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Reporteres e pesquisa

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Repórteres & 
Pesquisa
Centro Universitário de Patos de Minas - Unipam
Teorias da Comunicação – Profª. Me. Suelen D’arc
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É comum quem pensa em reportagem negligenciar a
pesquisa. A imagem corriqueira do repórter é a de
alguém dependente de fontes e sem acesso às fontes
das fontes – isto é, aos documentos primários de que
se origina a informação levada a público.
No entanto, todo repórter, confrontando-se com
assessores de imprensa e entrevistados, já sentiu o
desejo de ir adiante, fuçar papéis e arquivos em busca
de verdade mais completa, menos tendenciosa ou mais
conforme o desejo de saber do público.
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Se a fonte A dá uma versão, a fonte B outra e a fonte C
uma terceira, contraditórias ou só parcialmente
coincidentes, de um evento, deve haver uma quarta
versão que corresponda ao que realmente aconteceu.
Frequentemente, essa versão mais completa ou correta
está disponível em algum lugar, pode ser investigada e
recuperada.
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LAGE,Nilson. 2001. 
A consulta a documentos, em geral, pressupõe algum
conhecimento da maneira como foram indexados. O
arquivamento é um processo técnico, que pode ser
muito complicado em grandes acervos, mas do qual
todos devemos ter algum domínio.
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Dificuldades de pesquisa
Procurar uma matéria em jornal, por exemplo, torna-se
mais fácil quando se percebe a lógica da edição. A
busca de um número de telefone a partir do nome do
assinante pode complicar-se o indivíduo que procura
não sabe, por exemplo, como foi organizado o catálogo.
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Processos judiciais e administrativos são montados com
a juntada de documentos um após o outro, de modo
que os passos mais recentes são sempre os últimos do
volume.
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Interpretar tabelas numéricas é um exercício de
inteligência. Os dados significativos estão no mesmo
nível que outros insignificantes, porque se trata de
documentos padronizados, que não consideram
situações de relevância. Ou ainda podem ter sido
deliberadamente escondidos, coisa de que se suspeita,
sempre, diante de balanços e balancetes de empresas.
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Ler balanços é uma especialidade de contabilistas, com
o que devem familiarizar-se, tanto quanto possível,
repórteres de editoria econômica.
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Complicada ou não, a PESQUISA é a base do melhor 
jornalismo. 
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Ela está presente, e muito, por exemplo, na
reportagem-ensaio. Os sertões, de Euclides da Cunha,
certamente a principal obra jornalística da literatura em
língua portuguesa.
A pesquisa
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Independente da formação que o jornalista tenha ou do
interesse que o motive a obter informações, são as
restrições existentes no Brasil para o acesso a documentos
públicos. Burocratas de todo nível carimbam “confidencial”,
“reservado” ou “secreto” em papéis, obedecendo a normas
confusas e, sobretudo, convencidos de que o maior risco,
para eles, advirá sempre da revelação do que deveria talvez
ser mantido em sigilo.
A principal dificuldade resulta do próprio processo
de produção da informação jornalística. O jornalista
é um sujeito que trabalha obedecendo a pautas e
prazos; pesquisa exige tempo e tem resultados
incertos. Empresas jornalísticas frequentemente
resistem à ideia de deslocar um profissional do
trabalho rotineiro para um processo de
investigação. Preocupação inicial de quem se lança
a uma pesquisa mais extensa é, sem dúvida, como
financiá-la.
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Toda reportagem pressupõe investigação e
interpretação. No entanto, as categorias
“jornalismo interpretativo” e “jornalismo
investigativo” são sempre mencionadas apenas
na leitura teórica.
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Investigação e interpretação
O jornalismo interpretativo consiste, grosso
modo, em um tipo de informação em que se
evidenciam consequências ou implicações dos
dados. Ele é obrigatório nas coberturas de
temas científicos e de economia, quando a
importância ou interesse da informação não é
auto-evidente. Presta-se também à cobertura
política, quando se trata de contextos pouco
conhecidos – por exemplo, em países remotos.
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O jornalismo investigativo é geralmente definido
como forma extremada de reportagem. Trata-se de
dedicar tempo e esforço ao levantamento de um
tema pela qual o repórter, em geral, se apaixona. A
dificuldade de obtenção de financiamento explica
em parte por que a investigação – embora muitas
vezes intuitiva, voluntarista e desorganizada –
prosperou no Estados Unidos, onde fundações e
instituições universitárias costumam destinar
recursos a esse tipo de pesquisa, não
descriminando as acadêmicas daquelas com
intenção jornalística.
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A notícia é o relato do que se sabe, não do 
que se ignora; é isso que a faz existir. 
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O mundo tornou-se tão complicado, tão intenso o
incremento da informação disponível, que o jornalista
tem que ser alguém que cria, e não só transmite, um
organizador, e não só um intérprete, alguém que junte
os fatos e os torne acessíveis. Além de saber como
redigir informações de imprensa ou como contá-las nos
meios audiovisuais, deve descobrir como fazê-las
chegar à mente de seu público. Em outras palavras, o
jornalista tem agora que ser um administrador de
dados acumulados, processador e analista desses
dados.
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MEYER, Philip. Precision journalism: a reporter’s introduction to social Science methods. 
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Muito obrigada!