Prévia do material em texto
DIREITOS FUNDAMENTAIS – AULA/FICHA 03 Aluna: Daniela Costa de Medeiros PRINCÍPIOS BÁSICOS INCISO I: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Aqui, trata-se do princípio da isonomia ou igualdade. A igualdade material consiste em tratar igualmente os iguais e desigual os desiguais, como por exemplo, dar prioridade a uma gestante em atendimento hospitalar (ela se encontra em desigualdade com os demais pacientes); na aposentadoria a mulher se aposenta mais cedo, devido a diferenças fisiológicas. Só existe a diferença onde houver a necessidade justificante; pra ser legal e/ou constitucional o tratamento diferenciado deve conter justificativa. Esse princípio NÃO veda a discriminação, pois trata apenas da discriminação positiva (que é dar igualdade material) e ações afirmativas (ex.: cotas). No entanto, deve ter base legal e razão justificativa. SÚMULA VINCULANTE 37: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”. INCISO III: ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Por conta desse inciso, que foi fundamentada a vedação da utilização de algemas quando não houvesse a necessidade. Através da Súmula Vinculante nº 11, o STF diz: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”. INCISO IV e V: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; + é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Vê-se, aqui, que o anonimato é vedado. Por quê? Porque a partir do momento que tal manifestação atingir direitos de terceiro, existirá o direito de ação para responsabilização judicial do agressor. OBS.: O IP (INQUÉRITO POLICIAL) DEVE SER INSTAURADO APÓS PRÉVIA INVESTIGAÇÃO. PORTANTO, É PROIBIDA A INSTAURAÇÃO DO IP EMBASADO UNICAMENTE EM DELAÇÕES ANÔNIMAS. Quando se levam estes incisos para a esfera da Administração Pública, temos recentemente (2018) a consolidação da Súmula 611 do STJ: Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração. Aqui na esfera administrativa, a investigação preliminar deve acontecer através da sindicância ou inquérito administrativo. Dessa forma, podemos concluir que a denúncia anônima serve apenas para investigações preliminares. OBS. 2: STF → É LEGÍTIMA A MANIFESTAÇÃO PELA “MARCHA DA MACONHA”, DESDE QUE NÃO SE PORTE A SUBSTÂNCIA E SEJA PACÍFICA. INCISO VI: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; É fundamental explicitar que o Estado brasileiro NÃO É ATEU, pois nossa CF reconhece a proteção de Deus em seu preâmbulo. No entanto, temos um estado laico, ou seja, não adotamos uma religião oficial. Disso, podemos concluir a ideia de que temos liberdade e proteção religiosa (ou a falta dela). Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. De acordo com a CF/88 o ensino religioso é de matrícula facultativa, ou seja, nenhuma escola pode obrigar os pais a matricular seus filhos na matéria de ensino religioso. A escola pode disponibilizar a religião. A escola pública pode adotar um ensino confessional, que quer dizer que esta pode adotar um sentimento religioso. INCISO VII: é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Questões de provas que alegarem não poder haver manifestação religiosa em espaço público estarão ERRADAS. Ela pode acontecer tanto nas internações civis quanto nas militares, inclusive. Veda-se a incomunicabilidade espiritual do preso. Este pode exercer sua manifestação religiosa. É direito receber assistência religiosa, independente de onde estejam internados. INCISO VIII: ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Através da escusa de consciência, é plenamente possível que alguém se desobrigue de cumprir alguma obrigação, contudo, tendo que compensar através de uma prestação alternativa. Não se pode privar alguém de seus direitos por razões religiosas. No entanto, não pode utilizar a religião como uma razão de descumprimento da lei, ou extinção de punibilidade. Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. OBS. 3: CONVICÇÃO RELIGIOSA, FILOSÓFICA OU POLÍTICA É O QUE A DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA CHAMAM DE ESCUSA DE CONSCIÊNCIA. A prestação alternativa que a justiça militar deve oferecer para quem alega escusa de consciência é obrigatória. É dever do Poder Militar e direito do indivíduo que alega imperativo de consciência ter prestação alternativa. Caso o indivíduo se recuse a exercer a prestação alternativa, este terá privações em seus direitos políticos: É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Para o CESPE, ocorrerá perda dos direitos políticos; para as demais bancas será a suspensão dos direitos políticos (majoritária). → Em caso de guerra, a escusa de consciência é vedada; tornando essa norma uma norma de eficácia contida. Atenta-se, também, ao fato de que as entidades religiosas possuem imunidade tributária em seus estabelecimentos e bens. No entanto, o Supremo decidiu que a Maçonaria não se incluiria como entidade religiosa, não sendo coberta pela imunidade tributária. O STF decidiu que os cemitérios funcionam como extensão de atividades religiosas, tendo, também, imunidade religiosa. Contudo, este não deve haver exploração de lucro por parte deste. