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Módulo 10 - Desenvolvimento e Educação da Criança com Deficiência Auditiva

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Curso de Educação Especial    |   Módulo X   
DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Antes de darmos início a esse módulo, precisamos 
refletir sobre a abordagem dos termos “surdo” e 
“deficiente auditivo”
Existem pessoas surdas ou com deficiência auditiva 
ã i dif t t id dque são indiferentes quanto a serem consideradas 
surdas ou deficientes auditivas. 
A origem dessa diversidade de preferências está noA origem dessa diversidade de preferências está no 
grau da audição afetada. Tecnicamente, considera‐
sea deficiência auditiva como sendo a categoria 
maior dentro damaior, dentro da 
qual encontramos diversos graus de perda auditiva, 
variando da surdez leve (25 a 40 db) à anacusia e 
tendo como níveis intermediários a surdez moderadatendo como níveis intermediários a surdez moderada 
(41 a 55 db), a surdez acentuada (56 a 70 db), a 
surdez severa (71 a 90 db) e a surdez profunda 
(acima de 91 db). 
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( )
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Portanto, oficialmente, “deficiência auditiva” e 
“surdez” significam a mesma coisa. (Inciso II do art. 
/ /4º do Decreto nº 3.298, de 20/12/99, que 
regulamenta a Lei nº 7.853, de 24/10/89) 
A d i ã t t “A decisão quanto a usar o termo “pessoa com 
deficiência auditiva” ou os termos “pessoa surda” e 
”surda”, fica por conta de cada pessoa. Geralmente, 
pessoas com surdez leve moderada ou acentuadapessoas com surdez leve, moderada ou acentuada 
referem‐se a si mesmas com tendo uma deficiência 
auditiva. Já as que têm surdez severa, profunda ou 
anacusia preferem ser consideradas surdasanacusia preferem ser consideradas surdas.
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Considera‐se pessoa surda aquela que, por ter perda p q q , p p
auditiva, compreende e interage com o mundo por 
meio de experiências visuais, manifestando sua 
cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira 
de Sinais ‐ Libras. Considera‐se deficiência auditiva a 
perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um 
decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas 
freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
FONTE: Decreto Federal n 5.626, de 22 de dezembro 
de 2005: regulamenta a lei nº 10.436, de 24 de abril 
d 2002 di õ b í il i dde 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de 
Sinais ‐ Libras, e o artigo 18 da Lei nº 10.098, de 19 de 
dezembro de 2000. (In UNISC).
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Uma surdez ou uma deficiência auditiva é qualquer alteração produzida tanto no órgão da
audição quanto na via auditiva. Do ponto de vista médico, a surdez é classificada em: surdez
condutiva ou de transmissão; surdez neurosensorial, ou de percepção, e surdez mista.
A surdez condutiva resulta da lesão no ouvido externo ou no ouvido médio, o que impede ou
dificulta a transmissão das ondas sonoras até o ouvido interno. O distúrbio no ouvido externo
pode ocorrer em função de otite, de malformações ou da ausência do pavilhão auditivo.
Já, o distúrbio no ouvido médio pode ser produzido por traumatismos que provocam a
perfuração do tímpano ou por alterações na cadeia de ossinhos. A malformação genética
também pode produzir esse tipo de surdez.
A d d ti l t ã é d d iti d t t tA surdez condutiva normalmente não é grave, nem duradoura, permitindo o tratamento
médico ou cirúrgico. Produz uma alteração na quantidade da audição, mas não na sua
qualidade.O grau de perda auditiva situa‐se, no máximo, em 60 decibéis e suas conseqüências
não são graves para aquisição e desenvolvimento da linguagem oralnão são graves, para aquisição e desenvolvimento da linguagem oral.
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Na surdez neurossensorial, a área prejudicada situa‐se no ouvido interno ou na via auditiva
para o cérebro. Sua origem pode ser genética, produzida por intoxicação (medicamentos), por
infecção (meningite), ou por alterações vasculares e dos líquidos linfáticos do ouvido interno.
Afeta tanto a quantidade quanto a qualidade da audição. A pessoa ouve menos, ouve
distorcido, porque perde a audição em determinadas faixas de freqüência e não em outras,
graças aos possíveis resquícios auditivos de que dispõe.
Esse tipo de surdez costuma ser permanente. Até pouco tempo, não era possível intervenção
cirúrgica, contudo, hoje já é possível a recuperação pela técnica do implante coclear.
Quanto à surdez mista, as áreas prejudicadas são tanto o ouvido interno ou a via auditiva,
quanto o canal auditivo externo ou médio. Sua origem pode ser uma das causas próprias da
surdez neurossensorial ou uma confluência de causas próprias de cada tipo de surdez.
Em alguns casos, uma alteração condutiva pode estender‐se ao ouvido interno e provocar
surdez mista. O que, em princípio, se manifesta em uma afecção do ouvido médio pode levar a
uma perda auditiva completa O tratamento depende de cada um dos dois tipos que englobauma perda auditiva completa. O tratamento depende de cada um dos dois tipos que engloba.
