo o fato dela ser mulher, tentando enquadrar a conduta do policial na 
Lei 11.340/06, que dispõe sobre a violência contra a mulher. 
Não se percebe outra coisa senão uma aberração jurídica e total confusão 
hermenêutica por parte da acusação sobre a aplicação da norma indicada. A lei citada, 
conhecida como Lei Maria da Penha, não se amolda ao caso descrito já que o apelante e 
apelada NÃO POSSUÍAM (PRÉVIO) OU POSSUEM (ATUAL) QUALQUER VÍNCULO 
FAMILIAR que permitisse a aplicação dos procedimentos descritos na referida lei. Vejamos: 
“Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
E FAMILIAR CONTRA A MULHER(...); 
Art. 4º NA INTERPRETAÇÃO DESTA LEI, serão considerados os fins sociais a que 
ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em 
SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR.; 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, CONFIGURA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E 
FAMILIAR contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe 
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial; 
I - NO ÂMBITO DA UNIDADE DOMÉSTICA, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as 
esporadicamente agregadas; 
II - NO ÂMBITO DA FAMÍLIA, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, 
por afinidadeou por vontade expressa; 
III - EM QUALQUER RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO, na qual o agressor 
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de 
coabitação.” 
Dessa forma, é absoluta a não adequação dos fatos quanto a possível 
aplicação da lei supracitada. 
PEDIDO 
 
Diante do exposto, pugna o recorrente pelo conhecimento e provimento do 
presente recurso de APELAÇÃO, para que seja reformada a sentença do juízo de 1º 
grau nos seguintes termos: 
 
 
1- Que a presente apelação seja conhecida e provida; 
2- Que seja feita a intimação do Ministério Público; 
3- Que seja declarada a legalidade de todos os atos praticados pelo apelante 
ocorrido durante a abordagem policial; 
4- Que seja o apelante ABSOLVIDO de todas as acusações penais constantes nos 
autos, conforme art. 386, III do CPP. 
 
Nestes termos, pede provimento. 
 
Fortaleza, 06 de abril de 2020 
 
Advogado 
OAB nº