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1. Da execução em geral.
 
1.1. Introdução.
 
- Alocação:
Nossa disciplina está alocada na Parte Especial do CPC. O Título II, do Livro I, trata do
cumprimento da sentença, enquanto o Livro II trata do processo de execução.
 
- Cumprimento de sentença enquanto nova fase, após o processo de conhecimento:
O cumprimento de sentença, desde a Lei n. 11.232/2005, passou a ser, apenas, a fase
subsequente ao processo de conhecimento[1].
 
- Possibilidades de execução:
Assim, nós dividimos a execução em duas partes: a fundada em título executivo
judicial, que dá ensejo ao cumprimento de sentença e fundada em título executivo
extrajudicial, que dá ensejo ao processo autônomo de execução.
Embora o cumprimento de sentença esteja alocado no livro I da parte especial do CPC,
que trata do processo de conhecimento (e do cumprimento de sentença), seu estudo em
conjunto com o Livro II, do Processo de Execução, faz mais sentido, porquanto há
grande semelhança entre suas regras e princípios[2].
 
- Cumprimento de sentença precedido ou não de processo de conhecimento:
Nem todo cumprimento de sentença, no entanto, precederá o processo de
conhecimento: é o caso do título executivo fundado em sentença arbitral, sentença
penal condenatória e sentença estrangeira.
O cumprimento de sentença, de que trata o Título II, do Livro I, da Parte Especial do
CPC, refere-se mais ao provimento condenatório, do que o declaratório ou o
constitutivo, embora haja previsão específica no CPC/2015 para o cumprimento das
obrigações.
Nesse panorama geral, é importante destacar que até a mudança trazida pela Lei
11.232/2005, a execução sempre significava um novo processo, incluindo a necessidade
de nova citação do devedor. O CPC/2015 continuou a toada de fase de cumprimento de
sentença, de modo que há continuidade no procedimento, sem necessidade de nova
citação do réu. Sobre o tema, Marcus Vinícius Rios Gonçalves    aponta que teria sido
mais técnico, face à decisão parcial de mérito, chamar essa fase de cumprimento de
decisão, uma vez que a decisão parcial de mérito não se trata de sentença, mas sim de
decisão interlocutória.
Contudo, sempre que estivermos diante de um título executivo fundado em sentença
arbitral, sentença penal condenatória ou sentença estrangeira, haverá necessidade de
citação do réu, porque não haverá, nesses casos, um processo de conhecimento prévio:
o cumprimento de sentença será autônomo.
 
1.2. Localização no CPC.
Na Parte Especial do CPC, no Capítulo II, do Livro I, está disciplinado o cumprimento de
sentença que, inclusive, vale para o cumprimento de sentença arbitral, penal
condenatória ou estrangeira, hipóteses em que não há processo de conhecimento
prévio.
Já o disposto no Livro II, da Parte Especial do CPC, que trata do processo de execução,
traz também dispositivos aplicáveis ao cumprimento de sentença, desde que com ele
não sejam incompatíveis.
 
1.3. O que é execução.
O processo de conhecimento busca o pronunciamento judicial, que, conforme aponta
Marcus Vinícius Rios Gonçalves pode ter três distintas finalidades: 
a)  Declaração de certeza sobre a existência uma relação jurídica:aqui, teremos uma
sentença declaratória que, por si só, satisfaz a pretensão do autor. Seria o caso, por
exemplo, da sentença em uma ação de investigação de paternidade. Ela basta para
reconhecer a filiação.
b) Pronunciamento sobre a constituição ou desconstituição de uma relação jurídica:neste
caso, a sentença será constitutiva. É o que ocorre, por exemplo, no pedido de anulação
de um contrato, celebrado mediante coação. O pronunciamento judicial já soluciona o
problema do autor.
c)  Pronunciamento em que se busca uma omissão ou omissão do réu:será o caso da
sentença condenatória, que busca o cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer
ou dar – entregar coisa ou pagar. Na hipótese do devedor não cumprir
espontaneamente a obrigação, o Poder Judiciário poderá obriga-lo, a fim de evitar a
autotutela. Para tanto, é preciso que haja um grau suficiente de certeza acerca do
direito. Quem dá essa certeza é o título executivo. Alguns documentos são reconhecidos
pela lei como suficientes para ajuizamento de um processo de execução. Na sua
ausência, é preciso que se comece pelo processo de conhecimento, para que o Judiciário
diga que, de fato, o autor pode cobrar o réu.
Marcus Vinícius Rios Gonçalves pondera que a diferença entre o processo de
conhecimento e o processo (ou fase) de execução, é que, no primeiro caso, busca-se a
certeza do direito e, no segundo, a satisfação concreta do titular do direito, com base em
um título executivo[3].
 
1.4. Instrumentos da sanção executiva.
O pressuposto da execução, além do título executivo, se traduz no não cumprimento da
obrigação.
Nesse caso, há dois meios de que pode se valer o Poder Judiciário para satisfazer o
direito do titular: sub-rogação ou coerção.
Chamamos de sub-rogação a hipótese em que o Judiciário se coloca no lugar do
devedor, para satisfazer o direito do credor, seja penhorando e leiloando bens, para
arrecadar dinheiro a fim de que a obrigação de dar (pagar) seja cumprida, seja
contratando alguém que faça o serviço às expensas do devedor, no caso de uma
obrigação de fazer que não seja personalíssima, etc.
A sub-rogação é o instrumento da sanção executiva de que se vale, por exemplo, a
Fazenda Pública. Quando o contribuinte não paga seus tributos, há uma inscrição na
dívida ativa e, posteriormente, o ajuizamento de uma execução fiscal. A Fazenda
Pública requer a penhora dos ativos bancários do contribuinte devedor, a fim de
satisfazer o crédito.
A coerção, por outro lado, representa a hipótese em que o Judiciário fixa astreintes para
compelir o devedor a fazer o que lhe cabe. Ocorre em ações como as que buscam a
outorga de uma escritura pela vendedora de um imóvel, entre outras. É o meio de
sanção executiva utilizado nas obrigações personalíssimas.
 
1.5. Espécies de execução.
 
a) Execução mediata e imediata:
Execução mediata é aquela em que há necessidade de instauração de um processo
autônomo, incluindo a citação do devedor. Ocorre quando o título executivo é fundado
em sentença arbitral, sentença penal condenatória, sentença estrangeira, ou, ainda,
título executivo extrajudicial.
Execução imediata é a sequência natural do processo de conhecimento, quando não há
cumprimento espontâneo da obrigação pelo devedor: trata-se, no ordenamento jurídico
brasileiro, do cumprimento de sentença.
 
b) Execução específica:
É a busca da satisfação do direito do credor, da forma como consta no título executivo,
na máxima medida em que for possível.
Assim, a conversão em perdas e danos fica reservada para os casos em que o
cumprimento da obrigação é impossível ou, ainda, se o credor assim preferir, conforme
regula o Artigo 499, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o
autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de
tutela pelo resultado prático equivalente.
 
