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08_Saneamento_I_Tratamento_Uso_Aguas

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SANEAMENTO I:
TRATAMENTO E USO DE
ÁGUAS
Caro(a) aluno(a),
A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em
proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que
conduzem ao conhecimento.
Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional
para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento
intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem
cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às
informações necessárias para o exercício de suas variadas funções.
Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo,
totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para
os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso.
Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente
da Universidade Candido Mendes (UCAM).
Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de
suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese
dos saberes.
Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o
equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!
Atenciosamente,
Setor Pedagógico
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3 
SUMÁRIO 
 
SANEAMENTO I: TRATAMENTO E USO DE ÁGUAS ...................................................................... 5 
RESÍDUOS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA E A ISO 24512: DESAFIO DO 
SANEAMENTO BRASILEIRO ................................................................................................................ 6 
RESÍDUOS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA NO BRASIL ........................................ 8 
ISO 24512:2007 ...................................................................................................................................... 10 
INDICADORES EXEMPLIFICADOS NA ISO 24512 PARA ANÁLISE DA GESTÃO DOS 
RESÍDUOS ......................................................................................................................................... 15 
APLICAÇÃO DOS INDICADORES PROPOSTOS PARA ANÁLISE DOS RESÍDUOS DE ETAS
 ............................................................................................................................................................ 15 
SANEAMENTO AMBIENTAL: ESTUDO, ANÁLISE E SOLUÇÕES ............................................. 21 
ESTUDO DE CASO ............................................................................................................................... 21 
SURTO DE HEPATITE NO HOLY CROSS COLLEGE ................................................................. 21 
ANÁLISE, IMPLICAÇÕES E RESULTADOS DO SANEAMENTO AMBIENTAL ......................... 23 
ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO ........................................................................................ 24 
ESTUDO DA LEI Nº 11.445/07 ............................................................................................................. 25 
CICLO HIDROLÓGICO ........................................................................................................................ 30 
ANALISE DO CICLO HIDROLÓGICO ............................................................................................... 31 
TEMOS AINDA AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E SUPERFICIAIS. ............................................ 33 
DO TRATAMENTO E VIGILANCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO 
HUMANO .................................................................................................................................................. 35 
UM POUCO DE HISTÓRIA .................................................................................................................. 35 
O USO DA PESQUISA-AÇÃO PARA A AVALIAÇÃO E O APRIMORAMENTO DE PRÁTICAS 
INTEGRADAS PARA A VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO 
HUMANO: POTENCIALIDADES E DESAFIOS ................................................................................ 42 
PERCURSO METODOLÓGICO ........................................................................................................... 44 
O CAMINHO PERCORRIDO: FASES DA PESQUISA-AÇÃO .......................................................... 46 
FASE EXPLORATÓRIA ................................................................................................................... 46 
FASE PRINCIPAL: O PLANEJAMENTO DA AÇÃO ..................................................................... 48 
FASE DE AÇÃO ................................................................................................................................ 50 
FASE DE AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 51 
DESAFIOS E POSSIBILIDADES ......................................................................................................... 53 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 4 
PRESENÇA DE MICRORGANISMOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA 
CONSUMO HUMANO ............................................................................................................................ 60 
DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DOS MICRORGANISMOS .................................................. 60 
REMOÇÃO DE PROTOZOÁRIOS ....................................................................................................... 69 
REMOÇÃO DE CIANOBACTÉRIAS E CIANOTOXINAS ................................................................ 72 
REMOÇÃO DE AGROTÓXICOS ......................................................................................................... 74 
REMOÇÃO DE GOSTO E ODOR ........................................................................................................ 81 
MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS ..................................................................................... 88 
TIPOS DE SISTEMAS DE CONTROLE NÃO CONVENCIONAIS ................................................... 92 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 95 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SANEAMENTO I: TRATAMENTO E USO DE ÁGUAS 
 
 
Ao começarmos a abordagem deste tema, buscamos o apoio de renomados 
pesquisadores, acerca do tema, quando da publicação do artigo que abre este módulo, como uma 
análise atualíssima (2013), da questão do saneamento e suas aplicabilidades, no que tange aos 
resíduos de estações de tratamento de água e sua ligação, desafios e projeções, com relação à 
ISO 24512, aplicadas à situação de saneamento, no Estado do Rio de Janeiro. 
Em sendo, com o advento da ISO 24512:2007 foram suscitadas discussões muito 
interessantes em relação ao funcionamento dos sistemas de abastecimento de água em âmbito 
mundial. No Brasil, a maioria das estações de tratamento de água é convencional de ciclo 
completo, gerando resíduos complexos e de difícil manejo e disposição. 
Nesse sentido, este trabalho1 teve como objetivo avaliar de forma crítica a problemática 
dos resíduos das estações de tratamento de água no Brasil, mediante o estudo da viabilidade de 
construção e uso de indicadores, tais como aqueles preconizados pela ISO 24512. A grande 
maioria das estações de tratamento de água analisadas, que refletemum quadro comum no 
Brasil, não dimensiona a quantidade de resíduos gerados, poucas avaliam suas características e 
destinam adequadamente esses resíduos, o que dificulta e, em muitos casos, pode impossibilitar 
o uso de indicadores como ferramentas de gestão. Esse cenário remete ao desafio enfrentado na 
área de saneamento em relação à gestão dos resíduos em consonância com as normas 
internacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Publicado na revista de Engenharia Sanitária e Ambiental. Versão impressa ISSN 1413-4152. Eng. Sanit. 
Ambient. vol. 18 no. 2. Rio de Janeiro abr./jun. 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-41522013000200003. 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-41522013000200003&lng=en&nrm 
=iso&tlng=pt. Acesso em: 28 ago. 2013. 
 
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RESÍDUOS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA E A ISO 24512: 
DESAFIO DO SANEAMENTO BRASILEIRO 
Cali Laguna Achon2 
Marcelo Melo Barroso3 
 João Sérgio Cordeiro4 
 
INTRODUÇÃO 
O advento das normas ISO 24510:2007, 24511:2007 e 24512:2007 suscitam discussões 
muito interessantes em relação ao funcionamento dos sistemas de saneamento a nível mundial. A 
série ISO 24510, desenvolvida pela Comissão Técnica ISO TC224 e publicada em dezembro de 
2007, constitui o primeiro conjunto de normas de serviço publicadas pela International 
Organization for Standardization (ISO), que se caracteriza como sendo de aplicação voluntária, 
não se propondo a certificar. 
Essa nova série de normas internacionais contém recomendações sobre as atividades 
relativas à gestão dos serviços de abastecimento de água e esgoto; contemplando três normas: 
ISO 24510 – "Activities relating to drinking water and wastewater service: guidelines for the 
assessment and for the improvement of the service to users"; ISO 24511 (2007b) – "Activities 
relating to drinking water and wastewater services: guidelines for the management of 
wastewater utilities and for the assessment of wastewater services"; e ISO 24512 – "Activities 
relating to drinking water and wastewater services: guidelines for the management of drinking 
water utilities and for the assessment of drinking water services". 
A aplicação de tais normas tem grande importância na busca de melhoria de qualidade e 
sustentabilidade do setor de água e esgoto, caracterizando-se como ferramenta para o 
enquadramento na Lei 11.445/2007. Um dos aspectos fundamentais referentes ao aprimoramento 
da gestão de qualidade em sistemas de tratamento de água está intimamente ligado ao seu 
funcionamento, operação e características de geração e disposição final dos resíduos, que, na 
 
2 Engenheira Civil. Doutora em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos da 
Universidade de São Paulo (EESC/USP). Pós-Doutoranda do Departamento de Engenharia Civil da Universidade 
Federal de São Carlos (DECiv/UFSCar) – São Carlos (SP), Brasil. 
3 Engenheiro Civil.Mestre e Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela EESC/USP. Professor e 
Coordenador de Graduação do Curso de Engenharia de Inovação no Instituto Superior de Inovação e Tecnologia 
(ISITEC) – São Paulo (SP), Brasil. 
4 Engenheiro Civil. Mestre e Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela EESC/USP. Ex-Presidente da 
Associação Brasileira de Ensino de Engenharia (ABENGE). Professor do Departamento de Engenharia Civil da 
Universidade Federal de São Carlos (DECiv/UFSCar) – São Carlos (SP), Brasil. 
 
