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DEFICIÊNCIA 
AUDITIVA, 
SURDEZ E AEE 
 
PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SURDEZ E AEE 
 
2 
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM DEFICIÊNCIA 
AUDITIVA E SURDEZ: CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................4 
A EDUCAÇÃO DE PESSOAS SURDAS E O AEE..................................... .......7 
O APARELHO AUDITIVO E A AUDIÇÃO................................................15 
DO PATOLÓGICO AO CULTURAL NA SURDEZ: PARA ALÉM DE UM E DE 
OUTRO OU PARA UMA REFLEXÃO CRÍTICA DOS PARADIGMAS.........20 
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 20 
"A PALAVRA 'CADEIRANTE' EU NÃO CONSIGO ASSIMILAR, MAS 
'SURDO' EU ESTOU MAIS ACOSTUMADO" ............................................... 21 
"O PROFESSOR ESTÁ MUITO PRESO AOS PADRÕES CULTURAIS DOS 
OUVINTES" .................................................................................................. 32 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 40 
O PONTO DE VISTA DE PAIS E PROFESSORES A RESPEITO DAS 
INTERAÇÕES LINGUÍSTICAS DE CRIANÇAS SURDAS........................46 
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 46 
MÉTODO ...................................................................................................... 53 
RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 55 
CONCLUSÕES ............................................................................................. 61 
ESTUDO DE PLANEJAMENTO E DESIGN DE UM MÓDULO INSTRUCIONAL 
SOBRE O SISTEMA RESPIRATÓRIO: O ENSINO DE CIÊNCIAS PARA 
SURDOS...............................................................................................66 
SOBRE A EDUCAÇÃO DE SURDOS ........................................................... 66 
SOBRE A OPÇÃO METODOLÓGICA .......................................................... 70 
RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 72 
CONCLUSÕES ............................................................................................. 81 
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INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SURDEZ E AEE 
 
3 
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 
 
RECOMENDAÇÕES DA WCAG 2.0 (2008) E A ACESSIBILIDADE DE 
SURDOS EM CONTEÚDOS DA WEB......................................................86 
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 86 
COMUNICAÇÃO DE SURDOS.....................................................................89 
BILINGUISMO .............................................................................................. 90 
IDENTIDADES SURDAS .............................................................................. 91 
DIRETRIZES DA WCAG 2.0 (2008) E A SURDEZ ....................................... 92 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 94 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................97 
REFERÊNCIAS BÁSICAS ............................................................................ 97 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ......................................................... 98 
ANEXOS..............................................................................................108 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SURDEZ E AEE 
 
4 
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 
 
 
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM DEFICIÊNCIA 
AUDITIVA E SURDEZ: considerações iniciais 
 
 
Inicialmente, gostaríamos de distinguir deficiência auditiva e surdez não 
só por uma questão didática, mas para facilitar o entendimento. 
A deficiência auditiva acontece quando alguma das estruturas da 
orelha apresenta uma alteração, ocasionando uma diminuição da capacidade 
de perceber o som. Geralmente, o deficiente auditivo se comunica pela fala e 
apresenta uma perda auditiva de grau leve ou moderado. 
A surdez também é ocasionada por alguma alteração nas estruturas da 
orelha, ocasionando uma incapacidade em perceber o som. Geralmente o 
surdo se comunica por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e 
apresenta uma perda auditiva de grau severo ou profundo. 
A deficiência auditiva e a surdez apresentam características bem 
diferentes, porém ambas ocasionam uma limitação para o desenvolvimento do 
indivíduo. Consideramos que a audição é fundamental para a aquisição da 
linguagem falada e sua deficiência pode ocasionar muita dificuldade nas 
relações sociais, psicológicas e na interação. 
A audição desempenha um papel principal e decisivo no 
desenvolvimento e na manutenção da comunicação por meio da linguagem 
falada, além de funcionar como um mecanismo de defesa e alerta contra o 
perigo que funciona 24 horas por dia, pois nossos ouvidos não descansam nem 
quando dormimos. 
As pessoas com surdez são extremamente visuais, o que favorece o 
domínio de uma linguagem visual-espacial. Também é importante considerar 
as pessoas que apresentam resíduo auditivo e que, portanto, carecem de 
estímulos dessa natureza (FIOCRUZ, 2009). 
A Deficiência auditiva é considerada como a diferença existente entre o 
desempenho do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de 
acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute 
(ANSI – 1989). 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SURDEZ E AEE 
 
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Considera-se, em geral, que a audição normal corresponde à 
habilidade para detecção de sons até 20 dB N.A (decibéis, nível de audição) 
(FIOCRUZ, 2009). 
Além dos limites e possibilidades das pessoas com surdez, estas ainda 
tem que conviver com o problema do preconceito! 
Segundo Damázio (2007), as pessoas com surdez enfrentam inúmeros 
entraves para participar da educação escolar, decorrentes da perda da audição 
e da forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas. Muitos 
alunos com surdez podem ser prejudicados pela falta de estímulos adequados 
ao seu potencial cognitivo, sócio afetivo, linguístico e político-cultural e ter 
perdas consideráveis no desenvolvimento da aprendizagem, portanto, a 
inclusão do aluno com surdez deve acontecer desde a educação infantil até a 
educação superior, garantindo-lhe, desde cedo, utilizar os recursos de que 
necessita para superar as barreiras no processo educacional e usufruir seus 
direitos escolares, exercendo sua cidadania, de acordo com os princípios 
constitucionais do nosso país. 
Segundo Alvez; Ferreira e Damázio (2010), a construção de um 
caminho pedagógico para o Atendimento Educacional Especializado – AEE – 
para pessoas com surdez, numa perspectiva inclusiva, com base em princípios 
decorrentes dos novos paradigmas, tem encontrado dificuldades para se 
efetivar, em virtude de problemas relacionados a decisões político-filosóficas, 
pedagógicas, metodológicas e de gestão e planejamento da escola brasileira. 
Elas esclarecem que o ato educativo relativo ao contexto da escola 
para o aluno com surdez, no que diz respeito ao cotidiano pedagógico, precisa 
ser redirecionado, construindo novas e infinitas possibilidades que levem este 
aluno a uma aprendizagem contextualizada e significativa, valorizando seu 
potencial e desenvolvendo suas habilidades cognitivas, linguísticas e sócio 
afetivas. 
Não há dúvidas que o AEE, como um lócus epistemológico da 
educação inclusiva, constitui-se numa proposta voltada aos alunos com surdez 
que visa a preparar para a individualidade e a coletividade, provocando um 
processo dialógico, de superação da imanência e a busca de mudanças 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SURDEZ E AEE 
 
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sociais, culturais e filosóficas. Uma ruptura de fronteiras para as infinitas 
possibilidades humanas. 
Pois bem, nosso ponto de partida, vistotratarmos do AEE para 
deficiência auditiva, será a audição, o aparelho auditivo, o diagnóstico e 
classificação da deficiência auditiva. Na sequência, falaremos um pouco sobre 
as pessoas com problemas auditivos, a sua educação e a participação da 
família nesse processo. 
Uma vez que o objetivo da apostila é justamente aprofundar no 
Atendimento Educacional Especializado (AEE), este será definido e 
abordaremos o AEE para pessoas com surdez, AEE em LIBRAS e para o 
ensino da Língua Portuguesa, além de falarmos das salas de recursos e do 
papel do intérprete/tradutor. 
Para tanto, iniciaremos nosso estudo, analisando as mais recentes 
publicações cientificas, sobre o tema, transcrevendo, integralmente, diversos 
artigos publicados pelas mais renomadas revistas cientificas do país. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo 
modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao 
longo dos estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SURDEZ E AEE 
 
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A EDUCAÇÃO DE PESSOAS SURDAS E O AEE 
 
Segundo pesquisa de Costa e Soares (2010), para obter uma 
aprendizagem escolar, é preciso primeiramente relacionar-se com o outro, 
integrar-se ao convívio social. Então, cabe ao professor fazer essa relação de 
integração do aluno surdo com os demais colegas de turma para que haja um 
bom relacionamento entre ambos. 
O papel da família é fundamental no processo de inclusão, pois é de 
suma importância que ela prepare o seu filho para conviver fora do seio familiar 
e faça o acompanhamento no desempenho do ensino/aprendizagem. 
Quanto ao professor, seu papel é fundamental numa sala de aula 
principalmente se esta incluir alunos com necessidades especiais, pois precisa 
ter toda uma preparação psicológica e de formação para lidar com esse público 
trabalhando a interação e a inclusão no ambiente escolar. 
Existem duas principais filosofias educacionais em relação aos surdos, 
que são refletidas no comportamento da sociedade para com os mesmos: 
1. ORALlSMO, que defende o aprendizado apenas da língua oral; 
2. BILlNGUISMO, que defende o aprendizado da língua oral e da 
língua de sinais, reconhecendo o surdo na sua diferença e 
especificidade (FERREIRA BRITO, 1993). 
 
