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Dissertação_Vanessa_Bernardes_VERSÃO_FINAL_2014_pronta - com correções da banca

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA 
MOLECULAR 
 
 
 
Vanessa Bernardes 
 
 
 
 
ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E TRANSFERIBILIDADE DE 
MARCADORES MICROSSATÉLITES DE Byrsonima cydoniifolia A. 
JUSS. (MALPIGHIACEAE) 
 
 
 
 
Orientador (a): Mariana Pires de Campos Telles 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GO 
FEVEREIRO – 2014
ii 
 
VANESSA BERNARDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
ISOLAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E TRANSFERIBILIDADE DE 
MARCADORES MICROSSATÉLITES DE Byrsonima cydoniifolia A. 
JUSS. (MALPIGHIACEAE) 
 
 
 
Orientador (a): Mariana Pires de Campos Telles 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Genética e Biologia Molecular 
da Universidade Federal de Goiás, como parte 
das exigências para obtenção do título de 
Mestre. 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GO 
FEVEREIRO – 2014
iii 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
DEDICO À MINHA AMADA FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OFEREÇO AOS MEUS QUERIDOS AMIGOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.” 
Guimarães Rosa 
 
iv 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeçer não é o suficiente, mas é a forma como tenho para expressar sua 
importância na minha vida, mesmo que seja durante anos ou minutos, cada instante foi 
essencial para que no decorrer da minha caminhada eu me encontrasse agora onde estou. 
Agradeço a vocês meus amados, pai Nivaldo, mãe Marta e irmã Aline que durante 
toda minha existência sempre me apoiaram, me deram força quando eu achava obstáculos 
difíceis demais e sempre foram exemplos para mim. A toda minha família obrigada pelo 
amor incondicional. 
Sou grata a você minha querida orientadora, professora Doutora Mariana Pires de 
Campos Telles, por toda sua dedicação, paciência, empenho e esforço para que eu me 
tornasse melhor como pessoa e como profissional. Muito obrigada por todas as 
oportunidades e por sua confiança em mim. Serei eternamente grata. 
Agradeço vocês professores, colegas e amigos do Laboratório de Genética & 
Biodiversidade (LGBIO) da UFG sem os quais esse trabalho não existiria, obrigada pela 
ajuda, pela disposição, responsabilidade e trabalho em conjunto. Foi um prazer conviver 
com vocês, dividindo as angústias de quando os experiementos davam errados e as alegrias 
de quando tudo dava certo. Em especial agradeço a Ramilla, Sara, Daniela, Tatiane, 
Kássia, Elen, Mariana, Rejane, Ariane, Wárita, Luciana e Leciane pela amizade e por dias 
de trabalho mais sorridentes e divertidos. 
À vocês meus queridos e estupendos amigos o meu muito obrigada por me darem 
força, me incentivar e acreditar em mim. Por nas horas tristes e felizes estarem ao meu 
lado, por compreenderem minha ausência e estarem sempre de braços abertos para me 
receber. Por todas as conversas e espairecimento nos finais de semana. Em especial a Aline 
(irmã e amiga), Kamila, Raquel, Ada, Dônovan, Samantha e Valdemar por me 
incentivarem a prestar o mestrado, ao Maithan, Thaís Rubioli, Raysa, Carla, Suellen, 
Juliana por sempre me apoiarem na minha decisão. 
Agradeço à oportunidade de preparar as bibliotecas genômicas no Laboratório de 
Análise Genética e Molecular (CBMEG) da UNICAMP e a Capes, Fapeg e CNPq pelo 
suporte financeiro fundamental na execução deste trabalho. 
Muito obrigada a todos por mais uma etapa da minha vida ser concluída, cada um 
teve sua participação no meu crescimento. 
―A felicidade só é real quando compartilhada.‖ (H. David Thoreau). 
v 
 
RESUMO 
Marcadores moleculares são sequências de DNA identificáveis, encontrados em locais 
específicos do genoma e transmitidos pelas leis padrão de herança de uma geração para a 
seguinte. Os marcadores moleculares conhecidos como microssatélites são indicados para 
análises genético-populacionais, por serem amplamente distribuídos no genoma e 
apresentarem alto conteúdo de informação polimórfica por loco. Para subsidiar diferentes 
práticas de manejo, bancos de germoplasma e estudos de conservação é importante realizar 
a análise da variabilidade genética nas populações naturais das espécies de interesse. No 
bioma Cerrado encontram-se inúmeras espécies medicinais e frutíferas que são utilizadas 
de forma extrativista, dentre elas estão as do gênero Byrsonima sp., conhecidas 
popularmente como murici, que são pertencentes à família Malpighiaceae. No Brasil, 
existem cerca de 70 espécies com ampla distribuição no Cerrado. O murici é uma planta de 
múltiplas potencialidades e apesar de não ser domesticada, a sua exploração econômica 
apresenta potencial. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi desenvolver um conjunto de 
marcadores microssatélites para a espécie Byrsonima cydoniifolia A. JUSS. e testar o 
potencial de transferibilidade deste conjunto de marcadores para a espécie Byrsonima 
crassifolia L. Kunth. As regiões microssatélites foram isoladas utilizando bibliotecas 
genômicas enriquecida para regiões repetitivas e, posteriormente, as mesmas foram 
utilizadas para o desenho de primers. A partir dos primers desenvolvidos foram testadas 
condições de temociclagem e seus produtos foram caracterizados utilizando o DNA de 90 
indivíduos de B. cydoniifolia e 24 indivíduos de B. crassifolia. Das 60 sequências obtidas, 
foi possível identificar 22 regiões microssatélites e desenhar pares de primers para 17. 
Destes, 14 locos apresentaram polimorfismo e três foram monomórficos em três 
populações de B. cydoniifolia. O número de alelos variou de 3 a 17, com uma média de 
10,45 alelos por loco. A heterozigosidade observada foi semelhante à heterozigosidade 
esperada, com os valores variando de 0,20 a 0,92 e 0,43 a 0,92, respectivamente. Foram 
identificados 39 alelos privados. Este conjunto de marcadores apresentou alta 
probabilidade combinada de exclusão de paternidade (Q) igual a 0,999 e probabilidade de 
identidade combinada (I) igual a I=7,84x10-1. Os valores globais obtidos para o índice de 
fixação (FIS) não foram significativos (P<0,05), enquanto que os valores de FST=0,082 e 
FIT=0,143 foram significativos. Para a espécie Byrsonima crassifolia, nove pares de 
primers produziram bons padrões de amplificação cruzada na população avaliada, 
apresentando uma média de 7,56 alelos por loco. A heterozigosidade observada variou de 
0,250 a 0,958, maior do que a heterozigosidade esperada, que variou de 0,223 a 0,905. A 
probabilidade combinada de exclusão de paternidade (Q) foi alta igual a 0,998 e a 
probabilidade combinada de identidade igual a 6,42x10
-9
. A estratégia de desenvolvimento 
de marcadores microssatélites a partir da metodologia de biblioteca genômica enriquecida 
foi eficiente para gerar um painel com onze marcadores microssatélites polimórficos para 
B. cydoniifolia e nove marcadores microssatélites polimórficos transferidos com sucesso 
para B. crassifolia, disponibilizando uma ferramenta útil para estudos genético-
populacionais não só para as espécies B. cydoniifolia e B. crassifolia, mas possivelmente 
para outras espécies próximas evolutivamente. 
 
Palavras-chave: Genética de populações, Murici, SSR, variabilidade genética. 
vi 
 
ABSTRACT 
 
Molecular markers are identifiable DNA sequences found at specific sites in the genome 
and transmitted by the standard laws of inheritance from one generation to the next. 
Markers known as microsatellite are indicated for genetic population analysis; due they are 
widely distributed in the genome and their high polymorphic information content per 
locus. To support different management practices, genebanks, conservation studies is 
important to perform the analysis of genetic variability in natural populations of the species 
of interest. In the biome Cerrado there are inumerous medicinal and fruit trees that are used 
in a extractive way, among them are those of the gender Byrsonima sp. popularly known as 
murici, belonging to the family Malpighiaceae.In Brazil presents about 70 species with 
wide distribution in the Cerrado. The murici is a multi- potential plant and although not be 
domesticated, its economic exploitation can be viable. In this context, the objective was to 
develop a set of microsatellite markers for species Byrsonima cydoniifolia A. JUSS. and 
test the potential transferability of this set of markers for species Byrsonima crassifolia L. 
Kunth. The microsatellite regions were isolated using genomic libraries enriched for 
repetitive regions and then they were used for primer design. Using the primers designed 
temociclagem conditions were tested and the products were characterized using the DNA 
of 90 individuals of B. cydoniifolia and 24 indivuduals of B. crassifolia. Of these, 14 loci 
were polymorphic and 3 monomorphic in three populations of B. cydoniifolia. The number 
of alleles ranged from 3 to 17, with an average of 10.45 alleles per locus. The observed 
heterozygosity was similar to the expected heterozygosity, the values ranged from 0.20 to 
0.92 and 0.43 to 0.92; respectively. 39 private alleles were identified. This set of markers 
showed high combined probability of paternity exclusion (Q) equal to 0.999 and combined 
probability of identity (I) equal to I=7.84x10-1. The global values for the fixation index 
(FIS) were not significant (P<0.05), whereas the values of FST=0,082 and FIT=0,143 were 
significant. For Byrsonima crassifolia species, nine pairs of primers produced good 
patterns of cross amplification in the study population, with a mean of 7.56 alleles per 
locus. The observed heterozygosity ranged from 0.250 to 0.958, which was higher than the 
expected heterozygosity ranging from 0.223 to 0.905. The combined probability of 
paternity exclusion (Q) was equal to 0.99847 and high combined probability of identity 
equal to 6.42x10
-9
. The strategy of development of microsatellite markers from the 
genomic library enriched methodology was efficient to generate a panel with eleven 
polymorphic microsatellite markers for B. cydoniifolia and nine polymorphic microsatellite 
markers successfully transferred to B. crassifolia, providing a useful tool for population 
genetic studies not only for the species B. cydoniifolia and B. crassifolia, but possibly for 
other related species evolutionarily. 
 
