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Desenvolvimento Cognitivo Objetivos Compreender o desenvolvimento da linguagem como fator importante para o desenvolvimento da criança. Percepção da linguagem como fenômeno cognitivo para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita. Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Linguagem é um sistema de comunicação que envolve emissão de mensagem e sua compreensão por um receptor (LENT, 2001). A criança, ainda bebê, inicia sua comunicação expressando-se pelo olhar, expressão facial, sorriso, gestos. Aos poucos a criança desenvolve a capacidade de discriminação dos sons da fala. O surgimento da linguagem ocorre por diferenças no ritmo de desenvolvimento de cada indivíduo (estimulação da linguagem, condições emocionais, maturidade social, hereditariedade) (ZORZI, 1997). Áreas Cerebrais Cérebro – dois hemisférios com estruturas diferentes que operam em conjunto: Hemisfério Direito – Conteúdos não verbais Hemisfério Esquerdo – Conteúdos verbais Desenvolvimento da Linguagem (Fases): Pré-linguística: em que são vocalizados apenas sons pela criança, não há emissão de palavras. Segue presente até 11 ou 12 meses. Linguística: quando a criança começa a falar palavras isoladas. De Zero a 6 meses, como está a linguagem da criança? Reação aos estímulos ambientais de modo reflexo. Reação aos estímulos do ambiente com forma significativa. Sorriso e choro. Reações a vozes altas, principalmente às pouco conhecidas. Observa mão e acompanha na direção de sons novos. E aos 8 meses? A criança é capaz de produzir alguns sons diferentes. Utiliza sons silábicos como “ba ba ba” “da da”. Aos 10 ou 11 meses. A criança já emite sons como “mama” “papa” “da”. Vocaliza sons quando manipula objetos. Dos 12 aos 18 meses. Já responde a comandos verbais sem pistas visuais como dar tchau, bater palmas ao ouvir cantar parabéns. Olha quando é chamada pelo nome. 1 ano e meio a 2 anos de idade. A criança utiliza poucas palavras como “dá neném” “dá dede”. Responde “sim” e “não” e usa gestos com a cabeça ou dedinho para responder perguntas Já sabe falar cerca de 20 palavras. 2 anos de idade. Já consegue dizer frases curtas com duas palavras Sabe o nome de objetos do dia a dia. Fala aproximadamente 200 palavras. 3 anos de idade. É possível entender tudo o que a criança fala. Tem noção de “frente” e “trás”, conhece cores. Já consegue cantar pequenas canções. 4 e 5 anos de idade. A criança inventa histórias, compreendem regras de jogos simples, forma frases completas Consegue lembrar situações passadas. Identifica letras de seu nome.. 6 anos de idade. A criança tem noção temporal (manhã, tarde, noite) ontem e hoje Mantém uma conversa, tem interesse pela leitura e escrita, conta histórias com mais detalhes. Linguagem receptiva e linguagem expressiva Para que se efetue o processo de aquisição da linguagem é necessária uma relação intrínseca e recíproca entre: RECEPÇÃO: O que se ouve e compreende. EXPRESSÃO: Linguagem oral – capacidade de expressão – fala. Linguagem receptiva é responsável pela capacidade de compreender a palavra falada. Linguagem expressiva é a capacidade de se expressar, verbalmente ou não, após adquirir a compreensão da comunicação (SOARES, 2005). Desenvolvimento da linguagem Fatores intervenientes: Variados contextos sociais; Maturação neuropsicológica; Desenvolvimento cognitivo; Afetividade Cognição Tudo que se relaciona a aquisição, estocagem, recuperação e uso de conhecimento. São fenômenos cognitivos: Linguagem, percepção, atenção, memória, conceitos, crenças, raciocínio, emoções, tomadas de decisão, dentre outros. (Mousinho et al., 2008). Linguagem e Cognição Pensamos bastante por meio da linguagem, depois que desenvolvemos esta habilidade. A memória, a atenção e a percepção podem ter ganhos qualitativos com ela. Por exemplo, memorizamos melhor quando fazemos associações de ideias. Ela também ajuda na regulação do comportamento. Na infância, podemos observar o desenvolvimento da linguagem como apoio à cognição a partir dos dois anos, em média, principalmente por meio da forma como a criança brinca. Linguagem e comunicação O ser humano tem a intenção comunicativa, e pode comunicar-se de diversas formas diferentes, através de gestos, do olhar, de desenhos, da fala, entre outros. Assim, a estruturação da linguagem nos permite lançar mão de recursos cada vez mais sofisticados, a fim de aprimorar nossas possibilidades de comunicação (MOUSINHO et al., 2008). O desenvolvimento da linguagem inicia-se quando a mãe dá sentido, interpreta o choro, as ações, os sons e os gestos do bebê. A intenção comunicação existe nas mais diversas formas: Gestos, olhar, desenhos, fala entre outros. Aquisição da linguagem: 4 sistemas. Pragmático - que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto social; Fonológico - envolve a percepção e a produção de sons para formar palavras; Semântico - respeita as palavras e seu significado; Gramatical - compreende as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis. Linguagem; forma, conteúdo e uso. Forma: engloba a produção dos sons, como se emite o fonema, e também a estrutura da frase, se há todos os componentes e se a ordem é aceitável pela língua – níveis fonético-fonológico e morfossintático. Conteúdo: diz respeito aos significados, que podem estar na palavra, na frase ou no discurso mais amplo – nível semântico. Uso: refere-se ao uso social da língua; não basta emitir sons, estruturar uma frase e saber o significado, tem que adequar tudo isso ao contexto em que está sendo empregado – nível pragmático. Linguagem (...) É um conjunto arbitrário de símbolos utilizados para dar significado ao mundo e permitir a comunicação entre os indivíduos de uma espécie. (...) A linguagem é uma atividade cognitiva e comunicativa que se manifesta no comportamento da criança desde o primeiro ano de vida, por meio das suas ações sobre os outros e sobre o mundo. Áreas Cerebrais. A Escrita. A escrita tem sua origem quando o homem aprende a comunicar seus pensamentos, sentimentos, ideias por meio de signos compreensíveis por outros homens que sabem como funciona tal sistema de comunicação A escrita teve início com o desenho de imagens encontradas em cavernas que significavam o modo de comunicação da época. Fases da Escrita. Fase Pictórica: Desenhos ou pictogramas, identificadores daquilo que se quer representar. Representações simplificadas dos objetos da realidade. Pintura rupestre. Fase Ideográfica: São ideogramas, símbolos gráficos que representam uma ideia. Fase alfabética: Utilização de letras para comunicar informações, ideias e pensamentos. A escrita: Função comunicativa A escrita tem função comunicativa e propicia o armazenamento e a transmissão de informações e conhecimentos, deixando perdurando na