Prévia do material em texto
SISTEMA RENAL URINÁRIO Profª Drª Adriana Aparecida Delloiagono de Paula Anatomia do Sistema Renal e Urinário Sistema Renal e Urinário • Formado por um conjunto de órgãos que filtram o sangue, produzem e excretam a urina. • Constituído por: um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária e pela uretra. Sistema Renal e Urinário • Os rins são os principais órgãos do sistema urinário que atuam extraindo do sangue os produtos residuais através de milhões de pequenos filtros, denominadas néfrons, que são a unidade funcional dos rins. • Dos néfrons, os resíduos recolhidos são enviados através dos ureteres para a bexiga que está ligada a um canal - a uretra - que se abre no exterior pelo meato urinário. Sistema Renal e Urinário • Cada rim contém aproximadamente 1 milhão de néfrons. • Um néfron é constituído por uma estrutura redonda e oca (cápsula de Bowman), que contém uma rede de vasos sanguíneos (o glomérulo). Estas duas estruturas configuram o que se denomina um corpúsculo renal. Rim • Os rins são indolores, duros, consistentes e de superfície regular. • A causa do aumento do tamanho dos rins pode ser hidronefrose (distensão lenta dos néfrons por acúmulo de urina), cistos e tumores. • Normalmente o rim esquerdo está 1,5 cm a 2 cm mais elevado que o direito, devido a posição anatômica do fígado. • Possui aproximadamente 1 milhão de néfrons, que são as unidades funcionais dos rins, onde é formada a urina. • O néfron é composto de um glomérulo e um túbulo, cuja rede capilar é o local inicial da filtração do sangue e o início da formação da urina. Rins e suas funções • Órgãos excretores: asseguram que substâncias em excesso ou que sejam nocivas sejam excretadas na urina, em quantidades adequadas. • Órgão regulador: mantêm constantes o volume e a composição de líquidos orgânicos, ao regular a excreção de solutos e água. • Órgãos endócrinos: sintetizam e secretam três hormônios: renina, eritropoietina e 1,25 diidroxicolecalciferol (vitamina D) Rim Secção longitudinal do rim Anatomia do Rim Néfron Funções do Rim • Excretar produtos da degradação do metabolismo (uréia e creatinina) e substancias químicas estranhas (ex: medicamentos) • Formar a urina • Regular o equilíbrio acido básico (pH sanguíneo) • Regular a pressão arterial (sistema renina angiotensina), além de secreção de substancias variáveis. • Regular os eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, magnésio, entre outros) • Regular a quantidade de água no organismo • Regular a produção de eritrócitos (secreção de eritropoetina que estimula a produção de hemácias). • Regular a produção de vitamina D. Formação da Urina Formação da Urina • Filtração – corresponde à passagem de pequenas moléculas, tais como água, glicose, aminoácidos, sais minerais, produtos azotados (ureia e ácido úrico) do glomérulo de Malpighi para a cápsula de Bowman. Formando-se o filtrado glomerular. • Reabsorção - regresso de algumas substâncias (água, glicose, aminoácidos e sais minerais) do tubo urinífero ao sangue. Alguns sais minerais, alguma água e todos os produtos que contém nitrogênio permanecem no filtrado. • Secreção – consiste na passagem de algumas substâncias tóxicas diretamente do sangue para o tubo urinífero, o que provoca um aumento da sua concentração. Formação da Urina • A formação da urina inicia-se no glomérulo, onde cerca de 20% do plasma que entra no rim através da artéria renal são filtrados. Após sua formação, o filtrado glomerular caminha pelos túbulos renais e sua composição e volume vão sendo modificados através da reabsorção e secreção tubular existentes ao longo do néfron. Formação da Urina • Inicialmente o sangue a ser depurado penetra no glomérulo com uma pressão elevada. Grande parte da fração líquida do sangue é filtrada através de pequenos poros situados nas paredes dos vasos sanguíneos do glomérulo e também pela camada interna da cápsula de Bowman. Formação