Key words: Genetic variability, Murici, population genetic, SSR. 
 
7 
 
SUMÁRIO 
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ 8 
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 10 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 
2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 14 
2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 14 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 14 
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO .............................................................................. 15 
3.1 MARCADORES MOLECULARES ............................................................................ 15 
3.1.1 Microssatélites ....................................................................................................... 16 
3.1.1.1 Desenvolvimento de microssatélites ..................................................................... 22 
3.2 ESPÉCIES DO GÊNERO Byrsonima NO CERRADO ............................................... 25 
3.3 DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MARCADORES MICROSSATÉLITES 
PARA ESPÉCIES NATIVAS DO CERRADO ........................................................... 29 
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 31 
4.1 MATERIAL BIOLÓGICO .......................................................................................... 31 
4.2 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DNA .......................................................... 32 
4.3 CONSTRUÇÃO DE BIBLIOTECAS GENÔMICAS ENRIQUECIDAS COM 
MICROSSATÉLITES .................................................................................................. 32 
4.4 BUSCA DE REGIÕES MICROSSATÉLITES E DESENHO DOS PRIMERS .......... 34 
4.5 PADRONIZAÇÃO DOS PRIMERS DE REGIÕES MICROSSATÉLITES ............... 35 
4.5.1 Amplificação dos fragmentos de DNA ................................................................. 35 
4.5.2 Desenvolvimento de multiplex de eletroforese para obtenção de genótipos ........ 36 
4.6 CARACTERIZAÇÃO DA VARIABILIDADE GENÉTICA ..................................... 37 
4.7 TRANSFERIBILIDADE PARA A ESPÉCIE Byrsonima crassifolia ......................... 38 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 40 
5.1 BIBLIOTECAS GENÔMICAS ENRIQUECIDAS COM MICROSSATÉLITES ...... 40 
5.2 BUSCA DE REGIÕES MICROSSATÉLITES E DESENHO DE PRIMERS LOCOS-
ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 43 
5.3 PADRONIZAÇÃO DA AMPLIFICAÇÃO DOS PRIMERS DE REGIÕES 
MICROSSATÉLITES .................................................................................................. 46 
5.4 CARACTERIZAÇÃO DOS MARCADORES MICROSSATÉLITES COM BASE 
EM INFORMAÇÕES POPULACIONAIS DA ESPÉCIE Byrsonima cydoniifolia .... 49 
5.5 TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES DE BYRSONIMA CYDONIIFOLIA 
PARA Byrsonima crassifolia ....................................................................................... 56 
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 60 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 61 
APÊNDICE ........................................................................................................................ 77 
ANEXOS .......................................................................................................................... 83 
8 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Mecanismo de mutação slippage durante a replicação em uma região 
microssatélite. Adaptado de Goldstein & Schlotterer, 1999............................. 20 
Figura 2. (A) Representa um genótipo homozigoto para uma região microssatélite. (B) 
Representa um genótipo heterozigoto para uma região microssatélite. (C) 
Padrão co-dominante visualizado em gel de eletroforese. Adaptado de Ferreira 
& Grattapaglia, 1995. ....................................................................................... 21 
Figura 3. Protocolo do isolamento de microssatélites a partir de seleção por hibridização 
com oligonucleotídeos 5’ biotinilados e revestido de estreptavidina (Kandpal et 
al., 1994 , Kijas et al., 1994, Billotte et al., 1999). Adaptado de Zane et al., 
2002. ................................................................................................................. 23 
Figura 4. (A) Árvore pertencente ao complexo Byrsonima sp. (murici). (B) Folhas 
coriáceas e pilosas de 14 a 20 cm de comprimento presentes no complexo de 
espécies de murici. (Fonte: 
http://4.bp.blogspot.com/_DzmJnyxWMz8/TSYMVFdTO6I/AAAAAAAAAA
0/dmUuetXcC08/s1600/murici+arvore.jpg). .................................................... 26 
Figura 5. (A) Inflorescência de Byrsonima sp. com glândulas visíveis nos cálices. (B) 
Flores de corola amarela ou alaranjada após a polinização. (C) Inflorescências 
racemo terminal de Byrsonima sp. (Fonte: http://www.flickr.com/photos/ 
marlene_monteiro/ 4537978971/ lightbox/;http://www.flickr.com/ 
photos/mercadanteweb/ 8289008291/ ; http://noticias.uol.com.br /album/ 
110921arvorescentenarias _album.htm). ..........................................................27 
Figura 6. (A) Frutos imaturos de murici contendo até 2 cm de diâmetro. (B) Sementes 
contendo 0,5 cm de diâmetro. (C) Frutos maturos de Byrsonima sp. apresentam 
colocaração amarela. (Fonte: 
http://www.flickr.com/photos/adilson2010/5215514743/in/pool639490@N20/;
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/murici/imagens/murici-2.jpg; 
http://www.tyba.com.br/portugues/min). ......................................................... 28 
Figura 7. Pontos de coleta específicos das espécies Byrsonima cydoniifolia e Byrsonima 
crassifolia. Fonte: species Link. Disponível em: http://splink.cria.org.br/. ..... 31 
Figura 8. Biblioteca 16 indicada com a seta pertence à espécie B. cydoniifolia. Perfil de 
gel de agarose 1% corado com brometo de etídeos mostrando a fragmentação 
do DNA de B. cydoniifolia com a enzima AfaI. ............................................... 40 
Figura 9. Biblioteca 16 indicada com a seta pertence à espécie B. cydoniifolia. Perfil de 
gel de agarose 1% corado com brometo de etídeos mostrando os fragmentos de 
DNA ligados aos adaptadores amplificados. .................................................... 41 
Figura 10. Biblioteca 16 indicada com a seta pertence à espécie B. cydoniifolia. Perfil de 
gel de agarose 1% corado com brometo de etídeos mostrando os fragmentos 
enriquecidos amplificados em um padrão ideal (entre 200 e 1200pb). ............ 41 
Figura 11. Biblioteca 16 indicada com a seta pertence à espécie B. cydoniifolia. Perfil de 
gel de agarose 1,5% corado com brometo de etídeo mostrando o produto da 
amplificação dos clones demostrando que dos 12 clones, 11 continham 
insertos. ............................................................................................................. 42 
Figura 12. Biblioteca 16 pertence à espécie B. cydoniifolia. Perfil de gel de agarose 1% 
corado com brometo de etídeo indicou boa qualidade e concentração da 
extração plasmidial, com bandas fortes e nítidas. ............................................. 42 
Figura 13. Sequências obtidas a partir dos 60 clones sequênciados em Byrsonima 
cydoniifolia. ...................................................................................................... 43 
9 
 
Figura 14. Porcentagem dos motivos de repetição presentes nas 22 regiões microssatélites 
identificadas no genoma da espécie Byrsonima cydoniifolia. .......................... 44 
Figura 15. Gel de agarose 3% da etapa de otimização dos locos microssatélites de B. 
cydoniifolia utilizando o marcador 100bp. ....................................................... 46 
Figura 16. Gel de acrilamida 6% corado com nitrato de prata para verificação de 
polimorfismos nos locos microssatélites. Todos os locos neste gel foram 
polimórficos para a espécie B. cydoniifolia. ..................................................... 47 
Figura 17. Gel de acrilamida 6% corado com nitrato de prata para verificação de 
polimorfismos nos locos microssatélites. Os locos BCY04, BCY 15, BCY 17 
foram monomóficos para a espécie B. cydoniifolia. ......................................... 47 
Figura 18. Locos microssatélites que apresentaram alelos nítidos sem inespecificidades no 
analisador automático de DNA ABI3500 e foram utilizados para realizar a 
análises genético-populacionais. (A) BCY14, (B) BCY05, (C) BCY07, (D) 
BCY12, (E) BCY10, (F) BCY06, (G) BCY09, (H) BCY01, (I) BCY02, (J) 
BCY11, (K) BCY08. ........................................................................................ 48 
Figura 19. Distribuição das frequências alélicas do loco microssatélite, estimadas para 
cada uma das três populações de B. cydoniifolia. O eixo Y indica a freqüência 
alélica e o eixo X indica o tamanho do alelo em pares de base. ....................... 51 
Figura 20. Distribuição das frequências alélicas do loco microssatélite, estimadas para 
cada uma das três populações de B. cydoniifolia. O eixo Y indica a freqüência 
alélica e o eixo X indica o tamanho do alelo em pares de base. ....................... 52 
Figura 21. Distribuição das frequências alélicas dos locos microssatélites, estimadas para 
cada uma das três populações de B. cydoniifolia. O eixo Y indica a freqüência 
alélica e o eixo X indica o tamanho do alelo em pares de base. ....................... 53 
Figura 22. Gel de acrilamida 6% corado com nitrato de prata para verificação de 
polimorfismos nos locos microssatélites. Os locos BCY03, BCY04, BCY13, 
BCY15 e BCY17 não apresentaram produto de amplificação para a espécie B. 
crassifolia. ........................................................................................................ 56 
Figura 23. Distribuição das frequências alélicas dos 9 locos microssatélites estimadas para 
a população de B. crassifolia. ........................................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Classificação das regiões microssatélites (Adaptado de Kalia et al., 2011) ....... 17 
Tabela 2. Localização das populações naturais de Byrsonima cydoniifoliae Byrsonima 
crassifolia. ........................................................................................................ 31 
Tabela 3. Protocolo para reação de PCR para um indivíduo da espécie Byrsonima 
cydoniifolia. ...................................................................................................... 35 
Tabela 4. Protocolo de reação de PCR otimizado para genotipagem. ................................ 37 
Tabela 5 - Características dos 17 locos microssatélites isolado do genoma de Byrsonima 
cydoniifolia. ...................................................................................................... 45 
Tabela 6. Painel com as reações multiplex utilizadas na genotipagem dos 90 indivíduos de 
B. cydoniifolia. .................................................................................................. 48 
Tabela 7. Relação dos locos com seus respectivos número de alelos (A), heterozigosidade 
esperada (He), heterozigosidade observada (Ho), probabilidade de exclusão de 
paternidade (Q) e probabilidade de identidade (I). ........................................... 50 
Tabela 8.Variabilidade genética em três populações de B. cydoniifolia utilizando 11 
marcadores microssatélites. (N) número de indivíduos, (A) número de alelos, 
(He) heterozigosidade esperada, (Ho) Heterozigosidade observada, (FIS) índice 
de fixação. ......................................................................................................... 53 
Tabela 9. Relação dos locos que apresentaram alelos privados, com os respectivos alelos 
de cada loco e suas frequências alélicas em cada população. ........................... 54 
Tabela 10. Painel com as reações multiplex utilizadas na genotipagem dos 24 indivíduos 
de B. crassifolia. ............................................................................................... 57 
Tabela 11. Variabilidade genética da população de B. crassifolia com seus respectivos 
número de alelos (A), heterozigosidade esperada (He), heterozigosidade 
observada (Ho), índice de fixação (FIS), probabilidade de exclusão de 
paternidade (Q), probabilidade de identidade (I). ............................................. 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Os estudos de genética de populações avançaram visivelmente a partir da 
década de 70, devido aos avanços na biologia molecular que proporcionaram novas 
ferramentas como os marcadores moleculares. Os marcadores moleculares permitem 
identificar a variação da sequência de DNA e são definidos como sequências de DNA 
identificáveis, encontrados em locais específicos do genoma e transmitidos pelas leis 
padrão de herança (Semagn et al., 2006). 
Assim, a obtenção de marcadores moleculares é de grande utilidade para a 
análise genética dos organismos, pois permitem a determinação de variabilidade genética e 
identidadegenética, a partir da detecção de polimorfismo (Duran et al., 2009). 
Existem diversas classes de marcadores moleculares, que se diferenciam em 
seus princípios e metodologias, dentre estas, os marcadores microssatélites são altamente 
polimórficos e podem ser usados para o estudo de populações naturais de plantas, pois 
permitem agregar conhecimento da distribuição da variabilidade genética entre e dentro de 
populações naturais, o que é essencial para a adoção de estratégias eficientes para 
conservação de germoplasma ex situ e in situ (Oliveira et al., 2006). 
Os marcadores microssatélites são uns dos mais eficientes para estudos de 
diversidade genética, genética populacional e estudos evolutivos, tais como análises de 
estrutura populacional, sistemas de cruzamentos, fluxo gênico, análise de paternidade e 
para vincular a variação fenotípica e genotípica por meio de mapeamentos genéticos e 
físicos (Ferreira & Grattapaglia, 1998, Varshney et al., 2005). Além disso, também são 
usados em pesquisas fundamentais, como na análise de genoma, mapeamento de genes e 
seleção assistida por marcadores (Kalia et al., 2011). A aplicação de marcadores 
microssatélites tem gerado bancos de dados cada vez maiores a respeito de estudos 
genéticos sobre os efeitos causados pelo pequeno tamanho populacional em extensão e a 
distribuição da variação genética neutra (Ouborg et al., 2010). Porém, os diversos estudos 
proporcionados pelas aplicações destes marcadores dependem do conhecimento prévio da 
sequência de DNA, isolamento e desenvolvimento de pares de primers espécie-específicos 
para as regiões microssatélites a serem amplificadas via PCR (Ferreira & Grattapaglia, 
1998). 
Diferentes estratégias de desenvolvimento de marcadores microssatélites são 
conhecidas, a mais tradicional é o desenvolvimento diretamente a partir de bibliotecas de 
DNA genômico, as quais podem ser de shotgun ou enriquecidas para microssatélites 
12 
 
