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APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUICONAIS – AULA/FICHA 02 Aluna: Daniela Costa de Medeiros O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais é essencial à compreensão dos artigos da CF. O estudo de suas classificações serve apenas para a CONSTITUIÇÃO FEDERAL; não deve ser aplicado em outras normas. De início, é válido questionar: Existe norma constitucional desprovida de juridicidade? Não. Todas as normas constitucionais tem juridicidade. São imperativas e cogentes, ou seja, produzem efeitos jurídicos válidos. Portanto, o que varia entre elas é o grau de eficácia. Tudo o que está na Constituição tem poder, nenhum artigo da CF é letra morta. Temos as normas constitucionais divididas em três grandes grupos: Normas de eficácia plena: São aquelas que desde a entrada do vigor da constituição produzem todos os efeitos que o legislador quis regular. É o caso do art. 2º da CF/88, que diz: “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Ela está pronta. Normas de eficácia contida (ou prospectiva): São normas que estão aptas a produzir todos os efeitos desde a promulgação da Constituição Federal. Mas o poder público está autorizado a restringir o seu alcance, que é de forma discricionária, ou seja, ele não precisa editar a lei, mas poderá fazê-lo. Mas, se não existir lei regulamentadora, o direito poderá ser usufruído? Sim. Pode ser exercida de forma ampla, só depois da restrição é que o direito ficou contido. Enquanto não se contém, o direito é pleno/amplo. Depois de conter é que poderemos dizer que o direito ficou contido. Art. 5º, XIII: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício e profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Aqui haverá dependendo da lei que for estabelecer o exercício, haverá uma limitação da liberdade do exercício de trabalho, ofício e profissão. Normas de eficácia limitada: São aquelas que dependem de regulamentação futura para produzirem TODOS os seus efeitos (depois do regulamento). Art. 37, VII, CF/88: “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”. Assim, enquanto não editada essa norma, o direito não pode ser usufruído. Dessa forma, normas de eficácia limitada não estão aptas a produzirem TODOS os efeitos com a promulgação da CF. Para isso é necessário lei posterior. Diante da omissão de lei, que acaba cerceando o direito, aplica-se um MANDANDO DE INJUÇÃO, que deve ser usado apenas nos casos de norma de eficácia limitada. A norma de eficácia limitada é dividida em dois grandes grupos: Normas institutivas ou organizativas: Dependem de lei para estruturar e organizar as instituições, as pessoas e órgãos da CF. Cria os órgãos, a sede, os fóruns etc. Exemplo → art. 88, CF: “a lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública”. Normas programáticas: Cria programas sociais, programas políticos a serem desenvolvidos pelo legislador infraconstitucional. O poder público deve criar um programa social para implementar este direito; e uma vez implementado esse programa, ele não pode ser retirado por algum outro governo que venha a assumir posteriormente, pois seria vedação ao retrocesso. AQUI QUEREMOS MEIOS PARA OBTER RESULTADO. Exemplo → art. 196, CF: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante politicas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Quais são os efeitos jurídicos produzidos pelas normas de eficácia limitada? I. Efeito negativo → Tem o poder de revogar leis que sejam incompatíveis com ela no momento da recepção. Esta tanto serve para recepcionar, quanto para exercer controle de constitucionalidade. Logo, embora tenha grau mínimo de eficácia, a norma de eficácia limitada serve de controle de constitucionalidade das leis. II. Efeito vinculativo → Este efeito se manifesta na obrigação de que o legislador ordinário edite leis regulamentadoras, sob pena de haver omissão inconstitucional, que pode ser combatida por meio de mandado de injunção ou ADIN-O (ação declaratória de constitucionalidade por omissão). art. 103, par. 2º, CF: “declarada a inconstitucionalidade por omissão da medida de tornar efetiva norma constitucional será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em 30 dias. ← QUANDO SE TRATAR DE ÓRGÃO ADMINISTRATIVO (PRAZO DE 30 DIAS), O PODER LEGISLATIVO NÃO TEM PRAZO. REVISÃO: As normas de eficácia plena estão aptas a produzir efeitos desde sua publicação, pois tem aplicabilidade direta, imediata e integral. Já a contida, a aplicabilidade também é direta e imediata, porém, não integral, pois pode sofrer restrições, mas, sabendo que, enquanto não chega a lei que a restringe, sua aplicação é integral. Diferentemente das demais temos a limitada, que necessita de regulamentação para surtir todos os seus efeitos e por isso mesmo sua aplicação é indireta, mediata e reduzida. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS As mais importantes características dos direitos fundamentais I. Irrenunciabilidade → Direito fundamental, por ser fundamental, não se pode abrir mão. Pois o direito fundamental é personalíssimo. Não se pode sobreviver sem os direitos fundamentais, pois são os mínimos necessários. Eles são tão protegidos, que a CF/88 os colocou como cláusulas pétreas, pois nosso legislador modifica constantemente a nossa Constituição. Dessa forma, o constituinte decidiu que, para não ferir direitos que foram conquistados, deveria petrificar aqueles direitos para não haver eliminação do nosso direito. Enquanto esta CF de 88 estiver vigente, esses direitos estarão vigentes. §4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV – os direitos e garantias individuais. Logo, enquanto a CF estiver em vigor, estes direitos não poderão ser abolidos. II. Limitabilidade (relatividade) → Os direitos fundamentais são protegidos pelas cláusulas pétreas (art. 60, §4º, IV), mas ainda assim poderá ser limitado por lei, ordem judicial ou ato administrativo. Dessa forma, vê-se claramente que não é absoluto. III. Universalidade (titularidade dos direitos fundamentais) → Quem são “todos” para fim da universalidade dos direitos fundamentais? Para o Supremo, mesmo que um estrangeiro que não more no Brasil poderá usar o SUS, impetrar HC etc. Pois o art. 5º diz “residente”, que juridicamente significa onde você está, não onde você mora. O julgado do STF (STF, HC 94016 MC/SP) diz que todos os brasileiros e estrangeiros que estejam no país são titulares de direitos fundamentais. Pode-se incluir, também, o nascituro como titular de direitos fundamentais. Vale ressaltar que o turista não tem todos os direitos que um brasileiro, como ação popular, voto etc. ARTIGOS DE DIREITO FUNDAMENTAL SOBRE DIREITO EMPRESARIAL: XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse sociale o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; Dessa forma, pode-se dizer que as pessoas jurídicas tem proteção de direitos fundamentais, contudo, apenas naquilo que lhe couber. Assim, não são titulares de TODOS os direitos fundamentais, apenas naquilo que lhe cabe. IV. Historicidade (dimensões ou gerações dos direitos fundamentais) → A doutrina classificou as gerações: Primeira geração como direito negativo, pois limita o Estado, diz que o Estado NÃO pode fazer. LIBERDADE ↨ NÃO FAZER A segunda geração chega não para pedir uma abstenção do Estado, mas pedindo uma intervenção do Estado para garantismo de direitos sociais e igualdade (material) na sociedade implicando, assim, na luta do proletariado e defesa dos direitos sociais. A terceira geração vem para pregar direitos de interesse coletivo e/ou difuso, como o direito ao meio ambiente equilibrado, a solidariedade, a fraternidade etc. Mostra uma grande preocupação com as gerações humanas, presentes e futuras (direito ao desenvolvimento ou progresso; paz; meio ambiente equilibrado e entre outros). L (1º) I (2º) S (3º) LIBERDADE NEGATIVO NÃO FAZER CIVIS- POLÍTICO IGUALDADE POSITIVO FAZER SOCIAIS SOLIDARIEDADE COLETIVO TRANSINDIVIDUAL DIFUSO