da Urina • Os capilares renais permitem a passagem de molécula pequenas como as da água, uréia, sódio, cloreto e glicose. Porém, não permitem a passagem de partículas grandes como os eritrócitos e/ou a maioria das proteínas plasmáticas. • O líquido filtrado, depurado, penetra no espaço de Bowman (a zona que se encontra entre as camadas interna e externa da cápsula de Bowman) e passa pelo tubo que sai da cápsula de Bowman. Formação da Urina • Na primeira parte do tubo (tubo contornado proximal), absorvem-se a maior parte do sódio, água, glicose e outras substâncias filtradas, as quais, posteriormente, voltam a integrar o sangue. • Dos 180 litros/dia de filtrado glomerular, apenas cerca de 60 litros/dia saem dos túbulos proximais e passam à alças de Henle e eliminamos somente 1 a 2 litros/dia de urina Formação da Urina • O rim também utiliza o transporte ativo para eliminar algumas substâncias que por serem maiores não conseguem passar pelos poros do glomérulo. A parte seguinte do néfron é a Alça de Henle. À medida que o líquido passa através da alça vários eletrólitos são reabsorvidos. Na parte distal do túbulo o sódio é reabsorvido e o potássio excretado • O líquido proveniente de vários néfrons passa para o interior do chamado tubo coletor. Nos tubos coletores, o líquido pode seguir através do rim sob a forma de urina diluída, ou a água desta pode ser absorvida e devolvida ao sangue, fazendo com que a urina seja mais concentrada. Figura mostrando vascularização renal intensa Eliminação da Urina • Mediante os hormônios que influem na função renal, o organismo controla a concentração de urina segundo as suas necessidades de água. • A urina formada nos rins flui pelos ureteres para o interior da bexiga, mas não o faz passivamente como a água através de uma tubagem. Os ureteres são tubos musculares que conduzem cada pequena quantidade de urina mediante ondas de contração. • Na bexiga, cada ureter passa através de um esfíncter, uma estrutura muscular de forma circular que se abre para deixar passar a urina e depois vai-se estreitando até se fechar Bexiga • Órgão oco e elástico. • É um reservatório temporário da urina, podendo reter até 600 ml de urina. • Vazia, repousa na cavidade pélvica, atrás da sínfise púbica e quando cheia, distende-se acima da sínfise púbica. • Seu formato varia de acordo com a quantidade de urina depositada. Bexiga Uretra • Origina-se na bexiga e leva a urina para o exterior do corpo através do meato urinário. • Mulheres: a uretra tem aproximadamente 4 a 6,5 cm de comprimento e o meato urinário é localizado entre os pequenos lábios, abaixo do clitóris e acima do introito vaginal. • Homens: além de ser um canal urinário, é a passagem para as secreções dos órgãos reprodutivos, possui aproximadamente 20 cm de comprimento e o meato urinário é localizado na glande, parte distal do pênis. Eliminação da Urina • A urina vai-se acumulando na bexiga à medida que chega com regularidade por cada ureter. A bexiga, que se pode dilatar, aumenta gradualmente o seu tamanho para se adaptar ao aumento do volume de urina e, quando finalmente se enche, envia sinais nervosos ao cérebro que transmitem a necessidade de urinar. • Durante a micção, outro esfíncter, localizado entre a bexiga e a uretra (à saída da bexiga), abre-se, deixando fluir a urina. Simultaneamente, a parede da bexiga contrai-se, criando uma pressão que força a urina a sair pela uretra. A contração dos músculos da parede abdominal acrescenta uma pressão adicional. Os esfíncteres, através dos quais os ureteres entram na bexiga, permanecem fechados para impedir que a urina reflua para os ureteres. Micção • No adulto, quando o volume de urina excede 200 a 400 ml, os receptores de distensão da parede da bexiga transmitem impulsos à medula espinhal e através de vias sensitivas, chegam ao córtex cerebral levando à vontade consciente de urinar. • A micção é um reflexo que pode sercontrolado