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A Hermenêutica Jurídica e seus desdobramentos históricos:
Denise Gonzaga Duarte da Silva – Matrícula: 04114
Curso de Direito – Faculdade de Viçosa (FDV)
deduarte8@gmail.com 
OLIVEIRA, Paulo César Pinto de. A formação histórica da hermenêutica jurídica e filosófica. Belo Horizonte: Editora D’Plácido. 2018. Páginas 39 a 95.
A Hermenêutica Jurídica é a área do Direito que propõe a interpretação jurídica realizada através de signos para alcançar a compreensão que seja total, das leis e normas jurídicas, determinando bases racionais e seguras para a elucidação dos enunciados normativos. 
Segundo OLIVEIRA (2018, p.44) 
‘’é necessário proceder a um breve excurso histórico da Hermenêutica Jurídica, que, evidentemente, não pretende ser exaustivo, desenvolvendo-se apenas com o intuito de apontar as principais vertentes do tema, expondo o problema da concretização das normas jurídicas ao longo da História. E, pois, um excurso histórico, e não o excurso total.’’ 
Sabemos que a história da Hermenêutica Jurídica está ligada ao Direito, e, esse inicia-se em Roma passando por três fases (realeza; república e império). O Direito e suas instituições, advindo do Império Romano e sua sociedade politicamente estruturada, surgiram para nortear os seus povos. Para encontrar a interpretação jurídica, em meio ao Direito Romano, precisamos nos atentar que as noções de ética, justiça e moral romanas estão ligadas à Grécia. 
O Império Romano do Ocidente vivenciou uma junção de suas fontes jurídicas (costumes; as leis; edito; cenatus consulto - deliberação do senado - e a doutrina) juntamente com elementos do direito escrito, tradições bárbaras e orais. Em conformidade com Joaquim Carlos Salgado e Hegel, a interpretação jurídica romana era um instrumento para aplicar o conceito do que consideravam justo de forma correta. Contribuindo, assim, nos dias atuais com os ideais de Justiça contemporânea. Os cânones interpretativos da autonomia da norma; totalidade e coerência; da atualidade e consonância; foram de suma importância para o cerne da interpretação jurídica para aplicação não só do fenônemo da subsunção, mas, também para cumprir com seu princípio fundamental ‘’scire leges non hoc est, verba earum tenere, sed vim ac potestatem’’ (a interpretação não pode contentar-se com a letra da lei, mas deve buscar a sua força). SALGADO (2018, p.51) destrincha essa ideia com maestria, no seguinte trecho: ‘’vim - os efeitos da aplicação, que precisam ser adaptados pelo intérprete e aplicador ao caso e potestade, a razão de ser da lei - ratio legis, o fundamento que ela possui no momento de sua aplicação’’. As práticas romanas traziam em si uma forma de ‘’juridicizar’’ o fato concreto à lei e suas interpretações.
Com a queda do Império Romano Ocidental o poder centralizado que regia até aquele momento a estrutura política em Roma, foi modificado com a inserção da Igreja Católica, do Rei que havia tomado para si o Império Romano e seus vassalos e suseranos. A ascensão da Igreja foi consumada a partir da instabilidade política da época, assumindo o controle sob uma parte da interpretação e sua aplicação a nova estrutura política descentralizada.
Desde a Alta Idade Média até o crescimento das atividades mercantilistas, transformação dos feudos em vilarejos e surgimento das cidades; criou-se a necessidade da volta do Direito Romano bárbaro devido ao despreparo para o eminente desenvolvimento socioeconômico das cidades.
No séc. XII a Igreja entendeu essa necessidade, e buscou a essência romana do Direito, criando as universidades/faculdades de Direito, Teologia, Medicina e Artes Plásticas. A problematização da busca pelo Direito Romano feito pela Igreja deu-se quando a interpretação e a leitura que eram feitas passavam apenas por um cunho teológico.
Então, surgiu a Escola de Bolonha, anos depois, que ocupava o cargo de escrever ás glosas que seriam anexadas ao texto original a fim de explicar os termos e expressões. A escola passou a ensinar o Corpus Iuris Civilis que consistia em ensinar os princípios romanos para resolução de conflitos sociais e econômicos sem a intervenção da Igreja. 
