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Abordagens Humanistas em Psicologia (8º Semestre Psicologia 2020)

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Prévia do material em texto

Abordagens Humanistas em Psicologia 

 

Apresentação

 

Nesta disciplina você entrará em contato com 
algumas abordagens psicológicas agrupadas sob o 
nome de “Psicologia Humanista”. Trataremos da 
Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida por 
Carl Rogers (1902 – 1987), e da Gestalt-Terapia, 
iniciada por Fritz Perls (1893 – 1970). Como você 
verá, são abordagens que diferem entre si, mas 
que convergem na ênfase dada à responsabilidade 
do homem por suas vivências e na liberdade para 
lidar com elas, criando-se a si mesmo. O objetivo, 
então, é que você reconheça os pressupostos 
epistemológicos e ontológicos das Psicologias 
Humanistas e consiga diferenciá-las entre si.

Nos primeiros 4 módulos serão apresentadas a 
história do Movimento Humanista na Psicologia, 
alguns dos seus principais autores e sua 
fundamentação teórica e filosófica.

Conhecer uma abordagem psicológica significa 
conhecer seus principais conceitos e as questões 
que ela tenta responder. No caso destas 
abordagens, você deve conseguir compreender o 
conceito ser humano que sustenta a Abordagem 
Centrada na Pessoa e o da Gestalt-terapia, assim 
como as condições em que ocorre a mudança e o 
crescimento psicológicos nessas abordagens.

Por fim, serão apresentadas modalidades de 
intervenção psicológica distintas da psicoterapia. 
Tratam-se de ramificações do Aconselhamento 
Psicológico. Carl Rogers é o psicólogo que, 
experimentando o Aconselhamento Psicológico, 
borra a fronteira que o dividia da psicoterapia, 
inaugurando para a Psicologia novos modos de 
cuidar do indivíduo. Serão discutidos o Plantão 
Psicológico e as Oficinas de Criatividade. Mas, 
antes, será retomada a história do Aconselhamento 
Psicológico.

 

O Módulo 01 apresenta uma compreensão geral 
da do Humanismo como movimento filosófico 
recorrente na história do pensamento ocidental.

 

O Módulo 02 se dedica ao Humanismo na 
Psicologia, indicando os aspectos centrais e 
convergentes das várias Psicologias Humanistas.

 

O Módulo 03 é dedicado ao conceito de “pessoa”, 
que é central da Abordagem Centrada na Pessoa, 
iniciada por Carl Rogers, e suas consequências 
para a compreensão do sofrimento psicológico e 
do processo de mudança através das modalidades 
de prática psicológica.

 

O Módulo 04 é dedicado à Gestalt-terapia, 
abordagem terapêutica desenvolvida por Fritz 
Perls, que enfatiza a experiência consciente 
(awareness) atual. Essa ênfase se deve à 
compreensão da relação organismo-meio, que a 
fundamenta. Busca-se também uma compreensão 
da especificidade desta psicoterapia, assim como 
do lugar do psicólogo na relação terapêutica.

 

No Módulo 05 entramos em contato com o 
Aconselhamento Psicológico fundamentado na 
Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, 
e as variadas modalidades de atendimento 
psicológico que ela inaugura quando coloca em 
questão a tradicional distinção entre o 
aconselhamento e a psicoterapia. Algumas dessas 
modalidades são o tema dos módulos seguintes.

 

O Módulo 06 retoma a Abordagem Centrada na 
Pessoa, de Carl Rogers, para enfatizar sua 
dimensão ética, retomando as bases histórico-
filosóficas que ressaltam esse mesmo caráter 
como o elemento “humanista”. A ética humanistas 
desdobra-se como atitude na relação psicólogo-
cliente. 

 

O Módulo 07 apresenta o Plantão Psicológico 
como intervenção diferente da psicoterapia e que é 
capaz de corresponder a demandas de 
atendimento psicológico em clínicas e instituições. 
São discutidos os fundamentos, o modelo, os 
objetivos e o papel do psicólogo no processo.

 

O Módulo 08 tematiza as Oficinas de Criatividade 
como intervenção psicológica propiciadora de 
ampliação do contato consigo e com os outros 
através de recursos expressivos. São discutidos os 
fundamentos, o modelo, os objetivos e o papel do 
psicólogo no processo.

 

 

Através da leitura dos textos indicados, das aulas 
presenciais e dos exercícios propostos aqui, é 
esperado que você compreenda o histórico da 
perspectiva humanista na Psicologia e alguns seus 
principais conceitos, autores e fundamentações.

 

O material poderá ser utilizado como orientação 
para seu estudo e como complemento das 
atividades realizadas nas aulas presenciais.

 

O programa da disciplina está distribuído em 8 
módulos, que devem ser estudados ao longo do 
semestre letivo. Os Módulos 1 a 4 apresentam a 
temática da avaliação NP1 e Módulos 5 a 8, da 
NP2.

 

Módulos 

 

Módulo 1 – Bases histórico-filosóficas do 
humanismo em Psicologia 
Objetivo: Situar as origens históricas e filosóficas 
do Humanismo na Psicologia. 
Bibliografia Básica: HOLANDA, A. Fenomenologia 
e Humanismo, Parte II, pp. 105 – 118 (Introdução; 
1. Há uma “questão” humanista; 2. O que é o 
Humanismo) 
Módulo 2: Psicologia Humanista 
norteamericana – A “Terceira Força” 
Objetivo: Situar o surgimento da Psicologia 
Humanista e conhecer seus principais autores. 
Bibliografia básica: HOLANDA, A. Fenomenologia 
e Humanismo, Parte II, pp.146 – 172 
Módulo 3: Os pressupostos epistemológicos e 
ontológicos da Abordagem Centrada na 
Pessoa, desenvolvida por Rogers. 
Objetivo: Compreender o conceito de Pessoa 
presente na obra de Carl Rogers e como ela 
fundamenta a Abordagem Centrada na Pessoa; 
Compreender a mudança no quadro das 
psicologias proposta por Carl Rogers e a ênfase na 
postura ética do psicólogo. 
Bibliografia básica: AMATUZZI, M. Rogers: Ética 
Humanista e Psicoterapia. cap. 2: “Abordagem 
Centrada na Pessoa e Psicoterapia”. 
Bibliografia complementar: ROGERS, C. Tornar-se 
Pessoa. cap. 8: “Ser o que realmente se é: Os 
objetivos pessoais vistos por um terapeuta”. 

 

Módulo 4: A Gestalt-terapia de Perls. Suas 
interlocuções com o pensamento humanista. 
Fenômenos psicológicos à luz da Gestalt-
Terapia. 
Objetivo: Conhecer os pressupostos teóricos da 
Gestalt-terapia e a articulação com as abordagens 
humanistas em psicologia. Diferenciar os 
pressupostos e os objetivos da Gestalt- terapia das 
demais abordagens humanistas. 
Bibliografia Básica: PERLS, F. “Fundamentos” A 
Abordagem Gestáltica e Testemunha Ocular da 
Terapia. Rio de Janeiro: LTC, 1988, cap. 1. 
Bibliografia complementar: MENDONÇA, M. “A 
psicologia humanista e a abordagem gestáltica” In: 
FRAZÃO, L. M. & FUKUMITSU, K. O. Gestalt-
terapia, p. 76 – 98. 
Módulo 05: O Aconselhamento Psicológico 
como prática psicológica humanista 
Objetivo: Compreender a história e o 
desenvolvimento do Aconselhamento Psicológico. 
Identificar a história do Aconselhamento 
Psicológico como campo de atuação profissional e 
sua relação com a Psicologia Humanista. Situar o 
lugar do psicólogo e a especificidade de sua ação. 
Bibliografia Básica: SCHMIDT, M. L. S. “O nome, a 
taxonomia, e o campo do Aconselhamento 
Psicológico”, In: MORATO, H.T.P. et al. (Org.) 
Aconselhamento Psicológico numa perspectiva 
fenomenológica existencial, cap. I, p. 1-21. 
Módulo 06: Psicologia Humanista como ética 
Objetivo: Reconhecer a atitude ética do psicólogo 
humanista. 
Bibliografia básica: AMATUZZI, M. A Abordagem 
Centrada na Pessoa como Ética das Relações 
Humanas. Rogers: Ética Humanista e Psicoterapia. 
Campinas, SP: Editora Alínea, 2010. 
 

Módulo 07: O Plantão Psicológico 
Objetivo: Apresentar o Plantão Psicológico como 
prática psicológica humanista, o lugar do psicólogo, 
a especificidade e o sentido dessa modalidade de 
atendimento. 
Bibliografia básica: CHALOM, M. et al. A 
experiência de implantação de um serviço de 
plantão psicológico no Projeto esporte-Talento por 
alunos de graduação do IPUSP. In: MORATO, H. T. 
P. (Org.) Aconselhamento Psicológico centrado 
na pessoa, p. 177-185. 
Bibliografia complementar: CAUTELLA, W. Plantão 
Psicológico em hospital psiquiátrico. In: In: 
MORATO, H. T. P. (Org.) Aconselhamento 
Psicológico centrado na pessoa, p. 161-175.

 

Módulo 08: Oficinas de Criatividade 
Objetivo: Apresentar as Oficinas de Criatividade 
como prática psicológica humanista, o lugar do 
psicólogo, a especificidade e o sentido dessa 
modalidadede atendimento. 
Bibliografia básica: SCHMIDT, M.L.; OSTRONOFF, 
V.H. Oficinas de criatividade: Elementos para a 
explicitação de propostas teórico-práticas. In: 
MORATO, H. T. P. (Org.) Aconselhamento 
Psicológico centrado na pessoa, p. 335-344.

 



BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
AMATUZZI, M. Rogers: Ética Humanista e 
Psicoterapia. Campinas/SP: Editora Alínea, 2010. 
HOLANDA, A. F. Fenomenologia e Humanismo – 
Reflexões necessárias. Curitiba: Juruá Editora, 
2014.