pela vontade, através do controle cerebral do esfíncter externo da uretra. • A uretra possui o esfíncter interno com controle involuntário e o externo com controle voluntário. Patologias Renais • As principais doenças são: - pielonefrite ( infecção renal) - glomerulonefrite (inflamação renal) - nefrolitíase (cálculo renal) - lesões renais causadas por DM e HAS - rins policísticos (cistos renais hereditários) PIELONEFRITE AGUDA • Invasão microbiana do parênquima e pelve renal levando a sintomatologia característica. GLOMERULONEFRITE • Complexo de doenças que causam patologias nos glomérulos. Nefrolitíase • Cálculos renais (pedras no rim) – correspondem a concentrações de cálcio nos rins, devido ao elevado nível deste sal mineral no sangue. A sua formação poder estar relacionada com o reduzido consumo de água. Rins Policísticos • A doença policística renal tem origem genética. É uma doença autossômica dominante, ou seja, se um dos seus pais tem rins policísticos, a sua chance de ter os genes defeituosos também é de 50%. Radiografia mostrando presença de cálculo renal Exame contrastado mostrando distensão vesical Insuficiência Renal • É a perda das funções dos rins, podendo ser aguda ou crônica. • Insuficiência Renal Aguda: Em alguns pacientes com doenças graves, os rins podem parar de funcionar de maneira rápida, porém temporária. Rápida porque a função renal é perdida em algumas horas e temporária porque os rins podem voltar a funcionar após algumas semanas. A esta situação os médicos chamam de insuficiência renal aguda. Insuficiência Renal • Insuficiência Renal Crônica: é a perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Por ser lenta e progressiva, esta perda resulta em processos adaptativos que, até um certo ponto, mantêm o paciente sem sintomas da doença. Até que tenha perdido cerca de 50% de sua função renal, os pacientes permanecem quase que sem sintomas. A partir daí podem aparecer sintomas e sinais que nem sempre incomodam muito o paciente. Deste ponto até que os rins estejam funcionando somente 10- 12% da função renal normal, pode-se tratar os pacientes com medicamentos e dieta. Quando a função renal se reduz abaixo destes valores, torna-se necessário o uso de outros métodos de tratamento da insuficiência renal: diálise ou transplante renal. • Insuficiência renal – os rins perdem a capacidade de filtrarem e eliminarem os produtos tóxicos. Pode ser causada por doenças como a hipertensão e a diabetes. • Hemodiálise – processo pelo qual se extrai o sangue do corpo do paciente e se faz circular pelo dialisador (rim artificial) de forma a ser filtrado. CISTITE • Infecção bacteriana aguda da bexiga • Flora semelhante de outras ITU • – enterobactérias • –Escherichia coli • –Proteus sp • –Enterobacter • –Klebsiella pneumoniae • –Pseudomonas aeruginosa • –Staphylococcus saprophyticus Alterações da Urina Volume anormal: • Num adulto, uma produção diária de urina superior a 2,5 l/dia é rara, a menos que o indivíduo beba líquidos em excesso ou sofra de alguma doença. • Pode haver uma produção anormalmente reduzida de urina - menos de 400ml/dia- em casos de desidratação grave ou de insuficiência renal aguda. • Esta situação pode também ocorrer quando os rins não recebem o seu abastecimento normal de sangue em virtude de situações como na insuficiência cardíaca, choque ou doença hepática em fase avançada. ALTERAÇÕES NA MICÇÃO Micção: função indolor, 5 a 6 vezes/dia, urina/24h 1200 a 1500 ml (varia ingestão de líquido, sudorese, temperatura externa, vômito ou diarreia) Problemas comuns associados à micção: polaciúria, urgência, disúria, incontinência, enurese, poliúria, oligúria e hematúria Polaciúria = urinar pouca quantidade muitas vezes ao dia. Urgência = vontade repentina e intensa de urinar, ou seja, de repente a pessoa sente uma vontade muito forte de urinar que necessita ir correndo ao banheiro. Disúria= sensação de dor ou ardor ao urinar