Prévia do material em texto
Processo Legislativo Regimental Aula 6 Revisão Prerguntas e Respostas Professor Luciano Henrique da Silva Oliveira Consultor Legislativo do Senado Federal Ajuste / Descrição Cláudio Cunha de Oliveira Júnia Cláudia Gondim Melo Desenho Editorial (PDF) Vinicius Soares Motinha Videoaulas Equipe Programa Saber Jurídico Produção Tv Justiça Senado Federal Complexo Arquitetônico do Senado Federal, Via N2. Bloco de apoio nº 12. CEP | 70165-900 Instituto Legislativo Brasileiro Plataforma de Ensino a Distância Saberes TV Justiça Saber Direito Distribuição: saberes.senado.leg.br Saber Direito Processo Legislativo Regimental 3 [...] Música Olá meu nome é Luciano Oliveira sou consultor legislativo do Senado Federal e esse é o saber direito responde. Ao longo da semana nós tivemos o saber direito, onde pude ministrar um curso sobre o processo legislativo regimental, ou seja, as regras regimentais do processo legislativo segun- do o regimento da Câmara e do Senado, e hoje nós estamos com os alunos para tirar dúvidas sobre esse assunto. Temos aqui o Sérgio Ricardo aluno de administração pública do último período e a Lara Gabriela aluna de direito do 7º período. Teremos também a participação de acadêmicos por meio da internet. Então vamos começar agora. Sérgio: professor nós sabemos que a medida provisória é mato unipessoal do presidente da república e tem fosse imediata de lei, mas a medida provisó- ria pode tratar sobre orçamento público? Grande pergunta. Em geral o orçamento público, as leis or- çamentárias, o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamen- tárias e a própria lei orçamentária anual são tratados em projetos de lei privativa do presidente da república, tem que ser um projeto de lei ordinária e não uma medida provisória. Entretanto há uma exceção na constituição que é justamen- te no caso de um crédito orçamentário adicional chamado extraordinário, para fazer face a despesas imprevisíveis e ur- gentes que requerem uma rápida resposta do poder público para que o governo tenha disponibilidade desse dinheiro. En- tão nesse caso a medida provisória é um instrumento que é previsto para ser utilizado por ter mais agilidade justamente porque a medida provisória, ela no momento que é publica- da, ela já entre em vigor. Então a única sessão em que uma Saber Direito Processo Legislativo Regimental 4 medida provisória pode tratar de matéria orçamentária é justamente para aprovar um crédito adicional chamado ex- traordinário, nesse sentido a medida provisória inclusive não precisa mostrar de onde vêm os recursos que é uma questão que é acionada mais tarde. Mas então no caso de crédito ordinário a medida provisória pode ser utilizada, Sergio. Vamos ver agora uma dúvida de um aluno da internet. Olá, eu sou Beatriz Zocoli. Sou do segundo semestre de direito na Unipampa em Brasília, Distrito Federal. Eu tenho uma pergunta. Eu queria saber se os projetos de código podem tramitar no rito conclusivo na câmara? Muito boa pergunta Beatriz. O rito conclusivo é aquele rito, relembrando que em que a matéria não vai ao plenário, ela é decidida totalmente nas comissões e depois vai a outra casa. O projeto de código ele segue um rito especial de ela- boração em que a etapa do plenário é obrigatória. Então ele não pode tramitar apenas do rito conclusivo, ou seja, não pode tramitar apenas pelas comissões. É obrigatório após a fase de comissão que ele vá ao plenário para uma deliberação final pela casa. Inclusive previsto pra ele que na fase de comissões, ele passa apenas por uma comissão especial formada para analisar o projeto de código e então vá ao plenário. Lara e você, que pergunta você gostaria de fazer? Lara: Professor, então, as emendas parlamentares são apre- sentadas durante a discussão do projeto de lei. Quais são os requisitos que se deve observar ao envio a uma casa para uma suposta alteração? Veja, agora é como você bem falou, as emendas, elas são apresentadas pelos parlamentares durante a discussão da matéria. Então enquanto o projeto está em discussão nas comissões e também no plenário, eles podem apresentar Saber Direito Processo