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ARTIGO DE DIREITO PENAL Direito Penal em Black Mirror entre a ficção e a culpabilidade

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Direito Penal em Black Mirror: entre a ficção e a culpabilidade 
Criminal Law in Black Mirror: between the fiction and the culpability 
 
Isabelli Cristine Barbosa1 
Nathália Sales Oliveira2 
 
Resumo 
O artigo retrata a convergência entre Direito e Arte na análise de um instituto do Direito 
Penal, a culpabilidade. A aproximação desses ramos far-se-á pela observância da série 
intitulada Black Mirror, criada por Charlie Brooklin em 2001. Enfoca-se no episódio “Hino 
Nacional” que, por meio de seu enredo, compara-se com o Direito Penal do Brasil. O 
discorrer do artigo foi realizado em torno do método hipotético-dedutivo, fazendo-se a 
abordagem qualitativa e realizando pesquisa exploratória e bibliográfica para que os objetivos 
de aproximação da arte no direito penal fosse alcançada. 
Palavras-chave: Direito Penal. Culpabilidade. Arte. Série. 
 
Abstract 
The article is about the convergence between Law and Art in the analysis of a criminal law 
institute, culpability. The approximation of these branches is made by observing the series 
entitled "Black Mirror", created by Charlie Brooklin in 2001. It focuses on the episode 
"National Flag" which, through its plot, is compared with the Law Of Brazil. The discussion 
of the article was carried out around the hypothetical-deductive method, making the 
qualitative approach and conducting exploratory and bibliographic research so that the 
objectives of approximation of art in criminal law were achieved. 
Keywords: Criminal Law. Culpability. Art. Series. 
 
Introdução 
 
O Direito, como ciência social aplicada, necessita estar em constante conexão com 
diferentes intersecções de conhecimentos, convergindo para a construção de uma análise 
jurídica que vai além do positivismo puro. Quando se trata de sociedade, a arte aflora as 
 
1 Graduando em Direito pela UEMS. E-mail: isabelli1824@hotmail.com 
2 Graduando em Direito pela UEMS. E-mail: nathaliasalesdl@gmail.com 
2 
 
emoções e é uma das maneiras mais próximas de retratar a realidade de um tempo histórico, 
de um acontecimento e, desta forma, do convívio social como um todo. Este ramo vai desde a 
literatura clássica, perpassando pela literatura infanto-juvenil, encontrando, por fim, na 
modernidade, a arte do cinema como um todo. 
 A importância de convergir Arte e Direito, como supracitado, tornar-se-ia uma 
ferramenta poderosa de entendimento de diversos fatores no ramo jurídico. Mas, não se trata 
de uma união muito explorada nos estudos por, muitas vezes, não ser reconhecida que 
componentes do universo da ficção estão estritamente ligados a aspectos jurídicos, políticos, 
sociais, educacionais, entre tantos outros. 
 O trabalho a seguir, porém, visa a análise do instituto da culpabilidade perante a 
observação de um episódio da série Black Mirror3, buscando examinar de maneira lúdica e 
com aproximação da realidade social um conceito de extrema importância para o Direito 
Penal e sua aplicabilidade como um todo. 
 
1. Importância da Arte para o Direito 
 “O direito e a poesia se levantaram juntos de um mesmo leito” (GRIMM, 1816, p. 
234). Esta frase de Jacob Grimm, linguista da gramática germânica de grande relevância, traz 
um grande confronto com o positivismo jurídico, pois une Arte e Direito como confrontadores 
do que Lenio Streck denominou exorcismo da realidade4, em sua obra Verdade e consenso: 
Constituição, Hermenêutica e Teorias Discursivas, de 2009. 
 Aproximar realidade e Direito se faz como peça fundamental na engrenagem de usar 
essa ciência como ela é: ciência social aplicada. Mesmo que essa afirmação se faça presente 
em discussões atuais, o pensamento é antigo. O romano Ulpiano (170-228 d.c) possui como 
famosa frase “Ubi homo ibis societas; ubi societas, ibi jus”, ou seja, “Onde está o homem, há 
sociedade; onde há sociedade, há o Direito”5. 
 A aproximação do Direito com a realidade do indivíduo, destarte, encontra-se em 
confronto com a acessibilidade do cidadão. Afirmar, por exemplo, que o cônjuge é o 
indivíduo a qual se liga matrimonialmente, ou que de acordo com o artigo 39, I do Código do 
Direito do Consumidor, a venda casada é proibida e que todos podem entrar com bebidas e 
 
3 Traduzido para a língua portuguesa: espelho negro. Tradução nossa. 
4 Conceito usado por Lenio Luiz Streck em Verdade e Consenso: Constituição, Hermenêutica e Teorias 
Discursivas, para retratar a defasagem causada pelo positivismo no tempo. 
5 Dicionário online de Português. Significado de Ubis Societas, ibi jus. 2020. Disponível em: 
https://www.dicio.com.br/ubi-societas-ibi-jus/. Acesso em: 20 jul.2020. 
3 
 