Na prática do oralismo, o objetivo é aproximar o surdo na forma 
máxima possível do modelo ouvinte, por meio da aprendizagem da língua, 
sendo esta analisada como instrumento de integração social e de aprendizado 
global e da comunicação. Sua proposta incide sobre a “recuperação” da 
pessoa surda, denominada de deficiente auditivo; seguindo critérios clínicos. 
Já na análise do bilinguismo, a língua é considerada um meio para o 
desenvolvimento do ser em seu todo, capaz de propiciar a comunicação das 
pessoas surdas com os ouvintes, bem como com seus pares, além de 
desempenhar também o papel de suporte do desenvolvimento cognitivo. 
Segundo Bernardino (2000, p. 29), o bilinguismo considera que a 
língua oral não preenche todas essas funções, sendo imprescindível o 
aprendizado de uma língua visual sinalizada desde tenra idade, possibilitando 
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ao surdo o preenchimento das funções linguísticas que a língua oral não 
preenche. 
Assim, as línguas de sinais são tanto o objetivo quanto o facilitador do 
aprendizado em geral, assim como do aprendizado da língua oral. Essas 
línguas, diversas das línguas orais, têm estrutura própria e são codificadoras 
de uma “visão de mundo” específica, sendo constituídas de uma gramática 
própria, apresentando especificidades em todos os níveis (fonológico, sintático, 
semântico e pragmático), apesar de parecerem utilizar princípios gerais, nas 
estruturas subjacentes, semelhantes aos das línguas orais. 
Sabe-se que, para os surdos, a sua língua primária, de caráter natural, 
é a língua de sinais, e a segunda, em nosso País, a língua portuguesa. Porém, 
segundo Skliar (1997, p.153), estatísticas internacionais apontam que somente 
4% ou 5% das crianças surdas são filhas de pais também surdos, tendo, então, 
um acesso natural a esse bilinguismo pelo contato com a língua de sinais, 
sendo esse acesso efetuado por meio das interações comunicativas com os 
seus pais surdos, mesmo estando inseridos em uma comunidade majoritária 
que é ouvinte. 
A maioria das crianças surdas, portanto – de 95% a 96% –, não tem a 
mesma possibilidade que as que são filhas de surdos. Elas crescem e se 
desenvolvem dentro de uma família formada em sua totalidade por ouvintes, 
que geralmente desconhecem ou rejeitam o uso da língua de sinais. 
Precisamos entender que há uma diferença entre língua e linguagem! 
Lyons (1987 apud QUADROS, 2006) define linguagem como sendo um 
sistema de comunicação natural ou artificial, humano ou não. Nesta 
perspectiva, é qualquer forma utilizada com algum tipo de intenção 
comunicativa incluindo a própria língua. 
Tratada em uma ordem meramente linguística, pode-se compreender a 
língua como um sistema linguístico de infinitas frases de forma altamente 
criativa. 
Em uma perspectiva de ordem social, a língua é compreendida como 
parte constitutiva da identidade individual e social dos seres humanos 
(BAGNO, 2003, p.16-17). Nesta perspectiva, somos a língua que falamos e não 
somente usuários da mesma. 
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Para tanto, faz-se necessário percorrer uma análise do contexto 
histórico pelo qual se processou a língua. Isto significa dizer que é necessário 
considerá-la como uma atividade social, como “um trabalho empreendido 
conjuntamente pelos falantes toda vez que se põem a interagir” fazendo com 
que a interpretação da língua seja uma atividade humana, uma interação social 
(BAGNO, 2003, p.19). 
Nesta visão linguística interacionista, alicerçado em um resgate 
histórico, temos hoje, juridicamente, o conceito da Língua Brasileira de Sinais – 
LIBRAS, como, 
 
a forma de comunicação e expressão, com o sistema 
linguístico de natureza visual-motora, e estrutura 
gramatical própria que constituem um sistema linguístico 
de transmissão de ideias e fatos, oriundos de 
comunidades de pessoas surdas do Brasil (Lei nº 10.436, 
de 24 de abril de 2002). 
 
De acordo com Felipe (2005), os sinais surgem da combinação dos 
seguintes parâmetros: 
a) configuração das mãos – são formas das mãos, que podem ser da 
datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão 
predominante, ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador, 
b) ponto de articulação – local em que se faz o sinal, podendo tocar 
alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro; 
c) movimento – os sinais podem ter um movimento ou não; 
d) orientação/direção – os sinais têm uma direção com relação aos 
parâmetros acima; 
e) expressão facial e/ou corporal – as expressões faciais ou corporais 
são de grande importância para o entendimento real do sinal, sendo 
que a entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial. 
 
Há ainda a observação do uso pelas pessoas surdas em suas 
interações. Quadros (2006, p. 21) define-os como sinais que utilizam um 
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conjunto específico de configurações de mãos para representar objetos 
incorporando ações. Tais classificadores são gerais e independem dos sinais 
que identificam tais objetos. É um recurso bastante produtivo que faz parte das 
línguas de sinais. 
Sacks (1998) afirma que as línguas de sinais são completas em si 
mesmas: possuem sintaxe, gramática e semântica própria, têm, porém,um 
caráter diferente do de qualquer língua falada ou escrita. Segundo o autor, não 
é possível transliterar uma língua falada para língua de sinais palavra por 
palavra ou frase por frase, isto porque as suas estruturas são essencialmente 
diferentes. 
Registros históricos do surgimento da Língua de Sinais no mundo não 
trazem ainda, oficialmente, dados concretos. Sabe-se da existência de um 
registro iconográfico do ano de 1579, com a representação de um alfabeto 
digital, em uma gravura em madeira extraída da obra de “Cosmas Rosselius” 
em Veneza. 
Segundo historiadores, o uso do alfabeto manual durante as aulas por 
pessoas surdas se deu no século XVII, na Espanha. Os monges também 
faziam uso desse tipo de comunicação nos mosteiros, por causa do voto do 
silêncio, e passaram a ensinar o alfabeto dos surdos. 
Em seguida, na França, Abade L’Epée, ao fundar uma classe para 
pessoas surdas, criou uma linguagem de gestos denominada “A LINGUAGEM 
DE SINAIS METÓDICOS”. Foi o sucessor de Abade L’Epée, Abade Sicard, 
quem escreveu o primeiro dicionário em sinais. 
Há um outro registro histórico importante: o alfabeto que se encontra 
no livro do “L'Abbé Deschamps” do século XVII (INES, 2005). 
Para o desenvolvimento da língua de sinais em terras brasileiras, o 
educador mais importante foi L’Epée, porque foi de seu instituto na França que 
veio para o Brasil o Padre Huet, professor surdo, que, a convite de Dom Pedro 
II, trouxe este “método combinado': criado por L’Epée, para trabalhar com os 
surdos brasileiros. 
Assim, em 1857, foi fundada a primeira escola para surdos no Brasil, o 
Instituto dos Surdos-Mudos, hoje, Instituto Nacional da Educação de Surdos 
(INES), na cidade do Rio de Janeiro. Foi a partir deste instituto que surgiu da 
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“mistura” da Língua de Sinais Francesa, trazida pelo Padre Huet, com a língua 
de sinais brasileira antiga, já usada pelos surdos das várias regiões do Brasil, a 
Língua Brasileira de Sinais (FELlPE, 2005). 
O registro mais remoto brasileiro da Língua Brasileira de Sinais é do 
ano de 1875, produzido pelo aluno do Instituto (INES), Flausino José da Gama, 
intitulado “lconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos”, estando seu original 
na Biblioteca Nacional e uma cópia na Biblioteca do INES (INES, 2005). 
Segundo Felipe (2005), com o passar dos anos, outras escolas 
somente para crianças surdas foram surgindo. 
Em 1923, foi fundado o Instituto Santa Terezinha, escola particular, em 
São Paulo, somente para meninas. Em 1954, outra iniciativa privada, com 
verba de outros países, foi fundada a Escola Concórdia, em Porto Alegre. Em 
1957, foi fundada a Escola de Surdos de Vitória do Espírito Santo. Atualmente, 
há muitas escolas municipais, como, por exemplo, a Escola Rompendo o 
Silêncio, em Rezende no Rio de Janeiro, a Escola Municipal Ann Sullivan, em 
São Caetano do Sul e a Escola Hellen Keller, em Caxias do Sul, uma escola 
somente para surdos que vem implementando uma proposta bilíngue para a 
educação dos surdos, ou seja: a aquisição da LIBRAS e aprendizado, com 
metodologia apropriada, da língua portuguesa e da língua de sinais brasileira. 
Percebe-se a luta dos surdos para terem escolas específicas para a 
Comunidade Surda, porque acreditam que através de um ensino que atenda 
eficazmente suas necessidades linguísticas e culturais, eles poderão se 
integrar e estar em condições de igualdade com os ouvintes, o que refletirá, por 
exemplo, na conquista de cargos públicos. 
Assim, uma política educacional que leve em conta a realidade e 
tradição dos surdos no Brasil poderá reverter o atual quadro de insatisfação, 
em relação à qualidade da educação para surdos, que prevalece nas 
comunidades surdas (FELlPE, 2005). 
Na prática, a educação bilíngue é vivenciada de maneiras diferentes 
pelas escolas. Há aquelas chamadas especiais, que possuem professores 
especializados em ensinar em LIBRAS e que são exclusivas para alunos 
surdos. Há aquelas chamadas regulares, ou comuns, que mesclam surdos e 
ouvintes nas salas, ou que montam salas exclusivas para surdos, mas dentro 
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do mesmo ambiente escolar. Nessas instituições de ensino, a presença de 
intérpretes, das salas de recursos ou de monitores especializados auxilia o 
estudante surdo na rotina escolar. 
Segundo Bernardino (2000), o indivíduo surdo possui certas 
características que fazem dele uma pessoa diferente, especial, que, embora 
viva no mesmo ambiente que os ouvintes, não parece pertencer ao mundo 
destes. 
Isso porque a língua natural dos surdos, a de sinais, na maioria das 
vezes não é aceita pelos seus familiares, pelos professores, pelos psicólogos e 
outros profissionais que lidam com eles e, muitas vezes, nem por eles próprios. 
Essa língua é tida como uma vilã, que impede a aprendizagem da língua oral, 
cujo uso propicia ao surdo a oportunidade de se tornar “igual” aos ouvintes. 
É importante ressaltar neste resgate histórico que, assim como o 
Cristianismo, há mais de dois mil anos, trouxe o desenvolvimento do 
entendimento a respeito da necessidade de implementar na sociedade 
princípios que garantam a dignidade humana e os direitos das minorias, o 
trabalho assistencial, de caráter religioso e social, realizado de forma pioneira e 
contínua, a partir da década de 70, em Campinas, e notadamente pelas igrejas 
batistas brasileiras da Convenção Batista Brasileira, trouxe a atenção dos 
órgãos públicos e da sociedade civil em geral para com os surdos e seus 
direitos intrínsecos de comunicação, por meio de sua língua natural, 
notadamente no âmbito de discussões de políticas públicas educacionais tidas 
como especiais. 
Para além do pioneirismo, Silva (2006, p. 49) afirma que a experiência 
batista se destaca também por uma série de outras razões. Segundo o autor, 
 