Legislativo Regimental 5 suas emendas e depois que o projeto aprovado, ele vai para outra casa também. As emendas, elas devem guardar primei- ro pertinência temática com o assunto em questão, se é um projeto meio ambiente vamos apresentar emendas sobre o meio ambiente, e existe ainda uma questão de quando o projeto é de iniciativa de outro poder, seja do presidente da república, seja do poder judiciário e também do ministério público, Tribunal de Contas da União. Quando é um ator, vamos dizer assim, externa ao parlamento. Nesse caso os parlamentares podem apresentar emendas, mas elas não podem aumentar a despesa prevista no projeto. Então essas são basicamente as limitações, pertinência temática e não aumentar a despesa no projeto original quando o projeto vem de outro poder. Vamos ver agora uma outra pergunta de um aluno da inter- net. Meu nome é Leonardo Albuquerque, estou no segundo semestre de direito no instituto brasiliense de direito públi- co em Brasília, Distrito Federal. Eu tenho uma pergunta. Os parlamentares têm iniciativa para apresentar projetos de lei sobre quaisquer assuntos? Leonardo, essa é uma excelente pergunta. Porque nós vi- mos no curso que os parlamentares eles têm a chamada iniciativa geral, ou seja, eles podem apresentar projetos so- bre assuntos em geral, economia, meio ambiente, políticas sociais e etc., no entanto vimos também que alguns atores têm a chamada iniciativa privativa para matérias de sua es- trutura, seus cargos, sua organização. Então os parlamenta- res, respondendo à sua pergunta, eles têm a iniciativa geral para apresentar projetos sobre qualquer matéria, salvo as que forem privativas de outro órgão ou poder. Então, por exemplo, nunca o parlamentar, embora tenha iniciativa cha- mada geral, poderá apresentar um projeto sob organização administrativa do Tribunal de Contas da União, porque esse é um assunto de competência privativa do próprio Tribunal Saber Direito Processo Legislativo Regimental 6 de Contas da União, está certo? Sérgio, qual a sua próxima pergunta sobre o nosso assunto de processo legislativo e regimental? Sérgio: Professor, ainda quero falar um pouco mais sobre medida provisória. Vamos lá. Sérgio: Quando a comissão mista para tratar sobre a medida provisória é montada dentro da câmara ou do senado, os membros que farão parte, como é que eles são escolhidos? Muito boa. Na verdade, nós vimos durante o curso que real- mente quando uma medida provisória chega ao Congresso Nacional é elaborada uma comissão mista, formada uma comissão mista para dar um parecer sobre aquela medida provisória antes de que ela seja enviada ao plenário da Câ- mara dos Deputados e depois ao Senado Federal. Então essa comissão mista é composta por deputados e senadores que vão dar esse parecer inicial. Como é formada a comissão? É formada como também é formado as demais comissões, o critério é muito semelhante, ou seja, uma comissão no Congresso é formada da seguinte maneira, os líderes dos partidos ou blocos parlamentares in- dicam deputados e senadores de suas respectivas bancadas para que o presidente do Congresso Nacional nesse caso, designe os nomes para compor a comissão mista. Então, Sérgio, líderes partidários indicam esses nomes ao presidente do congresso e o presidente do Congresso de posse desses nomes designa formalmente para compor a comissão. Ainda a observação. Se os líderes não indicarem os membros no prazo previsto no regimento, aí o presidente passa a ter a prerrogativa dele mesmo indicar para evitar paralisar a os trabalhos da comissão mista, com a única li- Saber Direito Processo Legislativo Regimental 7 mitação de que ele tenha indicar dos respectivos partidos ou blocos para manter a chamada proporcionalidade partidária da comissão, ou seja, a mesma proporção que os partidos têmnos plenários da casa, também vai ter que ter na comis- são. Se um partido tem 20% na câmara então ele tem que ter 20% na parcela da câmara naquela comissão mista, por exemplo. Sérgio: Obrigado Professor. Vamos ver qual a próxima pergunta do nosso acadêmico da internet. A comissão de constituição e justiça sempre opina sobre a