Ela pode ser abordada de forma médica para recuperação do funcionamento do ouvido
externo ou médio A surdez neurosensorial não só limita as possibilidades de recuperação
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externo ou médio. A surdez neurosensorial não só limita as possibilidades de recuperação
como exige um enfoque mais educativo.(Coll e colaboradores, 2004).
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A variabilidade da surdez está relacionada com a idade da perda auditiva, com a reação
emocional dos pais, com os possíveis transtornos associados que afetam o desenvolvimento da
criança.
Dentre as causas da surdez, estão as de base hereditária e as adquiridas.Existem, também, as
de causas desconhecidas, que não podem ser diagnosticadas com exatidão.As causas
hereditárias da surdez são difíceis de serem determinadas. É mais provável que a surdez
adquirida esteja associada a outras lesões, ou a outros problemas como infecções,
incompatibilidade de RH, rubéola ou outros.
A perda da audição é avaliada por sua intensidade em cada um dos ouvidos em função de
diversas freqüências.O grau de perda auditiva é classificado em leve, médio, sério e profundo.
Algumas correspondências aproximadas na intensidade do som podem ser destacadas como:
20 dB (vinte decibéis), fala em cochicho ‐ 40 dB (quarenta decibéis), fala suave – 60 dB
(sessenta decibéis) conversa normal 80 dB (oitenta decibéis) trânsito ruidoso 100 dB cem(sessenta decibéis), conversa normal – 80 dB (oitenta decibéis), trânsito ruidoso ‐ 100 dB cem
decibéis), escavadeira; e 120 dB (cento e vinte decibéis), reator. (Coll e colaboradores, 2004).
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Do ponto de vista educacional, de acordo com Coll e colaboradores (2004), é feita uma
classificação mais ampla, com base nas necessidades educativas dos alunos: hipoacústicos e
surdos profundos.
As crianças hipoacústicas têm dificuldades na audição, mas seu grau de perda não as impede
de adquirirem a linguagem oral. Normalmente, necessitarão de ajuda de prótese auditiva.
Costumam ocorrer dificuldades na articulação e na estruturação da linguagem.
Os surdos profundos têm perdas auditivas maiores, o que dificulta bastante a aquisição da
linguagem oral através da via auditiva, mesmo com a ajuda de sistemade amplificação. Por
isso, a visão converte‐se no principal vínculo com o mundo exterior e no primeiro canal de
comunicação.
A perda auditiva tem forte repercussão no processo de desenvolvimento posterior da criança,
dependendo da sua idade. Coll e colaboradores (2004) diferenciam o desenvolvimento, em
dois tempos: antes dos três anos e depois desta idadedois tempos: antes dos três anos e depois desta idade.
Se ocorre antes dos três anos, denomina‐se surdez pré‐locutiva, isto é, antes que a criança
tenha consolidado a fala. Depois dos três anos, existe uma surdez pós‐locutiva, posterior à
aquisição da fala
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aquisição da fala.
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Pesquisas, como as de Conrad (1979), sobre os alunos surdos confirmaram a importância e a repercussão
do antes e do depois dos 3 anos. Ele classificou os alunos com perdas auditivas superiores a 85 dB, em três
grupos de acordo com a etapa de vida em que perderam a audição: 1. congênita, 2. do nascimento aos três
3 d i d t êanos, 3. depois dos três anos.
Conrad (1979 comparou o nível de fala interna e constatou as seguintes proporções: 47%, 46% e 93%,
respectivamente.p
Diz, então que, antes dos três anos, a experiência lingüística tem pouca influência, que a competência
lingüística é muito frágil e que não há uma organização da função neurológica. Ao contrário, as crianças,
j d d d i d t ê tê d i â i b l i lid d dcuja surdez se produz depois dos três anos, têm uma dominância cerebral mais consolidada e podem
manter sua linguagem interna.(Coll e colaboradores, 2004).
Esses dados são extremamente importantes e devem ser considerados na educação da criança. Enquantop ç ç q
as crianças surdas pré‐locutivas têm de aprender uma linguagem totalmente nova para elas, sem
nenhuma experiência com som, as crianças com surdez pós‐locutiva têm que manter a linguagem
adquirida, enriquecê‐la e complementá‐la.
Coll e colaboradores (2004) nos alertam para o fato das diferenças entre as crianças surdas não
decorrerem apenas dos aspectos médicos, associados ao grau, ao tipo e à época em que a surdez ocorreu.
A atitude dos pais, por exemplo, diante da surdez é um fator considerável. Os pais interferem
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p p p p
negativamente, quando não aceitam a surdez da criança, tratando seu filho como ouvinte, ou então,
quando superprotegem.