memória da humanidade feitos e realizações. É uma habilidade fundamental para a inserção social, difunde cultura, registra fatos históricos, e conceitos da humanidade. Significa a relação entre um signo verbal e um signo gráfico. Significa a relação entre palavra falada, seu significado interiorizado e a palavra escrita. Escrita e seus processos Planejamento da mensagem. Geração de ideias, organização e revisão do que se pretende comunicar. Estruturação e construção sintática. Organização do texto com inserção de palavras funcionais. Escrita: Fatores envolvidos em sua aprendizagem. Relação entre letra e som (grafema e fonema). Correspondência quantitativa entre letras e sons. Variação na pronúncia das palavras. Posição de cada uma das letras no espaço gráfico. Direção da escrita (na língua portuguesa da esquerda para direita). Linearidade (uma letra escrita após a outra). Componentes essenciais: Compreensão – Leitura Produção – Escrita/grafia Concentração, visão de mundo, criatividade e inteligência. Sistema de escrita: Traços comuns. Traços contrastantes entre o fundo e a imagem da letra. Pequeno repertório de formas de base – sua combinação gera sons, sílabas e palavras. Os caracteres devem ser orientados no mesmo sentido, ou seja sequenciais. Apresentam espaços entre as palavras para formação do texto. Regularidade e correspondência unívoca e certas ambiguidades. Psicogênese da língua escrita. Emília Ferreiro e Ana Teberosky estabeleceram e definiram um percurso de desenvolvimento da escrita mesmo antes da escolaridade e ensino formal da leitura e da escrita. A escrita alfabética é construída pela criança e isso contribui para a compreensão da leitura. A Psicogênese da Língua Escrita apresenta hipóteses para construção da escrita. Psicogênese da linguagem escrita - Hipóteses/níveis 1º nível – Pré-silábico – Escrita indiferenciada, não há distinção entre desenho e escrita – em geral são traços ondulados ou pequenos círculos para imitar a escrita. O tamanho da escrita está ligado ao tamanho do que está representando. Realismo nominal – Coisas grandes escrevem-se com mais letras e coisas pequenas com menos letras. Não há valor sonoro para a escrita realizada. 2º nível - Pré-silábico - A forma de grafismo já está mais próxima das letras. Escrita diferenciada Surge a possibilidade de formas fixas, geralmente 3 caracteres. Ainda não há correspondência entre a escrita como representação da linguagem oral. 3º nível - Silábico - A criança para a tentar atribuir valor sonoro às letras, cada letra vale por uma sílaba, podendo utilizar apenas consoantes ou apenas vogais. Já escreve seu nome com reconhecimento. 4º nível – Silábico-alfabético - A criança descobre que a sílaba se escreve com mais de uma letra CV. 5º nível – Alfabético - A criança já compreende o funcionamento do sistema alfabético. A escrita das palavras já é completa, embora por vezes com dificuldades ortográficas. Exemplo: Cabelo, Tassa (taça), Fugão (fogão). Linguagem escrita - Abordagem cognitiva. A escrita é uma habilidade complexa e que envolve diversos componentes: ORTOGRAFIA – Codificação gráfica. GRAFIA – Elementos motores (coordenação motora fina, planejamento da escrita, fluência). COMPOSIÇÃO TEXTUAL/PRODUÇÃO TEXTUAL – Planejamento, construção de frases, parágrafos, revisão. Desenvolvimento da escrita - Estágios/Estratégias. LOGOGRÁFICO – Implica o reconhecimento das palavras por meio do desenho como um todo – A criança identifica de maneira global a palavra, não percebendo por vezes, a troca de letras FONOLÓGICO/ALFABÉTICO – A escrita passa a ficar sob controle dos sons da fala. A criança aprende o princípio da codificação na escrita (converter os sons da fala ouvidos ou apenas evocados em seus grafemas correspondentes). LEXICAL/ORTOGRÁFICO – A criança considera a palavra como uma unidade mínima e a escreve corretamente, partes da palavra podem identificadas diretamente. Também aprende que há palavras que envolvem irregularidade nas relações entre os grafemas e os fonemas. Linguagem escrita: A grafia. Ajuriaguerra (1988), afirma que a aquisição da escrita depende de níveis de desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor e enfatiza o desenvolvimento do grafismo infantil dividido em três fases: PRÉ-CALIGRÁFICA: a criança apresenta uma escrita inicial em que há uma evolução significativa da produção gráfica infantil, caracterizada inicialmente por traços e curvas deformados, tremidos e quebrados, passando a reprodução de letras mesmo que sem um tamanho uniforme. CALIGRÁFICA INFANTIL: há uma melhora gráfica, a escrita torna-se mais rápida e regular, com melhor organização na folha, uso de margens e imitação de modelos. PÓS-CALIGRÁFICA: escrita com características próprias do escritor. Escrita: Funções psicomotoras Escrever é uma habilidade complexa que compreende coordenação visomotora, processamento cognitivo de alto nível, habilidades perceptuais, sensação tátil e cenestésica, planejamento motor, organização espacial, controle temporal e integração da linguagem escrita (POLLOCK et al, 2009, p. 3). Funções psicomotoras: modulação do equilíbrio, lateralizarão, dominância homolateral, praxia fina (preensão correta do lápis no ato da escrita, orientação das letras no espaço, controle dos movimentos, firmeza e velocidade na escrita, tamanho das letras). O uso da escrita manual é uma competência importante. Para o domínio da habilidade da escrita é necessário à integração de componentes cognitivos e motores. Funções corporais contributivas para a escrita Habilidades visuais funcionais (capacidade de ver o mundo pelo que ele é): Habilidades - Acuidade, Claro/Escuro, Visão Binocular Impacto - Ver claramente o que está no papel; não há negligência de campo visual Funções Cognitivas Visuais Não Motoras (capacidade de “fazer sentido” daquilo que se vê): Habilidades - Discriminação Visual, Figura-Fundo, Memória Visual, Fechamento Visual, Constância de Forma, Relações Espaciais Impacto - Suporta a capacidade de ver com precisão: Perceber letras e palavras, Discriminar entre letras similares “b”, “d”, “p”, “q”, Recordar letras enquanto as formas. Funções Cognitivas Visuais Motoras (capacidade de escrever/copiar aquilo que se vê): Habilidades - Copiar no papel o que vê Planejar a organização de trabalhos escritos Impacto - Espaçar letras e palavras de forma apropriada. Organizar letras e palavras em relação a linhas e espaços Capacidade de integração sensorial e práxis: Habilidade (1) - Discriminação tátil propriocepção. Impacto (1) - Ajuste adequado do lápis na mão, manutenção da preensão adequada no lápis, preensão apropriada, formação de letras. Habilidade (2) - Vestibular postural. Impacto (2) - Capacidade de manter a cabeça erguida, postura para auxiliar a escrita, estabilidade proximal. Habilidade (3) - Vestibular ocular. Impacto (3) - Capacidade de estabilizar os olhos para copiar de um ponto longínquo. Habilidade (4) - Coordenação Bilateral. Impacto (4) - Estabilização do papel com a mão não dominante. Controle Neuromotor. Habilidade – Sinergias musculares, tônus. Impacto – Tônus adequado, força e resistência adequadas. Atenção à escrita Tanto na captura de informação visual daquilo que será escrito ou copiado, como na produção do traçado da escrita e produção textual, a atenção é fator importante para realização da tarefa. A atenção viabiliza o processamento da informação, pensamentos ou produção de ações motoras. A linguagem oral e a linguagem escrita são práticas que utilizam o mesmo sistema linguístico. A escrita é uma tarefa funcional necessária para a comunicação. Também é uma habilidade complexa que demanda coordenação visomotora, modo de preensão, processamento cognitivo e planejamento para escrita textual. Alfabetização Processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e de escrita. (SOARES, 1985) Compreende o aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação, definida como um processo no qual não se resume apenas à aquisição de habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas da capacidade de interpretar, compreender, criticar, ressignificar e produzir conhecimento (MOTA, 2011) Métodos de alfabetização Aspectos ao ponto de partida. SINTÉTICO - Os procedimentos iniciam da “parte” para o “todo”, as unidades menores servem de ponto de partida (letras, sons das letras, sílabas) para se chegar a unidade de significado (palavra/texto). ANALÍTICO - Os procedimentos iniciam com a apresentação das unidades de significado (palavras, frases ou textos), ou seja do “todo” para a “parte”. Aspectos à unidademínima de análise entre fala e escrita. GLOBAL - Tem como princípio o ensino do todo para as partes. Lê-s a palavra em um contexto, frase, pequeno texto. SILÁBICO - A sílaba é a unidade principal. Apresenta-se ao aluno as sílabas "simples" (com duas letras) e, em seguida, as "complexas" (com mais de duas letras. FÔNICO - O fundamental é ensinar a relação entre som e escrita. Inicia-se ensinando os sons das vogais e, em seguida, das consoantes. Fonemas e Grafemas Aspectos ao tipo de estimulação sensorial ativa, engajada e intencional MULTISSENSORIAL - São utilizados estímulos sensoriais.Tátil, sinestésico, Estimulação fonoarticulatória, Audição e visão. TRADICIONAL - São utilizadas visão e audição. A criança vê a escrita e ouve o seu correspondente oral. Classificação dos métodos da alfabetização - Sintese SINTÉTICO - Os procedimentos iniciam da “parte” para o “todo”: Silábico, alfabético e fônico. ANALÍTICO - Os procedimentos iniciam do “todo” para a “parte”: Palavração, sentenciação e Global. Alfabetização: História. 1º momento (1876 a 1890) – Disputa entre defensores do então ‘novo método’ da palavração e o dos ‘antigos’ métodos sintéticos (alfabético, fônico, silábico); 2º momento (1890 a meados de década de 1920) – Disputa entre defensores do então ‘novo’ método analítico e o dos ‘antigos’ métodos sintéticos; 3º momento (meados dos anos de 1920 a final da década de 1970) – Disputa entre defensores dos ‘antigos’ métodos de alfabetização (sintéticos e analíticos) e os dos então ‘novos’ testes ABC para verificação da maturidade necessária ao aprendizado da leitura e escrita, de que decorre a introdução dos ‘novos’ métodos mistos; 4º momento (meados da década de 1980 a 1994) – Disputa entre os defensores da então ‘nova’ perspectiva construtivista e os dos ‘antigos’ testes de maturidade e dos ‘antigos’ métodos de alfabetização (MORTATTI, 2008, p. 95-96); A partir de 1997 – Implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais pelo MEC, onde a ênfase está no aprendiz, a criança elabora hipóteses e constrói seu conhecimento. Há utilização do Método Global ou Ideovisual (método analítico); Século XXI – Novas pesquisas à luz da psicologia cognitiva têm sido realizadas e propostas de alfabetização segundo essa abordagem estão sendo implementadas. Alfabetização – O Processo, A criança precisa aprender o mecanismo básico de que a escrita mapeia a fala e como se deve ler e escrever e assim, chegar na proficiência. Compreender o princípio alfabético, o que significa? A identificação de uma notação escrita é anterior ao domínio do processo de escrever: o leitor iniciante sabe que é uma escrita, que não é um desenho, mesmo sem saber escrever. Ter a compreensão de que na escrita alfabética todas as palavras são representadas por combinações de um número limitado de símbolos visuais, as letras, e que estas codificam os fonemas, requer da criança um nível de raciocínio conceptual bastante sofisticado. A criança terá que ter uma ideia geral do que fazer para se ler e da estrutura do código escrito, para conseguir praticar, de uma forma integrada, todo o conjunto de operações inerentes à destreza da leitura. No entanto, a construção, por parte da criança, de uma representação alfabética da escrita é uma tarefa conceitual de enorme complexidade, a qual deriva do fato de a criança tem que ser capaz de articular competências relativas à análise explícita das palavras nos seus segmentos fonêmicos com conhecimentos relativos aos nomes das letras. A criança necessita entender a relação estabelecida entre fala e escrita e conhecer o sistema de regras da escrita. A fala, a leitura e a escrita não podem ser consideradas como funções autônomas e isoladas, mas sim como manifestações de um mesmo sistema, que é o sistema funcional. Estas resultam do harmônico desenvolvimento e da integração de várias funções que servem de base ao sistema funcional desde o início de sua organização Para que a leitura e a escrita sejam iniciadas, faz-se necessária a prontidão para o processo de alfabetização, ou seja, o preparo depende de uma complexa integração de processos neurológicos e do desenvolvimento de habilidades básicas. Prontidão para alfabetização. PERCEPÇÃO – Visual, auditivo, tátil, olfativo e gustativo. ESQUEMA CORPORAL. LATERALIDADE – Preferência neurológica que se tem por um lado do corpo, no que se refere a mão, pé, olho e ouvido. ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL – Noções de posição. COORDENAÇÃO VISOMOTORA – Integração entre os movimentos do corpo (globais e específicos e a visão) - Coordenação motora global e fina. RITMO – Noção de duração e sucessão, no que se refere à percepção dos sons no tempo. ANÁLISE E SÍNTESE VISUAL E AUDITIVA – Habilidade que a criança precisa ter de visualizar o todo, dividi-lo em partes e depois juntá-las para voltar ao todo. HABILIDADES VISUAIS – Discriminação de semelhanças e diferenças, de formas e tamanhos, desenvolver a percepção figura-fundo e a memória visual. HABILIDADES AUDITIVAS – Discriminação auditiva de sons. MEMÓRIA CINESTÉSICA – Capacidade de retenção dos movimentos motores necessários à realização gráfica. LINGUAGEM ORAL – Ampliação do repertório vocabular verbal. SENSORIAL INTEGRIDADE SENSORIAL - Estar com os sentidos em sua plenitude de funcionamento INTEGRAÇÃO SENSORIAL - Processo neurológico que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente e torna possível a utilização do corpo de forma eficaz no ambiente. Níveis de desenvolvimento do processo de alfabetização. O processo de alfabetização tem objetivo que ler é compreender, e o objetivo de escrever é comunicar, aprender a ler e escrever, ocorre quando o aluno adquire o nível de fluência necessário para ter um mínimo de autonomia na leitura e escrita. Para o processo de alfabetização, há necessidade do ensino de 3 competências em níveis progressivamente mais elaborados: Nível 1 - Decodificar, isto é, produzir o som da palavra indicado pelas letras. COMPETÊNCIA DE ESCRITA: Caligrafia: escrever de forma legível e com fluência. Nível 2 - Identificar automaticamente a palavra. COMPETÊNCIA DE ESCRITA: Ortografia: escrever respeitando regras ortográficas. Nível 3 - Ler com fluência. COMPETÊNCIA DE ESCRITA: Sintaxe: escrever frases com sentido e ordenação adequada Habilidade metalinguística e alfabetização. Reflexão consciente sobre os diferentes níveis do sistema linguístico. Consciência explícita das estruturas linguísticas. Expressão que nomeia diferentes tipos de habilidades para segmentar e manipular as diversas unidades que constituem a fala (palavras, sílabas e fonemas); para separar as palavras de seus referentes (diferenciação entre significado e significante); para perceber semelhanças sonoras entre palavras e para julgar a coerência semântica e sintática dos enunciados. Habilidade Metalinguística é a capacidade de pensar a própria língua. Consciência fonológica. Habilidade de refletir e manipular os segmentos da fala Operar com rimas, aliteração, sílabas e fonemas (contar, segmentar, unir, adicionar, suprimir, substituir e transpor) Exemplos de atividades: O navio está levando um melão (mamão, sabão, cão, pão, avião...) Na casa tem um sapato (rato, pato, gato, retrato...) Consciência sintática. Habilidade de refletir e manipular mentalmente a estrutura gramatical das sentenças. A consciência sintática possibilita que as crianças focalizem as palavras enquanto categorias gramaticais e sua posição na frase, o que, por sua vez, aumenta sua capacidade de identificação e produção de palavras escritas. Identificar e refletir sobre a organização dos elementos linguísticos na frase. Exemplo de atividade: Correção gramatical: Cinderela é feio. Ontem eu comemos bife. Refrigerante o bebi eu. Anita gosta de sorvete. Consciência morfológica.Habilidade de manipular e refletir sobre as estruturas morfológicas da língua. Capacidade de refletir sobre o significado das palavras e seu processo de formação. Exemplo de atividade: Qual a palavra escondida em TRISTEZA? (triste – morfema base). SONHADOR? (sonho ) Palavras da mesma família – CASA (casinha, casarão, casebre, casario...). CANTAR (cantava, cantaria, cantor, canto,...). Analogia de palavras – CABELO, cabeleireiro, cabeleira. DANÇAR – dançava, dançarina, Como se dá a leitura? A leitura está baseada no reconhecimento dos símbolos (letras/grafemas) que representam unidades que formam palavras no sistema de escrita. Reconhecimento de que cada unidade escrita corresponde a uma unidade sonora (fonema). O processo de leitura é dependente: da decodificação de palavras; da fluência; e da compreensão escrita. Compreensão do princípio alfabético - Fatores. Consciência da possibilidade de segmentação da língua falada em unidades distintas. Consciência de que as unidades podem repetir-se em diferentes palavras. Conhecimento da correspondência grafofonêmica. Leitura. O sistema de leitura é construído de modo progressivo com base na capacidade de transformar letras em sons, bem como na habilidade de refletir sobre a linguagem, como dito anteriormente sobre habilidades metalinguísticas, até chegar à compreensão textual. Conjunto de processos perceptivos que permitem com que o sinal gráfico (letra) deixe de ser obstáculo à compreensão da mensagem escrita. Dahaene (2012) assevera que todo processo de leitura é iniciado na retina, na fóvea, região central da retina do olho onde se forma a imagem que será transmitida ao cérebro. A leitura é feita por sacadas oculares, que são capazes de ler cerca de sete a nove letras em uma fixação de olhar. A leitura é uma habilidade que se aprende, logo, a criança não nasce com ela. Para a leitura eficiente é necessário analisar desde os traços que constituem as letras e a direção desses traços (vertical ‒ horizontal) até a diferença entre esquerda e direita. Exemplo: “p”, “b”, “q” e “d” são grafemas constituídos pelos mesmos traços, porém em direções diferentes. Na leitura, são traços aparentemente insignificantes, mas apontam valores sonoros diferentes. Por isso, dependendo do traçado no papel, apontam para escrita e leitura de palavras diferentes como pato/bato/dato. Exemplos de atividades que podem favorecer a percepção da diferença entre traços: linhas, curvas e retas e a direção desses traços. Riscar as letras com o dedo na areia. Desenhar no ar os traços para que a criança descubra a letra. Reproduzir o traçado das letras com massa de modelar. Descobrir as letras pelo tato. Na leitura, além do reconhecimento da palavra, supõe-se a compreensão do texto lido, processo cognitivo igualmente complexo. O reconhecimento das palavras é condição necessária, porém insuficiente para compreensão de um texto (ALÉGRIA, LEYBAERT e MOUSTY, 1997), até porque a compreensão da leitura requer capacidades cognitivas, como inferências. (BRAIBANT, 1997). Modelo de dupla-rota (Ellis e Young 1988) Neste modelo de processamento da informação e leitura, ocorrem os processamentos fonológicos e lexicais. Rota lexical - O reconhecimento da ortografia da palavra frequente e familiar permite o acesso direto ao significado armazenado na memória semântica a partir das letras impressas. Rota fonológica - O reconhecimento da palavra supõe a transformação das unidades ortográficas em sons, a conversão grafema fonema, havendo um acesso indireto ao significado, já que é mediado fonologicamente. Processo de Leitura por estágios – Frith (1985). Logográfico - Reconhecimento instantâneo de palavras familiares. As principais características gráficas atuam como pistas importantes nesse processo, e a ordem dasletras pode ser, em grande parte, ignorada. Alfabético/fonológico - A ordem das letras e os fatores fonológicos desempenham um papel crucial. O princípio alfabético é uma habilidade analítica que envolve o conhecimento do alfabeto, o domínio metafonológico e a relação entre eles, permitindo que o leitor pronuncie palavras novas e sem sentido. Ortográfico/lexical - Análise instantânea de palavras em unidades ortográficas sem conversão fonológica, permitindo a leitura de palavras irregulares. O acesso à palavra na memória e sua significação ocorrem graças a uma análise linguística que obedece a certas regras. Fatores que influenciam o reconhecimento de palavras. 