alimentos comprados em outro estabelecimento no cinema e, até mesmo que o de cujus é 
apenas o falecido, são barreiras demonstradas com a separação entre operadores do Direito e a 
acessibilidade social como um todo. “Trata-se de conhecer os direitos e deveres que 
asseguram a própria dignidade da pessoa humana e não um conjunto de regras, normas, 
pedidos e decisões formulados por “operadores-robôs” do direito” (SANTANA, online). 
 A arte como um todo, por sua vez, possui em seu enredo um poder único: ampliar as 
visões a sociedade, abrindo espaço para a diegese6 adentrar o solipsismo7. Ou seja, a doutrina 
da narratologia, capaz de unir a dimensão ficcional com a dimensão de quem aprecia a arte, 
dando lugar ao ideal de que, além do indivíduo, há exclusivamente suas experiências. Esta 
convergência se dá desde a leitura de um clássico literário, como o grande mistério da suposta 
traição de Capitolina a Bento Santiago em Dom Casmurro, de Machado de Assis, 
ultrapassando as barreiras da literatura infantil, como a observação do pacto social em 
Pinóquio, perpassando pelo cinema em Jogos Vorazes e o totalitarismo, até adentrar em séries 
como Black Mirror com reflexões que ultrapassam as questões morais, para as políticas e 
sociais como um todo. Desta maneira, poder-se-ia corroborar para a aproximação entre 
sociedade e Direito, para que essa ciência possa, de fato, ser socialmente aplicada, afinal, “O 
Direito também pode ser contado a partir da literatura. Assim, estaríamos não só humanizando 
o Direito como também mostrando que ele não precisa desempenhar sempre o papel de vilão 
da história” (STRECK, TRINDADE, 2012, p. 6). 
O mundo cinematográfico, portanto, quando observado como fonte da aproximação da 
realidade do indivíduo, bem como suas emoções até mesmo seus delitos, carrega consigo uma 
interdisciplinaridade que abre a visão da dogmática tradicional para a análise das necessidades 
sociais e suas transgressões. "Os filmes nos permitem ir além do entendimento conceitual e 
avaliar a possibilidade de satisfação concreta da Justiça, através do Direito" (OLIVEIRA, 
online). 
 
2. O desenvolvimento dos modelos narrativos no âmbito cinematográfico e os seus 
impactos sociais 
Em 28 de dezembro de 1895, a população parisiense pode desfrutar da sua primeira 
experiência pública cinematográfica, foi em solo francês que Auguste e Louis Lumière 
 
6 Presente na narratologia, refere-se ao mundo ficcional do cinema, da dramaturgia e dos estudos literários. 
7 Doutrina que defende a crença de uma experiência linear, ou seja, além de cada um, só existe sua própria 
experiência. 
4 
 
desenvolveram um novo instrumento denominado cinematógrafo, o qual gravava e projetava 
imagens. Foram expostos, nesta mostra, dez filmes de curta duração, dentre eles: A chegada 
do trem à estação de La Ciotat8 e a A saída dos operários da fábrica9. Seis meses depois da 
primeira exibição em Paris, em 8 de julho de 1896, é realizada a primeira sessão de filmes no 
Brasil, no Rio de Janeiro. 
Até então, o objetivo dos cineastas era registrar mecanicamente acontecimentos reais, 
sem o intuito de trazer uma narrativacompleta, apenas o desejo de ascender o fascínio 
popular pela nova técnica fotográfica (BRITO, 2006, p. 138). Através de uma câmara imóvel, 
era possível gravar o que estava sendo reproduzido diante da lente, como se fosse um "teatro 
filmado". Desse modo, neste momento, o cinema era utilizado somente para fins documentais 
e de registro. 
No entanto, foi a partir dessa nova era que o surgimento da linguagem cinematográfica 
e de uma narrativa específica ao meio pôde ser desenvolvida. Alice Guy--Blaché10 e Georges 
Méliès11 foram os pioneiros na arte de produzir e incorporar técnicas narrativas ao cinema. É 
nesse momento que inúmeros modelos narrativos passaram a fazer parte do mundo 
cinematográfico. 
Não se pode esquecer que o cinema foi fundamental na formação do imaginário 
coletivo do século XX. Vinculou-se à literatura, através dos novos mecanismos tecnológico 
da época, que encantaram e conquistaram uma significativa quantidade de espectadores, 
atingindo uma proporção inimaginável em comparação ao público da literatura elitista do 
século XX. Segundo Bazin (1985), o cinema foi um divisor de águas na dinamização e na 
distribuição da arte literária no século XX, de fato teria realizado o que nenhuma outra 
atividade artística conseguiria ao longo da história moderna. Foi o responsável pela 
restauração da popularidade da arte, haja vista que o triunfo do romance nos séculos XVIII e 
XIX ficou reduzido à classe burguesa, enquanto o cinema alcançaria todas as esferas sociais. 
 
8 "L'arrivée d'un train en gare de La Ciotat ", França, 1895, 1min.; PxB. Direção: Louis Lumière e Auguste 
Lumière. 
9 “Sortie des usines Lumière”, França, 1895, 1min.; PxB. Direção: Louis Lumière e Auguste Lumière. 
10 Alice Guy-Blaché (Saint-Mandé, 1 de julho de 1873 — Wayne, 24 de março de 1968) foi a precursora no 
cinema francês. É normalmente conhecida como a primeira cineasta e roteirista de filmes ficcionais. 
Biography.com (ed.). «Alice Guy-Blaché». A&E Television Networks. Consultado em 20 jul. 2020. 
11 Georges Méliès nasceu em 1861 e se tornou mais famosos mágicos ilusionistas da França. Juntamente dos 
irmãos Lumière, os quais acabavam de inventar o deram uma idéia ao mágico Méliès que viu no cinematógrafo 
uma boa maneira de mostrar sua arte. FARIA, Caroline. George Méliès. Disponível em: 
https://www.infoescola.com/biografias/george-melies/. Acesso em: 20 jul. 2020. 
5 
 