 

MORATO, H. T. P. (Org.) Aconselhamento 
Psicológico centrado na pessoa: novos 
desafios. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
FRAZÃO, L. M. & FUKUMITSU, K. O. (orgs.) 
Gestalt-terapia: fundamentos epistemológicos e 
influências filosóficas. (Coleção Gestalt-terapia: 
fundamentos e práticas) São Paulo: Summus, 
2013. 
MORATO, H. T. P.; BARRETO, C. L. B. T. e 
NUNES, A. P. (Orgs.) Aconselhamento 
Psicológico numa perspectiva fenomenológica 
existencial: uma introdução. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2009. 
PERLS, F. A Abordagem Gestáltica e 
Testemunha Ocular da Terapia. 2ª Ed. Trad. José 
Sanz. Rio de Janeiro: LTC, 1988. 
ROGERS, C. Tornar-se Pessoa. 6ª Ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2009. 
Módulo 1 – Bases histórico-filosóficas do 
humanismo em Psicologia 

 
O Humanismo como movimento recorrente no 
pensamento ocidental 

 

Bibliografia Básica: HOLANDA, A. Fenomenologia 
e Humanismo, Parte II, pp. 105 – 118 (Introdução; 
1. Há uma “questão” humanista; 2. O que é o 
Humanismo)

 

 O Humanismo não é exclusividade da 
Psicologia. Pelo contrário, sua história remonta ao 
nascimento da filosofia. Segundo o historiador 
Holanda (2015), o primeiro humanista foi Sócrates, 
filósofo conhecido pela frase “só sei que nada sei”. 
Nessa frase paradoxal está contida uma das 
principais características do Humanismo ao longo 
da história do pensamento ocidental: a afirmação 
da capacidade de pensar-se do homem. Na 
história da filosofia, Sócrates é o filósofo que, 
dialogando, revela que verdades defendidas por 
seus interlocutores eram pressupostos adquiridos 
de outrem. Dessa primeira desconstrução, surge a 
possibilidade de uma verdade própria, fruto do 
próprio raciocínio. Isso é possível, pois o homem é 
capaz de pensar e refletir sobre si mesmo e seu 
mundo ao redor.

 Ao longo da história, surgem em vários 
momentos movimentos que buscam resgatar a 
dignidade do homem, ou seja, seu lugar peculiar 
na natureza, caracterizado pela capacidade de 
conhecer(-se). Desse modo, não é possível falar 
de um Humanismo, mas, sim, de uma atitude 
humanista de pensamento, que se dedica à 
questão crucial: quem sou eu?

 Holanda (2015, p.108) indica como 
características essenciais do humanismo: 1) “a luta 
do homem que reflete sobre si mesmo; é refletir 
sobre o embate do ser humano que pensa a 
natureza e a realidade incluindo-se em relação a 
estas”; 2) a reflexão sobre a “constituição da 
subjetividade”, do “sujeito no mundo que habita”; 3) 
a reflexão do “lugar do sujeito que pensa” no 
mundo e no conhecimento. Isso está presente no 
pensamento grego e latino dos séculos antes de 
Cristo, reaparece no final da Idade Média, no 
chamado Renascimento, preparando a época 
moderna, quando novamente anima as reflexões 
do homem sobre si mesmo e seu mundo. 

 O historiador Abbagnano (1992, apud Holanda, 
2015), nessa mesma direção, resume o 
Humanismo como o movimento literário e filosófico 
Renascentista, que acontece no final do século 
XIV, na Itália, assim como toda filosofia que tome o 
homem como “a medida de todas as coisas”. Esta 
concepção – de que o homem é a medida de todas 
as coisas –, remonta ao filósofo Heráclito de Éfeso 
(535 a.C. – 475 a.C.), mas foi assim enunciada por 
Protágoras de Abdera (490 a.C. – 415 a.C.). O 
sentido dessa afirmação aponta para a interligação 
de homem e realidade e para o alcance do 
conhecimento, que é possibilidade humana. 

 

Atividades Recomendadas

 

1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, 
atentando para as características do Humanismo. 
Relacione esses temas com as reflexões da 
Psicologia Humanista moderna.

 

2) Pesquise por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre os filósofos Protágoras, Sócrates e Pascal.

 

3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:

 

A Psicologia Humanista do século XX encontrou no 
Humanismo, movimento filosófico medieval, 
fundamentação para as suas posições na 
Psicologia. Esse movimento filosófico combateu a 
Escolástica, recolocando como centro das 
reflexões o Homem, como fizera a cultura clássica 
anteriormente. Das ideias e citações abaixo, as 
que correspondem aos ideais do Humanismo são:

 

I – “Qual é a utilidade de conhecer a natureza dos 
quadrúpedes, aves, peixes e serpentes e não 
conhecer ou até mesmo negligenciar a natureza do 
homem?” (Petrarca)

II – O homem é um ser que, diferentemente dos 
demais, não tem lugar ou aspecto fixo, não tem 
forma determinada nem leis que determinam sua 
natureza. Ele pode escolher para si mesmo seu 
lugar e sua natureza e criar leis para si mesmo. 
(Pico della Mirandola)

III – Como a mente do homem foi criada pelo sopro 
de Deus e seu corpo, do barro, o homem reúne as 
naturezas mortal e imortal. (Philo)

 

A) I e II, apenas.

B) II e III, apenas.

C) I, II e III, apenas.

D) I, apenas.

E) II, apenas.

 

Seus estudos da fundamentação filosófica da 
Psicologia Humanista devem ter-lhe mostrado que 
os Humanistas medievais recuperam a dignidade 
do homem, mostrando que é dotado de livre 
arbítrio, e colocaram a natureza humana como foco 
das reflexões filosóficas. Assim, as afirmações I, II 
e III expressam esses ideais. A alternativa correta é 
C. 


O Renascimento: movimento humanista 
medieval 
Bibliografia Básica: HOLANDA, A. Fenomenologia 
e Humanismo, Parte II, pp. 105 – 118 (Introdução; 
1. Há uma “questão” humanista; 2. O que é o 
Humanismo) 
 Todo mundo conhece a imagem do homem 
vitruviano, elaborada por Leonardo da Vinci (1452 
– 1519). Para muitos, é um símbolo do 
Renascimento, pois retrata a homem como parte 
da natureza, tal como conhecido e conhecível pelo 
esforço racional humano. Ou seja, contrapõe a 
representação do homem elaborada por ele 
mesmo, recorrendo aos instrumentos e cálculos 
humanos, às representações alegóricas bíblicas. 
Nesse desenho, retrata, cuidando para revelar com 
clareza, o corpo humano na sua simétrica e bela 
perfeição. Os gregos e os latinos, antecedentes do 
pensamento cristão que domina a cultura (arte, 
filosofia) já nos primeiros cinco séculos d.C., 
também buscavam conhecer e representar o corpo 
humano tal como pode ser (e muitas vezes é) na 
sua humana perfeição. 

 Os historiadores são unânimes ao apontar 
como característica do Renascimento o resgate 
dos gregos e latinos clássicos. O Renascimento é 
movimento cultural que acontece na Europa 
Ocidental, tendo seu berço na Itália, entre a 
segunda metade do XIV e o começo do XVII. 
Retoma os clássicos, pois recoloca o homem na 
sua vida terrena no centro das preocupações. 
Anteriormente, o homem era pensado como parte 
da criação divina e sua existência e trajetória 
terrenas como preparação para a vida após a 
morte. Ou seja, na Idade Média preocupava-se 
mais com a alma imortal do homem do que como 
sua vida mortal. No lugar da vida monástica, tida 
como máximo valor humano, o Humanismo 
renascentista cede espaço para os prazeres 
humanos ordinários. Ao invés de pesquisar a vida 
após a morte, o interesse científico se volta para a 
vida mundana. 

 O termo HUMANISMO está relacionado com o 
professor ou aluno de studia humanitatis 
(humanidades), isto é, textos clássicos sobre 
gramática, retórica, poética, filosofia moral (ser 
humano e suas relações com os demais) e história. 
O conhecimento de latim e grego levou humanistas 
a traduzirem a filosofia grega para um latim 
elegante. É neste período que se inicia 

 Os humanistas acreditavam no poder do homem 
de planejar sua vida, comandar seu destino e 
direcioná-lo paraa liberdade, a justiça e a paz. É 
nesta época que surge a ideia de “livre arbítrio” 
como dádiva divina ao homem, que o torna 
responsável por suas escolhas. Assim como a 
liberdade, a dignidade do homem volta a ser tema 
filosófico, como fora outrora com os gregos e os 
latinos a.C. 

 No pensamento humanista renascentista, o 
homem era responsável por tornar o mundo seu 
lar, reconhecendo as necessidades que o ligam a 
ele. Apareceram discussões sobre a felicidade 
humana, sobre o livre arbítrio, o destino, a fortuna, 
sobre o lugar do homem no cosmos. 

As mesmas questões e preocupações reaparecem 
na fenomenologia, no início do XX. Edmund 
Husserl descreve a crise das ciências, que 
assumem o modelo científico-natural, que abstrai o 
homem, para o conhecer. Ao fazerem isso, deixam 
de lado a especificidade humana, que é sua 
condição de conhecedor do mundo e de si. 
Perguntando “o que é o homem?”, as ciências-
naturais tornam-no um “que”, um objeto, perdendo 
de vista subjetividade (sujeito). De maneira 
semelhante, os psicólogos humanistas nos EUA 
criticaram as abstrações e o cientificismo do 
behaviorismo e da psicanálise em voga na época. 
Recolocaram no centro das preocupações a saúde, 
o potencial e a liberdade humanos, esquecidos 
pelas pesquisas do homem doente 
(psicopatologia). 
Atividades Recomendadas

 

1) Faça uma leitura criteriosa do texto indicado, 
atentando para as questões que orientam as 
reflexões humanistas medievais. 
2) Pesquise bibliografia ou por meios eletrônicos 
sobre o Renascimento e Filosofia Humanista. 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: 
O Humanismo na psicologia foi influenciado pelo 
Renascimento, movimento cultural da Europa 
Ocidental entre os séculos XIV e XVII. Sobre esse 
movimento, é correto afirmar:

 

I – O Renascimento irrompeu contra a Escolástica, 
colocando o homem no centro das preocupações 
especulativas.

 

II – Para o Renascimento, o aspecto mais 
importante do homem é sua alma imortal.

 

III – O “livre-arbítrio” foi fortemente defendido pelos 
humanistas, que acreditavam no poder do homem 
de planejar sua vida, comandar seu destino e 
direcionar-se para a liberdade.

 

IV – O Renascimento se opôs à hegemonia da 
religião cristã na produção de conhecimento. Os 
filósofos humanistas eram adversários da Igreja.

 

Está correto apenas o que se afirma em:

 

A) I e II, apenas

B) II e III, apenas 

C) I, II e III, apenas 

D) III e IV, apenas.

E) I e III, apenas. 
Se você leu os textos atentamente e compreendeu 
os aspectos principais do Humanismo 
renascentista terá identificado a alternativa E (I e 
III, apenas) como a correta. A afirmação II indica 
que a “alma imortal” do homem é o aspecto mais 
importante para o Renascimento. Isso está errado, 
pois a preocupação com a alma imortal trazia junto 
uma desconsideração da vida terrena. Os 
Humanistas voltam a atenção para a existência e 
para o mundo ao redor do homem, as escolhas 
que faz, como exerce seu livre arbítrio na direção 
do bem. A afirmação IV propõe que o Humanismo 
Renascentista se opunha à Igreja. Está errado. Os 
Humanistas não se opõem à filosofia cristã que os 
antecede. O que fazem é mudar o foco de 
interesse para o homem histórico, mortal, deixando 
em segundo plano das reflexões a alma imortal. 
4) Realize os exercícios deste módulo, anotando 
as dúvidas que surgirem durante a resolução. 
Busque respostas às suas dúvidas na bibliografia 
indicada ou através de novas pesquisas 
bibliográficas. Caso suas dúvidas persistam, 
apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. 
Módulo 2: Psicologia Humanista 
norteamericana – A “Terceira Força” 
Objetivo: Situar o surgimento da Psicologia 
Humanista e conhecer seus principais autores. 
Bibliografia básica: HOLANDA, A. Fenomenologia 
e Humanismo, Parte II, pp.146 – 172 

 


Psicologias Humanistas 
 Reunimos sob o nome de “Psicologias 
Humanistas” vários modelos de compreensão de 
homem que, embora divirjam entre si, convergem 
na ênfase dada ao sentido das vivências humanas 
e na liberdade como condição ontológica. 
Tomaremos como foco de nossos estudos a 
Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida por 
Carl Rogers a partir da década de 1950, a Gestalt-
Terapia, por Fritz Perls na mesma época e a 
Psicologia Existencial-Humanista, desenvolvida por 
Carl Rogers.

