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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física Anderson de Oliveira Brito Luciano Losilla Sabino Ronaldo Andrade de Souza A INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NAS HABILIDADES FUNDAMENTAIS BÁSICAS DE CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS LINS – SP 2007 ANDERSON DE OLIVEIRA BRITO LUCIANO LOSILLA SABINO RONALDO ANDRADE DE SOUZA A INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NAS HABILIDADES FUNDAMENTAIS BÁSICAS DE CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS Trabalho de Conclusão de curso apresentado à banca examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Educação Física, sob a orientação da Profª MSc. Maria de Fátima Paschoal Soler e orientação técnica da Profª Esp. Jovira Maria Sarraceni LINS – SP 2007 2 ANDERSON DE OLIVEIRA BRITO LUCIANO LOSILLA SABINO RONALDO ANDRADE DE SOUZA A INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NAS HABILIDADES BÁSICAS FUNDAMENTAIS DE CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Licenciatura em Educação Física. Aprovada em: ____/____/____ Banca Examinadora: Profª Orientadora: Maria de Fátima Paschoal Soler Titulação: Mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba Assinatura:__________________________ 1º Prof(a):_______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura:__________________________ 2º Prof(a):_______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura:__________________________ 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe Ana Maria por me ajudar sempre quando precisei e por sempre ter me incentivado a estudar. Agradeço a Deus por ter tido a sorte de ter você como minha mãe. A minha namorada Mayara por me ajudar a tradução deste trabalho e por me fazer tão feliz. Para meus amigos Luciano Sabino e Rolando Andrade por fazer esse trabalho tão difícil e estressante. Amo vocês! Anderson Primeiramente a Deus, a minha mãe Márcia, meu pai Francisco, minha avó Aparecida por me apoiarem quando preciso e me dar forças para vencer mais essa batalha, minha maninha Larissa e minha namorada Marina, por me ajudar e compartilhar comigo todos esses momentos. Obrigado, amo vocês! Luciano Dedico esse trabalho aos meus pais Rubens e Maria Helena, irmãos Ricardo, Karina e Kleiton e demais familiares que sempre torceram pela minha vitória e apoiaram-me nas horas em que mais precisei. Amo vocês! Ronaldo 4 AGRADECIMENTOS A professora Jovira. Por ter nos ajudado a elaborar a parte técnica do trabalho e pela paciência que teve conosco. Muito obrigado! Anderson, Luciano e Ronaldo. A nossa orientadora Maria de Fátima Paschoal Soler. Agradecemos a você primeiramente por aceitar nos orientar, por nos ajudar na construção do nosso trabalho e por nos emprestar materiais didáticos. Muito obrigado! Anderson, Luciano e Ronaldo. 5 RESUMO O presente estudo teve como foco principal, refletir sobre a influência da natação no desenvolvimento motor em 30 crianças, de ambos os gêneros com faixa etária entre 7 a 9 anos. O principal objetivo desta pesquisa foi analisar o padrão motor encontrado nestas crianças, demonstrar que com a prática da natação a criança pode conseguir um padrão de habilidade motora mais acentuada, contribuindo assim para a aquisição de um repertório motor mais desenvolvido, além de demonstrar que a natação é uma das atividades esportivas mais completas, que atua diretamente no desenvolvimento global da criança e possibilita a melhora da postura, equilíbrio e coordenação. A pesquisa aconteceu com 15 crianças da Academia Audaz que praticam natação e com 15 crianças do Centro Municipal de Educação Integrado Jardim Eldorado que não praticam natação. Iniciou-se a pesquisa com a realização das filmagens para coleta de dados das habilidades motoras de saltar horizontalmente, rolar a bola e de movimentos axiais. Posteriormente os dados foram analisados e as habilidades classificadas de acordo com o padrão motor. Os resultados dos grupos foram comparados. Os resultados apontaram que ambos os grupos não apresentaram o padrão maduro esperado, porem o grupo que pratica natação apresenta padrão maduro em 26,2% das crianças na habilidade do salto horizontal e no rolar a bola e 40% no movimento axial enquanto que, no grupo que não pratica natação apenas 6,6% das crianças apresentaram padrão maduro no salto horizontal e movimento axial e 13,3% no rolar a bola. Portanto o grupo que freqüenta as aulas de natação e estão em contato com atividades dirigidas e especializadas apresentaram um desenvolvimento motor mais adequado, ficando mais próximas do padrão motor esperado. Palavra-chave: Educação Física. Desenvolvimento motor. Habilidades motoras. Natação. 6 ABSTRACT The recent study had as principal focus, to reflect about the swimming influence of motor development in 30 children, of both kinds and with age among 7 and 9 years old. The main objective of this research was to analyze the motor standard joined in this children, to demonstrate that with the practical of swimming the child can obtain a standard of motor ability more accented, contributing for the acquisition of a motor repertoire more developed, besides, demonstrating that the swimming is one of the most complete activities that act direct in all development of the child and makes possible the improves of posture, equilibrium and control. The research happened with 15 children of Audaz academy that do swimming and 15 children of Centro Municipal de Educação Integral Jardim Eldorado that do not do swimming. The research was initiated with filming for data collection of motor abilities to jump horizontally, roll the ball and axial movement . Later the datum had been analyzed and the abilities classified agreed with motor standard. The groups results had been compared. The results appointed that both groups had not shown the waited mature standard, however the groups that do swimming had shown mature standard of 26,2% from the children in ability of jump horizontally and roll the ball, and 40% in axial movement, while the others children, that do not do swimming, only 6,6% had shown mature standard in the jump and movement, and 13,3% in the roll the ball. Therefore, the group that has swimming lesson and contact with controlled and specialized exercises has a motor development better, and they are more close of the waited motor standard. Keywords: Physical Education. Motor Development. Motor Skills. Swimming 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Modelo de desenvolvimento das habilidades motoras.......................12 Figura 2: Adaptação do modelo de desenvolvimento das habilidades motoras..............................................................................................................27 Figura 3: Índice de porcentagem do padrão motores em alunos que não fazem parte da iniciação da natação............................................................................35Figura 4: Índice de porcentagem do padrão motores em alunos que não fazem parte da iniciação da natação............................................................................36 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Comparação das alterações de comportamentos no meio terrestre e no meio aquático, em termos de equilíbrio .......................................................28 Quadro2: Comparação das principais características do mecanismo respiratório no meio terrestre e no meio aquático................................................................29 Quadro 3: Comparação das alterações de comportamentos no meio terrestre e no meio aquático, em termos de propulsão....................................................29 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Padrão motor dos alunos que não participam da iniciação da natação..............................................................................................................34 Tabela 2: Padrão motor dos alunos que participam da iniciação da natação...35 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................9 1 CONCEITOS PRELIMINARES...............................................................11 1.1 Desenvolvimento motor...........................................................................11 1.1.1 Movimentos fundamentais......................................................................13 1.1.2 Movimentos especializados....................................................................14 1.2 Habilidades motoras e aprendizagem.....................................................16 1.3 O papel da maturação no desenvolvimento motor da criança................18 1.4 Características motoras da criança.........................................................21 1.5 Papel da educação física no desenvolvimento da criança......................23 1.6 A natação................................................................................................25 1.7 Habilidades motoras aquáticas e adaptação ao meio líquido.................26 1.8 Os benefícios da natação infantil............................................................30 2 O EXPERIMENTO..................................................................................32 2.1 Material e métodos..................................................................................32 3 RESULTADOS........................................................................................34 