Prévia do material em texto
Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Antes de darmos início a esse módulo, precisamos refletir sobre a abordagem dos termos “surdo” e “deficiente auditivo” Existem pessoas surdas ou com deficiência auditiva ã i dif t t id dque são indiferentes quanto a serem consideradas surdas ou deficientes auditivas. A origem dessa diversidade de preferências está noA origem dessa diversidade de preferências está no grau da audição afetada. Tecnicamente, considera‐ sea deficiência auditiva como sendo a categoria maior dentro damaior, dentro da qual encontramos diversos graus de perda auditiva, variando da surdez leve (25 a 40 db) à anacusia e tendo como níveis intermediários a surdez moderadatendo como níveis intermediários a surdez moderada (41 a 55 db), a surdez acentuada (56 a 70 db), a surdez severa (71 a 90 db) e a surdez profunda (acima de 91 db). Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva ( ) Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Portanto, oficialmente, “deficiência auditiva” e “surdez” significam a mesma coisa. (Inciso II do art. / /4º do Decreto nº 3.298, de 20/12/99, que regulamenta a Lei nº 7.853, de 24/10/89) A d i ã t t “A decisão quanto a usar o termo “pessoa com deficiência auditiva” ou os termos “pessoa surda” e ”surda”, fica por conta de cada pessoa. Geralmente, pessoas com surdez leve moderada ou acentuadapessoas com surdez leve, moderada ou acentuada referem‐se a si mesmas com tendo uma deficiência auditiva. Já as que têm surdez severa, profunda ou anacusia preferem ser consideradas surdasanacusia preferem ser consideradas surdas. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Considera‐se pessoa surda aquela que, por ter perda p q q , p p auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras. Considera‐se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. FONTE: Decreto Federal n 5.626, de 22 de dezembro de 2005: regulamenta a lei nº 10.436, de 24 de abril d 2002 di õ b í il i dde 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras, e o artigo 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. (In UNISC). Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Uma surdez ou uma deficiência auditiva é qualquer alteração produzida tanto no órgão da audição quanto na via auditiva. Do ponto de vista médico, a surdez é classificada em: surdez condutiva ou de transmissão; surdez neurosensorial, ou de percepção, e surdez mista. A surdez condutiva resulta da lesão no ouvido externo ou no ouvido médio, o que impede ou dificulta a transmissão das ondas sonoras até o ouvido interno. O distúrbio no ouvido externo pode ocorrer em função de otite, de malformações ou da ausência do pavilhão auditivo. Já, o distúrbio no ouvido médio pode ser produzido por traumatismos que provocam a perfuração do tímpano ou por alterações na cadeia de ossinhos. A malformação genética também pode produzir esse tipo de surdez. A d d ti l t ã é d d iti d t t tA surdez condutiva normalmente não é grave, nem duradoura, permitindo o tratamento médico ou cirúrgico. Produz uma alteração na quantidade da audição, mas não na sua qualidade.O grau de perda auditiva situa‐se, no máximo, em 60 decibéis e suas conseqüências não são graves para aquisição e desenvolvimento da linguagem oralnão são graves, para aquisição e desenvolvimento da linguagem oral. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Na surdez neurossensorial, a área prejudicada situa‐se no ouvido interno ou na via auditiva para o cérebro. Sua origem pode ser genética, produzida por intoxicação (medicamentos), por infecção (meningite), ou por alterações vasculares e dos líquidos linfáticos do ouvido interno. Afeta tanto a quantidade quanto a qualidade da audição. A pessoa ouve menos, ouve distorcido, porque perde a audição em determinadas faixas de freqüência e não em outras, graças aos possíveis resquícios auditivos de que dispõe. Esse tipo de surdez costuma ser permanente. Até pouco tempo, não era possível intervenção cirúrgica, contudo, hoje já é possível a recuperação pela técnica do implante coclear. Quanto à surdez mista, as áreas prejudicadas são tanto o ouvido interno ou a via auditiva, quanto o canal auditivo externo ou médio. Sua origem pode ser uma das causas próprias da surdez neurossensorial ou uma confluência de causas próprias de cada tipo de surdez. Em alguns casos, uma alteração condutiva pode estender‐se ao ouvido interno e provocar surdez mista. O que, em princípio, se manifesta em uma afecção do ouvido médio pode levar a uma perda auditiva completa O tratamento depende de cada um dos dois tipos que englobauma perda auditiva completa. O tratamento depende de cada um dos dois tipos que engloba. Ela pode ser abordada de forma médica para recuperação do funcionamento do ouvido externo ou médio A surdez neurosensorial não só limita as possibilidades de recuperação Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva externo ou médio. A surdez neurosensorial não só limita as possibilidades de recuperação como exige um enfoque mais educativo.