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maioria das vezes, infringe as Leis 9.605/98 (BRASIL, 1998) e 11.445/2007 (BRASIL, 2007), 
exigindo dos gestores novas posturas. Assim, os indicadores propostos pela ISO 24512 se tornam 
ferramentas decisivas na avaliação e gestão dos sistemas, visando à melhoria contínua de 
qualidade. 
No Brasil existem cerca de 7.500 estações de tratamento de água (ETAs) projetadas, em 
sua grande maioria, com ciclo completo, que inclui coagulação, floculação, decantação e 
filtração. Este sistema, como amplamente conhecido, gera resíduos, principalmente nos 
decantadores (lodo) e filtros, complexos em suas estruturas, pois possuem morfologia irregular, 
muitas vezes com características reológicas de fluido não newtoniano e ampla distribuição de 
tamanho de partículas (SLATTER, 1997; DENTEL, 1997), que são de difícil manejo e 
disposição. Há poucos estudos sobre o tema no Brasil e, consequentemente, as soluções para a 
adequada gestão deste resíduo raramente são adotadas em ETAs em funcionamento. Apesar de 
algumas iniciativas, a maioria das novas estações também negligencia a gestão do lodo. 
A maioria das ETAs lança seus resíduos em cursos d'água, contrariando a legislação 
vigente e provocando impactos ambientais. As operadoras responsáveis pelos sistemas de 
tratamento de água precisam estar cientes da sua responsabilidade ambiental, pois a matéria-
prima pode estar cada vez mais com a qualidade comprometida. Os novos projetos de ETAs 
devem estar plenamente adequados à legislação. Dessa forma, os cuidados ambientais devem ser 
mais amplos do que aqueles até hoje adotados e empreendidos pelos sistemas de tratamento. Para 
isso, existem alternativas legais para o licenciamento de ETAs sem a disposição adequada de 
lodo em alguns estados, desde que obedeçam aos prazos para a solução do problema definidos na 
legislação, dentro do princípio de metas progressivas. Além disso, para ETAs de pequeno porte, 
em muitas situações, o licenciamento é dispensado, caso os impactos ambientais sejam 
considerados não significantes. 
Este trabalho teve como objetivo geral avaliar de forma crítica a problemática dos 
resíduos de ETAs no Brasil, mediante o estudo da viabilidade de construção e uso de 
indicadores, tais como os preconizados pela ISO 24512. O objetivo específico foi verificar a 
potencialidade do uso de indicadores de maneira a permitir avaliar a qualidade da gestão de 
resíduos em ETAs. 
 
 
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RESÍDUOS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA NO BRASIL 
No processo de produção de água potável, considerado como uma das etapas da 
indústria da água, há geração de resíduos devido à presença de impurezas na água bruta e 
aplicação de produtos químicos. Esses resíduos apresentam características e propriedades 
diversas e geralmente desconhecidas, dificultando a solução do problema. 
Os principais resíduos gerados nas ETAs, que possuem tecnologia de ciclo completo, 
são o lodo de decantadores e a água de lavagem de filtros (ALAF). As principais perdas de água, 
neste tipo de sistema, ocorrem devido à necessidade de limpeza das unidades de tratamento para 
remoção de resíduos (lavagem de floculadores, decantadores e filtros) e vazamentos nas 
unidades e/ou tubulações. O lodo é definido como resíduo sólido, e, portanto, deve estar em 
consonância com os preceitos da Lei 12.305/2010 (artigo 3º, inciso XVI) (BRASIL, 2010) e da 
série de normas NBR 10.004/2004 (ABNT, 2004). 
No Brasil, a implantação de sistemas de tratamento de água está sujeita ao 
licenciamento ambiental, conforme a Resolução 237 de 19 de dezembro de 1997 do Conselho 
Nacional de Meio Ambiente (Conama) (BRASIL, 1997b). Esta é uma obra de utilidade pública 
causadora de impactos ambientais negativos, com o lançamento de resíduos provenientes dos 
decantadores e da ALAF em corpos d'água. A Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH 
(Lei 9.433/97) estabelece que, 
 
o lançamento de resíduos líquidos,sólidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de 
sua diluição, transporte ou disposição final em corpos d'água, além de outros usos que 
alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água, está sujeita à outorga do Poder 
Público (BRASIL, 1997a). 
 
O lançamento em corpos d'água dos resíduos gerados em ETAs, quando não aprovado 
por órgãos ambientais, pode ser considerado crime ambiental devido aos efeitos diretos causados 
ao ambiente aquático do corpo receptor, provocando danos à fauna aquática. Constitui-se crime 
ambiental, de acordo com o artigo 54 da Lei 9.605/98. 
Com os fundamentos da PNRH e baseado na Lei de Crimes Ambientais, são relevantes 
as questões do lançamento e da disposição final dos resíduos sólidos gerados em ETAs, na 
gestão ambiental integrada entre "água e solo". 
 
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Quanto às características, alguns trabalhos têm mostrado que a concentração de metais 
nos resíduos das ETAs pode ultrapassar limites impostos pelo padrão de emissão (CORDEIRO, 
1993; 2001; BARROSO & CORDEIRO, 2002). Isso pode influenciar a qualidade da água 
tratada e comprometer ainda mais as condições de lançamento do lodo em corpos d'água. 
Portanto, os gestores responsáveis por sistemas que lançam resíduos in natura nos corpos d'água 
devem iniciar ações que permitam avaliar a forma de geração e destino dos mesmos e definir 
estratégias para essa solução. 
A forma de remoção de lodo das ETAs pode ser considerada um dos principais 
problemas de gestão deste resíduo, pois influencia diretamente em sua quantidade e qualidade. 
No Brasil, a frequência de remoção de lodo nos decantadores de ETA convencional de 
ciclo completo pode ser realizada em intervalos de até seis meses, pode gerar acúmulo de lodo 
com elevada concentração de contaminantes orgânicos e inorgânicos e também pode dificultar a 
remoção e disposição final. Assim, em algumas ETAs, é necessária a utilização de água em alta 
pressão a fim de auxiliar a remoção do lodo e raspadores manuais (rodos de madeira), que 
implica no contato direto de funcionários com este resíduo (ACHON, 2008). 
Cornwell et al. (2000) realizaram um levantamento sobre as formas de disposição final 
de lodos das ETAs nos Estados Unidos. Tais pesquisadores verificaram que 25% das ETAs 
aplicam o lodo no solo, 24% lançam-no em sistemas públicos de esgotos, 20% dispõem-no em 
aterro, 13% em aterro exclusivo e 7% realizam outras formas de disposição final. Apenas 11% 
das ETAs lança o lodo nos corpos d'água. 
Segundo Simpson et al. (2002), no Reino Unido, apenas 2% das ETAs lançam o lodo 
nos corpos d'água e há uma predominância de disposição final em aterros sanitários (52%), 
seguida de 29% que lançam-no em sistemas públicos de esgoto, 9% têm novos métodos, 6% 
realizam tal processo em aterro exclusivo e 2% em lagoas. 
No Brasil, este quadro é bem diferente. Segundo Cordeiro (1993) e Morita et al. (2002), 
a maioria das ETAs do estado de São Paulo lança os lodos gerados nos decantadores em corpos 
d'água mais próximos sem tratamento prévio, causando problemas ambientais. 
No Estado de Minas Gerais foram coletadas informações de 175 municípios, mostrando 
que 87% das ETAs dos municípios mineiros avaliados lançam o lodo em corpos d'água sem 
tratamento, 6% não informaram, 3% possuem unidades de tratamento de resíduos (UTR), 2% 
 