constitucionalidade do processo legislativo do senado? Beatriz, sua pergunta é muito boa. Nós vimos durante o cur- so que a comissão de constituição e justiça tem a compe- tência para emitir parecer sobre a constitucionalidade do projeto de lei, isto é, verificar se aquele projeto de lei está de acordo com a constituição, pois uma lei não pode contrariar a constituição segundo o princípio da supremacia da nossa carta magna e a hierarquia das normas, certo? Mas veja, enquanto na Câmara dos Deputados o regimento é muito rigoroso dizendo que todo o projeto de lei tem que passar pela ccj, a comissão de constituição e justiça, para análise da constitucionalidade, no Senado Federal, embora o regimento também diga isso, há um costume já de alguns anos de que nem sempre a ccj é que dará a análise de cons- titucionalidade. No senado há um costume de que qualquer comissão tem competência para analisar a constitucionalidade do proje- to caso o presidente do senado não tenha despachado o projeto à ccj. Então respondendo à pergunta, nem sempre ela dará um parecer sobre a constitucionalidade do projeto, mas, se ela estiver no despacho de tramitação aí sim ela terá Saber Direito Processo Legislativo Regimental 8 realizado essa atribuição. Lara, qual a sua próxima dúvida sobre o nosso assunto? Lara: Professor, quando um projeto de lei é aprovado pelo legislativo e enviado ao poder executivo, e ele sanciona, ele mesmo promulga e manda publicar. O que acontece no caso, se o projeto for vetado? Muito bem. Nós vimos que para o projeto de lei após a fase da deliberação parlamentar, a discussão, a votação e aprova- ção do projeto no âmbito do parlamento, o texto é enviado para a sanção ou veto do presidente da república, que é a chamada deliberação executiva, no âmbito ainda da fase constitutiva do projeto do processo legislativo. Se o presi- dente sancionar, ele já promulga e determina a publicação, como você bem falou, e se ele vetar, o que acontece? Nesse caso o veto transfere a matéria novamente para o Congresso Nacional que apreciará o vento. O Congresso Nacional poderá manter o veto ou poderá derrubar o veto. Se ele derrubar o veto, Lara, o congresso reenvia o projeto para o presidente da república ,que agora não terá mais a prerrogativa de sancionar ou vetar porque ele só pode fazer isso uma vez, então ele será enviado ao presidente da repú- blica para promulgação e o presidente deverá promulgar e consequentemente publicar. Agora, a constituição dá uma saída caso o presidente bata o pé, vamos dizer assim, e não queira promulgar. Ela diz que nesse caso o presidente do Senado poderá promover a promulgação e se este também não o fizer, aí então o vi- ce-presidente do Senado pode efetuar a promulgação. Em qualquer caso, a autoridade que promulga é aqui também manda publicar no diário oficial da união a nova lei. Saber Direito Processo Legislativo Regimental 9 [...] Música Olá, voltamos com o saber direito responde. Nessa semana estamos tirando dúvidas sobre o curso de processo legisla- tivo regimental ministrado no saber direito e vamos a nossa próxima dúvida. Sérgio, qual a próxima pergunta? Sérgio: Professor, nós sabemos que pode ocorrer do mesmo tema estar sendo tratado tanto na Câmara como no Senado, nesse caso, há obrigação de tramitação conjunta de ambas as casas? Muito bem. Realmente essa situação que ocorre algumas vezes, em que há projetos sobre o mesmo assunto trami- tando em duas casas diferentes e às vezes na mesma casa. Quando os projetos estão em casas diferentes, nesse caso, cada um tem a sua tramitação autônoma enquanto está na respectiva casa. Quando os projetos estão na mesma casa e eles podem ter sido apresentados todos, vamos dizer, por deputados se es- tiver na Câmara ou então por deputado e outro por senador, o projeto chegou do senado e agora está na câmara de ma- neira que, verificado que numa mesma casa há projetos que tratam da mesma matéria, o regimento prevê o instituto da tramitação conjunta para que ambas as matérias passem a tramitar em conjunto, são apensadas, é o termo que a gen- te utiliza e distribuídos a um único relator, para que ele, ao dar o seu