4 DISCUSSÃO...........................................................................................36 5 CONCLUSÃO..........................................................................................38 REFERÊNCIAS.................................................................................................40 APÊNDICES......................................................................................................41 ANEXOS............................................................................................................47 9 INTRODUÇÃO A pesquisa refere-se ao desenvolvimento de habilidades motoras e a aquisição de habilidades específicas da natação. Sabe-se que a natação é um esporte qualificado como completo, atua diretamente no desenvolvimento global da criança e provoca benefícios físicos, sociais e emocionais auxiliando em uma melhor qualidade de vida. Observa-se que a natação propicia as crianças à exploração e manejo do meio, através de atividades motoras que contribuem para a estruturação do esquema corporal, que converte em um indispensável elemento na construção da personalidade da criança e do seu desenvolvimento como um todo. Sabe-se que jogos e esportes são usados para melhorar habilidades motoras apropriadas ao nível desenvolvimentista de cada criança. Elas deverão passar por níveis de aprendizado de habilidades motoras típicas, à medida que elas se desenvolvem e refinam novas habilidades. (GALLAHUE; OZMUN, 2003). A exploração de habilidades motoras pode contribuir para a aprendizagem de movimentos novos e mais complexos, que serão utilizados nas diversas situações do dia a dia da criança auxiliando seu desenvolvimento. Para Gallahue; Ozmun (2003) todos estão envolvidos no processo permanente de aprender a movimentar-se com controle e competência em relação aos desafios enfrentados no cotidiano, e à aquisição de habilidades motoras durante toda a vida pode ser caracterizada essencialmente por três tipos de movimentos: os estabilizadores, os locomotores e os manipulativos. No domínio da aprendizagem e do desenvolvimento motor, as habilidades motoras básicas são um pré-requisito para a aquisição futura de habilidades mais complexas, mais específicas como as desportivas. Gallahue; Ozmun (2003) justificam esta afirmativa pelo fato do processo de desenvolvimento inter-habilidades se dar por fases, numa seqüência universal e invariante, pois o ser humano passa pelas mesmas fases obedecendo a uma mesma ordem ocorrendo à progressão de acordo com o ritmo de desenvolvimento especÍfico de cada indivíduo. 10 Esta concepção teórica é conhecida como a teoria de estágios, baseada no modelo de desenvolvimento cognitivo de Piaget. Isto significa que as mudanças que se observa de um estágio para o outro deverão ser compreendidas como uma “reconstrução” do sistema nervoso onde a passagem de um estágio para outro representa a passagem de um nível rudimentar de execução para um nível superior. A natação é um esporte que apresenta em seu contexto geral, habilidades locomotoras (saltos na piscina, propulsão de pernas), manipulativos (propulsão dos braços, pegada e soltura na prancha) e estabilizadores (flutuação, giros, viradas). Os níveis e estágios do aprendizado na aquisição de uma nova habilidade motora progridem do simples para o complexo enquanto que os indivíduos progridem do geral ao específico no desenvolvimento e refinamento de suas habilidades. Portanto, este estudo: Influência da natação nas habilidades motoras básicas de crianças de 7 a 9 anos, tem como objetivo verificar se a exploração de habilidades motoras aquáticas básicas abordadas no processo de adaptação ao meio líquido contribui para a “performance motora” das habilidades motoras básicas que serão utilizados em fases subseqüentes do desenvolvimento da criança. Refere-se também a relação entre o desenvolvimento das habilidades motoras básicas de saltar horizontalmente, de rolar um objeto (bola) e do movimento axial (erguer, inclinar e alcançar) com a prática de habilidades motoras aquáticas de propulsão, manipulação e equilíbrio. Pretende-se ainda através de testes específicos analisar o padrão motor das habilidades do salto horizontal, dos movimentos axiais e do rolar, observando-se os resultados encontrados nos grupos de crianças que participam e que não participam das aulas de iniciação da natação. A pesquisa ocorreu na Academia Audaz e no Centro Municipal de Educação Integrada Jardim Eldorado, ambos na cidade de Penápolis, estado de São Paulo, com 30 crianças de 7 a 9 anos de ambos os sexos, divididas em dois grupos de 15 crianças escolhidas aleatoriamente. O grupo da Academia Audaz pratica natação enquanto que o do Centro de Educação Integrada não pratica. 11 Este estudo será norteado pelo seguinte problema: A natação interfere no desenvolvimento das habilidades motoras básicas da criança? Com base neste questionamento pode-se levantar a seguinte discussão: Dentre as categorias das habilidades motoras de locomoção, manipulação e estabilização qual delas é mais desenvolvida com a prática da natação? Para tentar responder a estes questionamentos, serão levantadas nos próximos capítulos, propostas que tentarão explicaro desenvolvimento motor, a educação do movimento oportunizando as crianças, situações para vivenciarem possibilidades de locomoção, manipulação, postura e equilíbrio. 1 CONCEITOS PRELIMINARES 1.1 Desenvolvimento motor O desenvolvimento motor refere-se às alterações no nível de funcionamento de um indivíduo ao longo da vida e acontece por meio das necessidades de tarefa, da biologia do indivíduo e o ambiente em que vive. Inicia-se na concepção e só termina com a morte. Estas alterações se expressam de forma adaptativa em direção à habilidade o que significa que no decorrer da vida, é necessário ajustar, compensar ou mudar, a fim de obter ou manter uma habilidade. (GALLAHUE; OZMUN 2003), No domínio da aprendizagem e do desenvolvimento motor, as habilidades motoras básicas são um pré-requisito para a aquisição de habilidades mais complexas e específicas. Este fenômeno é justificado pelo fato do processo de desenvolvimento inter-habilidades se dar por fases, em uma seqüência universal e invariável, podendo mudar somente a progressão de acordo com o ritmo de desenvolvimento de cada indivíduo. (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Este trabalho se baseia no modelo de desenvolvimento das habilidades motoras de Gallahue (1982), ilustrado na figura 1. Graficamente o modelo é representado por uma pirâmide onde se observa na base, ou seja, no primeiro estágio os movimentos reflexos característicos dos recém nascidos. Em seguida aparecem os movimentos 12 rudimentares determinados pelo gatinhar e pela marcha. Posteriormente os movimentos fundamentais onde as crianças estão envolvidas na exploração de suas capacidades motoras desenvolvendo padrões fundamentais de movimentos como o correr, saltar, lançar e rolar. Fonte: BARBOSA, 2001. Figura 1. Modelo de desenvolvimento das habilidades motoras Nesta fase de movimentos fundamentais, espera-se que a criança alcance um padrão de habilidade motora ideal para a aquisição futura de movimentos especializados. Nesta fase, destacam-se três estágios os quais identificarão o padrão de movimento que a criança se encontra. O estágio inicia representado pelas primeiras tentativas da criança em desempenhar uma habilidade fundamental, o estágio elementar que envolve maior controle e coordenação rítmica dos movimentos fundamentais e o estágio maduro caracterizado pelo desempenho mecanicamente eficiente e coordenado. No topo da pirâmide são apresentados os movimentos especializados dos esportes. Como esta pesquisa se desenvolve com crianças que estão na fase de associação de movimentos fundamentais para aquisição de movimentos especializados, levantaremos alguns pontos importantes destas fases. Movimentos Desportivos Movimentos Fundamentais Movimentos Rudimentares Movimentos Reflexos > 7 anos 2-7anos 0-2 anos 0-1 ano 13 1.1.1 Movimentos fundamentais O processo de desenvolvimento motor está no indivíduo aprender a mover-se com controle e competência. Para que a criança adquira esta competência ela deve definir um padrão de movimento fundamental que nada mais é do que ela ter a capacidade de realizar com sucesso a combinação de padrões de dois ou mais segmentos corporais. Estudos como os de Gallahue; Ozmun (2003) afirmam que por volta dos seis anos de idade a criança deve apresentar as habilidades num estagio maduro, porem estudos como o de Soler (2005) revelam que parte das crianças analisada não apresentava padrão maduro nas habilidades observadas. Para algumas crianças isto pode ocorrer basicamente pela maturação e por uma pequena influência do ambiente, no entanto a grande maioria necessita de oportunidades para a prática e de instruções que provoquem o aprendizado. Os padrões de movimentos fundamentais são padrões observáveis básicos do movimento e de acordo com Gallahue; Ozmun (2003) podem ser agrupados em três categorias: movimentos estabilizadores (equilíbrio e sustentação), movimentos locomotores (mudança de localização) e movimentos manipulativos (apreensão e recepção de objetos). De acordo com cada faixa etária, estes movimentos estarão em estágios e fases diferentes. A estabilidade é o aspecto mais fundamental do aprendizado de movimentar-se. Por ela, as