Assim, tem-se que o cinema nasceu destinado a um público iletrado, na necessidade de uma 
linguagem direcionada a todos, principalmente, para a camada mais popular da sociedade. 
A partir do momento em que as técnicas e os modelos narrativos se consolidam no 
mundo cinematográfico, tem-se o encontro dos elementos: prosa, som, cor e imagem. Essa 
montagem, atualmente, é reconhecida como parte integrante da linguagem cinematográfica 
(Enciclopédia do Intercom, 2010). Desse modo, as criações cinematográficas, como filmes, 
além de exporem uma nova técnica de projetar imagens em movimentos, passaram a ter o 
intuito de contar estórias, sejam elas fictícias ou assentadas na realidade da comunidade. 
Ainda no século XX, já com advento das salas de cinema e televisões, outro modelo 
narrativo, além dos filmes, passou a fazer parte do cotidiano social. Seria esse um novo 
formato de apresentar estórias ao público. Contada por capítulos distribuídos em temporadas 
com número pré-definido de episódios, as séries trouxeram inovações no meio artístico e 
cultural da época, uma vez que dispunham da possibilidade de duração ilimitada dos seus 
episódios, passando muitas vezes anos no ar, dependendo da audiência. 
Essa nova forma de cativar a atenção do público, por mostrar, muitas vezes, realidades 
distópicas, mas também situações recorrentes, passou a ter espaço principalmente nas 
televisões. Em 1946, Pinwright's Progress12 foi o primeiro seriado a estrear na TV. Formado 
por 13 episódios, o seriado narrava a história de J Pinwright, que administrava a loja 
Macgillygally's em meio aos obstáculos impostos pelos funcionários e inimigos. 
Em 1950, por exemplo, estreou a primeira série brasileira: Rancho Alegre13, um 
programa de humor com durabilidade de 4 anos, protagonizado por Abelardo Barbosa, o 
Chacrinha, grande símbolo humorístico brasileiro. Logo em seguida, em 1952, estreou o 
famoso Sítio do Pica Pau Amarelo14, um verdadeiro marco na história das séries brasileiras. 
Resultado do desenvolvimento cinematográfico narrativo ao longo da história, a 
cultura das séries é produto das mudanças e evoluções tecnológicas e constituem-se em uma 
nova forma de produção e consumo audiovisual. 
 
12 Série de comédia britânica criada, em 1946, pela emissora BBC One. LEWISOHN, Mark (2003). Radio Times 
Guide to TV Comedy. BBC Worldwide Ltd. Acesso em: 20 jul. 2020. 
13 Série de televisão brasileira, transmitido pela Rádio Tupi de São Paulo desde 1946. Dirigido por Cassiano 
Gabus Mendes e comandado por Mazzaropi. Portal Imprensa. Estreia “rancho alegre” com chacrinha no 
comando (tupi). Disponivel em: http://portalimprensa.com.br/tv60anos/anos50_56_ranchoalegre_texto.asp. 
Acesso: em 20 jul. 2020. 
14 Em 1974, o Sitio do Picapau Amarelo foi ao ar pela primeira vez. É uma série de 23 volumes de literatura 
fantástica, escrita pelo autor brasileiro Monteiro Lobato. FURQUIM, Fernanda. Séries Clássicas – O Sítio do 
Picapau Amarelo. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/temporadas/series-classicas-8211-o-sitio-do-
picapau-amarelo/. Acesso em: 20 jul. 2020. 
https://www.google.com/search?client=opera&hs=d2U&sxsrf=ALeKk01V8zNOZZNaMIkUcNTeu8WpkliUbg:1595950415518&q=BBC+One&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LUz9U3sDAwTUpTAjMN04zKDbQks5Ot9EvKgCi-oCg_vSgx1yovtaQ8vyh7ESu7k5Ozgn9e6g5WRgDjJMeLQAAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwjcheLMovDqAhXZKLkGHa0LDvcQmxMoATAWegQIFBAD
6 
 
Diante do seu crescimento e popularização, formou-se uma geração de espectadores 
em busca de entretenimento. Mas, para além da diversão, as séries passaram a criar dimensões 
e realidades muito parecidas com o cotidiano social. Assim, mostraram-se, durante o tempo, 
um aparato muito rico e ilustrativo ao se tratar de problemáticas sociais, sendo objeto de 
estudo, muitas vezes, de setores profissionais como a Psicologia, Ciências Sociais e, até 
mesmo, no Âmbito Jurídico. 
Com o surgimento da Netflix15, os espectadores puderam através de um clique assistir 
a sua série ou filme favorito, podendo parar e continuar a ver onde e quando quiserem. Desse 
modo, tanto o contexto tecnológico atual, com a afirmação da internet e a criação de 
plataformas que facilitam a circulação de filmes e séries, quanto a inserção de ambientes 
tangíveis similares a realidade social em forma de ficção, mostraram-se fatores fundamentais 
na disseminação e consumo desse novo modelo cinematográfico. 
 
3. A trajetória de Black Mirror e a sua importância para o Instituto da 
Culpabilidade 
Black Mirror é uma série de televisão britânica criada por Charlie Brooker16. A sua 
transmissão estreou em dezembro de 2011 na emissora Channel 4, no Reino Unido. 
Atualmente, conta com 5 temporadas, as quais foram produzidas e exibidas pela Netflix. 
Segundo Brooker “cada episódio tem um elenco diferente, um cenário diferente, até 
mesmo uma realidade diferente, mas todos se tratam da forma que vivemos agora — e da 
forma que podemos estar vivendo daqui a 10 minutos se formos desastrados"17. Da mesma 
forma, a Netflix descreve a sequência como uma série antológica de ficção científica, que 
trabalha com um espaço de tempo póstero, onde a essência humana e a tecnologia avançada 
estão em constante conflito. Assim, o autor busca provocar no espectador um compilado de 
sensações e utiliza da singularidade de cada episódio para atingir o seu objetivo. 
 