 As Psicologias Humanistas florescem nos 
Estados Unidos a partir da década de 1950. Esse 
período que seguiu a Segunda Guerra Mundial 
estava marcado pelos horrores provocados pela 
humanidade, assim como pelo temor constante da 
autodestruição atômica na Guerra Fria. Nas 
décadas seguintes cresceram as tensões e 
disputas raciais em busca do fim da discriminação 
e os Estados Unidos se envolveram com a Guerra 
do Vietnã, que resultou na morte de milhares de 
jovens soldados e na mobilização de parcela 
considerável da sociedade pela paz.

 Nesse momento histórico, a Psicologia estava 
dividida entre duas “forças”: A Psicanálise 
freudiana, que apresenta o homem como um 
organismo determinado por impulsos inconscientes 
que buscam a satisfação do prazer ou a evitação 
do desprazer, e o Behaviorismo, que é a aplicação 
do modelo científico-natural de conhecimento, 
apresentando o homem como um organismo 
determinado por sua história de modelagem e pelo 
ambiente.

 Assim, a Psicologia Humanista surge como a 
Terceira Força na psicologia. A Terceira Força 
considera as psicologias de sua época 
deterministas, pois buscam determinar a causa dos 
comportamentos humanos. Para isso, recorrem a 
modelos explicativos que não abarcam aquilo que 
o humano tem de mais peculiar: a liberdade. Ao 
posicionar a questão do sentido da vida como a 
mais importante, estão afirmando que a existência 
humana é livre e capaz de fazer escolhas em 
direção ao que é significativo em sua vida. 
Proclamam também que o ser humano é animado 
por uma força vital, que o impulsiona ao 
crescimento e à complexificação da existência. 
(Figueiredo, 2012)

 

Atividades Recomendadas

 

1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
atentando para a interpretação que a Psicologia 
Humanista faz da Psicanálise e do Behaviorismo. 
Identifique a natureza dessa crítica; é ela 
ontológica, epistemológica, metodológica, etc.?

 

2) Pesquise por meios tradicionais ou eletrônicos: 
Humanismo, Existencialismo, Contracultura.

 

3) Pesquise por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre os psicólogos humanistas: Carl Rogers, 
Abraham Maslow, Karen Horney, Erich Fromm, 
Rollo May.

 

4) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:

 

A Psicologia Humanista foi caracterizada por Erich 
Fromm como a Terceira Força na Psicologia. Sobre 
isso, é verdadeiro afirmar:

 

I – A Psicologia Humanista é a Terceira Força, que 
surge em oposição à Psicanálise de Freud (1ª 
Força) e ao Behaviorismo de Skinner (2ª Força).

II – A Psicologia Humanista surge no começo do 
séc XX em reação à psicologia “pouco científica” 
do XIX, que era baseada na consciência e na 
introspecção. É ciência aplicada, e enquanto tal 
busca a previsão e o controle do seu objeto de 
estudo (o humano).

III – A Psicologia Humanista de Rogers, Fromm, 
Horney defende que o sentido dos 
comportamentos humanos pode ser descoberto a 
partir de uma análise da história de modelagem.

IV – A Terceira Força defende que ser humano é 
ser livre e responsável por si mesmo. Seu destino 
está em suas mãos. Para isso, o homem dispõe de 
responsabilidade, envolvimento, capacidade de 
ação, de fazer escolhas e de crescer.

V – A Psicologia Humanista considera que “o ser 
humano é, em seu cerne, um organismo em que se 
pode confiar.” 

 

Estão corretas as afirmações:

 

A) I, II e III, apenas.

B) II, III e IV, apenas.

C) I, IV e V, apenas.

D) III, IV e V, apenas.

E) I, II, IV e V, apenas. 

 

Considerando as afirmações acima, identificamos 
que a I, a IV e a V estão corretas. Portanto, a 
resposta é C. A afirmação II está incorreta, pois a 
Psicologia Humanista não surge como aplicaçãodo método científico-natural de pesquisa nem 
concebe o homem como passível de previsão e 
controle. Pelo contrário, busca a liberdade do 
humano e os meios para resguardar ou resgatar 
essa liberdade. A afirmação III está incorreta, pois 
afirma que as motivações humanas podem ser 
compreendidas como causas, isto é, determinantes 
do comportamento. O ser humano é 
essencialmente aberto para o seu futuro, existindo 
enquanto processo dirigido à realização pessoal. 


A “Terceira Força” em Psicologia 
Bibliografia básica: HOLANDA, A. Fenomenologia 
e Humanismo, Parte II, pp.146 – 172 
 A Psicologia Humanista é crítica em relação 
à hegemonia do conhecimento científico na 
investigação sobre o humano. Coloca como 
questão para a Psicologia se não há outras formas 
de conhecimento sobre o seu “objeto”, o humano.

 O conhecimento científico trabalha com 
fatos, que são mensuráveis. Segue regras precisas 
de observação e investigação, que recebem o 
nome de ‘método’, para assegurar a veracidade do 
conhecimento produzido. Apesar da pretensa 
objetividade, há um pressuposto que fundamenta 
esse modelo de investigação. A ciência pressupõe 
que a natureza funciona de acordo com leis gerais 
e que o homem pode descobri-las através de 
rigoroso método de investigação. Opera sobre a 
cisão Sujeito – Objeto; os objetos são as partes da 
natureza e o Sujeito é o pesquisador, aquele que é 
capaz de investigar e explicar o funcionamento da 
natureza.

 A cisão Sujeito - Objeto pode ser retraçada à 
obra do filósofo René Descartes (1596 – 1650). Ele 
propõe à filosofia que supere o conhecimento vago 
e especulativo que a dominou por séculos, 
buscando uma fundamentação sólida e certa. 
Encontra-a no conhecimento preciso da 
matemática, para a qual 2 + 2 sempre serão igual a 
4. No início do Discurso do Método (1637), ele 
aponta a insuficiência do senso comum para o 
conhecimento certo. Escreve: 
... a diversidade de nossas opiniões não provém do 
fato de serem uns mais racionais do que os outros, 
mas somente de conduzirmos nossos 
pensamentos por vias diversas e não 
considerarmos as mesmas coisas. Pois não é 
suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo 
bem. As maiores almas são capazes dos maiores 
vícios, tanto quanto das maiores virtudes, e os que 
só andam muito lentamente podem avançar muito 
mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que 
aqueles que correm e dele se distanciam. (p.41)

 

A partir da consideração de um método preciso de 
conhecimento racional, Descartes formula a divisão 
da natureza em dois tipos de substâncias: res 
cogitans (coisa pensante) e res extensa (coisa 
extensa). Podemos identificar nessa dualidade a 
divisão presente no nosso modelo científico entre 
Sujeito (res cogitans) e Objeto (res extensa).

 A Psicologia enquanto ciência padece de 
um difícil problema. O “objeto” de suas pesquisas é 
também o sujeito que investiga. Para a Psicologia 
Humanista está claro que o “objeto” de pesquisa da 
Psicologia é o Ser Humano. Sendo assim, a 
investigação não pode seguir os mesmos métodos 
e critérios de investigação de objetos naturais, 
mensuráveis.

 Assim, as Psicologias Humanistas surgem 
como um novo caminho – uma mudança de 
paradigma – na investigação sobre o humano. No 
início, desenvolvem-se a partir da prática de 
psicólogos norteamericanos. Carl Rogers é o maior 
exemplo disso. Mas são vários autores com 
contribuições às vezes divergentes entre si, que 
converge na compreensão do humano como livre e 
responsável. Num segundo nomento, esses 
psicólogos humanistas encontram nas filosofias 
fenomenológicas e existenciais alguns 
fundamentos para esta abordagem vanguardista. 
Resume Holanda (2015, p.166): 
O movimento humanista foi sendo enriquecido com 
contribuições de um pensamento “fenomenológico-
existencial” , que confere um “aplicativo-existencial” 
ao movimento. (Gonzalez, 1988). Um ilustrativo do 
significado do movimento humanista e do que 
representou, podemos encontrar nas palavras de 
Matson (1978): “A Psicologia Humanista não é 
apenas o estudo do ‘ser humano’; é um 
compromisso com o devir humano” (p.69). Isto 
demonstra o que realmente “unia” a diversidade 
desse autores.

 

 Como já visto, a Psicologia Humanista do 
século XX encontra no Renascimento, movimento 
artístico e filosófico iniciado no século XV de 
revalorização do humano, em oposição ao 
Escolasticismo. Os filósofos Humanistas 
introduziram a noção de livre-arbítrio, pois 
acreditavam no poder do homem de planejar sua 
vida, comandar seu destino e direcioná-lo para a 
liberdade, a justiça e a paz. Além do Humanismo 
filosófico, a Psicologia Humanista encontra 
fundamentação teórica no Existencialismo 
(Kierkegaard, Sartre).

 Sob a categoria “Psicologia Humanista” 
encontraremos o pensamento de autores diversos, 
como Kurt Goldstein, Abraham Maslow, Thomas 
Greening, Karen Horney e Erich Fromm. Além 
destas influências, Holanda (2015) indica a 
fenomenologia de Husserl e a fenomenologia-
existencial de Heidegger como as mais importantes 
fundamentações teóricas. Os humanistas 
compartilham, portanto, da ênfase no 
conhecimento da singularidade, assim como na 
postulação de uma força criativa, tendente à 
autorrealização e ao crescimento.

 Em todos os autores mencionados acima 
também encontramos a ênfase na liberdade para 
fazer escolhas e na responsabilidade pela própria 
vida. Também compartilham a ênfase no 
conhecimento da singularidade, assim como na 
postulação de uma força criativa, tendente à 
autorrealização e ao crescimento. Por exemplo, 
Maslow ficou conhecido pela Pirâmide das 
Necessidades, na qual expõe que estamos sempre 
em direção a experiências e realizações mais 
complexas, pois o ser humano, diferentemente dos 
animais, não vive apenas em função da realização 
das necessidades.