crianças obtêm e mantêm um ponto de origem para as explorações que fazem no espaço. A estabilidade envolve a disposição de manter em equilíbrio a relação indivíduo/força de gravidade. Isso é válido mesmo que a natureza da aplicação da força possa ser alternada à medida que a necessidade da situação mude, fazendo com que a relação geral do corpo com o centro de gravidade, seja modificada. Experiências motoras projetadas para melhorar as habilidades estabilizadoras das crianças possibilitam-lhes desenvolver flexibilidade nos ajuste da postura, quando se movimentam de maneira variada e, freqüentemente, incomum, em relação aos seus centros e linhas de gravidade e em relação ás suas bases de apoio. A locomoção é um aspecto fundamental no aprendizado de movimentar- se, efetiva e eficientemente, pelo ambiente. Envolve a projeção do corpo no 14 espaço externo, alterando sua localização relativamente a pontos fixos da superfície. Atividades como caminhar, correr, pular, escorregar e saltar obstáculo são considerados movimentos locomotores fundamentais. O desempenho desses movimentos deve ser suficientemente flexível, de modo que possam ser alterado á medida que a necessidade do ambiente o exija, sem prejuízo do objetivo do ato. A criança deve ser capaz de (1) usar qualquer movimento, de certo repertório de movimentos, para alcançar o objetivo; (2) mudar de um tipo de movimento para outro, quando a situação assim o exigir; e (3) alterar cada movimento à medida que as condições do ambiente mudem. A manipulação motora rudimentar envolve o relacionamento de um indivíduo com objetos e é caracterizada pela aplicação de força nos objetos e a recepção de força deles. Movimentos propulsores envolvem atividades na qual o objeto é movimentado para longe do corpo. Movimentos fundamentais como o chutar, o arremessar, bater e rolar uma bola são exemplos. 1.1.2 Movimentos especializados A fase especializada do desenvolvimento motor está relacionada ao esporte e é resultado da fase de movimentos fundamentais. Durante esta fase, o movimento ao invés de estar diretamente relacionado com o aprender a se mover, agora se torna instrumento que pode ser aplicada a uma variedade de jogos competitivos e esportes cooperativos, dança e atividade recreacionais. Esse é um período em que as habilidades locomotoras, manipulativas e de estabilidade são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas em uma ordem tal que possam ser utilizadas em uma crescente demanda de atividades. Os movimentos fundamentais de saltar em uma perna, por exemplo, é usado agora para pular corda, desempenhar uma dança folclórica ou mesmo um salto triplo na pista de atletismo. O aparecimento e a extensão do desenvolvimento de habilidades relacionadas ao desporto dependem de uma variedade de fatores cognitivos, afetivos e psicomotores. Segundo Gallahue (1982), parece haver três estágios dentro da fase relacionados ao esporte: 15 Estágio geral ou de transição: em algum ponto por volta dos sete ou oito anos de vida, a criança comumente entra no estágio de transição ou de desenvolvimento generalizado. Durante o estágio geral de movimento o indivíduo começa a combinar e aplicar habilidades de movimentos fundamentais para desempenhar habilidades relacionadas ao desporto. Caminhar sobre a corda, pular corda, jogar kickboll são exemplos de habilidades transicionais. Habilidades gerais do movimento contem os mesmos elementos dos movimentos fundamentais envolvidos e refinados para seupróprio propósito durante o prévio estágio, agora são aplicados a situações de jogos. Habilidades gerais de esporte é simplesmente uma aplicação de movimentos fundamentais numa forma um pouco mais complexa e específica. O estágio geral é uma época excitante para os pais e professores bem como para as crianças. Durante esse estágio as crianças são ativamente envolvidas em descobrir e combinar numerosos padrões de movimento e habilidades, e são freqüentemente acrescidas pelas suas habilidades que estão rapidamente se expandindo. O objetivo do pai e do professor durante esse estágio deveria ser de ajudar a criança a desenvolver e expandir suas habilidades numa grande variedade de atividades relacionadas ao esporte. Deve-se tomar cuidado de evitar situações tais que a criança se especializa ou restrinja seu desenvolvimento na atividade. Um foco reduzido nas habilidades durante esse estágio é capaz de produzir efeitos indesejáveis nos últimos dois estágios da fase relacionada ao esporte. Estágio do movimento da habilidade específica: a partir de 11 a 13 anos mudanças interessantes acontecem no desenvolvimento de habilidades do indivíduo. Durante o estágio anterior, as limitadas habilidades cognitivas, afetivas e experiências da criança, associadas com o entusiasmo natural do ser ativo, causam (sem interferência do adulto) com que o movimento seja amplo e generalizado para todas as atividades. Durante o estágio da habilidade específica do movimento, a crescente sofisticação cognitiva e uma ampla base de experiência capacitam o indivíduo a tomar numerosas decisões de aprendizagem e capacitação baseadas numa variedade de fatores: por exemplo, o menino de 12 anos e com 1,75 metros de altura que gosta de atividades de equipe e aplicação de estratégias em jogos, com coordenação e 16 agilidade razoavelmente boas, e que mora em Indiana, USA, pode, baseado em fatores físicos, cognitivos e culturais específicos, escolher se especializar no desenvolvimento de habilidades para jogar basquetebol. (GALLAHUE, 1982) Uma outra criança com características similares, que não gosta de esforços de equipe pode escolher em especializar-se em melhorar sua habilidade numa variedade de atividades de natação. Em outras palavras o indivíduo começa a tomar decisões conscientes baseadas numa variedade de gostos e desgostos, forças e fraquezas, oportunidades e restrições, para estreitar sua base de atividades específicas. Uma crescente ênfase deveria ser agora colocada na forma das habilidades na sua previsão de desempenho. Esta é a época para habilidades complexas serem refinadas e usadas no desempenho de avançadas atividades de preparação e na escolha do esporte a ser praticado. 1.2 Habilidades motoras e a aprendizagem O sucesso no ensino de um gesto motor segundo Soler (2005) está relacionado com fatores como potencial genético, diversidade na prática de atividades, propostas metodológicas estruturadas, plano pedagógico bem elaborado e circunstâncias ambientais. O desenvolvimento motor é viabilizado tanto pelo processo evolutivo biológico quanto pelo social. Desta forma, considera-se que uma evolução neural proporciona uma evolução ou integração sensório-motora que acontece por meio do sistema nervoso central (SNC) em operações cada vez mais complexas (FONSECA, 1988). Em cada idade o movimento toma características significativas e a aquisição ou aparição de determinados comportamentos motores tem repercussões importantes no desenvolvimento da criança. Cada aquisição influencia na anterior, tanto no domínio mental como no motor, através da experiência e troca com o meio (FONSECA, 1988). Todo o comportamento envolve processos neurais específicos, que ocorrem desde a percepção do estímulo até a efetivação da resposta selecionada. Esses processos neurais possibilitam o comportamento e o 17 aprendizado, que acontecem de maneiras diferentes no cérebro. Desde o nascimento, a maturação do sistema nervoso possibilita o aprendizado progressivo de habilidades. À medida que uma determinada área cerebral amadurece, a pessoa exibe comportamentos correspondentes àquela área madura, desde que tal função seja estimulada. Desta forma, o desenvolvimento comportamental é restringido pela maturação das células cerebrais, como exemplo, considera-se que embora os bebês e as crianças sejam capazes de fazer movimentos complexos, os níveis de coordenação e controle motor fino só serão alcançados após o término da formação da mielina, na adolescência (KOLB; WHISHAW, 2002). Considerando que a aprendizagem motora é complexa e envolve praticamente todas as áreas corticais de associação, é necessário compreender o funcionamento neurofisiológico na maturação a fim de fornecer bases teóricas para a estruturação de um plano de ensino que considere as fases de desenvolvimento neural da criança, maximizando assim o aprendizado. Somente o desenvolvimento perceptivo-motor correto garantirá a criança uma concepção mais ajustada sobre o mundo externo que a rodeia. Dificuldades de aprendizagem simbólica (representação do mundo de forma verbal, escrita e teleológica), refletem uma deficiente integração das noções espaço e tempo que são fundamentais para a organização do sistema sensório-motor da criança. Qualquer aprendizagem escolar quer se trate de leitura, escrita ou de cálculo (lógico-matemática) é, fundamentalmente, um processo de relação perceptivo-motora. A garantia de um pleno desenvolvimento preceptivo motor por parte da criança, oferecerá condições para favorecer o amadurecimento e depuramento de suas estruturas cognitivas. É pelo comportamento perceptivo-motor que a criança aprende o mundo do qual faz parte. O desenvolvimento global da criança apóia-se no comportamento perceptivo-motor, o qual exige como condição variadas oportunidades de aplicação: a exploração lúdica, o controle motor, a percepção figura-fundo, integração intersensorial (sentidos), noção de corpo, espaço e tempo, etc. Nesse contexto, o desenvolvimento motor representa um aspecto do 18 processo desenvolvimentista total e está intrinsecamente inter-relacionado a áreas cognitivas e afetivas do comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores os quais afetam e ilustram a progressão gradual de níveis de funcionamento relativamente simples a níveis mais complexos. (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 92). 