15 Plataforma provedoraglobal de filmes e séries de televisão. 
16 Charlie Brooker, nasceu na Inglaterra e ficou mundialmente conhecido por conta da série Black Mirror. É 
jornalista, produtor, apresentador, humorista e escritor. Saraiva. Conheça a história de Charlie Brooker, criador 
de Black Mirror. Disponível em: https://blog.saraiva.com.br/charlie-brooker-criador-de-black-mirror/. Acesso 
em: 20 jul. 2020. 
17 Charlie Brooker em entrevista fornecida ao canal britânico Channel 4, disponibilizada no site: 
http://www.channel4.com/info/press/programme-information/black-mirror. Texto original: “Over the last ten 
years, technology has transformed almost every aspect of our lives before we’ve had time to stop and question it. 
In every home; on every desk; in every palm – a plasma screen; a monitor; a Smartphone – a black mirror of our 
21st Century existence. Our grip on reality is shifting. We worship at the altars of Google and Apple. Facebook 
algorithms know us more intimately than our own parents. We have access to all the information in the world, 
but no brain space left to absorb anything longer than a 140-character tweet“. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Channel_4
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido
7 
 
Bruno Amile Bracco traz em seu compêndio de Criminologia, a seguinte reflexão 
acerca da série: “longe de ficção e longe do futuro, é apenas a humanidade, esta humanidade 
atual, ali retratada visceralmente”18. Assim, pelo fato de abordar uma sucessão de reflexões a 
respeito das problemáticas sociais contemporâneas, utilizando como plano de fundo um 
ambiente distópico, que Black Mirror consegue despertar no público uma sensação de 
proximidade e fascínio. 
Outro aspecto da atratividade da série em relação aos seus espectadores é a forma 
como se desenvolve a trama. André Pontarolli e Paulo Silas Taporosky Filho, em suas 
avaliações, apontam que histórias como Black Mirror prezam por um enredo chocante. Em 
suas palavras: 
 
Esse choque se dá principalmente pela constatação de que a ficção não caminha tão 
distante da realidade. Cada episódio, uma história. Cada história, uma exposição 
social crítica do mundo em que vivemos ou que estamos fadados a viver. Muito 
daquilo que é contado em Black Mirror se traduz num reflexo da própria sociedade. 
Quando não é uma denúncia daquilo que já vivemos, é um alerta sobre a linha de 
chegada constante no final do caminho que estamos trilhando19. 
 
 A partir das considerações abordadas, o motivo do fascínio das pessoas quanto a série 
torna-se evidente e o seu caráter ficcional passa a ser um espelho da vida cotidiana, isto é, o 
retrato de uma realidade possível. 
A fim de ilustrar o Instituto da Culpabilidade, dentro do Direito Penal, a série Black 
Mirror mostra-se um objeto de estudo lúdico, possibilitando a assimilação dos elementos da 
temática. Para tanto, faz-se necessária a análise de um dos episódios retratados na série. 
O episódio a ser analisado é o Hino Nacional (The National Anthem), comumente 
conhecido como “o porco”. Em suma, nesse episódio, um indivíduo anônimo sequestra a 
princesa Susana, com o intuito de ter a sua mercê o Primeiro Ministro, Michael Callow, do 
Reino Unido. Em um “beco sem saída”, o ministro se vê diante de duas opções, cumpre com o 
que foi exigido pelo sequestrador e salva a princesa ou desobedece e ocasiona a morte 
 
18 BRACCO, Bruno Amábile. Black Mirror: um compêndio de Criminologia. Disponível em: 
http://www.justificando.com/2017/03/13/black-mirror-um-compendio-de-
criminologia/#:~:text=A%20série%20britânica%20Black%20Mirror%20é%20um%20desses%20fenômenos%20
curiosos.&text=E%20–%20caso%20raro%20–%20é%20uma,mais%20cruas%20que%20nos%20rodeiam. 
Acesso em: 22 jul. 2020. 
19 Texto citado na obra: FILHO, Paulo Silas Taporosky. PONTAROLLI, André. Black mirror, Michel Foucault e 
o sistema penal “white bear”. Disponível em: http://www.salacriminal.com/home/black-mirror-michel-foucalt-e-
o-sistema-penal-white-bear. Acesso em: 22 jul. 2020. 
 