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Uma atitude mais positiva é a de aceitar a surdez, é a de criar um ambiente descontraído de comunicação
e de se disporem a aprender e a utilizar com a criança o tipo de comunicação mais enriquecedor para ela.
T bé f t d i d i t é f t dif i l Q d i têTambém, o fato de os pais serem surdos ou ouvintes é um fator diferencial. Quando os pais têm
deficiência auditiva, aceitam com mais facilidade a surdez da criança, compreendem melhor o problema,
estão mais aptos a usar a linguagem de sinais, facilitando‐lhe sua aquisição.
Quando os pais são ouvintes (90% do total), embora sejam mais competentes na linguagem oral,
apresentam mais dificuldades, para encontrarem um modelo de comunicação adequado e, também, para
compreenderem as experiências vividas por seu filho surdo.
Um desenvolvimento satisfatório da criança surda é assegurado, quando é dada atenção educativa desde o
momento em que se descobre o problema. As limitações podem ser superadas por uma atenção educativa
que inclua: estimulação sensorial, atividades comunicativas e expressivas, utilização da linguagem deq ç , p , ç g g
sinais, se a criança for surda profunda, o desenvolvimento simbólico, o envolvimento dos pais e a utilização
dos resquícios auditivos da criança (Coll e colaboradores, 2004).
Da mesma forma q ando a ed cação é adaptada às necessidades e possibilidades da criança s rda aDa mesma forma, quando a educação é adaptada às necessidades e possibilidades da criança surda, a
aprendizagem torna‐se mais fácil.
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O Desenvolvimento da Criança SurdaO Desenvolvimento da Criança Surda
Dentre os estudos sobre o desenvolvimento da criança 
surda, que são bastante expressivos, destacamos o 
desenvolvimento lingüístico e o comunicativo.
Os ambientes lingüísticos são muito variados por issoOs ambientes lingüísticos são muito variados, por isso, 
também, os processos de socialização lingüísticos são, 
igualmente, bastante diferentes.
As crianças surdas, cujos pais usam sinais, adquirem de 
forma espontânea a língua utilizada no ambiente familiar. 
A relação entre a criança surda e o imput lingüístico é 
semelhante ao que se estabelece entre a criança ouvintesemelhante ao que se estabelece entre a criança ouvinte 
e a linguagem oral falada na família.
Pais ouvintes utilizam habitualmente a linguagem oral, 
todavia, podem aprender algum sistema de comunicação 
com sinais, se entenderem que este facilitará a 
comunicação para a criança surda.
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O Desenvolvimento da Criança Surda A comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce
Estudiosos da criança já confirmaram a importância da comunicação pré‐verbal e sua
influência na aquisição da linguagem. Vários estudos e pesquisas têm demonstrado que nos
primeiros meses de vida, ocorrem intercâmbios comunicativos entre o bebê e o adulto pelo
uso de expressões primitivas através das quais, ambos regulam mutuamente seu
O i ifi d ã d i d d i d id diá i dcomportamento. Os significados vão sendo organizados em torno das rotinas da vida diária do
recém‐nascido e, dessa forma, constitui‐se uma relação social básica entre o bebê e o adulto.
O adulto adapta sua conduta ao que observa na criança, iniciam‐se entre ele e a criança,
on ersas r dimentaresconversas rudimentares.
Mas o que acontece com Mas o que acontece com 
as crianças surdas?
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O Desenvolvimento da Criança Surda A comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce
Coll e colaboradores (2004, p. 177) dizem que “as estruturas básicas de conhecimento da
linguagem também operam nos surdos. As diferenças se manifestam nas possibilidades de
acesso ao imput lingüístico que lhes é apresentado e nos processos comunicativos que se
estabelecem entre os adultos e a criança surda”.
As primeiras diferenças entre as crianças surdas e as ouvintes já se manifestam desde os
primeiros meses. Choros, balbucios, arrulhos dos primeiros quatro meses que são iguais em
ns e o tros ome am a dimin ir nas rian as s rdas o om perdas ra es e prof ndas deuns e outros, começam a diminuir nas crianças surdas ou com perdas graves e profundas de
audição, a partir dos quatro aos seis meses.Enquanto as crianças ouvintes, nos primeiros
meses, desenvolvem entonações adequadas e percebem a relação entre som e visão, as
crianças surdas nãocrianças surdas não.
Gregory e Mogford (1981), citados por Coll (2004), apontam três aspectos importantes na
comunicação entre a mãe e o filho durante o primeiro ano de vida: alternância; referênciacomunicação entre a mãe e o filho durante o primeiro ano de vida: alternância; referência
conjunta e jogos de antecipação.
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O Desenvolvimento da Criança SurdaA comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce
A alternância diz respeito à percepção que cada um dos interlocutores deve ocupar.Quando um toma a
iniciativa, o outro espera sua vez, para intervir.