 Nós fazemos escolhas em nome de nossa 
realização existencial. Quanto maior o nosso grau 
de liberdade, mais criativos serão nossos recursos 
para lançarmo-nos em direção ao nosso futuro. 
Como afirma Holanda (2015, p.169), “As propostas 
das psicologias humanista (americana) e 
existencial (europeia) foram reações aos 
reducionismos vigentes; ambas valoram as 
dimensões ‘superiores’ da personalidade – coo 
razão, liberdade, autonomia, criatividade, 
responsabilidade, dentre outras [...]”

 

Referências bibliográficas

DESCARTES, René. Obra Escolhida. Trad. 
Guinsburg, J e Prado Jr., B. 3ª ed. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 1994. 
Atividades recomendadas:

 

1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
atentando para as diferenças entre ciências 
naturais e ciências humanas e seus respectivos 
objetos de investigação.

 

2) Reflita: para você, a Psicologia é uma Ciência 
Natural ou uma Ciência Humana? Por que? Redija 
uma dissertação sobre o tema, expondo 
justificativas para ambas as possibilidades. 
Conclua defendendo a sua posição.

 

3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:

 

No século XIX, iniciou-se um movimento de 
questionamento da metodologia natural-científica 
na investigação do humano. Esta parte do 
pressuposto de que a natureza está aí e funciona 
de acordo com leis que o homem pode descobrir 
objetivamente. Os objetos são parte do mundo. Os 
sujeitos podem conhecê-los. A partir dessa crítica, 
surge a diferenciação entre Ciências Naturais e 
Ciências Humanas. Das alternativas abaixo, aquela 
que expressa corretamente o tipo de relação 
estabelecida, a origem da objetividade científica, a 
natureza do que é investigado e o objeto de 
investigação é:

 

A) As Ciências Humanas trabalham com a relação 
Sujeito – Objeto, buscando a objetividade nos fatos 
que surgem dos objetos puros.

B) As Ciências Naturais trabalham com a relação 
Sujeito – Objeto, buscando a objetividade nos 
fenômenos que surgem da relação homem-mundo.

C) As Ciências Humanas trabalham com a relação 
Sujeito – Objeto, buscando a objetividade nos 
fatos.

D) As Ciências Humanastrabalham com a relação 
Sujeito – Sujeito, buscando a objetividade nos 
fenômenos que surgem da relação homem-mundo.

E) As Ciências Humanas trabalham com a relação 
Sujeito – Objeto, buscando a objetividade nos 
fenômenos que surgem da relação homem-mundo.

 

Se você leu atentamente os textos, compreendeu 
que as Ciências Naturais estabelecem relações 
Sujeito-Objeto, pois compreendem o investigado 
como fato objetivo. Já as Ciências Humanas 
estabelecem relações Sujeito-Sujeito, tendo como 
‘objeto’ os fenômenos, cuja significação brota da 
intersubjetividade. Diante disso, a alternativa que 
apresenta corretamente o paradigma das Ciências 
Naturais ou das Ciências Humanas é a D. 
Módulo 3: Os pressupostos epistemológicos e 
ontológicos da Abordagem Centrada na 
Pessoa, desenvolvida por Rogers. 
 
Compreensão do conceito de Pessoa presente 
na obra de Carl Rogers 
 
Bibliografia básica: ROGERS, C. “Ser o que 
realmente se é: Os objetivos pessoais vistos por 
um terapeuta.” Tornar-se Pessoa. São Paulo: 
Martins Fontes, 2009. 
Bibliografia complementar: AMATUZZI, M. 
“Abordagem Centrada na Pessoa e 
Psicoterapia” Rogers: Ética Humanista e 
Psicoterapia. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010. 
 
Carl Rogers, o fundador dessa abordagem, 
nasceu em 8 de janeiro de 1902 em Oak Park, 
Illinois, nos Estados Unidos. Trabalha como 
psicólogo desde 1927 realizando psicodiagnóstico 
infantil, aconselhamento de pais, estudantes e 
adultos e psicoterapia no Centro de Prevenção de 
Violência contra a Criança (NY). Rogers falece em 
4 de fevereiro de 1987. Visita o Brasil algumas 
vezes na década de 1970. 
Nessa época, a Psicologia norteamericana 
está dividida entre behaviorismo e psicanálise, 
ambas apoiadas nas ciências naturais. Para 
Rogers, a metade do século XX é uma época que 
valoriza a tecnologia como valor máximo, aplicando 
esse valor às relações humanas. Com isso, 
visando um tratamento eficiente, o psicólogo 
mantém uma postura distanciada de seu “objeto de 
estudo”, o paciente. Além disso, o ser humano é 
visto como “vítima passiva de forças”, sejam elas 
impulsos inconscientes, pressões sociais ou 
condicionamentos. 
Através de seu trabalho como psicólogo no 
Centro de Prevenção, Rogers percebe os efeitos 
positivos de uma postura acolhedora e respeitosa 
com seus clientes. Essa postura se contrapõe à 
postura distanciada, científica, dos psicólogos da 
época. Colocando-se assim na relação com os 
clientes, Rogers descobre que todo indivíduo tem a 
capacidade de descobrir e buscar o que é melhor 
para si mesmo. Essa ideia está em sintonia com a 
compreensão humanista, que, como já discutido, 
enfatiza a liberdade e a responsabilidade 
essenciais do homem. 
A hipótese sobre o ser humano formulada por 
Rogers é a seguinte: “Os indivíduos possuem 
dentro de si vastos recursos para a 
autocompreensão e para a modificação de seus 
autoconceitos, de suas atitudes e de seu 
comportamento autônomo. Esses recursos podem 
ser ativados se houver um clima, passível de 
definição, de atitudes psicológicas facilitadoras.” (p.
38) Em outras palavras, as pessoas são capazes 
de perceber e compreender o que acontece em 
suas vidas e de se posicionarem em relação a 
esses acontecimentos. Para isso, precisam dispor 
de liberdade e criatividade diante das situações da 
vida. 
 O termo “responsabilidade” tem dois 
significados aqui. O primeiro é o significado mais 
corrente do termo: os acontecimentos de minha 
vida estão sob meu encargo. O segundo 
significado enfatiza a etimologia da palavra, 
indicando a capacidade de responder. Ser 
responsável significa ser capaz de responder ao 
que me solicita. Esse responder não é um mero 
reflexo, mas um posicionamento do indivíduo em 
relação ao que lhe advém. É, portanto, um ato de 
livre determinação do homem, mas que exige 
criatividade. 
A psicologia da época de Rogers estuda o ser 
humano visando descobrir as causas 
determinantes de seu comportamento. A 
psicanálise hipotetiza as pulsões como princípio 
dos comportamentos. Ademais, explica que as 
pulsões, correlatos psíquicos dos instintos, 
objetivam a satisfação do prazer ou alívio do 
desprazer. Na vida em sociedade, esses impulsos, 
que facilmente nos levariam a destruir o próximo 
para satisfazer nossos desejos, precisariam ser 
reprimidos. A partir de sua experiência no contato 
com pessoas que atendia, Rogers vê-se obrigado a 
contestar essa hipótese. Segundo ele, “O ser 
humano é, em seu cerne, um organismo em que se 
pode confiar.” (p.41) 
 
Atividades recomendadas: 
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
atentando para a noção de pessoa que 
fundamenta a obra de Carl Rogers. 
 
2) Críticos da concepção de homem de Carl 
Rogers, como a psicóloga brasileira Virginia 
Moreira, consideram-na excessivamente otimista. 
Com base nos textos lidos, faz sentido essa 
crítica? Quais são as consequências positivas e 
negativas desse otimismo? 
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: 
 
A Terapia Centrada no Cliente, desenvolvida por 
Rogers, oferece ao cliente um espaço de 
acolhimento e aceitação a fim de que ele possa 
assumir sua própria vida e “tornar-se quem é”, 
desenvolvendo uma atitude de maior consideração 
em relação a si mesmo e às situações 
significativas de sua vida. Essa abordagem 
assenta sobre uma compreensão de homem que 
afirma que: 
 
a) os indivíduos possuem dentro de si recursos 
para compreenderem-se e para modificar seus 
conceitos, suas atitudes e seu comportamento. 
Esses recursos podem ser ativados a partir de 
atitudes psicológicas facilitadoras.

B) quando são ainda bebês, os indivíduos são 
objeto dos afetos dos pais. Esses afetos são 
introjetados e formam a personalidade da pessoa. 
As relações significativas posteriores são reedições 
dessas experiências primeiras.

C) os indivíduos são determinados pelo meio em 
que vivem. Assim, a história de vida é determinante 
do jeito que ela se relacionará com os demais ao 
longo da vida.

D) os indivíduos têm uma tendência a se anularem 
em favor dos outros. Assim, tornar-se quem se é 
significa entender o quanto é nocivo agradar aos 
outros.

E) o único aspecto realmente importante da vida é 
o aqui-e-agora; a história de vida e as expectativas 
em relação ao futuro são secundários. 
 
Seus estudos devem ter-lhe auxiliado a perceber 
que as alternativas B e C apresentam hipóteses 
deterministas sobre a natureza humana, que não 
correspondem à perspectiva de Carl Rogers. A 
alternativa D interpreta equivocamente a noção de 
“tornar-se quem se é”, pois pressupõe que os 
outros são nocivos para a pessoa. A alternativa E 
desconsidera a importância da história de vida e 
dos projetos existenciais. Portanto, a alternativa 
correta é a A, que apresenta a compreensão de 
pessoa como um organismo que tende à auto-
realização e é, em sua essência, confiável. 
 


A Tendência Atualizante 
 
Bibliografia básica: ROGERS, C. “Ser o que 
realmente se é: Os objetivos pessoais vistos por 
um terapeuta.” Tornar-se Pessoa. São Paulo: 
Martins Fontes, 2009. 
Bibliografia complementar: AMATUZZI, M. 
“Abordagem Centrada na Pessoa e 
Psicoterapia” Rogers: Ética Humanista e 
Psicoterapia. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010. 
 
O ser humano não é determinado por forças 
que o impelem a destruir o outro ou si mesmo. Pelo 
contrário, todo organismo busca a autorrealização 
e o crescimento cada vez mais plenos. Realizar-me 
como indivíduo significa também ajudar os outros 
na busca da autorrealização. Assim, Rogers 
formula que todo organismo possui uma tendência 
natural a um desenvolvimento mais completo e 
mais complexo. Isso pode ser observado em todos 
os organismos e não seria diferente com o ser 
humano. Nossos processos naturais também estão 
voltados para a manutenção, para o crescimento e 
para reprodução do organismo que somos. Essa 
tendência natural ao desenvolvimento mais 
completo e mais complexo recebe o nome de 
Tendência à Autorrealização (ou Tendência 
Atualizante). 
NaAbordagem Centrada na Pessoa, todos os 
comportamentos humanos são manifestação dessa 
tendência à autorrealização, o que significa que 
buscam a manutenção e o crescimento do 
organismo. Todas as pessoas possuem essa 
tendência intrínseca para buscar estados novos de 
maior complexividade afetividade e cognitiva. 
A compreensão da tendência atualizante 
intrínseca às pessoas é o fundamento da proposta 
rogeriana para a psicoterapia. 