http://www.salacriminal.com/home/black-mirror-michel-foucalt-e-o-sistema-penal-white-bear
http://www.salacriminal.com/home/black-mirror-michel-foucalt-e-o-sistema-penal-white-bear
http://www.salacriminal.com/home/black-mirror-michel-foucalt-e-o-sistema-penal-white-bear
http://www.salacriminal.com/home/black-mirror-michel-foucalt-e-o-sistema-penal-white-bear
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daquela. O sequestrador, a fim de pressionar e não deixar brechas para a tomada de outra 
atitude senão aquela imposta, pública o vídeo da ameaça nas redes sociais revelando as 
condições para que o ato seja cumprido. Apesar das inúmeras tentativas de retirada do ar, o 
vídeo, cada vez mais, tomava proporções incontroláveis, até mesmo, sendo noticiado em 
canais televisivos. O ato imposto consistia na prática sexual completa do primeiro ministro 
com um porco, condicionando sua pratica à divulgação em tempo real até às 18 horas do 
mesmo dia, para que todo o Reino Unido pudesse ver. Sem escapatória, o ministro, coagido, 
realiza o ato grotesco em rede nacional, a fim de salvar a princesa. 
A peculiaridade do episódio, na verdade, é que durante a execução do ato a princesa já 
havia sido solta, questão de meia hora antes do horário previsto, em uma ponte extremamente 
movimentada. Impressionantemente, ninguém percebeu a sua soltura, já que a cidade estava 
mais focada no ato esdrúxulo do primeiro ministro do que na sobrevivência da princesa. 
Diante deste último ato, é possível entender que grande parte da repercussão da cena 
gira em torno da espetacularização pública da punição, que no caso, refere-se a conduta 
grotesca realizada pelo primeiro ministro. No entanto, além de ser um rico compêndio de 
Criminologia, Black Mirror apresenta relevância para o Direito Penal Brasileiro, uma vez que 
o episódio se desenvolve a partir da coação envolta do Ministro. Desse modo, a cena aborda 
questões muito pertinentes ao estudo da Culpabilidade, principalmente, no âmbito do seu 
afastamento, ao se tratar das hipóteses de coação. 
 
4. Do Instituto da Culpabilidade 
4.1. Conceito 
 De acordo com Luiz Regis Prado (1999, p. 47): “O pensamento jurídico moderno 
reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal radica na proteção de bens 
jurídicos – essenciais ao indivíduo e à comunidade.” Em relação aos referidos bens, a 
Constituição Federal de 1988 destaca que os principais valores protegidos pelo Direito Penal 
são: a propriedade, a liberdade e a vida. 
Assim, no momento em que um bem jurídico penalmente tutelado é lesionado, 
exterioriza-se no âmbito jurídico o chamado Direito Penal subjetivo, onde o Estado irá, 
através do seu direto de punir, reprimir o contraventor do tipo penal, na busca de recuperar o 
equilíbrio social. O jus puniendi20, no entanto, não pode ser exercido de forma arbitrária e 
 
20 Expressão advinda do latim que pode ser traduzida como direito de punir do Estado. 
9 
 
ilegal, devendo respeitar e submeter-se às limitações estabelecidas pelos postulados que 
compreendem o Direito Penal e a sua aplicação. 
A prática delituosa, por exemplo, depende da conduta do infrator, assim, para que o 
indivíduo seja devidamente penalizado, é imprescindível que ocorra o reconhecimento 
analítico do crime. Este reconhecimento, portanto, se dá pela análise dos elementos 
jurídicos que tornam a conduta praticada um fato punível. 
Desse modo, para que o crime seja considerado punível, o Direito Penal adotou a 
chamada teoria tripartite, em que a culpabilidade, objeto de análise deste trabalho, é o 
terceiro elemento do crime, sendo o primeiro a tipicidade e o segundo a ilicitude do fato. 
Com efeito, bem descreve o professor Bitencourt (2003, p. 14): 
 
(…) A culpabilidade, como fundamento da pena, refere-se ao fato de ser possível ou 
não a aplicação de uma pena ao autor de um fato típico e antijurídico,isto é, 
proibido pela lei penal. Para isso, exige-se a presença de uma série de requisitos – 
capacidade de culpabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade da conduta – 
que constituem os elementos positivos específicos do conceito dogmático de 
culpabilidade. A ausência de qualquer desses elementos é suficiente para impedir a 
aplicação de uma sanção penal. 
 
Da mesma forma, Rogério Greco (2014, p. 379) conceitua a culpabilidade como: “O 
juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo 
agente”. Assim, a culpabilidade, para ser aferida, deve preencher alguns requisitos. O agente, 
para ser culpável, segundo a teoria normativa pura, deve ser imputável, ter potencial 
consciência da ilicitude e ser-lhe possível agir, no caso concreto, de forma diversa. 
 Além disso, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina (2007, p.275) é 
importante destacar, que no instituto da culpabilidade: 
 
Quem é reprovado (censurado) é o agente, mas não qualquer agente, senão o agente 
do fato (ou seja: o agente de um fato formal e materialmente típico, antijurídico e 
punível). Com isso, fica claro o seguinte: o agente é o objeto da censura (da 
reprovação), mas só pode ser censurado pelo que fez, não pelo que é. 
 
Assim, tendo em vista que a culpabilidade representa a reprovação do homem por 
aquilo que ele fez, considerando-se a sua capacidade de autodeterminação, tem-se, ao 
comparar os fatos apresentados em Black Mirror, que a reprovação da conduta do primeiro 
ministro, de acordo com o direito penal brasileiro, enquadra-se no crime de zoofilia21, 
 
21 Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998 
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e 
dá outras providências. 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104091/Lei-no-9605-de-12-de-Fevereiro-de-1998#art-32
10 
 
destacado no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98. Ainda na mesma linha de 
raciocino, o agente do fato só pode ser reprovado, segundo Gomes e Molina (2007, p.275): 
“se podia se motivar de acordo com a norma e, ademais, se podia agir de modo diverso, 
consoante o Direito”22. Por isso, surge em torno da cena descrita, uma dúvida atrelada ao 
instituto da culpabilidade, se no momento do fato praticado o primeiro ministro poderia agir 
ou não de modo diverso daquele efetuado. 
Para que a dúvida seja elucidada, faz-se necessária a compreensão dos elementos que 
compreendem a culpabilidade, destacando-se a imputabilidade, o potencial consciência da 
ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Da mesma forma, será simultaneamente 
utilizada as diretrizes positivadas no art. 59, caput, do Código Penal, em relação a análise dos 
"graus de culpabilidade" do agente, o qual terá influência na aplicação correta da pena. 
Desse modo, estudar-se-á cada substrato da culpabilidade apontando, também e 
especialmente, as causas excludentes deste instituto, evidenciando as condutas delituosas 
presentes no episódio Hino Nacional da série Black Mirror. 
 