A referência conjunta indica as atividades que a mãe realiza com a criança com a atenção de ambos
dirigidas para uma mesma coisa, acompanhando essa atenção com vocalizações e expressões lingüísticas,
que posteriormente servirão como instrumento para regular a atenção da criançaque posteriormente servirão como instrumento, para regular a atenção da criança.
Os jogos de antecipação indicam que a mãe e a criança aprendem um papel que se repete, permite que a
criança realize as ações previstas e as alterne com as da mãe. Dessa forma, se estabelece uma estrutura
interativa análoga à que se criará depois com os intercâmbios lingüísticos. Esses jogos devem ser
acompanhados e reforçados com expressões orais (Coll e colaboradores, 2004).
A aquisição da língua oral pelas crianças surdas profundas é, de acordo com estudos feitos por Coll eA aquisição da língua oral pelas crianças surdas profundas é, de acordo com estudos feitos por Coll e
colaboradores (2004), muito diferente do que ocorre nas crianças ouvintes ou nas próprias crianças surdas
com relação à linguagem de sinais.
É d fí l d l à d f dÉ muito difícil para as crianças surdas, principalmente, às que possuem surdez profunda, terem acesso a
uma linguagem em que não podem ouvir. Por isso, a aquisição da linguagem oral deve ser planejada de
forma sistemática pelo adulto, atento ao contexto comunicativo e interativo em que elas estão inseridas, a
fim de que, aos poucos, possam incorporar novas palavras aos seus vocabulários.
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fim de que, aos poucos, possam incorporar novas palavras aos seus vocabulários.
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O Desenvolvimento da Criança Surda A comunicação PrecoceO Desenvolvimento da Criança Surda – A comunicação Precoce
Estudos realizados por Goldin‐Meadow e Feldman (1975) com crianças surdas profundas entre
um ano e meio e quatro anos de idade, cujos pais ouvintes tinham optado por uma educaçãoq j p p p ç
exclusivamente oral, desenvolvem um sistema de gestos próprios, para se comunicarem,
produziram combinações de gestos, para simbolizar relações semânticas.
Outro estudo, efetuado por Mohay (1982, 1990) com duas crianças surdas profundas, mostra
que elas se comunicavam através de gestos, que pouco usavam das palavras faladas e,
quando as usavam, estas se apresentavam soltas, sem formarem frase, num sentido mais
amplo. No entanto, ele diz que “apesar de suas limitações na comunicação oral, as crianças
surdas podiam expressar, mediante gestos, a mesma variedade de funções semânticas e de
intenções pragmáticas expressadas verbalmente pelas crianças ouvintes em um estágio similar
d d l i ” (M h (1982 1990 178))de desenvolvimento” (Mohay (1982, 1990, p.178)).
Os estudos de Mohay indicam que a comunicação através de gestos não deve ser
compreendida apenas como um acréscimo ou um substitutivo da linguagem oral, mas como
um precursor ou mesmo um facilitador do desenvolvimento da linguagem (Coll eum precursor ou mesmo um facilitador do desenvolvimento da linguagem (Coll e
Colaboradores, 2004).
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A Aquisição da Linguagem de SinaisA Aquisição da Linguagem de Sinais
Vamos falar agora sobre um tema muito importante. A aquisição da 
linguagem de sinaislinguagem de sinais .
Vários estudos realizados sobre a aquisição da linguagem de sinais indicam 
que ela é muito semelhante àquela que se produz nas crianças ouvintes 
com relação à linguagem oral.
Isso, contudo, não exclui as diferenças em função de que são modalidades 
distintas de expressão a manual e a oral Observaram‐se semelhanças pordistintas de expressão, a manual e a oral. Observaram‐se semelhanças, por 
exemplo, entre a atividade manual das crianças surdas que usavam sinais, 
consideradas pelos pesquisadores como um verdadeiro balbucio manual, 
semelhante ao balbucio vocal das crianças ouvintes. Essa semelhança foi 
identificada em quatro traços característicos: na duplicação das expressões; 
no aparecimento de uma etapa de balbucio manual básico, tal como ocorre 
nas crianças ouvintes; nos progressos das crianças surdas no balbucio 
manual semelhantes às etapas encontradas no balbucio vocal das criançasmanual semelhantes às etapas encontradas no balbucio vocal das crianças 
ouvintes e, por último, no balbucio manual, revelando o ritmo, a duração e 
as possíveis configurações manuais da linguagem de sinais empregadas 
pelos pais, de forma similar às que ocorrem com o balbucio vocal (Coll e 
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Colaboradores, 2004).
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A Aquisição da Linguagem de Sinais O Desenvolvimento CognitivoA Aquisição da Linguagem de Sinais – O Desenvolvimento Cognitivo
Conforme explicam Pettito e Marentette (1991, p 1494), “o balbucio é expressão de uma
capacidade de linguagem amodal, associada à fala e ao sinal. Apesar das diferenças radicaisp g g f p f ç
entre os mecanismos motores que subjazem ao sinal e à linguagem falada, as crianças surdas e
as ouvintes produzem unidades de balbucio idênticas”.(In Coll e colaboradores, 2004).
