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História - Populista

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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
INTRODUÇÃO
Após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial 
e a consequente derrota das ditaduras fascistas, os mais 
diversos grupos sociais passaram a clamar por uma urgente 
redemocratização das instâncias políticas internacionais. A 
despeito da participação da União Soviética stalinista nesse 
triunfo, o recado que o fi m da guerra parecia dar ao mundo 
era que as relações humanas precisavam ser travadas 
em níveis mais liberais. A criação da ONU, a Declaração 
dos Direitos Humanos e a difusão dos movimentos de 
descolonização imperialista correspondiam, em planos 
distintos, a essas novas demandas.
Aqui no Brasil, mesmo com a popularidade do 
presidente Getúlio Vargas, tal clamor libertário se 
materializou no crescimento das críticas ao Estado Novo. 
Setores das forças armadas e da imprensa encabeçavam 
a oposição à ditadura varguista, que viria a padecer com 
a convocação de novas eleições presidenciais, das quais 
Vargas fora proibido de participar e Eurico Gaspar Dutra 
sairia vitorioso.
Você entendeu o porquê da queda de Vargas? Não? Então 
vamos falar de outra forma:
O Brasil participou da Segunda Guerra ao lado de países 
que combatiam as ditaduras nazifascistas. No entanto, Getúlio 
mantinha no país um estilo de governo semelhante ao Fascismo 
europeu. Este fato leva países democráticos como Estados 
Unidos, Inglaterra e França a questionarem a permanência de 
Vargas no poder. Além disso, dentro do Brasil alguns setores 
da sociedade civil e até das forças armadas também passaram a 
exigir o fi m do Estado Novo. No fi nal de 1945, Getúlio foi forçado 
a renunciar.
E agora, melhorou? 
É importante lembrar que tal mudança na presidência 
da república não indicou necessariamente um rompimento 
com a política varguista. Ao contrário, Dutra foi eleito 
fundamentalmente pelo apoio ofertado por seu antecessor 
à sua campanha. Além disso, dos novos partidos que viriam a 
ser criados, dois dos mais importantes apresentavam o “DNA 
político” de Vargas: o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e a 
o PSD (Partido Social Democrático). A própria UDN (União 
Democrática Nacional), representante de setores conservadores 
e opositores ao Estado Novo, ganhou espaço no espectro político 
brasileiro justamente pelos ataques que fazia a Getúlio.
O GOVERNO DE EURICO GASPAR DUTRA
Com a vitória de Eurico Gaspar Dutra para Presidente da 
República (1946-1951), o país dava mais um importante passo 
no processo de redemocratização e de ruptura com a ditadura 
estadonovista. Neste cenário, a criação de uma nova constituição 
se impunha como algo fundamental à liberalização das estruturas 
políticas nacionais. Em 1946, uma nova Carta Magna foi, então, 
elaborada, através dela estavam garantidas as mais diversas 
liberdades, como de pensamento e expressão, imprensa e 
organização partidária.
O caráter liberal foi uma marca da nova Constituição. 
Havia um motivo para isso: a Constituição de 1946 foi a 
mais democrática que o país teve até então, o que se deveu à 
heterogeneidade político-ideológica dos parlamentares que a 
redigiram. Pela primeira vez, uma bancada comunista participou 
do processo constituinte. No mesmo plenário estavam Luiz 
Carlos Prestes e seu primeiro perseguidor, o ex-presidente Artur 
Bernardes; notórios opositores do Estado Novo, como Afonso 
Arinos, e ministros do regime deposto, como Gustavo Capanema, 
além do próprio Vargas.
Entre os dispositivos básicos regulados pela Carta estavam 
a separação dos três Poderes, a garantia ampla de defesa do 
acusado, a garantia de prisão só em fl agrante delito, a liberdade 
de expressão e a liberdade de consciência, de crença e de culto 
religioso, entre outras medidas avançadas para a época.
No entanto, a construção da jovem democracia brasileira 
foi profundamente abalada pelos caminhos que as relações 
internacionais tomaram no país. Em um contexto mundial 
marcado pela Guerra Fria, o Brasil de Dutra se alinhou 
às diretrizes norte-americanas, o que motivou o corte de 
relações com a União Soviética, além da perseguição a políticos 
comunistas e, mais exemplarmente, da cassação do Partido 
Comunista Brasileiro (PCB).
As relações entre Brasil e Estados Unidos fi caram ainda mais 
estreitas com a criação da Missão Abbink* e da assinatura do 
TIAR** (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca). 
Enquanto a primeira criava uma comissão com representantes 
dos dois países para discutir os caminhos tomados pela economia 
brasileira, o segundo ampliava a rede de combate à expansão 
comunista no continente americano. A formação da ESG (Escola 
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APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTONB
CAPÍTULO 3.3 POPULISTA
HISTÓRIA
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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
Superior de Guerra) evidenciava igualmente a interferência 
estadunidense em importantes questões nacionais, face à grande 
participação de militares norte-americanos em sua criação.
Missão Abbink e TIAR
Em 1948, Brasil e Estados Unidos construíram uma comissão 
técnica destinada a estudar a situação econômica do país, bem 
como fazer sugestões objetivando o seu desenvolvimento. A 
Missão Abbink, como ficou conhecida, tinha naquele sentido, 
balizes bem delimitadas pelo seu governo.
Se os dois países tinham óticas diferentes na maneira de 
encaminhar a cooperação econômica, nos aspectos políticos e 
militares houve completo alinhamento na gestão do presidente 
Eurico Gaspar Dutra. Ele foi o primeiro presidente brasileiro 
a visitar os Estados Unidos em 1949, em retribuição a visita de 
Truman ao Brasil em 1947.
Um dos marcos do alinhamento do Brasil e da América 
Latina ao bloco de poder liderado pelos Estados Unidos,  NO 
CONTEXTO DA GUERRA FRIA, foi a assinatura do Tratado 
Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), no Rio de 
Janeiro, em 2 de Setembro de 1947, com a presença, inclusive, 
do secretário de Estado norte-americano, Marshall. O TIAR 
integrava o sistema interamericano ao sistema mundial e previa 
mecanismos de manutenção da paz e segurança do hemisfério. 