1.3 O papel da maturação no desenvolvimento motor da criança. Uma das principais manifestações da vida do se humano é o movimento, tornando-se essencial para a formação da personalidade da criança. O movimento humano é à base da constituição histórica da humanidade, traduzindo a relação do homem com o seu exterior (natureza/sociedade), portanto é de fundamental importância para o desenvolvimento total da criança, como explica Fonseca (1988). É o movimento que, projetando no meio uma realidade humana, permite a criança uma atenuação de grupos musculares onerosos (sincinesias e paratonias), que proporcionarão uma progressiva coordenação e uma melhor habilidade manual. (...) A percepção e o movimento, ao estabelecerem relação com o exterior elabora a função simbólica que gera a linguagem, e esta dão origem à representação e ao pensamento (FONSECA, 1988, p. 23,26). Ainda Fonseca (1988), comenta que “o movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade intima, o movimento transforma-se em comportamento significante”. O movimento humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do ser humano. É obtido por intermédio de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de forma coordenada. Em cada idade o movimento toma características significativas e a aquisição ou apariçãode determinados comportamentos motores tem repercussões importantes no desenvolvimento da criança. Cada aquisição influencia na anterior, tanto no domínio mental como no motor, através da experiência e troca com o meio (Fonseca, 1988). As crianças da primeira infância, ou seja, de 2 a 6 anos, apresentam as 19 habilidades percepto-motoras em pleno desenvolvimento, mas ainda confundem direção, esquema corporal, temporal e espacial. A variabilidade das habilidades fundamentais está se desenvolvendo, de forma que movimentos bilaterais, como pular, não apresentam tanta consistência como as atividades unilaterais. O controle motor refinado ainda não está totalmente estabelecido, embora esteja desenvolvendo-se rapidamente. Os olhos ainda não estão aptos a períodos extensos de trabalhos minuciosos. Para Piaget, nesta idade as crianças deveriam estar no período pré-operacional, ou seja, percepção aguçada, comportamento auto-satisfatório e social rudimentar (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Na segunda infância, que é a faixa etária que vai dos 6 aos 10 anos, as crianças apresentam a preferência manual e os mecanismos perceptivos visuais firmemente estabelecidos. No início desta etapa do crescimento, o tempo de reação ainda é lento, o que causa dificuldades com a coordenação visuo-manual/pedal não estando aptas para extensos períodos de trabalho minucioso. Para Piaget, nesta idade as crianças estão na fase de operações concretas, onde as associações, a identidade, a razão dedutiva, os relacionamentos e as classificações já estão bem desenvolvidos (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Nesta idade, a maioria das habilidades motoras fundamentais tem potencial para estarem bem definidas, mas as atividades que envolvem os olhos e os membros desenvolvem-se lentamente. Este período marca a transição do refinamento das habilidades motoras fundamentais para as refinadas que propiciam o estabelecimento de jogos de liderança e o desenvolvimento de habilidades atléticas (GALLAHUE; OZMUN, 2003). O desenvolvimento de habilidades motoras mais complexas é proporcionado nesta fase pelo aprendizado motor proporcionado pela maturação da área pré-frontal associado às experiências da criança (KOLB; WHISHAW, 2002). Nesta idade, há uma maturação progressiva da região pré- frontal, o que permite melhor planejamento do movimento, permitindo associar de forma consciente dois ou mais movimentos. Essa associação de movimentos, planejada no córtex pré-frontal se torna cada vez mais refinadas, e a estimulação de movimentos associados é essencial para o desenvolvimento normal das áreas corticais que possibilita uma aprendizagem 20 motora mais eficiente. Embora a mielinização da área pré-frontal ocorra nesta fase, ela não é completa e continua a acontecer durante as próximas fases, até aproximadamente aos 18 anos. Na adolescência, idade compreendida entre os 10 até os 20 anos ou mais, o comportamento motor esperado é caracterizado pela fase de habilidades motoras especializadas. Depois que crianças alcançam o estágio maduro de um padrão motor fundamental pouca alteração ocorre. As mudanças ocorrem na precisão, na exatidão e no controle motor, porém não no padrão motor. O início da adolescência é marcado pela transição e a combinação dos padrões motores maduros. Nesta fase as crianças começam a enfatizar a precisão e a habilidade de desempenho em jogos e movimentos relacionados aos esportes. A habilidade e a competência são limitadas. A segunda fase da adolescência é marcada pela autoconsciência dos recursos físicos e pessoais e suas limitações, e por isso concentra-se em determinados esportes. A ênfase está na melhora da competência. A maturação progressiva da área pré-frontal continua a ocorrer. A região pré-frontal também está associada aos valores e significados que continuam a ser construídos durante todo o desenvolvimento humano. Considerando que a região que planeja o movimento, também é aquela que controla os comportamentos sociais e os valores pessoais, a intenção do movimento e o seu significado farão diferença na construção do gesto. A motivação e a intencionalidade farão com que o planejamento motor ocorra de maneira diferente e também que a reação a determinado estímulo seja diferente dependendo do significado pessoal atribuído a ele. Na terceira fase, ou seja, o estágio de utilização permanente das habilidades adquiridas, os indivíduos reduzem a área de suas buscas atléticas e há uma maior especialização no refinamento de habilidades. Neste período, onde provavelmente as áreas corticais estão mielinizadas, maduras, as mudanças no comportamento motor são decorrentes da modulação da atividade neural em função da experiência. As vivências motoras modularão a atividade neural tornando-a mais sincronizada e eficiente caracterizando a aprendizagem motora do indivíduo. A atenção continua sendo importante para a aprendizagem motora, porém, o significado do estímulo passa ser cada vez mais determinante do que este indivíduo vai ou não 21 aprender com eficiência. 1.4 Características motoras da criança O desenvolvimento do esquema corporal acontece de forma progressiva e a partir da conscientização da criança em relação ao seu próprio corpo, ela passara a perceber e a ter domínio sobre os seus movimentos, dessa forma agindo e transformando a sociedade. Para Coste (1981), o desenvolvimento da estrutura espaço–temporal, possibilita ao indivíduo organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar e de movimentá-las. A estruturação espaço temporal é um dado importante para uma adaptação favorável do individuo. Ela permite-lhe não só movimentar- se e reconhecer se no espaço, mas também concatenar e dar seqüência aos seus gestos, localizar as partes do seu corpo e situá- los no espaço, coordenar sua atividade e organizar sua vida cotidiana (COSTE, 1981, p. 57). Para entender como ocorre o desenvolvimento das crianças vamos apresentar os estudos de Le Boulch (1983) os quais relatam como agem motoricamente as crianças no período de 3 a 10 anos. A criança aos três anos é segura e sente ágil, domina a essência da marcha, corre, para e gira, pode contornar obstáculos, removê-los de seu caminho. A atividade motora neste período tem uma importância extraordinária. Pode esperar a sua vez, pode cooperar no jogo com outras crianças. A criança de quatro anos tem uma intensa atividade motora, corre, salta, trepa cobrindo maiores extensões. Sobe e desce escadas correndo, maneja o seu triciclo na velocidade máxima, gosta das atividades que requerem equilíbrio. Na criança de cinco anos, a economia de movimento é notável no contraste com a expansividade dos quatro anos. Possui equilíbrio e controle, trepa com segurança de um objeto para outro. Parece mais contido e menos ativo porque pode manter uma posição por um período mais longo. O funcionamento dos olhos e mãos parece tão completo como no adulto, embora na realidade tenham ainda que desenvolver as estruturas mais 22 finas. Dá preferência às atividades motoras grossas. Maneja o seu triciclo com velocidade, destreza e maior liberdade. Trepa, salta de uma altura, talvez se dedique a subir em árvores ou saltar corda. Há maior facilidade e domínio da atividade corporal geral. Começa a usar as mãos mais do que os braços para receber uma bola pequena. A organização do espaço visual com suas três dimensões: altura, largura e profundidade estão intimamente ligadas. Seu espaço de locomoção aumenta por causa do número de relações espaciais dependentes de seu próprio corpo e de percepção de si mesmo, desta maneira conhece: em cima, embaixo, atrás, próximo, perto e distante, distingue o que está à sua