(Coll e colaboradores, 2004). Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A variabilidade da surdez está relacionada com a idade da perda auditiva, com a reação emocional dos pais, com os possíveis transtornos associados que afetam o desenvolvimento da criança. Dentre as causas da surdez, estão as de base hereditária e as adquiridas.Existem, também, as de causas desconhecidas, que não podem ser diagnosticadas com exatidão.As causas hereditárias da surdez são difíceis de serem determinadas. É mais provável que a surdez adquirida esteja associada a outras lesões, ou a outros problemas como infecções, incompatibilidade de RH, rubéola ou outros. A perda da audição é avaliada por sua intensidade em cada um dos ouvidos em função de diversas freqüências.O grau de perda auditiva é classificado em leve, médio, sério e profundo. Algumas correspondências aproximadas na intensidade do som podem ser destacadas como: 20 dB (vinte decibéis), fala em cochicho ‐ 40 dB (quarenta decibéis), fala suave – 60 dB (sessenta decibéis) conversa normal 80 dB (oitenta decibéis) trânsito ruidoso 100 dB cem(sessenta decibéis), conversa normal – 80 dB (oitenta decibéis), trânsito ruidoso ‐ 100 dB cem decibéis), escavadeira; e 120 dB (cento e vinte decibéis), reator. (Coll e colaboradores, 2004). Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Do ponto de vista educacional, de acordo com Coll e colaboradores (2004), é feita uma classificação mais ampla, com base nas necessidades educativas dos alunos: hipoacústicos e surdos profundos. As crianças hipoacústicas têm dificuldades na audição, mas seu grau de perda não as impede de adquirirem a linguagem oral. Normalmente, necessitarão de ajuda de prótese auditiva. Costumam ocorrer dificuldades na articulação e na estruturação da linguagem. Os surdos profundos têm perdas auditivas maiores, o que dificulta bastante a aquisição da linguagem oral através da via auditiva, mesmo com a ajuda de sistemade amplificação. Por isso, a visão converte‐se no principal vínculo com o mundo exterior e no primeiro canal de comunicação. A perda auditiva tem forte repercussão no processo de desenvolvimento posterior da criança, dependendo da sua idade. Coll e colaboradores (2004) diferenciam o desenvolvimento, em dois tempos: antes dos três anos e depois desta idadedois tempos: antes dos três anos e depois desta idade. Se ocorre antes dos três anos, denomina‐se surdez pré‐locutiva, isto é, antes que a criança tenha consolidado a fala. Depois dos três anos, existe uma surdez pós‐locutiva, posterior à aquisição da fala Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva aquisição da fala. Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Pesquisas, como as de Conrad (1979), sobre os alunos surdos confirmaram a importância e a repercussão do antes e do depois dos 3 anos. Ele classificou os alunos com perdas auditivas superiores a 85 dB, em três grupos de acordo com a etapa de vida em que perderam a audição: 1. congênita, 2. do nascimento aos três 3 d i d t êanos, 3. depois dos três anos. Conrad (1979 comparou o nível de fala interna e constatou as seguintes proporções: 47%, 46% e 93%, respectivamente.p Diz, então que, antes dos três anos, a experiência lingüística tem pouca influência, que a competência lingüística é muito frágil e que não há uma organização da função neurológica. Ao contrário, as crianças, j d d d i d t ê tê d i â i b l i lid d dcuja surdez se produz depois dos três anos, têm uma dominância cerebral mais consolidada e podem manter sua linguagem interna.(Coll e colaboradores, 2004). Esses dados são extremamente importantes e devem ser considerados na educação da criança. Enquantop ç ç q as crianças surdas pré‐locutivas têm de aprender uma linguagem totalmente nova para elas, sem nenhuma experiência com som, as crianças com surdez pós‐locutiva têm que manter a linguagem adquirida, enriquecê‐la e complementá‐la. Coll e colaboradores (2004) nos alertam para o fato das diferenças entre as crianças surdas não decorrerem apenas dos aspectos médicos, associados ao grau, ao tipo e à época em que a surdez ocorreu. A atitude dos pais, por exemplo, diante da surdez é um fator considerável. Os pais interferem Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva p p p p negativamente, quando não aceitam a surdez da criança, tratando seu filho como ouvinte, ou então, quando superprotegem. Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Uma atitude mais positiva é a de aceitar a surdez, é a de criar um ambiente descontraído de comunicação e de se disporem a aprender e a utilizar com a criança o tipo de comunicação mais enriquecedor para ela. T bé f t d i d i t é f t dif i l Q d i têTambém, o fato de os pais serem surdos ou ouvintes é um fator diferencial. Quando os pais têm deficiência auditiva, aceitam com mais facilidade a surdez da criança, compreendem melhor o problema, estão mais aptos a usar a linguagem de sinais, facilitando‐lhe sua aquisição. Quando os pais são ouvintes (90% do total), embora sejam mais competentes na linguagem oral, apresentam mais dificuldades, para encontrarem um modelo de comunicação adequado e, também, para compreenderem as experiências vividas por seu filho surdo. Um desenvolvimento satisfatório da criança surda é assegurado, quando é dada atenção educativa desde o momento em que se descobre o problema. As limitações podem ser superadas por uma atenção educativa que inclua: estimulação sensorial, atividades comunicativas e expressivas, utilização da linguagem deq ç , p , ç g g sinais, se a criança for surda profunda, o desenvolvimento simbólico, o envolvimento dos pais e a utilização dos resquícios auditivos da criança (Coll e colaboradores, 2004). Da mesma forma q ando a ed cação é adaptada às necessidades e possibilidades da criança s rda aDa mesma forma, quando a educação é adaptada às necessidades e possibilidades da criança surda, a aprendizagem torna‐se mais fácil. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Desenvolvimento da Criança SurdaO Desenvolvimento da Criança Surda Dentre os estudos sobre o desenvolvimento da criança surda, que são bastante expressivos, destacamos o desenvolvimento lingüístico e o comunicativo. Os ambientes lingüísticos são muito variados por issoOs ambientes lingüísticos são muito variados, por isso, também, os processos de socialização lingüísticos são, igualmente, bastante diferentes. As crianças surdas, cujos pais usam sinais, adquirem de forma espontânea a língua utilizada no ambiente familiar. A relação entre a criança surda e o imput lingüístico é semelhante ao que se estabelece entre a criança ouvintesemelhante ao que se estabelece entre a criança ouvinte e a linguagem oral falada na família. Pais ouvintes utilizam habitualmente a linguagem oral, todavia, podem aprender algum sistema de comunicação com sinais, se entenderem que este facilitará a comunicação para a criança surda. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Desenvolvimento da Criança Surda A comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce Estudiosos da criança já confirmaram a importância da comunicação pré‐verbal e sua influência na aquisição da linguagem. Vários estudos e pesquisas têm demonstrado que nos primeiros meses de vida, ocorrem intercâmbios comunicativos entre o bebê e o adulto pelo uso de expressões primitivas através das quais, ambos regulam mutuamente seu O i ifi d ã d i d d i d id diá i dcomportamento. Os significados vão sendo organizados em torno das rotinas da vida diária do recém‐nascido e, dessa forma, constitui‐se uma relação social básica entre o bebê e o adulto. O adulto adapta sua conduta ao que observa na criança, iniciam‐se entre ele e a criança, on ersas r dimentaresconversas rudimentares. Mas o que acontece com Mas o que acontece com as crianças surdas? Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Desenvolvimento da Criança Surda A comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce Coll e colaboradores (2004, p. 177) dizem que “as estruturas básicas de conhecimento da linguagem também operam nos surdos. As diferenças se manifestam nas possibilidades de acesso ao imput lingüístico que lhes é apresentado e nos processos comunicativos que se estabelecem entre os adultos e a criança surda”. As primeiras diferenças entre as crianças surdas e as ouvintes já se manifestam desde os primeiros meses. Choros, balbucios, arrulhos dos primeiros quatro meses que são iguais em ns e o tros ome am a dimin ir nas rian as s rdas o om perdas ra es e prof ndas deuns e outros, começam a diminuir nas crianças surdas ou com perdas graves e profundas de audição, a partir dos quatro aos seis meses.Enquanto as crianças ouvintes, nos primeiros meses, desenvolvem entonações adequadas e percebem a relação entre som e visão, as crianças surdas nãocrianças surdas não. Gregory e Mogford (1981), citados por Coll (2004), apontam três aspectos importantes na comunicação entre a mãe e o filho durante o primeiro ano de vida: alternância; referênciacomunicação entre a mãe e o filho durante o primeiro ano de vida: alternância; referência conjunta e jogos de antecipação. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Desenvolvimento da Criança SurdaA comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce A alternância diz respeito à percepção que cada um dos interlocutores deve ocupar.Quando um toma a iniciativa, o outro espera sua vez, para intervir. A referência conjunta indica as atividades que a mãe realiza com a criança com a atenção de ambos dirigidas para uma mesma coisa, acompanhando essa atenção com vocalizações e expressões lingüísticas, que posteriormente servirão como instrumento para regular a atenção da criançaque posteriormente servirão como instrumento, para regular a atenção da criança. Os jogos de antecipação indicam que a mãe e a criança aprendem um papel que se repete, permite que a criança realize as ações previstas e as alterne com as da mãe. Dessa forma, se estabelece uma estrutura interativa análoga à que se criará depois com os intercâmbios lingüísticos. Esses jogos devem ser acompanhados e reforçados com expressões orais (Coll e colaboradores, 2004). A aquisição da língua oral pelas crianças surdas profundas é, de acordo com estudos feitos por Coll eA aquisição da língua oral pelas crianças surdas profundas é, de acordo com estudos feitos por Coll e colaboradores (2004), muito diferente do que ocorre nas crianças ouvintes ou nas próprias crianças surdas com relação à linguagem de sinais. É d fí l d l à d f dÉ muito difícil para as crianças surdas, principalmente, às que possuem surdez profunda, terem acesso a uma linguagem em que não podem ouvir. Por isso, a aquisição da linguagem oral deve ser planejada de forma sistemática pelo adulto, atento ao contexto comunicativo e interativo em que elas estão inseridas, a fim de que, aos poucos, possam incorporar novas palavras aos seus vocabulários. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva fim de que, aos poucos, possam incorporar novas palavras aos seus vocabulários. Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Desenvolvimento da Criança Surda A comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce Estudos realizados por Goldin‐Meadow e Feldman (1975) com crianças surdas profundas entre um ano e meio e quatro anos de idade, cujos pais ouvintes tinham optado por uma educaçãoq j p p p ç exclusivamente oral, desenvolvem um sistema de gestos próprios, para se comunicarem, produziram combinações de gestos, para simbolizar relações semânticas. Outro estudo, efetuado por Mohay (1982, 1990) com duas crianças surdas profundas, mostra que elas se comunicavam através de gestos, que pouco usavam das palavras faladas e, quando as usavam, estas se apresentavam soltas, sem formarem frase, num sentido mais amplo. No entanto, ele diz que “apesar de suas limitações na comunicação oral, as crianças surdas podiam expressar, mediante gestos, a mesma variedade de funções semânticas e de intenções pragmáticas expressadas verbalmente pelas crianças ouvintes em um estágio similar d d l i ” (M h (1982 1990 178))de desenvolvimento” (Mohay (1982, 1990, p.178)). Os estudos de Mohay indicam que a comunicação através de gestos não deve ser compreendida apenas como um acréscimo ou um substitutivo da linguagem oral, mas como um precursor ou mesmo um facilitador do desenvolvimento da linguagem (Coll eum precursor ou mesmo um facilitador do desenvolvimento da linguagem (Coll e Colaboradores, 2004). Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Aquisição da Linguagem de SinaisA Aquisição da Linguagem de Sinais Vamos falar agora sobre um tema muito importante. A aquisição da linguagem de sinaislinguagem de sinais . Vários estudos realizados sobre a aquisição da linguagem de sinais indicam que ela é muito semelhante àquela que se produz nas crianças ouvintes com relação à linguagem oral. Isso, contudo, não exclui as diferenças em função de que são modalidades distintas de expressão a manual e a oral Observaram‐se semelhanças pordistintas de expressão, a manual e a oral. Observaram‐se semelhanças, por exemplo, entre a atividade manual das crianças surdas que usavam sinais, consideradas pelos pesquisadores como um verdadeiro balbucio manual, semelhante ao balbucio vocal das crianças ouvintes. Essa semelhança foi identificada em quatro traços característicos: na duplicação das expressões; no aparecimento de uma etapa de balbucio manual básico, tal como ocorre nas crianças ouvintes; nos progressos das crianças surdas no balbucio manual semelhantes às etapas encontradas no balbucio vocal das criançasmanual semelhantes às etapas encontradas no balbucio vocal das crianças ouvintes e, por último, no balbucio manual, revelando o ritmo, a duração e as possíveis configurações manuais da linguagem de sinais empregadas pelos pais, de forma similar às que ocorrem com o balbucio vocal (Coll e Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Colaboradores, 2004). Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Aquisição da Linguagem de Sinais O Desenvolvimento CognitivoA Aquisição da Linguagem de Sinais – O Desenvolvimento Cognitivo Conforme explicam Pettito e Marentette (1991, p 1494), “o balbucio é expressão de uma capacidade de linguagem amodal, associada à fala e ao sinal. Apesar das diferenças radicaisp g g f p f ç entre os mecanismos motores que subjazem ao sinal e à linguagem falada, as crianças surdas e as ouvintes produzem unidades de balbucio idênticas”.