específicos e bibliotecas de cDNA. Além disso, após o surgimento das novas tecnologias 
de sequenciamento de nova gereação (NGS) em 2005, há atualmente a possibilidade de 
identificar regiões microssatélites em sequências de genomas ou transcriptomas geradas 
por NGS (Perry & Rowe 2011). Alternativamente, microssatélites também podem ser 
encontrados através de pesquisa pública de sequências depositadas em bases de dados tais 
como GenBank e EMBL ou através da transferibilidade entre espécies (Kalia et al., 2011). 
Uma vez desenvolvidos, os marcadores microssatélites geram informações 
relevantes para a investigação de processos genéticos que ocorrem em populações, tais 
como a diversidade genética de populações, padrões de fluxo gênico, incidência de deriva 
genética, geração de vizinhança genética e, portanto, subsidia na identificação de unidades 
de conservação e em produção de bancos de germoplasma (Heywood & Iriondo, 2003). 
Além disso, estes marcadores são potencialmente transferíveis para espécies 
filogeneticamente próximas, reduzindo os custos quando o grupo de pesquisa trabalha com 
um conjunto de espécies relacionadas (Varshney et al., 2005). 
O Cerrado ocupa mais de 2 milhões de km² no Brasil central e amazônico, 
representando cerca de 23,1% do território nacional (Klink & Machado, 2005; Ministério 
do Meio Ambiente). A partir do ano 2000, o Cerrado passou a ser considerado um hot spot 
de diversidade, compondo umas das 25 áreas do mundo importantes para a conservação da 
biodiversidade (Myers et al., 2000). O desmatamento desordenado das práticas agrícolas 
sobre este bioma gerou áreas degradadas, extinguindo seus recursos naturais. De acordo 
com o programa Monitoramento do Bioma Cerrado do Meio Ambiente as áreas naturais 
remanescentes das degradações antrópicas diminuíram de 55,53% em 2002 para 51,54% 
em 2008. Estima-se que as áreas do Cerrado remanescentes não representam áreas 
consideradas bem conservadas em seu estado original, visto que inclui áreas de vegetação 
utilizada como pastagens nativas, áreas submetidas a queimadas, à produção de carvão 
vegetal e outras práticas não-sustentáveis (Silva & Bates, 2002; Dias 2008). 
No bioma Cerrado encontram-se inúmeras espécies medicinais e frutíferas que 
apresentam potencial de utilização econômica e que são exploradas de maneira extrativista, 
dentre elas encontram-se em um complexo de espécies do gênero Byrsonima sp., 
conhecido popularmente como murici (Garritano et al., 2006). Diversas espécies de murici 
são nativas do Brasil podendo ser encontradas em vários ambientes. Dentre as espécies 
pertencentes ao bioma Cerrado podem ser citadas: Byrsonima cydoniifolia, B. crassifolia, 
B. verbascifolia, B. pachyphylla, B.intermedia entre outras. Estas espécies raramente são 
cultivadas, porém sua presença é frequente em seu habitat natural de campos cerrados, 
13 
 
dunas, savanas e capoeiras ralas, sempre sobre solos arenosos, de toda a região amazônica 
até a Bahia, Goiás e Mato Grosso (Lorenzi et al., 2006). 
Apesar de Byrsonima sp. ainda não ter sido domesticada, sua exploração 
econômica pode ser viável, desde que sejam resolvidos problemas técnicos para a 
reprodução e o estabelecimento da cultura (Chaves & Naves, 1998; Naves, 1999; Garritano 
et al., 2006). Para tanto, a análise da variabilidade genética existente nas populações das 
espécies de interesse torna-se importante para subsidiar diferentes práticas de coleta, 
implantação e manejo de coleções de germoplasma (Faleiro et al., 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Desenvolver e caracterizar um painel informativo de marcadores 
microssatélites para estudos de genética populacional da espécie Byrsonima. Cydoniifolia 
A. JUSS (murici) e testar o potencial de transferibilidade desses marcadores para 
Byrsonima crassifolia L. Kunth. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
i. Montar bibliotecas genômicas e sequenciá-las para isolar regiões microssatélites do 
genoma da espécie B. cydoniifolia; 
ii. Realizar a busca de regiões microssatélites e o desenho dos pares de primers que 
flanqueiam as mesmas no genoma da espécie B. cydoniifolia; 
iii. Padronizar as condições de termociclagem para os pares de primers desenvolvidos 
para cada loco microssatélite; 
iv. Caracterizar a variabilidade genética nos locos desenvolvidos para B.cydoniifolia. 
v. Avaliar a magnitude e a distribuição da variabilidade genética entre populações de B. 
cydoniifolia. 
vi. Testar para a espécie B. crassifolia o potencial de transferibilidade dos marcadores 
microssatélites desenvolvidos para B. cydoniifolia; 
vii. Avaliar a variabilidade genética das regiões microssatélites a partir dos marcadores 
transferidos para B. crassifolia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO 
 
3.1 MARCADORES MOLECULARES 
 
Os recentes avanços na biologia molecular proporcionaram novas ferramentas 
que permitem abordar questões evolutivas, ecológicas e taxonômicas. A variação da 
sequência de DNA pode ser observada a um nível de precisão e rendimento que antes era 
impossível. A maior parte das variações no nível de nucleotídeo muitas vezes não é visível 
ao nível fenotípico, portanto marcadores baseados em DNA têm muitas vantagens sobre 
marcadores fenotípicos, visto que eles são herdáveis, de mais fácil detecção e não são 
afetados pelo ambiente (Duran et al., 2009). 
Marcadores moleculares são sequências de DNA identificáveis, encontrados 
em locais específicos do genoma, e transmitidos pelas leis padrão de herança de uma 
geração para a seguinte, portanto são ferramentas extremamente úteis para analisar a 
variação genética, detectando polimorfismos. A maioria dos marcadores moleculares é 
amplamente utilizada para realizar estudos de diversidade genética, mapeamento genético, 
estudos de associação marcador-fenótipo e em programas de seleção assistida por 
marcadores (Semagn et al.,2006). 
Existem várias técnicas moleculares, que se diferenciam em seus princípios e 
metodologias: forma de detecção do polimorfismo, abundância e distribuição no genoma, e 
reprodutibilidade. Assim, uma gama de marcadores moleculares está disponível e podem 
ser aplicáveis em diversas situações, por isso, torna-se necessário a realização de uma 
escolha cuidadosa do marcador, levando-se em conta as questões biológicas que são de 
interesse para cada estudo (Buso et al., 2003; Semagn et al., 2006). 
Nos anos 70 surgiu o primeiro tipo de marcador molecular que detecta a 
variabilidade entre indivíduos diretamente na molécula de DNA (Grodzicker, 1975). Esse 
marcador, denominado RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism), baseia-se na 
ação de enzimas de restrição que revelam uma diferença entre os tamanhos de fragmentos 
de DNA em organismos individuais (Ferreira & Grattapaglia, 1998). 
Em meados da década de 80, a principal descoberta que impulsionou os 
marcadores moleculares baseados em DNA foi a invenção da PCR (Polymerase Chain 
Reaction), realizada pelo pesquisador britânico Kery Mulis. Trata-se de um processo 
simples de multiplicar em escala exponencial uma determinada quantidade inicial de DNA 
(Mulis e Falona, 1987). Qualquer região genômica poderia, então, ser amplificada in vitro 
16 
 