4.2. Dos Elementos da Culpabilidade 
4.2.1. Da Imputabilidade 
 Ao se tratar de culpabilidade, faz-se necessário o estudo das suas causas de exclusão, 
ou seja, a imputabilidade. No Direito Penal, “fala-se em imputabilidade (capacidade) ou 
inimputabilidade (incapacidade) para responder penalmente por uma ação delitiva praticada” 
(CUNHA, 2015, p. 277). Destarte, há casos em que o agente, seja por critérios biológicos, 
bastando portar anomalia psíquica; seja por critérios psicológicos, não necessariamente 
portador de anomalia psíquica, observando-se a capacidade de entendimento; ou, como 
adotado no Código Penal pela união dos dois fatores, o critério biopsicológico, que une o fato 
de portar condição mental que levará o agente a não ser inteiramente capaz de compreender a 
ilicitude do fato. 
 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, 
nativos ou exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins 
didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. 
 
 
 
11 
 
 Para o agente ser inimputável, portanto, conforme o artigo 26 do Código Penal, deverá 
“Por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento”. Neste caso, a consequência jurídica será a 
absolvição imprópria, ou seja, o juiz irá absolver o réu, aplicando-o uma medida de 
segurança, conforme disposto no artigo 386, VI do Código Processual Penal brasileiro. 
 No que tange ao primeiro-ministro e sua atuação no ato de cometer o crime, pode-se 
pensar, em um primeiro instante, que estaria sendo inimputável do crime. Todavia, este 
conceito estaria sendo aplicado de maneira errônea ao acontecimento. Afinal, para classificar 
segundo este elemento da culpabilidade, a imputabilidade: 
 
Deve-se observar se o mesmo era portador de alguma doença mental ou se possuía o 
desenvolvimento mental incompleto ou retardo, e se ao tempo do fato, detinha 
incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento (NASCIMENTO, 2018). 
 
 No episódio Hino Nacional, portanto, não houve caso em que se aplica-se o critério 
biopsicológico do Código Penal brasileiro, sendo o protagonista Michael Callow, imputável 
no enredo em questão. 
 
4.2.2. Da Potencial Consciência da Ilicitude 
 O segundo elemento da culpabilidade, a potencial consciência da ilicitude, não está 
expressamente escrito no Código Penal quando se trata de seu conceito. Todavia, segundo 
Rogério Sanches Cunha, pode-se entender a potencial consciência da ilicitude como “a 
possibilidade que tem o agente imputável de compreender a reprovabilidade da sua conduta” 
(CUNHA, 2015, p. 286). Desta forma, define-se como o agente, ao praticar um ato não 
jurídico, ter a compreensão da ilicitude do mesmo, esta chamada de consciência profana do 
injusto. 
 Ao se tratar de potencial consciência da ilicitude, não se faz referência a uma profunda 
compreensão acerca das normas jurídicas, ou de ser um típico operador do Direito, mas ter 
uma base acerca da conduta reprovável. Afinal, para saber que roubar se trata de um crime, 
não é necessário saber que a previsão legal está no artigo 157 do Código Penal, pois se trata 
de um conhecimento que não requer formação formal na área. Da mesma maneira, não se faz 
indispensável o estudo do artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, lei n. 9.605/98, para se ter a 
compreensão de que a zoofilia, ou seja, a atividade sexual realizada com animais, é não 
12 
 
somente socialmente, mas legalmente inaceitável, como disposto no episódio Hino Nacional 
em Black Mirror. 
A potencial consciência da ilicitude possui como causa excludente o erro de proibição. 
O Código Penal Brasileiro, no artigo 21, retrata que: 
 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. 
 
Destarte, de acordo com o artigo 1 da LINDB, toda lei é publicada no Diário Oficial, 
tornando-se, desta maneira, conhecida por todos. Mas, há umalacuna que pode desaguar em 
erro de conhecimento acerca da lei que, neste caso, findaria em exclusão de culpabilidade. 
Neste caso, conforme o artigo do Código Penal supracitado, o erro poderia incidir sobre dois 
fatores: erro escusável, sendo impossível o agente ter consciência do fato ser lícito ou ilícito, 
erro de proibição e erro de tipo. O erro de tipo, diferente do erro de proibição visto 
anteriormente que recai sobre a ilicitude, recai sobre o fato. Com a finalidade de 
exemplificação, cita-se o contexto criado por Rogério Sanches Cunha, em sua obra “Manual 
de Direito Penal” em que o personagem João, ao ver uma criança se afogar, confunde-a com 
um animal, ignorando o fato. Desta maneira, devido ao seu equívoco, a ação de João pode ser 
caracterizada como erro de tipo, por equivocar-se das circunstâncias reais do fato. Antônio, 
por sua vez, na mesma situação, não ajuda a criança por não ter relação com a mesma, 
recaindo sobre erro de proibição, afinal, por não haver obrigação de parentesco, considera-se 
ação tolerada pela lei. 
 O episódio Hino Nacional, em Black Mirror, no que tange ao segundo elemento da 
culpabilidade, não se enquadra na questão. Afinal, o primeiro-ministro de um país, além de 
esperar-se que seja detentor de conhecimento mínimo das leis de seu país, estava apoiado por 
diversos profissionais que o alertaram sobre todas as consequências que seus atos trariam para 
a nação como um todo. Sendo assim, o enredo se dá envolto de uma série de informações 
cercada por três eixos, “o lado dos civis que acompanham a história pelos meios de 
comunicação, o lado do primeiro ministro e seus companheiros que tentam driblar a situação 
"criminosa" e o lado da mídia que faz a ponte informativa entre o governo e o espectador” 
(MATTOS, 2018). 
 