1. Familiaridade – As palavras já conhecidas são mais facilmente percebidas que aquelas desconhecidas ou pseudopalavras (palavras falsas). 2. Frequência – Palavras de alta frequência no vocabulário de uma criança são mais facilmente reconhecidas que as de baixa frequência. 3. Idade de aquisição – Palavras aprendidas cedo na vida podem ser reconhecidas mais facilmente. 4. Repetição – Quanto mais vezes uma palavra for usada, mais fácil será a sua leitura. 5. Significado e contexto – Palavras relacionadas são lidas mais facilmente, bem como aquelas que estão em harmonia com o contexto no qual estão inseridas. 6. Regularidade de correspondência entre ortografia e som – Palavras em que há consistência entre ortografia e pronúncia são lidas mais rapidamente que aquelas em que essa relação é inconsistente. Compreensão de texto. A compreensão de leitura requer habilidades linguísticas e capacidades cognitivas como a elaboração de inferências linguísticas, conhecimento do vocabulário, da sintaxe, entre outras, bem como memória de trabalho, decodificação, vocabulário, metacognição, capacidade de realizar inferências. (BRAIBANT ,1997) Para compreensão leitora, vários processos cognitivos devem atuar de modo integrado: Processamento da palavra individualmente. Identificação e acesso a representações fonológicas, ortográficas e semânticas. Processamento e conexão de ideias para construção da compreensão “Para haver compreensão em leitura faz-se necessário o uso de habilidades cognitivas que envolvem a realização de inferências do conteúdo lido, o domínio linguístico e semântico e o conhecimento do vocabulário.” (OLIVEIRA; LÚCIO; MIGUEL, 2016) Na compreensão do texto, a representação mental precisa ser construída de modo ativo pelo sujeito, porque a construção de uma representação mental significativa exige que o sujeito tenha um conhecimento prévio sobre o assunto e um conjunto de crenças, motivações ou atitudes em relação a ele. O foco para compreensão são o conhecimento de mundo do leitor, os elementos textuais e a coordenação de componentes de forma e conteúdo. 3 níveis de representação do discurso. 1. A estrutura de superfície (palavras e sintagmas utilizados no texto), na qual há preservação das palavras exatas e da sintaxe das orações. 2. O conteúdo semântico local (microestrutura), que abrange detalhes menos relevantes, correspondendo às representações semânticas (proposições) estabelecidas para sentenças ou sequências de sentenças. É responsável pela organização sequencial e pela coerência do discurso e o conteúdo semântico global (macroestrutura) que abarca as ideias essenciais do texto. Refere-se ao significado global do discurso, implicando as relações explícitas e implícitas entre suas proposições. 3. O modelo de situação, que é uma representação mental daquilo que é explicitamente mencionado ou inferencialmente sugerido no texto. (KINTSCH e VAN DIJK, 1978, citado por MENDES, 2015, p.19-20) Processo de compreensão de texto - Fases (Kintsch, 1998). Fase de construção: trata da construção de um modelo mental de acordo com o significado das palavras e das proposições do texto. Fase de integração: mesmo sendo de natureza local, constitui-se de forma global quando novas informações vão integrando-se à composição do texto. Macroestrutura (inferências a partir do texto): Trata de uma composiçãode significados que possibilita a identificação dos elementos fundamentais do texto. Permite capturar o enredo do texto e sua estrutura global. Microestrutura (vocabulário e gramática): Tornam possível o início da compreensão textual, visto que os significados das palavras devem ser combinados formando unidades de ideias que se relacionam numa rede de conexões. Compreensão de leitura. É dependente da ativação de relevantes conhecimentos que estão relacionados ao desenvolvimento do vocabulário, da linguagem oral, das habilidades linguísticas, das habilidades de memória, da capacidade de realizar inferências e da experiência de mundo de cada indivíduo. A extração de significado se realiza a partir das estruturas sintáticas e consiste em determinar os papéis do agente da ação, do objeto da ação, do lugar em que ocorre a ação, etc. As inferências são necessárias para a extração do significado. Também são necessárias no processo de integração da informação na memória, porque é necessário identificar com o que a informação prévia deve se conectar. (OLIVEIRA e CAPELLINI, 2014) A compreensão leitora caracteriza um processo mental no qual a informação provida pelo texto é sintetizada e integrada pelo leitor ao seu conhecimento prévio Estratégias de leitura. Técnicas ou métodos que os leitores usam para adquirir a informação ou, ainda, procedimentos ou atividades escolhidas para facilitar o processo de compreensão em leitura. As estratégias de leitura também auxiliam no estudo, favorecendo a obtenção de um nível de compreensão melhor. Exigem participação ativa do leitor. Sugestões de atividades para desenvolvimento da compreensão de leitura: Focar a atenção nas ideias principais. Perguntar qual foi o entendimento. Relacionar o conhecimento prévio com nova informação. Estratégias de leitura (KLEIMAN, 2004; SOLÉ, 2007; SMITH, 1999) Elaborar hipótese de leitura. Estabelecer objetivos de leitura. Buscar os significados de palavras desconhecidas, levando em consideração o contexto. Verificar se a compreensão ocorre, utilizando areleitura e a reescrita. Elaborar inferências. Perceber e compreender o que e por que tem de ler. Identificar o tema e a ideia principal. Elaborar resumo do texto. Avaliar atitudes de personagens, refletir sobre o texto. Estratégias de leitura (SOLÉ, 1998) Estratégias antes da leitura Motivação. Definição de um objetivo. Ativação de conhecimentos prévios. Previsões sobre o texto. Estratégias durante a leitura Fluência na leitura. Autorregulação. Autoavaliação. Inferência. Predição. Estratégias após a leitura Identificação da ideia principal. Sumarização. Leitura – Estrutura Neurológica As estruturas encontram-se principalmente no hemisfério esquerdo do cérebro. A ‒ Área visual primária, situada nos lobos occipitais de ambos os hemisférios, que é ativada inicialmente durante a visualização da palavra a ser lida. B ‒ Porção posterior do giro temporal superior e dos giros angular e supramarginal, que são ativados principalmente durante o processo de análise fonológica de uma palavra, ou seja, na