Nesse sentido, o Art. 497, do CPC, que trata das obrigações de fazer ou não fazer, dispõe
que o juiz determinará providências que assegurem resultado prático equivalente. A
possibilidade de conversão em perdas e danos sequer é mencionada:
 
Código de Processo Civil:
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não
fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou
determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a
inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua
remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da
existência de culpa ou dolo.
 
No mesmo sentido, ao tratar das obrigações de entregar coisa, o Art. 498, do CPC, fala na
tutela que dê o resultado prático equivalente, igualmente, sem mencionar perdas e
danos:
 
Código de Processo Civil:
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa,o juiz, ao
conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da
obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo
gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição
inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a
entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
 
O CPC dá ao juiz muitos poderes para efetivar a tutela:
 
Código de Processo Civil:
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade
de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de
tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas
necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no  caput  , o juiz poderá determinar,
entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a
remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o
impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
[...]
 
Como se vê, de fato, a solução em perdas e danos é último dos recursos adotados no
cumprimento de sentença ou na execução, justamente para que o titular do direito
veja-se amparado e para que o réu não seja premiado por seu mau comportamento.
 
c) Execução por título judicial ou extrajudicial:
A execução é fundada em título executivo judicial ou extrajudicial.
O título executivo judicial, em regra, gera execução imediata, com exceção da sentença
arbitral, da sentença penal condenatória e da sentença estrangeira. O elenco dos títulos
executivos judiciais consta no Artigo 515, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á
de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou
de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de
qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou
universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou
honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão
do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível
para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao
processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida
em juízo.
 
Já a execução fundada em título executivo extrajudicial é mediata, porquanto o
executado deve ser citado. Os títulos executivos extrajudiciais constam no Art. 784, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o
cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo
devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas)
testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público,
pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por
tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro
direito real de garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel
de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e
despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos
créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias
de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou
aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa
a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por
ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir força executiva.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de
título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro
não dependem de homologação para serem executados.
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos
os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração
e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da
obrigação.
 
d) Cumprimento definitivo ou provisório de sentença:
 
- Caso de cumprimento provisório:
Enquanto a execução por título executivo extrajudicial é sempre definitiva, a execução
fundada em título executivo judicial pode não sê-lo, caso a decisão ainda não tenha
transitado em julgado.
As hipóteses são: decisão interlocutória de mérito, como a proferida na decisão parcial
de mérito; sentença ou acórdão desafiado por recurso que não tenha efeito suspensivo
e, ainda, decisão proferida em sede de tutela provisória.
 
Código de Processo Civil:
 
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma
forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
[...]
 
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar
adequadas para efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as
normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que
couber.
 
O entendimento quanto à definitividade da execução por título executivo extrajudicial,
foi consolidado na Súmula nº 317, do STJ:
 
STJ - SÚMULA N. 317 
É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente
apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos. 
 
No entanto, é possível que haja recurso contra a decisão que sentenciar a execução por
título executivo extrajudicial sem resolução do mérito ou, ainda, que haja recurso
contra o resultado dos embargos. Mesmo assim, não é reconhecida a provisoriedade da
decisão em execução fundada em título executivo extrajudicial. Se houver reversão
do decisum, o credor terá de indenizar o devedor[4].
 
- Diferenças entre cumprimento provisório e definitivo de sentença:
O cumprimento definitivo e o provisório de sentença são realizados pelo mesmo modo
e, igualmente, têm multa e honorários advocatícios, conforme Art. 520, § 2º, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma
forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
[...]
§ 2º A multa e os honorários a que se refere o  § 1º do art. 523  são
devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao
pagamento de quantia certa.
[...]
 
Como saber se é caso de cumprimento definitivo ou provisório? Basta verificar os
efeitos com que o recurso que impugna a decisão executada é recebido: se com efeito
suspensivo, a execução é protraída no tempo, até que haja confirmação ou modificação
do título executivo judicial; por outro lado, se o recurso é recebido sem efeito
suspensivo, há cumprimento provisório da decisão que dá origem ao título executivo.
 
Marcus Vinícius Rios Gonçalves, nesse sentido, enumera algumas peculiaridades do
cumprimento provisóriode sentença, quais sejam:
 
A responsabilidade é do credor e, se a decisão que fundamenta o título executivo
judicial for modificada, terá de ressarcir o devedor, independente de prova de
culpa ou dolo, conforme Art. 520, I, CPC:
 
Código de Processo Civil:
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Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma
forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se
obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o
executado haja sofrido;
[...]
 
Sendo a decisão que fundamenta o título executivo judicial reformada, as partes
voltarão ao status quo antee os danos serão liquidados no mesmo processo, nos
termos do Art. 520, II, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma
forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
[...]
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a
sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado
anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
[...]
 
O cumprimento provisório de sentença ocorre nos mesmos autos da decisão que
deu origem ao título executivo judicial. Havendo recurso, se o processo for
eletrônico, tudo flui normalmente. Contudo, se os autos forem físicos, será
necessário que haja uma petição dando origem à fase de cumprimento de
sentença, no juízo de origem, conforme Art. 522, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por
petição dirigida ao juízo competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será
acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja
autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua
responsabilidade pessoal:
I - decisão exequenda;
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito
suspensivo;
III - procurações outorgadas pelas partes;
IV - decisão de habilitação, se for o caso;
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas
necessárias para demonstrar a existência do crédito.
 
No cumprimento provisório de sentença, sempre que houver levantamento de
depósito em dinheiro ou transferência de direito real, caberá ao credor oferecer
caução ao devedor, a fim de salvaguardar o patrimônio do executado, conforme
Art. 520, IV, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma
forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
[...]
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que
importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de
outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao
executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de
plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
[...]
Importa destacar, a caução se faz necessária quando há possibilidade de que a decisão
seja irreversível para o devedor, do ponto de vista patrimonial, mas somente é
necessária na fase de alienação do bem ou para fins de levantamento do depósito.
Há casos, contudo, em que a caução será dispensada, como por exemplo, na hipótese de
crédito de natureza alimentar, qualquer que seja a origem: ação de família ou ato
ilícito; demonstrada situação de necessidade do credor, como alguém que precisa de
medicamentos, para tratar grave moléstia de saúde; pender agravo cabível contra juízo
de prévio de admissibilidade que indefere recursos direcionados ao STJ e ao STF; ou
ainda, se a decisão que origina o título executivo judicial estiver calcada em súmula do
STF ou STJ. São hipóteses do Art. 521, do CPC, e se justificam, pois em qualquer dos
casos, há baixa probabilidade de reversão da decisão que origina o título executivo
judicial.
Ainda assim, aplicando a proporcionalidade, é possível que o juiz mantenha a
necessidade de caução, dependendo do caso concreto:
 