O sistema regional, todavia, teria liberdade de atuação no 
continente, em relação à Organização Universal. De qualquer 
modo, a América Latina enquadrava-se na geopolítica norte-
americana sem barganhar uma decisão desse alcance.
Além da atuação na elaboração do TIAR, na gestão Dutra, 
de seu chanceler Raul Fernandes, tomou-se outra medida de 
alcance no contexto da Guerra Fria e que mais ainda afastava o 
país do bloco do Leste: a ruptura de relações diplomáticas com 
a União Soviética.
Se liga: Em 1947, o presidente Truman havia lançado a 
Doutrina de combate à expansão do socialismo. Dentro desse 
contexto, em 1950 nasce a Organização do Tratado do Atlântico 
Norte (OTAN), uma aliança militar para enfrentar a temida União 
Soviética. Portanto, não difícil entender essa aproximação dos 
Estados Unidos com o Brasil, bem com a criação da aliança militar 
denominada de TIAR. Era uma espécie de OTAN da América Latina.
O Plano Salte
Quinze anos de governo varguista foram mais que suficientes 
para consolidar uma política desenvolvimentista baseada nos 
princípios do planejamento econômico com uma forte interferência 
estatal nos setores produtivos industriais e financeiros.
Ao contrário do intervencionismo varguista, Dutra adotou 
a política do liberalismo econômico no início de seu governo, 
liberando o câmbio e facilitando as importações. Tais medidas 
levam o Brasil a gastar os 708 milhões de dólares que Getúlio havia 
acumulado nos seus quinze anos de governo. Todo esse dinheiro 
foi gasto na importação de bens supérfluos como automóveis, 
ioiôs, rádios, meias de náilon e aparelhos de televisão (sem que 
o Brasil tivesse uma emissora de Tv até 1950). Em 1948, Dutra 
lançou o Plano SALTE, iniciais que representavam planejamento 
na área da saúde (S), alimentação (AL), transporte (T) e energia 
(E). O plano SALTE não alcançou o êxito esperado, poisnão 
existiam verbas suficientes e o governo dos Estados Unidos não 
concedeu novo empréstimo ao Brasil.
Curiosidade: Em 1950, o empresário e jornalista Assis 
Chateaubriand inaugura o primeiro canal de televisão do Brasil, a 
Tv Tupi. Artistas do rádio e do teatro migraram para a televisão e 
a sociedade brasileira (parte mais rica) passa a ter mais um meio 
de entretenimento.
VARGAS, O RETORNO (1951 – 1954)
A Eleição de 1950
http://memorialdademocracia.com.br/card/em-sp-ademar-anuncia-
volta-de-vargas
No dia 3 de outubro de 1950, compareceram às urnas 
8.254.989 eleitores. Vargas obteve uma vitória maiúscula, quase 
alcançando a maioria absoluta com 3.849.040 votos (48,7%). 
Eduardo Gomes ficou bem abaixo, com 2.342.384 votos (29,6%), 
e Cristiano Machado não passou de um distante terceiro 
lugar, com 1.697.193 votos (21,5%). O quarto candidato, João 
Mangabeira, teve uma votação simbólica: 9.466 votos. O número 
de votos anulados foi 145.473, enquanto 211.433 eleitores 
votaram em branco.
Viu porque Getúlio era considerado o “pai dos pobres”? O povo 
sentiu sua falta. Ao criar o salário mínimo e as leis trabalhistas, 
Vargas passou a ser visto como “um Deus” para as camadas mais 
baixas da população. Além disso, no governo Dutra houve arrocho 
salarial e trabalhador sonhava com um substancial reajuste.
Em meados do ano de 1950, a marchinha “Bota o retrato do 
velho outra vez, bota no mesmo lugar” embalou o retorno de 
Getúlio Vargas à presidência. Entretanto, a popularidade do 
líder populista não se repetiu em seu segundo governo (1951-
1954), período marcado por crises intensas e pela inflamação dos 
grupos oposicionistas.
Uma das discussões que mais se fez presente na pauta política 
do governo Vargas foi o grau de abertura de nossa economia. 
Contrariando os interesses de boa parte do empresariado 
brasileiro, vinculado ao grande capital estrangeiro, Getúlio adotou 
medidas econômicas nacionalistas, como a limitação da remessa 
de lucros ao exterior e da entrada de multinacionais no país. O 
lançamento da campanha “O Petróleo é Nosso” e a criação da 
Petrobras representaram o auge dessa plataforma nacionalista.
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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
Vargas na inauguração da Petrobras (Foto: Reprodução)
Em 1951 começaram os trabalhos de uma Comissão Mista 
Brasil-Estados Unidos para o desenvolvimento econômico, cuja 
finalidade era criar condições para eliminar obstáculos ao fluxo 
de investimentos, públicos e privados, estrangeiros e nacionais, 
necessários para promover o desenvolvimento da nação.
Em uma mensagem ao Congresso Nacional, Getúlio afirmou 
que “facilitaria o investimento de capitais privados estrangeiros, 
sobretudo em associação com os nacionais, desde que não firam 
interesses políticos fundamentais do nosso país”.
Em 1954, dois eventos elevaram a níveis alarmantes a crise 
na qual estava submersa a administração varguista. Em primeiro 
lugar, a proposta de aumento de 100% do salário mínimo feita 
pelo então Ministro do Trabalho, João Goulart, que despertou 
a preocupação dos setores mais conservadores, temerosos em 
relação à “natureza comunista” da medida. 
No início de 1954, começou a crescer a pressão dos 
trabalhadores pelo aumento do salário mínimo. Manter o salário 
em níveis não inflacionários era condição indispensável para 
o êxito da política de estabilização desenvolvida por Oswaldo 
Aranha nos últimos meses. Entretanto, corriam boatos de que 
Goulart cederia às pressões populares e concederia um aumento 
para o mínimo de cerca de 100%.
Por ter prometido um reajuste de 100% no salário mínimo, 
o ministro João Goulart provocou reações contrárias de vários 
setores, como empresários e militares.