Os estudos realizados sobre a inteligência das pessoas surdas, em diferentes períodos
históricos, apresentaram diferentes interpretações, quanto aos dados obtidos.
Myklebust (1964), citado por Coll e seus colaboradores, 2004), apresenta a tese de que o
desenvolvimento da inteligência dos surdos é diferente do desenvolvimento da inteligência
dos ouvintes. A tese é baseada na idéia de que o pensamento do surdo está mais vinculado ao
i l i difi ld d b i E d i li ê iconcreto, por isso, ele tem mais dificuldades, para abstrair. Entretanto, testes de inteligência,
realizados especialmente com aqueles com menos conteúdo verbal, mostraram que os
resultados obtidos pelos surdos eram similares aos dos ouvintes.
O diferencial é atribuído às limitações dos surdos, para terem acesso à informação, o que os
leva a se concentrarem, sobretudo, em suas experiências internas. A ausência do som é
limitadora do acesso à linguagem e isso influencia no desenvolvimento do pensamento
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limitadora do acesso à linguagem, e isso influencia no desenvolvimento do pensamento
abstrato e reflexivo.
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A Aquisição da Linguagem de Sinais O Desenvolvimento CognitivoA Aquisição da Linguagem de Sinais – O Desenvolvimento Cognitivo
A tese da diferenciação é corroborada por Hans Furth (1966, 1973) que afirma ser a competência cognitiva
dos surdos semelhante à dos ouvintes. Ambos passam pelas mesmas etapas de desenvolvimento, embora
a evolução seja mais lenta nos surdos.
Nas décadas de 1980 e 1990, as pesquisas de Vygotsky, educador russo, fundamentam os estudos sobre o
desenvolvimento cognitivo o qual é visto em estreita relação com o desenvolvimento social edesenvolvimento cognitivo, o qual é visto em estreita relação com o desenvolvimento social e
comunicativo, mas é Piaget, na verdade, quem mais influencia os estudos sobre o desenvolvimento
cognitivo da criança surda.
Marchesi et al. (1994,1995), apoiado em Piaget, estudou o desenvolvimento cognitivo da criança surda,
chegando a conclusões importantes. No período da inteligência sensório‐motora ‐ o primeiro estágio
piagetiano da inteligência ‐ os estudos comprovaram, que o desenvolvimento sensório motor da criança
surdaé semelhante ao da criança ouvinte, havendo um atraso maior referente à imitação vocal.surda é semelhante ao da criança ouvinte, havendo um atraso maior referente à imitação vocal.
Ao estudar a evolução do jogo, uma das condutas mais importantes da etapa simbólica, nas crianças com
surdez profunda, Marchesi observou que as dimensões do jogo ‐ descentração, identidade, substituição,
d l lh d fintegração de ações e planejamento ‐ são semelhantes nas crianças surdas e nas ouvintes. Diferenças
importantes foram observadas nas dimensões de identidade e de planejamento.
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A Aquisição da Linguagem de Sinais O Desenvolvimento CognitivoA Aquisição da Linguagem de Sinais – O Desenvolvimento Cognitivo
Como explicam Coll e colaboradores (2004, p.182), “quando a criança começa atribuir um papel ao boneco
e ela própria assume um papel alternativo, aquelas que melhor estruturaram e interiorizaram sua
linguagem revelam níveis mais avançados Essas crianças em geral são as ouvintes e as surdas de paislinguagem revelam níveis mais avançados. Essas crianças em geral, são as ouvintes e as surdas de pais
surdos”.
Na etapa das operações concretas nas crianças surdas, estudos comparativos sobre o desenvolvimento
cognitivo dessas crianças com as crianças ouvintes, quanto à classificação, seriação, conservação e
representação espacial, os resultados mostraram que as crianças surdas apresentam uma evolução similar
à das crianças ouvintes, mas com um atraso entre dois e quatro anos, em função do nível de abstração
requerido para chegar ao conceito estudadorequerido, para chegar ao conceito estudado.
E no período hipotético dedutivo, caracterizado pelas operações formais, esperava‐se que as crianças
surdas, com maior atraso lingüístico, tivessem sérias dificuldades de dominar esse tipo de pensamento.
Embora se tenham encontrado tais dificuldades, as interpretações são diferentes.
Em alguns casos, verificou‐se que, também, a falta de busca ativa de uma solução para o problema
levantado é a principal variável responsável pelos erros dos adolescentes surdos (Furth e Youniss 1971levantado, é a principal variável responsável pelos erros dos adolescentes surdos (Furth e Youniss, 1971,
1979).
Em outros casos, é apontado o tipo de ensino que os surdos recebem, concreto e literal demais, o fator
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com maior poder explicativo das limitações para o pensamento abstrato que os surdos manifestam
(Woods et al, 1986).