Atividades recomendadas: 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
atentando para a concepção de homem 
desenvolvida por Carl Rogers. Relacione essa 
concepção com os aspectos gerais das Psicologias 
Humanistas vistos no Módulo 01. 
2) Reflita sobre a sua recepção dessa concepção 
otimista da essência humana. Você se percebe 
disposto a reconhecer que a “essência das 
pessoas é digna de confiança” (p.66)? Quais 
motivações você identifica para o seu 
posicionamento? 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: 


Rogers reconhece nos seres humanos a tendência 
à autorrealização. Diz ele: 
 
Quer falemos de uma flor ou de um carvalho, de 
uma minhoca ou de um belo pássaro, de uma 
maçã ou de uma pessoa, creio que estaremos 
certos ao reconhecermos que a vida é um 
processo ativo, e não passivo. Pouco importa que 
o estímulo venha de dentro ou de fora, pouco 
importa que o ambiente seja favorável ou 
desfavorável. Em qualquer uma dessas condições, 
os comportamentos de um organismo estarão 
voltados para a sua manutenção, seu crescimento 
e sua reprodução. Essa é a própria natureza do 
processo a que chamamos vida. Esta tendência 
está em ação em todas as ocasiões. Na verdade, 
somente a presença ou ausência desse processo 
direcional total permite-nos dizer se um dado 
organismo está vivo ou morto. (Rogers, 1983, apud 
Moreira, 2007, p.52) 
 
Sobre a tendência à autorrealização está correto 
afirmar: 
 
A) A preocupação com uma possível tentativa de 
suicídio evidencia a presença de uma tendência 
destrutiva no âmago da condição humana.

B) Esta tendência se manifestará somente se 
houver, por parte do indivíduo, conscientização de 
sua existência.

C) Esta tendência pode ser frustrada ou 
desvirtuada, mas não pode ser destruída sem que 
se destrua também o organismo.

D) Sem estímulo externo, não há como esta 
tendência ser desenvolvida pelos organismos.

E) Esta tendência e sua manifestação independem 
da relação com o meio, sempre se manifestará da 
mesma forma, na mesma intensidade em todos os 
indivíduos. 
 
A afirmação A apresenta uma tentativa de 
suicídio como evidência de uma tendência 
destrutiva na essência humana. Como vimos no 
texto acima e nas leituras indicadas, uma das 
principais contribuições de Rogers para a 
Psicologia foi a formulação de uma visão otimista 
do homem: “a essências das pessoas é digna de 
confiança”, pois a tendência à autorrealização visa 
a manutenção e o crescimento do organismo. Essa 
afirmação está, portanto, incorreta. 
A afirmação B indica uma condição para a 
manifestação da tendência à autorrealização. 
Como vimos, essa tendência é intrínseca aos 
organismos e está sempre presente e atuante, 
extinguindo-se apenas quando o organismo morre. 
Está, portanto, incorreta. 
Na afirmação C lemos que a “tendência pode 
ser frustrada ou desvirtuada, mas não pode ser 
destruída sem que se destrua também o 
organismo.” Está correto que ela pode ser frustrada 
ou desvirtuada. Devido a situações 
desfavorecedoras o organismo pode ficar limitado 
na sua capacidade de buscar desenvolvimentos 
criativos, restringindo seus comportamentos 
apenas aos de sobrevivência. Porém, mesmo 
desvirtuada ou frustrada a tendência à 
autorrealização permanece presente e atuante. Por 
isso, através de um clima facilitador, pode 
encontrar modos mais apropriados de 
manifestação, que conduzam a pessoa (o 
organismo) a modos mais complexos de vida. Esta 
afirmação está correta. Vejamos as demais. 
A afirmação D apresenta como condição para 
a tendência à autorrealização a presença de 
estímulos externos. Há dois erros nessa afirmação. 
Primeiro, a autorrealização é inerente, intrínseca 
aos organismos. Lembremos, entretanto, que toda 
manifestação acontece no meio em que o 
organismo vive. O segundo erro está em 
condicionar a tendência à autorrealização a 
estímulos. Se necessitasse de estímulos externos 
ela seria um reflexo e não uma força motriz, origem 
de todos os comportamentos. Ela é iniciadora. 
A afirmação E ignora a influência do meio em 
que vive o organismo. Como vimos, cada 
organismo interage constantemente com seu meio. 
Os meios podem ser mais ou menos favorecedores 
para a expressão da tendência à autorrealização, 
podendo até sistematicamente frustrá-la. Como o 
meio em que o organismo vive é fundamental para 
seu crescimento, a relação de ajuda na Abordagem 
Centrada na Pessoa é pensada como um ambiente 
facilitador. 
Outro equívoco na afirmação E é a ideia de 
que a tendência à autorrealização se manifesta da 
mesma forma em todas as pessoas. Como cada 
pessoa tem uma história de vida singular, pois 
desenvolveu-se em ambientes diferentes, 
relacionando-se de formas diferentes consigo 
mesmo e com os outros, a tendência à 
autorrealização se manifesta de modo singular em 
cada pessoa ou organismo. 
 
 
O objetivo da Psicoterapia e o lugar do 
terapeuta na Terapia Centrada na Pessoa 
 
Bibliografia básica: ROGERS, C. “'Ser o que 
realmente se é': Os objetivos pessoais vistos por 
um terapeuta.” Tornar-se Pessoa. São Paulo: 
Martins Fontes, 2009. 
Bibliografia complementar: AMATUZZI, M. 
“Abordagem Centrada na Pessoa e 
Psicoterapia” Rogers: Ética Humanista e 
Psicoterapia. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010. 
 
 “Tornar-se quem se é” é o objetivo da 
relação terapêutica. Significa poder experimentar 
seus sentimentos e se relacionar consigo mesmo e 
com os outros de modo profundo, complexo e 
satisfatório. Porém, as relações vivenciadas podem 
conduzir à direção oposta. Circunstâncias 
ameaçadoras fazem com que o indivíduo priorize a 
defesa de sua integridade, ficando limitada na sua 
capacidade de experimentar a complexidade de 
sentimentos presentes nas relações humanas. 
Outras circunstâncias podem levar o indivíduo a 
falsear ou negar a sua realidade vivenciada, ou 
ainda a reprimir seus sentimentos e desejos. Por 
exemplo, uma criança pode sentir inveja diante do 
nascimento de um irmão, mas esse sentimento é 
mal visto e repreendido pelos pais. Isso pode levar 
essa criança a reprimir sentimentos percebidos 
como errados, ficando limitado na sua capacidade 
de se relacionar com os demais, pois a inveja é um 
sentimento humano. 
 A Abordagem Centrada na Pessoa 
compreende que a repetição e o acúmulo de 
ameaças à integridade ou repressão de 
sentimentos, que experimentamos na família, na 
escola e na cultura podem limitar nossa liberdade 
de nos reconhecermos como somos e nossas 
necessidades, de experimentarmos nossos 
sentimentos e de realizarmos escolhas pertinentes 
ao nosso desenvolvimento pessoal e relacional. 
 O terapeuta nesta abordagem é um 
facilitador do desenvolvimento pessoal. É alguém 
que se dispõe a compreender o cliente, respeitá-lo 
e aceitá-lo tal como ele próprio de percebe. Vê o 
cliente como pessoa, isto é, um ser livre e 
responsável, capaz de compreender-se e 
transforma-se, e relaciona-se com ele enquanto tal. 
A partir dessa relação terapêutica, a pessoa 
(cliente) começa a afastar-se de modelos falseados 
de si mesmo, encaminhando-se para maior 
autonomia. Torna-se progressivamente mais 
responsável por si mesmo, pois capaz de decidir-
se sobre quais são comportamentos e sentimentos 
significativos e quais não. Encaminha-se, assim, 
para uma realidade mais fluida, em processo. 
 
Atividades recomendadas: 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
atentando para a concepção de homem e de 
psicoterapia desenvolvida por Carl Rogers e 
buscando os nexos entre ambas. 
2) Responda: fundamentado na abordagem 
desenvolvidapor Carl Rogers, qual é a importância 
do autoconhecimento do terapeuta para a relação 
terapêutica? 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: 
 
Com relação à Abordagem centrada na pessoa de 
Carl Rogers nós podemos afirmar que: 
 
I – Trata-se de uma abordagem que ressalta a 
importância de que o terapeuta desenvolva um 
conjunto de atitudes que serão fundamentais para 
a mudança da pessoa, muito mais do que recursos 
técnicos de intervenção terapêutica. 
II – A abordagem centrada preocupa-se 
fundamentalmente com intervenções que visam o 
conteúdo daquilo que se fala na sessão. 
III – Na medida em que o terapeuta interage de 
modo autêntico, acolhedor, compreensivo e 
aceitando as pessoas, estas desenvolvem uma 
atitude de maior consideração em relação a si 
mesmas e fazendo com que elas se tornem mais 
congruentes. 
 
Estão corretas: 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) III, apenas. 
d) I e II, apenas. 
e) I e III, apenas. 
 
 Se você leu e compreendeu os textos 
indicados para estudo, pôde perceber que a 
afirmação I está correta, pois a Terapia Centrada 
no Cliente foi desenvolvida a partir da percepção 
de Rogers de que certas atitudes por parte do 
terapeuta eram mais propiciadoras de mudanças 
do que as técnicas. Rogers conhecia bem as 
técnicas psicológicas utilizadas na primeira metade 
do século XX, pois iniciou sua carreira como 
conselheiro psicológico. Sua postura acolhedora, 
compreensiva, revelou-se mais facilitadora de 
mudanças do que as técnicas persuasivas 
empregadas pela psicologia da época. Isso levou-o 
a conclusão de que a autenticidade, a 
compreensão e aceitação incondicional do 
terapeuta são condições suficientes para a 
autocompreensão e automodificação dos clientes. 
A afirmação III também está correta. A afirmação II 
está incorreta, pois processo terapêutico depende 
de que o terapeuta consiga propiciar um ambiente 
facilitador para o cliente. Portanto, a alternativa 
correta é E. 
 
4) Realize os exercícios deste módulo, anotando 
as dúvidas que surgirem durante a resolução. 
Busque respostas às suas dúvidas na bibliografia 
indicada ou através de novas pesquisas 
bibliográficas. Caso suas dúvidas persistam, 
apresente-as ao professor nas aulas presenciais. 
Módulo 4: A Gestalt-terapia de Perls. Suas 
interlocuções com o pensamento humanista. 
Fenômenos psicológicos à luz da Gestalt-
Terapia. 
 
Objetivo: Conhecer os pressupostos teóricos da 
Gestalt-terapia e a articulação com as abordagens 
humanistas em psicologia. Diferenciar os 
pressupostos e os objetivos da Gestalt- terapia das 
demais abordagens humanistas. 
 