e analisada em muitos indivíduos sem a necessidade de clonagem, bem como grandes 
quantidades inicias de DNA genômico (Schlötterer, 2004). 
Assim, de acordo com o método de análise, os marcadores moleculares são 
classificados como: (i) marcadores baseados em hibridação, assim como marcadores de 
polimorfismos no comprimento de fragmentos de restrição (RFLPs); (ii) os marcadores 
baseados em PCR, RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA) (Williams et al., 1990), 
AFLP (Amplified Fragment Length Polymorphism), ISSR (Inter Simple Sequence 
Repeats), SSR (Simple Sequence Repeat) ou microssatélites; (iii) marcadores de 
polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) (Varshney et al., 2007). 
Diante de todos estes marcadores moleculares, os marcadores microssatélites 
tem considerável importância e eficiência em estudos de genética populacional devido a 
suas propriedades desejáveis: natureza multialélica, herança codominante, 
reprodutibilidade, abundância relativa, cobertura extensa do genoma (incluindo genomas 
organelares), local específico do cromossomo e receptividade à automação (Kalia et al., 
2011). 
 
3.1.1 Microssatélites 
 
Os marcadores microssatélites são baseados na amplificação de sequências de 
DNA, denominadas de regiões microssatélites conhecidas como repetições curtas em 
tandem (STR; Edwards et al.,1991) ou sequências simples repetidas (SSR; Tautz, 1989), as 
quais são repetições em tandem que apresentam de 1 a 6 nucleotídeos como motivos de 
repetição (Agarwal et al., 2008). 
As regiões microssatélites são classificadas de acordo com seu tamanho, o tipo 
de unidade de repetição e a sua localização no genoma. Segundo o número de nucleotídeos 
por unidade de repetição, as regiões microssatélites são classificadas como: -mono, -di, -tri, 
-tetra, -penta ou -hexanucleotídeos (Kalia et al., 2011). Dependendo do arranjo dos 
nucleotídeos presentes nos motivos de repetição, as regiões microssatélites são 
classificadas como perfeita simples, imperfeita simples, composto perfeita ou composto 
imperfeita (Wang et al., 2009). Estas regiões estão distribuídas de forma ampla em 
genomas de organismos eucariotos e procariotos, tanto no genoma nuclear (nuSSR), 
quanto nos genomas cloroplastidiais (cpSSR) e mitocondriais (mtSSR) (Kalia et al., 2011) 
(Tabela 1). 
 
17 
 
Tabela 1. Classificação das regiões microssatélites (Adaptado de Kalia et al., 2011) 
A. Baseados no número de nucleotídeos por repetição(n) 
Mononucleotídeos (A)n ...AAAAAAAAA... 
Dinucleotídeos (CA)n ...CACACACACA... 
Trinucleotídeos (CGT)n ...CGTCGTCGTCGTCGT... 
Tetranucleotídeos (CAGA)n ...CAGACAGACAGACAGA... 
Pentanucleotídeos (AAATT)n ...AAATTAAATTAAATT... 
Hexanucleotídeos (CTTAAG)n ...CTTAAGCTTAAGCTTAAG... 
B. Baseados no arranjo dos nucleotídeos nos motivo de repetição (Wang et al., 2009) 
Perfeito simples (CA)n 
Imperfeito simples (AAC)n ACT (AAC)n 
Composto perfeito (CA)n (GA)n 
Composto Imperfeito (CCA)n ATT (CGA)n 
C. Baseado na localização da região microssatélite no genoma 
Nuclear nuSSR 
Mitocondrial mtSSR 
Cloroplastidial cpSSR 
 
A distribuição e a frequência de regiões microssatélites variam entre diferentes 
classes de organismos. Os microssatélites são distribuídos de forma não aleatória ao longo 
de genomas eucarióticos, e mostra diferentes propriedades em regiões genômicas de 
funcionalidade diferente (Katti et al., 2001). Genomas eucarióticos são caracterizados pela 
predominância de repetições de mononucleotideos sobre outras classes (Sharma et al., 
2007). Geralmente poli (A/T) são as repetições mais abundantes em cada táxon, 
principalmente no genoma humano (Toth et al., 2000). Em todos os vertebrados e 
artrópodes, AC/GT é a repetição de dinucleotídeos a mais comum (Beckmann & Weber, 
1992), enquanto em plantas repetições de AT seguidas por GA são as mais frequentes 
(Lagercrantz et al., 1993; Schug et al., 1998). 
As regiões microssatélites com motivo de repetição composta por 
dinucleotídeos são as mais comuns em muitas espécies, porém a menos frequente em 
regiões codificantes (Li et al., 2002). De acordo com o estudo realizado em trigo por Yu e 
colaboradores (2004), 19 % de repetições dinucleotídeas foram encontradas em regiões 
codificadoras, 42% em região 5’UTRs e 39% em 3’ UTRs. Em contraste, 74% das 
repetições de trinucleotídeos foram encontradas em regiões codificadoras, 20 % em região 
5’ UTRs e 6 % em 3’ UTRs. 
A maior frequência de repetições de trinucleotídeos em regiões codificantes em 
comparação com os outros tipos de repetições pode ser explicada baseada na pressão 
18 
 
seletiva que existe levando a supressão de microssatélites não triméricos nas regiões 
codificadoras, isso ocorre devido à mudança no quadro de leitura de um gene que poderia 
ser causada, com aumento ou um decréscimo no número de unidades de repetição (Kalia et 
al., 2011). 
Assim, marcadores microssatélites que possuem microssatélites presentes em 
regiões de DNA não-codante, ou seja, em sequências intergênicas ou nos íntrons são 
classificados como marcadores microssatélites genômicos (SSR), enquanto que 
marcadores com regiões microssatélites encontradas em regiões transcritas do genoma 
(gênica) são denominados de marcadores microssatélites gênicos (EST-SSR)(VARSHNEY 
et al, 2005). 
A gênese dos microssatélites pode ser explicada por duas hipóteses, a primeira 
sugere que as regiões microssatélites podem surgir espontaneamente a partir de/dentro de 
sequências únicas (de novo microssatélites) e a segunda hipótese propõe que os 
microssatélites são trazidos em forma primordial de uma localização genômica receptiva 
por transposons (adopted microssatélites) (Buschiazzo & Gemmell, 2006). 
A evolução do microssatélite, ou seja, qualquer mudança na região repetitiva 
resultando no aumento ou diminuição no número de repetição está associada com a sua 
taxa de mutação (Ellegren 2004). A taxa de mutação de microssatélites é muito mais 
elevada em comparação com as mutações pontuais em regiões codificantes (10
-9
 a 10
-10
), 
variando de 10
-2 
a 10
-6
 eventos por loco por geração em eucariotos (Sia et al., 2000, 
Schlötterer, 2000). 
Convencionalmente, dois modelos de mutações têm sido considerados para os 
microssatélites, o Modelo Mutacional Stepwise (SMM) e o Modelo de Alelos Infinitos 
(IAM) (Bhargava & Fuentes, 2010). Inicialmente, o conceito de SMM foi apresentado por 
Ohta & Kimura (1973), no qual uma unidade de repetição pode ser adquirida ou perdida, 
resultando numa expansão ou contração da região microssatélite. Sendo assim, todos os 
eventos mutacionais envolvem a mudança emuma única repetição em tandem e, por 
conseguinte, possivelmente para um alelo já presente na população. O SMM é geralmente 
assumido como pressuposto ao estimar parentesco entre indivíduos e sub-estruturação 
populacional (Oliveira et al., 2006). Enquanto que o modelo IAM assume que cada 
mutação resulta na criação de um novo alelo e não permite homoplasia (Kimura & Crow, 
1964). O IAM descreve que as mutações podem envolver a perda ou ganho de qualquer 
número de repetições da região microssatélite, portanto gera novos alelos amostrados, não 
encontrados anteriormente na população (Estoup & Cornuet, 1999). Há relatos que o 
19 
 
modelo IAM não é apropriado para microssatélites por causa das altas taxas de mutação e 
dos processos de mutação dos microssatélites, que conservam memória ancestral de 
estados alélicos (Bhargava & Fuentes, 2010), e que o modelo SMM é suposto ser mais 
adaptado para variação microssatélite do que o IAM (Estoup & Angers, 1998). 
Vários mecanismos mutacionais têm sido propostos para explicar a alta taxa de 
mutação em regiões microssatélites, incluindo retrotransposição, recombinação do DNA 
(crossing-over desigual) e slippage da polimerase durante a replicação do DNA (Oliveira 
et al., 2006; Wang et al., 2009). 
De acordo com o primeiro mecanismo, a análise de uma porção do genoma 
humano demonstrou o surgimento dos microssatélites a partir da associação de 
microssatélites com retrotransposons. Quando ocorre a retrotransposição, fragmentos de 
DNA repetitivos (retrotransposons) podem ser inseridos nos cromossomos depois de serem 
transcritos reversamente a partir de uma molécula de RNA (Nadir et al., 1996). Entretanto, 
uma elevada densidade de elementos transponíveis nem sempre coincidi com uma elevada 
densidade de microssátelites (Schlotterer, 2000). 
O segundo mecanismo determina que a evolução dos microssatélites se dá 
devido a uma taxa elevada de recombinação desigual na região que contém as repetições 
microssatélites, ou seja, ocorre crossing-over entre cromossomos homólogos que estão 
imperfeitamente pareados devido à grande quantidade de repetições. Assim, pode levar a 
contrações e expansões de grande escala da matriz de repetição (Richard & Paques, 2000). 
O mecanismo mutacional mais comumente aceito é o Slip Strand Mispairing 
(SSM) o qual propõe que a evolução dos microssatélites ocorre devido ao deslizamento da 
fita simples de DNA durante a replicação. Neste último modelo, durante a replicação do 
DNA, o ―deslizamento‖ da DNA polimerase III ao longo da região de repetição pode 
provocar a dissociação temporária da fita molde com a fita a ser recém-sintetizada e o 
rápido realinhamento incorreto, permitindo erros de emparelhamento de base e a 
continuação do alongamento da cadeia (Bhargava & Fuentes, 2010). As fitas de DNA 
alinhadas incorretamente formam uma estrutura denominada ―loop‖, que pode ser 
estabilizado por hairpin, arranjo quádruplo ou cruciforme dos filamentos de DNA (Xu et 
al., 2000). Isto pode resultar em um aumento do número de repetições (adições) no alelo se 
o erro ocorre na fita complementar ou em uma diminuição do número de repetições 
(deleções) se o erro ocorrer na fita molde (Goldstein & Schlotterer, 1999; Oliveira et al., 
2006) (Figura 1). 
20 
 
 
Figura 1. Mecanismo de mutação slippage durante a replicação em uma região microssatélite. Adaptado de 
Goldstein & Schlotterer, 1999. 
 