Foi, sobretudo, essa experiência que fez da atividade 
missionária com surdos, sinônimo de interpretação e 
liderança de Ministério. Por conta disso, embora o objetivo 
fundamental do trabalho missionário seja “converter” 
surdos para o cristianismo, indiretamente, essa instituição 
se tornou uma grande formadora de intérpretes em 
diferentes regiões do Brasil (...) As experiências 
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protestantes com surdos citadas são formadas por 
excelência de um modelo de intérprete que parece ter se 
desdobrado para esfera secular. 
 
Com a captação desses “missionários batistas” aptos na 
tradução/interpretação da Língua Brasileira de Sinais pelo mercado de 
trabalho, foi possível a luta, juntamente com a Comunidade Surda, por políticas 
linguísticas, dentre outras, da Língua Brasileira de Sinais, o que ocorreu com a 
promulgação da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, reconhecendo a LIBRAS 
como meio legal de comunicação dos surdos, bem como obrigou o ensino da 
mesma nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia e de Magistério 
como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
O Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamentou a Lei 
nº 10.436/2002, determinando a realização do Exame Nacional de Certificação 
de Proficiência em LIBRAS e o Exame Nacional de Certificação de Proficiência 
em Tradução e Interpretação da LIBRAS/Língua Portuguesa, denominado 
PROLlBRAS, que teve sua primeira edição promovida por meio de um projeto 
realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina em parceira com o MEC 
no ano de 2006, aprovando 1.349 profissionais em tradução/interpretação da 
LIBRAS em todo o Brasil, sendo considerados, portanto, qualificados para 
exercerem a atividade dentro da sala de aula nos diferentes níveis de ensino. 
Entretanto, o reconhecimentooficialmente da Língua Brasileira de 
Sinais como meio de comunicação objetiva e de uso corrente das comunidades 
surdas, ocorreu muitos anos antes em vários Estados do Brasil. 
Vale saber... 
a) Em Minas Gerais, pela Lei Estadual nº10.379, de 10/01/1991. 
b) Em Alagoas, por meio da Lei Estadual nº 6.060, de 15/0911998. 
c) No Ceará, com a Lei Estadual nº 13.100, de 12/01/2001. 
d) No Distrito Federal, pela Lei nº 2.532, de 02/03/2000. 
e) No Espírito Santo, pela Lei nº 5.198/1999. 
f) Em Goiás, pela Lei Estadual nº 12.081, de 30/08/1993. 
g) No Mato Grosso, pela Lei Estadual nº 7.831, de 13/12/2002. 
h) No Mato Grosso do Sul, pela Lei nº 1.693, de 12/09/1996. 
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i) Em Pernambuco, pela Lei Estadual nº 11.686, de 18/10/1999. 
j) Em Santa Catarina, pela Lei Estadual nº11.869, de 6/09/2001. 
k) No Paraná, por intermédio da Lei nº12.095, de 11/03/1998. 
 
Com a aprovação e a regulamentação de várias legislações, tanto em 
nível estadual como nacional, demonstrou-se o início da quebra de vários 
tabus, crenças e mitos que circundavam o uso da Língua de Sinais pela 
Comunidade Surda e pelos ouvintes envolvidos, sejam os profissionais da 
interpretação/tradução, os missionários, os amigos e os familiares. 
O uso de uma língua visual-sinalizada, de forma alguma, diminui uma 
pessoa, inferiorizando-a diante das pessoas que usam a língua oral-auditiva. 
Seu uso não é empecilho para a aprendizagem da outra. 
Assim, o uso dessa língua, entendida como uma atividade social e “não 
apenas como uma ferramenta que devemos usar para obter resultados” 
(BAGNO, 2003, p. 20), faz-nos defendê-la não apenas como uma ferramenta 
para a aprendizagem, mas também como o resultado para que tal objetivo se 
concretize. 
O fim da resistência, a quebra de preconceitos em relação à Língua 
Brasileira de Sinais, possibilita aos surdos ter uma vida normal, saudável, 
caracterizada pelo desenvolvimento intelectual completo, porém, adequado, em 
que, nem de longe, foram esquecidas suas necessidades e diferenciações 
linguísticas (NOVAES, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O APARELHO AUDITIVO E A AUDIÇÃO 
 
É por meio da audição que conseguimos identificar e reconhecer os 
diferentes sons do ambiente, além de podermos nos comunicar com nossos 
semelhantes. 
A orelha é uma obra de arte de engenharia que consiste em três 
partes: orelha externa, orelha média e orelha interna (HONORA; FRIZANCO, 
2008). 
 