Código de Processo Civil:
Art. 521. A caução prevista no  inciso IV do art. 520  poderá ser
dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua
origem;
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
III – pender o agravo do art. 1.042;             (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016) (Vigência)
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em
consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com
acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da
dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou
incerta reparação
 
1.6. Princípios gerais da execução:
 
São princípios que se aplicam peculiarmente à execução:
 
a) Princípio da autonomia:
Antes das reformas do antigo CPC/1973, tanto a execução por título executivo judicial,
quanto a execução por título executivo extrajudicial constituíam um processo
específico, hipótese em que a autonomia ficava patente.
À luz do CPC/2015, somente tem procedimento novo a execução por título extrajudicial
e a por título judicial, quando fundada em sentença arbitral, sentença penal
condenatória ou sentença estrangeira. As outras hipóteses de execução por título
judicial constituem fase de cumprimento de sentença. Contudo, ainda que dê
continuidade ao mesmo processo, a fase de cumprimento de sentença é autônoma em
relação à fase congnitiva, por isso subsiste o princípio.
 
b) Princípio da patrimonialidade:
O princípio da patrimonialidade está expresso no Art. 789, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e
futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições
estabelecidas em lei.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art520iv
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13256.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13256.htm#art4
Significa que o devedor, executado, responde com seus bens pela execução, não com
seu corpo, como no passado, em que se tornava escravo, era torturado, etc.
A única possibilidade de prisão civil reconhecida em nosso ordenamento jurídico, é do
devedor de alimentos, porquanto o depositário infiel, nos casos de alienação fiduciária
em garantia, entre outros, embora haja previsão no texto da CF/88, não pode ser preso.
Assim o STF reconheceu no RE 466.343 e, posteriormente, na Súmula Vinculante nº 25:
 
STF: Súmula Vinculante 25
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade de depósito.
 
c) Princípio do exato adimplemento:
Como vimos anteriormente, de acordo com o princípio do exato adimplemento, o ideal
é que o exequente receba o mais próximo do que seria caso o devedor cumprisse
espontaneamente a obrigação. Para tanto, são utilizados como instrumentos de sanção
executiva a sub-rogação e coerção.
Assim, devem ser cumpridas as obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa certa,
conforme Arts. 497 e 498, do CPC.
Um outro aspecto desse princípio é não constranger o patrimônio do executado em
valor superior ao quantum devido, conforme Art. 831, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem
para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos
honorários advocatícios.
 
d) Princípio da disponibilidade do processo pelo credor:
Diferentemente do que ocorre na fase cognitiva, na execução, o credor pode desistir a
qualquer momento, sem necessidade de concordância do devedor, conforme aduz o
Art. 775, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou
de apenas alguma medidaexecutiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o
seguinte:
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas
sobre questões processuais, pagando o exequente as custas
processuais e os honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do
impugnante ou do embargante.
Assim, quando os embargos ou impugnações tiverem por conteúdo matéria de mérito,
será necessário que haja concordância do devedor, porque é justo que este possa obter
um pronunciamento definitivo sobre a questão. Nos demais casos, o princípio da
disponibilidade é plenamente aplicado, devendo o exequente arcar com as custas e
honorários relacionados à desistência.
 
 
e) Princípio da utilidade:
A finalidade da execução deve ser a satisfação do crédito. Assim, ficando claro que o
instrumento de sanção executiva apenas causa prejuízos ao devedor, sem aproveitar o
credor, a medida torna-se injustificada. Nesse sentido dispõe o Art. 836, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o
produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido
pelo pagamento das custas da execução.
§ 1º Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de
determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na
certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do
executado, quando este for pessoa jurídica.
§ 2º Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será
nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior
determinação do juiz.
 
f) Princípio da menor onerosidade:
O princípio da menor onerosidade, compreendido em conjunto com o princípio da
patrimonialidade e do exato adimplemento, significa que, se por um lado, não se deve
buscar causar danos e prejuízos desnecessários ao devedor, por outro lado, não há uma
licença para que este, deliberadamente, escolha deixar de cumprir o que lhe cabe.
Nesse sentido dispõe o Art. 805, do CPC:
 
Código de Processso Civil:
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para
o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva
mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos
onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já
determinados.
 
g) Princípio do contraditório:
Trata-se de um princípio que incide sobre o processo civil como um todo, em
decorrência do que dispõe a Constituição, no Art. 5º., inciso LV:
Constituição de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 
[...]
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;
 
[...]
 
Na execução, o contraditório se manifesta nas oportunidades em que o executado é
intimado a se pronunciar sobre os cálculos atualizados, sobre a penhora de bens, além
da oportunidade de apresentar exceção de pré-executividade e embargos.
 
1.7. Atos executivos:
Na fase de cognição, são praticados os atos cognitivos, que não consistem em medidas
concretas, mas tão somente em atos que buscam dar subsídios para que a sentença de
mérito seja proferida. Os atos cognitivos, assim, se destinam a reconhecer a existência e
a extensão da relação jurídica entre as partes.
Os atos executivos, por sua vez, são mais concretos, pois sua finalidade é tão somente
solucionar a crise decorrente do inadimplemento do devedor. Aqui, o juiz determina
ações que traduzem os instrumentos de sanção executiva, seja os de sub-rogação, seja
os de coerção.
Ademais, há que se destacar, os atos executivos costumam ser determinados pelo juiz e
cumpridos pelo oficial de justiça e podem ter o amparo de força policial:
 
Código de Processo Civil:
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os
atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.
§ 1º O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos
determinados pelo juiz também nas comarcas contíguas, de fácil
comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana.
§ 2º Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego
de força policial, o juiz a requisitará.
§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do
nome do executado em cadastros de inadimplentes.
§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o
pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta
por qualquer outro motivo.
§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título
judicial.
 
 
Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a
penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz,
solicitando-lhe ordem de arrombamento.
§ 1  o  Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o
mandado, arrombando cômodos e móveis em que se presuma
estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será
assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência.
§ 2º Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de
auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens.
§ 3º Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrência,
entregando uma via ao escrivão ou ao chefe de secretaria, para ser
juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a quem couber a
apuração criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de
resistência.
§ 4º Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a
respectiva qualificação.
 
 
 
 
1.8. Competência para a execução civil: 
Aqui verificaremos que as regras de competência vão além da fase cognitiva e também
devem ser observadas na execução.
 
- Competência para processar o cumprimento de sentença:
As regras constam no Art. 516, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de
acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá
optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local
onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local
onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos
em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de
origem.
 