Erros de SSM das fitas de DNA são corrigidos pelo sistema de reparo, assim a 
estabilidade do microssatélite depende de um equilíbrio entre o ―deslizamento‖ durante a 
replicação do DNA e a eficácia do sistema de reparo (Ellegren, 2000; Kalia et al., 2011). 
Embora o processo ―slippage‖ durante a replicação favoreça tanto o aumento quanto a 
diminuição da região microssatélite, há uma tendência para a expansão da região 
microssatélite, enquanto que a mutação pontual quebra uma repetição longa em duas ou 
mais sequências mais curtas, rearranjando a região repetitiva em uma mistura de 
sequências únicas e trechos curtos repetitivos (Li et al., 2004). Assim, as mudanças na 
relação das frequências de ―slippage‖ e mutações pontuais têm efeito direto sobre a 
distribuição dos microssatélites em um genoma (Li et al., 2002). A estabilidade dos 
microssatélites varia dentro e entre espécies, há altas taxas de mutação nos microssatélites 
com maior número de repetições, devido à dificuldade do mecanismo de reparo reconhecer 
erros SSM em repetições longas (Dettman & Taylor, 2004). 
Os microssatélites são loco-específicos e possuem altos níveis de polimorfismo 
devido aos mecanismos de mutação que afeta o número de repetições das regiões 
microssatélites, são abundantes por todo o genoma, tanto em procariotos quanto em 
eucariotos; apresentam padrão de herança co-dominante (Figura 2), variação multi-alélica 
e alta reprodutibilidade (Duran et al., 2009). Tais características inerentes aos 
microssatélites tornaram estas regiões potencialmente eficientes para desenvolvimento de 
21 
 
marcadores utilizados em mapeamento, testes de paternidade e estudos de genética de 
populações (Schlötterer, 2004). 
 
 
Figura 2. (A) Representa um genótipo homozigoto para uma região microssatélite. (B) Representa um 
genótipo heterozigoto para uma região microssatélite. (C) Padrão co-dominante visualizado em gel de 
eletroforese. Adaptado de Ferreira & Grattapaglia, 1995. 
 
Os marcadores microssatélites são capazes de gerar informações relevantes 
para a identificação de unidades de conservação e para a investigação sobre processos 
genéticos que ocorrem em populações, como a diversidade genética de populações, 
padrões de fluxo gênico, incidência de deriva genética e geração de vizinhança genética 
(Heywood & Iriondo, 2003). Além disso, fornecem um número de vantagens sobre os 
outros marcadores moleculares: (i) pequenas quantidades de DNA é necessária, (ii) vários 
alelos microssatélites podem ser detectados em um único loco a partir de uma simples 
PCR, (iii) a análise de detecção do alelo é passível de automatização e dimensionamento 
(Schlötterer, 2000, Duran et al., 2009). 
Embora existam todas estas vantagens, uma das limitações para se obter 
marcadores microssatélites é o conhecimento prévio da sequência de DNA, pois há a 
necessidade de isolador e desenvolver pares de primers específicos para cada região 
microssatélite, a fim de delimitar cada loco microssatélite da espécie de interesse. Este é 
um processo que demanda mão de obra qualificada e apresenta um custo relativamente 
22 
 
alto, porém, o benefício ocorre pela praticidade e reprodutibilidade na utilização deste 
marcador que utiliza-se da técnica de PCR para avaliar o polimorfismo nos indivíduos e 
populações (Caixeta et al., 2006). Além disso, uma vez desenvolvidos, estes marcadores 
são potencialmente transferíveis para espécies filogeneticamente próximas, devido à 
natureza homóloga da sequência de DNA nas regiões flanqueadoras dos microssatélites. 
Sendo assim, como essas regiões são altamente conservadas entre táxons, isso possibilita a 
amplificação cruzada entre espécies relacionadas (Varshney et al., 2005; Barbara et al., 
2007). A taxa de amplificação bem sucedida diminui à medida que a divergência genética 
entre as espécies aumenta (Primmer & Merilä, 2002). 
 
3.1.1.1 Desenvolvimento de microssatélites 
 
Inicialmente proposta, a estratégia de desenvolvimento de marcadores 
microssatélites mais tradicional consiste na construção de uma biblioteca genômica da 
espécie de interesse, hibridização com sondas contendo repetições simples, 
sequenciamento dos clones positivos e desenho dos pares de primers que flanqueiam a 
região microssatélite (Rassmann et al. 1991; Caixeta et al., 2006). Em termos de tempo e 
esforço esta estratégia apresenta um desafio técnico considerável e esta abordagem pode 
vir a ser extremamente ineficiente para espécies com baixa frequências de microssatélites.Por isso, diversos protocolos alternativos foram desenvolvidos para reduzir o tempo 
investido e aumentar significativamente o rendimento (Zane et al., 2002). 
Diferentes metodologias baseadas na construção de bibliotecas enriquecidas 
para microssatélites foram propostas. Estratégias baseadas na extensão de primers foram 
descritas por Paetkau (1999) e Ostrander et al.(1992), resultando em uma eficiência na 
obtenção de colônias positivas de 40-50% a até 100%, respectivamente. Estes protocolos 
de extensão de primers envolvem a produção de uma biblioteca primária, no qual o DNA 
genômico fragmentado é inserido em um vetor de fago a fim de obter um conjunto de 
filamentos únicos de moléculas de DNA circulares, os quais serão utilizados como molde 
para uma reação de extensão do primer preparado com oligonucleótidos específicos para 
determinada repetição, assim apenas os vetores que contenham a repetição desejada gerará 
produtos de fita dupla. Na etapa da produção da biblioteca primária, apenas uma parte 
limitada do genoma investigado é clonado, o que resulta na perda de motivos de repetição 
raros, além disso, o grande número de etapas realizadas limitou a popularização destes 
métodos (Zane et al., 2002). 
23 
 
Outra classe de métodos de isolamento de microssatélites é a partir da 
construção de bibliotecas enriquecidas baseadas na hibridização seletiva. Os protocolos 
básicos como proposto por Karagyozov et al.(1993), Armour et al.(1994), Kijas et 
al.(1994), são relativamente simples e extremamente populares. Todas as estratégias 
consistem na hibridização de uma sequência sintética de um oligonucleotídeo de 
microssatélite com o DNA genômico (Billotte et al., 1999). Primeiramente, os fragmentos 
de DNA genômico são ligados a uma sequência conhecida (adaptadores), posteriormente 
será hibridizado com uma sonda contendo repetições que pode ser vinculada a uma 
membrana de nylon (Karagyozov et al., 1993; Armour et al., 1994) ou 5’ biotinilado 
revestido de estreptavidina (Kandpal et al., 1994 , Kijas et al., 1994, Billotte et al., 
1999)(Figura 3), seguida uma série de lavagens o DNA enriquecido é recuperado por PCR 
e clonado em um vetor adequado, para que finalmente possa ocorrer o sequenciamento dos 
clones positivos e obtenção das sequências para identificação das regiões microssatélites 
(Zane et al., 2002). 
 
Figura 3. Protocolo do isolamento de microssatélites a partir de seleção por hibridização com 
oligonucleotídeos 5’ biotinilados e revestido de estreptavidina (Kandpal et al., 1994 , Kijas et al., 1994, 
Billotte et al., 1999). Adaptado de Zane et al., 2002. 
24 
 
 
Outra metodologia é a obtenção de marcadores microssatélites a partir de 
bibliotecas de cDNA. Neste método, a diferença crucial é que para a produção da 
biblioteca são utilizadas sequências de mRNA, a partir de um conjunto de genes expressos 
em uma amostra de um determinado organismo. Portanto, os marcadores microssatélites 
desenvolvidos por esta metodologia são gênicos, ou seja, estão presentes em sequências 
transcritas (ESTs-SSR) (Blair & Hurtado, 2013). 
Para evitar a construção das bibliotecas genômicas ou de cDNA, uma 
metodologia alternativa para o desenvolvimento de marcadores microssatélites é buscar 
sequências em bancos de dados tais como EMBL and GenBank, utilizando recursos 
computacionais (Morgante & Olivieri, 1993; Kalia et al., 2011). Uma limitação é que a 
maioria das sequências disponíveis nos bancos de dados são sequências transcritas (ESTs). 
Estas sequências, então, podem ser verificadas quanto à identificação de microssatélites a 
partir de programas computacionais, os quais são geralmente referidos como 
microssatélites gênicos ou EST-SSRs (Varshney et al., 2005). A desvantagem deste 
método é que a obtenção dos marcadores é limitada às espécies que possuem sequências 
suficientes disponibilizadas nos bancos de dados, que geralmente são poucas para a 
maioria das espécies de plantas silvestres (Cardle et al.,2000; Hu et al., 2004). 
A partir de 2005, surgiram novas tecnologias de sequenciamento de DNA 
denominadas de sequenciamento de nova geração (NGS), suas plataformas geram 
informação sobre milhões de pares de bases em uma única corrida (Mardis, 2008). Assim, 
permite sequenciamento de genomas e transcriptomas (RNA-seq), o que propicia uma 
aplicação com ampla utilidade que é a rápida identificação de marcadores moleculares, 
como os SNPs e os microssatélites (Perry & Rowe 2011). Zheng e colaboradores (2013) 
relataram o desenvolvimento de 205 marcadores microssatélites em duas espécies de 
Amorphophallus usando sequências de transcriptomas geradas por NGS. 
Posteriormente à obtenção das sequências do genoma de interesse necessita-se 
ainda: (i) identificar regiões microssatélites únicas nas sequências obtidas dos clones 
positivos ou de sequências encontradas em bancos de dados ou de sequências geradas por 
NGS; (ii) desenhar pares de primers específicos em regiões adequadas; (iii) otimizar o 
protocolo de PCR para a obtenção de produto de PCR referente a cada loco microssatélite; 
(iv) analisar os padrões das bandas e dos produtos de PCR com relação ao polimorfismo 
para validação das regiões microssatélites como marcadores moleculares (Roder et al., 
1998; Semagn et al., 2006). 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Blair%20MW%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=23590131
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Hurtado%20N%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=23590131
25 
 