frente e às suas costas frente de atrás de si. Na idade escolar que se inicia aos seis anos,Le Boulch (1983), observa que neste momento de crescimento a superioridade do menino sobre a menina é importante no que se relaciona a capacidade vital e a força muscular. Outra característica diferencial na tonicidade neuromuscular é a mobilidade muito maior no menino do que na menina. Estes fatores fisiológicos combinados com os fatores sociais resultam os comportamentos típicos dos meninos e das meninas. Aos sete anos a criança encontra-se fundamentalmente em uma etapa de absorção e assimilação na qual desenvolve um equilíbrio ativo entre suas inclinações interiores e as exigências externas. Repete incansavelmente uma atividade ate dominá-la. Pode ter períodos em que se dedica a um só tipo de atividade, para logo abandoná-la repentinamente por outro. Tem vergonha dos seus erros e dos seus medos. Aos oito anos a criança volta a uma idade expansiva, mas com um nível superior de maturidade. A dinâmica de sua conduta caracteriza-se pela: velocidade, expansividade. Seu ritmo psicomotor está aprimorado. Os movimentos corporais têm fluidez, graça e equilíbrio. Caminha com liberdade, tem consciência de sua própria postura e recorda, em ocasiões, que deve sentar-se ereta. Está em continua atividade, faz prova de acrobacia, corre, salta, luta, persegue outra criança. Valor e atrevimento são suas características. Sobe em árvores, equilibra-se, aumenta e prova a sua força. Mostra uma maior disposição para o aprendizado de novas técnicas. 23 Há um aumento da velocidade e fluidez nas operações motrizes finas. Embora seja uma ativa fazedora de coisas, começa a ser também observadora. Pode tomar parte em uma atividade e ao mesmo tempo observar o desempenho de outras crianças. A ação é a nota das suas brincadeiras. Possui um novo sentido da totalidade, um sentido do jogo mútuo, da relação ativa e do seu uso prático. Meninos e meninas participam como iguais nas atividades escolares e recreativas compartem inúmeros interesses, mas também adquirem uma consciência das distinções que os separam. O interesse pelas regras do jogo, idealizados e seguidos coletivamente, cresce e visivelmente fomenta o sentimento de justiça e de "fair play". Durante o período de nove a dez anos a atividade motora se equilibra com o desejo de aprender, pois este é um período de importante desenvolvimento intelectual. Tem, um maior interesse pelo processo e pela atividade. São capazes de analisar seus movimentos tanto antes como durante a ação. São mais persistentes no exercício de suas habilidades; um interesse e uma perseverança baseados na maturidade de seu sistema neuromotor. Trabalham e jogam muito, são mais hábeis em seu comportamento motor e gostam de ostentar suas habilidades, demonstram um grande interesse por jogos competitivos. Olhos e mãos estão agora bem diferenciados. Aumenta a resistência e a fatigabilidade é menor. Aumenta a velocidade continua, e aos doze anos é só dez por cento menos veloz que na fase adulta. A força cresce rapidamente pelo desenvolvimento paralelo do tecido muscular. Aperfeiçoa a coordenação nos grandes e pequenos movimentos. (LE BOULCH, 1983) O mesmo autor recomenda como atividade física em todas as faixas etárias a ginástica, jogos em geral e, principalmente a natação por ser uma modalidade esportiva que permite o desenvolvimento motor de forma integral. 1.5 O papel da Educação Física no desenvolvimento da criança O principal instrumento da Educação Física é o movimento, por ser o denominador comum de diversos campos sensoriais. O desenvolvimento do ser humano se dá a partir da integração entre a motricidade, a emoção e o pensamento. 24 No caso específico da educação física, o profissional dessa área possui ferramentas valiosas para provocar estímulos que levem a esse desenvolvimento de forma bastante prazerosa: a brincadeira, o jogo e o esporte. A partir da brincadeira e do jogo, a criança utiliza a imaginação que “é um modo de funcionamento psicológico especificamente humano, que não está presente nos animais nem na criança muito pequena” (REGO, 1995, p.81). A partir da utilização da imaginação, a criança deixa de levar em conta as características reais do objeto, se detendo no significado determinado pela brincadeira. Mesmo havendo uma significativa distância entre o comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento proximal, na medida em que impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento. (REGO, 1995, p. 83) Esse impulso dado aos “conceitos e processos de desenvolvimento” deverá ser fornecido pela educação física ao propiciar jogos e brincadeiras que, intencionalmente, estimulem a imaginação e a criatividade. Além disso, o processo de desenvolvimento dos indivíduos tem relação direta com o seu ambiente sócio-cultural e eles não se desenvolveriam plenamente sem o suporte de outros indivíduos da mesma espécie. Dessa forma, percebe-se que a escola, e neste caso específico a educação física, tem um papel fundamental no aprendizado e conseqüentemente no desenvolvimento dos indivíduos, desde que estabeleça situações desafiadoras para seus alunos. A interferência de outras pessoas (professor e outros alunos) é fundamental para o desenvolvimento do indivíduo. O papel do professor deve ser o de interventor intencional, estimulando o aluno a progredir em seus conhecimentos e habilidades através de propostas desafiadoras que o leve a buscar soluções, por intermédio da sua própria vivência e das relações interpessoais. Isto não deve significar uma educação autoritária, mas sim, uma educação que possibilite ao aluno, por meio de estratégias estabelecidas pelo professor, construir o seu próprio conhecimento, com a reestruturação e reelaboração dos significados que são transmitidos ao indivíduo pelo seu meio 25 sócio-cultural. O profissional de educação física ao trabalhar na educação infantil deve conhecer os estágios do desenvolvimento dessa fase, para proporcionar os estímulos adequados a cada etapa. Agindo dessa forma, o desenvolvimento será mais harmônico no campo motor, cognitivo e afetivo-social, trabalhando assim, o ser na sua forma integral. A evolução infantil obedece a uma seqüência motora, cognitiva, e afetiva-social que ocorrerá de forma mais lenta ou mais acelerada, de acordo com os estímulos recebidos. A criança entre de 1 ano e meio e os dois anos de idade age sem refletir. O ato precede o pensamento. A partir dessa fase, a criança já adquire duas funções importantíssimas: o andar e a linguagem. O pensamento passa a ser projetado no exterior pelos movimentos e pela linguagem. Isto permitirá uma maior participação na sua relação com o meio. A ação da criança sobre o meio estimulará sua atividade mental. A partir daí, a criança começa a ter maior consciência sobre sua própria pessoa, iniciando a formação da sua auto-imagem. Em seguida, a criança vai iniciando a sua vida social ao formar pequenos grupos, porém ocorre uma troca constante de amizades e de grupos (escola, clubes, etc.). Esse intercâmbio social é essencial, pois leva a criança a se adaptar a diferentes papéis, reconhecendo-se como pessoa. 1.6 A natação A natação é a atividade física mais completa que existe; é a harmonia, a flexibilidade, a potência, o ritmo, a coordenação, em resumo, o grupo de movimentos em série mais complexo. Praticado regularmente, permite desenvolver todos os mecanismos fisiológicos: a capacidade pulmonar e o sistema cardiovascular. Além dessas vantagens importantes, o meio aquático permite novas possibilidades de coordenação. A natação possibilita também um excelente método pedagógico, que permite conhecer melhor a criança muito cedo, e ajudá-la, se necessário a resolver problemas particularesem seu meio familiar e social. A natação é a ação de auto propulsão e auto sustentação na água que o 26 homem aprendeu por instinto ou observando os animais. É uma das atividades mais completas que engloba várias finalidades, desde o simples divertimento e lazer até as competições, desde a aquisição de boa coordenação de movimentos até as terapias. Tem a vantagem de poder ser praticada por qualquer sexo, em qualquer idade, desde que não haja contra-indicação médica. A natação pode ser feita em quatro estilos: crawl, costas, peito clássico e borboleta. O crawl é o nado de barriga para baixo, com batimento de pernas alternadas, sendo que a força do movimento das pernas é de cima para baixo, e os braços se alteram simultaneamente. A respiração ocorre de acordo com a braçada. O nado de costas é o “oposto” do crawl, é realizado de barriga para cima, como o próprio nome fala “de costas”. O batimento de perna é quase igual, tendo como diferença à origem da força, q é de baixo para cima. O nado de peito clássico é comparado aos movimentos de uma rã ou de um sapo e vários estudiosos dizem que seu estilo foi inspirado por esses répteis. No nado borboleta, ambos os braços devem ser trazidos à frente, simultaneamente sobre a água e levado para trás, juntos. As pernas unidas fazem movimento junto com o tronco em forma de ondulação A natação ajuda a melhora o desempenho respiratório, além de contribuir de forma decisiva para um aumento na qualidade de vida. 1.7 Habilidades motoras aquáticas e adaptação ao meio líquido Entende-se por adaptação ao meio aquático, o processo que envolve a iniciação à natação, recorrendo ao domínio do corpo na água, com base nos