(In Coll e colaboradores, 2004). Os estudos realizados sobre a inteligência das pessoas surdas, em diferentes períodos históricos, apresentaram diferentes interpretações, quanto aos dados obtidos. Myklebust (1964), citado por Coll e seus colaboradores, 2004), apresenta a tese de que o desenvolvimento da inteligência dos surdos é diferente do desenvolvimento da inteligência dos ouvintes. A tese é baseada na idéia de que o pensamento do surdo está mais vinculado ao i l i difi ld d b i E d i li ê iconcreto, por isso, ele tem mais dificuldades, para abstrair. Entretanto, testes de inteligência, realizados especialmente com aqueles com menos conteúdo verbal, mostraram que os resultados obtidos pelos surdos eram similares aos dos ouvintes. O diferencial é atribuído às limitações dos surdos, para terem acesso à informação, o que os leva a se concentrarem, sobretudo, em suas experiências internas. A ausência do som é limitadora do acesso à linguagem e isso influencia no desenvolvimento do pensamento Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva limitadora do acesso à linguagem, e isso influencia no desenvolvimento do pensamento abstrato e reflexivo. Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Aquisição da Linguagem de Sinais O Desenvolvimento CognitivoA Aquisição da Linguagem de Sinais – O Desenvolvimento Cognitivo A tese da diferenciação é corroborada por Hans Furth (1966, 1973) que afirma ser a competência cognitiva dos surdos semelhante à dos ouvintes. Ambos passam pelas mesmas etapas de desenvolvimento, embora a evolução seja mais lenta nos surdos. Nas décadas de 1980 e 1990, as pesquisas de Vygotsky, educador russo, fundamentam os estudos sobre o desenvolvimento cognitivo o qual é visto em estreita relação com o desenvolvimento social edesenvolvimento cognitivo, o qual é visto em estreita relação com o desenvolvimento social e comunicativo, mas é Piaget, na verdade, quem mais influencia os estudos sobre o desenvolvimento cognitivo da criança surda. Marchesi et al. (1994,1995), apoiado em Piaget, estudou o desenvolvimento cognitivo da criança surda, chegando a conclusões importantes. No período da inteligência sensório‐motora ‐ o primeiro estágio piagetiano da inteligência ‐ os estudos comprovaram, que o desenvolvimento sensório motor da criança surdaé semelhante ao da criança ouvinte, havendo um atraso maior referente à imitação vocal.surda é semelhante ao da criança ouvinte, havendo um atraso maior referente à imitação vocal. Ao estudar a evolução do jogo, uma das condutas mais importantes da etapa simbólica, nas crianças com surdez profunda, Marchesi observou que as dimensões do jogo ‐ descentração, identidade, substituição, d l lh d fintegração de ações e planejamento ‐ são semelhantes nas crianças surdas e nas ouvintes. Diferenças importantes foram observadas nas dimensões de identidade e de planejamento. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Aquisição da Linguagem de Sinais O Desenvolvimento CognitivoA Aquisição da Linguagem de Sinais – O Desenvolvimento Cognitivo Como explicam Coll e colaboradores (2004, p.182), “quando a criança começa atribuir um papel ao boneco e ela própria assume um papel alternativo, aquelas que melhor estruturaram e interiorizaram sua linguagem revelam níveis mais avançados Essas crianças em geral são as ouvintes e as surdas de paislinguagem revelam níveis mais avançados. Essas crianças em geral, são as ouvintes e as surdas de pais surdos”. Na etapa das operações concretas nas crianças surdas, estudos comparativos sobre o desenvolvimento cognitivo dessas crianças com as crianças ouvintes, quanto à classificação, seriação, conservação e representação espacial, os resultados mostraram que as crianças surdas apresentam uma evolução similar à das crianças ouvintes, mas com um atraso entre dois e quatro anos, em função do nível de abstração requerido para chegar ao conceito estudadorequerido, para chegar ao conceito estudado. E no período hipotético dedutivo, caracterizado pelas operações formais, esperava‐se que as crianças surdas, com maior atraso lingüístico, tivessem sérias dificuldades de dominar esse tipo de pensamento. Embora se tenham encontrado tais dificuldades, as interpretações são diferentes. Em alguns casos, verificou‐se que, também, a falta de busca ativa de uma solução para o problema levantado é a principal variável responsável pelos erros dos adolescentes surdos (Furth e Youniss 1971levantado, é a principal variável responsável pelos erros dos adolescentes surdos (Furth e Youniss, 1971, 1979). Em outros casos, é apontado o tipo de ensino que os surdos recebem, concreto e literal demais, o fator Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva com maior poder explicativo das limitações para o pensamento abstrato que os surdos manifestam (Woods et al, 1986). Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Lingua Brasileira de Sinais LIBRASA Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS ALFABETO As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram espontaneamentesugiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura permitem a expressão de qualquer conceito ‐ descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico concretometafórico, concreto, abstrato ‐ enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Lingua Brasileira de Sinais LIBRASA Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS NUMERAIS Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Lingua Brasileira de Sinais LIBRASA Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS Aspectos Legais LEI N.