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) b) templos de qualquer culto; Súmula Vinculante 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. → Se o partido, entidade ou instituição possui um imóvel e o aluga a um terceiro, esse bem continua sendo imune (estará livre do pagamento de IPTU)? SIM. Persiste a imunidade, mas desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. É o que afirma a jurisprudência do STF que conferiuuma interpretação teleológica à imunidade afirmando que o fator que realmente importa é saber se os recursos serão utilizados para as finalidades incentivadas pela Constituição. Confira novamente a redação da súmula: Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. → E se o imóvel do partido, entidade ou instituição estiver vago ou não edificado, ele, mesmo assim, gozará da imunidade? SIM. O fato de o imóvel estar vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para retirar a garantia constitucional da imunidade tributária. Não é possível considerar que determinado imóvel está voltado a finalidade diversa da exigida pelo interesse público apenas pelo fato de, momentaneamente, estar sem edificação ou ocupação. Em suma, essa imunidade tributária é aplicada aos bens imóveis, temporariamente ociosos, de propriedade das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos que atendam os requisitos legais. Esse tema é polêmico, mas a posição acima é a que prevalece no STF e STJ. INCISO IX: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Se o morador consentir, não haverá violação em nenhuma hipótese; inclusive, em casos de mandado judicial no período noturno. O conceito de “casa” abrange expansivamente, não incluindo somente a residência do indivíduo. Essa questão pode ser verificada através do art. 150, § 4º: § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Dessa forma, qualquer compartimento fechado e não franqueado ao público (inclui escritórios, consultórios, estabelecimentos comerciais, quartos de hóspedes em hotel, garagens, oficinas, além da própria residência). → ATENÇÃO!! Não se permite que uma CPI determine busca e apreensão domiciliar. A CPI apenas investiga!! Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. → CPI apenas investiga. O poder de investigação é como de autoridade judicial. Porém, tal poder está limitado à cláusula de reserva à jurisdição (são matérias reservadas à apreciação apenas do juiz). Tudo que houver “judicial” é uma cláusula de reserva à jurisdição. Portanto, CPI não pode determinar busca e apreensão em asilo inviolável, mas pode busca e apreensão em local não protegido pelo asilo inviolável. Só se poderá falar em invasão domiciliar noturna por ordem noturna quando: o advogado estiver utilizando seu escritório para prática criminosa. OBS. 4: O consentimento para entrada na casa é do MORADOR, e se casado deve ser de ambos os cônjuges. INCISO XII: é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Escuta → O INTERLOCUTOR SABE QUE A LIGAÇÃO ESTÁ SENDO CAPTADA (UM DOS QUE ESTÃO NA CONVERSA SABE QUE ESTÁ SENDO GRAVADA) Interceptação → O 3º NAO ESTÁ TENDO APOIO DE NINGUÉM, AS PESSOAS QUE CONVERSAM NÃO SABEM QUE ESTÃO SENDO ESCUTADAS OBS. 5: ESCUTA E INTERCEPTAÇÃO SÃO FORMAS DE VIOLAÇÃO DA COMUNICAÇÃO TELEFÔNICA (SÓ O JUIZ EM INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS PODE). OBS. 6: GRAVAÇÃO TELEFÔNICA NÃO É FORMA DE VIOLAÇÃO DA COMUNICAÇÃO, POIS TRATA-SE DA CAPTAÇÃO DO DIÁLOGO PELO PRÓPRIO INTERLOCUTOR. PORTANTO, NÃO SE EXIGE ORDEM JUDICIAL. OBS. 7: PARA O SUPREMO, GRAVAÇÃO É PROVA LÍCITA APENAS PARA O INTERLOCUTOR CIENTE DELA. OBS. 8: PARA O STF, INTERCEPTAÇÕES PODEM SER UTILIZADAS EM PROCESSOS ADMINISTRATIVOS COMO PROVA EMPRESTADA, INCLUSIVE NOS PROCESSOS CRIMINAIS, DESDE QUE GARANTIDO O CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. Não obstante o direito fundamental da inviolabilidade a interceptação de uma correspondência deve ser admitida quando justificada por questões de segurança pública ou quando estiver sendo utilizada como instrumento para práticas ilícitas. Por essa razão admite-se excepcionalmente, a interceptação da correspondência de um presidiário, quando utilizada para práticas ilícitas, desde que mediante ato motivado do diretor do estabelecimento prisional. SIGILO BANCÁRIO Polícia → Necessita de autorização judicial. MP → Necessita de autorização judicial. Exceções: Informações bancárias de contas de titularidade de órgãos e entidade públicas com o fim de proteger o patrimônio público. TCU → Necessita de autorização judicial. Exceções: Envio de informações ao TCU referentes a operações de crédito originárias de recursos públicos. RECEITA FERAL → NÃO necessita de autorização judicial. FISCO ESTADUAL, DISTRITAL E MUNICIPAL → NÃO