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A Lingua Brasileira de Sinais LIBRASA Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS
ALFABETO
As línguas de sinais são
línguas naturais porque
como as línguas orais
sugiram espontaneamentesugiram espontaneamente
da interação entre pessoas e
porque devido à sua
estrutura permitem a
expressão de qualquer
conceito ‐ descritivo,
emotivo, racional, literal,
metafórico concretometafórico, concreto,
abstrato ‐ enfim, permitem a
expressão de qualquer
significado decorrente da
necessidade comunicativa e
expressiva do ser humano.
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NUMERAIS
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A Lingua Brasileira de Sinais LIBRASA Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS    
Aspectos Legais
LEI N.º 10.436 de 24 de abril de 2002
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras e
outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende‐se como Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual‐motora com estrutura
gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão idéias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços
públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras como
meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços de assistência à saúde devem
garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as
normas legais em vigor
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normas legais em vigor.
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A Lingua Brasileira de Sinais LIBRASA Lingua Brasileira de Sinais – LIBRAS    
Aspectos Legais
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais municipais e do p
Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de 
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua 
Brasileira de Sinais ‐ Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais ‐
PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais ‐ Libras não poderá substituir a modalidade 
escrita da língua portuguesa.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza 
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O Contexto Escolar e os Canais de ComunicaçãoO Contexto Escolar e os  Canais de Comunicação
Na educação da criança surda, é necessário que se avaliem todosNa educação da criança surda, é necessário que se avaliem todos 
os aspectos que interferem na sua aprendizagem. O(a) 
professor(a) tem que observar, se o tipo de comunicação que 
utiliza favorece os intercâmbios comunicativos, se permite que a 
criança tenha acesso fácil à aprendizagem. Outro aspecto 
importante a considerar é o da necessidade de interação da 
criança surda com as demais crianças.Também, é fundamental 
conhecer o ritmo de aprendizagem da criança surda e verificarconhecer o ritmo de aprendizagem da criança surda e verificar 
que adaptações precisam ser feitas no currículo, para adequá‐lo 
às necessidades dela. Além disso, devem ser observadas 
questões como a luminosidade, a acústica da sala de aula ou a 
i ã d l l ã (à) f ( ) dposição do aluno em relação ao(à) professor(a), ao quadro ou 
qualquer outra fonte de informação. 
Que canais de comunicação são mais indicados na educação dasQue canais de comunicação são mais indicados na educação das 
crianças surdas?
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Em muitos países da Europa, conforme apontam os estudos de Coll e colaboradores (2004),
defende‐se o valor da comunicação exclusivamente oral na educação das crianças surdas, isto,
porque acreditam que a linguagem de sinais interfere na aprendizagem da linguagem oral.
Diferentes estudos questionam essa posição, uma vez comprovadaque a utilização de
ét d l i t i ã ibilit l d ti i í imétodos exclusivamente orais não possibilitaram que alunos surdos atingissem níveis
satisfatórios em leitura labial, expressão oral ou leitura de textos escritos.
Defendem o valor lingüístico da linguagem de sinais e sua capacidade para expressar tanto aDefendem o valor lingüístico da linguagem de sinais e sua capacidade, para expressar tanto a
realidade concreta, quanto mundo poético e abstrato. Além disso, alguns estudos sobre a
aquisição precoce da linguagem de sinais por crianças surdas comprovaram sua influência
positiva na inteligência compreensão lingüística vocabulário e leitura labial não sepositiva na inteligência, compreensão lingüística, vocabulário e leitura labial, não se
encontrando diferenças em relação a outras crianças surdas em leitura e inteligibilidade da fala
(Coll e colaboradores, 2004).
Com esses resultados, foram incorporados outros sistemas visuais à educação das crianças
surdas: a palavra complementada e os sistemas de educação bimodal. Também se recuperou
a utilização da linguagem de sinais.
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A palavra complementada refere‐se ao sistema criado por Cornett (1967) que tem como 
objetivo permitir à criança surda aprender  a linguagem por meio da leitura do movimento dos 
lábios com a ajuda de sinais suplementares. Não se trata, como o autor explica, de um 
substituto do treinamento auditivo, nem da aprendizagem da aquisição dos sons da língua, e 
muito menos, da linguagem de sinais. Tal sistema baseia‐se na utilização de um conjunto de 
i i i t d t i t d f i ltâ à ã dsinais manuais perto do rosto, para que possam ser vistos de forma simultânea à percepção do 
movimento dos lábios e contribuam, para tornar mais claro o fonema articulado.
Santiago Torres (1988) fez uma adaptação da palavra complementada utilizando oito formasSantiago Torres (1988) fez uma adaptação da palavra complementada, utilizando oito formas
da mão para as consoantes e três posições para as vogais: lado (a, o); queixo (e, u) e boca (i).