parecer, analise todos os projetos e já escolha um deles ou uma combinação dos textos de cada um para ser a matéria que o texto, vamos dizer ,que vai ser aprovado pelo plenário O apensamento ou tramitação conjunta no processo legisla- tivo, pode ser determinado de ofício pelo presidente da casa Saber Direito Processo Legislativo Regimental 10 ou a requerimento de qualquer parlamentar. Quando já há alguns projetos tramitando na casa sobre esse assunto e um novo é apresentado, o presidente pode de ofício determinar que o apensamento seja realizado para maior eficiência le- gislativa, e, além disso, Sérgio, também é possível que caso não haja o apensamento desde logo de ofício, que qualquer parlamentar faz esse requerimento, que deferido pelo ple- nário então promove o apensamento das matérias. Então na verdade é uma medida de eficiência legislativa. Notando que é mais utilizada na Câmara do que no Senado, mas ambos os regimentos preveem o instituto. Vamos agora à nossa pergunta da internet. Qual matéria tem prioridade para ser votada em plenário? Um projeto de lei com urgência constitucional, uma medida provisória ou uma proposta de emenda à constituição? Muito bem, Leonardo. Essa é uma matéria muito interessan- te que tem a ver com o instituto da precedência das matérias. A precedência é a prioridade para ser votada uma matéria quando ela está juntamente com outras no mesmo dia na pauta deliberativa. Nós temos que a constituição traz algu- mas regras de precedência, algumas delas nós vimos duran- te nosso curso, por exemplo, o projeto de lei com urgência constitucional segundo a constituição tranca, após o prazo de 45 dias, tranca a pauta das demais matérias que estão trami- tando exceto aquelas que têm prazo constitucional, e a que tem prazo constitucional nesse caso é a medida provisória. Então o projeto de lei com urgência constitucional, que aque- le projeto cuja urgência solicitada pelo presidente da repúbli- ca para os seus projetos, ele tranca até as demais matérias menos a medida provisória, e a medida provisória por sua vez não tranca a proposta de emenda à constituição, porque a proposta de emenda à constituição, não trata de matéria de medida provisória. Então se você tiver essa situação hi- Saber Direito Processo Legislativo Regimental 11 potética de um projeto com urgência constitucional, uma medida provisória e uma proposta de emenda à constituição, a ordem de precedência será a medida provisória que não é trancada pelo projeto com urgência constitucional, depois teremos que votar o projeto com urgência constitucional, porque ele tranca a PEC, porque a PEC não tem prazo para ser aprovada. Então a ordem será medida provisória, projeto de lei com urgência constitucional e, finalmente, a proposta de emenda à constituição, certo? Lara, qual outra pergunta você desejaria formular? Lara: Professor, a sanção pelo presidente do executivo con- valida os vícios do processo? Veja só, Lara. Nós temos vários vícios possíveis no proces- so. Em alguns casos é possível uma certa convalidação, em outros casos não. Mas a sanção do presidente da república, ela não convalida vícios do processo legislativo. A pergunta que você fez é muito interessante. Nos casos em que há um chamado vício de iniciativa no projeto. Porque algumas maté- rias são de competência privativa do presidente da república, por exemplo, o projeto que trata sobre o regime jurídico de servidores públicos. Segundoa constituição somente o presidente da república pode apresentar este tipo de projeto que não poderia, por- tanto, ser um projeto de autoria de um parlamentar. Vamos supor, porém, que um parlamentar apresenta um projeto sobre o regime jurídico dos servidores tratando de férias, de licença, de gratificações, coisas desse tipo. Então esse pro- jeto, embora tenha esse vício de iniciativa, porque deveria vir do presidente da república mas não parlamentar, mas supondo que esse projeto seja aprovado pelas duas casas e enviado à sanção do presidente da república. Saber Direito Processo Legislativo Regimental 12 E aí vem a pergunta dela. A sanção do presidente da repúbli- ca significa concordância