 
13 
 
4.2.3. Da Exigibilidade de Conduta Diversa 
 A exigibilidade de conduta exige que, além do autor ser imputável e ter potencial 
consciência da ilicitude, é necessário, no momento da ação ou da omissão, que o agente tenha 
a possibilidade de atuar de acordo com o ordenamento jurídico, embora tenha agido de forma 
diversa (CUNHA, 2015, p. 290). 
 Diante disso, a responsabilidade penal só recai sobre o agente do fato caso não esteja 
excluída, de alguma forma, a culpabilidade. Bem como explica Fernando de Almeida 
Pedroso: 
 
O cometimento de fato típico e antijurídico, por agente imputável que procedeu com 
dolo ou culpa, de nada vale em termos penais se dele não era exigível, nas 
circunstâncias em que atuou, comportamento diferente. Não se pode formular um 
juízo de censura ou reprovação, destarte, se do sujeito ativo era inviável requestar 
outra conduta23. 
 
Assim se, no tempo do fato, for inviável ter outra conduta senão a ilícita, não se pode 
emitir um juízo de censura ou reprovação. Entretanto, para se chegar nessa condição, deve-se 
analisar os requisitos da imputação da culpabilidade presentes no art. 22 do Código Penal: "Se 
o ato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente 
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem". 
A coação, a que se refere o dispositivo, é a coação moral irresistível, a qual pode ser 
traduzida como a ameaça ou promessa de realizar um mal. No entanto, dentro do Instituto da 
Culpabilidade, a coação pode ser física de caráter irresistível ou moral de caráter irresistível 
ou resistível. 
Como bem explica Cleber Masson (2016, p. 421): 
 
A coação de natureza física e irresistível afasta a conduta do coagido, e, 
consequentemente, o fato típico, por ausência de vontade, um dos elementos 
inerentes ao dolo e à culpa. Já a coação moral irresistível exclui a culpabilidade do 
coagido, em face da inexigibilidade de conduta diversa (art. 22, 1ª parte, do CP). 
Mas, se tais coações forem resistíveis, haverá concurso de pessoas entre coator e 
coagido. Aquele terá a pena agravada (art. 62, II, do CP); já em relação a este, a 
reprimenda será atenuada. 
 
A título de exemplo, o enredo lúdico do episódio Hino Nacional, apresentado pela 
série Black Mirror, traz para o instituto da culpabilidade uma porção de fatores ilustrativos, 
tal como a existência de um fato típico ilícito, ao tratar da zoofilia, e os seus elementos, 
destacando-se a imputabilidade da conduta, a capacidade de consciência da ilicitude e a 
 
23 PEDROSO, Fernando de Almeida. Direito Penal-Parte Geral. São Paulo: Editora Método, 2008. p. 569. 
14 
 
exigibilidade de conduta diversa. Diante deste último componente foi possível observar que se 
desenvolveu, ao longo do episódio, a execução de um ato ilícito, em que o agente do fato 
infringiu o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98 ao realizar a prática da zoofilia. 
No entanto, tal conduta só foi efetuada, pois no momento do ato o infrator estava diante de 
uma ameaça moral volvida por um segundo indivíduo. 
Na verdade, aqui, tem-se a configuração de um crime realizado sob o âmbito da 
coação moral, em que o coator impõe ao coagido a prática de um determinado ato ilícito. 
Assim se, o fato típico e ilícito apresentado for proveniente de uma coação moral irresistível 
ter-se-á a exclusão da culpabilidade conforme o art. 62, inc. II, do CP, pois o agente não 
poderia ter se comportado de outro modo senão aquele. Agora, se o fato típico e ilícito for 
considerado proveniente de uma coação moral resistível, os dois personagens respondem pelo 
crime, o coator pela agravante do art. 62, II, do CP, e o coagido pela atenuante do art. 65, III, 
"c", do CP. 
A partir da análise do fato concreto, foi possível concluir que o primeiro ministro, a 
fim de garantir a sobrevivência da princesa, praticou de fato um delito. No entanto, para que 
ele fosse responsabilizado ou não pelo ato, foi necessário, em princípio, analisar os 
pressupostos da exigibilidade de conduta diversa, uma vez que teve a coação como condição 
da incidência da culpabilidade. 
Assim, da mesma forma, para que haja a configuração, em geral, de um ato em um 
fato típico e ilícito, deve-se analisar tanto os elementos da culpabilidade, quanto os 
pressupostos de incidência que a compõem, posto que, sem a exigibilidade de conduta 
diversa, não há culpabilidade e, sem culpabilidade, não há crime. 
 