A reação não demorou acontecer. No mês seguinte, 
fevereiro de 1954, 82 coronéis e tenentes-coronéis, ligados à 
ala conservadora do Exército no Rio de Janeiro, assinaram um 
documento que ficou conhecido como Manifesto ou Memorial 
dos Coronéis. Nesse memorial, elaborado no dia 8 e divulgado na 
íntegra pela imprensa 12 dias depois, os coronéis alardeavam a 
“deterioração das condições materiais e morais” indispensáveis ao 
pleno desenvolvimento do Exército, onde “perigoso ambiente de 
intranquilidade” começava a se alastrar. Os coronéis conclamavam 
seus superiores a promover uma “campanha de recuperação e 
saneamento no seio das classes armadas”, com o firme propósito 
de restaurar os “elevados padrões de eficiência, de moralidade, de 
ardor profissional e dedicação patriótica, que (...) asseguravam ao 
Exército respeito e prestígio na comunidade nacional”.
Além disso, a tragédia ocorrida na Rua Tonelero, marcada 
pela tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda e da 
morte do major Rubens Vaz, fragilizara ainda mais a popularidade 
de Vargas. O “Atentado da Tonelero”, de autoria de Gregório 
Fortunato, chefe da segurança pessoal de Getúlio, teve sua 
responsabilidade atribuída pela opinião pública ao presidente, 
que estaria interessado em se livrar das constantes críticas de 
seu desafeto Carlos Lacerda.
Lacerda sendo levado ferido após o atentado
Lacerda acusa Vargas e militares exigem a renúncia de Vargas
“Mas, perante Deus, acuso um só homem como responsável 
por esse crime. Este homem chama-se Getúlio Vargas”. Com estas 
palavras Carlos Lacerda acusou o então presidente da República 
de ser o autor do atentado que sofreu no dia 5 de agosto de 1954. 
“República do Galeão” se opôs a Getúlio
“República do Galeão” foi como ficou conhecida a Base Aérea 
do Galeão, no Rio, quando lá foi montado, em agosto de 1954, um 
aparato da Aeronáutica para interrogar suspeitos no atentado da 
rua Tonelero. No atentado foi ferido Carlos Lacerda, o principal 
opositor público do então presidente Getúlio Vargas, e morreu o 
major da FAB, Rubens Vaz.
Os interrogatórios transcorriam em meio à crise do governo 
e às acusações de corrupção contra o presidente e aumentavam 
a pressão sobre Vargas. O chefe de sua guarda pessoal, Gregório 
Fortunato, acusado de ser o mandante do atentado, foi preso e 
interrogado na base. A “República do Galeão” só foi dissolvida 
após o suicídio de Vargas.
O Suicídio (24 De Agosto De 1954)
http://blogdoramonpaixao18.blogspot.com/2014/08/memoria-
24082014-ha-60-anos-o-suicidio.html
Semanas após o crime e com o aumento das condenações 
populares ao seu governo, Getúlio Vargas se recolhe em seus 
aposentos no Palácio do Catete e, em um dos momentos mais 
dramáticos de nossa história, decide-se pelo suicídio. Em termos 
políticos, o ato recuperou amplamente a popularidade do ex-
presidente, enfraquecendo, ao menos inicialmente, os grupos 
políticos que lhe faziam oposição.
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Vargas deu um tiro em seu peito e matou a oposição. A morte 
do presidente mais popular da História do Brasil leva o povo 
a acusar a UDN e os setores antivarguistas. Desta forma, na 
eleição seguinte, a grande maioria dos eleitores vota contra a 
UDN e seus aliados. Mesmo morto, Vargas continuava a maior 
força política da nação.
GOVERNO DE CAFÉ FILHO (1954 – 1955)
João Café Filho, ou simplesmente Café Filho, como era 
mais conhecido no meio político, teve um curto, mas agitado 
governo. Durante os pouco mais de 14 meses em que ocupou 
a Presidência da República, Café Filho teve que conciliar os 
problemas econômicos herdados do governo anterior com 
o acirramento político provocado pelo cenário aberto com a 
morte de Getúlio Vargas. 
Empossado como presidente da República no dia 3 de 
setembro em meio a um clima de grande comoção nacional, Café 
Filho montou uma equipe de governo composta basicamente 
por políticos, empresários e militares de oposição a Getúlio. 
Ficava, claro, portanto, que o novo presidente compartilhava 
das opiniões desses setores e afastava-se, assim, da política 
varguista.
A sucessão presidencial
Em 1955, durante a disputa presidencial, o PSD, partidoque 
Vargas fundara uma década antes, lançou o nome de Juscelino 
Kubitscheck  à Presidência da República. Na disputa para vice-
presidente, que na época ocorria em separado da corrida 
presidencial, a chapa apresentou o ex-ministro do Trabalho do 
governo Vargas, João, do PTB, sigla pela qual o ex-presidente 
havia sido eleito em 1950.
Setores mais radicais da UDN, representados pelo jornalista 
Carlos Lacerda, receosos de que a vitória de Juscelino 
Kubitscheck e Jango pudesse significar um retorno da política 
varguista, passaram a pedir a impugnação da chapa. Lacerda 
chegou a declarar, na época, que “esse homem [Juscelino 
Kubitscheck] não pode se candidatar; se se candidatar não 
poderá ser eleito; se for eleito não poderá tomar posse; se tomar 
posse não poderá governar”. A pressão da UDN para que Café 
Filho impedisse a posse dos novos eleitos intensificou-se logo 
após a divulgação dos resultados oficiais, que davam a vitória 
à chapa PSD-PTB. De outro lado, entre os militares, também 
surgiam divergências quanto ao resultado das urnas. A principal 
delas ocorreu quando um coronel se declarou contrário à posse 
de JK e Jango, numa clara insubordinação ao ministro da Guerra 
de Café Filho, marechal Henrique Lott, que havia se posicionado 
a favor do resultado.
Carlos Luz e Nereu Ramos
A intenção de Lott em punir o coronel, entretanto, dependia 
de autorização do presidente da República, que em meio a tantas 
pressões foi internado às pressas num hospital do Rio de Janeiro. 
Afastado das atividades políticas, Café Filho foi substituído, no 
dia 08 de novembro de 1955, pelo primeiro nome na linha de 
sucessão, Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados.
Próximo à UDN, Carlos Luz decidiu não autorizar o marechal 
Lott a seguir em frente com a punição, o que provocou sua saída 
do Ministério da Guerra. A partir de então, Henrique Lott iniciou 
uma campanha contra o presidente em exercício, que terminou 
na sua deposição, com apenas três dias de governo.