Dados biográf icos de Fr i tz Per ls e o 
desenvolvimento da Gestalt-Terapia 
 
Bibl iograf ia Básica: PERLS, F. (1988) 
“Fundamentos” A Abordagem Gestáltica e 
Testemunha Ocular da Terapia, cap. 1. 
 
Bibliografia complementar: MENDONÇA, M. “A 
psicologia humanista e a abordagem gestáltica” In: 
FRAZÃO, L. M. & FUKUMITSU, K. O. (orgs.) 
Gestalt-terapia. 
 
A Gesta l t - terapia é uma abordagem 
terapêutica que enfatiza a responsabilidade e a 
liberdade essenciais do ser humano perante a sua 
existência. Seu desenvolvimento deve-se 
principalmente ao trabalho de Frederik Perls, cujo 
nome ficou associado a esse modelo de 
atendimento psicoterápico. 
Perls nasce em 1893 na Alemanha, onde 
forma-se médico sob supervisão de Kurt Goldstein, 
neurologista estudioso da percepção em pacientes 
com ferimentos cerebrais. Inicia sua análise com 
Wilhelm Reich, dissidente da psicanálise freudiana. 
A influência de Reich faz-se sentir na importância 
que a Gestalt-terapia atribui ao corpo. Com a 
ascensão do nazismo, Perls, já casado com Laura 
Perls, foge para a África do Sul, onde funda um 
Instituto de Treinamento Psicanalítico. Data dessa 
época o seu primeiro livro Ego, fome e agressão 
(Ego, Hunger and Agression, 1947). 
E m 1 9 4 6 m u d a - s e p a r a o s E U A , 
estabelecendo-se em Nova Iorque. Lá tem contato 
com a psicóloga humanista Karen Horney. Com a 
contribuição de Laura Perls, que era estudiosa da 
Psicologia da Gestalt, começa a dar corpo ao 
modelo de atendimento que realiza em workshops 
nos EUA. O nome Gestalt-terapia aparece pela 
primeira vez em 1951 (no livro O Início da Gestalt-
terapia). Pouco depois fundam o Instituto de 
Gestalt-terapia de Nova Iorque. 
Seguindo as ideias de Reich, Perls enfatiza a 
experiência corpórea como possibilidade de 
expressão. Fritz desenvolve essa compreensão na 
Gestalt-terapia através de uma concepção holística 
de homem. Há um paralelismo entre corpo e 
mente, de modo que ambos expressam vivencias. 
O homem é um organismo total que busca 
constantemente o equilíbrio através de trocas com 
o meio. 
Na Psicologia da Gestalt Perls descobre que o 
“homem não percebe as coisas isoladas e sem 
relação, mas as organiza no processo perceptivo 
como um todo significativo” (Perls, 1988, p.18) a 
partir de um interesse motivador. Essa mesma 
teoria fornece outros conceitos importantes: figura-
fundo, princípio de pregnância e teoria de campo. 
 
Atividades recomendadas 
1. Pesquise na bibliografia a vida e a obra de Fritz 
Perls e Laura Perls. 
2. Pesquise inserção da Gestalt-terapia no Brasil. É 
difundida? Dispõem de centros de estudo e 
treinamento? 
3. Pesquise na internet vídeos que mostram Fritz 
Pe r l s r ea l i zando wo rkshops e sessões 
terapêuticas. Descreva a postura dele nos 
atendimentos. Essa postura está em acordo com 
os fundamentos da Gestalt-terapia? Por que? Está 
em acordo com a Psicologia Humanista? Por que? 
4. Acompanhe o exercício abaixo: 
 
A imagem abaixo costuma ser usadas para se 
estudar a relação figura/fundo, estudada pela 
Psicologia da Gestalt e apropriada pela Gestalt-
terapia. 
 
 
 
 
Sobre o termo Gestalt é correto afirmar que: 
 
a) refere-se à figura, que emerge a partir de um 
fundo. No caso da figura, a Gestalt é aquilo que 
vejo primeiro, seja um cálice ou dois rostos. 
b) refere-se a um todo, a uma configuração 
estrutural que faz do todo uma unidade maior do 
que a soma das partes. 
c) refere-se ao fundo, que determina que aspecto 
da figura aparece. No caso, se eu vejo os rostos 
primeiro, a Gestalt é fundo branco. 
d) é sinônimo de awareness, isto é, a percepção 
global de si mesmo. 
e) refere-se à possibilidade de perceber todas as 
imagens contidas numa mesma imagem. Perceber 
somente o rosto ou o cálice na figura é uma 
Gestalt-parcial. 
 
Se você leu atentamente os textos indicados, 
lembra-se de que o termo Gestalt, apresentado 
pela Psicologia da Gestalt, refere-se a uma forma. 
A forma organiza-se como um todo estruturado a 
partir da relação figura-fundo. A percepção humana 
se dá através de todos organizados (Gestalt), por 
isso Fritz Perls utilizará esse termo para a terapia 
focada na capacidade de interação saudável 
indivíduo-meio que ele desenvolve. Das 
alternativas fornecidas, devemos encontrar aquela 
que apresenta adequadamente essa noção do 
termo Gestalt. A alternativa A indica como Gestalt 
apenas a figura que aparece. Está, portanto, 
incorreta. A alternativa C propõe o oposto: que o 
fundo é a Gestalt. A alternativa D apresenta esse 
conceito como sinônimo de awareness, importante 
conceito da Gestalt-terapia que designa a 
capacidade de apercepção da totalidade presente. 
Está incorreta, portanto. A alternativa E refere-se a 
todas as figuras possíveis de serem vistas no 
desenho, estando também incorreta. A alternativa 
que apresenta corretamente o conceito de Gestalt 
é B. 
 
Principais conceitos da Gestalt-terapia 
 
Bibl iograf ia Básica: PERLS, F. (1988) 
“Fundamentos” A Abordagem Gestáltica e 
Testemunha Ocular da Terapia, cap. 1. 
 
Bibliografia complementar: FRAZÃO, L.M. 
“Psicologia da Gestalt” In: FRAZÃO, L. M. & 
FUKUMITSU, K. O. (orgs.) Gestalt-terapia. 
 
A Psicologia da Gestalt estuda a percepção 
humana. Sua conclusão básica é de que o homem 
percebe totalidades, e não partes isoladas. Uma 
séria de pontos sequenciais, próximos uns aos 
outros, porexemplo, é visto como uma ‘linha’. A 
Gestalt-terapia busca seu nome no conceito de 
Gestalt, que se pode traduzir por ‘forma’. Gestalt 
significa também um ‘todo’. Nesta concepção, o 
todo é sempre diferente da mera soma das partes. 
Perls (1988) define esse conceito como: “forma, 
configuração, modo particular de organização das 
partes individuais que entram em composição.” (p.
18) Disso se desdobra a concepção de que os 
indivíduos vivenciam totalidades. As totalidades se 
organizam como figuras sobre um fundo, 
organizadas de acordo com o interesse do 
indivíduo. 
De acordo com a visão holística que 
fundamenta a Gestalt-terapia, os indivíduos são 
totalidades corpo-mente e ambos modos de ação, 
psíquico ou físico, são formas de expressão. O 
princípio que rege as ações do organismo é a 
homeostase, processo por qual busca o equilíbrio. 
As necessidades orgânicas e psicológicas geram 
desequilíbrio, que o organismo busca restaurar. 
Entretanto, a vida é um processo contínuo de 
desequilíbrio e busca de equilíbrio, nunca atingindo 
o equilíbrio absoluto. O mesmo processo regula a 
tendência à sobrevivência de todo organismo. 
 Os organismos agem em ‘campos’. Esse é 
um conceito da Psicologia da Gestalt, desenvolvido 
pelo psicólogo Kurt Lewin. Um campo é uma 
totalidade em equilíbrio de forças e todos os 
acontecimentos no campo são funções desse 
campo total. Os comportamentos do indivíduo, em 
resposta a suas necessidades, podem estar em 
relação mútua com o meio no qual acontecem ou 
em relação conflituosa. Neste caso, há dispêndio 
desnecessário de energia e perda da capacidade 
do indivíduo de interagir com seu meio. Isso pode 
culminar num processo neurótico: “Se, por alguma 
alteração no processo homeostático, o indivíduo for 
incapaz de manipular seu meio a fim de atingi-las 
[necessidades], comportar-se-á de modo 
desorganizado e ineficaz.” (Perls, 1988, p. 33) 
 A Gestalt-terapia é um processo a partir do 
qual o organismo (no caso, o cliente) pode 
recuperar sua capacidade de relação com o meio, 
reconhecendo suas necessidades e agindo 
eficazmente de acordo com elas. 
 
Atividades recomendadas 
1. Leia atentamente os textos indicados, prestando 
atenção aos conceitos que fundamentam esta 
abordagem. Marque-os e construa um glossário 
para seus estudos. 
2. Pesquise através de bibliografia e da internet a 
Psicologia da Gestalt. Estabeleça uma relação 
entre a Psicologia da Gestalt e a Gestalt-terapia a 
partir de seus principais conceitos. 
3. Acompanhe o exercício abaixo: 
Fritz Perls (1988) considera que “se não nos 
podemos compreender nem entender o que 
fazemos, não podemos pretender resolver nossos 
p r o b l e m a s n e m e s p e r a r v i v e r v i d a s 
gratificantes.” (p. 17). Por essa razão, a Gestalt-
terapia deve repousar sobre fundamentos claros e 
compreensíveis, ao invés de obscuros e 
irracionais. A Gestalt-terapia por ele iniciada segue 
algumas premissas básicas. Indique-as abaixo: 
 
I – A autorregulação, que é o processo através do 
qual o organismo interage com o meio. 
II – A homeostase, segundo a qual o organismo 
busca permanecer em equilíbrio e evitar o 
desequilíbrio. 
III – o conceito de Gestalt, que se refere ao todo 
figura-fundo. 
IV – A projeção, a partir do qual o organismo 
projeta no ambiente os significados que lhe são 
satisfatórios. 
 
São premissas da Gestalt-terapia apenas: 
a) I, III e IV. 
b) II e IV. 
c) I, II e IV. 
d) I e III. 
e) I e II. 
 
A leitura atenta do enunciado indica que 
precisamos avaliar as afirmações tendo em vista a 
cor reção dos conce i tos ges tá l t i cos que 
apresentam. A afirmação I fala de autorregulação, 
que é a capacidade do organismo de interagir com 
seu meio na busca do equilíbrio homeostático. Está 
correta. A afirmação II apresenta o conceito de 
homeostase, que é a busca contínua pelo 
equilíbrio, que nunca é atingido pois o campo é 
móvel e as necessidades, fluídas. Esta afirmação 
apresenta incorretamente a noção de homeostase. 
A afirmação III apresenta corretamente a noção de 
Gestalt, central na Gestalt-terapia. A afirmação IV 
fala de projeção, que é um mecanismo neurótico. 
Na projeção, o indivíduo torna o meio responsável 
por algo que se origina no eu, desapropriando-se 
de seus impulsos e necessidades. Não se refere 
exclusivamente a significados satisfatórios, dado 
que podem ser projetados aspectos insatisfatórios 
do indivíduo também. A alternativa correta é D (I e 
III, apenas.) 
 