Competência funcional/absoluta:
No inciso I, vemos norma de competência absoluta, porque a hipótese de cumprimento
de sentença nos tribunais, está ligada aos assuntos de sua competência originária.
Exemplo de competência funcional/ absoluta dos tribunais seria o cumprimento de
sentença em mandado de segurança contra juiz de 1º grau, ação rescisória de sentença,
etc.
A CF/88 prevê a competência originária dos TRFs:
 
Constituição de 1988:
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça
Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos
juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio
Tribunal ou de juiz federal;
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao
Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes
federais e pelos juízes estaduais noexercício da competência federal
da área de sua jurisdição.
 
Quanto aos TJs, a competência originária é fixada nas Constituições Estaduais,
conforme Art. 125, §1º, da CF/88. 
 
Constituição de 1988:
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do
Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal
de Justiça.
[...]
 
A Constituição do Estado de São Paulo, por sua vez, reconhece como competência
originária do TJ, tudo o que consta em seu Art. 74:
 
 
Constituição do Estado de São Paulo
Artigo 74 -  Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições
previstas nesta Constituição, processar e julgar originariamente:
I - nas infrações penais comuns, o Vice-Governador, os Secretários de
Estado, os Deputados Estaduais, o Procurador-Geral de Justiça, o
Procurador-Geral do Estado, o Defensor Público Geral e os Prefeitos
Municipais;
II - nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
juízes do Tribunal de Justiça Militar, os juízes de Direito e os juízes de
Direito do juízo militar, os membros do Ministério Público, exceto o
Procurador-Geral de Justiça, o Delegado Geral da Polícia Civil e o
Comandante-Geral da Polícia Militar; 
(**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14 de
fevereiro de 2006  Legislação do Estado
https://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/bb1fa096e3fc874583256b6f0068b734/d4252e09903103790325714d0055a239?OpenDocument
III -  os mandados de segurança e os "habeas data" contra atos do
Governador, da Mesa e da Presidência da Assembléia, do próprio
Tribunal ou de algum de seus membros, dos Presidentes dos
Tribunais de Contas do Estado e do Município de São Paulo, do
Procurador-Geral de Justiça, do Prefeito e do Presidente da Câmara
Municipal da Capital;
IV -  os "habeas corpus", nos processos cujos recursos forem de sua
competência ou quando o coator ou paciente for autoridade
diretamente sujeita a sua jurisdição, ressalvada a competência do
Tribunal de Justiça Militar, nos processos cujos recursos forem de sua
competência;
V -  os mandados de injunção, quando a inexistência de norma
regulamentadora estadual ou municipal, de qualquer dos Poderes,
inclusive da Administração indireta, torne inviável o exercício de
direitos assegurados nesta Constituição;
VI - a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
estadual ou municipal, contestados em face desta Constituição, o
pedido de intervenção em Município e ação de inconstitucionalidade
por omissão, em face de preceito desta Constituição;
VII - as ações rescisórias de seus julgados e as revisões criminais nos
processos de sua competência;
VIII - os conflitos de competência entre os Tribunais de Alçada ou as
dúvidas de competência entre estes e o Tribunal de Justiça;
(**) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14 de
fevereiro de 2006  Legislação do Estado
IX - os conflitos de atribuição entre as autoridades administrativas e
judiciárias do Estado;
X - a reclamação para garantia da autoridade de suas decisões;
(**)  XI -  a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo municipal, contestados em face da Constituição 
(**)Federal (ADIN 347-0/600 – LIMINAR DEFERIDA).
 
 
A competência do inciso II, do Art. 516, também é funcional/absoluta porque está
relacionada à ação que levou ao título executivo judicial.
Quanto ao parágrafo único do Art. 516, CPC, vale dizer que, ainda que seu texto
flexibilize a competência do juízo de primeiro grau, a competência não é relativa, pois
não pode ser estabelecida por cláusula de foro de eleição, mas apenas pelo atendimento
às peculiaridades previstas no parágrafo único, para fins de economia processual:
menos expedição de carta precatória, etc.
 
https://www.legislacao.sp.gov.br/legislacao/dg280202.nsf/bb1fa096e3fc874583256b6f0068b734/d4252e09903103790325714d0055a239?OpenDocument
 
*Relativizações:
Assim, uma ação indenizatória ajuizada na Comarca de Mogi das Cruzes, pode ter seu
cumprimento de sentença realizado na Comarca de Santos, se aqui for o domicílio atual
do devedor. Uma ação monitória pode ser ajuizada em São Paulo e ter o cumprimento
de sentença na Comarca de Praia Grande, por ter-se descoberto que o devedor possui
vasto patrimônio na cidade. Uma ação condenatória para cumprir obrigação de fazer,
como reformar imóvel, poderá ser executada no local de cumprimento da obrigação de
fazer, que é a cidade do imóvel. Nesses casos, o juiz do cumprimento de sentença pedirá
a remessa dos autos para o juiz de primeiro grau. São as hipóteses do parágrafo único
do Art. 516, do CPC.
Uma exceção à regra do Art. 516, do CPC, se dá na execução de alimentos de direito de
família – pais, filhos ou avós, que sempre pode ser ajuizada na comarca do domicílio do
credor, conforme § 9º, do Art. 528, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de
prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o
juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou
justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
[...]
§ 9º Além das opções previstas no  art. 516  , parágrafo único, o
exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que
condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu
domicílio.
 
Peculiaridade do Art. 516, III, CPC:
Marcus Vinícius Rios Gonaçalves explica que a competência das hipóteses do Art. 516,
III, não é funcional, porque não há prévio processo de conhecimento, sempre cabendo
verificar o caso concreto.
O exame do caso concreto pode resultar, contudo, em competência absoluta, como o
caso de uma sentença arbitral que trate da divisão de bens imóveis entre exsócios de
uma empresa, ou que faça, simplesmente, a partilha de bens em um divórcio. Aqui se
aplicaria a competência absoluta do Art. 47, CPC. Vale lembrar que a sentença arbitral,
via de regra, se executa no foro do arbitramento.
 
Código de Processo Civil:
 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é
competente o foro de situação da coisa.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art516
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de
eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade,
vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação
de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação
da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
O cumprimento de sentença da ação penal condenatória, deverá ser ajuizado no foro
cível competente.
Já o cumprimento da sentença estrangeira homologada pelo STJ, se dará na 1ª instância
da Justiça Federal competente.
 
Hipótese Competência para Cumprimento de
Sentença
Sentença arbitral Foro da arbitragem ou lugar de
competência absoluta
Sentença penal
condenatória
Foro cível competente
Cumprimento de
sentença estrangeira
homologada pelo STJ
1º instância da Justiça Federal
 
 
- Competência para a execução por título executivo extrajudicial:
Já a execução por título extrajudicial tem regras de competência relativa, conforme Art.
781, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada
perante o juízo competente, observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado,
de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela
sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado
no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a
execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no
foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a
execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do
exequente;
V - a execuçãopoderá ser proposta no foro do lugar em que se
praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título,
mesmo que nele não mais resida o executado.
Assim, caso haja foro de eleição, este deve ser respeitado, senão, deve-se ajuizar a
execução no foro de domicílio do executado ou de onde tenha bens para expropriar.
 