Incontinência= perda involuntária da urina Enurese= hábito involuntário de urinar durante o sono, mais conhecido como "fazer xixi na cama" Poliúria= urinar em excesso (acima de 2,5 litros por dia) Oligúria= redução importante do volume urinário, com valores de 400 mililitros ao dia ou 30 mililitros por hora. Anúria = completa ausência de drenagem da urina Hematúria= presença de sangue na urina. Aspectos da Urina • Deve ser cristalina e translúcida. • Amarelo claro ou incolor: devido a ingestão excessiva de água, diabetes ou insuficiência renal. • Amarelo escuro ou castanho: devido a pouca ingesta de água ou estados oligúricos. Aspectos da Urina • Avermelhada: ingestão de alimentos ou medicamentos, presença de sangue ou hemoglobina. • Alaranjada: ingestão de alimentos ou medicamentos. • Escura: presença de sangue ou hemoglobina. • Turva: sem o aspecto límpido, ocorrendo quando há precipitação de cristais ou alguma infecção. Condições que causam alterações na eliminação urinária • 1- Condições pré-renais: desidratação, hemorragias, queimaduras e choque. • 2- Condições renais: agentes nefrotóxicos, doenças do glomérulo (glomerulonefrite), neoplasias renais, doenças sistêmicas (diabetes mellitus), doenças genéticas (rim policístico) ou infecções. • 3- Condições pós- renais: Obstrução ureteral, vesical ou uretral devido a cálculos, coágulos sanguíneos, tumores, hipertrofia prostática, bexiga neurogênica ou tumores pélvicos. Bexiga neurogênica • Refere-se à disfunção da bexiga urinária devido a doença do sistema nervoso central ou nervos periféricos envolvidos no controle da micção. • A bexiga neurogênica pode ser hipoativa (incapaz de se contrair, não esvaziando adequadamente) ou hiperativa (esvaziando por reflexos incontroláveis). • bexiga urinária: sistema nervoso central - micção Sintomas comuns de alterações urinárias • Urgência: necessidade súbita de urinar podendo ocorrer o esvaziamento involuntário da bexiga. • Urina residual: Volume de urina remanescente após a micção (100ml aproximadamente. • Polaciúria: micção várias vezes, em curto intervalo de tempo e em pequena quantidade. • Poliúria: micção com grande quantidade de urina acima de 1800 ml/dia. • Retenção: Incapacidade para esvaziar voluntariamente a bexiga. • Incontinência: Incapacidade de reter a urina, que é eliminada sem controle. Sintomas comuns de alterações urinárias • Piúria: urina de aspecto turvo, com sedimentos e pús. • Hesitação: Dificuldade para iniciar a micção. • Hematúria: Urina avermelhada com a presença de sangue. • Glicosúria: presença de glicose na urina • Proteinúria: presença de proteína na urina • Colúria: coloração escurecida da urina (concentração elevada) ANAMNESE • Quantidade de urina eliminada nas 24h • Características da urina (cor, odor, presença de sedimentos) • Queixas urinárias Exame Físico Sistema Renal Urinário INSPEÇÃO PALPAÇÃO PERCUSSÃO AUSCULTA EXAME FÍSICO RENAL URINÁRIO INSPEÇÃO: região supra-púbica, flancos posteriores EXAME FÍSICO PALPAÇÃO: região posterior no 12º EIC, bexiga EXAME FÍSICO Palpação-Rins: • Método de Devoto • Paciente em decúbito dorsal, relaxando musculatura. Colocar a mão contrária ao rim a ser examinado no ângulo lombocostal, exercendo pressão de trás para frente, outra mão sobre o abdome abaixo do rebordo costal. Pinçar o polo inferior do rim na descida inspiratória. Palpação-Bexiga • Após o paciente ter urinado • A 2cm da sínfise púbica – região firme e lisa PERCUSSÃO: sinal de Giordano e bexiga Sinal de GIORDANO: percussão dolorosa ao nível da região dorso abdominal, evidenciando irritação retroperitonial de origem renal. EXAME FÍSICO Percussão-Bexiga • A 5cm da sínfise púbica • Som timpânico • Som maciço quando seu conteúdo excede 150ml de urina. AUSCULTA: artérias renais, ilíacas e femorais Avalia-se a presença deruídos da artéria renal, que podem ser causados por estenoses ou aneurismas das artérias renais ou da aorta abdominal. EXAME FÍSICO