 
 
A orelha externa é composta de duas estruturas: a orelha, também 
conhecida como ouvido, ou pavilhão auricular, que é uma estrutura externa 
semelhante a um funil, feita de cartilagem e pele que tem a função de captar as 
ondas sonoras e as desviar para dentro do conduto auditivo externo, que é o 
corredor que encaminha, amplificando, a onda sonora ate o tímpano, o qual 
vibra como se fosse o couro de um tambor. 
No conduto auditivo externo, temos a presença de pelos e de certas 
glândulas que produzem cera para proteger a orelha; portanto, a limpeza 
exagerada desse local pode causar danos e até lesões sérias na audição. Vale 
lembrar também que, quando o tímpano, ou a membrana timpânica, é 
perfurada, podemos ter perda de audição e até ser submetidos a uma cirurgia 
de enxerto para a sua reconstrução. 
Na face interna do tímpano, está a orelha média, que é uma câmara 
cheia de ar com três pequenos ossos (os menores do corpo humano), os quais 
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estão conectados entre si. São eles: martelo, bigorna e estribo. Os ossos 
recebem esses nomes pela semelhança que têm com esses objetos. Os 
ossículos unem o tímpano à janela oval, uma abertura no revestimento ósseo 
da cóclea. Ainda na orelha média, está localizada a tuba auditiva que é a nossa 
ligação entre o ouvido, o nariz e a garganta. É o que nos dá a sensação de 
sentir o gosto de alguns remédios quando os pingamos no nariz. 
Em razão de termos essa tuba auditiva que liga nossa garganta à 
orelha média, pode-se acumular pus nessa região, devido às infecções de 
ouvido (otites), por uso indevido de mamadeiras e amamentação dada para o 
bebê enquanto ele está deitado. Por este motivo, também podem ocorrer 
lesões no tímpano devido ao seu rompimento para a saída desse líquido. 
Muitas crianças em idade escolar apresentam esse problema, o que pode 
diminuir sua atenção auditiva e consequentemente causar deficiência auditiva. 
A cóclea é a estrutura do ouvido pela qual ouvimos. Ela é do tamanho 
de uma ervilha e é nela que estão localizados os receptores auditivos. Quando 
as ondas sonoras fazem o tímpano vibrar, essas vibrações são transmitidas 
para os ossículos que, por sua vez, produzem uma ação semelhante à de uma 
alavanca, transmitindo e amplificando as vibrações para a membrana que 
reveste a janela oval da cóclea. 
A cóclea, que tem esse nome porque parece um caracol, é uma 
estrutura oca e os compartimentos desse espaço são preenchidos por líquido, 
onde há uma membrana fina denominada membrana basilar, na qual estão 
inseridas as células ciliadas (cílios), que são nossos receptores auditivos. 
O processo funciona da seguinte forma: o som entra pela orelha 
externa, passa pelo conduto auditivo externo, onde é amplificado e faz com que 
a membrana timpânica vibre. 
A membrana timpânica vibra e faz com que os ossículos (martelo, 
bigorna e estribo) também vibrem como numa alavanca. Os ossículos 
amplificam e transmitem as vibrações para a janela oval posicionada na 
entrada da cóclea. Na cóclea, as células ciliadas se movimentam e 
transformam os sons recebidos em impulsos elétricos que caminham até o 
cérebro pelo nervo auditivo. No cérebro, estes impulsos elétricos são 
codificados e “entendidos” pela pessoa. Enfim: uma estrutura bem complexa! 
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Temos em média 15 mil células ciliadas em nossa orelha interna. A boa 
notícia é que elas são muito numerosas e a péssima notícia é que elas não 
nascem mais, não se regeneram. 
Como bem explicam Honora e Frizanco (2008), toda vez que formos a 
um show de heavy metal e, ao chegarmos em casa, escutarmos nosso ouvido 
apitar, significa que algumas de nossas células ciliadas estão morrendo. 
O som tem três dimensões físicas: frequência, amplitude e 
complexidade, como demonstra a tabela abaixo. 
 
 
Embora o som seja transmitido a uma velocidade de cerca de 330 
metros por segundo, as ondas sonoras variam no que se refere à taxa de 
vibração, conhecida como frequência. Mais precisamente, a frequência se 
refere ao número de ciclos de uma onda, completados em um determinado 
período. As frequências das ondas sonoras são medidas em unidade de ciclos 
por segundo, denominada hertz (Hz). 
Um hertz é um ciclo por segundo, 50 hertz são 50 ciclos por segundo, e 
assim por diante. Os sons que percebemos como graves têm frequências 
baixas (poucos ciclos por segundo) e os que percebemos como agudos têm 
frequências elevadas (muitos ciclos por segundo). 
Podemos perceber os sons apenas dentro de um intervalo limitado de 
frequência. Para os humanos, esse intervalo se estende de aproximadamente 
20 hertz a 20.000 hertz. Como os humanos, muitos animais produzem algum 
tipo de som para se comunicar, o que significa que devem possuir sistemas 
auditivos designados para interpretar os sons típicos de sua espécie. Os 
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intervalos das frequências sonoras que as diferentes espécies usam variam 
muito. Na figuraabaixo, podemos observar essas diferenças. 
 
 
As rãs ouvem apenas uma faixa muito estreita de frequências, 
enquanto as baleias e os golfinhos ouvem uma faixa mais ampla. Embora nos 
humanos a faixa de audição seja bastante extensa, com um pico de cerca de 
2.000 hertz, não somos capazes de perceber muitos dos sons que outros 
animais podem produzir e ouvir. 
Além da frequência, a amplitude pode causar uma diferença no tom 
percebido. A amplitude é o termo que se refere à magnitude da mudança na 
densidade de moléculas de ar. O aumento na compressão de moléculas de ar 
eleva a quantidade de energia em uma onda sonora, o que faz o volume do 
som parecer mais alto – mais amplificado. 
A amplitude do som geralmente é medida em decibéis (dB), medida 
que descreve a potência de um som em relação à intensidade de referência 
padronizada. Sons superiores a aproximadamente 70 decibéis são percebidos 
como altos, enquanto os inferiores a 20 decibéis são considerados baixos. Os 
sons da fala normal estão em cerca de 40 decibéis. 
A união dessas duas propriedades do som estão ilustradas no gráfico 
abaixo: 
 
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Temos também o sistema vestibular que nos informa sobre nossa 
localização em relação à gravidade, sobre a aceleração e a desaceleração de 
nossos movimentos e sobre as alterações na direção do movimento. Também 
nos permitem ignorar a influência desestabilizadora que nossos movimentos 
poderiam exercer sobre nós. Por exemplo, quando estamos em pé em um 
ônibus, até mesmo os movimentos leves do veículo poderiam fazer com que 
perdêssemos o equilíbrio, mas não o fazem. Do mesmo modo, ao fazermos 
movimentos, evitamos um tombo com facilidade, apesar de deslocarmos o 
peso do corpo constantemente. Nosso sistema vestibular nos possibilita evitar 
o tombo. 
 
 
 
 
 
 
 
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DO PATOLÓGICO AO CULTURAL NA SURDEZ: para além de um e de 
outro ou para uma reflexão crítica dos paradigmas 
Audrei Gesser1 
 
Este artigo2 tem como objetivo fazer uma discussão relacionada a dois 
paradigmas ideológicos na educação dos surdos, a saber, o patológico e o 
cultural. 
Para abordar esta questão, aponto a importância de discutir conceitos-
termos como deficiente-auditivo, surdo-mudo, e mudo com o intuito de 
desconstruir as conotações negativas que esses nomes implicam na 
representação social e na identidade cultural dos indivíduos surdos. Além 
disso, será mostrado como tais visões estão presentes nos ambientes sociais, 
especialmente na interação de sala de aula entre professores surdos e alunos 
ouvintes. 
Os registros são gerados e analisados através de perspectivas 
etnográficas em contextos de ensino de Língua Brasileira de Sinais. 
Para a transcrição do mesmo, mantivemos a formatação original, com 
notas no final do texto. 
 
INTRODUÇÃO 
Neste artigo, problematizo - a partir de alguns apontamentos que venho 
fazendo em pesquisas de cunho etnográfico (ERICKSON, 1986, 1992) 
desenvolvidas em contextos de ensino de LIBRAS para ouvintes1 - a questão 
das concepções e paradigmas ideológicos na educação dos surdos. Inicio 
tecendo uma reflexão sobre o conflito trazido pelas designações deficiente-
auditivo, surdo-mudo, e mudo e o processo de desconstrução dessas 
representações observados na interação de sala de aula nas falas de alguns 
 
1
 Doutora em Linguística Aplicada/Educação Bilíngue pela Universidade Estadual de Campinas 
(Unicamp). 
2
 Publicado pela revista: Trabalhos em Linguística Aplicada. Versão Impressa. ISSN 0103-1813. Trab. 
Linguist. Apl. Vol.47 No.1 Campinas Jan./Jun. 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
18132008000100013. Disponível em: 
<http://www.scientificcircle.com/pt/751/patologico-cultural-surdez-alem-outro-reflexao-critica/>. Acesso 
em: 18 Jul. 2013. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132008000100013&lng=pt&nrm=iso#nt01
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professores surdos e seus alunos ouvintes2, com o objetivo de mostrar como 
foram postas em cena nas narrativas que contaram, ao longo dos tempos, a 
história dos surdos. 
Para tal articulação, retomo, retrospectivamente, como foi o meu 
primeiro contato com a surdez, mostrando como essa questão conceitual ainda 
ocupa um espaço muito significativo nos espaços sociais, e, especificamente, 
nas salas de aula de LIBRAS para ouvintes (GESSER, 1999, 2006). A 
discussão aponta a importância de nos desvencilharmos de preconceitos 
cristalizados, de certa forma arraigados, no modo como nomeamos o outro 
(LANE, 1992; SKLIAR, 1997). 
Em seguida, questiono - a partir da integração de alguns elementos 
conceituais dos Estudos Culturais de Hall (2033a/b/c), Pós-Coloniais de 
Bhabha (1992, 2000, 2003) e do historiador e sociólogo De Certeau (1994, 
1995, 1996) - as noções de identidade e cultura pensados no contexto da 
surdez, com o objetivo de se criar um espaço de ruptura com os discursos 
essencialistas, puristas e totalitários. 
 Assim, nesse texto estarei apresentando as vozes, os discursos 
construídos na interação face a face entre surdos e ouvintes. Acredito que as 
falas e relatos que seguem servem também para olharmos para as nossas 
próprias posturas e práticas discursivas frente à surdez. 
 