1.9. Dos requisitos necessários para a execução
 
- Inadimplemento do devedor:
O pressuposto da execução é que o débito não tenha sido pago pelo devedor, na data
convencionada.
 
Código de Processo Civil:
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir
se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento
da prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação
estabelecidos no título executivo, caso em que poderá requerer a
execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.
 
O débito, portanto, não precisa ser total: para falarmos em execução, basta que haja
mora do devedor.
Aqui será preciso distinguirmos morade inadimplemento absoluto: enquanto na mora o
devedor não cumpre a obrigação da forma como foi convencionada, mas ainda é
possível e útil que o cumpra (caso do fotógrafo que não entrega as fotos dos noivos no
prazo convencionado, por exemplo, mas à estes ainda interessa a entrega, ainda que
em atraso); no inadimplemento absoluto o devedor não cumpriu a obrigação
convencionada, e não tem mais como cumprir ou não é mais útil que cumpra: aqui, o
credor pode exigir a compensação das perdas e danos (caso do vestido de noiva não
entregue antes do casamento, da decoração de festa não realizada no dia da festa, etc.)
Em ambos os casos, será possível promover execução.
 
Tempo no cumprimento das obrigações:
As normas que tratam do cumprimento da obrigação, são de direito material. Se a
obrigação for a termo, o devedor incorre em mora assim que deixa de solver o débito
no prazo de vencimento. Assim que se implementa a mora, a execução pode se
proposta. Ex: se deixarmos o condomínio em aberto por 1 dia, poderemos nos deparar
com uma execução extrajudicial.
Contudo, se a obrigação não tiver termo final, data para vencer, será necessário
notificar o devedor.
Nas obrigações decorrentes de atos ilícitos, a mora tem início no fato, conforme Súmula
54, STJ.
 
STJ. Súmula 54 - Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso,
em caso de responsabilidade extracontratual. (Súmula 54, CORTE
ESPECIAL, julgado em 24/09/1992, DJ 01/10/1992)
 
Lugar:
A relação jurídica de direito material é que vai determinar o local de cumprimento da
obrigação, se a obrigação é quesível (querable) ou portável (portable). Na ausência de
previsão contratual, prevalecerá o domicílio do devedor, conforme Art. 327, CC.
 
Código Civil:
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se
as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar
da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor
escolher entre eles.
 
Prova do pagamento:
Cabe ao devedor provar que cumpriu a obrigação, sobretudo através do recibo
ou seu equivalente.
 
Código Civil:
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode
reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
 
Obrigações líquidas:
O título executivo extrajudicial tem de ter obrigação líquida. Já o título executivo
judicial pode ter obrigação ilíquida, desde que se faça liquidação antes do
cumprimento da sentença.
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%2754%27).sub.#TIT1TEMA0
 
 
Obrigação condicional ou a termo:
Enquanto o termo é algo futuro e certo, a condição é algo futuro e incerto. Nos
casos de cumprimento de sentença, será necessário verificar que se realizou a
condição ou ocorreu o termo previsto no pronunciamento judicial.
 
Código de Processo Civil:
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou
termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de
que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.
Exemplo de condição: sentença em ação de alimentos, prevê um salário mínimo caso o
alimentante fique desempregado ou vá para a economia informal. É uma hipótese,
futura e incerta. Se ocorrer e o alimentado não receber alimentos, promoverá o
cumprimento de sentença, pendido esse valor.
 
 
Obrigações bilaterais:
É a operacionalização da exceção do contrato não cumprido, prevista no CC:
 
Código Civil:
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Assim, o CPC prevê que, para executar o contrato bilateral, quando haja sinalagma, é
preciso demonstrar que o credor cumpriu sua parte e espera receber sua parte do
devedor.
 
Código de Processo Civil:
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação
senão mediante a contraprestação do credor, este deverá provar que
a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do processo.
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação,
depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não
permitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação que
lhe tocar.
 
- Título executivo:
Pensando na execução de título executivo extrajudicial, há muitas teorias a respeito da
natureza dos títulos. Vamos estudar as três teorias principais:
 
a) Título é o documento que prova o débito:
É a teoria adotada por Carnelutti. Nesse pensamento, a principal finalidade do título é
provar a existência do crédito, com a segurança suficiente de modo a garantir a
execução. O papel ensejador da execução é pressuposto, por isso secundário, caso o
título esteja correto.
 
b) Título é o ato capaz de desencadear a sanção executiva:
Foi a teoria a que se filiou Enrico Tulio Liebman. Aqui, o papel do título não seria,
exatamente, documentar a existência do débito. O título não é um guardião da verdade
sobre o crédito: na relação jurídica de direito material, o crédito pode ser até
questionável. Contudo, o título, é o meio pelo qual o Estado pode exercer sua sanção
executiva, de forma autônoma, independentemente da existência do crédito: se está no
título, pode ser cobrado através de processo.
 
c) Título tem natureza de ato e de documento:
Essa teoria é conciliatória. Satta é adepto desta teoria. Aqui, não se considera que o
crédito ou o título tenham autonomia própria, mas sim que o título represente o crédito
e, também, tenha a autonomia de ser executado. Contudo, como ambos representam
duas faces da mesma moeda, o título pode ser objeto de embargos, isto é, pode ser
questionado na via processual própria. Assim, essa última teoria acaba ganhando mais
adeptos no direito processual civil brasileiro.
 
- Criação dos títulos executivos:
O rol dos títulos executivos é numerus clausus, isto é, taxativo. Somente se consideram
títulos, aqueles criados por lei.
Também deve ser observado, portanto, o princípio da tipicidade, no sentido de que o
título, além de ter sido criado por lei, deve obedecer as suas especificidades. Assim, uma
nota promissória, se deixar de conter os requisitos legais, não será considerada título
executivo.
 
- Pluralidade de títulos:
Podemos, em uma única execução, cobrar mais de um título? E se os títulos forem de
diferentes espécies, ex. condomínio e nota promissória? A resposta está no Art. 327, do
CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo
réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de
procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o
procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas
processuais diferenciadas previstas nos procedimentosespeciais a
que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem
incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que
trata o art. 326 .
 
No mesmo sentido do que vemos na parte geral, sobre a possibilidade de cumulação de
pedidos, vemos na parte especial, puramente a respeito de execuções:
 
Código de Processo Civil:
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que
fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e
desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o
procedimento.
 