dele com o projeto de lei, mas ele foi ofendido em seu poder de iniciativa privativa de só ele poder apresentar o projeto. Nesse caso ao concordar com o projeto de lei ele, estaria dando a sua aceitação tácita que não tem problema ele não ter tido a iniciativa seria então o caso de estar convalidado esse vício de iniciativa. Lara, antigamente, há muitos anos, o supremo entendia que sim, que estava convalidado, mas é um entendimento muito antigo que já foi reformado há vários anos. Hoje o Supremo Tribunal Federal entende que mesmo que haja a sanção do presidente da república, neste caso, continua prevalecendo a chamada inconstitucionalidade por vício da iniciativa. Foi ferida a iniciativa privativa do executivo que não se convalida nem com a sanção dele. O projeto tem uma inconstitucionali- dade e pode depois ser arguido na justiça e ser até declarado inconstitucional pelo supremo. Muito bem, vamos agora ver qual a pergunta da nossa aca- dêmica da internet. Quantas comissões no máximo apreciam um projeto de lei na Câmara? Beatriz, essa pergunta é muito interessante. O regimento da Câmara dos Deputados prevê que um projeto de lei, ele é despachado a uma ou mais comissões de mérito para opinar sobre o mérito, sobre o conteúdo em si da matéria e a con- veniência política de ele ser aprovado ou não e ao final prevê a passagem do projeto pelas comissões de admissibilidade ,que basicamente são duas, a comissão de finanças e tribu- tação, que analisa a adequação orçamentária e financeira do projeto, e a comissão de constituição e justiça, que analisa a constitucionalidade do projeto. Muito bem. Acontece que é uma regra na câmara que diz o seguinte, quando um projeto é distribuído a mais de três comissões de mérito, deve ser for- mada uma única comissão especial para analisar o projeto de Saber Direito Processo Legislativo Regimental 13 modo que essa comissão especial dará o parecer de mérito, e aí acaba englobando também o de admissibilidade que é a adequação orçamentária e financeira, e de condicionalidade. Então, o que acontece quando um projeto, ele é submetido a mais de três comissões de mérito? Por exemplo, ele trata de meio ambiente, trata de economia, trata de turismo e trata de minorias. Pronto, já deu quatro temas, quatro comissões temáticas. Então mais de três de mérito, tem que ser criada comissão especial e aí ele vai tramitar só por essa comis- são especial. Qual o objetivo disso? Dar maior celeridade ao processo legislativo quando se percebe que um número muito grande de comissões vão atuar durante a tramitação legislativa daquela matéria, está certo? Muito bem, Sérgio. Qual a sua pergunta agora sob nosso tema? Sérgio: Professor, tenho uma dúvida muito interessante. Nós sabemos que os parlamentares têm a prerrogativa de apresentar projetos de lei, mas qualquer parlamentar pode solicitar a preferência de votação de uma matéria sobre ou- tra matéria? Muito bem Sérgio. Esse tema que você aborda tem a ver com a questão de precedência, preferência e prejudicialidade no processo legislativo. A precedência é a prioridade para vo- tação prevista no regimento. Então o regimento interno dá algumas regras de precedência. Quando duas matérias estão no plenário, por exemplo, qual deve ser votada primeiro? Por exemplo, há algumas regras dizendo que o projeto que veio da outra casa deve ser votado em prioridade sobre o projeto que ainda está naquela casa apenas, que o projeto mais antigo deve ser votado antes do projeto mais recente. Então são regras de precedência. No entanto, nada impede que o parlamentar solicite a inversão dessa ordem de prece- dência, o que é chamado requerimento de preferência para Saber Direito Processo Legislativo Regimental 14 que o projeto seja votado o primeiro. Nesse caso ele vai ser votado antes do que um outro, que por padrão deveria ser votado antes. Então há uma inversão da ordem de votação nesse caso. E por que isso é importante? Porque o regimento diz que quando o parlamento delibera sobre determinada matéria, as demais matérias, os demais projetos sobre o mesmo as- sunto acabam prejudicados. O que significa isso? Deixam de ser