Esse sistema favorece a discriminação fonética e facilita a leitura labial mas não ajuda aEsse sistema favorece a discriminação fonética e facilita a leitura labial, mas não ajuda a
expressão comunicativa, nem procura um meio alternativo de comunicação para as crianças
com graves problemas para a utilização da língua falada (Coll e colaboradores, 2004).
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O sistema bimodal supõe a utilização simultânea da fala e dos sinais, isto é, se efetiva a
comunicação de dois modos: o oral e o manual. Daí, ser sistema “bimodal”. O sistema bimodal
estrutura‐se em torno da linguagem oral, que é a que estabelece a ordem da frase e da
sintaxe. Os sinais, procedentes em sua maioria da língua de sinais, são expressos ao mesmo
tempo em que se pronunciam as palavras, produzindo‐se, assim, uma única mensagem em
d i d d i ãdois modos de comunicação.
Existem diversos sistemas bimodais que correspondem à estrutura da linguagem oral. Para Coll
e colaboradores (2004) o sistema de comunicação bimodal facilita a aprendizagem dase colaboradores (2004), o sistema de comunicação bimodal facilita a aprendizagem das
pessoas ouvintes e um maior ajuste à linguagem oral.
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Uma outra opção de comunicação com as crianças surdas é o bilingüismo, que supõe o uso da linguagem
de sinais e da linguagem oral, apresentado em duas alternativas: o sucessivo, em que primeiramente se
utiliza a linguagem de sinais e posteriormente aos seis ou sete anos a linguagem oral; e o simultâneo emutiliza a linguagem de sinais, e posteriormente, aos seis ou sete anos, a linguagem oral; e o simultâneo, em
que as duas linguagens são empregadas juntas desde o início da comunicação com a criança surda.
Estudiosos da educação de crianças surdas, tal como Coll e colaboradores (2004), apontam duas razões
para o uso do sistema bilíngüe. Em primeiro lugar, porque a linguagem de sinais é um sistema lingüístico
estruturado com uma coerência interna e um sistema de regras capaz de produzir todo tipo de expressões
e significados. Em segundo lugar, a formação de uma comunidade de pessoas surdas que utilizam a
linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores 2004 p 189)linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores, 2004, p. 189).
Lima (2006, p. 59) também é outro autor que defende a importância do bilingüismo. Afirma que “as
pessoas podem ser bilíngües, isto é, dominar duas línguas, o português e o francês, por exemplo, adotando
o português como língua materna e a Libras como segunda língua. Da mesma forma, os surdos,
especialmente se têm surdez congênita, podem e devem aprender a língua de sinais como primeira língua
e o português como a segunda”.
Como sabemos, essa não é a realidade em nossa sociedade. Poucos são os ouvintes que sabem a língua de
sinais e a maioria dos indivíduos surdos não compreende integralmente a linguagem oral. Essa situação,
presente em muitos dos nossos estabelecimentos escolares, deve ser superada, se realmente desejamos
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incluir as crianças surdas na escola regular e na sociedade.
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Uma outra opção de comunicação com as crianças surdas é o bilingüismo, que supõe o uso da linguagem
de sinais e da linguagem oral, apresentado em duas alternativas: o sucessivo, em que primeiramente se
utiliza a linguagem de sinais e posteriormente aos seis ou sete anos a linguagem oral; e o simultâneo emutiliza a linguagem de sinais, e posteriormente, aos seis ou sete anos, a linguagem oral; e o simultâneo, em
que as duas linguagens são empregadas juntas desde o início da comunicação com a criança surda.
Estudiosos da educação de crianças surdas, tal como Coll e colaboradores (2004), apontam duas razões
para o uso do sistema bilíngüe. Em primeiro lugar, porque a linguagem de sinais é um sistema lingüístico
estruturado com uma coerência interna e um sistema de regras capaz de produzir todo tipo de expressões
e significados. Em segundo lugar, a formação de uma comunidade de pessoas surdas que utilizam a
linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores 2004 p 189)linguagem de sinais como uma linguagem própria (Coll e colaboradores, 2004, p. 189).
Lima (2006, p. 59) também é outro autor que defende a importância do bilingüismo. Afirma que “as
pessoas podem ser bilíngües, isto é, dominar duas línguas, o português e o francês, por exemplo, adotando
o português como língua materna e a Libras como segunda língua. Da mesma forma, os surdos,
especialmente se têm surdez congênita, podem e devem aprender a língua de sinais como primeira língua
e o português como a segunda”.
Como sabemos, essa não é a realidade em nossa sociedade. Poucos são os ouvintes que sabem a língua de
sinais e a maioria dos indivíduos surdos não compreende integralmente a linguagem oral. Essa situação,
presente em muitos dos nossos estabelecimentos escolares, deve ser superada, se realmente desejamos
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incluir as crianças surdas na escola regular e na sociedade.
