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Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB IMAGENOLOGIA DO ABDOME 1. O QUE FEITO NA RADIOGRAFIA DA “ROTINA DE ABDOME AGUDO”? –RX simples de abdome AP (decúbito dorsal) –RX simples de abdome AP (orstostática) –RX tórax em PA (ortostática) 2. QUAIS ESTRUTURAS PODEM SER IDENTIFICADAS NO RX SIMPLES DE ABDOME Sombra hepática, sombra esplênica, vértebras, sacro, ossos do quadril, músculo psoas, sombras renais, reto... 3. O QUE É A GORDURA PRÉ-PERITONEAL? As linhas de gordura pré-peritoneal são vistas nos flancos e correspondem à camada de gordura junto ao peritônio, indicando o limite lateral da cavidade peritoneal. Se houver apagamento dessa gordura, é indicativo de processos inflamatórios, hematomas, acúmulos líquidos, abscessos etc. Gordura pré-peritoneal Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 4. COMO SÃO AVALIADOS OS RINS NO RX DE ABDOME? Os rins são avaliados quanto a forma, o tamanho, os contornos, a posição e a presença de calcificações. Os seus contornos são mais nítidos quando a quantidade de gordura perirrenal é maior, estando situados entre os corpos vertebrais de T12 e L2. Mesmo que não seja possível visualizar as sombras renais, tem como saber onde os rins ficam pela topografia paraespinhal. Ainda que não tenha como ver as sombras, se tiver uma calcificação na região, pode ser um cálculo renal. 5. COMO É AVALIADO O PÂNCREAS NO RX DE ABDOME? O pâncreas, geralmente situado entre T9 e T12, não é visto na radiografia simples. Calcificações na região epigástrica e no hipocôndrio esquerdo podem indicar pancreatite crônica. 6. O MÚSCULO PSOAS É VISTO NO RX DE ABDOME? As bordas externas dos músculos psoas são visualizadas em virtude do contraste com a gordura adjacente. O apagamento dos seus contornos pode estar relacionado com processos inflamatórios/infecciosos, hemorragias retroperitoneais, tumores, ascite, etc. 7. ONDE É COMUM VERIFICAR A PRESENÇA DE GÁS NO RX DE ABDOME? -Estômago (bolha gástrica) -Intestino grosso -Reto No intestino delgado geralmente não se observa uma quantidade significativa de gás, mas é possível ver em paciente acamados ou que deglutem grande quantidade de ar. Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 8. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS RADIOLÓGICAS DOS INTESTINOS DELGADO E GROSO? 9. O QUE É O SINAL DO GRÃO DE CAFÉ? No volvo (torção) do sigmoide, o aspecto radiográfico é de alças cólicas paralelas, distendidas por gás, configurando o sinal do grão de café ou sinal do U invertido. Só pelo tamanho aí dá pra saber que é de intestino grosso, porque o delgado não dilata esse tanto. Lembrar que na torção do sigmoide, vai ficar virado para a esquerda. Se fosse torção do ceco, é o mesmo padrão de imagem, só que virado para o lado direito, aí chama de sinal do grão de café invertido. 10. COMO É VISUALIZADO GÁS EXTRALUMINAL NO RX DO ABDOME? A pneumatose intestinal (gás na parede intestinal) indica sofrimento de alça, e é visualizada por uma linha radiotransparente na parede do intestino. A aerobilia (gás na veia porta e nas vias biliares) é visualizada por regiões radiotransparentes dentro do fígado, num aspecto ramificado. Esse padrão surge quando há sofrimento intestinal, com acúmulo de gás na parede das alças, e o sistema porta drena dos intestinos e leva o sangue para o fígado. Aí tem pneumatose intestinal e aerobilia junto. No caso do paciente da imagem, que é um RN, tem que pensar em enterocolite necrosante. VOLVO DE SIGMOIDE VOLVO CECAL Aerobilia Pneumatose Intestinal Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 11. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO MEGAESÔFAGO CHAGÁSICO? O megaesôfago caracteriza-se por uma descoordenação motora e acentuada dilatação do esôfago, decorrente da destruição de seus plexos nervosos pela doença de Chagas. Na radiografia com contraste é possível visualizar a dilatação esofágica, com níveis hidroaéreos, e em casos mais graves apresenta o aspecto de bico de pássaro, típico da acalasia. A graduação de Rezende, que classifica o megaesôfago em 4 grupos, conforme a evolução da afecção. Essa classificação é feita de acordo com o tamanho medido em cm. 12. O QUE SÃO FLEBÓLITOS PÉLVICOS? Os flebólitos pélvicos são calcificações de trombos venosos e são frequentes visualizados na pelve. Por serem assintomáticos e não estarem relacionados com qualquer processo patológico significativo são considerados um achado normal. O problema dele é que é fácil confundir com cálculo renal. 13. QUAL O MELHOR EXAME PARA VISUALIZAR CÁLCULOS BILIARES? No raio-x, apenas 10-20% dos cálculos biliares são radiopacos e podem ser vistos na projeção hepática. Assim, o melhor exame para visualizar cálculo biliar é a ultrassonografia. 14. QUAL O MELHOR EXAME PARA VISUALIZAR CÁLCULOS URINÁRIOS? Os cálculos urinários são mais comumente observados no raio-X, podendo ser arredondados, irregulares e com distribuição central (trajeto rins-ureteres-bexiga). Bico de pássaro Nível hidroaéreo Cálculos Sombra acústica Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 15. COMO FUNCIONA O ESOFAGOGRAMA? O esofagograma ou esofagografia é um exame simples, rápido, não invasivo, de baixo custo e facilmente acessível. Consiste em dar um contraste para o paciente engolir e, enquanto ele vai engolindo, são feitos exames de raio-x. O método pode ser útil na avaliação da disfagia e das alterações morfológicas esofágicas, como estenoses, doença de Chagas, divertículos, pós-operatório e em outras situações. Entretanto, com o advento da endoscopia, suas aplicações têm diminuído. 