Assim, já temos claro que, ainda que sejam os mesmos devedores, não se pode cumular
pedidos de execução por título extrajudicial e por título judicial, porque os
procedimentos são diferentes: na primeira hipótese, estamos diante de uma execução
mediata, sem saber, previamente, em qual vara judicial o processo tramitará. Na
segunda, teremos uma execução imediata, que será, na verdade, apenas a fase
subsequente do processo de conhecimento.
Sobre a pluralidade de títulos, há duas possibilidades: ou dois títulos cobram prestações
distintas, da mesma relação jurídica, ex: parcelas 1, 2, 3, 4 e 5 de uma obrigação, caso
em que cada nota promissória representa uma das obrigações vencidas e os títulos se
somam; ou os títulos apenas se reforçam, ex: junta o instrumento particular assinado
por duas testemunhas instrumentárias, mais a nota promissória que garantia a
obrigação. Nesse caso, os títulos se equivalerão.
A possibilidade de cumulação de títulos na mesma execução consta da Súmula 27, do
STJ:
 
Súmula 27 – STJ
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art326
Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial
relativos ao mesmo negócio.
 
- Cópia de título executivo?
Em regra, a execução deve ser realizada tendo por base o título original, não sua cópia,
por uma questão de segurança jurídica, a fim de impedir que mais de uma execução
seja ajuizada para o mesmo título, ou, que ao lado da execução, haja uma cessão de
crédito com o mesmo título.
Exceções são admitidas para os casos em que o credor se vê impossibilitado de ter o
título em mãos. Exemplo: o cheque está na delegacia, juntado no inquérito por
estelionato.
 
- Requisitos do título executivo:
Os títulos executivos judiciais devem respeitar alguns critérios, a fim de que a execução
seja possível e alcance sua finalidade. Estes requisitos são esboçados nos Arts. 783 e 803,
I, do CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em
título de obrigação certa, líquida e exigível.
 
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível;
[...]
 
Agora esmiuçaremos esses requisitos:
 
a) Certeza:
Deve existir um título executivo apontando a existência do débito. Ainda, este título
deve preencher todos os requisitos legais. Ex: nota promissória: deve constar expresso
“nota pormissória”, a promessa de pagar determinada quantia, o dia de vencimento, o
lugar do pagamento, o nome do beneficiário, o lugar e a data de emissão, bem como a
assinatura do emitente. Esses requisitos constam do Art. 75, da Lei Uniforme:
 
DECRETO Nº 57.663, DE 24 DE JANEIRO DE 1966
https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/dec%2057.663-1966?OpenDocument
Promulga as Convenções para adoção de uma lei uniforme em
matéria de letras de câmbio e notas promissórias.
 
Artigo 75
 
A Nota Promissória contém: 
 
1. denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do
título e expressa na língua empregada para a redação desse
título; 
 
2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia
determinada; 
 
3. a época do pagamento; 
 
4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 
 
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
 
6. a indicação da data em que e do lugar onde a Nota
Promissória é passada; 
 
7. a assinatura de quem passa a Nota Promissória (subscritor).
 
Portanto, no quesito certeza, temos o an debeatur, que significa a existência da dívida.
 
b) Liquidez:
A liquidez é imprescindível e sem ela não se pode ajuizar execução por título
extrajudicial.
Aqui, estamos diante do quantum debeatur.
Ou o título trará expresso o valor exato da obrigação, como no exemplo da nota
promissória, ou será aferível por cálculo aritmético, como no contrato de locação em
que há os aluguéis mais os encargos.
Um exemplo de título ilíquido, seria, por exemplo, o acordo em que se obriga a pagar
um percentual do faturamento de uma empresa, referente a determinado ano. Para
tanto, teria de se produzir prova a respeito desse faturamento.
 
c) Exigibilidade:
O título tem de ser exigível no momento da propositura da execução, sob pena de sua
nulidade, conforme inciso III, do Art. 803, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o
termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será
pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
independentemente de embargos à execução.
 
- Títulos executivos judiciais e extrajudiciais
A principal distinção entre as duas execuções é em relação à origem dos títulos: tenho
um título executivo judicial, promovo o cumprimento de sentença. Esses títulos
constam no Art. 515, CPC. O procedimento, o modo de cumprir a sentença consta a
partir do Art. 513, CPC.
Ao passo que, com título executivo extrajudicial, rol previsto no Art. 784, CPC, meu
procedimento consta no Livro II, da Parte Especial, do CPC.
 
- Títulos executivos judiciais
Os títulos executivos judiciais são todos aqueles produzidos no exercício da jurisdição,
isto é, da atividade estatal de dizer o direito.
 
Código de Processo Civil:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á
de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou
de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de
qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou
universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou
honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão
do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível
para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15
(quinze) dias.
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao
processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida
em juízo.
 
- Decisões sobre a obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa
Conforme Art. 515, I, CPC, produzem título executivo judicial, as decisões
interlocutórias de mérito – aquela decisão parcial de mérito, que encerra a cognição a
respeito de um dos pedidos, mas que permite a continuação do processo - , as sentenças
e os acórdãos. O julgamento parcial do mérito está previsto no Art. 356, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais
dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art.
355 .https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art355
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a
existência de obrigação líquida ou ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação
reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito,
independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa
interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a
execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar
parcialmente o mérito poderão ser processados em autos
suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por
agravo de instrumento.
 
Antigamente, antes de passar por reformas estruturais, o CPC/1973, dizia textualmente
que eram títulos executivos as sentenças condenatórias. Assim, entendia-se que outros
provimentos, sem natureza condenatória, não seriam passíveis de execução.
Há entendimento do STJ    (temas 0889, Recurso Especial 1.324.152/SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão), no sentido de que qualquer decisão judicial é passível de execução,
“desde que estabeleça obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar
coisa, admitida sua prévia liquidação e execução nos próprios autos”.
Não é produtivo pautarmos a discussão dos títulos judiciais na natureza das sentenças:
declaratória, condenatória, constitutiva ou mandamental, mas sim no reconhecimento
da obrigação de pagar quantia certa, de fazer, não fazer ou entregar coisa. Cada uma das
espécies de cumprimento de sentença tem procedimento próprio previsto no CPC.
 
- Decisão homologatória de composição judicial:
A decisão homologatória de composição judicial, conforme § 2º, do Art. 515, CPC, pode
até mesmo envolver pessoas estranhas à relação de direito processual.
Contudo, a importância desse título para a matéria que estamos estudando é o
reconhecimento de obrigação pagar quantia, de fazer, de não fazer ou entregar coisa,
daí, neste caso, o Art. 515, II, CPC, dará ensejo a um cumprimento de sentença.
 
- Decisão homologatória de composição extrajudicial:
Conforme Art. 515, III, CPC, a decisão homologatória de composição extrajudicial é
título executivo judicial, sendo cumprida por cumprimento de sentença.
Trata-se de um procedimento de jurisdição voluntária, previsto no Art. 725, VIII, CPC e,
desde que preencha os requisitos legais e traga uma obrigação, será um título executivo
judicial.
 