 
A Gestalt-terapia como possibilidade de 
atuação do psicólogo. 
 
Bibl iograf ia Básica: PERLS, F. (1988) 
“Fundamentos” A Abordagem Gestáltica e 
Testemunha Ocular da Terapia, cap. 1. 
 
Bibliografia complementar: MENDONÇA, M. “A 
psicologia humanista e a abordagem gestáltica” In: 
FRAZÃO, L. M. & FUKUMITSU, K. O. (orgs.) 
Gestalt-terapia. 
 
A gestalt-terapia é um modelo de atendimento 
terapêutico para crianças, adultos, casais e grupos, 
que promove a recuperação e/ou a ampliação da 
capacidade de conscientização (awareness) no 
aqui-agora, possibilitando contato mais pleno e 
trocas mais eficientes com o meio. Esta proposta 
se fundamenta na compreensão de que o 
sofrimento psicológico é a expressão de 
dificuldades em perceber as próprias 
necessidades, as ações voltadas para satisfazê-las 
e o caráter ‘nutritivo’ ou ‘tóxico’ das trocas com o 
meio. O campo (indivíduo-meio) muda 
constantemente de acordo com as mudanças de 
equilíbrio intrínsecas e geradas pelo organismo em 
busca de sua homeostase. Nos processos 
neuróticos há uma confusão entre indivíduo e 
meio, de modo que o organismo perde a sua 
capacidade de interagir com eficiência. Segundo 
Perls (1988), a neurose ocorre quando “a busca do 
equilíbrio do homem o leva a retirar-se mais e 
mais, a permitir que a sociedade o influencie 
demais, a subjugá-lo com suas exigências, ao 
mesmo tempo a separá-lo do convívio social, a 
pressioná-lo e moldá-lo.” (p.56) Vale destacar que 
a Gestalt-terapia reconhece a neurose como um 
processo, não como uma estrutura. Com a 
capacidade de autorregulação limitada, cada nova 
situação propicia ao indivíduo que aumente seu 
desequilíbrio. 
A Gestalt-terapia aproxima-se das terapias 
humanistas por compreender as pessoas como 
livres e responsáveis. O termo ‘responsabilidade’ 
deve ser entendido como capacidade de 
responder, e não somente como obrigação de 
responder pelos atos. Nesse contexto, a Gestalt-
terapia promove a autonomia através da 
capacidade de responder às situações vivenciadas 
pelos pacientes. 
O Gestalt-terapeuta é um facilitador da 
conscientização (awareness) da situação presente, 
aqui-agora, do paciente. Para isso, oferece 
condições para o encontro dual EU-TU (tematizado 
por Martin Buber), no qual cada um reconhece a 
liberdade e responsabilidade ontológicas do 
homem. A relação terapêutica é horizontal, isto é, 
não há um agente de mudanças (terapeuta) e um 
objeto (paciente). A relação se estabelece entre 
dois iguais, sendo que um deles (o terapeuta) 
dispõe-se a facilitar a conscientização (awareness) 
do outro (paciente). 
A Gestalt-terapia reconhece que 
frequentemente os pacientes procuram o Gestalt-
terapeuta esperando que ele provoque 
transformações, mas cuida para que o paciente 
torne-se consciente (aware) dessa postura de 
vitimização, que dificulta a liberdade, a autonomia 
e a responsabilidade. 
 
Atividades recomendadas 
1. Leia atentamente os textos indicados, anotando 
suas dúvidas. 
2. Considere a perspectiva gestáltica como modelo 
de trabalho do psicólogo. Justifique a sua inserção 
no âmbito das psicologias humanistas. 
3. Acompanhe o exercício abaixo. 
 
Nas primeiras sessões, Fernanda parece não 
conseguir dizer o que quer dizer e se perde entre 
palavras chegando a dizer, entretanto, coisas que 
parecia não querer dizer. Seu discurso compõe 
frases como: não sei por que estou aqui; acredito 
que ninguém pode me ajudar; ninguém me ajuda; 
estou sozinha; diga-me o que fazer. Parece que 
Fernanda perdeu o sentidode quem é, e 
principalmente, de quem deve viver a sua vida. 
Suas demandas incluíam solicitações que se 
perdiam num mundo dos porquês e das tentativas 
de explicações em busca de uma cura para tudo 
que estava acontecendo em sua vida, uma vida 
que muitas vezes não identificava como sendo dela 
própria. 


A partir da perspectiva da Gestalt-terapia, leia 
atentamente as afirmações abaixo sobre o modo 
como se abordaria esta situação terapêutica: 
 
I – Fernanda pede explicações e se perde nos 
porquês, pois não observa e não parece saber 
descrever o que está fazendo e como (aqui e 
agora). 
II – Fernanda perde o sentido de quem é, pois não 
está consciente (awareness) de sua situação 
existencial. 
III – Fernanda busca explicações e justificativas, 
pois não se reconhece como autora de sua própria 
vida. 
IV – Fernanda perde o sentido de quem é, pois 
parece ter traumas infantis importantes que 
precisam ser analisados. 
V – Fernanda espera que o terapeuta lhe diga 
quem ela é, dado que esse é o papel do terapeuta 
na Gestalt-terapia. 
 
Apresentam leituras corretas dos fenômenos 
clínicos apresentados somente as afirmações: 
 
A) I, II e V. 
B) I, II e IV. 
C) II, IV e V. 
D) I, II e III. 
E) I, II, III e V. 
 
Se você leu atentamente os textos indicados, foi 
capaz de perceber que as afirmações I, II e III 
estão corretas. A primeira apresenta a dificuldade 
vivenciada por Fernanda de descrever-se, isto é, 
de aperceber-se de si na situação presente. Com 
isso, perde a capacidade de trocar com o meio 
eficientemente. A segunda afirmação apresenta-a 
como não estando aware de sua situação. Esse 
modo de estar presente nas situações faz com que 
sinta dificuldades nas suas vivências, mas atribua 
essas dificuldades a motivos alheios, sem 
reconhecer a sua participação (afirmação III). A 
afirmação IV apresenta “traumas infantis 
importantes” como motivo das dificuldades atuais. 
Como vimos, é no aqui-agora que se encontram as 
dificuldades, e não no lá-então. Portanto, não são 
traumas infantis, mas sua dificuldade de 
conscientização (awareness) da situação atual, 
acompanhada da perda de contato, que motivam 
as dificuldades vivenciadas. A última afirmação 
apresenta o papel do Gestalt-terapeuta como “dizer 
a Fernanda quem ela é”. Porém, como vimos, o 
terapeuta facilita o processo de awareness no aqui-
agora, acompanhando os pacientes no resgate de 
sua autonomia. Portanto, a alternativa correta é D. 
 
4) Realize os exercícios deste módulo, anotando 
as dúvidas que surgirem durante a resolução. 
Estas dúvidas devem ser motivo de novas 
pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. 
Caso elas persistam, apresente-as ao professor, 
nas aulas presenciais. 
Módulo 05: Psicologia Humanista como ética 
Objetivo: Reconhecer a atitude ética do psicólogo 
humanista. 
Bibliografia básica: AMATUZZI, M. A Abordagem 
Centrada na Pessoa como Ética das Relações 
Humanas. Rogers: Ética Humanista e 
Psicoterapia. Campinas, SP: Editora Alínea, 
2010. 


Abordagem Centrada na Pessoa como ética das 
relações humanas 
 A palavra “ética” é definida no Dicionário Houaiss 
como: 
1. parte da filosofia responsável pela 
investigação dos princípios que motivam, 
distorcem, disciplinam ou orientam o 
comportamento humano, refletindo esp. a respeito 
da essência das normas, valores, prescrições e 
exortações presentes em qualquer realidade social. 
(Dicionário Houaiss online, 2016) 
Dessa definição deriva o significado de conjunto de 
regras e valores morais. Ao formar-se psicólogo, 
você comprometer-se-á com o Código de Ética 
profissional, que rege os comportamentos aceitos e 
não aceitos dos psicólogos no exercício 
profissional. 

 Etimologicamente, ética deriva de duas palavras 
gregas que compartilham a mesma raiz: éthos e 
êthos. A primeira significa costume, uso, hábito e a 
segunda, caráter, maneira de ser de uma pessoa, 
disposições naturais de alguém. A disciplina 
filosófica Ética trata da segunda.

 O que significa, então, afirmar, como Amatuzzi 
(2010), que a Abordagem Centrada na Pessoa, de 
Carl Rogers, traz contribuições éticas e é, ela 
própria, uma ética? Significa que as propostas de 
Rogers não se dirigem a técnicas, manejos e 
procedimentos do psicólogo, como um código de 
ética faria, mas, sim, à sua atitude. Significa ainda 
mais que isso: que, embora a ACP seja tida como 
uma abordagem psicológica, ela propõe uma 
atitude, um modo de ser em relação com os outros 
e consigo mesmo.

 Já foi visto com Holanda (2015) que as 
Psicologias Humanistas são um acontecimento 
recente numa história de resgate da ética do 
pensamento. Assim como o Humanismo 
renascentista recolocou como centro de 
preocupação o homem, resgatando sua dignidade, 
devolvendo-lhe sua responsabilidade por seu ser e 
se seu mundo, a ACP surge como abordagem 
psicológica (no primeiro momento ela é Terapia 
Centrada no Cliente) para, em seguida, tornar-se 
uma reflexão sobre as relações humanas. 
(Amatuzzi, 2010)

 Diferenciando-se das psicologias em voga nos 
EUA na década de 1940, Rogers assume a crença 
na orientação positiva e na tendência ao 
crescimento das pessoas. Tal atitude manifesta-se 
na relação com o cliente como horizontalidade, ou 
seja, o psicólogo deixa de ser um “vidente 
ilustrado” (Amatuzzi, 2010, p.11), que usa teorias 
psicológicas gerais e causalistas para diagnosticar 
e intervir, para “facilitar ao o outro o recurso às 
suas próprias fontes interiores” (Amatuzzi, 2010, p.
12). Contribui, portanto, postulando um modo de 
acontecer a relação psicólogo-cliente que 
resguarda (e resgata) sua autonomia e sua 
responsabilidade. 
Atividades recomendadas 
1. Leia atentamente a bibliografia indicada. 