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lançam na rede pluvial, 1% em ETE e 1% no solo (MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE 
MINAS GERAIS, 2009). 
No Estado de São Paulo, levantamentos preliminares realizados na Bacia PCJ 
(Piracicaba, Capivari e Jundiaí) indicaram que 56% (em termos populacionais) lançam o lodo de 
ETA em corpos d'água, 21% em aterro, 15% não disponibilizaram dados, 6% em ETEs e 1% em 
outros locais (PCJ, 2011). 
Tradicionalmente, no Brasil, a maior e mais importante preocupação, ainda que 
incipiente, tem sido em relação aos resíduos gerados em estações de tratamento de esgotos, que 
também deveria se refletir para os resíduos gerados em ETAs. Por outro lado, o desenvolvimento 
tecnológico do tema tem esbarrado em replicar tecnologias importadas, em pesquisas 
desarticuladas e soluções empíricas localizadas. Esse desenvolvimento muitas vezes é 
incentivado por mudanças e cobranças nos campos normativo e legal. 
Inúmeros direcionamentos foram elaborados quanto aos aspectos qualitativos, 
quantitativos e de técnicas para redução de água no resíduo. No entanto, correspondem, ainda, a 
ações desarticuladas entre os diversos institutos de pesquisas e, principalmente, com dificuldade 
quanto à transferência de tecnologia para empresas, municípios e estados. Salvo iniciativas como 
o Programa de Pesquisas em Saneamento Básico – Prosab (REALI, 1999; ANDREOLI, 2001) e, 
mais recentemente, em 2008, com a realização do Seminário Nacional sobre Tratamento, 
Disposição e Usos Benéficos de Lodos de ETAs, que concluiu: 
 
ainda hoje a maioria das ETAs lança diretamente seus lodos nos corpos d'água mais 
próximos; o setor de saneamento ambiental precisa ter uma visão mais abrangente do 
sistema de tratamento de água. Atualmente ela é horizontal [...]; há tendência 
internacional em se reduzir a quantidade de lodo produzido nas ETAs; o restante deve 
ser reciclado ou reusado e somente o que não puder ser aproveitado deve ser 
disposto (IE/SP, 2008). 
 
ISO 24512:2007 
A ISO é uma federação mundial integrada por organismos nacionais de normalização 
em cada país. Sua missão é promover o desenvolvimento de tal operação no mundo, com os 
objetivos de facilitar a troca internacional de mercadorias e serviços e desenvolver a cooperação 
nas esferas das atividades econômicas tecnológicas e científicas. 
 
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A discussão sobre esta nova série de normas ISO 24510 iniciou-se em setembro de 
2002, na França, após a criação do Comitê Técnico (TC 224) em 2001, onde se realizou a 
primeira plenária com participação de 33 países e algumas organizações internacionais, tais 
como: Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental 
(AIDIS); AfricanWaterAssociation (AfWA); ConsumersInternational (CI), European Union 
ofNationalAssociationsofWaterSuppliersandWasteWater 
Services (EUREAU); InternationalWaterAssociation (IWA);European Office ofCrafts, Trades 
andSmallandMedium- SizedEnterprises for Standardisation (NORMAPME);World Health 
Organization (WHO); e World Bank GroupArchives (WBGA) (ISO, 2007d). 
Os países da América que participam do comitê técnico 224 são: Argentina, Canadá, 
Cuba, Estados Unidos, México e Uruguai. A Colômbia e o Equador são apenas países 
observadores, e o Brasil não faz parte (ISO, 2007d). 
A nova série de normas ISO 24510, publicada em dezembro de 2007 em inglês e 
francês, pretendeu desenvolver padrões internacionais para a gestão de atividades e serviços 
relacionados com os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário. São normas de 
utilização voluntária e não se propõem a certificar. A tradução para o português foi iniciada em 
2011 e está sendo elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas/Comissão de 
Estudos Especiais de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário 
(ABNT/CEE 166). A série ISO 24510 (ISO, 2007a) é composta pelas normas: 
 ISO 24510 – "Activities relating to drinking water and wastewater services: guidelines 
for the assessment and for the improvement of the service to users"; 
 ISO 24511 – "Activities relating to drinking water and wastewater services: guidelines 
for the management of wastewater utilities and for theassessment of wastewater 
services"; 
 ISO 24512 – "Activities relating to drinking water and wastewater services: guidelines 
for the management of drinking water utilities and for the assessment of drinking water 
services". 
 
A norma ISO 24512 (ISO, 2007c) define seis objetivos principais do sistema de 
abastecimento de água, conforme descritos a seguir: 
 
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 proteção da saúde pública: referente à qualidade, potabilidade e suficiência do 
abastecimento de água; 
 satisfação das necessidades e expectativas dos usuários: contemplado na ISO 24510; 
 prestação de serviços em situações normais e de emergência: abastecimento contínuo, 
pressão adequada e confiabilidade; 
 sustentabilidade do prestador de serviços: capacidade de tratamento, de reservação, de 
transmissão e do sistema de distribuição, dos recursos hídricos, força de trabalho e 
estruturas tarifárias; 
 promoção do desenvolvimento sustentável na comunidade: gestão dos recursos hídricos 
(proteção dos mananciais), redução da geração de resíduos e uso sustentável dos 
insumos; 
 proteção do meio ambiente: perdas de água, energia e gestão de resíduos. 
 
A ISO 24512 preconiza o uso dos indicadores de desempenho (ALEGRE et al., 2006) 
como instrumento principal para auxiliar a gestão dos serviços de abastecimento de água, e 
exemplifica alguns para cada um dos seis objetivos citados. 
Os resíduos estão inseridos nos indicadores que objetivam a proteção do meio ambiente, 
sendo a reciclagem do lodo um dos exemplificados na ISO 24512, que indica a porcentagem 
daquele reciclado em relação ao total de lodo gerado durante o tratamento da água. 
Vieira et al. (2009) propuseram um sistema de indicadores de desempenho (PAS –
 Performance Assessment Systems) para avaliar as ETAs em Portugal, e confirmaram a 
aplicabilidade deste sistema em um estudo de caso em quatro ETAs, cujo período de estudo foi 
de 2001 a 2007. No entanto, segundo os autores, ainda é necessário reforçar a aplicabilidade de 
tal sistema em ETAs com diferentes tipologias e estabelecer valores de referência para as 
medidas de desempenhos global e operacional. 
 
METODOLOGIA 
A ISO 24512:2007 recomenda o uso de indicadores de desempenho entre os vários 
instrumentos de avaliação existentes. De acordo com a ISO 24512, eles devem ser utilizados no 
contexto de um sistema abrangente de avaliação, devendo ser adequados para representar os 
 
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aspectos relevantes do serviço. Os indicadores de desempenho são tipicamente expressos como 
relação entre variáveis, permitindo comparações ao longo do tempo ou entre sistemas. As 
variáveis podem ser dados gerados internamente ou externamente pelo sistema. Porém, a ISO 
24512 apenas exemplifica alguns, sendo que os demais indicadores devem ser criados pelo 
próprio sistema de abastecimento de água. 
No Quadro 1, apresentam-se os dois indicadores exemplificados na norma ISO 24512, 
referente aos resíduos de ETAs. De acordo com esta norma, esses indicadores avaliam a proteção 
ambiental dos sistemas, referente à gestão de resíduos. 
 
Além da aplicação dos dois indicadores exemplificados pela ISO 24512 e apresentados 
no Quadro 1, buscou-se propor e aplicar outros, definidos a partir da seguinte metodologia. 
Primeiramente, foram selecionadas cinco ETAs localizadas no Estado de São Paulo 
para fazer parte da pesquisa (A, B, C, D e E). As estações escolhidas possuem tecnologia de 
tratamento de ciclo completo e refletem um quadro atual e comum no Brasil. 
Foram estudadas legislação, normas e indicadores, por meio de levantamento 
bibliográfico. Em seguida, realizaram-se visitas preliminares às cinco ETAs selecionadas, a fim 
de analisar seu funcionamento in loco. 
Com o embasamento teórico proporcionado durante a fase inicial e as visitas 
preliminares, elaborou-se um formulário para diagnóstico e coleta de dados. Foram realizadas 
novas visitas para levantamento de dados, por meio de entrevistas com os gerentes e/ou 
responsáveis pela estação, consulta a arquivos digitais, relatórios e anotações manuais em 
planilhas de controle operacional e verificação operacional. 
Após esta fase, os dados foram analisados e sistematizados, o que convergiu para 
seleção de variáveis e elaboração de indicadores, relacionados aos resíduos de 
 
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decantadores(lodo) e filtros (ALAF). No Quadro 2 são apresentados os sete indicadores 
elaborados e propostos. 
 