votados, deixam de ser liberados porque a casa já deliberou sobre o mesmo assunto em outro projeto. Então é muito importante essa questão da preferência, de qual pro- jeto será votado primeiro para verificar qual solução jurídica a casa vai aprovar. Muito bem. Vamos ver agora a questão do nosso acadêmico que participa pela internet. A Comissão de Finanças e Tributação e a Comissão de Cons- tituição e Justiça sempre são as duas últimas comissões a se manifestarem no processo legislativo da câmara? Muito bem, Leonardo, é uma boa pergunta. Depende da pro- posição que se está analisando. A regra do regimento da câ- mara é o seguinte, em projetos de lei, projetos de resolução, projeto de decreto legislativo, enfim, projetos, sim. A comis- são de finanças e tributação é a penúltima para analisar a adequação orçamentária financeira e a comissão de consti- tuição e justiça é a última para analisar a continualidade. E quais são as primeiras? As comissões de mérito. Então em projetos a ordem é, primeiro as comissões de mé- rito, que cuidam do assunto, do conteúdo relativo à matéria meio ambiente, aviação e transporte, administração pública, defesa nacional, relações exteriores, qual é o assunto? As comissões temáticas de mérito. Ao final vêm as comissões de Saber Direito Processo Legislativo Regimental 15 admissibilidade, que são duas como eu falei, a comissão de finanças e tributação e a comissão de constituição e justiça. Então se estivéssemos falando de projetos, a sua resposta se- ria a afirmativa, são as últimas a analisar. No entanto quando estamos falando de propostas de emenda à constituição, a coisa se inverte. Porque o regimento diz que é um rito espe- cial em que primeiro a comissão de constituição e justiça se pronuncia sobre a constitucionalidade e, depois, é formada uma comissão especial temporária para analisar o mérito da proposta de emenda à constituição. Então no caso do rito da PEC nós temos primeiro a comissão de admissibilidade, aas ccj para avaliar a continuidade e depois a comissão de mérito. Certo? Lara, qual a sua pergunta agora? Lara: Professor, se um projeto de lei é rejeitado pelo con- gresso ele pode ser reapresentado? Boa pergunta. Nós estamos falando aí do chamado princípio da irrepetibilidade, ou seja, existiam alguns casos em que o projeto não pode ser repetido, ele é irrepetível portanto, por que ele foi rejeitado. Mas isso é um princípio relativo para os projetos de lei e mesmo para outras proposições em que há um critério temporal. Como é que funciona? No artigo 167 da constituição é dito que o projeto de lei que foi rejeitado pelo Congresso Nacional, a matéria daquele projeto de lei rejeitado só pode ser objeto de um novo projeto de lei ou na sessão legislativa seguinte, que grosso modo seria no ano seguinte, ou se ele for apresentado pela maioria absoluta dos membros de qualquer casa. Ou a maioria absoluta no senado, 41 senadores, ou a maioria absoluta da câmara, 257 deputados. Então a gente fala que o princípio da irrepetibilidade é rela- tivo para o projeto de lei. Se apresentado pela maioria abso-Saber Direito Processo Legislativo Regimental 16 luta, então poderia na mesma sessão legislativa se não, só na próxima. Agora, o princípio da irrepetibilidade também incide para medidas provisórias e propostas de emenda à constituição. Para as PECs e as medidas provisórias o princí- pio da irredutibilidade absoluto, se numa sessão legislativa a PEC é rejeitada ou considerada prejudicada só é possível apresentar a PEC sobre o mesmo assunto na sessão legis- lativa seguinte. E se uma medida provisória é rejeitada ou perde sua eficácia por decurso de prazo, também ela só pode ser apresentada, sobre aquele assunto, na sessão legislativa seguinte. E com isso nós acabamos o saber direito responde e tam- bém o nosso curso do saber direito de processo legislativo e regimental. Espero que tenham gostado. Muito obrigado e até a próxima. CONTATOS Sugestões de temas para Saber Jurídico E-mail : saberdireito@stf.jus.br. Whatsapp: (61) 99260-6116 Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC0qlZ- 5jxxueKNzUERcrllNw Acesse: http://tvjustica.jus.br/