objetivos de cinco domínios: equilíbrio, respiração, imersão, propulsão e salto. A natação favorece a tomada de consciência do aluno em relação a si, ao meio, ao grupo e à sociedade, contribuindo no seu desenvolvimento e favorecendo o desenvolvimento de todas as suas aptidões. Através da água, a natação possibilita desencadear na criança uma nova vivência que irá provocar novas capacidades de adaptação. O meio 27 aquático cria novas sensações, modifica o equilíbrio abrindo um largo campo de experiências à capacidade motora sob o efeito de uma certa ausência de gravidade. É sabido que no meio aquático a aquisição de habilidades motoras mais complexas e específicas dependem da prévia aquisição, apropriação e domínio de habilidades mais simples. Conseqüentemente Langendorfer e Bruya (apud Barbosa, 2001), sugerem a adaptação do modelo de desenvolvimento das habilidades motora propostas por Gallahue (1982), para as atividades realizadas no meio aquático. Na figura 2 pode-se observar a representação esquemática da adaptação do modelo proposto por Gallahue (1982), proposto por Langendorfer e Bruya (1995). Fonte: BARBOSA, 2001. Figura 2. Adaptação do modelo de desenvolvimento das habilidades motoras Para Mota (1990), a aquisição das habilidades aquáticas básicas terá como finalidades promover a familiarização da criança com o meio líquido, promover sua autonomia no meio aquático e criar bases para a aprendizagem futura de habilidades aquáticas especializadas. Portanto, sugere-se que as habilidades aquáticas básicas sejam abordadas nos programas de adaptação ao meio aquático como contribuintes do desenvolvimento motor global. Tradicionalmente são consideradas como componentes da adaptação Especialização Técnica Aperfeiçoamento Técnico Técnicas de Nado Rudimentar Habilidades Aquáticas Básicas Movimentos Reflexos Natatórios 28 ao meio aquático, ou seja, como sendo habilidades aquáticas básicas: a respiração, o equilíbrio - que inclui as rotações e os saltos - e a propulsão (MOTA, 1990). Equilíbrio – O domínio do equilíbrio no meio aquático está intimamente ligado com o domínio da propulsão (MOTA, 1990). Isto porque a posição mais vantajosa para o deslocamento neste meio é a horizontal. Assim, será necessário que o indivíduo refaça um conjunto de referências, procurando adaptar-se à nova situação. O quadro 1 compara as alterações de comportamento no meio terrestre e no meio aquático, de acordo com Mota (1990). Meio terrestre Meio aquático Posição vertical Cabeça vertical Olhar horizontal Apoio plantares Ação exclusiva da força da gravidade Posição horizontal Cabeça horizontal Olhar vertical Perda dos apoios plantares Ação das forças da Gravidade e da Impulsão Hidrostática Fonte: MOTA, 1990 Quadro 1. Comparação das alterações de comportamentos no meio terrestre e no meio aquático, em termos de equilíbrio (adaptado de Mota, 1990) A abordagem da flutuação nesta fase é importante, para criar nos alunos uma conscientização dessa possibilidade no meio aquático, a qual não é "vivenciável" no meio terrestre (MOTA, 1990). A sua transformação passa por uma consciencialização dos mecanismos que o orientam e pela percepção voluntária de inúmeras informações motoras que, no seu conjunto, permitem a aquisição de um “novo esquema corporal” devidamente enquadrado com o meio aquático tão relevante para a fase de aquisição e, mais ainda, quando se passa à fase de eficácia motora ou performance desportiva propriamente dita. Respiração – de acordo com Holmér, apud (BARBOSA 2001) uma das principais limitações impostas pela passagem à posição horizontal relaciona-se com a necessidade de imersão da face, a qual se constitui como uma limitação da função ventilatória. É necessário efetuar uma expiração completa na imersão e diminuir ao 29 máximo o tempo de inspiração. Por isso, é necessária uma consciencialização expiratória – inspiratória com os respectivos requisitos técnicos. Logo, o trabalho de aperfeiçoamento da respiração pressupõe a criação de um processo respiratório consciente, necessariamente diferente do automatismo inato (MOTA, 1990). No quadro 2 compara-se as principais características do mecanismo respiratório no meio terrestre e no meio aquático. (MOTA, 1990) Meio terrestre Meio aquático Dominância nasal Acto reflexo Inspiração reflexa Expiração passiva Dominância bocal Acto voluntário Inspiração automática Expiração activa Fonte: MOTA, 1990 Quadro 2. Comparação das principais características do mecanismo respiratório no meio terrestre e no meio aquático. Propulsão – existe uma correlação direta e proporcional entre a qualidade respiratória e equilíbrio ótimo, que influi significativamente na aquisição dos gestos técnicos e na eficácia motora. Da sua correlação depende a quantidade e qualidade do repertório motor do jovem praticante e a base das performances desportivas em Natação. Portanto, as alterações em termos de equilíbrio, deve-se a diferenças no mecanismo propulsor utilizado no meio aquático. No quadro 3 apresenta-se as alterações em termos de propulsão que se verificam no meio aquático (MOTA, 1990) Meio terrestre Meio aquático Dominantemente equilibradores Dominantemente propulsores Membros Superiores Membros inferiores Dominantemente propulsores Dominantemente equilibradores Fonte: MOTA, 1990 Quadro 3. Comparação das alterações de comportamentos no meio terrestre e no meio aquático, em termos de propulsão Falta acrescentar, que não são só estes três fundamentos o suporte do conteúdo de ensino. É natural associar nesta fase, a noção de profundidade, através de técnicas de deslocação em imersão, a vivência de diferentes 30 situações de salto já que eles podem ser considerados como um método de deslocamento de um indivíduo do meio terrestre para o meio aquático auxiliando na correta noção da entrada na água e as manipulações que consiste em manter uma relação de interação entre o indivíduo e vários objetos explorandotodas as suas possibilidades. Estas habilidades são especialmente benéficas, para a posterior abordagem de habilidades esportivas características de determinados jogos desportivos coletivos. 1.8 Os Benefícios da Natação Infantil O desenvolvimento da personalidade da criança, que compreende as mudanças ocorridas no organismo durante o processo de crescimento e desenvolvimento (comportamento motor, percepção, construção da inteligência, afetividade, aprendizagem) tem merecido ultimamente uma atenção cada vez maior por parte dos investigadores, como assinala Cirigliano (apud MOREIRA, 2006). A cada dia novas escolas de natação são abertas oferecendo a prática dessa atividade a todas as faixas etárias, incluindo-se aí desde os recém-nascidos (três meses) até idosos. Os pais matriculam seus filhos ainda bebês em programas de adaptação ao meio líquido esperando que com isso os mesmos aprendam a nadar. Mas o que muitos não têm em mente é que os benefícios de um programa de natação infantil vão muito além do saber nadar. Sem sombra de dúvida, a natação infantil é o primeiro e mais eficaz instrumento de aplicação da Educação Física no ser humano, assim como excelente elemento para iniciar a criança na aprendizagem organizada. Dessa forma, o fim que persegue um método de natação não deve ser unicamente que o aluno chegue a converter-se em um bom nadador. O aluno deve também receber um acúmulo de experiências que, através das suas vivências lhe enriqueçam e contribuam à sua melhor educação integral. Nesse sentido, a natação infantil não se detém somente ao fato de que a criança aprenda a nadar, mas sim, que contribua para ativar o processo 31 evolutivo psicomorfológico da criança, auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua personalidade. O raio de ação da natação infantil continua os especialistas, envolve desde a ativação das células cerebrais da criança, até um melhor e mais precoce desenvolvimento de sua psicomotricidade, sociabilidade e reforço do sistema cardiovascular morfológico. A natação como agente educativo quando aplicada a crianças em idade pré-escolar assumirá um papel formativo e totalizador, levando as mesmas crianças que participaram de um programa de adaptação ao meio líquido a se desenvolverem melhor e mais rapidamente, o que fará do posterior processo de alfabetização algo simples e bem sucedido. Pode-se deduzir, assim como Cirigliano (apud MOREIRA, 2006) que um programa de natação para a primeira infância, quando elaborado e conduzido por um profissional competente, assume o importante papel de educar integralmente a criança, resultando em: a) A aquisição do sentimento de "confiança básico", eixo da personalidade e matriz da confiança social; b) A seleção e gradação dos estímulos sensoriomotores para obtenção de respostas adaptativas mais adequadas e hierarquicamente úteis para a transferência da aprendizagem; c) A adequação aos estímulos perceptivomotores no preciso momento evolutivo, tornando irreprodutível se oferecido mais tarde com as mesmas características naturais e nas mesmas condições; d) A utilização da base reflexa antes de sua extinção, para a construção de sistemas funcionais econômicos através de propostas sistemáticas de aprendizagem; e) O conhecimento e domínio progressivo do corpo, que facilitam a formação de uma imagem corporal integrada e rica através do sensório - percepção; f) A formação de base da inteligência, a partir das oportunidades oferecidas, em quantidade e qualidade adequadas, de exercitar sua vontade em realizar experiências; g) A comunicação entre a criança e o professor (adulto) através do gesto e da ação, como medida prévia para uma comunicação simbólica e 32 integrada em seus três níveis de expressão: pré verbal, para verbal e verbal; h) A instauração de um vínculo pedagógico personalizado e cooperativo, aberto a mutualidade família - escola de natação, a fim de formar um arquétipo educativo social válido. A importância da natação não esta vinculada apenas ao desenvolvimento físico e motor da criança, mas também à formação de sua personalidade e inteligência. Dados apontam para crianças iniciadas em programas de adaptação ao meio líquido em idade pré-escolar que alcançaram um rendimento mais satisfatório inclusive no processo de alfabetização. 