"A PALAVRA 'CADEIRANTE' EU NÃO CONSIGO ASSIMILAR, MAS 
'SURDO' EU ESTOU MAIS ACOSTUMADO" 
 
Em uma oportunidade para discutir questões relacionadas ao surdo 
com uma profissional da Faculdade de Educação na Universidade Federal de 
Santa Catarina, em 1997, senti na pele minha dificuldade em lidar com a 
surdez. Só depois dessa conversa e através do processo de familiarização e 
estranhamento (ERICKSON, 1986), é que pude perceber a postura 
preconceituosa, paternalista e romantizada que eu tinha do surdo. Essa 
percepção ficou evidente, quando comecei a refletir sobre a minha interação 
com essa professora. Recordo-me de todas as vezes em que ela me 
interrompia para que eu me referisse ao surdo como surdo, e não 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132008000100013&lng=pt&nrm=iso#nt02
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como deficiente-auditivo,surdo-mudo, ou mudo. De fato, em função de meu 
desconhecimento de tudo o que reverberava nesses nomes, não percebi, 
naquele momento, a carga semântica negativa que conotavam. Então, vez por 
outra me referia, aos surdos como "deficientes auditivos" e, em um dado 
momento da nossa conversa, a professora, irritadíssima e em um tom muito 
alterado, falou: "Surdo! Surdo! Você deve chamá-los de surdos! Se você 
pretende fazer pesquisa sobre estes indivíduos, por favor, eles são surdos e 
não deficientes!". O que ficou latente para mim durante nossa interação foi a 
profunda agressividade e incômodo dela; isso me levou a monitorar a minha 
fala e a tomar muito cuidado para chamá-los sempre de surdos. O fato é que, 
na minha visão inicial, a palavra surdo conotava mais preconceito e parecia 
que não era um uso sequer politicamente correto. Não tinha ideia, também, por 
outro lado, da carga semântica que os termos deficiente-auditivo, surdo-mudo, 
e mudo conotavam, constantemente observados em muitas falas de pessoas 
leigas na discussão e/ou de especialistas dentro de uma posição que toma a 
surdez como uma patologia. 
Nas minhas idas e vindas a alguns contextos escolares, e com o 
aprofundamento em leituras da área, somadas a inúmeras conversas com 
pessoas pertencentes às comunidades surdas entendi a atitude daquela 
professora. O que elaestava fazendo era rejeitar um discurso ideológico 
dominante construído nos moldes do oralismo, que localiza o surdo em 
dimensões clínicas e terapêuticas da "cura", da "reeducação" e da 
"normalização". Ao utilizar o termo surdo, a professora estava tentando me 
mostrar um outro discurso sobre a surdez: o discurso pautado em paradigmas 
da diversidade linguística e cultural. Tive a oportunidade de desfazer o meu 
mal-entendido, pois a imagem que lhe atribui foi a de alguém que não estava 
gostando de compartilhar comigo suas informações sobre a surdez. 
Essa experiência fez-me compreender como estava presa à ideologia 
dominante ouvinte e como nela se inscrevia em meu discurso. A minha 
ignorância sobre a realidade surda gerou em mim uma atitude vinculada aos 
estereótipos e aos imaginários sociais que constituem o poder e o saber clínico 
(SKLIAR, 1997; LANE 1992). A representação que fazia do surdo estava 
ancorada na visão do déficit, na falta da audição, portanto. Tive que me permitir 
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certo tempo para desconstruir essa visão da deficiência que estava 
concretamente amarrada ao termo que utilizava para nomear os surdos e 
reconhecer a dimensão política da surdez que o uso do termo surdo, 
apropriadamente, conota. Padden & Humphries (1988: 44) apontam que, 
 
a deficiência é uma marca que historicamente não tem 
pertencido aos surdos. Esta marca sugere auto-
representações políticas e objetivos não familiares para o 
grupo. Quando os surdos discutem sua surdez, eles usam 
termos profundamente relacionados com a sua língua, 
seu passado, e sua comunidade. [tradução minha]. 
 
 
A questão da terminologia ficou esclarecida para mim. Todavia, voltava 
a revivê-la na interação com outros tantos ouvintes que estavam se 
relacionando pela primeira vez ou mesmo que já se relacionavam com o 
mundo da surdez. Era, então, inevitável relembrar o episódio descrito acima. 
Percebi que, em todos os cursos de LIBRAS de que participei3, por exemplo, 
havia por parte dos professores surdos um tempo, nas aulas, dedicado a 
explorar e esclarecer as conotações que o termo deficiente auditivo e seus 
derivados populares carregam. A vinheta narrativa4 abaixo descreve a ação do 
professor surdo a quem estarei me referindo pelo nome de Leo5: 
Excerto 1 
 
Em sua segunda aula de LIBRAS, o professor Leo traz uma 
transparência e pede a uma aluna ouvinte que leia em voz alta. O título da 
transparência é "postura frente a surdez". Em seguida escreve no quadro as 
palavras deficiente auditivo, surdo-mudo e surdo, e nos pergunta se 
sabemos a diferença. Enquanto algumas alunas demonstram saber, há 
outras que ficam na dúvida. Então ele aponta que surdo-mudo nunca 
deve ser usado porque o surdo tem aparelho fonador e se for treinado 
ele fala com voz, mas que o termo é errado porque faz as pessoas 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132008000100013&lng=pt&nrm=iso#nt03
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132008000100013&lng=pt&nrm=iso#nt04
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132008000100013&lng=pt&nrm=iso#nt05
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pensarem que o surdo não tem língua. O termo deficiente auditivo 
ou D.A. não devem ser utilizados porque também são preconceituosos, 
e finaliza dizendo que o termo correto é surdo. Embora todas pareçam 
concordar com a exposição, uma das alunas fala em voz alta para o 
grupo: "mas esta diferença a gente aprende aqui no curso e com o surdo 
né? Porque no curso de pedagogia que eu fiz sempre chamamos de 
deficiente..." 
 
A mesma aula de apresentação desses termos é feita também por uma 
outra professora surda em seu curso Módulo 1 do qual também participei como 
aluna-pesquisadora. Essa professora (vou chamá-la de Ana) todavia, faz uma 
discussão mais fervorosa sobre o assunto conforme pode ser observado na 
transcrição que segue abaixo. Utilizando-se da LIBRAS e da fala em português 
simultaneamente, ela aponta a diferença para as alunas ouvintes e conclui 
enfaticamente: 
 
Excerto 2 
 
Ana: {B Esta história de dizer que surdo não fala que é mudo está 
errado (...)sou contra o termo surdo-mudo e deficiente auditivo porque 
tem preconceito(pausa) Vocês sabem quem inventou o termo deficiente 
auditivo? (pausa) Os médicos! } ((todas as alunas começam a rir porque 
sabem que tem duas alunas estudantes de medicina na aula, e uma delas 
fica vermelha)) 
Ana: {B Porque estão rindo? A::::: elas estudam medicina! ((apontando para 
as alunas)) tudo bem lá no passado se usava estes termos. Os médicos 
achavam os surdos uns coitados, por isso é importante falar sobre 
isso (pausa) eu não to aqui só para vocês aprenderem a LIBRAS eu to aqui 
também para explicar como é a vida do surdo, da cultura, da nossa 
identidade } ((as alunas observam a professora escrever no quadro: normal 
= ouvinte, e em seguida ela faz a seguinte pergunta a todas)) 
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Ana: {B e o surdo? é anormal? to dizendo isso porque em geral os ouvintes 
quando se referem aos seus filhos ouvintes que tem algum probleminha de 
audição os médicos dizem "não se preocupe mamãe, seu filho é normal, ele 
não é surdo! } 
 