segmentação das unidades que a compõe. C ‒ Junção dos lobos temporal (mais inferiormente) e occipital, que são considerados áreas secundárias da visão, destacando-se mais especificamente os giros lingual e fusiforme, além de partes do temporal médio, que são ativados principalmente durante o ato da análise visual da palavra, permitindo uma interpretação direta da palavra, ou seja, é efetuada uma transferência direta da análise ortográfica para o significado. D - Área de Broca, participando no processo de decodificação fonológica. Está no córtex pré-frontal ventrolateral. Fundamentos histórico-culturais para o ensino da matemática. Por que o psicopedagogo precisa conhecê-los? A disciplina Cognição e Desenvolvimento do Raciocínio Lógico-Matemático tem como foco o estudo das questões educacionais relacionadas à aquisição dos elementos matemáticos necessários à compreensão e práxis do psicopedagogo. Saber a dificuldade cognitiva lógico-matemática. Fantasma (medo da matemática). Você já se curou desse medo? Traumas da infância. A origem da linguagem matemática. Orientar os docentes. O ser humano é único. Como os povos primitivos contavam? OSSOS Foi encontrado um osso com 55 incisões profundas. Os riscos estavam dispostos em grupos de cinco. Isso há mais de 30 mil anos! PEDRAS Há muito tempo atrás, o pastor soltava suas ovelhas no pasto. Para saber quantas ovelhas tinha, ele fazia o seguinte: a cada ovelha do seu rebanho ele associava uma pedrinha e a guardava num saquinho. Quando ia recolher o rebanho, retirava uma pedrinha do saco para cada ovelha que encontrava. Assim, cada pedrinha retirada correspondia a uma ovelha. No final da contagem, se sobrasse pedrinha no saquinho, era porque alguma ovelha havia se extraviado. CORDAS Os homens não usavam apenas pedrinhas em contagens: eles também registravam números fazendo nós em cordas. Sistema de numeração egípcia. O sistema de numeração adotado pelos egípcios era baseado no numero 10. Para descobrirmos a origem dos números, é necessário conhecermos um pouco da história da humanidade. O número foi criado pela necessidade de registrar quantidades de objetos concretos e não pela necessidade de facilitar o desenvolvimento abstrato da aritmética. Tudo começou na Babilônia. Atualmente, ainda existem homens incapazes de conceber qualquer número abstrato e que não sabem nem que dois e dois agrupam-se em quatro. Um exemplo disso são as inúmeras hordas primitivas, tais como: o caso dos Zulus e dos Pigmeus na África, dos Arandae e dos Kamilarai, da Austrália, segundo Eves (2004). As civilizações e seus sistemas de numeração Os sumérios, povo que habitava uma região que hoje corresponde ao Iraque, registravam suas informações contábeis sobre placas de argila. Essa escrita foi de forma cuneiforme, ou seja, com uma grafia angulosa feita com instrumento pontiagudo. De acordo com os estudos realizados, alguns historiadores chegaram à conclusão que o sistema de numeração deles era aditivo e sexagesimal, ou seja, realizado na base 60, o que contribui até os dias de hoje na contagem do nosso tempo cronológico. Sistema de numeração dos babilônios herdados dos sumérios Este é um exemplo de um sistema posicional. Os babilônios não tinham um dígito para o valor zero. Em seu lugar, era deixado um espaço vago para representar o “nada”. Sistema de numeração chinesa – Sistema Números Floridos Nesse sistema, a base é decimal e possui símbolos específicos para os números de 1 a 9 e para as potências da base 10 até 10.000. A leitura era realizada na vertical. Esse sistema recebe o nome de Sistema Números Floridos, sendo utilizado até os dias de hoje. Antigo sistema de contagem do povos peruanos - Quipus. Os antigos povos peruanos se utilizavam do sistema de contagem QUIPUS: um conjunto de cordas com nós, um sistema de base decimal, distribuído em casas decimais em linhas verticais, sendo que a ordem das casas decimais decresce de cima para baixo de acordo com o número representado. As casas vazias representam o zero. Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN Mostrar a importância da notação simbólica (linguagem) na constituição das formas e estruturas matemáticas, no processo histórico de construção dos objetos matemáticos por diferentes culturas. Contribui para a contextualização da matemática, já que muitos de seus conceitos surgiram por necessidade de outras ciências. A descoberta do Número zero (0). Finalmente, em 500 d.C., surgiu um sistema numérico que incluía um símbolo para zero. Os números foram criados do 1 ao 9 e somente depois foi aceito o númerozero para representar a ausência de quantidades no sistema decimal. A criação de um símbolo para o nada, ou seja, o zero foi uma das grandes invenções dos hindus. Nos mil anos seguintes, os numerais hindu-arábicos se espalharam em popularidade. Eventualmente, eles adotaram a escrita latina e se transformaram nos dígitos que conhecemos hoje como: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. Reflexão O ensino de Matemática costuma provocar duas sensações contraditórias, tanto por parte de quem ensina, como por parte de quem aprende: o De um lado, a constatação de que se trata de uma área de conhecimento importante. o De outro, a insatisfação diante dos resultados negativos obtidos, com muita frequência, em relação à sua aprendizagem. A matemática está presente em nosso dia a dia de tal forma que não podemos, não devemos e, certamente, não queremos nos distanciar dela. As funções mais rotineiras de nossa vida têm sido realizadas por computadores: desde uma conta até o controle de nosso dinheiro no banco, nosso pagamento de salário e muitas outras atividades são controlados por máquinas que, por sua vez, são apoiadas na matemática. Visão platonista Manifesta-se por meio da apresentação dos objetos ideais e das relações verdadeiras que existem entre eles. Nesse caso, aos alunos cabe compreender tais objetos e proposições, ou seja, essa perspectiva supõe uma sala de aula na qual os alunos assumem uma postura passiva, diante de aulas expositivas durante as quais os conhecimentos matemáticos são expostos como verdades incontestáveis. Visão formalista Pode ser observada quando o professor parte de um exemplo familiar para os alunos e procura abstrair dali os conteúdos matemáticos para sistematizá-los. A organização do currículo de forma linear, cada conteúdo precedido de seus pré-requisitos, também mostra essa influência, assim como o trabalho com ênfase em aplicações de fórmulas e repetição de procedimentos. Visão intuicionista A visão intuicionista da matemática está presente na sala de aula quando o professor apresenta o conhecimento como fruto de inspirações de alguns poucos gênios das ciências, fato este que pode contribuir para reforçar uma crença de que a matemática é um conhecimento