2 O EXPERIMENTO 2.1 Material e métodos A pesquisa foi realizada na cidade de Penápolis com 30 crianças de ambos os gêneros com faixa etária entre de 7 a 9 anos. A população foi dividida em dois grupos de crianças escolhidas aleatoriamente através de sorteio. Do grupo selecionado, 15 alunos pertencem a Academia Audaz onde a clientela pratica a iniciação da natação e 15 ao Centro Municipal de Educação Integral Jardim Eldorado onde as crianças não têm contato com aulas de natação. Os dois grupos realizam atividades motoras nas aulas de Educação Física escolar e nas atividades normais do cotidiano. Foi entregue nas respectivas entidades um pedido de consentimento para a realização da pesquisa dentro do local de trabalho (APÊNDICE A). Depois do grupo selecionado foi entregue aos pais uma autorização de conhecimento livre e esclarecido (APÊNDICE B) permitindo a participação das crianças na pesquisa. No mês de setembro os alunos Anderson, Luciano e Ronaldo durante as aulas de Educação Física e de Natação, realizaram a avaliação do nível de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais do movimento de saltar horizontalmente, do rolar a bola e dos movimentos axiais, em situação de 33 teste conforme critérios sugeridos por Mc Clenaghan; Gallahue (1985). As coletas de imagem foram feitas utilizando-se duas filmadoras analógicas fixas por tripés, marcas JVC modelo COMPACT VHS GRAX 7100 e PANASONIC modelo OMNI MOVE VHSK PV. As câmeras ficaram posicionadas uma frontalmente as crianças e outra à lateral a uma distância de seis metros. Para o salto horizontal que é realizado através de um movimento explosivo, as crianças foram posicionadas em coluna de frente para uma linha demarcatória de onde saltaram com impulso e pouso nos dois pés. Para o rolar a bola o grupo também foi posicionado atrás de uma linha demarcatória de onde tiveram que executar a habilidade, rolando a bola para um dos professores que se encontrava posicionado a frente da criança. Na execução dos movimentos axiais as crianças se posicionaram com os pés paralelos sobre uma linha e executaram a habilidade (a partir da posição fundamental, elevar os braços, posicionando-se nas pontas dos pés, em seguida agachar tocando o solo). Em cada habilidade solicitada, as crianças tiveram a oportunidade de executar três tentativas e o melhor desempenho foi selecionado para análise individual em vídeo cassete marca SANSUMG modelo DVD-VHS V4600M projetados em slow motion, que nada mais é do que o congelamento das imagens com avanço quadro a quadro. Este método possibilitou verificar o nível do padrão motor de cada aluno em cada uma das habilidades executadas. Foram analisados individualmente os segmentos de tronco, membro inferior e membro superior e de acordo com a localização dos segmentos corporais no espaço, o padrão motor foi classificado em inicial, elementar ou maduro. Cabe informar que a criança que alcançou o padrão maduro na habilidade apresentou todos os segmentos corporais maduro, a que se caracterizou com padrão inicial apresentou todos os segmentos inicial e todos as outras possibilidades indicarão padrão elementar. Para verificar qual dos grupos analisados apresentou melhor nível de habilidade foi utilizado o índice de freqüência relativa (%) em cada uma das habilidades observadas, os resultados obtidos serão descritos em forma de quadros e gráficos. 34 3 RESULTADOSEste trabalho teve a intenção de verificar a interferência da natação em sua fase de adaptação ao meio líquido com o nível apresentado nas habilidades motoras básicas de saltar horizontalmente, rolar a bola e de movimentos axiais. Foram analisados dois grupos distintos, o primeiro participa de um programa de iniciação de natação onde estão passando pelo processo de adaptação ao meio líquido, o segundo não participa de nenhum programa relacionado com natação. As analises propostas por Mc Clenaghan; Gallahue (1985) possibilitaram observar o nível de padrão motor das crianças em cada um dos segmentos corporais analisados: membro inferior, tronco e membro superior como observado nos dados apresentados no Apêndice D e Apêndice E. Com estes dados foi possível levantar os índices de crianças que apresentam padrão motor maduro nas habilidades observadas e analisar a interferência da natação no desenvolvimento das habilidades motoras básicas destas crianças, bem como, qual a categoria de habilidades foi mais influenciada com a pratica da natação. O resultado apresentado no tabela 1 demonstra que no grupo de crianças que não pratica natação somente um aluno apresenta padrão maduro na habilidade de saltar horizontalmente, 1 na habilidade axial e apenas 2 alunos na habilidade de rolar a bola. Observa-se também que tanto na habilidade de rolar a bola como na habilidade axial 11 crianças apresentaram padrão elementar e 3 crianças padrão inicial. Tabela 1- Padrão motor dos alunos que não participam da iniciação da natação Estágios Saltar Horizontal Rolar a bola Movimento Axial Inicial 3 7 3 Elementar 11 6 11 Maduro 1 2 1 Fonte elaborada pelos autores As porcentagens apresentadas no gráfico 1 permite verificar que apenas 6,66% das crianças estão com padrão maduro no salto horizontal e no 35 movimento axial e 13,30% no rolar a bola; 73.30% apresentam padrão elementar no salto horizontal e no movimento axial e 40% no lançar a bola; 20% das crianças apresentam padrão inicial do salto horizontal e nos movimentos axiais e 51,80% padrão inicial no lançar a bola. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Saltar Horizontal Rolar a bola Movimento Axial Habilidade % Inicial Elementar Maduro Fonte elaborada pelos autores Figura 3: Índice de porcentagem do padrão motores em alunos que não fazem parte da iniciação da natação No tabela 2 pode-se observar que o grupo de crianças que pratica natação apresentou um resultado mais próximo do satisfatório já que 4 alunos apresentam padrão maduro na habilidade de saltar horizontalmente e no rolar a bola, 6 na habilidade axial; 10 alunos apresentaram padrão elementar no saltar horizontalmente, 11 no rolar a bola e 8 no movimento axial. Ficaram no padrão inicial 1 aluno no salto horizontal e no movimento axial e nenhum na habilidade de rolar a bola. Tabela 2: Padrão motor dos alunos que participam da iniciação da natação Estágios Saltar Horizontal Rolar a bola Movimento Axial Inicial 1 0 1 Elementar 10 11 8 Maduro 4 4 6 Fonte elaborada pelos autores 36 As porcentagens apresentadas no gráfico 2 permite verificar que das crianças analisadas, 26,2% apresentam-se no padrão maduro no salto horizontal e no rolar a bola e 40% movimento axial; 66,6% apresentam padrão elementar no salto horizontal, 73,3% no rolar a bola e 53,3% no movimento axial. Finalmente observou-se que apenas 6.6% das crianças apresentaram padrão inicial no salto horizontal e nos movimentos axiais. Nenhuma criança apresentou padrão inicial no rolar a bola. 0 2 4 6 8 10 12 Saltar Horizontal Rolar a bola Movimento Axial % Inicial Elementar Maduro Fonte elaborada pelos autores Figura 4: Índice de porcentagem do padrão motores em alunos que não fazem parte da iniciação da natação 4 DISCUSSÃO Este estudo investigou o desenvolvimento motor de 30 crianças de ambos os gêneros, com idade entre 7 e 9 anos executando habilidades de saltar horizontalmente, rolar o objeto bola e um movimento axial. A preocupação do estudo foi verificar os estágios de desenvolvimento motor destas habilidades, a interferência da prática da natação no resultado destas análises e dentro das categorias de movimentos, qual foi mais desenvolvida. Os resultados apontados no item anterior oferecem apoio para esta discussão. Através do estudo realizado nas piscinas da Academia Audaz e no 37 Centro Municipal de Educação Integrado Jardim Eldorado em Penápolis, foi possível observar que dos 15 alunos que fazem natação 26,2% apresentou padrão maduro nas habilidades de saltar horizontalmente e rolar a bola e 40% no movimento axial. Dos 15 alunos que não fazem natação apenas 6,66% apresentou padrão maduro na habilidade do salto horizontal e no movimento axial, nenhum aluno apresentou padrão maduro no rolar a bola. Como foi possível observar, poucas crianças apresentaram padrão motor maduro em suas habilidades como sugerem estudos como os de Mc Clenaghan; Gallahue (1985) que afirmam que crianças com 5 e 6 anos já devem ter atingido o estágio maduro. Este fato vem ao encontro da afirmativa de Gallahue; Ozmun (2003) que dizem ser impossível a criança atingir o estágio maduro de certas habilidades se não for oportunizada a ela, o encorajamento e a prática orientada para o aprendizado. Dentre os movimentos