Código de Processo Civil:
 
Art. 725. Processar-se-á na forma estabelecida nesta Seção o pedido
de:
I – emancipação;
II – sub-rogação;
III – alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou
adolescentes, de órfãos e de interditos;
IV – alienação, locação e administração da coisa comum;
V – alienação de quinhão em coisa comum;
VI – extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do
usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, e de
fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes
do evento que caracterizar a condição resolutória;
VII – expedição de alvará judicial;
VIII – homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer
natureza ou valor.
Parágrafo único. As normas desta Seção aplicam-se, no que couber,
aos procedimentos regulados nas seções seguintes.
 
- Formal de partilha:
Ao final do inventário ou arrolamento, é expedido um formal de partilha, especificando
os bens de cada herdeiro. Este formal poderá ser apenas uma certidão de partilha, para
os casos em que o quinhão hereditário representar, até, 5 vezes o salário mínimo.
Contudo, de acordo com o inciso IV, do Art. 515, CPC, esse formal de partilha ou essa
certidão repercutirão apenas na seara patrimonial dos herdeiros ou sucessores.
Os credores do  de cujus,  assim, ou devem buscar o processo de conhecimento para
obter um título executivo judicial ou, se tiverem um título extrajudicial, podem
ingressar com o processo de execução.
 
- Sentença penal condenatória transitada em julgado:
A execução cível da sentença penal condenatória consta do Art. 515, VI, CPC. 
Embora a sentença cível seja passível de execução provisória, esta possibilidade não
existe em relação à sentença penal. Ela somente poderá ser executada após o trânsito
em julgado. A autorização está nos Arts. 63 e 387, IV CPP:
 
Código de Processo Penal:
Art.  63.    Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão
promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação
do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso
iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a
apuração do dano efetivamente sofrido.               (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
 
 
Art. 387.  O juiz, ao proferir sentença condenatória:             (Vide Lei
nº 11.719, de 2008)
[...]
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido;           (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
[...]
 
- Sentença arbitral:
A sentença arbitral está prevista no Art. 515, VII, CPC. É o único título executivo judicial
que não é formado por juiz, mas por árbitro. Conforme Art. 31, da Lei da Arbitragem:
 
LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996.
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores,
os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder
Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.
 
É um dos únicos três casos de execução fundada em título executivo em que há citação
do executado e, por consequência, execução mediata.
 
- Sentença estrangeira homologada pelo STJ:
A hipótese, prevista no Art. 515, VIII. Ainda, a decisão interlocutória, estrangeira,
poderá ser cumprida no Brasil, após a expedição do exequaturdo STJ.
 
- Outros títulos executivos judiciais:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/Ret/RetDel3689-41.doc#art387iv
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.307-1996?OpenDocument
São títulos executivos judiciais também a decisão que defere a tutela provisória
antecipada, bem como a decisão inicial proferida na ação monitória. Esta, caso não
sejam opostos embargos, se tornará título executivo judicial.
 
Código de Processo Civil:
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a
expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para
execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu
prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de
honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à
causa.
§ 1º O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir
o mandado no prazo.
§ 2º Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial,
independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o
pagamento e não apresentados os embargos previstos no  art. 702  ,
observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial .
[...]
Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu
poderá opor, nos próprios autos, no prazo previsto no  art. 701  ,
embargos à ação monitória.
[...]
 
- Títulos executivos extrajudiciais:
O rol dos títulos executivos extrajudiciais consta do Art. 784, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o
cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo
devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas)
testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo MinistérioPúblico,
pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por
tribunal;
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art702
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#parteespeciallivroitituloii
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art701
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro
direito real de garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel
de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e
despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos
créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias
de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou
aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa
a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por
ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei
atribuir força executiva.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de
título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro
não dependem de homologação para serem executados.
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos
os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração
e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da
obrigação.
 
Além deste rol, podemos encontrar na legislação outras previsões de título executivo
extrajudicial.
Uma diferença fundamental entre os títulos judiciais e os títulos extrajudiciais é que
somente estes últimos podem sofrer embargos do executado. Nos embargos, a matéria
de defesa é mais ampla do que a realizada na impugnação ao título judicial.
 
a) Letra de câmbio, nota promissória, cheque e debêntures:
É o tema do inciso I, do Art. 784, CPC.
Os títulos não causais, isto é, que têm autonomia independentemente do negócio que
lhes deu causa, se vencidos, podem ser executados.
Contudo, os títulos causais, ficam sempre atrelados à relação jurídica de direito
material. São exemplos deles a letra de câmbio e a duplicata. A duplicata, por exemplo,
terá de conter o aceite do devedor, para ser executada:
 
LEI Nº 5.474, DE 18 DE JULHO DE 1968.
Art . 9º É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la
ou antes da data do vencimento. 
§ 1º A prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador
ou por seu representante com podêres especiais, no verso do próprio
título ou em documento, em separado, com referência expressa à
duplicata. 
§ 2º Constituirá, igualmente, prova de pagamento, total ou parcial, da
duplicata, a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento
endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina a
amortização ou liquidação da duplicata nêle caracterizada. 
Art . 10. No pagamento da duplicata poderão ser deduzidos quaisquer
créditos a favor do devedor resultantes de devolução de mercadorias,
diferenças de preço, enganos, verificados, pagamentos por conta e
outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizados. 
Art . 11. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de
vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita,
assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com
podêres especiais. 
Parágrafo único. A reforma ou prorrogação de que trata êste artigo,
para manter a coobrigação dos demais intervenientes por endôsso ou
aval, requer a anuência expressa dêstes.
Art . 12. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval,
sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar; na falta da
indicação, àquele abaixo de cuja firma lançar a sua; fora dêsses casos,
ao comprador. 
Parágrafo único. O aval dado posteriormente ao vencimento do título
produzirá os mesmos efeitos que o prestado anteriormente àquela
ocorrência. 
A recusa do aceite poderá implicar no protesto do título. Com o aceite, o protesto ou o
comprovante de entrega das mercadorias, a duplicata é passível de execução:
 
LEI Nº 5.474, DE 18 DE JULHO DE 1968.
Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de
conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos
extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil
,quando se tratar:                                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de
1º.11.1977)
https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%205.474-1968?OpenDocument
https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%205.474-1968?OpenDocument
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6458.htm#art1
l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou
não;                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que,
cumulativamente:                                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de
1º.11.1977)
a) haja sido protestada;                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de
1º.11.1977)
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da
entrega e recebimento da mercadoria; e                (Redação dada pela
Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no
prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta
Lei.                (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
[...]
 
b) Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor:
Aqui, temos a hipótese do inciso II, do Art. 784, CPC.
Tanto a escritura quanto a ata notarial, assinadas pelo devedor, são passíveis de
execução autônoma. O documento “dispensa a assinatura de testemunhas
instrumentárias”. Isto deriva da fé pública do Tabelião.
 
c) Documento particular firmado pelo devedor e duas testemunhas:
Nesse tópico, veremos as possibilidades do inciso III, do Art. 784, CPC.
Para que o instrumento particular constitua título executivo é preciso que as
testemunhas que assinem o documento possam, em juízo, atuar como testemunhas.
Significa que incapazes, impedidos ou suspeitos não poderão assinar o documento
como testemunhas, sob pena de comprometer sua eficácia executiva, conforme rol
transcrito no Art. 447, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as
incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º São incapazes:
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao
tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao
tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
percepções;
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6458.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6458.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6458.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6458.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6458.htm#art1
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos
que lhes faltam.
§ 2º São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em
qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes,
por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse
público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se
puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao
julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III- o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o
representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros
que assistam ou tenham assistido as partes.
§ 3º São suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das
testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados
independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor
que possam merecer.
Pergunta: somente podem assinar como testemunhas aqueles que estiverem
presentes no momento da assinatura do documento?
 