Podemos perceber a importância de tais termos para a vida dos 
surdos. Neste último exemplo, a professora surda traça um paralelo, a partir da 
sua própria vivência, entre as concepções de anormalidade e normalidade, e 
esta última é apresentada como um atributo exclusivo daqueles que ouvem. 
Ana procura sinalizar em sua fala a perspectiva da diversidade, da visibilização 
da língua, da identidade do surdo como indivíduo pertencente a um grupo 
cultural, buscando apagar e/ou desconstruir a representação, a visão e a 
identidade da deficiência. E um dos caminhos encontrados pelos professores 
tanto por Ana como por Leo é deixar claro como tais termos inferiorizam e 
discriminam os surdos de uma forma geral, e como são rejeitados por eles 
próprios e também dentro da comunidade surda. 
Foi possível observar nas interações de ensino da LIBRAS que havia, 
por parte dos alunos ouvintes, tanto um estranhamento como uma maior 
familiarização com essas denominações. De qualquer modo, o importante é 
apontar aqui esse movimento que sai do discurso da deficiência para o 
discurso do reconhecimento político da surdez como diferença, e como essa 
conscientização pode proporcionar mudanças na forma como nos 
relacionamos como outro. Em uma das entrevistas, perguntei a um grupo de 
quatro ouvintes (três alunas e um aluno) como eles viam a língua de sinais e os 
indivíduos surdos. Um dos alunos do grupo diz o seguinte na entrevista em 
áudio: 
Excerto 3 
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Jonas: Eu vejo que em todas as deficiências é paternalismo 
puro sabe? E com o surdo não é diferente porque nas escolas, na 
sociedade TODOS acham que o surdo vive uma deficiência e:: que eles 
são incapazes (...) eu sei que é difícil lidar com o surdo com naturalidade no 
começo porque eu::: EU MESmo né:: <na minha família eu tenho um surdo> 
e tinha ME-do de me aproximar dele porque achava ele ANORMAL (1.5) 
hoje eu entendo a língua de sinais <e não só esta questão> (.) então quando 
você vê um surdo que é PROFESSOR como o nosso aqui dando aulas da 
sua língua e falando para os alunos ouvintes que os surdos não escutam 
mas que isso não significa que são deficientes mentais ou retardados <como 
a maioria vê sabe?> você::: você consegue encarar de uma outra forma (.) 
eu vejo isto assim que:: que isto contribui deuma forma que a gente pode ir 
tirando o preconceito (.) diminuir pelo menos esse efeito negativo que tem 
na vida deles né? Outro dia chegou na secretaria um deficiente físico 
<um cadeirante como eles chamam> a palavra 'cadeirante' eu não 
consigo assimilar ainda, mas 'SURDO' estou mais acostumado (.) e::: 
até entendo o porquê (...) assim::: se você chama o surdo de deficiente ou 
de mudinho né? Tem mais preconceito e quando eu comecei a conviver 
mais com os surdos e quando comecei a entendê-los na sua comunicação 
eu: eu percebi que eles querem que chamem eles de SURDOS sabe? 
Uns ficam até NERVOSOS se você os chama de deficiente auditivo (1.5) 
e se isso acontece é: é porque se sentem discriminados (.) isto é o 
efeito lá: da oralização que queria ver o surdo fala:: ndo (.) <mas 
também têm outros que não tão nem ai> (.) eu vejo assim que eles TÊM SIM 
uma perda auditiva e::: isso não dá para negar (.) o problema é que::: <como 
em uma aula que a gente teve aqui com o nosso professor> ele disse que os 
surdos mesmos preferem ser chamados de surdo (.) por uma CULTURA (.) 
que se trata de uma DI-FE-REN-ÇA e não de deficiência propriamente (...) 
 
Jonas demonstra em sua fala sensibilidade e conhecimento sobre a 
carga semântica que se tem utilizado nas narrativas sobre a surdez. Também 
aponta o seu próprio movimento na relação entre duas nomenclaturas 
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antagônicas: o deficiente construído nas ondas do movimento oralista e 
o surdo construído em oposição ao primeiro, pautado no discurso da 
diversidade linguística e cultural. 
A construção da identidade deficiente (e todos os seus derivados 
pejorativos) está ainda muito presente na vida dos surdos e, junto com ela, 
uma série de práticas encapsuladas no projeto clínico hegemônico. Isto ocorre 
porque a surdez é tanto uma construção cultural como um fenômeno físico. A 
forma dessa construção cultural é, sem dúvida, uma expressão de valores 
culturais mais amplos, significados através de uma ordem superposta anterior a 
ordem majoritária ouvinte que busca "normalizar a anormalidade" (FOUCAULT, 
2001). Por outro lado, é importante salientar, no que nos diz De Certeau (1994, 
1996), que há também uma ressignificação dessa ordem superposta os 
oprimidos e excluídos, afirma ele, não são repositórios e/ou "consumidores" 
passivos nessa relação; ao contrário, para o autor, consumir é produzir. Há no 
consumo um aspecto criativo, uma vez que os indivíduos utilizam táticas e 
apropriam-se fazem reempregos de imposições, de forma a sobreviverem 
culturalmente. Vejamos o que dizem os ouvintes, num outro momento da nossa 
conversa, gravada em áudio: 
 
Excerto 4 
 
Angela: Sabe uma coisa que eu fico irritada? Assim né:: até 
entendo eles (.) mas outro dia vi um aluno surdo NOSSO 
aluno ((estabelecendo contato visual com os outros professores 
entrevistados)) (.) ele estava na rua se fazendo de coitadinho (.) <sabe 
aqueles pacotinhos de caneta que as pessoas vendem por aí?> assim com 
uma notinha dizendo que são "deficientes auditivos"((faz um gesto entre 
aspas quando diz esta palavra)) então (.) ele tava tirando vantagem da sua 
surdez para ganhar dinheiro (1.5) SAbe eu sei que é DIFÍCIL para eles 
mas mas veja bem a visão de alguns pais <não todos porque a mãe 
lá::> da:: da Gabi <ela é bem esclarecida com a questão da cultura 
surda>= 
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Audrei: =mas a escola, os professores apoiam ela? Apoiam essa 
mãe que é mais esclarecida com a questão?= 
Angela: =bem ((risos)) é difícil né: Audrei porque:: porque é 
também um susto para quem nunca lidou ou viu um surdo antes (.) a 
gente tá despreparado mesmo inclusive as escolas (1.5) mas veja bem 
EU eu estou procurando uma forma de me informar também e::: <e tem 
professoras que não estão nem ai> assim como alguns pais também 
(.) a visão de alguns pais QUAL é a visão? ele é SURDO não serve para 
NADA ele não vai poder trabalhar é uma pessoa INÚTIL (...) porém o filho 
surdo eu posso aposentá-lo (...) é um beneficio (...) eu posso ganhar uma 
casa popular (...) então 
NESTE CASO o meu filho é DEFICIENTE (...) acho que a questão é 
do necessitar do quando eu posso necessitar do meu filho surdo (...) caso 
contrário eu nem toco que tenho um filho surdo (...) o paternalismo entra aí 
(.) então se o filho não tem pilha ((referindo-se ao aparelho auditivo)) a 
rede municipal que resolva isto (...) 
Jonas: (...) <ou pode haver o extremo oposto> (.) pra tentar 
superar a vergonha que alguns sentem de ter filho surdo é tentar tornar 
ele melhor do que o ouvinte (1.5) e eu acho também que a GENTE 
MESMO só enxerga os surdos na deficiência (.) precisamos ver estas 
pessoas de uma outra forma (.) se não mudamos nossa postura os 
próprios surdos vão continuar se considerando deficientes também (.) 
porque como você disse antes né:: há benefícios com isso e eles usam 
isso (.) assim se a gente olhar bem me parece natural isto estar 
acontecendo (.) eu até compreendo= 
Angela: =é TEM OS DOIS LADOS ou o lado do coitado ou o lado de 
super (...) no nosso meio fica bem claro o paternalismo (...) uns também 
acabam deixando o filho surdo de lado (...) questão da indiferença 
(...) muitos pais dizem "se ele não for na fono não vai falar português e 
se for não fala do mesmo jeito (.) então pra que que vou perder o meu 
tempo?" (...) ((Angela reportando as vozes de alguns pais de seus 
alunos)) 
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No excerto acima, Angela, uma das alunas do curso e também 
professora de surdos no ensino fundamental, demonstra em sua fala os usos 
que alguns surdos e alguns familiares fazem da surdez, quando diz que "os 
surdos estão vendendo pacotinhos de caneta dizendo que são deficientes 
auditivos... tirando vantagem da surdez para ganhar dinheiro", "meu filho surdo 
eu posso aposentá-lo", "posso ganhar uma casa popular", "se o filho não tem 
pilha do aparelho auditivo a rede municipal que resolva". Apesar de sua fala 
mostrar indignação, devemos considerar que, infelizmente, a visibilidade que 
os indivíduos surdos têm é uma visibilidade pautada na deficiência. O que não 
é de estranhar, considerando que o discurso da diferença articulado na 
sociedade majoritária sobre ouvintes e surdos é ainda tipicamente construído 
com base na perda auditiva, na falta de algo, na ausência; uma narrativa 
fortemente construída do ponto de vista da patologia e, portanto, legitimada e 
aceita nessa mesma perspectiva. 
Nesse contexto, faz sentido, para as pessoas (surdos e familiares) que 
convivem com essa realidade, transitar ora no discurso da deficiência ora no 
discurso da diferença ("posso ganhar uma casa... neste caso meu filho é 
deficiente... a questão do necessitar do meu filho surdo... caso contrário eu 
nem toco que tenho um filho surdo"), pois pode ser uma forma de 
sobrevivência, ou, usando a expressão de De Certeau (op.cit.), como uma 
"tática", em busca de uma visibilidade social e cultural. 
Claro que a fala reportada acima pela aluna-professora alfabetizadora 
(Ângela) sobre o comportamento dos pais ouvintes que ela tem tido contato 
pode realmente conter um fundo essencialmente interesseiro e alheio à 
perspectiva do engajamento político sobre a surdez. Da mesma forma, há 
indivíduos com algum grau de perda auditiva que se veem como deficientes e 
não se identificam com uma cultura surda optam pela oralização6 e veem nos 
recursos da medicina uma grande possibilidade de recuperação da audição: 
seja por implantes cirúrgicos e/ou pelo uso de aparelhos auditivos. Então, o 
que muitos surdos e ouvintes envolvidos nessa discussão podem se perguntaré: quando teremos uma transformação social e um olhar e atitudes 
diferenciados, mais justos e sem tantos preconceitos na nossa sociedade? 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132008000100013&lng=pt&nrm=iso#nt06
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As transformações e/ou mudanças na sociedade, em se tratando de 
minorias, não são radicais. Há níveis de explicitação de preconceitos; e os 
preconceitos podem estar velados até mesmo na narrativa da diferença. 
Destaco a discussão em Mclaren (2000), quando argumenta que a 
palavra diversidade ou o discurso da diferença podem estar sendo utilizados 
para encobrir uma ideologia de assimilação que está na base do discurso do 
"multiculturalismo conservador e corporativo", e, no caso da surdez, não é a 
pregação dessa narrativa que garantirá uma atitude de respeito às minorias 
linguísticas. Assim, é importante termos em mente as palavras de Skliar, ao 
prefaciar Botelho (1998:10). Diz ele: 
 