Uma metodologia alternativa ao desenvolvimento de novos marcadores 
microssatélites muito importante é a transferibilidade. Muitos estudos mostraram que os 
pares de primers desenhados para uma espécie podem ser utilizados para outras espécies 
do mesmo gênero (Cipriani et al, 1999; Barbara et al., 2007), ou de uma mesma família 
(Roa et al., 2000; Zucchi et al, 2002; Barbara et al., 2007), devido a conservação das 
regiões flanqueadoras entre espécies relacionadas. Esta característica das regiões 
microssatélites permite a amplificação heteróloga dos primers e, portanto, a 
transferibilidade entre espécies. A transferibilidade pode reduzir os custos quando o grupo 
de pesquisa trabalha com um conjunto de espécies relacionadas. Tanto marcadores 
microssatélites gênicos e genômicos podem ser transferidos entre as espécies, no entanto, 
espera-se que marcadores microssatélites gênicos apresentem uma alta taxa de 
transferência devido à conservação das regiões transcritas entre as espécies relacionadas 
(Varshney et al., 2005, Ellis & Burke 2007; Kalia et al., 2011). 
 
3.2 ESPÉCIES DO GÊNERO Byrsonima NO CERRADO 
 
O bioma Cerrado é uma savana tropical (Klink& Machado, 2005), constituindo 
um complexo vegetacional composto por tipos fitofisionômicos distintos. Os cinco 
principais tipos estruturais do cerrado são reconhecidos por botânicos como: Cerradão, um 
tipo de floresta densa (8-15 m de altura), que muitas vezes apresenta um dossel 
completamente fechado; Cerrado sensu stricto, apresenta bosques (5-8 m de altura) com 
mata fechada e árvores mais espalhadas que no Cerradão; Campo Cerrado, um Cerrado 
aberto (3-6 m de altura) com poucas árvores; Campo sujo, pastagens (2-3 m de altura) com 
arbustos dispersos; e por fim, Campo limpo, pastagem apresentando alguns arbustos ou 
nenhum, ou plantas lenhosas mais altas (Silva & Bates, 2002). 
Uma rica biodiversidade é encontrada no Cerrado, estimada em 160 mil 
espécies de plantas, fungos e animais. Há cerca de 800 espécies de árvores e arbustos de 
grande porte e várias vezes esse número de espécies terrestres (ervas e subarbustos). De 
ampla ocorrência no Cerrado, a família Malpighiaceae apresenta 66 gêneros e 1200 
espécies, com distribuição tropical e subtropical (Souza & Lorenzi, 2008). No Brasil, 
ocorrem 32 gêneros e aproximadamente 300 espécies (Barroso et al., 1991). 
A família Malpighiaceae é composta por árvores, arbustos, lianas e ervas 
perenes.Suas flores apresentam uma organização uniforme na família, são vistosas de 
coloração amarelada ou rosada, compostas por cinco sépalas, hermafroditas, reunidas em 
26 
 
inflorescências de posição axilar ou terminal (Joly, 2002). Possuem antese diurna e alta 
viabilidade polínica (Sigrist & Sazima 2004, Costa et al., 2006). Esta família apresenta 
como uma característica primordial a presença de nectários extraflorais dispostos aos pares 
na base das sépalas, em quase todas as espécies. A estratégia de recompensa floral aos 
visitantes aplica à suas flores, que são polinizadas por abelhas, principalmente fêmeas da 
família Apidae, visto que utilizam o óleo produzido pelas glândulas presente no cálice, os 
elaióforos (Peixoto et al., 2011). 
Byrsonima Rich. está entre os maiores gêneros da família Malpighiaceae. 
Constitui mais de 150 espécies, distribuídas ao longo do México, difundindo-se por toda 
América do Sul (Aguiar, 2005). Apresenta cerca de 70 espécies presentes no Brasil (Flinte 
et al., 2003), com ampla distribuição no Cerrado sensu stricto e Campos Cerrados 
(Garritano et al., 2006). No Brasil, as espécies do gênero Byrsonima Rich. são 
popularmente conhecidas como ―murici‖ (Figura 4), com diversas variações, tais como 
―murici-cascudo‖, ―murici-pequeno‖ ou ―murici-vermelho‖ (Sannomyia et al., 2005). 
 
 
Figura 4. (A) Árvore pertencente ao complexo Byrsonima sp. (murici). (B) Folhas coriáceas e pilosas de 14 a 
20 cm de comprimento presentes no complexo de espécies de murici. (Fonte: 
http://4.bp.blogspot.com/_DzmJnyxWMz8/TSYMVFdTO6I/AAAAAAAAAA0/dmUuetXcC08/s1600/muric
i+arvore.jpg). 
 
O murici é caracterizado como uma árvore ou arbusto hermafrodita ramificado, 
com ramos ascendentes e eretos, com base lenhosa, de 1-6m de altura, apresenta tronco 
frequentemente tortuoso. Suas folhas são coriáceas e pilosas em ambas as faces, medindo 
de 14-20 cm de comprimento. Apresenta inflorescência racemo terminal, constituída por 
flores de corola amarela ou alaranjada após polinização, com glândulas visíveis no cálice, 
27 
 
possuindo de 5 a 10 cm de comprimento (Figura 5). A floração ocorre entre agosto e 
dezembro em áreas de Cerrado (Silva Júnior, 2005). Os frutos apresentam até 2 cm de 
diâmetro, drupa globosa, polpa suculenta e adocicada, cor amarela na maturação e podem 
apresentar de uma a três sementes por fruto. As sementes, por sua vez, possuem 0,5 cm de 
diâmetro (Garritano et al., 2006; Peixoto et al., 2011). A frutificação ocorre entre outubro e 
fevereiro em áreas de Cerrado (Silva Júnior, 2005). 
 
 
Figura 5. (A) Inflorescência de Byrsonima sp. com glândulas visíveis nos cálices. (B) Flores de corola 
amarela ou alaranjada após a polinização. (C) Inflorescências racemo terminal de Byrsonima sp. (Fonte: 
http://www.flickr.com/photos/ marlene_monteiro/ 4537978971/ lightbox/;http://www.flickr.com/ photos/mercadanteweb/ 8289008291/ ; 
http://noticias.uol.com.br /album/ 110921arvorescentenarias _album.htm). 
 
A espécie Byrsonima cydoniifolia é classificada como brevidecídua, com queda 
foliar na estação da seca (julho-setembro) e brotamento de folhas jovens de setembro a 
outubro. Ocorre em campos inundáveis na Bolívia, Amazônia e no Brasil Central (Pott & 
Pott, 1994), exclusivamente em solos arenosos, colonizam beiras de estradas e áreas 
desmatadas, capões, Campos-Cerrados inundáveis ou não, formando os canjiqueirais (Pott 
& Pott 1994, Silva et al., 2000, Marimon & Lima 2001, Silvério & Fernandes-Bulhão 
2009). Já a espécie Byrsonima crassifolia é comumente encontrada em savanas e pastos, 
geralmente cresce em solos estéreis da seca para lugares muito úmidos (Holdridge, 1970). 
Quanto à biologia reprodutiva das espécies do gênero Byrsonima Rich, 
possuem sistema reprodutivo misto, apresentam sistemas de fecundação cruzada e 
autofecundação com diferentes graus de compatibilidade entre suas espécies (Mendes et 
al., 2001; Garritano et al., 2006). Em Byrsonima coccolobifolia (Benezar & Pessoni, 
2006), B. rotunda (Mendes et al., 2001) e B. verbascifolia foi identificado níveis elevados 
de alogamia e autogamia, demonstrando autocompatibilidade. Enquanto que em um estudo 
28 
 
envolvendo outras sete espécies do gênero Byrsonima Rich. relataram ―certo grau de 
autocompatibilidade‖, com percentuais de frutificação por autopolinização variando entre 
5,2% a 16,3% (Barros, 1992). Já espécies como Byrsonima crassifolia (Rêgo & 
Albuquerque 1989), B. sericea (Teixeira & Machado 2000, Costa et al., 2006) e B. 
microphylla foram consideradas auto-incompatíveis (Costa et al., 2006). 
Os principais vetores de polinização são abelhas (figura 2) de médio e grande 
porte dos gêneros: Centris, Epicharis e Bombus, responsáveis pela coleta de pólen e óleo. 
Além de abelhas pequenas dos gêneros Trigonal, Apis, Augochloropsis, Tetragona, 
Paratetrapedia e outros (Barros, 1992). A propagação de Byrsonima sp. se dá por 
sementes contidas nos pirênios, os quais são constituídos pelo conjunto do endocarpo 
pétreo resistente e as sementes (Figura 6). Segundo consta na literatura, a germinação de 
algumas das espécies do gênero Byrsonima é lenta e acentuadamente desuniforme 
(Lorenzi, 2002; Donadio et al., 2004; Nogueira et al., 2004; Carvalho et al., 2006; 
Carvalho & Nascimento, 2008). Animais silvestres, tais como pássaros, roedores, tatus e 
canídeos, funcionam como dispersores naturais das suas sementes, visto que o fruto do 
murici é fonte de alimento para estes animais (Garritano et al., 2006). 
 