analisados (locomotor, manipulativo e estabilizador) entre os alunos que praticam natação, o que mais se apresentou desenvolvido foi o estabilizador, observado na habilidade do movimento axial. Acredita-se que isto se deva ao fato da habilidade axial, que esta diretamente voltada para o equilíbrio seja constantemente desenvolvida durante o processo de adaptação ao meio líquido através dos exercícios de flutuação e propulsão. Outro dado importante a ser observado foi a interferência das habilidades aquáticas nas habilidades básicas da criança visto que o índice de crianças com padrão motor mais próximo ao esperado ficou com o grupo de crianças que praticam a iniciação da natação. Os elementos abordados no processo de adaptação ao meio líquido, ou seja, as habilidades que incluem saltos e deslocamentos no meio terrestre, ou os lançamentos, passes e recepções, são considerados benéficos para posteriores abordagem desportivas características de determinados jogos desportivos coletivos aquáticos e de habilidades específicas relacionadas com o cotidiano da criança. Assim como no meio terrestre, a aquisição das habilidades motoras aquáticas mais complexas e específicas, também dependem da prévia aquisição, apropriação e domínio das habilidades mais simples. Na fase de movimentos especializados as habilidades locomotoras, manipulativas e estabilizadoras são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas 38 para o uso de acordo com as exigências do meio. (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Como afirma Mota (1990), a aquisição das habilidades aquáticas básicas promove a familiarização da criança com o meio líquido, promove sua autonomia no meio aquático e cria bases para a aprendizagem futura de habilidades aquáticas especializadas. Alem disto, contribui para o desenvolvimento global da criança. Mais uma vez pode-se afirmar que o amadurecimento das habilidades não está relacionado apenas com a maturação biológica, mas principalmente com as experiências de práticas bem estruturadas por um profissional especializado. Portanto, pode-se concluir que a natação por meio das atividades abordadas durante o período de adaptação ao meio líquido interfere na aquisição das habilidades motoras básicas de crianças de 7 a 9 anos. 5 CONCLUSÃO Este estudo verificou o nível do padrão motor em crianças que freqüentam e que não freqüentam a iniciação da natação; a interferência desta prática no resultado da aquisição de habilidades motoras básicas;e qual grupo de movimento fundamental se apresentou mais desenvolvido. Conclui-se que apesar da maioria das crianças não estarem no padrão motor desejado, o grupo que está mais próximo do padrão esperado é o das crianças que praticam natação. Este fato vem ao encontro das afirmativas abordadas neste estudo que ressaltam a importância do ensino especializado, do encorajamento e das oportunidades oferecidas às crianças. A pratica regular de atividades orientadas por um professor de Educação Física, as habilidades motoras aquáticas utilizadas no processo de adaptação ao meio líquido estimulam e ampliam a aquisição de habilidades motoras básicas, possibilitando à criança um repertório motor adequado para futuras aplicações em habilidades motoras especializadas necessárias para o desenvolvimento global da criança. Espera-se que os dados levantados com este estudo possam auxiliar 39 futuras pesquisas relacionadas com habilidades motoras básicas e natação. Outros estudos precisam ser realizados na área de desenvolvimento motor, pois se pode constatar não só nesta pesquisa, mas em várias outras, o insucesso na aquisição de habilidades motoras básicas em crianças. Sugere- se verificar as causas de um número tão grande de as crianças com mais de seis anos que não apresentarem padrão motor maduro nas habilidades motoras básicas, já que a literatura sugere que deveriam apresentar nesta faixa etária um movimento igual ao de um adulto habilidoso. 40 REFERÊNCIAS BARBOSA, T. As habilidades motoras aquáticas básicas . (2001). Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 5 set. 2007. COSTE, Jean-Claude. A Psicomotricidade. Paris: traduzido pela Presses Universitaries de France, 1981. FONSECA, V. da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1988. GALLAHUE, D. L. Developmental movement experiences for children. New York: Wiley, 1982. GALLAHUE, D. L; OZMUN. J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2003. KOLB, B.; WHISHAW, I. Q. Neurociência do comportamento . Barueri: Manole , 2002. LE BOULCH, J. A educação pelo movimento : a psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, l983. MC CLENAGHAN, B. A.; GALLAHUE, D. L. Movimentos fundamentales: su desarrollo y rehabilitación. Buenos Aires: Panamericana, 1985 MOREIRA, L. Os benefícios da natação infantil no processo de alfabetização. (2006). Disponível em: http://www.cdof.com.br. Acesso em: 25 ago, 2007. MOTA, J. Aspectos metodológicos do ensino da natação . Edição da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. Porto. 1990. REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 2 ed. Petrópolis (RJ) : Vozes, 1995. SOLER, M.F.P. Habilidades motoras básicas e a realização de taref as no jogo de basquetebol escolar. 2005. (Mestrado em Educação Física). Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba. 41 APÊNDICES 42 APÊNDICE A – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DO CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INTEGRADA DO JARDIM ELDORADO, PENÁPOLIS SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO MUNICIPAL Prezado Sr. Cledivaldo Aparecido Donzelli, Os alunos Anderson de Oliveira Brito, Luciano Losilla Sabino e Ronaldo Andrade de Souza, alunos do 8º semestre de Educação Física, estão desenvolvendo seu Projeto de Conclusão de Curso na área de Desenvolvimento motor. Para tanto, solicitam a permissão para realizarem filmagem do espaço físico do Centro Municipal de Educação Integrada do Jardim Eldorado, assim como as crianças que freqüentam a entidade, com faixa etária de 7 a 9 anos de idade de ambos os gêneros. Essa filmagem será realizada em agosto de 2007. Será entregue aos pais, uma autorização de veiculação de imagem, explicando que o conteúdo será apenas para cunho científico, podendo a fita ser apresentada no Centro Universitário e Congressos que os alunos participarem. Qualquer dúvida favor nos contatar Atenciosamente: Ms. Maria de Fátima Paschoal Soler De acordo: Professora Orientadora Cledivaldo Aparecido Donzelli Secretário de Educação 43 APÊNDICE B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ACADEMIA AUDAZ, PENÁPOLIS PROPRIETÁRIAS DA ACADEMIA AUDAZ Prezada Sras. Valdirene e Walqueires, Os alunos Anderson de Oliveira Brito, Luciano Losilla Sabino e Ronaldo Andrade de Souza, alunos do 8º semestre de Educação Física, estão desenvolvendo seu Projeto de Conclusão de Curso na área de Desenvolvimento motor. Para tanto, solicitam a permissão para realizarem filmagem do espaço físico da Academia Audaz, assim como as crianças que freqüentam a entidade, com faixa etária de 7 a 9 anos de idade de ambos os gêneros. Essa filmagem será realizada em agosto de 2007. Será entregue aos pais, uma autorização de veiculação de imagem, explicando que o conteúdo será apenas para cunho científico, podendo a fita ser apresentada no Centro Universitário e Congressos que os alunos participarem. Qualquer dúvida favor nos contatar Atenciosamente: Ms. Maria de Fátima Paschoal Soler De acordo: Professora Orientadora Valdirene Zacarone Walquires Sampaio 44 APÊNDICE C – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE IMAGEM AUTORIZAÇÃO Eu,_______________________________________,RG.nº_______________, CPF____________________, brasileiro (a), residente e domiciliado a Rua: ______________________________nº ______ responsável do (a) menor _____________________________________ nascido em__________, autorizo os pesquisadores Anderson de Oliveira Brito, Luciano Losilla Sabino e Ronaldo Andrade de Souza, realizarem as filmagens do meu filho (a) durante o período de pesquisa, realizando movimentos motores para estudo de caso em pesquisa experimental. Estou ciente de que essas imagens serão divulgadas a título de pesquisa, internamente, no Centro Universitário Salesiano Auxiliam, e em outros trabalhos de pesquisa que possam ser desenvolvidos durante o processo de monografia. Estou ciente que esse trabalho terá a orientação da Profª Ms. Maria de Fátima Paschoal Soler. Sem mais, firmo presente. _____________________________________ Assinat ura do responsável 45 APENDICE D – PADRÃO MOTOR APRESENTADO PELO GRUPO DE ALUNOS QUE NÃO PARTICIPAM DE AULAS DE NATAÇÃO HABILIDADE SALTAR HORIZONTAL ROLAR A BOLA MOVIMENTO AXIAL SEGMENTO MI T MS MI T MS MI T MS Aluno 1 E E I I I I E E E Aluno 2 I I E I I I E E E Aluno 3 I I E M M E E I E Aluno 4 E E E I I I I I I Aluno 5 I I I I I I I I I Aluno 6 I E I I I I I E I Aluno 7 I I I E E E E M M Aluno 8 E E I I E E E I I Aluno 9 I E I I I I I I I Aluno 10 I I I I I I E M I Aluno 11 E I I E I I M M M Aluno 12 I E E I I I I I E Aluno 13 M M M M M M M I E Aluno 14 I E E I E I E I I Aluno 15 E E E M M M E M M 46 APÊNDICE E - PADRÃO MOTOR APRESENTADO PELO GRUPO DE ALUNOS QUE PARTICIPAM DE AULAS DE NATAÇÃO HABILIDADE SALTAR HORIZONTAL ROLAR A BOLA MOVIMENTO AXIAL SEGMENTO MI T MS MI T MS MI T MS Aluno 1 E E E M M M E M M Aluno 2 M E M M E M E M M Aluno 3 M E E E M M I E M Aluno 4 M E