inatingível para as pessoas comuns por apresentar demasiada complexidade. Movimento da Matemática Moderna no Brasil Nas décadas de 1960 e 1970, o ensino sofreu forte influência do Movimento da Matemática Moderna, sendo que no Brasil essa influência também predominou. Esse movimento tinha como foco a formação do pensamento científico e tecnológico, com o propósito de modernizar o ensino da matemática. Diagnóstico psicopedagógico Todo diagnóstico psicopedagógico é uma investigação do que não vai bem com o sujeito nas áreas afetiva, cognitiva, social e motora. É uma investigação que possui especificidade própria, pois se pretende descobrir a forma de aprender desse sujeito e onde estão os obstáculos e desvios que impedem o sujeito de crescer na aprendizagem. Para se chegar aos possíveis diagnósticos ou hipóteses diagnósticas, é necessária uma avaliação inicial. Para uma avaliação é muito importante a escolha, organização e sistematização dos instrumentos e os materiais que serão utilizados. Precisamos de tudo isso para propor uma intervenção mais diretiva, assertiva, que contribua com o progresso do sujeito. Devemos avaliar as competências necessárias para aprendizagem da matemática Leitura e escrita dos números. Identificar quantidades. Sequências numéricas crescentes e decrescentes. Comparação de grandeza numérica (maior e menor). Cálculos armados e a serem armados. Resolução de problemas matemáticos. Temos de observar como a criança constrói sua lógica operatória, e, consequentemente, as estruturas mentais dos números e das operações. Na educação infantil, espera-se que a criança tenha desenvolvido: Processamento verbal da informação; Compreender instruções: um de cada vez ou um, dois… o que falta, o que está a mais, …; Compreender quantidades (alguns, muito, nenhum, pouco, todos, quantos sobraram, não há mais, o que restou…); Correspondência um a um; Categorizar: cor – forma – tamanho; Conceito de tamanho (grande, pequeno, maior, menor, gordo, magro); Conceito temporal – primeiro e último; Percepção sensorial; Reconhecimento e produção de números; Representação número/símbolo; Discriminação viso-espacial; Memória de curto e longo prazo; Atenção; Esquemas mentais de: classificação, comparação, conservação, correspondência, inclusão, sequenciação e seriação; Compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e pequeno, menos que, e mais que; Reconhecer números de 0 a 9; Contagem sequencial até 10; Nomear e reproduzir formas e figuras. Dificuldades caso não tenha as habilidades acima: Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos, insucesso ao enumerar objetos reais ou em imagens. A partir de 6 anos espera-se que a criança tenha todo conhecimento acima mais: A capacidade de agrupar objetos de 10 em 10; Conheça o conceito numérico de 0 a 99; Saiba qual o sucessor e antecessor; Conhecimento de hora; Capacidade para resolver problemas simples utilizando a estratégias próprias; Capacidade de realizar cálculos mentais simples. A partir de 9 anos, que a criança seja capaz de entender: Medidas simples; Nomear o valor do dinheiro; Sistema de Numeração Decimal; Contar de 2 em 2, 5 em 5, 10 em 10; Compreender números ordinais; Resolver problemas simples utilizando cálculos; Executar operações matemáticas básicas; Compreender meios e quartos; Cálculos Mentais. A partir de 10 anos, que a criança seja capaz de entender tudo acima mais: Frações; Separar e dividir. Se alguns desses processos acima estiverem comprometidos, a criança terá dificuldade em lidar com a matemática com autonomia, com raciocínio, terá dificuldade na leitura e escrita dos símbolos matemáticos. Discalculia A discalculia é um problema causado por má formação neurológica e que se manifesta como uma dificuldade no aprendizado dos números. Portadores de discalculia são incapazes de identificar sinais matemáticos, montar operações, classificar números, entender princípios de medida, seguir sequências, compreender conceitos matemáticos, relacionar o valor de moedas, entre outros. A dislexia aparece como uma disfunção neuronal no sulco intraparietal neuronal do cérebro. Quando devemos excluir a discalculia, de acordo com DSM 5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)? Em casos de deficiências intelectuais. Acuidade visual ou auditiva não corrigida. Transtornos mentais ou neurológicos. Adversidade psicossocial. Falta de proficiência na língua de instrução acadêmica. Instrução educacional inadequada. Adversidade psicossocial Mãe tratada com violência na gravidez. Uso de álcool e/ou drogas na gravidez. Uso de álcool e/ou drogas por familiar. Mãe com humor depressivo. Separação ou divórcio dos pais. Familiar aprisionado. Pobreza. Violência Infantil. Quando devemos considerar ser discalculia? Segundo DSM 5: (....) 5. Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculos (p. ex., entende números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações). 6. Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas quantitativos). INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO Avaliação Neuropsicológica – Leitura, Escrita e Aritmética (SEABRA, 2013). Avaliadistintos aspectos da competência aritmética: Leitura e escrita dos números, algebricamente. Leitura e escrita dos números, por extenso. Contagem. Sequências numéricas crescentes e decrescentes. Comparação de grandeza numérica (maior e menor). Cálculos montados. Cálculos orais que devem ser montados. Resolução de problemas matemáticos Proposta de Avaliação das Dificuldades Escolares. Anos Iniciais e Ensino Fundamental. Stella Maris Cortez Bacha e Maria Rita F. Toledo Volpe Avalia distintos aspectos da competência aritmética: Leitura e escrita dos números, algebricamente. Leitura e escrita dos números, por extenso. Contagem. Sequências numéricas crescentes e decrescentes. Comparação de grandeza numérica (maior e menor). Cálculos que devem ser armados. Sistema de numeração decimal – composição e decomposição. Resolução de problemas matemáticos. Coruja PROMOMAT. Mônica Cristina Andrade Weinstein. Sondagem das habilidades matemáticas nos anos iniciais do ensino fundamental, do 1º ao 5º ano. Verifica se as competências numéricas básicas foram adquiridas e, em caso de defasagem na aquisição dessas competências, indica a(s) área(s) de concentração das dificuldades. Provas operatórias de Piaget Os estágios de desenvolvimento humano estudados por Jean Piaget devem ser respeitados. Devemos saber em qual estágio se encontra nosso aluno: Estágio sensor-motor. Estágio pré-operatório. Estágio operatório concreto. Estágio operatório formal. A aplicação das provas operatórias tem como objetivo investigar o nível cognitivo em que a criança se encontra e se há defasagem em relação a sua idade cronológica, nível cognitivo ou estrutura mental, e é indispensável