Os dois indicadores exemplificados pela ISO 24512 (Quadro 1) e os sete propostos 
(Quadro 2) foram aplicados nas cinco ETAs analisadas. Esses nove indicadores podem ser 
utilizados para análise geral dos resíduos gerados em cada ETA e também extrapolados para 
análise comparativa de diferentes ETAs. 
A análise dos resultados e as discussões culminaram nas considerações finais 
apresentadas neste artigo. 
RESULTADOS 
Na Tabela 1 são apresentados os dados gerais das cinco ETAs analisadas. 
A seguir, serão mostradas as aplicações dos indicadores exemplificados pela Norma 
ISO 24512 e aqueles propostos, conforme descritos na metodologia (Quadro 1 e 2). 
 
 
 
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INDICADORES EXEMPLIFICADOS NA ISO 24512 PARA ANÁLISE DA GESTÃO DOS 
RESÍDUOS 
O indicador de porcentagem do lodo reutilizado ou reciclado após tratamento é 0% para 
as cinco ETAs. 
O indicador de porcentagem da ALAF reutilizada ou reciclada após tratamento para as 
ETAs A, B e E é 0%, para a C é 51,25% e para a D é maior que 0%. No entanto, o volume de 
água recuperada não é medido, o que impossibilita a aplicação correta deste indicador para a 
ETA D. 
 
APLICAÇÃO DOS INDICADORES PROPOSTOS PARA ANÁLISE DOS RESÍDUOS DE 
ETAS 
Na Tabela 2 podem ser vistos os resultados dos indicadores relacionados ao tipo de 
água utilizada na lavagem de decantadores e filtros para as cinco ETAs. 
 
Os indicadores apresentados na Tabela 2 mostram que apenas as ETAs C e D utilizam 
água decantada para lavar os decantadores e todas utilizam água tratada, após coagulação e 
desinfecção, para os filtros. Isso resulta em perdas não só de água, como de produtos químicos e 
energia elétrica intrínseca. 
A Tabela 3 demonstra os indicadores de volume anual de lodo gerado nos decantadores 
por volume de água tratada em L.m-³ e por área total dos decantadores em m³.m-², e aqueles de 
ALAF por volume de água tratada em L.m-³ e por área total dos filtros em m³.m-² para as cinco 
ETAs analisadas. 
 
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Conforme apresentado na Tabela 3, o indicador de volume de lodo em L.m-³ na ETA A 
é praticamente igual ao da C, aproximadamente 20 L.m-³. Essas duas estações possuem descarga 
de fundo, apesar do decantador da ETA C ser convencional com fundo plano (raspadores por 
sucção) e o da A, de alta taxa. 
O indicador de m³.m-² de área do decantador, apresentado na segunda coluna da Tabela 
3, para a ETA A é o dobro da C. Porém, este pode provocar equívocos na interpretação dos 
resultados, visto que, normalmente, o decantador de alta taxa requer menor área de implantação. 
Assim, o indicador de volume de lodo em m³.m-² não é o mais apropriado quando são analisados 
decantadores com diferentes tecnologias, porém serve para avaliação histórica comparativa da 
mesma ETAou entre decantadores de mesma concepção. 
O indicador de ALAF em L.m-³, apresentado na terceira coluna da Tabela 3, para a ETA 
C, é 26% da A. Porém, aquele apresentado na quarta coluna, em m³.m-², para a ETA C é 83% do 
A, ou seja, valores mais próximos, podendo representar um indicador mais adequado quando se 
compara o volume de ALAF em diferentes sistemas. 
Comparando os indicadores das primeira e terceira colunas da Tabela 3, para a ETA C o 
volume de resíduos gerados nos decantadores, em L.m-³, é 67% do gerado nos filtros, enquanto 
que, para a A, isto se inverte, o volume de lodo é 271% da ALAF. Desse modo, nem sempre o 
volume de resíduos gerados nos filtros pode ser a parcela mais representativa do volume total de 
resíduos gerados em estações convencionais de ciclo completo. 
 
 
Os indicadores de tratamento de lodo e ALAF para as cinco estações são apresentados 
na Tabela 4, os quais também representam, implicitamente, a porcentagem de resíduos que não é 
lançada in natura nos corpos d'água. 
 
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Os indicadores apresentados na Tabela 4 refletem a ausência de tratamento de lodo e 
não recuperação da ALAF, na grande maioria das ETAs analisadas. 
Os indicadores relacionados ao volume de água descartado durante as lavagens de 
decantadores e filtros e volume de água perdido anualmente na ETA, em relação ao volume de 
água tratada e a população abastecida, encontram-se na Tabela 5. 
A Tabela 5 apresenta dois tipos de indicadores de perdas de água, o primeiro expresso 
em porcentagem em relação ao volume de água aduzido e o outro referente à população 
abastecida pela ETA, o que pode representar indicadores de comparação. O indicador de perdas 
de água em m³.hab-1.ano-1, apresentado na terceira coluna daTabela 5, é maior que 5% em quatro 
sistemas e, para apenas um, é cerca de 2%. 
 
 
Este estudo não teve por objetivo selecionar indicadores, pois cada sistema pode adotar 
aqueles que se adaptem melhor à sua realidade. 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No Brasil, a problemática dos resíduos de ETAs deve ser analisada sob a ótica da 
legislação vigente, levando-se em conta aspectos relativos ao conhecimento mais profundo sobre 
as características físicas, químicas e biológicas; as condições operacionais dos sistemas de 
tratamento de água que geram esses resíduos; as condições e periodicidade de limpeza de filtros 
e decantadores; os impactos ambientais do lançamento in natura(solo ou águas superficiais); as 
alternativas de tratamento dos resíduos e a destinação ou disposição final das fases sólida e 
líquida após o tratamento (desaguamento). 
Avaliar e gerenciar as unidades de tratamento em uma ETA podem ser úteis também 
para minimizar a água utilizada na limpeza das unidades e, consequentemente, reduzir a geração 
de resíduos. Adotar sistemas mais eficientes, que busquem economia na água de lavagem dos 
decantadores e filtros, deve ser considerado no projeto e nos procedimentos operacionais de um 
sistema de tratamento de água. 
Deve-se analisar também o projeto dos decantadores, bem como o formato, as 
dimensões e a facilidade de remoção do lodo, que, na maioria das ETAs convencionais, não são 
viáveis. Os decantadores laminares (alta taxa), por exemplo, são lavados com mais frequência, 
porém consomem menos quantidade de água durante a lavagem. 
Neste trabalho, ao se propor a obtenção de indicadores que viabilizassem a gestão de 
resíduos de ETAs, explicitou-se a dificuldade em se obter dados e, consequentemente, 
indicadores das ETAs estudadas. Concorreu para isso a constatação de que a grande maioria das 
ETAs não mede a quantidade de resíduos gerados e muito menos avalia suas características. Tal 
fato mostra-se agravante se considerarmos que as ETAs em estudo possuem características de 
sistemas de médio porte e estão localizadas em municípios com boa estrutura, acima da média 
das cidades brasileiras. 
Assim, as dificuldades encontradas na obtenção dos indicadores de gestão de lodo 
reportadas neste trabalho podem refletir, em grande medida, os desafios que os gestores dos 
sistemas de tratamento de água terão ao buscar a conformidade das ETAs brasileiras, baseadas 
nas diretrizes preconizadas pela ISO 24512. 
Esse cenário remete aos desafios do século XXI na área de saneamento, particularmente 
nas ETAs, em relação à gestão de seus resíduos, de acordo com os preceitos das normas 
 
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internacionais. Esses resíduos precisam ser gerenciados com uma nova visão: sistêmica e 
ampliada. 
Quando se analisa o funcionamento das ETAs para abastecimento público no Brasil, 
principalmente quanto à forma de geração e disposição dos resíduos gerados nos decantadores e 
filtros, faz-se necessário uma discussão mais profunda para que a cultura de gestão de qualidade 
se torne uma prática nas ETAs. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
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SANEAMENTO AMBIENTAL: ESTUDO, ANÁLISE E SOLUÇÕES. 
 