 
Figura 6. (A) Frutos imaturos de murici contendo até 2 cm de diâmetro. (B) Sementes contendo 0,5 cm de 
diâmetro. (C) Frutos maturos de Byrsonima sp. apresentam colocaração amarela. (Fonte: 
http://www.flickr.com/photos/adilson2010/5215514743/in/pool639490@N20/;http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/murici/imagen
s/murici-2.jpg; http://www.tyba.com.br/portugues/min). 
 
O murici é uma planta apícola e pode ser utilizada como ornamental e em 
reflorestamento de áreas degradadas (Donadio et al., 2004). Demonstram tolerância aos 
efeitos de incêndios, logo após as queimadas em uma área de Cerrado sensu stricto 
29 
 
membros do gênero Byrsonima Rich. são um dos primeiros a florescer. Isso ocorre devido 
à presença de folhas densamente pilosas agrupadas no ápice dos ramos que protegem as 
gemas apicais (Fielder et al., 2004). 
As espécies do gênero Byrsonima Rich. apresentam múltiplas potencialidades. 
Seus frutos são comestíveis podendo ser consumidos ao natural, como doces, sucos, 
licores, geléias, pudins, pavês e sorvetes (Garritano et al., 2006). O óleo extraído da 
semente é utilizado pela indústria alimentícia e farmacêutica (Sannomiya et al., 2005). A 
planta é utilizada como forrageira, em épocas de falta de pasto, e a madeira é usada em 
serviços de marcenaria, celulose, lenha e carvão (Pott & Pott, 1994; Garritano et al., 2006). 
A casca do caule e as folhas são adstringentes empregadas na medicina popular como 
antiasmáticas, antitérmicas, no tratamento de infecções de pele (Caceres, et al., 1993), no 
tratamento de desordens gastrointestinais, contra tuberculose, bem como para picada de 
cobra e bronquite (Pott & Pott, 1994, Rastrelli et al., 1997). Em estudos experimentais 
relataram atividade antiprotozoária e antiinflamatória (Guilhon-Simplicio et al., 2012). 
A exploração do murici ocorre de forma extrativista em agrupamentos nativos 
(Souza et al., 2003) e, esporadicamente, é cultivado em pomares domésticos (Lorenzi, 
2002). Apesar dessa espécie não ser domesticada, sua exploração econômica pode ser 
viável, visto que é um complexo de espécies com elevado potencial de utilização e de fácil 
cultivo, sem requerer elevados cuidados nos tratos culturais (Chaves & Naves, 1998; 
Naves, 1999; Garritano et al., 2006). 
 
3.3 DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MARCADORES 
MICROSSATÉLITES PARA ESPÉCIES NATIVAS DO 
CERRADO 
 
O primeiro estudo publicado utilizando microssatélite emespécies vegetais foi 
realizado por Condit e Hubbell (1991), neste trabalho foi descrita a alta abundância de 
regiões microssatélites do tipo dinucleotídeos em genomas de plantas e sugere que estas 
regiões poderiam fornecer um grande número de marcadores polimórficos para estudos de 
genética de populações de plantas. 
Os parâmetros genéticos populacionais gerados a partir dos marcadores 
microssatélites podem ter diversas aplicações. Estes parâmetros gerados podem auxiliar na 
discriminação entre acessos e cultivares de bancos de germoplasma, detectando 
30 
 
duplicações, mistura de sementes, cruzamentos não controlados e deriva genética; dessa 
forma uma das aplicações seria para a domesticação da espécie e sua utilização econômica 
(Garritano et al., 2006). Estes parâmetros também podem ser úteis em estudos para 
determinar áreas de conservações de espécies, pois permitem a identificação de diferentes 
magnitudes de variabilidade genética dentro das populações, ou seja, permite a 
compreensão da estrutura genética ou da divisão da variação entre indivíduos, populações 
e espécie (Collevati et al., 2001), portanto, de acordo com os parâmetros previamente 
verificados, pode se admitir diferentes estratégias para a conservação in situ ou ex situ 
(Avise & Hamrick 1996). Além disso, estes paramtros podem ser utilizados na 
determinação do grau de parentesco entre indivíduos e na construção de mapas genéticos 
(Akkaya et al., 1995; Cregan et al., 1999). 
No Brasil, estudos relacionados com o desenvolvimento e o uso de marcadores 
microssatélites em plantas possuem aproximadamente apenas duas décadas e 
primeiramente foi empregado em estudos de espécies florestais como Ceiba pentandra 
(Brondani et al., 2003), Swietenia macrophylla (Lemes et al., 2002), Araucaria 
angustifolia (Schmidt et al., 2007), Copaifera langsdorffi (Martins et al., 2008), Eugenia 
uniflora (Ferreira-Ramos et al., 2008), e cultivada Oryza glumaepatula (Vaz et al., 2009). 
Também estes marcadores já foram empregados em estudos de espécies do 
Cerrado, Caryocar brasiliensis (Collevatii et al., 1999), Anemopaegma arvense (Bastini et 
al., 2009), Tabebuia aurea (Braga et al., 2007), Hymenaea courbaril (Ciampi et al. 2008), 
entretanto a maioria dos relatos são mais recentes, Lychnophora ericoides (Rabelo et al., 
2011), Tibouchina papyrus (Telles et al., 2011), Dipteryx alata (Soares et al., 2012), 
Anacardium humile (Soares et al., 2013) e Eugenia dysenterica (Telles et al., 2013). 
Visando estudos genéticos populacionais para a espécie do Cerrado B. 
cydoniifolia, torna-se importante o desenvolvimento de pares primers para as regiões 
microssatélites da espécie. 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
4.1 MATERIAL BIOLÓGICO 
 
Um total de amostras de 90 indivíduos da espécie Byrsonima cydoniifolia 
foram coletadas na região do Médio Araguaia, provenientes de três populações naturais 
com ocorrência nos municípios de Barra do Garças (MT), Araguaiana (MT) e Bom Jardim 
(GO). Além disso, amostras de tecido foliar de uma população de 24 indivíduos da espécie 
Byrsonima crassifolia foram coletados no município de Silvânia (GO). Os pontos de coleta 
(Figura 7) das espécies Byrsonima cydoniifolia e Byrsonima crassifolia foram 
georeferenciadas por um GPS (Global Position System), conforme descrito na tabela 2. 
 
 
Figura 7. Pontos de coleta específicos das espécies Byrsonima cydoniifolia e Byrsonima crassifolia. Fonte: 
species Link. Disponível em: http://splink.cria.org.br/. 
 
Tabela 2. Localização das populações naturais de Byrsonima cydoniifoliae Byrsonima crassifolia. 
Espécie Pop. Estado Município Coordenadas 
 B.cydoniifolia 
1 
MT 
Barra do Garças W 52°16'50,3" S 15°30'20,6" 
2 Araguaiana W 51°44'19" S 14°41'48,1" 
3 GO Bom Jardim W 52°02'23,5" S 16°16'41,6" 
 B. crassifolia 1 GO Silvânia W 48°13'12,9'' S 16°43'6,8'' 
 
 
32 
 
4.2 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DNA 
 
As amostras de tecido foliar foram acondicionadas em papel alumínio, sacos 
plásticos, identificadas e transportadas em caixas com gelo. O tecido foliar de todos os 
indivíduos foi utilizado para extração de DNA no Laboratório de Genética & 
Biodiversidade (LGBio), localizado no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade 
Federal de Goiás, campus Samambaia. 
O DNA total de todos os indivíduos coletados (90 indivíduos de B. cydoniifolia 
e 24 indivíduos de B. crassifolia) foi extraído a partir de amostras de tecido foliar em 
duplicata seguindo o protocolo CTAB (brometo de cetil-trimetil amônio) descrito por 
Doyle & Doyle (1987) otimizado para o tempo de maceração automática de 40 segundos 
para ambas as espécies Byrsonima cydoniifolia e Byrsonima crassifolia. 
A verificação da qualidade e quantificação do DNA extraído foi realizada em 
gel de agarose 1% corado com brometo de etídio (10mg/mL) e tampão para eletroforese 
TBE (Tris Borato-EDTA) na concentração 1x, utilizando o marcador de massa molecular 
DNA de fago Lambda (λ) a uma concentração conhecida. Posteriormente, o gel foi 
visualizado com luz ultravioleta/366 nm através de um trans-iluminador UV, fotografado 
por fotodocumentador, seguindo a quantificação visual de cada amostra. A diluição do 
DNA foi realizada com água ultrapura. Para realizar o desenvolvimento de marcadores 
microssatélites, o DNA genômico total de um único indivíduo de B. cydoniifolia foi 
diluído para uma concentração final de 250 ng de DNA genômico por µl. Para a 
padronização das reações de PCR, a fim de caracterizar os locos microssatélites e testar a 
transferibilidade, o DNA e cada um dos 90 indivíduos de B. cydoniifolia e dos 24 
indivíduos de B. crassifolia foram diluídos a uma concentração de 2,5 ng/µL. 
 