º 10.436 de 24 de abril de 2002 Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende‐se como Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual‐motora com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva normas legais em vigor. Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA A Lingua Brasileira de Sinais LIBRASA Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS Aspectos Legais Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais municipais e do p Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais ‐ PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Na educação da criança surda, é necessário que se avaliem todosNa educação da criança surda, é necessário que se avaliem todos os aspectos que interferem na sua aprendizagem. O(a) professor(a) tem que observar, se o tipo de comunicação que utiliza favorece os intercâmbios comunicativos, se permite que a criança tenha acesso fácil à aprendizagem. Outro aspecto importante a considerar é o da necessidade de interação da criança surda com as demais crianças.Também, é fundamental conhecer o ritmo de aprendizagem da criança surda e verificarconhecer o ritmo de aprendizagem da criança surda e verificar que adaptações precisam ser feitas no currículo, para adequá‐lo às necessidades dela. Além disso, devem ser observadas questões como a luminosidade, a acústica da sala de aula ou a i ã d l l ã (à) f ( ) dposição do aluno em relação ao(à) professor(a), ao quadro ou qualquer outra fonte de informação. Que canais de comunicação são mais indicados na educação dasQue canais de comunicação são mais indicados na educação das crianças surdas? Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Em muitos países da Europa, conforme apontam os estudos de Coll e colaboradores (2004), defende‐se o valor da comunicação exclusivamente oral na educação das crianças surdas, isto, porque acreditam que a linguagem de sinais interfere na aprendizagem da linguagem oral. Diferentes estudos questionam essa posição, uma vez comprovadaque a utilização de ét d l i t i ã ibilit l d ti i í imétodos exclusivamente orais não possibilitaram que alunos surdos atingissem níveis satisfatórios em leitura labial, expressão oral ou leitura de textos escritos. Defendem o valor lingüístico da linguagem de sinais e sua capacidade para expressar tanto aDefendem o valor lingüístico da linguagem de sinais e sua capacidade, para expressar tanto a realidade concreta, quanto mundo poético e abstrato. Além disso, alguns estudos sobre a aquisição precoce da linguagem de sinais por crianças surdas comprovaram sua influência positiva na inteligência compreensão lingüística vocabulário e leitura labial não sepositiva na inteligência, compreensão lingüística, vocabulário e leitura labial, não se encontrando diferenças em relação a outras crianças surdas em leitura e inteligibilidade da fala (Coll e colaboradores, 2004). Com esses resultados, foram incorporados outros sistemas visuais à educação das crianças surdas: a palavra complementada e os sistemas de educação bimodal. Também se recuperou a utilização da linguagem de sinais. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva ç g g Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação A palavra complementada refere‐se ao sistema criado por Cornett (1967) que tem como objetivo permitir à criança surda aprender a linguagem por meio da leitura do movimento dos lábios com a ajuda de sinais suplementares. Não se trata, como o autor explica, de um substituto do treinamento auditivo, nem da aprendizagem da aquisição dos sons da língua, e muito menos, da linguagem de sinais. Tal sistema baseia‐se na utilização de um conjunto de i i i t d t i t d f i ltâ à ã dsinais manuais perto do rosto, para que possam ser vistos de forma simultânea à percepção do movimento dos lábios e contribuam, para tornar mais claro o fonema articulado. Santiago Torres (1988) fez uma adaptação da palavra complementada utilizando oito formasSantiago Torres (1988) fez uma adaptação da palavra complementada, utilizando oito formas da mão para as consoantes e três posições para as vogais: lado (a, o); queixo (e, u) e boca (i). Esse sistema favorece a discriminação fonética e facilita a leitura labial mas não ajuda aEsse sistema favorece a discriminação fonética e facilita a leitura labial, mas não ajuda a expressão comunicativa, nem procura um meio alternativo de comunicação para as crianças com graves problemas para a utilização da língua falada (Coll e colaboradores, 2004). Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação O sistema bimodal supõe a utilização simultânea da fala e dos sinais, isto é, se efetiva a comunicação de dois modos: o oral e o manual. Daí, ser sistema “bimodal”. O sistema bimodal estrutura‐se em torno da linguagem oral, que é a que estabelece a ordem da frase e da sintaxe. Os sinais, procedentes em sua maioria da língua de sinais, são expressos ao mesmo tempo em que se pronunciam as palavras, produzindo‐se, assim, uma única mensagem em d i d d i ãdois modos de comunicação. Existem diversos sistemas bimodais que correspondem à estrutura da linguagem oral. Para Coll e colaboradores (2004) o sistema de comunicação bimodal facilita a aprendizagem dase colaboradores (2004), o sistema de comunicação bimodal facilita a aprendizagem das pessoas ouvintes e um maior ajuste à linguagem oral. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Uma outra opção de comunicação com as crianças surdas é o bilingüismo, que supõe o uso da linguagem de sinais e da linguagem oral, apresentado em duas alternativas: o sucessivo, em que primeiramente se utiliza a linguagem de sinais e posteriormente aos seis ou sete anos a linguagem oral; e o simultâneo emutiliza a linguagem de sinais, e posteriormente, aos seis ou sete anos, a linguagem oral; e o simultâneo, em que as duas linguagens são empregadas juntas desde o início da comunicação com a criança surda. Estudiosos da educação de crianças surdas, tal como Coll e colaboradores (2004), apontam duas razões para o uso do sistema bilíngüe. Em primeiro lugar, porque a linguagem de sinais é um sistema lingüístico estruturado com uma coerência interna e um sistema de regras capaz de produzir todo tipo de expressões e significados. Em segundo lugar, a formação de uma comunidade de pessoas surdas que utilizam a linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores 2004 p 189)linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores, 2004, p. 189). Lima (2006, p. 59) também é outro autor que defende a importância do bilingüismo. Afirma que “as pessoas podem ser bilíngües, isto é, dominar duas línguas, o português e o francês, por exemplo, adotando o português como língua materna e a Libras como segunda língua. Da mesma forma, os surdos, especialmente se têm surdez congênita, podem e devem aprender a língua de sinais como primeira língua e o português como a segunda”. Como sabemos, essa não é a realidade em nossa sociedade. Poucos são os ouvintes que sabem a língua de sinais e a maioria dos indivíduos surdos não compreende integralmente a linguagem oral. Essa situação, presente em muitos dos nossos estabelecimentos escolares, deve ser superada, se realmente desejamos Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva incluir as crianças surdas na escola regular e na sociedade. Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Uma outra opção de comunicação com as crianças surdas é o bilingüismo, que supõe o uso da linguagem de sinais e da linguagem oral, apresentado em duas alternativas: o sucessivo, em que primeiramente se utiliza a linguagem de sinais e posteriormente aos seis ou sete anos a linguagem oral; e o simultâneo emutiliza a linguagem de sinais, e posteriormente, aos seis ou sete anos, a linguagem oral; e o simultâneo, em que as duas linguagens são empregadas juntas desde o início da comunicação com a criança surda. Estudiosos da educação de crianças surdas, tal como Coll e colaboradores (2004), apontam duas razões para o uso do sistema bilíngüe. Em primeiro lugar, porque a linguagem de sinais é um sistema lingüístico estruturado com uma coerência interna e um sistema de regras capaz de produzir todo tipo de expressões e significados. Em segundo lugar, a formação de uma comunidade de pessoas surdas que utilizam a linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores 2004 p 189)linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores, 2004, p. 189). Lima (2006, p. 59) também é outro autor que defende a importância do bilingüismo. Afirma que “as pessoas podem ser bilíngües, isto é, dominar duas línguas, o português e o francês, por exemplo, adotando o português como língua materna e a Libras como segunda língua. Da mesma forma, os surdos, especialmente se têm surdez congênita, podem e devem aprender a língua de sinais como primeira língua e o português como a segunda”. Como sabemos, essa não é a realidade em nossa sociedade. Poucos são os ouvintes que sabem a língua de sinais e a maioria dos indivíduos surdos não compreende integralmente a linguagem oral. Essa situação, presente em muitos dos nossos estabelecimentos escolares, deve ser superada, se realmente desejamos Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criançacom Deficiência Auditiva incluir as crianças surdas na escola regular e na sociedade. Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Vamos ver agora alguns sinais de Deficiência Auditiva:Vamos ver agora alguns sinais de Deficiência Auditiva: • As primeiras palavras aparecem tarde (três a quatro anos);quatro anos); • A criança não responde ao ser chamada em voz normal;; • Se está de costas, não atende ao ser chamada; • Fala em tom de voz muito alto ou muito baixo; • Vira a cabeça, para ouvir melhor; • Olha para os lábios de quem fala e não para os olhos; • Troca ou omite fonemas na fala e letras na escrita. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Vejamos também o que a escola e o professor podemVejamos também o que a escola e o professor podem fazer: Se a escola tem alunos(as) com surdez, nela Se a escola tem alunos(as) com surdez, nela matriculados(as), ela deve promover as adaptações necessárias ao atendimento com a ajuda de um intérprete de língua de sinais, de um(uma) professor(a) de Português g , ( ) p ( ) g (segunda língua), e de profissionais da área da saúde, fonoaudiólogos, por exemplo. Além disso, precisa providenciar os recursos materiais e didáticos adequados, para facilitar a aprendizagem dessas crianças e jovens. É importante que ela tenha em seu quadro de servidores um instrutor de Libras, de preferência um surdo, para melhor atender os alunos que ainda não dominam esses símbolos lingüísticos. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Uma escola que pretende ser inclusiva deve oportunizarUma escola que pretende ser inclusiva deve oportunizar preferencialmente, às crianças surdas, na sala de aula, o acesso à língua de sinais, assim como aos professores e às crianças ouvintes, para garantir uma melhor interação entre todos. A criança com deficiência auditiva deve ficar sempre perto do(a) professor(a). Quando ela consegue ler os movimentos dos lábios, o(a) professor(a) e os colegas devem falar o mais claro possível,o(a) professor(a) e os colegas devem falar o mais claro possível, com naturalidade e clareza, não exagerar no tom de voz, nem colocar a mão na frente da boca e evitar ficar de costas, enquanto falam. Quando for utilizar o quadro ou outros materiais e apoio visual, primeiramente, exponha os materiais e só depois explique, ou vice‐versa, escreva o exercício no quadro e explique depois e, nãovice versa, escreva o exercício no quadro e explique depois e, não simultaneamente. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Repita as questões ou comentários durante as discussões ouRepita as questões ou comentários durante as discussões ou conversas e indique (por gestos) quem está falando, para uma melhor compreensão pela criança. Não esqueça que a criança com surdez pode precisar de mais tempo, em relação às ouvintes, para dar respostas ou concluir suas avaliações. Não é demais lembrar que, embora o(a) professor(a) necessite ter um conhecimento sobre o desenvolvimento da criança surda, para poder melhor orientá‐la, um aspecto de fundamental i â i é f d i dimportância é a forma de tratar as crianças com surdez ou problemas de audição. As crianças em geral precisam se sentir amadas pelas pessoasAs crianças em geral precisam se sentir amadas pelas pessoas com as quais convivem, precisam sentir que são aceitas e que as pessoas acreditam na capacidade de aprendizagem delas. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação Mais ainda, a indiferença para com elas, acaba constituindo‐seMais ainda, a indiferença para com elas, acaba constituindo se em entrave para seu relacionamento com as pessoas e isso, como sabemos, interfere negativamente no processo de desenvolvimento. Por isso, nossa atenção à criança deve se complementar com a demonstração real de que a amamos e que apostamos nas suas possibilidades Todo o empenho do(a)apostamos nas suas possibilidades. Todo o empenho do(a) professor(a) no sentido de ajudar a criança deficiente é expressão de carinho e de afeto. Essa atitude é notada pela criança que retribui de alguma forma dando ânimopela criança que retribui de alguma forma, dando ânimo ao(à) professor(a) para a superação dos entraves que se apresentam no decorrer do seu trabalho pedagógico. Enfrentar a deficiência na sala de aula, torna o(a)Enfrentar a deficiência na sala de aula, torna o(a) professor(a) mais fortalecido(a) e a educação mais humanizadora. Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva Curso de Educação Especial | Módulo X DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os Canais de Comunicação No próximo módulo pensando nas crianças comNo próximo módulo, pensando nas crianças com deficiência intelectual (mental) que, ao longo do tempo, têm sido excluídas da escola por acharmos que elas não apresentam condições para a aprendizagem, discutiremosapresentam condições para a aprendizagem, discutiremos alguns encaminhamentos que podem ajudá‐las. Mas antes vou deixar aqui uma sugestão de atividade pra você. Como você vê a inclusão da criança com deficiência auditiva na sala de aula regular? Você já teve em sua sala de aula uma criança com deficiência auditiva? Como você se sentiu? E as demais crianças, como reagiram com relação a ela? Módulo X – Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva