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-------------- Atenção Integral à Saúde 2 -------------- A abordagem epidemiológica tornou-se uma prática comum no final do século XIX e início do século XX. A sua aplicação foi inicialmente feita visando o controle de doenças transmissíveis e, posteriormente, no estudo das relações entre condições ou agentes ambientais e doenças específicas. Na segunda metade do século XX, esses métodos foram aplicados para doenças crônicas não transmissíveis tais como doença cardíaca e câncer, sobretudo nos países industrializados. A epidemiologia é uma disciplina relativamente nova e usa métodos quantitativos para estudar a ocorrência de doenças nas populações humanas e para definir estratégias de prevenção e controle. Primeiras observações epidemiológicas: John Snow identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres entre 1848-49 e 1853-54 e notou uma evidente associação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes ocorridas. A partir disso, Snow comparou o número de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias e verificou que a taxa de mortes foi mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark. Baseado nessa sua investigação, Snow construiu a teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era disseminada através da água contaminada. Dessa forma, foi capaz de propor melhorias no suprimento de água, mesmo antes da descoberta do micro-organismo causador da cólera; além disso, sua pesquisa teve impacto direto sobre as políticas públicas de saúde. O trabalho de Snow relembra que medidas de saúde pública, tais como melhorias no abastecimento de água e saneamento, têm trazido enormes contribuições para a saúde das populações. Ficou ainda demonstrado que, desde 1850, estudos epidemiológicos têm identificado medidas apropriadas a serem adotadas em saúde pública A epidemiologia é uma ciência fundamental para a saúde pública. A epidemiologia tem dado grande contribuição à melhoria da saúde das populações. A epidemiologia é essencial no processo de identificação e mapeamento de doenças emergentes. Na maioria das vezes, ocorrem grandes atrasos entre as descobertas epidemiológicas e a sua aplicação na população. Primeiras observações epidemiológicas John Snow identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres entre 1848-49 e 1853- 54 e notou uma evidente associação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes ocorridas. A partir disso, Snow comparou o número de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias (Tabela 1.1) e verificou que a taxa de mortes foi mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark. Baseado nessa sua investigação, Snow construiu a teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era disseminada através da água contaminada. Dessa forma, foi capaz de propor melhorias no suprimento de água, mesmo antes da descoberta do micro-organismo causador da cólera; além disso, sua pesquisa teve impacto direto sobre as políticas públicas de saúde. O trabalho de Snow relembra que medidas de saúde pública, tais como melhorias noabastecimento de água e saneamento, têm trazido enormes contribuições para a saúde das populações. Ficou ainda demonstrado que, desde 1850, estudos epidemiológicos têm identificado medidas apropriadas a serem adotadas em saúde pública “Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças”. (Rouquayrol & Goldbaum, 1998). Quando falamos em processo saúde-doença, devemos pensar na tríade: agente infeccioso, meio ambiente e o hospedeiro suscetível; coletividades: doença populacional, para a epidemiologia interessa saber o porquê de uma população está adoecendo, não apenas um indivíduo; distribuição: pode ser temporal, atemporal ou de atributos, engloba sexo, grupo etário, etnia ...; fatores determinantes: fatores de risco das doenças. 1) Varíola: a erradicação da varíola contribuiu enormemente para a saúde e o bem-estar de milhares de pessoas, principalmente nos países pobres. Uma intensa campanha para eliminar a varíola humana coordenada durante muitos anos pela OMS. A epidemiologia desempenhou um papel central nesse processo, principalmente por: - fornecer informações sobre a distribuição dos casos e sobre o modelo, mecanismos e níveis de transmissão. - mapeamento de epidemias da doença; e - avaliação das medidas de controle instituídas. 2) Envenenamento por metilmercúrio: na década de 1950, compostos de mercúrio foram liberados na descarga de água de uma indústria em Minamata, Japão, dentro de uma pequena baía. Isso levou à acumulação de metil mercúrio nos peixes, causando grave envenamento nas pessoas que o ingeriram. Esse foi o primeiro relato de epidemia por envenenamento com metilmercúrio envolvendo peixes, e levou vários anos de pesquisa para que fosse identificada a causa exata do envenenamento. 3) Tabagismo e câncer de pulmão: o câncer de pulmão era uma doença rara, mas, a partir de 1930, houve um aumento dramático na sua ocorrência, principalmente entre homens. Atualmente, está claro que a principal causa de aumento da taxa de câncer de pulmão é o tabagismo. Os primeiros estudos epidemiológicos estabelecendo a ligação entre o câncer de pulmão e o hábito de fumar foram publicados em 1950: cinco estudos de casos e controles mostraram que o tabagismo estava associado com câncer de pulmão em homens. 