Vamos iniciar o estudo do saneamento ambiental com um caso ocorrido nos EUA, 
contado por Vesilind e Morgan (2011) ilustrando a pesquisa, a identificação e solução de 
problemas ambientais que fazem parte do cotidiano do Engenheiro Ambiental. 
 
ESTUDO DE CASO 
SURTO DE HEPATITE NO HOLY CROSS COLLEGE 
Logo depois do jogo realizado em Dartmouth, em 1969, todos os integrantes do time de 
futebol americano do Holy Cross College ficaram doentes (Morse, 1972). Tiveram febre, 
náuseas e dores abdominais, além de apresentarem pele amarelada – sintomas característicos da 
hepatite infecciosa. Nos dias que se seguiram, quase 90 pessoas – entre jogadores, treinadores, 
técnicos e outras pessoas – que faziam parte do programa de futebol da instituição também 
adoeceram. O colégio cancelou o restante da temporada e tornou-se alvo de um mistério 
epidemiológico. Como explicar que um time inteiro tivesse contraído hepatite infecciosa? 
Sabe-se que a doença é transmitida basicamente de pessoa para pessoa. Embora 
epidemias possam ocorrer, isso quase sempre se deve à contaminação da água ou de frutos do 
mar. Há vários tipos de vírus da hepatite com drásticas consequências para o ser humano. O 
menos mortal é o da hepatite A que ocasiona mal-estar durante várias semanas, mas raramente 
deixa sequelas duradouras. As hepatites B e C, todavia, podem provocar graves problemas, em 
especial no fígado, e durar por anos. Na ocasião da epidemia no Holy Cross College, o vírus da 
hepatite ainda não havia sido isolado e muito pouco se sabia sobre sua etiologia ou suas 
consequências. 
Quando o colégio teve ciência da seriedade da epidemia, pediu e recebeu ajuda dos 
governos estadual e federal, que enviaram epidemiologistas até a cidade de Worcester. Em 
princípio, esses especialistas coletaram todo tipo de informação sobre os integrantes do time de 
futebol: com quem haviam estado e o que haviam comido e bebido. O objetivo era encontrar 
pistas que os levassem a descobrir como surgiu a epidemia, e obtiveram os seguintes dados: 
 uma vez que o período de incubação da hepatite é de cerca de 25 dias, a infecção deve ter 
ocorrido em algum momento antes do dia 29 de agosto; 
 
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 os jogadores que deixaram o time antes desse período não foram infectados; 
 jogadores da equipe principal que chegaram atrasados, depois do dia 29 de agosto, 
também não foram infectados; 
 jogadores do time de calouros que chegaram no dia 3 de setembro também não tiveram a 
doença; 
 tanto os jogadores do time de calouros como os do time principal usaram o mesmo 
refeitório, e, como nenhum calouro foi infectado, descartou-se a hipótese de que o 
refeitório fosse a causa da doença; 
 um dos técnicos que desenvolveu hepatite não havia usado o refeitório do colégio; 
 não havia nenhum indício de que os jogadores tivessem comido frutos do mar em algum 
restaurante, o que poderia dar uma dica sobre onde poderiam ter contraído o vírus; 
 os jogadores consumiram uma bebida preparada pelo colégio, cuja composição era 
açúcar, mel, gelo e água (a versão caseira do Gatorade). No entanto, como os 
funcionários da cozinha provaram da bebida antes e depois do jogo, e nenhum deles 
desenvolveu a doença, a possibilidade de a bebida ter sido a causadora da doença foi 
descartada. 
 
Como não encontravam respostas para o fato, os epidemiologistas se concentraram no 
fornecimento da água. O colégio recebe água da cidade de Worcester e uma tubulação 
subterrânea traz a água da Rua Dutton – que é sem saída – até o campo de treinamento de 
práticas esportivas, onde há um bebedouro que os jogadores utilizam durante os treinos. 
Amostras da água foram colhidas do bebedouro e não apresentaram nenhuma 
contaminação. 
A ausência de contaminação durante a amostragem não descartou, entretanto, a 
possibilidade de transmissão da doença através da tubulação, que cruzava o campo por meio de 
um medidor de água e várias caixas de sprinklers enterradas no solo, colocadas em todo o campo 
para regar o gramado. 
Duas outras informações foram cruciais. Soube-se que, em uma das casas na Rua 
Dutton, moravam crianças que haviam contraído hepatite. Durante o verão, elas brincavamcom 
água dos sprinklers, espirrando umas nas outras e formando poças no gramado. No entanto, 
 
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como a água dessas poças – caso as crianças a tivessem contaminado – teria ido parar na 
tubulação, já que os canos de água eram mantidos sempre sob pressão positiva? 
A última peça do quebra-cabeça se encaixou quando os epidemiologistas descobriram 
que havia ocorrido um grande incêndio em Worcester, durante a noite do dia 28 de agosto, que 
durou até a manhã do dia seguinte. A demanda de água para o incêndio foi tão grande que todas 
as casas da Rua Dutton ficaram sem água da rua, ou seja, os bombeiros bombearam a água em 
tal quantidade que a pressão no encanamento ficou negativa. 
Esses dados levaram à seguinte conclusão: as crianças esqueceram algumas das válvulas 
dos sprinklers abertas, o que certamente provocou a contaminação da água ao redor do sprinkler. 
Então, o vírus da hepatite entrou no encanamento da água potável. Na manhã seguinte, a pressão 
da água foi restabelecida no encanamento, e a água contaminada foi parar no final do ramal da 
tubulação, ou seja, no bebedouro do campo de futebol – todos os jogadores, treinadores, técnicos 
e quaisquer outras pessoas que beberam daquele bebedouro foram infectados com hepatite. 
Esse caso ilustra a clássica conexão cruzada, ou seja, o contato físico entre a água 
potável tratada e a contaminada e as consequências potencialmente graves dessas conexões. 
Um dos objetivos da engenharia ambiental é projetar sistemas para proteger a saúde 
pública. No caso de encanamentos, os engenheiros precisam projetar sistemas que evitem 
qualquer possibilidade de ligações cruzadas, embora, como o incidente de Holy Cross College 
demonstra, seja quase impossível prever todas as possibilidades. 
 
ANÁLISE, IMPLICAÇÕES E RESULTADOS DO SANEAMENTO AMBIENTAL 
Segundo OPAS (2007), saneamento básico é o conjunto de ações que se executam no 
âmbito do ecossistema humano para o melhoramento dos serviços de abastecimento de água, 
coleta de esgoto, o manejo dos resíduos sólidos, a higiene domiciliar e o uso industrial da água, 
em um contexto político, legal e institucional no que participam diversos atores do âmbito 
nacional, regional e local. O estudo ressalta que este conjunto de ações mantém uma inter-
relação permanente entre a gestão do saneamento básico e a saúde pública. 
Entende-se por saúde pública a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a 
saúde, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da população. 
 
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É importante que estas ações estejam integradas às ações de organização territorial, do 
meio ambiente e moradia. A articulação destes setores com a área da saúde é fundamental para o 
alcance do desenvolvimento sustentável (LIMA; LIMA; OKANO, 2010). 
O direito à água potável não se alcançará somente com enfoques econômicos, mas 
requer também uma forte convicção moral com respeito a três valores fundamentais: liberdade, 
equidade e solidariedade com os menos privilegiados (OPAS, 2007). 
 
ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO 
É inegável a compreensão de que a melhoria da gestão do saneamento básico 
proporciona melhoria para a saúde e é essencial para a redução da mortalidade infantil. A gestão 
adequada do saneamento básico melhora as condições de saúde da população em especial das 
crianças que vivem nas regiões mais pobres das cidades onde as moradias são mais precárias e as 
condições do local são insalubres, aumentando a exposição das crianças a inúmeras ameaças. 
Segundo dados dos Indicadores e Dados Básicos – Brasil – IDB (2008), a mortalidade atribuível 
a diarreias agudas em crianças menores de 5 anos foi de 3,9% (média nacional), sendo que a 
região nordeste foi a mais afetada com 6,5% e a região sul apresentou o menor índice com 1,5%. 
No Brasil, as doenças diarreicas e as parasitoses estão entre as principais causas de 
morbidade em menores de 5 anos. Existe uma relação entre a oferta dos serviços de saneamento 
básico, Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (engloba três dimensões: riqueza, educação e 
esperança média de vida e saúde). Locais com maior oferta de abastecimento de água potável e 
coleta de esgoto apresentam melhores níveis de IDH que são inversamente proporcionais à taxa 
de mortalidade infantil em menores de 5 anos. 
O impacto econômico decorrente das intervenções em saneamento básico pode 
representar redução dos casos de doença ou morte proporcionando economias em relação a 
necessidade de tratamento para o setor da saúde e também para os pacientes; valores 
relacionados às mortes evitadas e ao tempo economizado como também pela não necessidade de 
assistência médica de tempo de ausência em escola, trabalho, entre outros (LIMA; LIMA; 
OKANO, 2010). 
Vale destacar que os investimentos em saneamento têm um efeito direto na redução dos 
gastos públicos com serviços de saúde. Segundo Melo (2005), estudos da OMS – Organização 
 
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Mundial de Saúde mostram que R$ 1,00 (um real) aplicado em Saneamento gera R$ 2,50 (dois 
reais e cinquenta centavos) de economia em saúde. 
 
ESTUDO DA LEI Nº 11.445/07 
A Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, estabeleceu diretrizes nacionais para o 
saneamento básico, e determina que os municípios elaborem seus planos de saneamento dentro 
de uma visão integrada com a participação da sociedade. Estes planos devem abranger os 
serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, limpeza urbana e 
manejo dos resíduos sólidos, a serem realizados de formas adequadas atendendo a saúde pública 
e a proteção do meio ambiente sob os seguintes princípios: 
 Universalidade 
Esse princípio visa garantir que todos tenham acesso aos serviços de saneamento básico, 
dentro do menor prazo possível. 
 Integralidade das ações 
Deve-se contemplar o conjunto de serviços de saneamento básico, atendendo a 
população conforme suas necessidades e objetivando obter o máximo de eficácia das ações e 
resultados. 
 Equidade 
O princípio da equidade enseja que todos recebam os serviços com o mesmo nível de 
qualidade sem que haja qualquer restrição ou discriminação, exceto quando se priorizar o 
atendimento à população de menor renda. 
 Integração 
Integrar os diferentes setores afins da área de saneamento tais como: desenvolvimento 
urbano; a saúde pública; áreas ambientais e de recursos hídricos; entendida como indispensáveis 
para se atingir o pleno êxito das ações. 
 Participação e controle social 
Garantir a participação popular como requisito indispensável para tornar legítima a 
consolidação das políticas públicas de saneamento. 
 Promoção da Saúde Pública 
 
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Garantir que os serviços que integram o saneamento básico tenham qualidade e 
quantidade suficientes para a promoção da saúde pública e controle da poluição ambiental. 
 Promoção da Educação Sanitária e Ambiental 
Contemplar ações de educação sanitária e ambiental, de forma a disseminar 
comportamentos mais positivos quanto ao meio ambiente, e incorporar programas de 
comunicação social para atendimento ao cidadão. 
 Orientação pelas Bacias Hidrográficas 
Buscar a integração das infraestruturas e serviços de saneamento básico, com a gestão 
dos recursos hídricos pelas bacias hidrográficas do município. Esse princípio visa a melhoria da 
qualidade dos corpos d’água e a integraçãohomem, meio ambiente. 
 Sustentabilidade 
As tecnologias devem ser apropriadas a cada realidade do ponto de vista sociocultural e 
ambiental, de forma a se obter eficácia na utilização e operação das obras e serviços implantados 
e eficiência no processo de implementação com relação aos custos e ao cronograma físico e 
financeiro. 
 Proteção ambiental 
Garantir que os recursos hídricos terão capacidade de atender a demanda para o 
abastecimento de água da população, sem comprometer a manutenção dos ecossistemas locais. 
 Informação tecnológica 
Incorporar temas que apresentem viabilidade técnica e operacional, conciliando a gestão 
eficiente e economicamente viável. 
 Gestão pública 
Desenvolver gestão pública que contemple ações que envolvam a questão intersetorial e 
de entrelaçamento, bem como a adoção de políticas públicas específicas incluindo uma 
abordagem interdisciplinar. 
De acordo com a lei é de competência do titular a elaboração do Plano Municipal de 
Saneamento Básico – PMSB que poderá ser específico para cada serviço, desde que haja a 
consolidação e compatibilização dos planos específicos de cada serviço que deverão ainda ser 
compatíveis com o Plano de bacias hidrográficas em que estiverem inseridos. 
 
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O PMSB deve refletir as necessidades e os anseios da população, devendo, para tanto, 
resultar de um planejamento democrático e participativo para que atinja sua função social. O 
planejamento dos serviços integrantes do saneamento básico tem por finalidade a valorização, a 
proteção e a gestão integrada, assegurando a compatibilização com o desenvolvimento local e 
regional. 
Principais aspectos que devem ser englobados e/ou compatibilizados pelo PMSB: 
1) Com relação a preservação ambiental deve-se considerar: 
 preservação de nascentes; 
 preservação de cursos de água; 
 preservação de mananciais superficiais; 
 preservação de mananciais subterrâneos; 
 expansão sustentável das áreas urbanas; 
 plano de manejo integrado ecológico-econômico nas áreas de mananciais. 
 
2) Com relação a drenagem urbana e recuperação ambiental, deve-se considerar: 
 recuperação de cursos de água; 
 recuperação de áreas degradadas; 
 medidas de controle de enchentes; 
 identificação de famílias vivendo em áreas de risco socioambiental; 
 mitigação de riscos de inundação; 
 mitigação de riscos de deslizamento; 
 Mitigação de riscos de desabamento. 
 
3) Com relação à água e esgotamento sanitário, deve-se considerar: 
 universalização do Sistema de Coleta de Esgotos com incentivos para Ligações 
Intradomiciliares; 
 implantação e ampliação de Coletores, Interceptores e Estações de Tratamento 
de Esgoto; 
 universalização do Sistema de Abastecimento de Água; 
 
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 implantação e ampliação de Redes, Reservatórios, Elevatórias e Reguladores de 
Pressão; 
 gestão eficaz dos recursos naturais minimizando as perdas e otimizando a 
distribuição da água; e, 
 qualidade dos efluentes de esgoto. 
 
4) Com relação ao Planejamento e Gestão de Resíduos Sólidos, deve-se considerar: 
 implantação de Programa de Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos; 
 inventário de Geradores de Resíduos Sólidos; 
 implantação de Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; 
 programa de racionalização da geração e destinação de resíduos, incluído os de 
Tratamento de Água e Esgoto; 
 mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL e Cogeração de Energia; 
 implantação de Aterros Sanitários, Estações de Transbordo e Centrais de 
Reciclagem; 
 plano de Recuperação de Lixões e Aterros Controlados; 
 estudo de Tecnologias para Resíduos Sólidos e Efluentes; 
 integração com Programas de Interesse Social de Habitação, Emprego e Renda. 
 
Qualquer ação no campo do Saneamento Ambiental deve ser encarada como sendo uma 
ação social e coletiva, pois atende a população socializando seus efeitos positivos que são 
usufruídos por todos. 
Por essa natureza social e coletiva, é fundamental que sua promoção aconteça através de 
vários atores, cada qual cumprindo seu papel, seja ele o cidadão, a comunidade ou o Estado. 
O Saneamento Ambiental carrega na sua essência uma pluralidade de funções, pois ao 
mesmo tempo em que se trata de uma ação de saúde pública e proteção ambiental constitui-se 
também como bem de consumo coletivo, um serviço essencial ao ser humano e 
consequentemente um direito do cidadão e um dever do Estado. 
 