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Vamos ver agora alguns sinais de Deficiência Auditiva:Vamos ver agora alguns sinais de Deficiência Auditiva:
• As primeiras palavras aparecem tarde (três a
quatro anos);quatro anos);
• A criança não responde ao ser chamada em voz
normal;;
• Se está de costas, não atende ao ser chamada;
• Fala em tom de voz muito alto ou muito baixo;
• Vira a cabeça, para ouvir melhor;
• Olha para os lábios de quem fala e não para os
olhos;
• Troca ou omite fonemas na fala e letras na
escrita.
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Vejamos também o que a escola e o professor podemVejamos também o que a escola e o professor podem 
fazer:
 Se a escola tem alunos(as) com surdez, nela Se a escola tem alunos(as) com surdez, nela 
matriculados(as), ela deve promover as adaptações 
necessárias ao atendimento  com a ajuda de um intérprete 
de língua de sinais, de um(uma) professor(a) de Português g , ( ) p ( ) g
(segunda língua), e de profissionais da área da saúde, 
fonoaudiólogos, por exemplo.
Além disso, precisa providenciar os recursos materiais e 
didáticos adequados, para facilitar a aprendizagem dessas 
crianças e jovens. É importante que ela tenha em seu 
quadro de servidores  um instrutor de Libras, de 
preferência um surdo, para melhor atender os alunos que 
ainda não dominam  esses símbolos lingüísticos.
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Uma escola que pretende ser inclusiva deve oportunizarUma escola que pretende ser inclusiva deve oportunizar 
preferencialmente, às crianças surdas, na sala de aula, o acesso à 
língua de sinais, assim como aos professores e às crianças 
ouvintes, para garantir uma melhor interação entre todos.
A criança com deficiência auditiva deve ficar sempre perto do(a) 
professor(a). Quando ela consegue ler os movimentos dos lábios, 
o(a) professor(a) e os colegas devem falar o mais claro possível,o(a) professor(a) e os colegas devem falar o mais claro possível, 
com naturalidade e clareza, não exagerar no tom de voz, nem 
colocar a mão na frente da boca e  evitar ficar de costas, 
enquanto falam.
Quando for utilizar o quadro ou outros materiais e apoio visual, 
primeiramente, exponha os materiais e só depois explique, ou 
vice‐versa, escreva o exercício no quadro e explique depois e, nãovice versa, escreva o exercício no quadro e explique depois e, não 
simultaneamente.
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Repita as questões ou comentários durante as discussões ouRepita as questões ou comentários durante as discussões ou 
conversas e indique (por gestos) quem está falando, para uma 
melhor compreensão pela criança. 
Não esqueça que a criança com surdez pode precisar de mais 
tempo, em relação às ouvintes, para dar respostas ou concluir 
suas avaliações. 
Não é demais lembrar que, embora o(a) professor(a) necessite 
ter um conhecimento sobre o desenvolvimento da criança surda, 
para poder melhor orientá‐la, um aspecto de fundamental 
i â i é f d i dimportância é a forma de tratar as crianças com surdez ou 
problemas de audição.
As crianças em geral precisam se sentir amadas pelas pessoasAs crianças em geral precisam se sentir amadas pelas pessoas 
com as quais convivem, precisam sentir que são aceitas e que as 
pessoas acreditam na capacidade de aprendizagem delas. 
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Mais ainda, a indiferença para com elas, acaba constituindo‐seMais ainda, a indiferença para com elas, acaba constituindo se 
em entrave para seu relacionamento com as pessoas e isso, como 
sabemos, interfere negativamente no processo de 
desenvolvimento.
Por isso, nossa atenção à criança deve se complementar 
com a demonstração real de que a amamos e que 
apostamos nas suas possibilidades Todo o empenho do(a)apostamos nas suas possibilidades. Todo o empenho do(a) 
professor(a) no sentido de ajudar a criança deficiente é 
expressão de carinho  e de afeto. Essa atitude é notada 
pela criança que retribui de alguma forma dando ânimopela criança que  retribui de alguma forma, dando ânimo 
ao(à) professor(a) para a superação dos entraves que se 
apresentam no decorrer do seu trabalho pedagógico. 
Enfrentar a deficiência na sala de aula, torna o(a)Enfrentar a deficiência na sala de aula, torna o(a) 
professor(a) mais fortalecido(a) e a educação mais 
humanizadora. 
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No próximo módulo pensando nas crianças comNo próximo módulo, pensando nas crianças com 
deficiência intelectual (mental) que, ao longo do tempo, 
têm sido excluídas da escola por acharmos que elas não 
apresentam condições para a aprendizagem, discutiremosapresentam condições para a aprendizagem, discutiremos 
alguns encaminhamentos que podem ajudá‐las. Mas 
antes vou deixar aqui uma sugestão de atividade pra você.
Como você vê a inclusão da criança com deficiência 
auditiva na sala de aula regular? Você já teve em sua sala 
de aula uma criança com deficiência auditiva? Como você 
se sentiu? E as demais crianças, como reagiram com 
relação a ela?
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