Reconhecer a diferença não significa uma aceitação 
formal nem uma autorização para que os surdos sejam 
diferentes. A definição da surdez sob a perspectiva da 
diferença supõe, no mínimo, estabelecer quatro 
dimensões inter-relacionadas: a dimensão política, a 
dimensão ontológica visual, a presença de múltiplas 
identidades surdas e a [não] localização da surdez nos 
discursos sobre a deficiência. 
 
 
Infelizmente, os surdos têm sido narrados e definidos exclusivamente a 
partir da realidade física da falta de audição e, portanto, aos olhos da 
sociedade majoritária ouvinte tem sido vistos exclusivamente a partir desse 
fato. O efeito disto é que os surdos e as línguas de que fazem uso (LIBRAS e 
português escrito/oral) tornam-se telas com espaços em branco para a 
projeção do preconceito cultural e do discurso da "normalização". Os termos 
deficiente auditivo, surdo-mudo, e mudo não são exemplos isolados de 
demonstração de preconceito somente, mas são indicadores de um mundo 
mais amplo de redes de significados que estabelecem convenções para 
descrever relações entre condições, valores e identidades. Além disso, dentro 
desse mundo de significados há alinhamentos distintos e desiguais entre uns e 
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outros, já que, no caso da minoria surda, os discursos da medicalização e da 
normalização têm prevalecido sócio historicamente. 
Outra questão a destacar é que a maioria dos cursos universitários que 
preparam profissionais para atuar com a surdez têm insistentemente localizado 
tais indivíduos na narrativa da deficiência, promovendo concepções geralmente 
simplificadas, construídas a partir de traços negativos como, por exemplo, a 
falta de língua (gem). De acordo com Skliar (1997:33), "os surdos estão 
forçados a existir na Educação Especial". Ora, o rótulo "especial" não desloca 
as minorias surdas para a visão étnica de surdez; ao contrário, esse rótulo 
mascara o preconceito de forma muito melindrosa. Ainda conforme o mesmo 
autor, o rótulo especial conota essencialmente o discurso do desvio da 
normalidade, porque acaba entrincheirando indivíduos surdos e todos os ditos 
deficientes em um mesmo bloco de localização, ou seja: 
 
...em uma continuidade, que, na verdade, é descontínua, 
isto é, grupos de indivíduos juntos, mas também separados 
entre eles, e separados de outros sujeitos. ... Neste 
sentido, não haveria nada em comum, por exemplo, entre 
um surdo e um deficiente mental, que separe esse surdo 
ou esse deficiente mental de um menino de rua, de um 
indígena ou de um trabalhador rural. (SKLIAR, 1997: 33). 
 
 
Ao ser inquirida sobre a profissão e o curso em que havia se formado, 
Lucy (uma das alunas ouvintes de um dos cursos iniciantes da professora Ana) 
respondeu-me: "Sou professora formada em pedagogia com especialização em 
Educação Especial. Atendo indivíduos com necessidades especiais os 
deficientes auditivos, visuais, mentais e físicos...". Pode-se observar em sua 
resposta a forma como os cursos de pedagogia localizam tais indivíduos: 
indivíduos diferentes tratados como iguais nas suas necessidades. No prefácio 
a Botelho (1998:11), Skliar enfatiza que a desvinculação da Educação Especial 
e o deslocamento da educação dos surdos para outros discursos possibilitam 
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uma transformação mais apropriada no contexto ideológico, teórico e 
discursivo: 
a surdez pode não ser, epistemologicamente, uma 
deficiência, mas está sendo permanentemente localizada 
como tal. Assim, a ruptura entre educação de surdos e 
educação especial é uma maneira de des-patologizar a 
surdez, de levar a surdez para outros discursos, 
vinculados com outras linhas de estudo em educação. 
 
 
Por fim, concordo com Skliar (op. cit.) quando afirma que é por meio 
desse deslocamento das oposições conceituais da Educação Especial para 
uma Educação para Surdos e também das nomeações deficiente auditivo (e 
todos os seus sinônimos) para surdo, ou seja, através de mudanças nas 
representações e narrações sobre o surdo e a surdez que poderemos melhor 
enxergar os múltiplos e diversos recortes identitários dos surdos e contribuir 
para que se possa sair do discurso da deficiência para o da diferença; afinal, 
aponta-nos Skliar (1997: 33), "a construção das identidades não depende da 
maior ou menor limitação biológica, e sim de complexas relações linguísticas, 
históricas, sociais e culturais". Acrescentaria nesta discussão a ideia apontada 
por Carvalho (2003: 61) no sentido de nos desvincularmos da educação 
especial a partir de uma "visão substantiva" para começarmos "a construir 
o especial na educação, numa visão adjetiva". 
 
"O PROFESSOR ESTÁ MUITO PRESO AOS PADRÕES CULTURAIS DOS 
OUVINTES" 
Excerto 5 
 
Durante o intervalo do curso do professor Leo, algumas alunas 
ouvintes formam um grupo e começam a falar sobre as aulas, a língua de 
sinais e as dificuldades que têm para se expressarem com fluência. Uma 
delas diz que o curso lhe oferece uma oportunidade para ter mais contato 
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com o surdo e aprender um pouco mais sobre a cultura surda. Outra aluna 
que estava passando, ao ouvir o comentário dela diz: "o que você já 
aprendeu da cultura surda?". Sem hesitar, a aluna respondeu: "muitas 
coisas, que eles têm uma identidade surda e não aquela coisa da 
deficiência, pois têm uma língua própria e se expressam através dela. O 
principal para nós é saber que os surdos têm uma língua própria, a língua de 
sinais". 
 