Acompanhado de auxiliares civis e militares, Carlos Luz 
refugiou-se no prédio da Marinha e, em seguida, partiu para a 
cidade de Santos, no litoral paulista. Com a morte de Vargas, a 
internação de Café Filho e a deposição de Carlos Luz, o próximo 
na linha de sucessão seria o vice-presidente do Senado, Nereu 
Ramos, que assumiu a Presidência da República e reconduziu 
Lott ao cargo de ministro da Guerra.
Subitamente, Café Filho tentou reassumir o cargo, mas foi 
vetado por Henrique Lott e outros generais que o apoiavam. Café 
Filho era acusado de conspirar contra a posse de JK e Jango. No dia 
22 de novembro, o Congresso Nacional aprovou o impedimento 
para que ele reassumisse a Presidência da República. Em seu 
lugar, permaneceu o senador Nereu Ramos, que transmitiu, sob 
Estado de Sítio, o governo ao presidente constitucionalmente 
eleito: Juscelino Kubitscheck, o “presidente bossa nova”.
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-cafe-filho-
1954-1955-os-14-meses-do-vice-de-vargas.htm
JUSCELINO KUBITSCHEK (1956 – 1961)
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Para os historiadores especializados no governo JK, este último 
teria representado um período politicamente estável do Brasil, 
em que a democracia liberal pôde se manifestar através de uma 
liberdade política e de expressão. Entretanto, esses estudiosos 
lembram que essa relativa estabilidade só foi possível porque 
Kubitschek buscou sustentar, ao lado de uma posição inovadora 
quanto ao desenvolvimento econômico do país, uma aliança 
política conservadora, que satisfazia os interesses da classe média 
tradicional, da burguesia comercial e da oligarquia rural.
Assim, pode-se dizer, de maneira bem geral, que o governo JK 
buscou conciliar uma política modernizante com outra de caráter 
conservador.
Além disso, ao mesmo tempo em que soube atrair o apoio 
da classe empresarial, JK tolerou as ações dos comunistas e 
controlou as reivindicações sindicais, apoiando os trabalhistas 
por meio de seu vice, João Goulart.
O Desenvolvimentismo e o Plano De Metas
“50 anos em 5” foi o grande lema do governo JK, uma vez 
que nesse contexto a sociedade brasileira estava marcada 
pela ideologia da superação do atraso econômico e do rápido 
avanço industrial do país. Ou seja, na mentalidade da década de 
1950, o Brasil deveria superar rapidamente sua condição de país 
subdesenvolvido através de uma política desenvolvimentista, isto 
é, de um projeto dirigido pelo Estado com o objetivo de modernizar 
o país e equipará-lo aos países plenamente industrializados. 
Portanto, a criação do Plano de Metas de JK só foi possível graças 
a um processo histórico no qual o Brasil estava, gradualmente, 
deixando de ser predominantemente agrário-exportador e se 
tornando um Estado industrializado. Esse Plano apresentava 
metas que deveriam ser cumpridas entre 1956 e 1961 e deveriam 
atingir as seguintes áreas: educação, alimentação, transporte, 
energia e infraestrutura/indústria de base.
Procurando fomentar o desenvolvimento do país, JK também 
abriria o país ao capital internacional, transformando este 
último em um sócio do processo brasileiro de industrialização. 
Assim, é a partir dessa época que cerca de 400 multinacionais 
começam a se instalar no país, destacando-se principalmente 
as do ramo automobilístico. Essas indústrias traziam capital e 
nova tecnologia para o Brasil e, em troca, lucravam muito com 
a mão-de-obra barata que encontravam aqui. Além disso, o 
governo também investiu na expansão das usinas hidrelétricas; 
na abertura de novas rodovias que integraram regiões até então 
isoladas umas das outras; na expansão da indústria do aço; na 
instalação da indústria de construção naval, etc.
O Rompimento Com o FMI
No início de 1958, o governo Kubitschek aguardava resposta 
para um pedido de empréstimo externo no valor de 200 milhões 
de dólares. Em março, missão do Fundo Monetário Internacional 
esteve no Rio de Janeiro e condicionou a liberação do dinheiro à 
adoção de um pacote de medidas anti-inflacionárias. A inflação 
deveria ficar em 6% ao ano, no máximo. O governo teria que 
adotar uma taxa única de câmbio, abolir os incentivos aos 
agricultores e restringir salários.
Na tentativa de atender às exigências do FMI, em outubro 
o presidente trocou José Maria Alkmin por Lucas Lopes no 
ministério da Fazenda. Mas o Plano de Estabilização Monetária 
(PEM) aplicado pelo novo ministro não funcionou: a estabilização 
pretendida fatalmente comprometeria os planos do governo 
e retardaria a construção de Brasília. Por isso, em junho de 
1959 Juscelino Kubitschek rompeu ruidosamente com o FMI. 
Multidões formaram-se diante do Palácio do Catete para apoiar 
a decisão do presidente.
O impasse encontraria solução em fevereiro de 1960, quando, 
em visita ao Brasil, o presidente americano, Dwight Eisenhower, 
perguntou a JK se haveria interesse em reatar, em novas bases, 
com o FMI. Assim foi feito, e em maio o FMI concedia um vultoso 
empréstimo ao Brasil.
Obs.: Em virtude do Rompimento com o FMI, Kubitschek 
iniciou uma reaproximação com o governo de Cuba.
Fidel em visita ao Brasil
A OPERAÇÃO PAN-AMERICANA
Planejada pelo escritor Augusto Frederico Schmidt, seu 
conselheiro, a Operação Pan-Americana (OPA) foi a grande 
tacada da política externa do presidente JK.
A ideia nasceu quando o vice-presidente americano Richard 
Nixon, em visita a países da América Latina, em 1958, foi recebido 
em toda parte com ruidosos protestos contra a política de seu 
país para o continente.
Instigado por Schmidt, Juscelino escreveu uma carta ao 
presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, na qual, 
depois de lamentar aqueles incidentes, propôs que se buscasse um 
novo relacionamento entre os países das Américas, sob a forma 
de um programa multilateral de desenvolvimento econômico que 
constituiria, também, uma estratégia de defesa do continente.