4.3 CONSTRUÇÃO DE BIBLIOTECAS GENÔMICAS 
ENRIQUECIDAS COM MICROSSATÉLITES 
 
O desenvolvimento de marcadores microssatélites foi realizado a partir da 
construção de uma biblioteca genômica enriquecida utilizando o protocolo descrito por 
Billote et al., (1999). O protocolo detalhado encontra-se no Anexos. Todo o procedimento 
de construção das bibliotecas genômicas enriquecidas com microssatélites foi efetuado no 
33 
 
Laboratório de Análise Genética e Molecular (CBMEG), pertencente à Universidade 
Estadual de Campinas, Campinas, SP. 
Para a construção das bibliotecas enriquecidas com microssatélites, após a 
extração do DNA, procedeu-se a disgestão do DNA genômico total de um único indíviduo 
de Byrsonima cydoniifolia, com a enzima de restrição de corte freqüente AfaI (Promega) 
antiga RsaI (Invitrogen), em seguida ocorreu a ligação de adaptadores, visando um 
terminação comum e uma pré-amplificação via PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) 
obtenção de uma maior quantidade de fragmentos. A purificação do produto de PCR foi 
realizada utilizando o kit ―QIAquick PCR purification kit‖ (QIAGEN cat. # 28106), 
conforme as instruções do fabricante e a seleção dos fragmentos contendo sequências 
microssatélites ocorreu por meio de sondas específicas para dois motivos de 
microssatélites com repetições de dinucleotídios em tandem (CT)8 e (GT)8, ligados 
quimicamente à proteína biotina (biotIIIII(CT)8 e biotIIIII (GT)8), respectivamente; e 
beads magnéticas (Promega) recobertas pela proteína estreptavidina. Os fragmentos 
selecionados foram amplificados via PCR para gerar fragmentos de fita dupla em maior 
quantidade, foram ligados a um vetor de clonagem pGEM-T (kit Vector System - 
Promega) e células competentes de Escherichia coli (cepa XL1-Blue) foram transformadas 
com os vetores contendo o inserto. Os clones positivos foram selecionados e armazenados. 
A biblioteca genômica foi estocada em freezer (-80°C) até a extração do DNA plasmidial 
das colônias recombinantes para a etapa seguinte de sequenciamento no sentido sense e 
anti-sense realizado no analisador automático de DNA modelo ABI-3500 (Applied 
Biosystems). 
As sequências obtidas foram editadas, retirando os trechosrelativos ao vetor e 
adaptador, a partir do programa CHROMAS (disponível em: 
http://www.mybiosoftware.com/sequence-analysis/1979). Posteriormente, as sequências 
foram transformadas em formato ―FASTA‖ pelo programa CHOMATOGRAM Explorer 
(disponível em: http://www.dnabaser.com/download/chromatogram-explorer/) e as 
sequências sense e anti-sense foram agrupadas em uma sequência consenso a partir do 
programa CAP3 (disponível em: http://doua.prabi.fr/software/cap3). 
Posteriormente, cada sequência consenso foi submetida à ferramenta 
Vecscreen (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/tools/vecscreen/) disponibilizada pelo GenBank 
(htt://www.ncbi.nlm.nih.gov). Esta ferramenta permite localizar rapidamente os segmentos 
de uma nova sequência que podem ser compatíveis com sequência de vetores depositadas 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/tools/vecscreen/
34 
 
no GenBank. Assim, as sequências que apresentaram identidade com a sequência do vetor 
foram excluídas da busca por microssatélites. 
 
4.4 BUSCA DE REGIÕES MICROSSATÉLITES E DESENHO DOS 
PRIMERS 
 
A busca por regiões microssatélites nas sequências obtidas foi realizada pelo 
programa WebSat (disponível em: http://wsmartins.net/websat/). Os parâmetros utilizados 
para realizar a busca foram: preferencialmente regiões microssatélites de dinucleotídeos 
com no mínimo sete repetições, posteriormente trinucleotídeos com no mínimo quatro 
repetições e tetranucleotídeos, pentanucleotídeos e hexanucleotídeos com no mínimo três 
repetições. 
O desenho dos pares de primers que flanqueiam as regiões microssatélites foi 
realizado usando o software Primer3 (Rozen & Skaletsky, 2000), disponível em: 
http://frodo.wi.mit.edu/. Os parâmetros foram configurados para a obtenção de primers 
cujo produto final da amplificação estivesse no intervalo de 150 a 220pb; o tamanho dos 
primers entre 18 e 22pb, a diferença de temperatura de melting (Tm) entre os pares de 
primers não deveria passar de 3°C e a porcentagem de CG estar no intervalo entre 40 e 
60%. Também foi avaliada a complementaridade das sequências dos primers em função da 
formação de dímeros na extremidade 3’OH, bem como para a formação de estruturas 
secundárias dentro dos iniciadores. 
As sequências cuja região microssatélite apresentava menos de 30 bases de 
distância de uma das extremidades foram excluídas e sequências com microssatélites 
compostos imperfeitos que possuíam mais de 40 bases de distância de uma região 
microssatélite da outra, privilegiou a realização do desenho de primers para apenas uma 
das sequências microssatélites, a região de maior número de repetições. 
 
 
 
http://wsmartins.net/websat/
http://frodo.wi.mit.edu/
35 
 
4.5 PADRONIZAÇÃO DOS PRIMERS DE REGIÕES 
MICROSSATÉLITES 
 
4.5.1 Amplificação dos fragmentos de DNA 
 
A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) foi realizada para a amplificação de 
cada loco microssatélite de DNA utilizando todos os pares de primers desenvolvidos para a 
espécie Byrsonima cydoniifolia em termociclador GeneAmp PCR System 9700 (Applied 
Biosystems). 
Primeiramente, os pares de primers locos-específicos sintetizados foram 
testados em reações de PCR com diferentes temperaturas de anelamento, utilizando-se três 
indivíduos da espécie Byrsonima cydoniifolia para analisar a eficiência da amplificação de 
cada loco microssatélite isolado. 
As condições para a preparação de cada reação de PCR seguiu o protocolo 
abaixo (Tabela 3), o qual poderia ter temperaturas de anelamento ajustadas, visando 
diminuir amplificações inespecíficas. A amplificação dos fragmentos de DNA seguiu as 
seguintes etapas: (1) desnaturação a 95°C durante 5 minutos, (2) desnaturação a 94°C 
durante 30 segundos; (3) temperatura específica de anelamento do par de primer ao 
fragmento de DNA durante 1 minuto (específico para cada par de primer), (4) extensão da 
molécula Taq polimerase a 72°C por 1 minuto, (5) extensão a 72°C durante 30 minutos. As 
etapas 2 a 4 seguiram 35 ciclos. 
 
Tabela 3. Protocolo para reação de PCR para um indivíduo da espécie Byrsonima cydoniifolia. 
Reagentes Concentração Volume (µL) Concentraçãofinal 
H2O ultrapuraultrapura: - 4,7 - 
DNA : 2,5ng/µL 2 5ng 
Primer (F+R) : 0,9µM 4 0,24 µM 
Tampão da enzima c/ MgCl2 : 10X 1,5 1x 
BSA : 25mg/ml 1,3 2,16mg 
dNTP’s : 2,5µM 1,3 0,216µM 
Taq-polimerase : 5 U 0,2 1 U 
TOTAL - 15 - 
 
Os produtos de PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose 3% 
com tampão TBE 1X, por 60 minutos a uma voltagem de 70V, seguindo uma coloração 
com brometo de etídeo (10mg/mL). Para verificar o tamanho dos produtos amplificados, 
36 
 
cada banda foi avaliada de forma comparativa com o marcador de massa molecular 100 pb. 
Neste passo, foram identificados os locos microssatélites que apresentaram produtos de 
PCR, que seguiram para a próxima etapa, em gel de poliacrilamida para detecção de 
polimorfismo. 
A fim de visualizar com mais precisão a amplificação de cada loco 
microssatélite realizada na etapa anterior, os amplicons foram submetidos à eletroforese 
vertical em gel desnaturante de poliacrilamida 6% por cerca de 2 horas a 70W, seguido do 
sistema de coloração por nitrato de prata, como proposto por Creste et al., (2001). O 
tamanho de cada alelo foi determinado por comparação com marcador de massa molecular 
DNA Ladder 10 pb (Invitrogen). A visualização dos géis realizada logo após a secagem, 
sobre luz branca, permitiu a identificação dos genótipos e posteriormente os géis foram 
escaneados para documentação dos resultados. Os locos microssatélites que não 
apresentaram polimorfismo dentre os 3 indivíduos foram novamente submetidos a uma 
nova PCR e testados em uma amostragem maior de 16 indivíduos. Assim, os locos 
microssatélites que não apresentaram polimorfismo dentro da amostragem de 16 
indivíduos foram descartados das análises. Todas as sequências das regiões micossatélites 
em que o desenho dos pares de primers proporcionaram amplificações foram depositadas 
no banco de dados GenBank para que outros pesquisadores possam ter o acesso. 
 
4.5.2 Desenvolvimento de multiplex de eletroforese para 
obtenção de genótipos 
 
Para a obtenção dos genótipos em eletroforese capilar, no analisador 
automático de DNA modelo ABI-3500 (Applied Biosystems), por meio da detecção por 
fluorescência, o primer forward de cada loco foi marcado em sua extremidade 5’, com um 
dos fluoróforos descritos a seguir: verde (HEX), azul (6-FAM) e amarelo (NED). 
A concentração de cada par de primer e a temperatura foram novamente 
padronizadas para cada loco utilizando quatro indivíduos de B. cydoniifolia. O protocolo 
de reação de PCR otimizado para os locos microssatélites foi descrito abaixo (Tabela 4). 
 
 
 
 
37 
 
Tabela 4. Protocolo de reação de PCR otimizado para genotipagem. 
Reagentes Concentração Volume (µL) Concentração final 
H2O ultrapura: - 2,55 - 
DNA : 2,5ng/µL 1,5 3,75ng 
Primer (F+R) : 0,9µM 2,6 0,23µM 
Tampão da enzima c/ MgCl2 : 10X 1,0 1x 
BSA (bovine serum albumin) : 25mg/ml 1,3 3,25mg 
dNTP’s : 2,5µM 0,9 0,23µM 
Taq-polimerase : 5 U/ µL 0,15 0,75 U 
TOTAL - 10 
 
Os locos microssatélites que apresentaram ausência de amplificação 
inespecífica foram considerados com um bom padrão na eletroforese capilar e foram 
utilizados para a montagem de painéis multiplex de eletroforese. Para tanto, os locos que 
apresentam alelos na mesma amplitude de tamanho foram marcados com fluorescências 
diferentes, enquanto os que apresentaram alelos de tamanhos diferentes, no mínimo 10 pb, 
foram marcados com a mesma fluorescência, permitindo combinações dos mesmos em 
painéis multiplex. 
Após a realização da eletroforese capilar, a obtenção dos genótipos foi 
realizada com o auxílio do programa GeneMapper 3.5 (Applied Biosystems) para permitir a 
identificação automática dos alelos, utilizando uma janela de detecção (bin) para 
determinar o tamanho