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Assim, visto por esse ângulo, as ações de saneamento se enquadram nas políticas 
públicas e sociais e sua promoção deve ser fruto de ações conjuntas entre a sociedade e o estado 
(LIMA; LIMA; OKANO, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CICLO HIDROLÓGICO 
 
Sabemos que a disponibilidade de água para sociedade é uma prioridade para 
continuação da vida na Terra! Ser a água tratada também é condição essencial para a qualidade 
de vida para evitar epidemias dentre outras justificativas. 
Na contramão dessas assertivas, temos o aumento da população em proporções 
preocupantes, pessoas vivendo em condições sub-humanas em várias partes do planeta, uso 
ainda irracional dos recursos naturais. Pois bem, neste momento, nosso objetivo é justamente 
analisar o tratamento de águas para que sejam oferecidas à população com toda qualidade 
possível. 
Enquanto Hidrologia é a ciência que estuda a água na Terra e procura responder à 
pergunta sobre o que ocorre com a água da chuva uma vez que atinge a superfície, a Engenharia 
Hidrológica é a aplicação dos conhecimentos da Hidrologia para resolver problemas 
relacionados aos usos da água, que muitos subsídios oferece ao trabalho do Engenheiro 
Ambiental. 
Relembremos rapidamente o ciclo hidrológico (ilustração abaixo) que é ponto de partida 
útil para o estudo do fornecimento da água. 
 
Ciclo hidrológico 
 
 
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ANALISE DO CICLO HIDROLÓGICO 
 A água precipita das nuvens, infiltra-se no solo, escoa para correntes de águas 
superficiais, segue-se a evaporação e transpiração, voltando para atmosfera. 
 Precipitação é o termo aplicado para todas as formas de umidade originais na 
atmosfera que caem no solo (por exemplo, chuva, granizo e neve). A 
precipitação é registrada com medidores em milímetros de água. A quantidade 
de precipitação em uma determinada região é geralmente útil para estimativas de 
disponibilidade de água. 
 A evaporação e a transpiração são duas formas pelas quais a água retorna à 
atmosfera. 
 A evaporação acontece a partir de fontes de águas superficiais livres, e a 
transpiração é a perda de água das plantas para a atmosfera. Os mesmos fatores 
meteorológicos que influenciam a evaporação também influenciam o processo 
de transpiração: os raios solares, a temperatura ambiente, a umidade e a 
velocidade do vento, assim como a quantidade de umidade do solo disponível 
para as plantas – todos esses elementos causam impacto sobre a taxa de 
transpiração. Por ser tão difícil medir a evaporação e a transpiração 
separadamente, são geralmente combinadas em apenas um termo, a 
evapotranspiração, ou seja, a perda total de água para a atmosfera, tanto por um 
processo comopelo outro (VESILIND; MORGAN, 2011). 
 
A água da superfície da Terra exposta à atmosfera é chamada de água superficial, que 
inclui rios, lagos, oceanos, etc. Através do processo de percolação, algumas águas superficiais 
(especialmente durante a precipitação) são absorvidas pelo solo e se tornam águas subterrâneas; 
ambas podem ser utilizadas como fontes de abastecimento para as comunidades. 
Dentre os usos e importância da água, podemos citar: 
 abastecimento humano; 
 irrigação; 
 dessedentação animal; 
 geração de energia elétrica; 
 
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 navegação; 
 diluição de efluentes; 
 pesca; 
 recreação e paisagismo; 
 a manutenção dos ecossistemas existentes em rios, lagos e ambientes marginais 
aos corpos d’água, como banhados e planícies sazonalmente inundáveis. 
 
Segundo Collischonn e Tassi (2011), os usos da água são normalmente classificados em 
consuntivos e não consuntivos. 
 Usos consuntivos alteram substancialmente a quantidade de água disponível 
para outros usuários. O uso da água para irrigação é um uso consuntivo, porque 
apenas uma pequena parte da água aplicada na lavoura retorna na forma de 
escoamento. A maior parte da água utilizada na irrigação volta para a atmosfera 
na forma de evapotranspiração. Esta água não está perdida para o ciclo 
hidrológico global, podendo retornar na forma de precipitação em outro local do 
planeta, no entanto, não está mais disponível para outros usuários de água na 
mesma região em que estão as lavouras irrigadas. 
 Usos não-consuntivos alteram pouco a quantidade de água, mas podem alterar 
sua qualidade. O uso de água para a geração de energia hidrelétrica, por 
exemplo, é um uso não-consuntivo, uma vez que a água é utilizada para 
movimentar as turbinas de uma usina, mas sua quantidade não é alterada. Da 
mesma forma a navegação é um uso não-consuntivo, porque não altera a 
quantidade de água disponível no rio ou lago. 
 
Os usos de água também podem ser divididos de acordo com a necessidade ou não de 
retirar a água do rio ou lago para que possa ser utilizada. Alguns usos da água que podem ser 
feitos sem retirar a água de um rio ou lago são a navegação, a geração de energia hidrelétrica, a 
recreação e os usos paisagísticos. Alguns usos da água que exigem a retirada de água, ainda que 
parte dela retorne, são o abastecimento humano e industrial, a irrigação e a dessedentação de 
animais. 
 
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TEMOS AINDA AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E SUPERFICIAIS. 
A água subterrânea é importante tanto como fonte direta como indireta para o 
abastecimento de água, uma vez que uma grande fração do fluxo para correntes de água é 
derivada das águas que estão abaixo da superfície. A água está presente tanto em locais próximos 
como afastados da superfície do solo. 
Na região perto da superfície da Terra, os poros (porosidade) do solo contêm água e ar. 
Essa região é conhecida como zona de aeração, ou zona vadosa. Ela pode apresentar espessura 
zero em áreas pantanosas e pode chegar a ter algumas centenas de metros de espessura em 
regiões mais áridas. A umidade da zona de aeração não pode ser aproveitada como uma fonte de 
água, pois fica presa às partículas do solo por forças capilares e não pode ser imediatamente 
liberada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abaixo da zona de aeração está a zona de saturação, na qual os poros estão cheios de 
água, em geral conhecida como água subterrânea. Uma camada que contém uma quantidade 
substancial de água subterrânea é chamada de aquífero, e a superfície dessa camada saturada é 
conhecida como lençol freático. Se o aquífero estiver em cima de uma camada impermeável, é 
chamado de aquífero livre. E se a camada contendo água estiver entre duas camadas 
impermeáveis, é conhecido como aquífero confinado. Este, às vezes, pode estar sob pressão, 
assim como em tubulações, e caso um poço esteja dentro de um aquífero confinado sob pressão, 
tem-se um poço artesiano. 
 
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As fontes de águas superficiais não são confiáveis como as de águas subterrâneas, pois 
as quantidades geralmente variam muito durante um período de um ano ou mesmo uma semana, 
e a qualidade das águas superficiais é facilmente degradável por várias fontes de poluição. A 
variação no fluxo da corrente ou curso de água pode ser tão grande que mesmo uma pequena 
demanda pode não ser atendida durante tempos de seca; portanto, devem ser construídos 
reservatórios para armazenar a água durante a época de chuva para que possa ser utilizada nos 
períodos de escassez. O objetivo é construir esses reservatórios suficientemente grandes para 
garantir fontes de água confiáveis (VESILIND; MORGAN, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DO TRATAMENTO E VIGILANCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA 
CONSUMO HUMANO 
 
 
UM POUCO DE HISTÓRIA 
Fazendo um recorte na história e nos situando em 1840, nessa época já havia referência 
que as epidemias de febre tifoide e de cólera em Londres estavam relacionadas com águas de má 
qualidade. Até o início do século XX não havia padrões de qualidade para a água potável. 
Um dos tratamentos mais antigos e eficazes é a fervura da água, porém, do ponto de 
vista prático, restrita a aplicação no âmbito das unidades residenciais. Em 1870, e durante alguns 
anos posteriores, o uso de filtros de areia e de outras técnicas de tratamento ainda visava 
melhorar o aspecto estético da água, eliminar o odor e melhorar o sabor. O avanço do 
conhecimento deu então lugar ao tratamento da água com vistas a proteção à saúde. 
De todo modo, a construção de um sistema completo de abastecimento de água requer 
muitos estudos e pessoal altamente especializado. 
Para iniciarem-se os trabalhos, é necessário definir-se: 
 a população a ser abastecida; 
 a taxa de crescimento da cidade; e, 
 suas necessidades industriais. 
 