16. COMO FUNCIONA O ESÔFAGO-ESTÔMAGO-DUODENOGRAFIA (EED)? O EED pode ser útil na avaliação da dor epigástrica, dispepsia entre outras. Algumas de suas aplicações atuais mais frequentes são na avaliação de eventuais complicações pós-operatórias (ex. cirurgia bariátrica) e na pesquisa de refluxo gastroesofágico em crianças. Antigamente era para diagnóstico de várias doenças gastroduodenais, mas perdeu espaço para a endoscopia digestiva alta nos últimos anos. O princípio aqui é o mesmo do esofagograma, a diferença é que você espera o contraste passar pelo esôfago e para o duodeno e continua tirando raio-x. 17. COMO É FEITA A AVALIAÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL? O trânsito intestinal tem sido utilizado com sucesso na caracterização de lesões do delgado(segmento intestinal de mais difícil avaliação diagnostica), tendo como principais indicações a diarreia, a doença de Crohn e outras alterações morfológicas. Aqui você espera bastante até o contraste passar pelo estômago, duodeno e todo o intestino. Existem dois tipos de contraste mais utilizados: 1- Bário: é mais barato, mas é tóxico se cair na cavidade abdominal. Se tu desconfia de perfuração, não pode jogar Bário de jeito nenhum. 2- Iodado: é mais caro, só que se ele cair na cavidade abdominal não vai ter nenhum problema. Recentemente, novas técnicas de TC e RMN também têm sido introduzidas e vêm progressivamente ganhando popularidade. A videoendoscopia tornou-se, ultimamente, uma ferramenta útil no diagnóstico das doenças do intestino delgado, especialmente nos sangramentos obscuros e na doença de Crohn. ESOFAGOGRAMA Normal Dilatação (nível hidroaéreo) DIVERTÍCULO ACALASIA Estenose na região superior Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 18. O QUE É A HISTEROSSALPINGOGRAFIA (HSG)? A histerossalpingografia pode ser utilizada para demonstrar anormalidades da cavidade uterina e das tubas uterinas. Consiste em ir por via vaginal, entrar com um cateter no colo do útero e injetar o contraste. O contraste então passa pela cavidade uterina, tubas uterinas até cair na cavidade abdominal. Atualmente, seu papel principal é na propedêutica da infertilidade (verificação da permeabilidade tubária). Apesar dos avanços tecnológicos, a HSG continua sendo o exame escolhido para avaliação das tubas uterinas. A imagem mostra perviedade tubária (o contraste passa), significa que não tem nenhuma oclusão. 19. O QUE É A URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL (UCG)? A uretrocistografia miccional consiste em colocar um cateter na uretra e injetar contraste, depois pede o paciente para urinar. É utilizada principalmente em crianças, na avaliação da infecção urinária ou com hidronefrose diagnosticada no pré-natal, na pesquisa de refluxo vesicoureteral (urina voltando da bexiga para os ureteres). 20. E O QUE É A URETROGRAFIA RETRÓGRADA? A uretrografia retrógrada é quase a mesma coisa da UCG, a diferença é que o objetivo é observar a uretra, então não precisa pedir ao paciente para urinar. A uretrografia é um procedimento utilizado mais frequentemente em homens, na suspeita de estenose uretral de origem traumática ou inflamatória. 21. QUAIS AS INDICAÇÕES DA USG, TC E RMN NA AVALIAÇÃO DE DOENÇAS ABDOMINAIS? Ultrassonografia Tomografia Computadorizada Ressonância Magnética A USG pode ser útil para o diagnóstico de várias doenças abdominais, especialmente da vesícula biliar, vias biliares, pesquisa de líquido livre na cavidade abdominal e em ginecologia e obstetrícia. É considerado o exame de escolha na investigação inicial da doença pélvica, seja por via abdominal seja transvaginal, dando-se preferência para esta última quando não houver contraindicações (paciente virgem, estenose vaginal ou recusa da paciente). A TC pode ser usada para a avaliação das doenças do fígado, da vesícula biliar, das vias biliares, do pâncreas, do baço, dos tratos urinário e gastrointestinal, suprarrenais, do peritônio, do mesentério, dos vasos abdominais e da pelve. É um exame que tem sido muito utilizado também em situações de urgência (avaliação do abdome agudo, trauma abdominal/politrauma) e em pacientes internados em UTI. A RMN possui praticamente as mesmas indicações da TC. Para o diagnóstico de urolitíase a TC é considerada o padrão de excelência. É considerada um ótimo método na avaliação das lesões hepáticas focais e difusas, vias biliares (através da colangiorressonância) e na avaliação das patologias das pelves feminina e masculina. Lembrar que USG não enxerga intestino! UCG – Exame normal Refluxo vesicoureteral Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 22. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES CÍSTICAS EM EXAMES DE IMAGEM? O cisto simples é uma das lesões císticas mais comuns no fígado, sendo frequentemente encontrado em mulheres. Podem ser simples ou complexos (com septos), únicos ou múltiplos. Quando são observados mais de 10 cistos hepáticos, a possibilidade de doença policística autossômica dominante deve ser considerada. Geralmente são assintomáticos (achados incidentais) e eventualmente podem causar sintomas pelo efeito de massa (dor abdominal, icterícia). A ultrassonografia permite enxergar bem o cisto hepático, que aparece como lesão arredondada anecoica, de contornos regulares e bem definida, sem septos ou calcificações parietais, podendo ser observado reforço acústico posterior. Se a USG evidenciar cisto simples, não é necessária avaliação adicional. Caso a o cisto seja complexo, é preciso solitar TC. A tomografia revela lesão hipoatenuante, com paredes finas, sem septos ou nódulos sólidos e que não apresenta realce pós-contraste. Na ressonância magnética, não apresenta realce e exibe hipossinal em T1 e hipersinal em T2. Hipersinal T2 Hiposinal T1 Sem realce Sem realce Hemangioma (com realce) Hemangioma (com realce) Quando tem queda de sinal na sequencia fora de fase, é porque tem gordura intracelular Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 23. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ABSCESSO HEPÁTICO? Os abscessos hepáticos podem ser causados por infecções bacterianas, amebianas ou fúngicas, resultando em uma coleção localizada de células inflamatórias, com destruição do parênquima adjacente. As vias de infecção são através dos ductos biliares, veia porta, artéria hepática, trauma ou extensão de processo adjacente ao fígado. O abscesso piogênico é o mais comum no fígado. Em adultos, os agentes etiológicos mais frequentemente encontrados são Gram-negativos, especialmente a Escherichia coli e está geralmente associada à obstrução benigna ou maligna das vias biliares. Em crianças, o Staphylococcus é o principal agente. Usualmente são múltiplos e envolvem os dois lobos hepáticos. O quadro clínico geralmente cursa com febre, calafrio, mal-estar, dor no hipocôndrio direito, náuseas e vômitos, e os exames laboratoriais podem revelar leucocitose, elevação da fosfatase alcalina e hipoalbuminemia. A TC e a RM mostram lesões liquefeitas arredondadas, com realce anelar periférico e edema perilesional, podendo também apresentar septos. A presença de gás no interior da lesão é rara. Os principais diagnósticos diferenciais são cistos, metástases císticas ou necróticas entre outros. O aspecto é igualzinho à uma lesão cística complexa, a diferença é a clínica. 24. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO HEMANGIOMA HEPÁTICO? O hemangioma é o tumor primário mais comum do fígado. Podem ser múltiplos em até 50% dos casos e acometem mais frequentemente mulheres que homens. Em adultos, ocorrem mais rotineiramente na 4ª ou 5ª décadas de vida. Geralmente são assintomáticos, e os testes de função hepática, são normais. O tamanho pode variar de poucos milímetros até maiores que 20 cm. Hemangiomas maiores que 10 cm são considerados hemangiomas “gigantes”.O hemangioma demora pra encher e demora pra se esvaziar. USG: tipicamente hiperecogênico, homogêneo, com limites bem definidos e pode exibir reforço acústico. O estudo Doppler pode demonstrar fluxo periférico ou central, mas não é específico. RMN (TC também fica): lesão arredondada com realce globular periférico e descontínuo na fase arterial, progressivo e centrípeto, tendendo à homogeneização nas fases mais tardias do exame. Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 25. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DAS METÁSTASES HEPÁTICAS? Metástases são as lesões focais malignas mais comuns no fígado não cirrótico (no fígado cirrótico o carcinoma hepatocelular é mais frequente). O fígado é o segundo sítio mais comum de metástases, após os linfonodos regionais. O que mais dá metástase pra o fígado são os cânceres colorretal, de estômago, de pâncreas, de mama e o de pulmão. As metástases podem ser solitárias e, mais frequentemente, múltiplas. O aspecto macroscópico é variável, podendo-se apresentar como lesão expansiva, infiltrativa, cística ou miliar, dependendo da origem do tumor primário. O que mais chama atenção no aspecto das metástases é que são geralmente lesões múltiplas. Em geral são sólidas (têm realce pelo contraste) infiltrativas (não tem como saber onde começa e onde termina). A TC e RMN podem demonstrar lesões hipovasculares (mais bem demonstradas na fase portal ou venosa) ou hipervasculares (mais bem visibilizadas na fase arterial). A apresentação mais comum é de lesão hipodensa (TC) ou hipointensa em Tl (RM) com realce periférico ou heterogêneo. 26. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC)? O Hepatocarcinoma é a neoplasia primária maligna mais comum do fígado cirrótico com causa conhecida (álcool e HBv). Mais comum em homens. O quadro clínico-laboratorial, embora mascarado pela hepatopatia crônica, geralmente, cursa com dor abdominal, fadiga, perda de peso e elevação de alfafetoproteína. É certeza que o paciente cirrótico vai evoluir para Carcinoma Hepatocelular, porque a história da doença é evoluir de nódulos de regeneração até CHC. O protocolo em pacientes com cirrose é, a cada 06 meses, dosar alfa-fetoproteína a realizar USG de abdome para ver se tem lesão nodular no fígado. A TC e RM, mais comumente apresenta-se como nódulo com realce intenso na fase arterial (hipervascularizado), com lavagem rápida do meio de contraste na fase portal e formação de pseudocápsula na fase tardia Rápido enchimento na fase arterial e washout precose (se lava rápido). O Carcinoma Hepatocelular se enche rápido e se esvazia rápido Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 27. QUAL A CARACTERÍSTICA DA CIRROSE HEPÁTICA? A cirrose hepática é definida pela tríade composta de fibrose, transformação nodular e distorção arquitetural. O diagnóstico de CIRROSE é através da biópsia hepática, enquanto que o exame de imagem só permitem chamar de hepatopatia crônica. Pode ser micronodular (mais comum – alcoólica) ou macronodular (mais comum – viral). Clinicamente, pode haver perda de peso, fraqueza, mal-estar, icterícia e manifestações de coagulopatia entre outras. O aspecto do exame de imagem é o fígado reduzido de volume de contornos nodulares, irregulares, heterogeneidade difusa do parênquima, com áreas de fibrose, hipertrofia do lobo caudado e do segmento lateral do lobo esquerdo e atrofia do lobo direito, acentuação das fissuras hepáticas, alargamento hilar periportal e expansão da fossa da vesícula biliar. As complicações mais frequentes são o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular e a hipertensão portal, com formação de varizes (colaterais portossistêmicas), ascite e esplenomegalia. 28. QUAL A CARACTERÍSTICA DA ESTEATOSE HEPÁTICA? A esteatose hepática é o acúmulo de gordura nos hepatócitos. Está, com frequência, associada à obesidade, ao abuso do álcool, ao diabetes melito, ao uso de corticosteroides, à quimioterapia, à nutrição parenteral e à desnutrição entre outros. Sua distribuição mais comumente é difusa, podendo ser focal e, raramente, multifocal. A esteatose focal geralmente ocorre em áreas específicas como adjacente ao ligamento falciforme, anteriormente à veia porta e na fossa da vesícula biliar. A maioria dos indivíduos é assintomática, podendo haver hepatomegalia e aumento das enzimas hepáticas. A TC mostra hipoatenuação difusa ou focal do parênquima hepático na fase sem contraste. Na TC, o fígado esteatótico fica mais hipodenso. O problema é que se a esteatose for focal, pode simular um nódulo, aí nesses casos você pede uma RMN pra confirmar. Ascite Fígado mais hiperecogênico (aspecto esbranquiçado) A USG é o exame inicial na avaliação da esteatose, podendo demonstrar hiperecogenicidade difusa do fígado com relação ao córtex renal ou baço, perda da definição das veias hepáticas e do diafragma. Vários nódulos de regeneração Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 29. EM PACIENTES COM TRAUMA ABDOMINAL, QUANDO É INDICADA A TOMOGRAFIA? Em casos de trauma abdominal fechado, se o paciente estiver estável hemodinamicamente, há indicação de realização da tomografia. Já em casos de trauma fechado com o paciente instável, ou em casos de trauma aberto (perfuração, tiro...) tem que fazer laparotomia exploratória. Existe ainda uma classificação de lesões de órgãos sólidos, que é necessária para que o cirurgião decida a conduta a ser tomada em relação ao paciente: 30. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA COLELITÍASE? O cálculo biliar, na grande maioria das vezes é assintomático, entretanto, podem ocorrer sintomas decorrentes de complicações, como colecistite aguda, coledocolitíase, pancreatite, colangite, duodenite, íleo biliar entre outras. A radiografia convencional não é um bom método para o diagnóstico (só 10 a 20% dos cálculos biliares contêm cálcio suficiente para serem vistos em radiografias simples). A possibilidade de complicações futuras tem sido o motivo para indicar a colecistectomia profilática. A USG é o método preferido para a detecção de cálculos na vesícula biliar (acurácia > 95%). A imagem apresenta uma lesão hiperecóica, com sombra acústica posterior, móveis com a mudança de posição do paciente. 31. COMO DIAGNOSTICAR COLEDOCOLITÍASE? Para o diagnóstico de coledocolitíase, a ultrassonografia apresenta sensibilidade variável (25-75%), sendo a CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) e a colangio-RM (colangiorressonância) os métodos geralmente utilizados nesses casos. A RM parece ser o método de maior acurácia no diagnóstico de litíase biliar intra-hepática. RX Abd – Cálculo biliar USG – Cálculos biliares Esses aqui pequenos que são perigosos, porque eles passam pelo ducto cístico Exame de Colangio-RM mostra vias biliares intra-hepáticas dilatadas, com cálculos no ducto colédoco. Diagnóstico de coledocolitíase. Radiologia eThomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 32. QUAL O MELHOR EXAME PARA DETECTAR COLECISTITE? A maioria é causada pela presença de cálculo obstrutivo no infundíbulo ou no dueto cístico, que acarreta distensão da vesícula biliar, seguido de inflamação/infecção. O quadro clínico-laboratorial geralmente é de dor no hipocôndrio direito, náuseas, vómitos, febre baixa e leucocitose. A ultrassonografia é a principal modalidade de imagem utilizada para o diagnóstico. O sinal de Murphy ultrassonográfico é um dos sinais mais específicos de colecistite aguda e consiste na compressão dolorosa sobre a vesícula biliar pela sonda do aparelho. Outros achados ecográficos são: aumento das dimensões da vesícula biliar, espessamento parietal difuso, líquido perivesicular e presença de cálculos. A TC pode ser muito útil na avaliação das eventuais complicações da colecistite aguda (ex: coleções adjacentes, rotura da vesícula biliar, etc) ou quando os achados da ultrassonografia forem duvidosos. 33. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO COLANGIOCARCINOMA? O Colangiocarcinoma é uma neoplasia maligna das vias biliares. Alguns dos principais fatores de risco são: litíase intra-hepática, infecções parasitárias, colangite piogênica recorrente e colangite esclerosante primária. Seu diagnóstico é, algumas vezes, difícil, e sua apresentação clínica está relacionada com a icterícia obstrutiva (ou seja, geralmente só vai ter sintoma em quadros bem avançados, quando já entupiu os ductos). A USG permite visualizar dilatação das vias biliares. A RMN e a TC têm sido consideradas os principais métodos de imagem no diagnóstico e no estadiamento do Colangiocarcinoma. Os achados de imagem são de interrupção abrupta e dilatação das vias biliares, espessamento parietal do ducto biliar acometido, presença de lesão expansiva, geralmente infiltrativa ou polipoide e com realce tardio pós-contraste. 34. O QUE É O TUMOR DE KLATSKIN? É um tipo de colangiocarcinoma que se localiza na junção dos duetos hepáticos direito e esquerdo. USG - Colecistite TC – Colecistite Aguda Litiásica (por um cálculo biliar) Espessamento da parede da vesícula biliar, borramento de gordura adjacente (indicativo de inflamação). Cálculo biliar Vias biliares dilatadas Tumor de Klatskin Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 35. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA PANCREATITE AGUDA? A pancreatite aguda é uma doença inflamatória relativamente comum, cujas principais causas são a colelitíase (75%) e o alcoolismo (15%). A apresentação clínica geralmente é de dor abdominal intensa, inicialmente epigástrica e irradiada para o dorso, em faixa ou para todo o abdome, além de náuseas e vómitos. Exames laboratoriais como a dosagem da amilase sérica (aumento mais precocem) e da lipase (aumento mais tardio) auxiliam no diagnóstico. A USG é útil para detecção de cálculos biliares, e o pâncreas pode se apresentar normal ou levemente aumentado e difusamente hipoecogênico. O problema da USG é que só é passível de ser realizada em pacientes mais magros, e ainda assim, só tem como ver a parte do pâncreas. A TC, embora seja pouco sensível para detectar cálculos biliares, tem utilidade na pancreatite aguda para avaliar o pâncreas e as complicações associadas (isquemia/necrose pancreática, trombose da veia mesentérica superior ou esplénica, pseudoaneurisma etc.). A tomografia revela pâncreas com dimensões aumentadas, borramento da gordura (aumento da densidade) peripancreática, podendo haver coleções líquidas peripancreáticas, área focal ou difusa hipodensa (hipoperfundida) e eventuais complicações vasculares. 36. QUAL A CLASSIFICAÇÃO DA BALTHAZAR PARA PANCREATITE AGUDA? Pâncreas aumentado Necrose Borramento da gordura Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 37. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA PANCREATITE CRÔNICA? A pancreatite crónica é determinada pela inflamação contínua da glândula, caracterizando danos morfológicos e funcionais irreversíveis. As causas mais comuns são o etilismo crônico e a coledocolitíase. Os achados mais característicos de pancreatite crónica são dilatação irregular do ducto pancreático principal e dos ductos secundários, com pequenas alterações císticas, calcificações parenquimatosas e ductais difusas e falhas de enchimento ductais. Com o passar do tempo, pode ocorrer atrofia da glândula. Entretanto, na ausência destas alterações morfológicas grosseiras é muito difícil realizar o diagnóstico de pancreatite crónica inicial pela imagem. A característica mais típica da pancreatite crônica é a calcificação parenquimatosa, se tu ver calcificação no parênquima pancreático, com pâncreas reduzido de tamanho, é pancreatite crônica. Até no raio-x dá pra ver a calcificação do pâncreas. 38. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ADENOCARCINOMA DE PÂNCREAS? Cerca de 90% das neoplasias pancreáticas são adenocarcinomas ductais, ocorrendo predominantemente em pacientes do sexo masculino, entre 60 e 80 anos de idade. Apesar dos avanços na medicina, o prognóstico ainda é ruim, com sobrevida em 5 anos menor que 5%. Quando o tumor acomete a cabeça pancreática, a sintomatologia é mais precoce (porque pode obstruir o colédoco e causar icterícia). A apresentação clínica é variável, podendo cursar com icterícia obstrutiva, emagrecimento, dor e anorexia. Os exames laboratoriais podem revelar anemia, elevação da bilirrubina e do CA 19-9. A TC é o método de imagem mais utilizado no diagnóstico do adenocarcinoma pancreático, podendo fornecer informações sobre a invasão vascular, a presença de metástases em linfonodos e a distância (estadiamento). Na imagem de TC: lesão expansiva nodular, de contornos irregulares e mal definidos, de realce heterogêneo pelo contraste na cabeça do pâncreas. RX – Calcificação na topografia do Pâncreas TC – Pancreatite crônica Pâncreas diminuído Calcificações Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 39. COMO SE APRESENTAM AS LESÕES CÍSTICAS DO PÂNCREAS? As lesões císticas do pâncreas compreendem, principalmente, os pseudocistos inflamatórios (80- 90%) e as neoplasias císticas (10-15%), tais como o cistoadenoma seroso, neoplasias císticas mucinosas, neoplasia mucinosa intraductal papilífera (IPMN ou IPMT), tumor sólido pseudopapilar do pâncreas (tumor de Frantz sólido-cístico) e outros. Muitas vezes são achados incidentais em exames de rotina, e se apresentam como lesão arredondada, hipodensa, sem realce pelo contraste. Nos outros lugares do corpo os cistos geralmente são benignos, mas no pâncreas o cisto nunca é benigno até que se prove o contrário. Em virtude da sobreposição das características morfológicas, a caracterização precisa das lesões císticas pelos métodos de imagem (TC/RM) pode ser difícil. Nesses casos, a ultrassonografia endoscópica ou ecoendoscopia (é um endoscópio que na ponta deletem um transdutor de ultrassom) é considerada um exame útil para auxiliar na decisão terapêutica das lesões císticas pancreáticas, fornecendo dados sobre a morfologia destas lesões e possibilitando, por meio da punção guiada em tempo real, a coleta de material para avaliação citológica e dos marcadores tumorais. 40. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO INFARTO ESPLÊNICO? O infarto esplênico resulta do comprometimento vascular local (ex: fenômenos tromboembólicos, doenças hematológicas, inflamatórias e neoplásicas). As manifestações clínicas geralmente são de dor em hipocôndrio esquerdo, dor torácica pleurítica, dornas costas, febre, calafrios e sintomas gerais. O aspecto na TC contrastada evidencia área hipodensa cuneiforme (defeito de perfusão), geralmente periférica e com preservação do realce da cápsula esplénica. Tardiamente, esta área infartada pode calcificar ou retrair (retração capsular). Segue esse padrão cuneiforme, por conta da disposição arterial. TC - Cisto pancreático uniloculado Lesão cística, unilocular, na cauda do pâncreas. Tem que acompanhar essa lesão, porque pode ser câncer. TC - Cisto pancreático complexo Lesão cística complexa, com realce periférico pelo contraste. Tem que fazer biópsia, e se não tiver dinheiro pra biopsia, tem que operar (se der benigno, graças a Deus). Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 41. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO TRAUMA ESPLÊNICO? O baço é o órgão abdominal mais frequentemente acometido no trauma abdominal fechado. A USG é bastante útil na pesquisa de líquido livre intraperitoneal. Em pacientes hemodinamicamente estáveis, a TC é o método de escolha para a avaliação do baço. Os achados tomográficos incluem hematomas subcapsulares, hematomas intraparenquimatosos, lacerações, fraturas, lesões do pedículo vascular e "explosão" esplênica. A presença de hemoperitônio, fluido periesplênico e coágulos apresenta elevada associação à lesão esplênica. O aspecto da imagem é praticamente o mesmo, e aí pra diferenciar trauma do infarto é só perguntar ao paciente se ele sofreu trauma. 42. COMO É A CLASSIFICAÇÃO PARA LESÕES ESPLÊNICAS? Laceração Área hipoperfundida, cuneiforme Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 43. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA APENDICITE AGUDA? A apendicite aguda é a causa mais comum de cirurgia abdominal na emergência. Ocorre em qualquer faixa etária, com pico de incidência em adolescentes e adultos jovens. Está geralmente associada à obstrução intraluminal por fecalito ou outro fator obstrutivo, seguida de distensão do apêndice e de inflamação. A apresentação clínica é variável, classicamente cursando com dor periumbilical mal localizada, seguida de náuseas e vômitos e com subsequente migração da dor para a fossa ilíaca direita. Os achados laboratoriais mais importantes são leucocitose e aumento da proteína C reativa. Tanto a USG como a TC podem auxiliar no diagnóstico da doença. A USG é indicada em crianças, gestantes e mulheres jovens (diagnóstico diferencial com doenças ginecológicas), em virtude da preocupação com a radiação. É limitada em pacientes obesos ou com distensão gasosa intestinal. A imagem mostra dilatação do apêndice vermiforme, com espessamento das paredes. A TC também pode ser utilizada como exame inicial, em casos duvidosos ou para avaliação mais detalhada de eventuais complicações (ex: perfuração). Os achados de imagem geralmente observados são: distensão líquida do apêndice cecal (calibre > 0,6 cm), espessamento parietal (e realce pós-contraste no caso da TC), presença de apendicolito, borramento da gordura periapendicular, coleções líquidas intraperitoneais e sinais de perfuração. 44. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA DIVERTICULITE AGUDA? A diverticulite aguda resulta da obstrução do colo do divertículo e consequente inflamação. O segmento mais acometido é o sigmoide. Os sintomas geralmente são inespecíficos e incluem dor em fossa ilíaca esquerda, febre, massa abdominal, náuseas, diarreia e constipação. Apêndice distendido Apendicolito O enema opaco (contraste em RX simples, injetado por via retal) permite visualizar várias imagens de adição arredondada, os divertículos. A TC revela a presença de divertículos, espessamento parietal segmentar, borramento da gordura pericólica, podendo haver gás extraluminal, fístulas e coleções líquidas pericólicas Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 45. QUAL O ASPECTO DA OBSTRUÇÃO INTESTINAL? A obstrução intestinal é uma condição comum, sendo diagnosticada com base no exame clínico e nos achados radiológicos. A obstrução pode ser mecânica ou funcional (íleo paralítico). O íleo paralítico ocorre em virtude da paralisia da musculatura intestinal e é uma situação comum no período pós-operatório, geralmente ocorrendo dilatação tanto do intestino grosso quanto do delgado. Com o objetivo de assegurar um tratamento adequado, devem-se determinar a localização e a causa da obstrução e a presença ou ausência de estrangulamento intestinal (interrupção do suprimento sanguíneo). As principais causas de obstrução do intestino delgado são aderências (em decorrência da cirurgia prévia), hérnias de parede abdominal, doença de Crohn e tumores. Intussuscepção é uma causa comum de obstrução intestinal em crianças, sendo menos frequente em adultos. Na obstrução do intestino grosso, as causas mais frequentes são carcinoma, diverticulite e volvo. 46. QUAL A CARACTERÍSTICA DAS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS? A doença de Crohn (qualquer segmento do TGI, mais no íleo proximal, tem um padrão salteado) e a retocolite ulcerativa (atinge mais colo e reto, tem padrão contínuo) são as formas mais comuns das doenças inflamatórias intestinais, que se caracterizam por inflamação crônica do intestino, de etiologia ainda não definitivamente esclarecida. Tradicionalmente, a doença de Crohn é avaliada inicialmente por meio do trânsito intestinal, e as alterações mais frequentemente encontradas são espessamento e distorção das pregas intestinais, nodularidade da mucosa conferindo o aspecto clássico de calçamento de pedras (cobblestone). Esse aspecto é por conta da anatomopatologia. Como se formam úlceras, elas se enchem de contraste, onde não tem úlcera fica sem contraste, aí dá esse aspecto Alças intestinais dilatadas, com formação de níveis hidroaéreos, localizadas centralmente e com aspecto de empilhamento de moedas Dilatação de alças intestinais, com níveis hidroaéreos no seu interior e demonstração de zona de transição entre o segmento intestinal dilatado e o normal ou presença de torção dos vasos mesentéricos. Tudo isso aí é alça de delgado dilatada Calçamento de pedras Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por ImagemMedicina - UFOB 47. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ADENOCARCINOMA DE CÓLON? O câncer colorretal é uma das neoplasias malignas mais frequentes no ocidente, resultando em significativa morbimortalidade. Os principais sinais e sintomas são: alteração do hábito intestinal, diarreia ou constipação, enterorragia, dor abdominal e, eventualmente, massa retal tocável. A mensuração do antígeno carcinoembrionário (CEA) tem importância apenas prognostica. O diagnóstico geralmente é feito por meio da colonoscopia com biópsia. O enema opaco com duplo contraste pode demonstrar a clássica imagem de maçã mordida ou anel de guardanapo, resultante da falha de enchimento irregular, concêntrica e estenosante causada pelo tumor. 48. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA LITÍASE URINÁRIA? Os cálculos tendem a ser assintomáticos até causarem obstrução, acarretando sintomas típicos de cólica renal/ureteral. A apresentação clássica é dor aguda tipo cólica, intensa, geralmente iniciando na região lombar e irradiando para o abdome e região inguinal. A dor também pode irradiar para o testículo no homem e para vulva na mulher. Além disso, pode haver náuseas e vômitos, hematúria macro ou microscópica e ainda febre e calafrios (se houver infecção). Os três locais mais comuns de obstrução são: junção ureteropiélica, ureter distal após o cruzamento com os vasos ilíacos e junção ureterovesical. Nem sempre dá pra ver o cálculo no RX simples, desse modo, a TC helicoidal/multislice, geralmente realizada sem contraste intravenoso, tem sido considerada o método mais preciso no diagnóstico de cálculos do trato urinário. A TC permite a determinação precisa do tamanho e da localização dos cálculos, além de fornecer diagnósticos alternativos, como litíase biliar, pancreatite aguda, apendicite aguda, massas abdominopélvicas, etc. A USG também pode ser utilizada, nesse caso, os cálculos aparecem como a apresentam-se como hiperecogênicos, brilhantes e com sombra acústica posterior. Entretanto a USG é limitada levando em consideração fatores como o biótipo do paciente (ex: obeso), tamanho e localização do cálculo. Além disso, se o cálculo estiver no ureter, não tem como visualizar na ultrassonografia. O adenocarcinoma de cólon nada mais é que um tumor que cresce na parede do intestino grosso, tornando ela mais espessa. Por isso que faz esse sinal da maçã mordida, porque a região fica mais estreita Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB Na TC, quase todos os tipos de cálculos podem ser identificados, exceto em pacientes que utilizam inibidores da protease, como o indinavir (cálculos de indinavir podem aparecer radiotransparentes), enquanto que todos os outros cálculos são opacos na TC. Na RMN, cálculos urinários geralmente não são visíveis, entretanto, podem ser visualizados indiretamente como um defeito de enchimento no sistema coletor. 49. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA PIELONEFRITE AGUDA? A pielonefrite é o processo inflamatório/infeccioso renal. O agente mais comum é a Escherichia coli por via ascendente e o Staphylococcus aureus por disseminação hematogênica. O quadro clínico-laboratorial geralmente é de dor lombar, fraqueza, mal-estar geral, calafrios, febre, podendo estar associado à leucocitose, piúria, bacteriúria, hematúria e, ocasionalmente, bacteremia. As principais complicações são abscessos renais e perirrenais, pielonefrite enfisematosa, pionefrose (hidronefrose infectada) e alterações hepatobiliares. Na grande maioria das vezes o diagnóstico é clínico-laboratorial, e geralmente a utilização rotineira de métodos de imagem não é necessária. Quando necessário (dúvida diagnostica ou para diagnosticar eventuais complicações), a tomografia computadorizada com contraste iodado intravenoso é o exame mais recomendado, ou seja, a radiologia entra para detectar complicações. Cálculo no ureter Cálculo na Junção Ureteropiélica Áreas hipoatenuantes mal definidas parenquimatosas (nefrograma radiado), aumento do rim, dilatação pielocalicial, aumento ou redução da densidade do parênquima, densificação da gordura perirrenal, espessamento da fáscia renal e presença de abscessos Rim direito bastante aumentado, lesão nodular com necrose central e realce periférico (abscesso) Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 50. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS (CCR)? Também conhecido como hipernefroma, o carcinoma de células renais (CCR) designa as neoplasias renais de origem epitelial com potencial maligno. Os tipos histológicos mais frequentes são de células claras (70-80%), papilar, cromófobo, dueto coletor e medular. O sintoma mais comum é a hematúria micro ou macroscópica que ocorre em 60% dos pacientes. A tríade clássica de hematúria, dor abdominal ou no flanco e massa palpável está presente em menos de 10% dos pacientes. A USG é o método utilizado na investigação inicial, e a imagem evidencia lesões primariamente sólidas, com ecogenicidade variável, podendo apresentar áreas císticas decorrentes de necrose ou hemorragia, ou ser predominantemente císticos. Alguns CCRs podem apresentar-se como nódulos hiperecogênicos, simulando um angiomiolipoma. Resumindo... não tem característica típica nenhuma. CCRs sólidos apresentam-se como nódulos renais hipervascularizados, heterogéneos, podendo haver extensão perirrenal ou para o seio renal, invasão vascular (veias renal e cava inferior), acometimento linfonodal ou metástases a distância. Na imagem: lesão nodular sólido-cística, com necrose central, no polo superior do rim direito. Altamente suspeito para lesão neoplásica. É igualzinho ao abscesso, a diferença é feita pela clínica. 51. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES CÍSTICAS NOS RINS? Cistos renais são comumente observados na população em geral e aumentam sua incidência com a idade. Na USG, o aspecto típico do cisto simples é de lesão arredondada anecoica, de contornos regulares, paredes finas e conteúdo homogêneo. Na TC apresentam-se como lesões hipodensas, de contornos regulares, sem realce pelo contraste Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 52. O QUE É A CLASSIFICAÇÃO DE BOSNIAK? A classificação tomográfica de Bosniak é uma ferramenta para diagnóstico e manejo dos cistos renais, importante para distinguir os cistos simples dos cistos complexos. 53. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ANGIOMIOLIPOMA RENAL? Os angiomiolipomas renais são tumores benignos, compostos de tecido adiposo maduro, vasos e músculo liso em proporções variáveis. A maioria é assintomática, porém, quando sintomáticos, causam dor no flanco e hematúria, relacionados com a hemorragia espontânea intratumoral ou extrarrenal, e o tratamento cirúrgico deve ser considerado. Geralmente a lesão é pequena, arredondada, unilateral e assintomática. Quando associada à esclerose tuberosa, usualmente é bilateral e multifocal. A USG é inespecífica, já que outras lesões podem ter aspecto semelhante. A TC e a RM, são considerados ideais para o diagnóstico, poisa presença de gordura no interior de um nódulo renal, embora não patognomônica, quase conduz ao diagnóstico de angiomiolipoma. A RM revela nódulo com hipersinal em T1 e supressão do sinal da gordura na sequência com saturação seletiva de gordura. Precisa saber que se for IIF, tem que dar seguimento de 6 em 6 meses e depois reclassifica. Bosniak III ou IV é cirúrgico, tem que tirar, porque o risco de malignidade é mais alto. Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 54. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ADENOMA DE SUPRARRENAIS? Adenomas suprarrenais são mais frequentemente lesões não funcionantes, geralmente são achados incidentais em pacientes assintomáticos, mas também podem ser hiperfuncionantes, causando síndrome de Cushing, hiperaldosteronismo e hiperandrogenismo. Patologicamente, sua principal característica é conter gordura intracitoplasmática, e isto vai ser importante para o diagnóstico através dos métodos de imagem (TC/RM), já que este conteúdo lipídico tem alta correlação com a baixa atenuação na TC e a queda de sinal na RM. 55. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ESCROTO AGUDO? Escroto agudo é definido como uma síndrome clínica caracterizada por aumento súbito e doloroso da bolsa escrotal, provocado por patologia do seu conteúdo, acompanhado de sinais locais e gerais de doença. O quadro exige diagnóstico rápido e preciso, e uma cirurgia de emergência pode ser necessária para salvar o testículo. A primeira hipótese diagnóstica é a de torção de testículo. Confunde muito com a orquiepididimite (viral ou bacteriana). Se for torção, o tratamento é cirúrgico, se for orquiepididimite, o tratamento é conservador. A USG doppler é o principal exame para diferenciar as condições. Em todos os casos vai ter testículo aumentado e hipoecogênico, causado por edema, podendo tornar-se heterogéneo mais tardiamente, refletindo a congestão vascular associada à hemorragia e áreas de infarto. Entretanto, a ausência de fluxo do lado afetado ao estudo Doppler, associado à presença de fluxo no testículo contralateral, faz o diagnóstico de torção. Torção: não tem fluxo no testículo no lado acometido. Orquiepididimite: o fluxo vai estar aumentado no lado acometido. Nódulo na adrenal (mesma atenuação do fígado esteatótico) Queda de Sinal em T1 outfase (gordura intracelular) Torção testicular em lado direito (sem fluxo) Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 56. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO LEIOMIOMA UTERINO? Leiomiomas são tumores benignos do tecido muscular liso, sendo o tumor mais comum do útero. É uma doença muito frequente em mulheres no período reprodutivo, podendo ocorrer em todas as faixas etárias e com maior incidência em mulheres negras. A ultrassonografia pélvica transvaginal é o método mais utilizado no diagnóstico. O aspecto ecográfico é de nódulo hipoecogênico, podendo ser heterogêneo, bem delimitado, localizado no miométrio. 57. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DOS CISTOS OVARIANOS? Cistos ovarianos são muito frequentes na população feminina. A questão clínica mais importante no diagnóstico do cisto ovariano é excluir malignidade. Pode haver elevação do CA 125. Os cistos podem ser funcionais, isto é, associados à produção hormonal ou não funcionais. A ultrassonografia é o método mais utilizado no diagnóstico de lesões ovarianas. A RMN pode ser utilizada em casos duvidosos e na eventual caracterização dos componentes teciduais da lesão, e a TC geralmente é utilizada no estadiamento da doença maligna. Os cistos funcionais fazem parte da fisiologia normal da mulher, relacionadas com o ciclo ovariano, sendo a maioria unilocular, com paredes finas, conteúdo anecoico, homogêneo e, em geral, pequenos. O exame é feito logo após a menstruação, justamente porque é quando menos tem cisto funcional. 58. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB)? A hiperplasia caracteriza-se pela multiplicação benigna das células prostáticas. Quando isso acontece, o aumento da próstata comprime a bexiga e a uretra, provocando sintomas. O quadro clínico pode cursar com comprometimento do volume e da força do jato urinário, interrupção do fluxo, gotejamento terminal, noctúria, urgência, disúria e sensação de esvaziamento vesical incompleto. Pode haver elevação do PSA. O diagnóstico de HPB é eminentemente clínico. A USG transabdominal pode mostrar informações sobre o tamanho da próstata (peso) e sua configuração. Próstata aumentada A USG transretal não é indicado para HPB, ele é feito para verificar lesões nodulares suspeitas para neoplasias Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 59. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER DE PRÓSTATA? O CaP é mais frequentemente localizado na zona periférica (65-74%). Os métodos empregados no rastreamento populacional do CaP são a dosagem sérica do antígeno prostático específico (PSA) e o toque retal. A biópsia prostática guiada por ultrassonografia transretal é o método de escolha para o diagnóstico histológico da doença. O achado ultrassonográfico mais comum é o de nódulo hipoecoico da zona periférica, podendo apresentar hipervascularização ao estudo Doppler. 60. QUAIS AS PRINCIPAIS DOENÇAS VASCULARES QUE PODEM SER VISUALIZADAS EM EXAMES DE IMAGEM DO ABDOME? -Aneurisma de aorta abdominal -Síndrome aórtica aguda -Isquemia mesentérica aguda -Trombose da veia porta Na imagem: angiotomografia evidenciando aneurisma de aorta abdominal. 61. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO LINFOMA? A incidência dos linfomas de Hodgkin (LH) e não Hodgkin (LNH) é de 8% de todas as doenças malignas. Estes linfomas são potencialmente curáveis, e a extensão da doença é o fator mais importante que influencia a remissão e a sobrevida dos pacientes. USG pode ser útil na avaliação das adenopatias para-aórticas e também pode detectar linfonodos aumentados em outras cadeias. Atualmente, a TC é o estudo de imagem escolhido para a detecção e o estadiamento dos linfomas. O USG Transretal é melhor pra ver justamente porque a zona periférica da próstata fica bem coladinha no ânus. Essa imagem ainda mostra um aumento da vascularização na região. Triagem de próstata: 1- Dosagem PSA 2- Toque retal 3- USG Transretal Conglomerado linfonodal no abdome Radiologia e Thomás R. Campos Diagnóstico por Imagem Medicina - UFOB 62. QUAL A CARACTERÍSTICA DOS CORPOS ESTRANHOS INTRA-ABDOMINAIS? Os corpos estranhos intra-abdominais são comuns. Objetos podem ser inseridos pelo paciente, ou podem ser esquecidos pelo cirurgião. Os objetos mais frequentemente encontrados na cavidade abdominal são de natureza têxtil (compressa cirúrgica e gaze). Nesses casos, o certo é ligar pra o cirurgião e falar que ele esqueceu a gaze. Na descrição do exame o radiologista coloca uma descrição mais heterogênea“lesão expansiva, heterogênea, com áreas hiperdensas de permeio, contornos regulares, medindo tanto em tal lugar... Se o radiologista colocar “compressa” é certeza que o paciente vai processar o cirurgião. 63. QUAL O MELHOR MÉTODO DE IMAGEM PARA AVALIAÇÃO DE GESTANTES? O método preferido para avaliação de gestantes com dor abdominal aguda é a ultrassonografia. Se esta não for diagnostica, prossegue-se a investigação com outras modalidades de imagem. A RM é preferencialmente utilizada nestes casos, entretanto, quando não disponível, poderá ser substituída pela TC, se o benefício superar o risco. Na prática, Stefano não faz tomografia em gestante nenhuma. Se o menino nascer com um dedinho a mais, a mãe ia processar ele. Gaze