5. Das Causas de Exclusão da Culpabilidade 
 Discorrido sobre os elementos da culpabilidade, percebe-se que cada um deles 
apresenta requisitos próprios no que concerne a aplicabilidade do instituto culpabilidade, bem 
como as suas causas legais de exclusão. Desse modo, tanto a imputabilidade, quanto a 
potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa possuem dirimentes 
que incidem no afastamento da aplicabilidade da culpabilidade. 
Na Imputabilidade, por exemplo, além da citada anomalia psíquica (art. 26, caput, 
CP), a culpabilidade é afastada nos casos de: menoridade (art. 27, CP) e embriaguez acidental 
(art. 28, § 1°, CP). Ademais “o indígena não é considerado inimputável, salvo se portador de 
anomalia psíquica, for menor de 18 anos ou apresentar embriaguez completa acidental” 
(CUNHA, 2015, p. 296). Logo, se o agente do fato típico e ilícito corresponder a um desses 
https://www.sinonimos.com.br/componente/
15 
 
fatores não responderá por crime em razão da ausência de imputabilidade, que exclui a 
culpabilidade. 
No caso da potencial consciência da ilicitude, a culpabilidade vai ser afastada somente 
se houver erro de proibição inevitável (art. 21, CP). Assim, conforme dispõe o Código Penal, 
“O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta 
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço”. 
Por último, no que diz respeito a exigibilidade de conduta diversa, caso o fato típico e 
ilícito tiver sido feito sob coação moral irresistível ou obediência hierárquica, a culpabilidade 
é excluídaapenas em relação ao coagido, enquanto o mandante assume a responsabilidade 
penal do ato. 
Por fim, é importante ressaltar que, tanto na imputabilidade, quanto na capacidade de 
consciência da ilicitude o rol de dirimentes é taxativo, isto é, estabelece uma lista determinada 
de hipótese que excluem a culpabilidade, não dando margem a interpretações extensivas. 
Enquanto na exigibilidade de conduta diversa, o rol é exemplificativo, de acordo com o 
entendimento do STJ, ou seja, admite causas supralegais além das referidas hipóteses. Assim, 
a ausência de qualquer um destes componentes implicará na inexistência da própria 
culpabilidade. 
 
Considerações Finais 
 
Através da análise de uma das cenas presentes no episódio Hino Nacional de Black 
Mirror, pudemos observar a grande relevância da arte para o estudo da dogmática penal 
brasileira. Diversos temas do direito penal, como a criminologia, vitimologia, penalogia, 
dentre outras áreas, tiveram grande destaque ao longo da narrativa. Porém, delimitamos 
apresentar apenas a perspectiva analítica do crime, em que a culpabilidade, sendo o terceiro 
elemento do crime, demonstrou grande correspondência à história narrada. 
 Em um primeiro momento, fez-se necessária a compreensão da importância da arte 
para o estudo do Direito, principalmente no âmbito penal, demonstrando o instante de sua 
intertextualidade, o desenvolvimento da sua forma de utilização e os seus impactos 
intelectuais e sociais no modo de agir e pensar das pessoas. Dentre os modelos artísticos 
descritos, ao longo do estudo, priorizamos o de caráter cinematográfico, uma vez que foi por 
meio das séries que foi desenvolvida a análise do instituto da culpabilidade. 
Ademais, apresentamos, também, o desenvolvimento dos modelos narrativos no 
âmbito cinematográfico e os seus impactos sociais. Primeiramente, foi evidenciada a sua 
16 
 
utilização como mera técnica de captação de imagens em movimentos, em seguida, 
demonstramos a sua evolução, a qual passou a ter, também, o intuito de contar estórias, sejam 
elas fictícias ou assentadas na realidade social. Por fim, mostramos o impacto do cinema na 
sociedade, já que este nasceu da necessidade de uma linguagem direcionada a todos, como 
uma forma de entretenimento e reflexão. 
Na segunda parte, passamos a explorar a dogmática penal brasileira, principalmente, 
no que tange ao conceito analítico de crime e os seus substratos. Em princípio, escolhemos a 
culpabilidade como elemento principal de análise do crime demostrando o seu conceito, os 
seus elementos e as suas hipóteses de admissão, bem como as de exclusão. 
Na terceira parte, por meio dos elementos da culpabilidade, mostramos a 
correspondência do episódio escolhido perante o ordenamento jurídico penal brasileiro. 
Diante disso, não só foi possível entender os elementos que constituem a culpabilidade, como 
também, demonstrar a aplicação do instituto e a sua finalidade, tendo em vista o caso concreto 
apresentado. 
Por fim, em relação aos seus elementos, fizeram parte da análise a Imputabilidade, a 
Potencial consciência sobre a ilicitude dos fatos e a Exigibilidade de conduta diversa, bem 
como as suas hipóteses de admissão e de exclusão. Dentre os itens citados, destacou-se o 
elemento da exigibilidade de conduta diversa, pois o episódio escolhido envolvia a coação 
como uma das premissas de admissão ou exclusão da culpabilidade. Assim, foi possível, 
através do estudo da exigibilidade de conduta diversa, apresentar alguma das condições de 
aplicabilidade do instituto da culpabilidade, demonstrando o que aconteceria, no âmbito 
jurídico, com o coagido nas hipótese de responsabilização penal em relação ao ato ilícito 
praticado. 
Por tudo isso, as análises e reflexões feitas em torno do direito e da arte, tiveram como 
finalidade o enriquecimento do conhecimento, tanto no âmbito de quem atua na área, quanto 
no meio social, a fim de proporcionar um maior entendimento das ciências jurídicas, ainda 
que por uma perspectiva mais lúdica como o cinema e os seus derivados. Ainda, através das 
prorrogativas apresentadas, diversas outras análises da série poderiam ser realizadas e 
baseadas no âmbito jurídico. No entanto, ao estabelecermos como ponto de partida a 
dogmática penal frente ao instituto da culpabilidade, abrimos margem para o estudo dos 
diferentes temas supracitados, desde que o principal objetivo, além da apresentação de novas 
técnicas de aprendizagem, seja sempre envolta da transmissão do conhecimento. 
 
 
17 
 
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