R: Vide REsp 8.849/DF, Rel.  Min. Nilson Naves, no sentido de que a assinatura das
testemunhas não precisa ser contemporânea à assinatura das partes. Ademais, nesse
julgado, foi estabelecido que as testemunhas não precisam estar identificadas, mas
precisam ser identificáveis[5].
 
 
Pergunta: e quanto ao contrato eletrônico? Ele nunca é assinado por testemunhas.
 
R: Vide REsp 1.495.920, de 15 de maio de 2018. Nesse julgado, é reconhecido que
quando se tratar de contrato assinado com as chaves públicas brasileiras, haverá
exceção ao rol  do Art. 784, do CPC. A questão, aqui, é que a existência e a higidez
do negócio poderão ser verificadas sem a necessidade de testemunha. 
A questão é disciplinada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP
Brasil. Aqui, se admite o uso de uma chave raiz, que vale para todas os sites e
instituições, como modo de confirmar que é, realmente, seu portador quem
realizada os atos via digital.
 
 
d) Instrumento de transação:
A transação extrajudicial, conforme inciso IV, do Art. 784, do CPC, desde que
referendada pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública,
pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por
tribunal, serve como título executivo extrajudicial. É preciso constar, no documento, a
perfeita identificação destes que o assinam.
 
e) Contratos garantidos por direito real:
Vemos, aqui, o inciso V, do Art. 784, CPC.
Os direitos reais de garantia funcionam como acessórios de uma obrigação principal.
Assim, conforme explica Marcus Vinícius Rios Gonçalves, se executa a dívida, não o
bem dado em garantia real[6]. Assim, os contratos garantidos por hipoteca, penhor,
anticrese ou outro direito real, são passíveis de execução autônoma.
No mesmo sentido, são executáveis os contratos garantidos por caução, que pode ser
real ou fidejussória. A caução real está no mesmo patamar das obrigações garantidas
por direito real, porque a confiança do credor, de que a dívida será paga, está baseada
em um bem.
Já a caução fidejussória equivale à fiança. É preciso que o contrato de fiança (que é
acessório) e o contrato principal observem a presença de duas testemunhas
instrumentárias, a fim de que sejam passíveis de execução autônoma.
Cássio Scarpinella Bueno, do mesmo modo, aponta que “caução” é gênero de garantia,
das quais a real e a fidejussória são espécies e, por isso, são compreendidas pelo inciso
V, do Art. 784, CPC.
 
f) Seguro de vida e acessórios:
Por força do inciso VI, do Art. 784, CPC, este é único contrato de seguro que constitui
título executivo extrajudicial.
O contrato de seguro de vida é estipulação em favor de terceiro, prevista no CC, e sua
execução depende da juntada da apólice e da certidão de óbito do estipulante.
 
g) Foro e laudêmio:
A hipótese do inciso VII, do Art. 785, CPC, tem origem na enfiteuse, proibida pelo Art.
2.038, do CC. Contudo, aquelas anteriores ao CC/2002, continuam tendo validade e
podem gerar esse título executivo extrajudicial.
Ademais, sobre os imóveis situados em área de marinha, recaem o dever de pagar o
foro (renda anual) e o laudêmio (para transferência do domínio útil).
 
Código Civil:
Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses,
subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do
Código Civil anterior, Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916  , e leis
posteriores.
§ 1 o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem
aforado, sobre o valor das construções ou plantações;
II - constituir subenfiteuse.
§ 2 o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por
lei especial.
 
h) Aluguel e encargos acessórios:
Está previsto no inciso VIII, do Art. 784, do CPC.
O contrato de locação dispensa a assinatura de testemunhas instrumentárias para ser
título executivo. Sua forma de celebração é livre, mas quando é por escrito é que se
prova a relação jurídica, no sentido de promover execução autônoma.
 
i) Crédito de dívida ativa:
A hipótese do inciso IX, do Art. 784 dá origem à execução fiscal, regida pela Lei nº 6.830
de 1980.
 
j) Contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício:
Esta hipótese, prevista no inciso X, do Art. 784, CPC, é novidade do CPC/2015. A doutrina
aponta que, no entanto, é preciso demonstrar documentalmente que as despesas
ordinárias e extraordinárias, cobradas nesta execução, sejam baseadas na Convenção
Condominial ou votação de Assembleia Geral. Caso contrário, seria necessário ajuizar
processo de conhecimento, não se poderia ingressar com a execução autônoma.
Esta ação inclui, além dos condomínios vencidos, os vincendos, por autorização
expressa do Art. 323, CPC:
 
Código de Processo Civil:
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em
prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido,
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm
independentemente de declaração expressa do autor, e serão
incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor,
no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
k) Certidão de serventia notarial ou registral:
Está previsto no inciso XI, do Art. 784, CPC.
Também é inovação do CPC/2015. A razão está na fé pública que têm o tabelião e o
oficial de registro.
 
l) Outros títulos previstos em lei:
A hipótese do inciso XII, do Art. 784, CPC, está nas leis especiais criarem títulos de
crédito, para além do rol do Código.
 
m) Contrato de honorários advocatícios:
Os honorários advocatícios convencionais, isto é, instituídos em contrato, poderão ser
executados pelo advogado contra o cliente. Este contrato dispensa a assinatura de
testemunhas instrumentárias, mas deve informar, indubitavelmente, o  quantum
debeatur[7]. Caso o valor não seja líquido, não será possível cobra-lo via execução
autônoma.
 
EAOAB
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o
contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem
crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores,
insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos
autos da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os
honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são
recebidos por seus sucessores ou representantes legais.
§ 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção
individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao
recebimento dos honorários de sucumbência. (Vide ADIN 1.194-4)
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo
aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os
convencionados, quer os concedidos por sentença.
 
- Opção pelo processo de conhecimento da parte que possui título executivo:
É o teor do Art. 785, do CPC:
https://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=1194&processo=1194
 
Código de Processo Civil:
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a
parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título
executivo judicial.
 
 
[1]GONÇALVES, Marcus Vinícius.  Direito processual civil esquematizado.  11ª