Eisenhower foi receptivo e conversações se puseram emmarcha. A Operação Pan-Americana empacou, no entanto, pois 
a opção da Revolução Cubana pelo socialismo, no início dos anos 
1960, veio transformar o combate ao comunismo na política 
prioritária dos Estados Unidos para a América Latina.
Já no governo John Fitzgerald Kennedy, numa iniciativa 
unilateral, Washington pôs de pé a sua própria operação pan-
americana, que se chamou Aliança para o Progresso. Com seu 
caráter basicamente assistencialista, não teria vida longa.
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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
Sem ter ido adiante, a OPA de Juscelino Kubitschek deixou 
pelo menos um fruto: o atuante Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID), criado em dezembro de 1959.
Consequências Do Modelo Desenvolvimentista
Mesmo que o país tenha progredido na ampliação de sua 
infraestrutura e o projeto de avanço na industrialização tenha 
sido bem-sucedido, também surgiriam problemas sociais 
decorrentes das medidas econômicas implantadas durante 
o governo JK. A longo prazo, a instalação de multinacionais 
e o aumento de ofertas de emprego acabou por gerar uma 
migração interna que, por sua vez, ocasionou um inchaço 
urbano desordenado em algumas regiões do Brasil. Ou seja, o 
crescimento não planejado das cidades fez com que a demanda 
por serviços públicos crescesse exponencialmente e saísse do 
controle das autoridades públicas. Com isso, as pessoas que 
saíram do campo em busca de um emprego melhor nas indústrias 
tiveram de se deparar com uma situação subumana nos grandes 
meios urbanos. E nos meios rurais também haveria uma crise, 
pois não houve investimentos do governo nessas regiões. A 
ausência de uma reforma agrária e o crescente êxodo rural 
tornaram a situação ainda mais complexa, provocando tensões 
que dariam origem aos movimentos reivindicatórios das Ligas 
Camponesas.
O crescimento da inflação e o aumento da dívida 
externa também foram algumas das heranças nefastas do 
desenvolvimentismo e da consequente subordinação do capital 
nacional ao estrangeiro. A partir daquela época, os preços dos 
bens de consumo começaram a subir sem a contrapartida de um 
reajuste dos valores dos salários dos trabalhadores.
O Significado Político Da Construção De Brasília
A construção da futura capital do Brasil se tornou uma das 
metas mais representativas do governo JK, simbolizando uma 
utopia nacionalista de modernização e integração do território 
brasileiro, de acordo com o ideário do desenvolvimentismo. 
Tinha-se como objetivo fazer coincidir o centro político-decisório 
do país com o seu centro geográfico, representado pelo Planalto 
Central. Ao transferir a capital federal do país da cidade do Rio 
de Janeiro para a região central do país, até então praticamente 
isolada do restante do território nacional, Kubitschek criou 
um projeto que pretendia representar a diminuição do atraso 
e das disparidades regionais do Brasil. Arquitetada por Oscar 
Niemeyer e Lúcio Costa, Brasília foi oficialmente inaugurada em 
21 de abril de 1960, o que também não deixa de ser simbólico, 
visto que essa é a data da morte de Tiradentes. Para os ideólogos 
do governo JK, a interiorização da capital federal era o alcance de 
uma meta-síntese por parte da nação, pois ela seria uma imagem 
monumental do desenvolvimento e da autonomia conquistados 
pelo país. Contudo, apesar de ter estimulado o povoamento da 
região Centro-Oeste e a construção de rodovias importantes 
que a ligassem a outras regiões do país, não se pode esquecer 
que ela contribuiu para o aumento dos gastos públicos e, por 
conseguinte, para o endividamento do Estado.
GOVERNO DE JÂNIO QUADROS (1961)
Eleição presidêncial de 1960
Henrique Teixeira Lott
(PSD) aliado ao 
PTB e ao PST, PRT e PSB 
Nasceu no atual município de Antônio Carlos - MG em 1894, começou seus
estudos em 1905 no Colégio Militar - RJ. Em 1944, foi promovido a general-de-
brigada, com o suicídio de Vargas foi nomeado por Café Filho Ministro da
Guerra, cargo que ocupou de 1954 a 1960, e foi a liderança militar que comandou
o Movimento de 11 de novembro, que assegurou a posse de Juscelino Kubitschek.
48,27%
5.630.000
32,93% 19
,56%
Jânio Quadros
(PTN) aliado a UDN e ao
PDC, PL e PR
Adhemar de Barros
(PSP)
3.840.000 2.195.000
Jânio Quadros venceu as eleições presidenciais de outubro 
de 1960, tendo recebido 48% dos votos do eleitorado, contra 
32% dados a Henrique Teixeira Lott e 20% a Ademar de Barros. 
Tomou posse, juntamente com João Goulart, no dia 31 de janeiro 
de 1961. Após 15 anos de domínio do PSD, a oposição finalmente 
chegava ao poder, embora com uma bancada minoritária no 
interior do Congresso. Em pouco tempo, instalou-se o conflito 
entre o Executivo e o Legislativo, que levaria o país à grande crise 
de agosto de 1961, cujo ápice foi a renúncia de Quadros e o veto 
dos ministros militares à posse do vice-presidente Goulart.
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/
Campanha1960/A_campanha_presidencial_de_1960
Na eleição presidencial de 1960, a vitória coube a Jânio 
Quadros. Naquela época, as regras eleitorais estabeleciam 
chapas independentes para a candidatura a vice-presidente, 
por esse motivo, João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro 
(PTB) foi reeleito.
A gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi 
breve, durou sete meses e encerrou-se com a renúncia. Nesse curto 
período, Jânio Quadros praticou uma política econômica e uma 
política externa que desagradou profundamente os políticos que o 
apoiavam, setores das Forças Armadas e outros segmentos sociais.
A Política Antiinflacionária
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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
Jânio Quadros assumiu a Presidência em janeiro de 1961, e 
desde os primeiros momentos ele procurou colocar em prática as 
promessas feitas durante a campanha. No entanto, a crise herdada 
do governo anterior não era de fácil solução. Além da infl ação, a 
dívida externa chegava ao patamar de 3,8 bilhões de dólares.
