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A Seleção Natural Cosmológica de Lee Smolin

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A Seleção Natural Cosmológica de Lee Smolin.
A Seleção Natural Cosmológica é uma hipótese científica formulada pelo físico Lee Smolin para tentar explicar a complexidade do universo. Uma tentativa de solucionar um dos maiores mistérios da existência. Se as leis e constantes físicas fossem um pouco diferentes do que realmente são, a formação da vida seria impossível. Ou seja, se a relação de elétrons para prótons, a taxa de expansão do universo, as massas relativas das partículas elementares ou o valor de várias “forças físicas” não fossem extremamente próximas do que são, as estrelas e moléculas complexas que levam à vida nunca poderiam ter se desenvolvido. Muitos chamam essa extraordinária configuração de “ajuste fino”. O problema é, por que nosso universo apresenta essa configuração precisamente afinada para permitir a vida?
Como a seleção natural de Charles Darwin foi o conceito mais poderoso para explicar a complexidade biológica, Smolin explorou em seu livro A Vida do Cosmos, uma extensão desse conceito para todo o universo, propondo que por efeitos quânticos nos buracos negros (estrelas colapsadas por sua própria gravidade, objetos extremamente densos que distorcem o tecido espaço-temporal fazendo com que nem mesmo a luz consiga escapar de sua influência gravitacional) novas regiões do espaço possam surgir, formando universos bebês separados de seu universo de origem.
Nas palavras de Lawrence Rifkin:
“As condições extremas dentro de um buraco negro resultam em pequenas variações aleatórias das forças e parâmetros físicos do novo universo. Assim, cada universo bebê possui pequenas diferenças em relação ao universo pai. Devidas às características herdadas, universos com parâmetros mais amigáveis produzirá mais estrelas que um universo hostil. Os parâmetros que vemos hoje são do jeito que são, porque, depois de acumular pouco a pouco parâmetros de gerações de universos anteriores, o resultado é um universo “bom” para a produção de estrelas e vida como conhecemos. ” (RIFKIN, 2014)[1]
Estrelas são pré-requisito para a vida, pois, a radiação é a fonte última da vida. Sem a luz solar, não haveria vida na Terra. A luz solar não é apenas nosso meio de contato com o mundo; em um sentido muito real, é a base de nossa existência. Se a diferença entre nós e a matéria inerte é a organização, é a luz do Sol que dá a vida, o ímpeto para que a matéria se auto organize e se transforme em vida, em toda a escala, da célula individual até a vida. Além de ser também o fabricante da maior parte dos elementos existente, já que é através dos processos termonucleares que ocorrem nas estrelas que elementos químicos mais pesados que o hélio surgem.
“A primeira coisa para vida é a variedade de átomos que possam se combinar para formar um número muito grande de moléculas de tamanhos, formas e propriedades químicas diferentes. […] Um universo contendo apenas um tipo de átomo seria quase certamente que morto. […] o universo deve conter estrelas. […] Não é uma coincidência que, quando olhamos para cima, vejamos estrelas, do mesmo modo que não é coincidência que, quando olhamos ao nosso redor, vejamos plantas e arvores. Da mesma forma como as plantas produzem o oxigênio que respiramos, são as estrelas que produzem todos os elementos químicos que nós, e as plantas, somos feitos.” (SMOLIN, 2004, p.35)[2]
Em síntese a hipótese de Smolin sugere que os buracos negros podem “dar à luz” a novas regiões do espaço-tempo cujas leis sofrem uma sutil “mutação” no processo. A singularidade inicial de nosso big bang é assim explicada em termos de um “salto” quântico de um universo anterior. O argumento relativo às leis, entretanto, é essencialmente darwiniano: aqueles universos com leis condizentes à geração de buracos negros (estrelas em seu estágio final) terão muitas progênies enquanto aqueles com leis dramaticamente diferentes não. A sucessão de universos pai e seus descendentes necessariamente se desdobra no tempo, implicando que as leis evoluem e se modificam.

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