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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE PELOTAS/RS.
JUAREZ, brasileiro, solteiro, engenheiro, residente e domiciliado na Rua ..., nº ..., bairro ..., CEP XX.XXX- XXX nesta comarca, endereço eletrônico juarez@gmail.com, portador da carteira de identidade nº XXXXXXXXXX, e CPF XXX.XXX.XXX-XX, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por sua procuradora firmatária, cujo instrumento de procuração com poderes especiais segue anexo (doc. nº 1), oferecer:
QUEIXA CRIME
Em face da senhora CAMILA, de qualificação ignorada, podendo ser encontrada na Rua ..., nº..., Bairro..., CEP XX.XXX-XXX Pelotas/RS, com fundamento legal no art. 100, § 2º do CP, bem como nos artigos 30 e 41 do CPP, pelos motivos a seguir expostos:
DOS FATOS:
No dia 24 de agosto de 2019, o querelante resolveu reunir os amigos e familiares para comemorar a passagem de seu aniversário. Para tanto, na manhã do aniversário enviou os convites através da rede social, publicando em seu perfil, os dados alusivos a festa em para todos os seus contatos.
O querelante reservou espaço em uma renomada churrascaria da cidade de Pelotas, de modo que acomodassem seus amigos e parentes para o jantar comemorativo.
Ocorre que, a querelada, ex namorada do querelante e também sua vizinha, visualizou o convite que o querelante publicou no próprio perfil da referida rede social. Insatisfeita, fez uso do espaço abaixo da publicação destinado aos comentários, para escrever mensagem ofensiva acerca da reputação do querelante.
Escreveu a querelada: “não sei o motivo da comemoração, já que Juarez não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha!” (crime de injúria) e acrescentou: “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, elo cambaleava bêbado pelas ruas de Pelotas, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”. (crime de difamação)
É sem dúvida que a querelada guarda ressentimentos pelo término da relação, que muito embora não seja objeto desta ação, certamente motivou a senhorita a proferir palavras ardilosas contra o querelado, já que tem conhecimento de que os colegas de trabalho do querelado estão entre os contatos na rede social em questão. 
É notório o seu interesse em desacreditar a conduta do querelante perante seus colegas de trabalho, bem como prejudicar sua imagem profissionalmente já que o mesmo, é engenheiro em renomada empresa da construção civil. Ademais, a querelada conviveu tempo suficiente com o querelante para saber que ele faz uso da rede social para promover o trabalho como engenheiro e assim, efetuar o fechamento de novas parcerias na área da construção civil.
O querelante estava em sua residência quando visualizou as mensagens da ex namorada, na ocasião, estavam consigo seus amigos Pedro, Felipe e Marcos. Constrangido com a situação, não soube o que dizer aos amigos, visto que as mensagens lhe caíram como balde de água fria, deixando-lhe perplexo com o ocorrido. Sem animo, cancelou a comemoração e desmarcou a reserva de espaço na churrascaria.
 
DO DIREITO:
Trata-se de crime de difamação com previsão no art. 139 do CP, cometido pela ex namorada do querelante com a intenção de macular sua reputação perante seus amigos, familiares e, principalmente, frente a seus colegas de trabalho e empregadores, tendo ciência de que o ato o prejudicaria.
Previu o legislador, no artigo 141, III do CP, que os crimes de difamação quando cometidos na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação terão suas penas aumentadas de 1/3. Deste modo, à conduta da querelada deve ser acrescida a norma prevista no 141, III do CP, visto que a mesma quis o resultado de humilhar seu ex namorado, ora querelante, em rede social de grande visibilidade, o que possibilitou que um grande número de pessoas tomassem conhecimento da mensagem difamante. 
Ademais, cumpre dizer, que a conduta da senhora Camila, não só feriu normas constantes do Código Penal, como também adentrou a esfera Cível visto que, tomado pelo sentimento de tristeza e profundo constrangimento o querelante cancelou os festejos de aniversário que havia contratado junto a famosa churrascaria, ficando obrigado a pagar multa pela quebra do contrato de prestação do serviço. Embora a reparação de dano seja objeto de ação própria a ser promovida em Vara Cível, requer-se a fixação de valor mínimo de indenização em sentença condenatória, de acordo com o artigo 387, inciso IV.
O fato ocorreu no dia 24 de agosto de 2019, logo, de acordo com o artigo 38 do CPP e art. 103 do CP, é de 6 meses o prazo para que o ofendido exerça o seu direito de apresentar a queixa, contados da data em que tomou conhecimento de quem é o autor do fato. No caso em análise, tempestivo está a presente ação visto que da data do fato decorreu cinco meses.
Quanto ao rito, o tipo penal previsto no artigo 139 do CP somente se processa por Ação Penal Privada, através de Queixa-Crime, conforme previsão do artigo 145 do CP.
Assim, a querelada ao escrever mensagem ofensiva, no perfil público do querelante cometeu o crime de difamação tipificado no art. 139 do CP, incidindo na causa de aumento de pena prevista no art. 141, inciso III do CP.
DOS PEDIDOS:
Ante o disposto, requer:
1. O recebimento e o processamento da presente queixa-crime;
2. A citação da querelada;
3. A condenação da querelada no tipo penal descrito no artigo 139 caput e, a incidência da causa de aumento de pena constante no art. 141, inciso III, todos do Código Penal Brasileiro;
4. A fixação de valor mínimo de indenização a título de reparação dos danos causados ao querelante, conforme previsão do art. 387, IV do CP;
Pelotas, 22 de janeiro de 2020.
ADVOGADA
OAB/RS
Observação: obedeci às datas do exercício que diz que o Juarez me procura 5 meses após o ocorrido.
15/08/2020 – CORREÇÃO DA PEÇA:
Nos pedidos é necessário que se faça o pedido de AJG, se for o caso;
É preciso que se coloque o valor da causa, que pode ser o valor de alçada. É necessário para que as custas possam ser calculadas.
É preciso fazer o cálculo da pena do caso para que se possa determinar o endereçamento da queixa-crime, se será para o JCRIM ou Justiça Comum, ou ainda para a Justiça Federal:
Injúria + difamação = é concurso formal de crime. Então aplica a pena do maior e aplica a causa de aumento de pena do 141, III. No caso usaremos a pena da difamação 1 ano + 1/3 = 1 ano e 4 meses.
Na tese defensiva também precisava dizer que se trata de concurso formal de crime.
Concurso formal: 1 conduta com resultados diferentes. Pega a pena do maior e adiciona as causas de aumento de pena.
Concurso material: várias condutas e 1 resultado. Soma as penas e aplica as causas de aumento de pena.

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