De acordo com compromissos assumidos pelo governo 
Juscelino, o Brasil teria de pagar 2 bilhões de dólares da dívida 
externa durante o governo de Jânio, e só em 1961 deveriam ser 
saldados 600 milhões.
Jânio fez uma reforma cambial, desvalorizando a moeda 
em 100%, além de retirar subsídios do trigo, de combustíveis 
e outros produtos essenciais. A desvalorização da moeda 
facilitaria as exportações. Essas medidas tiveram o aval do FMI, o 
que resultou no reatamento das relações com o órgão fi nanceiro 
e um novo empréstimo de 2 bilhões de dólares.
A situação da economia interna não era muito confortável. 
A retirada dos subsídios gerou forte impacto sobre os preços de 
muitos produtos, afetando micro e pequenas empresas e elevando 
o custo de vida das camadas mais pobres da população. Em maio 
de 1961, a classe trabalhadora esperava um substancial aumento 
no salário mínimo, mas o governo frustrou essa expectativa.
Não demorou muito para que eclodissem manifestações 
contra ao governo, daquelas mesmas pessoas que foram às urnas 
e elegeram o candidato que parecia ser o substituto de Vargas 
em popularidade.
A Crise Política
O governo de Jânio Quadros perdeu sua base de apoio político e 
social a partir do momento em que adotou uma política econômica 
austera e uma política externa independente. Na área econômica, 
o governo se deparou com uma crise fi nanceira aguda causada por 
intensa infl ação, défi cit da balança comercial e crescimento da 
dívida externa. O governo adotou medidas drásticas, restringindo 
o crédito, congelando os salários e incentivando as exportações.
”Che” visita o Brasil
Mas foi na área da política externa que o presidente Jânio 
Quadros acirrou os ânimos da oposição ao seu governo. Jânio 
nomeou para o ministério das Relações Exteriores Afonso 
Arinos, que se encarregou de alterar radicalmente os rumos da 
política externa brasileira. O Brasil começou a se aproximar dos 
países socialistas. O governo brasileirorestabeleceu relações 
diplomáticas com a União Soviética (URSS).
Atitudes de menor importância também tiveram grande 
impacto, como as condecorações oferecidas pessoalmente por 
Jânio ao guerrilheiro revolucionário Ernesto “Che” Guevera 
(condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul) e ao cosmonauta 
soviético Yuri Gargarin, além da vinda ao Brasil do ditador 
cubano Fidel Castro.
Independência E Isolamento
De acordo com estudiosos do período, o presidente Jânio 
Quadros esperava que a política externa de seu governo se 
traduzisse na ampliação do mercado consumidor externo dos 
produtos brasileiros, por meio de acordos diplomáticos e comerciais.
Porém, a condução da política externa independente 
desagradou o governo norte-americano e, internamente, recebeu 
pesadas críticas do partido a que Jânio estava vinculado, a UDN, 
sofrendo também veemente oposição das elites conservadoras e 
dos militares.
Ao completar sete meses de mandato presidencial, o governo 
de Jânio Quadros fi cou isolado política e socialmente. Jânio 
Quadros renunciou em 25 de agosto de 1961.
Vale lembrar que 25 de Agosto é data do aniversário 
da morte de Getúlio
A renúncia seria parte de um golpe?
Carlos Lacerda (UDN) acusou Jânio de tramar um golpe com a 
sua renúncia. Segundo Lacerda, Jânio esperava que o Congresso 
Nacional e as Forças Armadas não concordassem com a renúncia, 
pois o vice-presidente era visto como um homem de esquerda. 
Jânio também esperava manifestações populares pela sua 
permanência no poder. Se tudo desse certo, Jânio estabeleceria 
condições para fi car na presidência: imporia um governo nos 
moldes do Estado Novo varguista. Nada disso aconteceu e Jânio 
acabou saindo do Brasil dizendo que “forças ocultas” o obrigaram 
a renunciar.
GOVERNO DE JOÃO GOULART (1961 – 1964)
De acordo com a Constituição de 1946, diante da renúncia do 
Presidente (independentemente do tempo de governo) caberia 
ao vice assumir a Presidência. No entanto, naquela ocasião o 
vice estava viajando pela China comunista, o que fez aumentar a 
desconfi ança das elites e das forças armadas sobre João Goulart.
Após a renúncia de Jânio Quadros, ocorrida em 25 de 
agosto de 1961, os três ministros militares manifestaram-se 
contra a posse de João Goulart devido a suas posições políticas, 
consideradas de esquerda. Imediatamente, o governador do Rio 
Grande do Sul, Leonel Briozola, apoiado pelo comandante do III 
Exército, José Machado Lopes, formou a Cadeia da Legalidade, 
dispondo-se a lutar pela posse do vice-presidente. Esta posição 
contou com o apoio de vários ofi ciais-generais que serviam em 
outros pontos do país. O impasse foi superado com a adoção 
provisória do sistema parlamentarista, com o qual João Goulart 
iniciou seu governo, em 7 de setembro de 1961.
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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
O Período Parlamentarista (1961 – 1963) 
Foi marcado pela elevação dos índices infl acionários e pela 
desvalorização progressiva do salário mínimo. Tivemos uma 
sequência de três Primeiros Ministros (Tancredo Neves, Brochado 
da Rocha e Hermes Lima). Lembre-se que a mesma emenda 
constitucional que implantou o parlamentarismo também previa 
uma consulta ao povo sobre a permanência do sistema em 1965. 
Porém, diante das difi culdades econômicas e dos agravantes 
problemas sociais, o Presidente João Goulart convenceu o 
Congresso Nacional a antecipar o plebiscito para 1963.
A cisão militar ocorrida durante esse episódio persistiu 
durante todo o governo de Jango. Setores nacionalistas das 
Forças Armadas, articulados ao movimento sindical e a setores 
da esquerda, apoiaram abertamente importantes iniciativas 
políticas de Goulart, tais como a defesa das “reformas de base” e 
a antecipação do plebiscito sobre o sistema de governo, previsto 
inicialmente para o início de 1965. Realizado em 6 de janeiro de 
1963, o plebiscito restaurou o presidencialismo. Os generais 
mais ligados a Goulart tornaram-se informalmente conhecidos 
como “generais do povo”.
