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GEOVANNA SARAIVA DOS SANTOS - N982CE2 - AAR - Família - Módulo 2 - Respostas

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
ATIVIDADE ACADÊMICA REMOTA (AAR) 
SEMESTRES: 8º/9º 
DISCIPLINA: DIREITO DE FAMÍLIA – MÓDULO II 
PROFESSOR: ADRIANO LICHTENBERGER PARRA 
 
 
ALUNA: GEOVANNA SARAIVA DOS SANTOS 
RA: N982CE-2 
TURMA: DR9R39 
 
1. Faça resumos dos votos dos relatores das decisões indicadas, bem como de, pelo 
menos, mais 1 (um) Ministro do STF. 
1.1. Texto 1 - União homoafetiva como entidade familiar (AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIOANLIDADE N. 4277) 
O voto do Ministro Ayres Britto (relator), em interpretação da Constituição no tocante ao 
Art. 1.723 do Código Civil, entendeu que deve ser excluído qualquer significado que 
impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo 
sexo como entidade familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de família. O relator 
asseverou que esse reconhecimento deve ser feito de acordo com as mesmas regras e com 
as mesmas conseqüências da união estável heteroafetiva. De modo que, a união estável 
entre pessoas do mesmo sexo não pode ser excluída do conceito de entidade familiar. 
Participaram ainda deste julgamento, os I. Ministros (as): 
1. Ministro Ayres Britto (relator) 
2. Ministra Cármen Lúcia 
3. Ministro Celso de Mello 
4. Ministro Luiz Fux 
5. Ministro Marco Aurélio 
6. Ministro Ricardo Lewandowski. 
Em que pese os I. Ministros, frisa-se o entendimento da Ministra Cármen Lúcia, qual 
seja: 
Entendeu ser inaceitável qualquer forma de preconceito em relação a União Estável entre 
pessoas do mesmo sexo, tendo em vista que todos são livres para que façam suas opções 
sexuais, vejamos: 
“(...) 
A escolha de uma união homoafetiva é individual, íntima e, 
nos termos da Constituição brasileira, manifestação da 
liberdade individual. 
(...) 
Na esteira, assim, da assentada jurisprudência dos 
tribunais brasileiros, que já reconhecem para fins 
previdenciários, fiscais, de alguns direitos sociais a união 
homoafetiva, tenho como procedentes as ações, nos termos 
dos pedidos formulados, para reconhecer admissível como 
entidade familiar a união de pessoas do mesmo sexo e os 
mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões 
estáveis serem reconhecidos àqueles que optam pela 
relação homoafetiva.” 
Neste sentido, é cediço que esta ministra votou pela procedência da ADI, para que fosse 
dada nova interpretação ao dispositivo, ceifando qualquer possibilidade de desrespeito à 
Carta Magna pelo Código Civil. 
1.2. Texto 2 – Julgamento afasta diferença entre cônjuge e companheiro para fim 
sucessório (RE 646721 e RE 878694) 
O I. Ministro Luís Roberto Barroso, relator do RE 878694, em sua decisão sustentou que 
o STF já equiparou as uniões homoafetivas às uniões “convencionais”, o que implica 
utilizar os argumentos semelhantes em ambos. Após a Constituição de 1988, argumentou, 
foram editadas duas normas, a Lei 8.971/1994 e a Lei 9.278/1996, que equipararam os 
regimes jurídicos sucessórios do casamento e da união estável. 
Entendimento este, que foi em desencontro ao do Ministro Marco Aurélio, isto porque, 
segundo seu entendimento, a Constituição Federal reconhece a união estável e o 
casamento como situações de união familiar, mas não abre espaço para a equiparação 
entre ambos, sob pena de violar a vontade dos envolvidos, e assim, o direito à liberdade 
de optar pelo regime de união. 
2. Quais os fundamentos principiológicos e legais para que uma união homoafetiva 
seja considerada uma entidade familiar? Explique e fundamente. 
Faz-se correto o entendimento de que as relações afetivas entre os indivíduos poderão 
mudar conforme os anos, inclusive, existindo a configuração de novas entidades 
familiares, com pessoas do mesmo sexo. Sendo que estas, merecem guarida ao princípio 
constitucional da dignidade da pessoa humana, previsto no Art. 1º, inciso III, da 
Constituição Federal, de modo que a discriminação é considerada desrespeito a este 
principio basilar. 
Veja-se que, tratando=se de princípios constitucionais, onde é assegurado aos cidadãos a 