2. Pesquise na literatura e na internet sobre a Ética 
na filosofia.

3. Pesquise o Código de Ética Profissional do 
Psicólogo, considerando se ele se dirige a 
comportamentos ou a atitudes.

4. Acompanhe o exercício abaixo: 
Segundo Amatuzzi (2010), A Abordagem Centrada 
na Pessoa, desenvolvida por Carl Rogers, é uma 
ética. Diz ele: 
“Trata-se de olhar o ser humano (pessoas, 
comunidade, humanidade) com um senso de 
respeito que decorre da natureza própria e original 
desse objeto. É olhar para ele não como algo útil, 
mas como ser portador de um valor próprio e 
inalienável, como ser que me impõe algo de 
absoluto. É respeitá-lo naquilo que ele é.” (21) 
Nessa afirmação, estão contidos os seguintes 
pressupostos: 
I – O ser humano é autônomo e capaz de orientar 
sua própria vida de forma positiva para si mesmo e 
para a coletividade.

II – A Abordagem Centrada na Pessoa desenvolve 
técnicas e procedimentos voltados para uma 
relação mais igual entre os participantes.

III – A ACP é etica porque se refere àquele que 
procura atendimento psicológico como cliente, ao 
invés de paciente. 

IV – A ACP reconhece o valor único de cada 
pessoa. 
Estão corretas somente as afirmações: 
A) I e II.

B) II e III. 

C) III e IV.

D) I e IV.

E) I, II e IV. 
Se você leu atentamente a apresentação acima e a 
bibliografia indicada, terá identificado a alternativa 
D como correta. A afirmação II propõe que a ACP 
desenvolve técnicas, mas a atitude da pessoa é 
mais importante do que as técnicas que utiliza. Por 
isso, as reflexões da ACP se dirigem para as 
atitudes, não para as técnicas. Rogers chega a 
propor que “na relação de ajuda, devemos 
abandonar todas as técnicas e procedimentos 
padronizados, todas as estratégias pré-
fabricadas” (Amatuzzi, 2010, p.12). A afirmação III 
indica uma mudança de nomenclatura, que, 
embora correta, não necessariamente traz consigo 
uma mudança de atitude. Esta, sim, é que é a 
especificidade da ACP, que a torna uma ética das 
relações humanas.

 

 
A relação psicólogo – cliente na Abordagem 
Centrada na Pessoa: Relação ética

 

Bibliografia básica: AMATUZZI, M. A Abordagem 
Centrada na Pessoa como Ética das Relações 
Humanas. Rogers: Ética Humanista e 
Psicoterapia. Campinas, SP: Editora Alínea, 
2010.“Tornar-se quem se é” é o objetivo da relação 
terapêutica. Significa poder experimentar seus 
sentimentos e se relacionar consigo mesmo e com 
os outros de modo profundo, complexo e 
satisfatório. Porém, as relações vivenciadas podem 
conduzir à direção oposta. Circunstâncias 
ameaçadoras fazem com que o indivíduo priorize a 
defesa de sua integridade, ficando limitada na sua 
capacidade de experimentar a complexidade de 
sentimentos presentes nas relações humanas. 
Outras circunstâncias podem levar o indivíduo a 
falsear ou negar a sua realidade vivenciada, ou 
ainda a reprimir seus sentimentos e desejos. Por 
exemplo, uma criança pode sentir inveja diante do 
nascimento de um irmão, mas esse sentimento é 
mal visto e repreendido pelos pais. Isso pode levar 
essa criança a reprimir sentimentos percebidos 
como errados, ficando limitado na sua capacidade 
de se relacionar com os demais, pois a inveja é um 
sentimento humano.

 A Abordagem Centrada na Pessoa compreende 
que a repetição e o acúmulo de ameaças à 
integridade ou repressão de sentimentos, que 
experimentamos na família, na escola e na cultura 
podem limitar nossa liberdade de nos 
reconhecermos como somos e nossas 
necessidades, de experimentarmos nossos 
sentimentos e de realizarmos escolhas pertinentes 
ao nosso desenvolvimento pessoal e relacional.

 O terapeuta nesta abordagem é um facilitador 
do desenvolvimento pessoal. É alguém que se 
dispõe a compreender o cliente, respeitá-lo e 
aceitá-lo tal como ele próprio de percebe. Vê o 
cliente como pessoa, isto é, um ser livre e 
responsável, capaz de compreender-se e 
transforma-se, e relaciona-se com ele enquanto tal. 
A partir dessa relação terapêutica, a pessoa 
(cliente) começa a afastar-se de modelos falseados 
de si mesmo, encaminhando-se para maior 
autonomia. Torna-se progressivamente mais 
responsável por si mesmo, pois capaz de decidir-
se sobre quais são comportamentos e sentimentos 
significativos e quais não. Encaminha-se, assim, 
para uma realidade mais fluida, em processo.

 Esse modo de compreender a relação 
terapêutica se desenvolve ao longo da obra de 
Rogers para uma atitude nas relações humanas, 
isto é, não exclusivamente na relação terapêutica. 
O pressuposto humanista – resgate da dignidade 
humana, afirmação de sua responsabilidade, 
liberdade e autonomia – aparece na Abordagem 
Centrada na Pessoa como atitude de reconhecer 
que “O ser humano tem algum poder sobre as 
determinações que o afetam, e esse poder é, na 
verdade, mais relevante para o desenvolvimento 
do que aquelas determinações.” (Amatuzzi, 2010, 
p.17) Refere-se a um modo de ser, isto é, de 
assumir-se e estar com outro, como pessoa, no 
sentido da relação Eu-Tu descrita por Martin 
Buber. 

 Rosmaninho (2015) descreve os modos de 
relação Eu-Tu e Eu-Isso: 
Para Buber existem duas formas básicas do 
homem se relacionar: uma ele chamou de Eu-Isso 
e outra de Eu-Tu. São modos do homem se 
relacionar e se colocar diante do outro e do mundo. 
Na relação Eu-Isso, o homem se coloca diante do 
mundo como algo objetivo e, nessa atitude, ele se 
torna capaz de conhecer e habitar o mundo. Já na 
relação Eu-Tu, o homem se coloca em relação a 
um outro, que pode ser uma outra pessoa, uma 
obra artística ou literária, ou, ainda, uma situação 
vivenciada. A relação Eu-Tu é marcada pelo 
impacto da presença do outro, é um encontro no 
qual o homem é atravessado pela potência e pela 
força da vivência do outro. Este encontro foge às 
apreensões usuais e se recusa a ser sistematizado 
ou esquematizado. (Rosmaninho, 2015, p.176-7) 
 Na ACP, a relação Eu-Tu descreve o encontro 
inter-humano, no qual cada participante é aceito 
como pessoa autônoma, livre, criativa e capaz de 
dirigir suas ações na direção do crescimento do 
crescimento, da complexificação e da realização. 
Isso porque a pessoa que assim se coloca na vida 
reconhece a existência de uma tendência formativa 
universal. (Amatuzzi, 2010)

 

Referência bibliográfica: ROSMANINHO, M. A 
relação Eu – Tu no encontro terapêutico. In: 
EVANGELISTA, P. (org) Psicologia 
fenomenológico-existencial – Possibilidades da 
atitude clínica fenomenológica. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Ed. Via Verita, 2015, pp. 173 – 182. 

 
Atividades recomendadas: 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
atentando para a concepção de homem e de 
psicoterapia desenvolvida por Carl Rogers e 
buscando os nexos entre ambas. 
2) Responda: fundamentado na abordagem 
desenvolvida por Carl Rogers, qual é a importância 
do autoconhecimento do terapeuta para a relação 
terapêutica? 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:

 

Com relação à Abordagem centrada na pessoa de 
Carl Rogers nós podemos afirmar que:

 

I – Trata-se de uma abordagem que ressalta a 
importância de que o terapeuta desenvolva um 
conjunto de atitudes que serão fundamentais para 
a mudança da pessoa, muito mais do que recursos 
técnicos de intervenção terapêutica.

II – A abordagem centrada preocupa-se 
fundamentalmente com intervenções que visam o 
conteúdo daquilo que se fala na sessão.

III – Na medida em que o terapeuta interage de 
modo autêntico, acolhedor, compreensivo e 
aceitando as pessoas, estas desenvolvem uma 
atitude de maior consideração em relação a si 
mesmas e fazendo com que elas se tornem mais 
congruentes.

 

Estão corretas:

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) III, apenas. 

d) I e II, apenas.

e) I e III, apenas.

 

 Se você leu e compreendeu os textos 
indicados para estudo, pôde perceber que a 
afirmação I está correta, pois a Terapia Centrada 
no Cliente foi desenvolvida a partir da percepção 
de Rogers de que certas atitudes por parte do 
terapeuta eram mais propiciadoras de mudanças 
do que as técnicas. Rogers conhecia bem as 
técnicas psicológicas utilizadas na primeira metade 
do século XX, pois iniciou sua carreira como 
conselheiro psicológico. Sua postura acolhedora, 
compreensiva, revelou-se mais facilitadora de 
mudanças do que as técnicas persuasivas 
empregadas pela psicologia da época. Isso levou-o 
a conclusão de que a autenticidade, a 
compreensão e aceitação incondicional do 
terapeuta são condições suficientes para a 
autocompreensão e automodificação dos clientes. 
A afirmação III também está correta. A afirmação II 
está incorreta, pois processo terapêutico depende 
de que o terapeuta consiga propiciar um ambiente 
facilitador para o cliente. Portanto, a alternativa 
correta é E.

 

4) Realize os exercícios deste módulo, anotando 
as dúvidas que surgirem durante a resolução. 
Busque respostas às suas dúvidas na bibliografia 
indicada ou através de novas pesquisas 
bibliográficas. Caso suas dúvidas persistam, 
apresente-as ao professor nas aulas presenciais. 
Módulo 05 – O Aconselhamento Psicológico 
com prática psicológica humanista 
 
 
História do Aconselhamento Psicológico 
 
Bibliografia básica:SCHMIDT, M. L. S. “O nome, 
a taxonomia, e o campo do Aconselhamento 
Psicológico”, In: MORATO, H.T.P. et al. (Coord.) 
Aconselhamento Psicológico numa perspectiva 
fenomenológica existencial: uma introdução. 
Cap. I, p. 1-21. 
 
O surgimento do Aconselhamento Psicológico 
como modelo de intervenção psicológica está 
vinculado a alguns acontecimentos históricos nos 
Estados Unidos, como a fundação de Centros de 
Orientação Infantil e Juvenil para pais e filhos, a 
criação de serviços de Higiene Mental e Centros de 
Aconselhamento Pré-Matrimonial e Matrimonial, ao 
surgimento de instituições de Assistência Social 
que necessitavam oferecer apoio emocional aos 
seus clientes e ao desenvolvimento de serviços de 
assistência psicológica nas empresas. 
No começo do século XX, o aconselhamento não é 
realizado por psicólogos. O conselheiro é um perito 
no assunto a ser tratado, enquanto o 
aconselhando, alguém que necessita de 
orientação. O Aconselhamento pode ser 
profissional, vocacional, educacional ou marital. 
Diferencia-se bastante da prática psicoterapêutica, 
então restrita à psicanálise. Segundo