No mesmo período, aumentou a politização de setores da 
baixa hierarquia das Forças Armadas – os praças (sargentos, 
cabos, soldados e marinheiros). Em 12 de setembro de 1963 
estourou em Brasília uma rebelião liderada por sargentos da 
Aeronáutica e da Marinha, revoltados contra a decisão do 
STF de não reconhecer a elegibilidade dos sargentos para o 
Legislativo (princípio vigente na Constituição de 1946). Embora 
o movimento tenha sido facilmente controlado, a posição de 
neutralidade adotada por Goulart levantou suspeitas e temores 
entre setores politicamente conservadores e grande parte da 
alta e média ofi cialidade militar. Crescia a preocupação com a 
possibilidade de um eventual golpe de Estado de orientação 
esquerdista, baseado nas praças, e com a quebra dos princípios 
de hierarquia e disciplina vigentes nas Forças Armadas.
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/
NaPresidenciaRepublica/Os_militares_e_o_governo_JG
O Retorno ao Presidencialismo
Em janeiro de 1963, Jango convocou um plebiscito para 
decidir sobre a manutenção ou não do sistema parlamentarista. 
O resultado foi que cerca de 80% dos eleitores votaram pelo 
restabelecimento do sistema presidencialista. A partir de então, 
Jango passou a governar o país com mais poderes constitucionais.
Porém, no breve período em que governou o país sob regime 
presidencialista, os confl itos políticos e as tensões sociais se 
tornaram graves, e as Forças Armadas interromperam seu 
mandato com o golpe militar de março de 1964.
Instabilidade Política
Jango não dispunha de base de apoio parlamentar no 
Congresso Nacional para aprovar com facilidade seus projetos 
políticos, econômicos e sociais. Por esse motivo, a estabilidade 
governamental foi comprometida. Como saída para resolver 
os frequentes impasses, Jango adotou uma estratégia típica 
do período populista: recorreu à permanente mobilização das 
classes populares, a fi m de obter apoio social ao seu governo.
Essa estratégia limitava ou impedia a adoção, por parte do 
governo, de medidas antipopulares. Além disso, era necessário 
atender as demandas dos grupos que apoiavam o presidente. 
Um episódio ilustrativo ocorreu quando o governo criou uma lei 
implantando o 13º salário. Na época, o Congresso não a aprovou. 
Então, líderes sindicais ligados a João Goulart mobilizaram os 
trabalhadores em uma greve e pressionaram os parlamentares a 
aprovarem a lei.
As Contradições Da Política
Ainda na fase parlamentarista do governo Jango, o Ministério 
do Planejamento e da Coordenação Econômica foi ocupado 
por Celso Furtado, que elaborou o chamado Plano Trienal de 
Desenvolvimento Econômico e Social. O objetivo do Plano 
Trienal era combater a infl ação a partir de uma política que 
demandava, entre outras coisas, a contenção salarial e o controle 
do défi cit público. 
O Plano Trienal
O plano foi elaborado em apenas três meses por uma equipe 
liderada por Celso Furtado. O objetivo do plano era retomar 
o crescimento do PIB  em 7% dos governos anteriores, depois 
do fracasso completo das políticas econômicas iniciais de 
João Goulart, e também pela primeira vez iniciar um plano de 
distribuição de renda.
Este plano partia do princípio da substituição das importações 
gradualmente, colocando a culpa da disparada dos preços nos 
desiquilíbrios estruturais da economia brasileira, ignorando o 
efeito do ágio cambial sobre os preços.
Para alcançar a performance sonhada de 7%, foram alocados 
3,5 trilhões de cruzeiros para investimentos, a preços de 1962, 
supondo que isto ocasionaria num aumento da renda per capita 
de US$323,00 em 1962, para US$ 363,00 até 1965. Era esperado 
também um crescimento surreal de 70% da indústria. Para tanto 
foram estabelecidas metas setoriais, de 4,3 milhões de toneladas 
de lingotes de aço até 1965, 190 mil automóveis e 270 mil 
caminhões e crescimento da capacidade instalada geradora de 
energia para 7.432.00 kW em 1965.
Os objetivos eram extremamentecontraditórios 
evidenciando o péssimo planejamento: aumento dos impostos 
e tarifas, ignorando o efeito sobre os investimentos privados, 
redução do desperdício público, mesmo assim, aumentando os 
salários, captação de dinheiro do mercado de capitais, mas não se 
criou nenhuma regra regulatória para tanto, e uma tentativa de 
conseguir recursos externos mesmo com a crescente hostilidade 
ao capital estrangeiro.
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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
O plano estava condenado ao fracasso antes mesmo da 
derrubada do governo Goulart, começando pela falha em atingir 
os 25% como meta inflacionária, e o crescimento de 0,6% do PIB 
em 1963. Em 1964, a inflação geral fechou em 91,8%.
Apesar do fracasso, deve-se levar em conta a situação em 
que o Plano Trienal foi formulado: o curto espaço de tempo, 
utilizando-se de informações e estatísticas não confiáveis, a 
falta de experiência brasileira até então com este tipo de plano 
e desconhecimento dos efeitos das políticas adotadas. O Plano 
Trienal, sob esse ponto de vista, foi importante para melhorar os 
esforços de planejamento do país.
O fracasso do Plano Trienal criou uma séria crise institucional. 
João Goulart, em uma atitude de desespero ao final do plano, 
passou a fazer uso de decretos-lei, tentando nacionalizar várias 
empresas privadas de petróleo, e desapropriando algumas áreas 
para fins de uma suposta reforma agrária, causando a ira das 
classes média e alta brasileiras, já desgastadas pela má condição 
econômica, o que estimulou a derrubada do governo.
Já em 1963, o governo abandonou o programa de austeridade 
econômica, concedendo reajustes salariais para o funcionalismo 
público e aumentando o salário mínimo acima da taxa pré-fixada.
Ao mesmo tempo, Jango tentava obter o apoio de setores 
da direita realizando sucessivas reformas ministeriais e 
oferecendo os cargos a pessoas com influência e respaldo junto 
ao empresariado nacional e os investidores estrangeiros. Mas 
a busca de apoio político junto às classes populares levou o 
governo a se aproximar do movimento sindical e dos setores que 
representavam as correntes e ideias nacional-reformistas.