para a explicação dos processos e das características que se vão formando ao longo do desenvolvimento da criança. As provas operatórias partem de um método de conversação livre com a criança sobre um tema dirigido pelo interrogador, que segue as respostas da criança e lhe pede que justifique o que diz. Interrogar o sujeito frente aos fenômenos observáveis e/ou manipuláveis a partir dos quais se leva o sujeito a raciocinar. O Diagnóstico Operatório na Prática Psicopedagógica (LIVRO I e II) Metodologias para educação Matemática no Brasil A matemática é a ciência base de várias áreas do conhecimento, sendo, portanto, fundamental seu domínio para desenvolvermos o pensamento lógico. Piaget, ao realizar suas pesquisas, encontrou resultados notáveis ao processo de aprendizagem. Descobriu que as crianças não aprendem a noção de número através da educação formal e sim que, por si mesmas, constroem esses conceitos, independente e espontaneamente. A compreensão só ocorre com o desenvolvimento intelectual, que consiste no processo pela qual passam as estruturas mentais. Quem disse que calcular é fácil? O cálculo é uma função cerebral complexa! Em uma operação aritmética simples, vários mecanismos cognitivos são envolvidos: Processamento verbal da informação. Percepção. Reconhecimento e produção de números. Representação número/símbolo. Discriminação visuoespacial. Memória de curto e longo prazo. Raciocínio sintático. Atenção. Manipulando objetos, serão trabalhados os setes esquemas mentais básicos para a aprendizagem da matemática: Classificação. Comparação. Conservação. Correspondência. Inclusão. Sequenciação. Seriação. Celso Antunes diz que a coordenação manual parece ser a forma como o cérebro busca materializar e operacionalizar os símbolos matemáticos! Coordenação manual 6 – 7 anos – Ordenação Os números, no cérebro, são representados ordenadamente nos lobos parietais em ambos os hemisférios. Esse tipo de representação permite às pessoas imaginarem os números distribuídos ordenadamente sobre uma linha, que é chamada de linha mental dos números. Para facilitar as crianças a desenvolver sua linha mental de números, várias atividades devem trabalhar a ordenação dos números fazendo com que ela complete sequências numéricas que se distribuem ordenadamente no espaço, em séries crescentes ou decrescentes. 8 – 9 anos – Contagem por blocos As estratégias para solução da multiplicação e divisão envolvem o processo de contagem numérica por blocos, que suporta a contagem por múltiplos. Contagem por múltiplos O processo de contagem por blocos é um aprimoramento da evolução humana como consequência da capacidade de identificação simultânea de objetos em blocos. Somos capazes de olhar conjuntos de objetos em blocos de 2, 3, 4, 5 e até mesmo 6 elementos, dependendo de como eles se dispõem espacialmente. É por isso que o jogo de dominó utiliza peças com até seis elementos. Por isso, antes de introduzir as operações de multiplicação e divisão, é necessário assegurar-se de que a criança está dominando a contagem de números múltiplos. 9 – 10 anos – Manuseando medidas A noção de distância está intimamente associada à nossa capacidade motora. É através do esforço motor para alcançar alguma coisa, para localizar um objeto ou ir a algum lugar, que classificamos as distâncias em muito perto, perto, a meio caminho, longe, muito longe, etc. São as chamadas distâncias relativas. 10 – 11 anos – A imaginação e a matemática A noção de frações está ligada aos processos mentais de separar ou dividir o todo. A compreensão da noção de frações requer, portanto, o domínio de um processo de simulação das operações de dividir ou separar adequadamente o todo, de modo a facilitar a quantificação das partes resultantes. A aprendizagem deve se dar através de uma linguagem afetivo- emocional, Pré-requisito para o desenvolvimento e processo educativo. Se, após uma avaliação, percebemos que as estruturas lógicas não estão de acordo com o estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra, temos de oferecer possibilidades para a construção do conhecimento em questão utilizando situações provocadoras que levem a criança a buscar o novo conhecimento, para que passe para uma nova estrutura lógica. Quando chegam ao Fundamental I, imaginamos que na fase anterior as crianças já vivenciaram inúmeras situações envolvendo ideias matemáticas, como brincadeiras, histórias e jogos, convivendo naturalmente com elementos numéricos.. Porém quando aplicamos as provas operatórias, nós nos deparamos com crianças entre 7 e 12 anos de idade que ainda estão no período pré- operatório, necessitando muito de materiais concretos para compreenderem a lógica. Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras de o indivíduo relacionar-se com a realidade. É importante a diversidade de ferramentas para oportunizar a aprendizagem matemática. O uso de materiais concretos, com um bom planejamento de intervenção, é de extrema importância. O trabalho em duplas ou trios favorece muito. Planejar atividades que facilitem o sucesso do aluno, a fim de melhorar seu autoconceito e aumentar sua autoestima. Propor jogos na sala. Oferecer materiais concretos para resolver os exercícios. Permitir o uso de uma calculadora. Dar mais tempo para o aluno fazer a tarefa Cognição e Desenvolvimento do Raciocínio Lógico Matemático Desde muito cedo na vida de qualquer criança, elas sempre estão manipulando objetos para representar alguma situação, até mesmo quando ainda não estão na escola. Ao iniciar sua vida escolar, começam a utilizar objetos para representar cálculos e, na educação infantil, aprendem de forma lúdica, fazendo associações e manipulando objetos. Ensinar Matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Quando o sujeito passa a tocar o objeto, a manipulá-lo, ele faza conexão entre o toque e a descoberta de suas propriedades, levantando hipóteses sobre as informações ali apresentadas. As atividades lúdicas favorecem o desenvolvimento de habilidades básicas para a aprendizagem Enquanto brinca, a criança pode ser incentivada a realizar contagens, comparações de quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber intervalos numéricos, isto é, iniciar a aprendizagem de conteúdos relacionados ao desenvolvimento do pensar aritmético. Os jogos têm como base a Matemática. Pode-se observar que o ensino dessa disciplina não está condicionado ao uso da lousa, do giz, do caderno e do lápis. O brincar proporciona oportunidades de perceber distâncias, desenvolver noções de velocidade, duração, tempo, força e altura, além da geometria com suas noções de posição no espaço, de direção e sentido, discriminação visual, memória visual e formas geométricas. Uma criança entenderá melhor os números e as operações matemáticas se puder torná-los palpáveis.