À vista dos desafios encontrados pela Escola de Bolanha, nasce entre os séculos XIII e XIV, a Escola dos Comentadores que sofre influência da teologia na busca do sentido ao texto. Mas, diferentemente da Escola de Bolonha, esses buscavam soluções mais atuais e concretas e criaram o Direito Comum Europeu. Esse Direito foi criado na tentativa de englobar todos os direitos que existiam na Europa; sofreram críticas árduas por parte do Humanismo (séc. XIV e XV), mas, foram aceitos dentro dos distintos ordenamentos e práticas na Europa até as Codificações. 
Nos séculos XVII e XVIII surgiu a Codificação e a Escola da Exegese Francesa, com influência da Rev. Francesa que trouxe grandes mudanças socioculturais e econômicas embasadas em sua matriz ideológica liberalista e iluminista. Também veio à tona nessa Escola o jusracionalismo por meio do Humanismo que marca a era da razão moderna. Esse marco institui o início do Estado de Direito que é pautado pelo Direito Natural e à razão, determinando o fim do Estado Absolutista e o embasamento teológico. 
A Exegese Francesa juntamente com a Codificação influenciaram na interpretação jurídica e no Direito moderno criando um sistema jurídico, além da justificação das decisões e a positivação das leis. Contribuíram também na Hermenêutica Jurídica através do foco na interpretação gramatical (mesmo que seja um método incompleto é utilizado nos dias atuais) e no silogismo jurídico aplicado. Similarmente as outras Escolas, essa também enfrentou críticas resultantes de problemas, e, esses eram: a forma positivada na imposição das leis que impediam o intérprete de interpretar; negavam as falhas explícitas nos Códigos. A Revolta dos Fatos contra os Códigos (séc. XIX) veio em resposta, crítica e oposição da problemática enfrentada. 
As Escolas Sociológicas no contexto novo trazido pela Revolução Industrial e suas mudanças culturais e socioeconômicas vieram contrapor a Escola da Exegese Francesa. 
Dado que na Alemanha não existia um Código vigente, aplicava-se de forma direta o Direito Romano Atualizado. A Escola da Jurisprudência dos Interesses é uma extensão da Escola Histórica Alemã. De acordo com Savigny ‘’interpretar a lei é reconstruir o pensamento nela expresso’’ e existem 4 métodos para fazer com que isso aconteça, e, esses se dão pela: interpretação lógica, gramatical, histórica e sistemática. Criando-se o pressuposto de que um bom intérprete é aquele que compreende além das leis, levando em consideração os fatos e fatores sociais por trás da mesma. 
Por sua vez, a Escola do Direito Livre seria equivalente à Revolta dos Códigos dos Fatos só que dessa vez na Alemanha; criticavam duramente a convenção da escrita e do positivismo do Código, colocando-o em cheque. O problema causado por essa escola era a instabilidade da Segurança Jurídica e a Subversão do Princípio da Legalidade que essas características causavam. 
No séc. XX o autor alemão, Robert Alexy, propôs uma contraposição contemporânea, o qual, contribuiu para o Direito e a Hermenêutica Jurídica através de sua Teoria da Argumentação Jurídica. Essa teoria propõe que a argumentação jurídica seja a ferramenta utilizada durante o processo do entendimento constitucional, influenciado pelo pós-positivismo, defendeu a ideia de que se deva interpretar as normas jurídicas como um todo e não um produto final advindo do Direito. Ademais, propõe que a decisão jurídica seja fundamentada na razão e nas fontes do Direito para dar respostas concretas e assertivas para o entendimento dos operadores do Direito.
 
REFERÊNCIAS:
1. DELLAGNEZE, René. A Hermenêutica Jurídica. Parte 1: Sistemas e meios interpretativos. São Paulo: Jus Brasil. 2019. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/72774/a-hermeneutica-juridica-parte-1-sistemas-e-meios-intepretativos>, acesso em: 12/09/2020.
2. DORICO, Eliane Aparecida. A Teoria da Argumentação Jurídica como instrumento para a solução justa doscasos. São Paulo: Revista Âmbito Jurídico: o seu portal jurídico na internet. 2013. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-revista-116/a-teoria-da-argumentacao-juridica-como-instrumento-para-a-solucao-justa-dos-casos/>, acesso em: 12/09/2020. 
3. OLIVEIRA, Paulo César Pinto de. A formação histórica da
hermenêutica jurídica e filosófica. Belo Horizonte: Editora D’Plácido. 2018.
4. SILVA, Raquel Andrade e. Hermenêutica e Argumentação Júridica, 2020. 25 slides. Disponível em: <htptps://classroom.google.com/c/MTlyNYx0MTDA5>, acesso em 12/09/2020.