Com base nessas informações, o sistema é projetado para servir à comunidade, durante 
muitos anos, com a quantidade suficiente de água tratada. 
Um sistema convencional de abastecimento de água é constituído das seguintes 
unidades: 
- captação; 
- adução; 
- estação de tratamento; 
- reservação; 
- redes de distribuição; 
- ligações domiciliares. 
 
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A seleção da fonte abastecedora de água é processo importante na construção de um 
sistema de abastecimento. Deve-se, por isso, procurar um manancial com vazão capaz de 
proporcionar perfeito abastecimento à comunidade, além de ser de grande importância a 
localização da fonte, a topografia da região e a presença de possíveis focos de contaminação. 
A captação pode ser superficial ou subterrânea. A superficial é feita nos rios, lagos ou 
represas, por gravidade ou bombeamento. Se por bombeamento, uma casa de máquinas é 
construída junto à captação. Essa casa contém conjuntos de motobombas que sugam a água do 
manancial e a enviam para a estação de tratamento. 
A subterrânea é efetuada através de poços artesianos, perfurações com 50 a 100 metros 
feitas no terreno para captar a água dos lençóis subterrâneos. Essa água também é sugada por 
motobombas instaladas perto do lençol d’água e enviada à superfície por tubulações. A água dos 
poços artesianosestá, em sua quase totalidade, isenta de contaminação por bactérias e vírus, 
além de não apresentar turbidez. 
O tratamento da água envolve o emprego de diferentes operações e processos unitários 
para adequar a água de diferentes mananciais aos padrões de qualidade definidos pelos órgãos de 
saúde e agências reguladoras. 
As exigências de qualidade da água evoluíram e prosseguem, em processo contínuo, 
acompanhando os avanços do conhecimento técnico e científico. Os padrões de qualidade 
tornam-se gradativamente mais exigentes. As tecnologias convencionais de tratamento, visando 
a clarificação e desinfecção da água, foram sendo aprimoradas, incorporando novas técnicas ou 
variantes, tais como a flotação, a filtração direta, a filtração em múltiplas etapas, além do 
emprego de novos desinfetantes (e, por conseguinte, a geração de novos produtos secundários de 
desinfecção). 
Em paralelo, o desafio da remoção de substâncias químicas e, mais recentemente de 
microcontaminantes, impôs o emprego/desenvolvimento de outras técnicas de tratamento como a 
adsorção em carvão ativado, a oxidação, a precipitação química e a volatilização, e de processos 
de separação por membranas (microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose reversa). 
Enfim, técnicas mais sofisticadas para a detecção e quantificação de substâncias e 
organismos diversos se mantêm em constante e rápida evolução. A detecção e quantificação de 
concentrações cada vez menores de contaminantes capazes de resultar em efeitos crônicos para a 
 
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saúde, bem como o reconhecimento de novos patógenos de veiculação hídrica, tendem a 
diversificar e tornar mais rigorosos os padrões de potabilidade, impondo, concomitantemente, o 
desafio da inovação tecnológica no tratamento da água para consumo humano (CEBALLOS; 
DANIEL; BASTOS, 2009). 
Abaixo temos a ilustração de uma típica instalação para tratamento de água, onde por 
uma série de reatores ou operações unitárias, a água vai fluindo de um para outro e atinge seu 
objetivo final que é a água tratada (esquemas Sabesp-SP e Copasa-MG). 
 
Estação de tratamento de água – esquema Sabesp 
 
Fonte: Sabesp 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Estação de tratamento de água – esquema COPASA 
 
Fonte: Copasa-MG 
 
Dentre os processos de tratamento de água de captação superficial temos: 
 
a) Redução da dureza da água 
Em algumas águas (tanto superficiais quanto subterrâneas) é necessário reduzir sua 
dureza para que possam ser utilizadas como fonte de água potável. Essa dureza é causada por 
cátions multivalentes ou “minerais” como o cálcio, magnésio e ferro. 
 
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b) Coagulação e floculação 
Substâncias coagulantes são adicionadas na água com a finalidade de reduzir as forças 
eletrostáticas de repulsão, que mantém separadas as partículas em suspensão, as coloidais e 
parcela das dissolvidas. Desta forma, eliminando-se ou reduzindo-se a “barreira de energia” que 
impede a aproximação entre as diversas partículas presentes, criam-se condições para que haja 
aglutinação das mesmas, facilitando sua posterior remoção por sedimentação e/ou filtração. Os 
coagulantes mais utilizados são o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, sais que, em solução, 
liberam espécies químicas de alumínio ou ferro com alta densidade de cargas elétricas, de sinal 
contrário às manifestadas pelas partículas presentes na água bruta, eliminando, assim, as forças 
de repulsão eletrostática originalmente presentes na água bruta. 
A floculação é o processo físico que promove a aglutinação das partículas já 
coaguladas, facilitando o choque entre as mesmas devido à agitação lenta imposta ao escoamento 
da água. A formação de flocos de impurezas facilitam sua posterior remoção por sedimentação 
sob ação da gravidade, flotação ou filtração. A floculação pode ocorrer por processos hidráulicos 
ou mecanizados 
 
c) Sedimentação ou Decantação 
É o processo no qual a força da gravidade é utilizada para separar as partículas de 
densidade maior que a da água, depositando-as em uma superfície ou zona de armazenamento. 
Os principais tipos de decantadores são os laminares ou de alta taxa e os convencionais de 
escoamento horizontal 
 
d) Flotação 
É o processo inverso ao da sedimentação, com o mesmo objetivo de separação das 
partículas floculentas da água em tratamento. Certos flocos (principalmente quando formados a 
partir de águas com alta concentração de algas ou de substâncias orgânicas de origem natural, 
conhecidas como substâncias húmicas), podem manifestar baixa velocidade de sedimentação, 
inviabilizando tal procedimento. Geralmente, para melhorar o rendimento do processo de 
flotação, agregam-se aos flocos, microbolhas de ar que aumentam a força de empuxo sobre os 
 
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mesmos, facilitando sua ascensão e posterior remoção por rodos raspadores instalados na 
superfície da unidade. 
 
e) Filtração 
É o processo que remove as impurezas presentes na água bruta (filtração lenta); na água 
coagulada ou floculada (filtração rápida direta); ou na água decantada (filtração rápida) pela 
passagem destas em um meio granular poroso, geralmente constituído de camadas de 
pedregulho, areia e antracito (este último, comum nos filtros rápidos). 
Em relação ao sentido de escoamento e à velocidade com que a água atravessa a camada 
de material filtrante, a filtração pode ser caracterizada como lenta, rápida de fluxo ascendente ou 
rápida de fluxo descendente. A filtração direta tem sua denominação relacionada com a 
inexistência de unidade prévia de remoção de impurezas. 
 
f) Desinfeção 
Tem por finalidade a destruição de microrganismos patogênicos ou não presentes na 
água. As principais técnicas empregadas são a cloração, ozonização e a exposição da água à 
radiação ultravioleta. 
 
g) Correção de pH 
Método preventivo de corrosão dos encanamentos por onde a água tratada é veiculada 
até os consumidores. Consiste na alcalinização da água para remover o gás carbônico livre e para 
provocar a formação de uma película de carbonato na superfície interna das canalizações. 
 
h) Fluoretação 
Aplicação de compostos de flúor na água de abastecimento público, em teores 
controlados, função da temperatura ambiente. O flúor é eficiente na redução da incidência de 
cáries. 
A água captada através de poços profundos, na maioria das vezes, não precisa ser 
tratada, bastando apenas a desinfecção com cloro. Isso ocorre porque, nesse caso, a água não 
 
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apresenta qualquer turbidez, eliminando as outras fases que são necessárias ao tratamento das 
águas superficiais (COPASA-MG, 2013). 
A seguir analisaremos uma pesquisa, sobre o tema, onde são apresentados diversos 
resultados de uma pesquisa-ação, destinada a avaliar o aprimoramento de práticas integradas à 
vigilância da qualidade da água para o consumo humano, bem como, suas potencialidades e 
desafios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O USO DA PESQUISA-AÇÃO PARA A AVALIAÇÃO E O 
APRIMORAMENTO DE

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