livre manifestação de vontade, dignidade da pessoa humana e da não discriminação, 
limitar a entidade familiar somente à relação entre HOMEM & MULHER, torna-se 
manifestadamente uma forma de discriminação à aqueles que são homoafetivos. 
Sendo este, inclusive, o entendimento do CNJ. 
3.Pode-se dizer que “União Estável” e “Casamento” possuem os mesmos efeitos 
jurídicos? Explique e fundamente. 
Sim, vez que ambas baseiam-se na pretensão da constituição de família. A diferença entre 
União Estável e o Casamento é o estado civil, porém os deveres são iguais. 
Tanto é verdade que, o Supremo Tribunal Federal adotou o entendimento de a união 
estável e o casamento possuem o mesmo valor jurídico, tendo o companheiro os mesmos 
direitos a heranças que a pessoa casada. 
4. A “União Estável” é dissolvida do mesmo modo que um “Casamento”? Explique 
detalhadamente e fundamente. 
Não. O casamento pressupõe um ato formal e solene, precedido de um processo destinado 
a apurar a capacidade matrimonial dos nubentes. A prova de sua existência é 
exclusivamente documental, através de certidão extraída do assento público competente. 
A dissolução também exige um procedimento próprio e deliberação estatal. A prova de 
que o matrimônio se dissolveu também se faz por certidão, pouco importando a realidade 
dos fatos. Se os ex-cônjuges, depois de divorciados, retomam a convivência como se 
ainda casados fossem, tal fato jamais terá o condão de restaurar o casamento. 
A união estável, por sua vez, não exige formalidade, nem solenidade, mas pressupõe o 
fato da convivência pública e duradoura. A prova de sua existência é preponderantemente 
testemunhal, não obstante seja comumente corroborada por documentos, dentre os quais, 
e certamente o mais relevante, o contrato de convivência. Mas jamais o instrumento 
contratual poderá constituir a união estável, especialmente quando celebrado no início da 
convivência. O contrato prévio de união estável não tem eficácia enquanto as partes 
contratantes não concretizarem o efetivo convívio. No máximo exterioriza tratativas 
preliminares de um convívio futuro, que poderá se materializar ou não, assemelhando-se, 
nesse ponto, ao pacto antenupcial, que somente adquire eficácia após o casamento. Sua 
eficácia é condicionada, dependendo do implemento ulterior dos seus elementos 
caracterizadores. 
Uma união de fato, iniciada com ou sem contrato, tem o seu potencial de transformar-se 
ou não em uma união estável, a depender da presença dos demais elementos 
característicos. Essa aferição se fará sempre a posteriori, ao contrário do casamento, 
sempre a priori. 
A dissolução da união estável, tanto quanto a sua constituição, também decorre de um 
fato da vida, o fato da cessação da convivência, não exigindo qualquer procedimento ou 
formalidade. A separação de fato com animus de definitividade é quanto basta para 
dissolver a união, sem necessidade de interveniência do Estado. A prova da dissolução é 
também predominantemente testemunhal, podendo ser corroborada por outros elementos, 
como comprovante de residência em localidade diversa ou mesmo uma simples 
declaração de um dos conviventes de que cessou a convivência more uxorio. Todavia, 
nem mesmo o distrato formalizado de um contrato de união estável produzirá qualquer 
efeito desconstituidor se os distratantes continuarem a conviver de forma pública, 
contínua e duradoura, com o objetivo de constituição de família. 
5. A autora Tatiana Bonatti Peres afirma que “Não pode haver união estável com 
mesmo efeito de casamento sem manifestação de vontade, ...”. Quais os argumentos 
e fundamentos desta doutrinadora? Explique. 
Os argumentos da doutrinadora são que, a proteção do Estado à família independe de 
casamento ou de união estável formal, mas os efeitos patrimoniais do casamento 
dependem de manifestação de vontade. Há de se proteger o direito de casar, assim comoo direito de não casar. 
De modo que, a união estável por ela é entendida como o “direito de não casar”, devendo 
haver manifestação dos companheiros para que haja a configuração desta.

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