João Goulart Desafia As Elites E As Forças Armadas
Ao longo do ano de 1963, o país foi palco de agitações 
sociais que polarizaram as correntes de pensamento de direita 
e esquerda em torno da condução da política governamental. 
Em 1964, a situação de instabilidade política se agravou, com 
o descontentamento do empresariado nacional e das classes 
dominantes. Por outro lado, os movimentos sindicais e populares 
pressionavam para que o governo implementasse reformas 
sociais e econômicas que os beneficiassem.
Comício na Central do Brasil
Atos públicos e manifestações de apoio e oposição ao governo 
eclodiram por todo o país. Em 13 de março, ocorreu o comício da 
estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janeiro, 
que reuniu 300 mil trabalhadores em apoio a Jango. Uma 
semana depois, as elites rurais, a burguesia industrial e setores 
conservadores da Igreja realizaram a “Marcha da Família com 
Deus e pela Liberdade”, considerado o ápice do movimento de 
oposição ao governo.
Marcha da Família
As Forças Armadas também foram influenciadas pela 
polarização ideológica vivenciada pela sociedade brasileira 
naquela conjuntura política, ocasionando rompimento da 
hierarquia, devido à revolta de setores subalternos. Os 
estudiosos do tema assinalam que a quebra de hierarquia dentro 
das Forças Armadas foi um dos principais fatores que levaram 
os militares apoiadores de Jango a se afastarem, facilitando o 
movimento golpista.
As Reformas De Base
As propostas para promoção de alterações nas estruturas 
políticas, econômicas e sociais começaram a ser discutidas no 
Brasil ainda no decorrer do governo de Juscelino Kubitcheck, em 
1958. Naquela ocasião, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) 
apresentou uma alternativa para garantir o desenvolvimento 
do país e a diminuição das desigualdades baseada na execução 
de reformas. Os debates não avançaram muito e só voltaram à 
discussão quando João Goulart assumiu a presidência deixada 
por Jânio Quadros, que renunciou, em setembro de 1961. 
As reformas de base se transformaram na bandeira do novo 
governo e seriam responsáveis pelas ocorrências do mandato 
do novo presidente.
Sob a denominação de “reformas de base” estavam reunidas 
iniciativas que visavam alterações bancárias, fiscais, urbanas, 
administrativas, agrárias e universitárias. Para completar, 
almejava-se oferecer o direito de voto para  analfabetos e às 
patentes subalternas das forças armadas. As medidas causariam 
uma participação maior do Estado em questões econômicas, 
regulando o investimento estrangeiro no país.
Entre as mudanças pretendidas pelo projeto de reforma 
apresentado, estava em primeiro lugar, liderando os debates 
sobre o processo, a reforma agrária. O objetivo era reduzir os 
combates por terras e possibilitar que milhares de trabalhadores 
tivessem acesso às terras.
As aspirações das reformas pretendidas coincidiam com 
os anseios da classe média brasileira, dos trabalhadores e dos 
empresários nacionalistas. Por esse motivo, grande parte do povo 
brasileiro aderiu ao movimento, o que desagradou os setores 
mais conservadores do Brasil. Enquanto isso, o povo pressionava 
o governo pela efetiva implantação das propostas.
As elites e os militares conservadores viam essas reformas do 
Jango como uma ameaça de “cubanização do Brasil”. Não custa 
nada lembrar que estamos em plena Guerra Fria e a Doutrina 
Truman pregava o combate ao comunismo.
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HISTÓRIA - MÓDULO - 3 - REPÚBLICA - 3.3 - POPULISTA
O GOLPE MILITAR
A Revolta dos Marinheiros
Cabo Anselmo
Nome com que ficou conhecido o episódio originado pela 
resistência dos marinheiros, reunidos na sede do Sindicato dos 
Metalúrgicos do Rio de Janeiro no dia 25 de março de 1964, à 
ordem de prisão emitida pelo ministro da Marinha, Sílvio Mota. 
Os marinheiros realizavam uma reunião comemorativa do 
segundo aniversário da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros 
Navais, entidade considerada ilegal.
Dois mil marinheiros e fuzileiros navais liderados pelo 
sergipano José Anselmo dos Santos, o “cabo” Anselmo, 
compareceram à sede do sindicato naquele dia, a despeito 
da proibição do ministro. O ato contou com a presença de 
representantes dos sindicalistas e líderes estudantis, e além do 
deputado Leonel Brizola e do marinheiro João Cândido, líder da 
Revolta dos Marinheiros de 1910.
Na abertura da solenidade, o cabo Anselmo afirmou a 
disposição da associação de lutar a favor das “reformas de 
base, que libertarão da miséria os explorados do campo e 
da cidade, dos navios e dos quartéis”. Durante o encontro, 
os marinheiros reivindicaram o reconhecimento de sua 
associação, a melhoria da alimentação a bordo dos navios e 
dos quartéis e a reformulação do regulamento disciplinar da 
Marinha. Finalmente, exigiram que nenhuma medida punitiva 
fosse tomada contra os que ali estavam.
O Ministro da Marinha Silvio Mota mandou punir os 
marinheiros, mas Jango resolveu negociar com os mesmos, lhes 
prometendo aumento salarial e o direito de voto. Tal fato levou os 
três ministros militares a dar o sinal para o golpe.
Em 31 de março de 1964, tropas militares lideradas 
pelos generais Carlos Luís Guedes e Olímpio Mourão Filho 
desencadeiam o movimento golpista. Em pouco tempo, vários 
comandantes militares aderiram ao movimento de deposição de 
Jango. Em 1º de abril, João Goulart praticamente abandonou a 
presidência, e no dia 2 se exilou no Uruguai.
O movimento conspirador que depôs Jango da Presidência da 
República reuniu os mais variados setores sociais, desde as elites 
industriais e agrárias (empresários e latifundiários), banqueiros, 
Igreja Católica e os próprios militares. Todos temiam que o Brasil 
caminhasse para um regime socialista. Além disso, o golpe militarnão encontrou grande resistência popular, apenas algumas 
manifestações que foram facilmente reprimidas.

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