necessitaria de autorização judicial, desde dentro de suas esferas de competência. CPI → NÃO necessita de autorização judicial. Exceção: CPI municipal. INCISOS XIV, XV e XVI: XIV → é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; XV → é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; XVI → Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Sobre a marcha da maconha, o STF a considerou legítima, sendo vedada o porte e uso da erva. É suficiente mera comunicação à autoridade competente, não precisa de autorização. INCISOS XVII, XVIII, XIX, XX e XXI: XVII → é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII → a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX → as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; Aqui teremos uma cláusula de reserva jurisdicional, ou seja, esta competência de suspender uma atividade de associação é do juiz. Ao receber uma informação de que aquela associação faz atividades ilícitas, o Ministério Público deve encaminhá-la ao juiz. Só quem pode mandar suspender uma associação é o juiz. Só quem pode acabar/extinguir com uma associação, é necessário ordem judicial transitado em julgado. XX → ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI → as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; A associação só pode representar filiada judicial ou extrajudicialatravés de autorização. Súmula 629, STF → A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. INCISOS XXII, XXIII, XXIV, XXV e XXVI: INCISO XXI → é garantido o direito de propriedade; É importante saber que compete ao Município estabelecer o zoneamento urbano (art. 30, CF). A função de definir o uso do solo é do Município, logo, o Estado não pode interferir nisso. No entanto, ele deve obedecer a uma diretriz geral (Estatuto da Terra), que disciplinará uma regra geral para a partir disso estabelecer seu próprio zoneamento. → Art. 182, CF (URBANO): § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da le i federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Quando a minha propriedade urbana não atende à função social, ela também será desapropriada. Contudo, o título aqui será de 10 anos. Essas desapropriações não são de interesse público, e sim de interesse social. Logo, ainda que uma propriedade cumpra sua função social, a Constituição (inciso XXIV). OBS. 9: A FUNÇÃO SOCIAL TAMBÉM É PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA À ORDEM ECONÔMICA. OBS. 10: COMPETE À UNIÃO DESAPROPRIAR PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA O IMÓVEL RURAL QUE NÃO CUMPRE A FUNÇÃO SOCIAL (ART. 184). INCISO XXXV: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Aqui temos o PRINCÍPIO DA INAFASTIBILIDADE DA JURISDIÇÃO é também conhecido como Princípio do acesso à justiça. Art. 217, § 1º, CF: O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. Súmula 2, STJ → Não cabe o habeas data (cf, art. 5., lxxii, letra "a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa. Dessa forma, temos aqui as duas exceções para a questão de que ninguém é obrigado a esgotar as instâncias administrativas para buscar guarida no Judiciário. Logo, o habeas data e questões sobre a Justiça Desportiva precisam se esgotar nas instâncias administrativas para que se possa buscar a justiça. INCISOS XXXVI, XXXVII, XXXVIII: XXXVI → a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada XXXVII → não haverá juízo ou tribunal de exceção; XXXVIII → é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; O crime de latrocínio (roubo seguido de morte) não poderá ser julgado no Tribunal do Júri, visto que o bem jurídico tutelado neste crime é a propriedade. Súmula 603, STF → A COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DE LATROCÍNIO É DO JUIZ SINGULAR E NÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI. Súmula Vinculante 45 → A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. Dizemos que a competência do Tribunal do Júri é constitucional porque ela é prevista na própria CF/88 (e não no CPP ou em qualquer lei ordinária). O art. 5º, XXXVIII, alínea “d”, da CF/88 afirma expressamente que o Tribunal do Júri terá competência para julgar os “crimes dolosos contra a vida”. Quais são os crimes dolosos contra a vida (de competência do Tribunal do Júri)? • homicídio (art. 121 do CP); • induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art. 122 do CP); • infanticídio (art. 123 do CP); • aborto em suas três espécies (arts. 124, 125 e 126 do CP). Desse modo, em regra, ocorrendo a prática de um desses crimes, o autor será julgado pelo Tribunal do Júri (e não por um juízo singular). O que é o foro por prerrogativa de função? Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição segundo a qual as pessoas ocupantes de determinados cargos ou funções somente serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) em foros privativos colegiados (TJ, TRF, STJ, STF). A Constituição Federal prevê diversos casos de foro por prerrogativa de função. Ex: os Senadores deverão ser julgados criminalmente pelo STF (art. 102, I, “b” da CF/88). A CF/88 previu que determinadas autoridades deveriam ser julgadas pelo Tribunal de Justiça e, como o tema interessa aos Estados, as Constituições estaduais acabaram repetindo essas regras. Ex.1: a CF/88 afirma que os Prefeitos devem ser julgados pelo TJ (art. 29, X, da CF/88). Mesmo sendo desnecessário, todas as Constituições Estaduais decidiram repetir, em seus textos, essa regra. Assim, você irá encontrar tanto na CF/88 como nas Constituições Estaduais que a competência para julgar os Prefeitos é do TJ. Surge, por fim, uma dúvida: a Constituição Estadual pode estabelecer que determinadas autoridades deverão ser julgadas pelo Tribunal de Justiça mesmo isso não estando previsto na CF/88? É possível foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual? SIM. A CF/88 autoriza que a competência dos Tribunais de Justiça seja definida na Constituição do Estado (art. 125, § 1º). No entanto, essa liberdade de definição não é absoluta. Quando a Constituição Estadual for definir quais são as autoridades que serão julgadas pelo TJ ela deverá respeitar o princípio da simetria ou paralelismo com a CF/88. Explicando melhor: as autoridades estaduais que podem ter foro privativo são aquelas que, se comparadas com as mesmas autoridades em nível federal, teriam direito de foro por prerrogativa de função na CF/88. Ex.1: a CE pode prever que o Vice-Governador terá foro por prerrogativa de função no TJ. Isso porque a autoridade correspondente em nível federal (Vice-Presidente) também possui foro privativo no STF. Ex.2: a CE pode prever que os Secretários de Estado terão foro por prerrogativa de função no TJ. Isso porque a autoridade correspondente em nível federal (Ministros de Estado) também possuem foro privativo no STF. INCISOS XLI, XLII e XLIII: XLI → a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII → a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII → a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Súmula 697, STF → A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo. Em outras palavras, o Judiciário não pode usar o argumento de que o crimeé hediondo para “esquecer” do processo. Se buscou apoio em uma súmula do STF, o ministro teve de contornar outra. A Súmula 691 proíbe a análise de liminar já negada em outro tribunal superior, o que aconteceu no STJ. INCISO LVII: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; O princípio da presunção de inocência está entre as principais garantias constitucionais do cidadão brasileiro, ao estabelecer que todo e qualquer acusado deve ser considerado inocente até a decisão final, contra a qual não caiba mais recurso, independente da acusação que lhe seja imputada. Ou seja, ninguém pode ser considerado culpado antes da sentença final, que advirá após lhe ser garantida a ampla defesa e o contraditório, dentro do devido processo legal. O Art. 5, inciso LVII da CF, é muito claro: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. Esta é uma regra garantidora do Estado Democrático de Direito, ensejando – por conseguinte – também como regra que o acusado responda seu processo em liberdade. Comporta exceção prevista em lei, pela qual o acusado, eventualmente, poderá ser preso por conta, exclusivamente, de um interesse processual, o que não lhe antecipa a culpa. E, somente, durante o tempo em que esse interesse estiver presente. Cessadas as condições que, eventualmente, autorizaram a prisão processual, a regra deve prevalecer, porque a liberdade individual é o bem maior garantido constitucionalmente. Até mesmo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas, em seu Art. XI, assevera que “todo ser humano acusado de ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei”. Igualmente, a jurisprudência de vários países com tradição democrática contempla o instituto da presunção de inocência, a garantir que o imputado não receba punição antes da sentença final. Diante disso, a sociedade brasileira precisa estar vigilante e exigir o cumprimento da lei para que esta seja aplicada no país de forma indistinta, subtendo todos aos seus ditames. Não se pode admitir que o mais humilde dos brasileiros possa ter contra si uma prisão processual decretada em vista da sua condição social; o que também se aplica – por equidade - a pessoas ilustres, famosas, populares ou que detenham poder econômico. A prisão antes de uma sentença condenatória definitiva, portanto, deve ser aplicada com parcimônia. Somente quando estiver presente a justa causa. Caso contrário, ao se banalizar as ordens de prisões processuais estar-se-á rompendo os sagrados princípios constitucionais, garantidores do cidadão brasileiro. Contudo, deve-se atentar ao fato de que o STF entendeu que é possível a execução provisória da pena condenatória quando a condenação é confirmada em segundo grau ou instância (em regime de repercussão geral).