4) Fratura de quadril: a pesquisa epidemiológica sobre acidentes envolve, frequentemente, a colaboração entre epidemiologistas e profissionais das áreas sociais e ambientais. Traumas relacionados a quedas, sobretudo fratura de colo de fêmur (fraturas de quadril) em pessoas idosas, têm atraído a atenção dos pesquisadores devido às implicações para os serviços de saúde quanto ao atendimento dessa população. A epidemiologia tem um papel vital na identificação de fatores modificáveis que possam reduzir a ocorrência dessas fraturas. 5) HIV/AIDS: a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) foi identificada, inicialmente, como uma doença completamente distinta em 1981, nos EUA. Em 1990, foi estimado que 10 milhões de pessoas estavam infectadas pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Desde então, 25 milhões de pessoas morreram de AIDS e mais 40 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV,27infecciosas já registradas na história da humanidade. 1) INFECCÇÃO: entrada e a multiplicação de um patógeno infeccioso em um organismo. É valido lembrar que não, necessariamente, a infecção vai evoluir pra uma sintomatologia clínica, isto é, pode ser assintomática. Exemplo: No COVID-19, há pessoas infectadas, porém sem sintomatologia clínica. 2) DOENÇA INFECCIOSA: doença clinicamente manifesta do ser humano ou de animais. Exemplo HIV (infecção)/AIDS (sinais). * O termo doença refere a uma pessoa que apresenta sintomatologia clínica. * Existem doenças infecciosas que são transmitidas por contato indireto, exemplo: arboviroses. Logo, nem todas as doenças infecciosas são contagiosas. 3) DOENÇA CONTAGIOSA: doença que tem um potencial de transmissão, o portador é um vetor da doença, a transmissão é por contato direto. O agente infeccioso: características, hospedeiro (suscetível; está com condições imunológicas que favorecem a infecção), condições do ambiente (pessoas estão mais vulneráveis). 4) DOENÇA EMERGENTE: é uma doença nova, ou que ameaça a se expandir em um futuro próximo, em determinada região, lembrando que nem todo agente infeccioso é novo. Exemplo: a doença pode ser emergente no Nordeste, mas que circula em outras áreas. * Em epidemiologia, considerar o espaço, tempo e abrangência. A resposta pode mudar de acordo com o lugar queestá se referindo. 5) DOENÇA REEMERGENTE: uma doença com um agente infeccioso reincidente e conhecida em determinadas regiões antes controladas. Exemplo: sarampo. 6) CASO ÍNDICE: é o primeiro caso oficialmente registrado, ou seja, é aquele primeiro caso cujo as autoridades sanitárias têm conhecimento. Logo, não necessariamente, é o primeiro caso e nem uma doença nova. Pode ser uma doença reemergente. 7) CASO AUTÓCTONE: infecção dentro da área de abrangência. 8) CASO ALÓCTONE: infecção fora da área de abrangência: Exemplo: uma senhora residente de Feira de Santana-BA foi para a Europa e se infectou pelo COVID-19. Esse caso é alóctone de Feira de Santana- BA, porque a infecção aconteceu fora de Feira, mas quando ela chegou no local de morada, a sua empregada acabou contraindo. Logo, a infecção da empregada doméstica foi autóctone de Feira, isto é, a infecção ocorreu dentro do limite da cidade 9) TRANSMISSÃO COMUNITÁRIA: não consegue mais fazer a identificação para saber a fonte de infecção. 10) ENDEMIA: a endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. É uma doença que se manifesta com frequência e somente em determinada região, de causa local. A Febre Amarela, por exemplo, é considerada uma doença endêmica da região norte do Brasil. 11) EPIDEMIA: Uma epidemia irá acontecer quando existir o crescimento de casos além do esperado (limite máximo). A epidemia em nível municipal é aquela que ocorre quando diversos bairros apresentam certa doença, em nível estadual ocorre quando diversas cidades registram casos e em nível nacional, quando a doença ocorre em diferentes regiões do país. Exemplo: Em fevereiro deste ano, vinte cidades haviam decretado epidemia de dengue. * Toda doença emergente, um caso é considerado epidemia. Exemplo: COVID em uma cidade que nunca registrou. Como detectamos uma epidemia? Pega-se a incidência de dengue de 2014 e coloca no gráfico (linha cheia detectado em vermelho). Como saberei se quando começou a subir, é considerado epidemia? Através das médias dos anos anteriores (o ideal é que se faça com uma média histórica de 10 anos) Meses que tiveram epidemia: maio, junho, jlulho, agosto. De janeiro a maio, elaé endêmica. Em setembro, a dengue volta a ser endêmica. 12) SURTO: número além do esperado de casos em uma área restrita. A duração pode ser semanas ou no máximo um mês. Em algumas cidades, a dengue, por exemplo, é tratada como um surto e não como uma epidemia, pois acontece em regiões específicas (como um bairro). 13) PANDEMIA: acontece quando uma epidemia se estende a níveis mundiais, ou seja, se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de uma epidemia para uma pandemia quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a registrar casos nos seis continentes do mundo. E em 11 de março de 2020 o COVID19 também passou de epidemia para uma pandemia. 14) IMUNIDADE COLETIVA OU IMUNIDADE DE REBANHO: é quando o número de pessoas imunes impossibilita/ dificulta o contágio em grande escala de determinada doença. 5) CONTROLE DE DOENÇA: diminuição da prevalência/incidência de determinada doença, de modo que ela não é mais um problema de saúde pública. 16) ELIMINAÇÃO DE DOENÇA: interrupção da transmissão da doença em determinado local. Exemplo: o Brasil recebeu o título de eliminação do Sarampo. 17) ERRADICAÇÃO DE DOENÇA: cessação de toda a transmissão e extinção do agente infeccioso. Exemplo: varíola. * Sazonalidade (variação temporal de doenças) é quando uma doença tem variação dentro de um ano. S: suscetível. I: infectado: R: recuperados.