O que aprendemos até aqui sobre cultura surda? Lane et all (1996: 67) 
apontam que a língua de sinais exerce três papéis fundamentais na 
comunidade surda: "é um símbolo de identidade social, um meio de interação 
social, e um repositório de conhecimento cultural". Ao responder à pergunta da 
colega sobre o que ela havia aprendido da cultura surda, há uma sugestão de 
que a língua de sinais marca a identidade cultural do surdo ("eles têm uma 
identidade surda e não aquela coisa da deficiência, pois têm uma língua 
própria"). Não há dúvidas de que na comunidade surda a língua de sinais (LS) 
confere ao surdo uma libertação dos moldes e visões até então exclusivamente 
patológicos, pois desvia a concepção da surdez como deficiência, vinculada a 
lacunas na cognição e pensamento, para uma concepção da diferença 
linguística e cultural. 
A LS é, portanto, um símbolo importante de identidade cultural; o que 
não significa dizer, por outro lado, que o surdo também não construa outras 
culturas e identidades na língua portuguesa, por exemplo. O problema estáem 
que o português de que o surdo faz uso (escrito e oral este último no caso de 
surdos oralizados) é também estigmatizado, uma vez que não atinge as 
expectativas impostas e desejadas por uma maioria de ouvintes. Para discorrer 
sobre essa questão, valho-me do estudo de Silva (2005: 139), que discute a 
escrita do surdo mostrando que, nela, uma outra relação é estabelecida e que 
outros aspectos estão sendo privilegiados. Esses aspectos são, por sua vez, 
incompatíveis com os esperados pela sociedade ouvinte letrada. Assim, pode-
se dizer que o surdo se re-apropria, re-emprega a escrita de outra forma, como 
um "português surdo"7, e, ao marcar "sua própria história com essa língua e 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132008000100013&lng=pt&nrm=iso#nt07
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com essa maneira de escrever", o surdo imprime nela marcas de sua 
identidade, ou seja, outra relação é estabelecida. Essa questão de fronteiras 
aparece também entre outras culturas e línguas minoritárias e, nesse contexto, 
importa destacar também a pesquisa de Maher (1996, p. 29) sobre os conflitos 
na demarcação das identidades indígenas, apontando o aspecto fragmentado, 
multifacetado, móvel e fluído da identidade: 
 
o outro com o qual interagimos não é sempre o mesmo, o 
tempo todo, em todas as situações sociais. ...a identidade 
não é um fenômeno unitário que contenha em si qualquer 
essência definitória, mas é uma construção feita em 
múltiplas direções, direções estas muitas vezes 
contraditórias. 
 
 
A autora conclui que o "ser índio" é uma construção que se dá no 
discurso e, no caso dos índios, essa construção identitária também ocorre na 
língua portuguesa (nas palavras da autora, no "português índio"), pois é 
no discurso que se torna possível dar o sentido do "ser índio" [ênfase da 
autora]. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que o surdo constroem identidades 
tanto na língua portuguesa como na língua de sinais. 
De modo geral, os indivíduos, veem cultura e identidade como uma 
entidade em bloco, fechada, acabada e estática. Entre grupos minoritários, por 
exemplo, é comum ouvir um discurso de oposição às culturas majoritárias 
cravado na homogeneidade cultural de seu grupo. Assim, passa-se a ideia de 
que todo o surdo é igual, tem a mesma cultura e identidade surda. Trata-se de 
um surdo idealizado, do qual se ignoram gênero, nacionalidade, idade, 
orientações étnicas, sexuais e religiosas como características que também 
compõem "as culturas" de um indivíduo. Que na comunidade surda esse 
posicionamento essencialista tem em vista a afirmação, valorização e 
reconhecimento cultural não restam dúvidas, uma vez que é a coesão, a 
"uniformidade" que dá ao grupo visibilidade, ou seja, serve para que o grupo se 
autoconstitua como tal graças à essa aceitação dessa visão por parte de quem 
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os exclui. Mas, o que se entende por cultura surda? Quadros (2002, p. 10) 
define a cultura surda, 
 
como a identidade cultural de um grupo de surdos que se 
define enquanto grupo diferente de outros grupos. Essa 
cultura é multifacetada, mas apresenta características que 
são específicas, ela é visual, ela traduz-se de forma 
visual. As formas de organizar o pensamento e a 
linguagem transcendem as formas ouvintes. 
 
 
Não quero negar a existência de características composta por valores, 
comportamentos, atitudes e práticas sociais distintas das culturas ouvintes. 
Todavia, o perigo está em transformar as diversidades em homogeneidades 
culturais, ou seja, ter uma visão dividida e singular entre "cultura ouvinte" 
(dominadora) e "cultura surda" (dominada), fazendo com que a identificação do 
segundo grupo seja marcada apenas na surdez e na língua de sinais 
independente da raça, classe ou gênero, por exemplo. Afinal, o que se pode 
afirmar em termos culturais e identitários a respeito do multiculturalismo na 
surdez? Como tem sido abordada a questão da diversidade dentro do grupo 
surdo, ou seja, os entremeios em que se amontoam, por exemplo, as mulheres 
surdas, negros surdos, índios surdos, surdos de áreas rurais, surdos 
homossexuais, surdos cegos, surdos com deficiências mentais, surdos 
cadeirantes, ouvintes filhos de pais surdos, e os surdos com diferentes graus 
de surdez? A esses indivíduos Lane et all (1996) têm se referido como 
"minorias duplas" e, a meu ver, têm sido mais apagados, invisibilizados e 
discriminados na nossa sociedade: ou seja, ser surdo cego é diferente de ser 
surdo vidende, ser surdo branco é diferente de ser surdo negro, ser surdo não 
oralizado é diferente de ser surdo oralizado... 
Essa discussão sobre diversidade cultural surda é também importante, 
levando em conta que é muito recorrente ouvir que o surdo de lares ouvintes 
não compartilha de cultura surda alguma com seus familiares, e, portanto, tem 
que buscar "essa cultura" (como se ela fosse uma só, pronta e acabada!) no 
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convívio com outros surdos (algo similar ao que se diz sobre a cultura dos 
homossexuais, que se reúnem em guetos para afirmar sua cultura). Ou seja, na 
maioria das discussões, enfatiza-se um surdo visto como um "estrangeiro em 
sua própria casa" (BAYTON, 1996; LALE et all, 1996). É muito complexa e 
intrigante essa afirmação, mas devemos ser cautelosos e críticos para não 
(re)produzirmos discursos que se fechem na perspectiva de guetização ou em 
fundamentalismos, negando-se a coexistência natural e contraditória das 
formas mescladas e híbridas entre as culturas surdas e ouvintes. 
Propondo uma analogia com o trabalho de Hall (2003a), podemos nos 
perguntar: que surdo é esse, afinal, na cultura surda? O pensamento de Hall 
(2003a/b/c) está voltado para as convicções democráticas, e seus estudos 
enfatizam a questão do gênero, sexualidade e raça. Uma forma de pensar a 
cultura está em sua reflexão sobre a diáspora. Hall (2003a) enfatiza que o 
aspecto diaspórico na constituição da cultura dos caribenhos na África, por 
exemplo, funciona como uma forma de sobrevivência e de subversão, e 
defende a hibridização ou "impureza" cultural como uma maneira de o "novo 
entrar no mundo". Ao falar de impureza, o autor afirma que tal característica é a 
condição necessária para a modernização: 
Numa gama inteira de formas culturais, há uma poderosa dinâmica 
sincrética que se apropria criticamente de elementos dos códigos mestres das 
culturas dominantes e os "criouliza", desarticulando certos signos e 
rearticulando de outra forma seu significado simbólico. (HALL, 2003ª, p. 34). 
E não nega, em sua teorização, que essas formações sincréticas 
surgem em uma relação de desigualdade, e estarão sempre determinadas 
pelas relações de poder, "sobretudo as relações de dependência e 
subordinação sustentadas pelo próprio colonialismo" (p. 34). São essas 
características diaspóricas, apontadas pelo autor, que nos permitem sustentar 
uma analogia com a(s) cultura(s) surda(s). E o que torna esta reflexão 
importante e plausível não é uma origem geográfica que possa ser 
compartilhada entre os surdos, mas a condição exclusiva de serem "o único 
grupo linguístico a ter uma comunidade em cada país do mundo" (LADD, 2003, 
p. 218). [tradução minha]. 
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Hall (op. cit.) afirma que as condições diaspóricas, portanto, fazem com 
que as pessoas sejam "obrigadas a adotar posições de identificação 
deslocadas, múltiplas e hifenizadas" (p. 76), e uma forma de caracterizar as 
culturas de comunidades minoritárias, cada vez mais mistas

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