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ACIDEZ E pH EM ALIMENTOS Docente: Cristielle Sousa Bizinoto Professor Doutor Edson Fragiorge UBERABA/MG Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Pós Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos pH em alimentos A importância de determinar o pH: Deterioração do alimento com crescimento de microrganismos; Atividade das enzimas; Textura de geléias e gelatinas; Retenção do sabor-odor de produtos de frutas; Estabilidade de corantes artificiais em produtos de frutas; Verificação do estado de maturação de frutas; Escolha da embalagem. pH em alimentos O termo pH é o símbolo usado para expressar a concentração de íons de hidrogênio de uma solução. A concentração é um fator de controle que regula muitas reações químicas e microbiológicas (GOULD, 1992). A escala de pH é logarítmica e não linear. Portanto, um pH de valor 5.0 é 10 vezes mais ácido que um Ph=6.0 (GOULD, 1992). pH em alimentos O pH é inversamente proporcional à atividade dos íons hidrogênio. A atividade é o teor de íons H+ efetivamente dissociados. Porém, em soluções diluídas, como são os alimentos, pode-se considerar a atividade igual à concentração de H+ Portanto a definição fica como: pH em alimentos A escala do pH vai de 0 a 14. Uma solução neutra tem pH equivalente a 7.0. Um valor menor indica uma solução ácida e um valor acima de 7.0 indica uma solução alcalina. pH em alimentos Determina o tratamento térmico o qual o alimento deverá ser submetido: pH = 4,5 – limite estabelecido para definição de tipo de tratamento térmico; pH < 4,5 – tratamento térmico mais brando (pasteurização); pH > 4,5 – tratamento térmico mais drástico (esterilização). pH em alimentos É desejável um pH inferior a 4,5 para impedir a proliferação de microorganismos, pois valores superiores requerem períodos mais longos de esterilização da matéria prima em um processo térmico, ocasionando maior custo de energia e maior custo de processamento (MONTEIRO et al., 2008). pH em alimentos pH-METRO É o equipamento utilizado para a medida do pH em alimentos. E constituído de dois eletrodos, um de referência e um de medida, e um galvanômetro ligado a uma escala de unidades de pH. Esta escala é geralmente entre pH 1 e 14. pH em alimentos METODOLOGIA 1. Ligar o pH-metro e esperar aquecer. 2. Verificar os níveis dos eletrólitos dentro dos eletrodos. 3. Calibrar o pH-metro com tampões 7 e 4 (para soluções ácidas) ou 7 e 10 (para soluções básicas). 4. Acertar as temperaturas. 5. Usar água destilada para lavar o eletrodo, antes de fazer qualquer medida, e secar. 6. Determinar o pH da amostra fazendo a leitura com precisão até 0,01 unidades de pH. pH em alimentos Soluções-tampão São soluções de ácidos fracos e seus sais, que não sofrem alterações na concentração hidrogeniônica quando é adicionado ácido ou base. pH em alimentos Fontes de erro Erro alcalino: O eletrodo de vidro é sensível a outros cátions além do hidrogênio, como o Na+. O resultado pode ser um pH mais baixo do que o real (erro negativo); porém esse erro é mínimo em pH abaixo de 9. Para um pH acima de 9, existem eletrodos de vidro especiais insensíveis a outros cátions fora o H+; pH em alimentos Fonte de erros Erro ácido: Geralmente a atividade da água é 1, e não teremos problemas. Mas em soluções muito ácidas, a atividade de água é menor do que 1, vai ocorrer um erro positivo. Um tipo de erro semelhante vai ocorrer se a atividade da água é diminuída por uma alta concentração de sal dissolvido ou por adição de um solvente não aquoso, como o etanol de bebidas alcoólicas; pH em alimentos Fontes de erros: Tampão utilizado na calibração do pH-metro mal preparado; O potencial dos eletrodos varia com a temperatura. Nos pH-metros existe um controle para ajuste da temperatura dos tampões e das amostras, ou, então, existe um dispositivo de ajuste automático da temperatura; Desidratação da membrana de vidro tornando-a insensível ao íon H+. Por isso é muito importante deixar o eletrodo sempre mergulhado em água destilada. pH em alimentos Cuidados com o eletrodo e com o pH-metro Manter os eletrodos dentro da água; Manter os eletrodos de calomelano cheio de KCl; Manter os eletrodo ligados, porém sem tensão quando fora da solução; Não deixar gordura nos eletrodos. Lavar com solvente orgânico e depois com água destilada. ACIDEZ EM ALIMENTOS Importância da acidez: Valor nutritivo: manutenção do balanceamento ácido-base no organismo. Indicação de pureza e qualidade em produtos fermentados, como vinhos. Indicação de deterioração por bactérias com produção de ácido. Indicação de deterioração de óleos e gorduras pela presença de ácidos graxos livres provenientes da hidrólise dos glicerídeos. Critério de identidade de óleos e gorduras pela caracterização dos ácidos graxos presentes. ACIDEZ EM ALIMENTOS Estabilidade do alimento/deterioração: produtos mais ácidos são naturalmente mais estáveis quanto à deterioração. Os ácidos orgânicos presentes em alimentos influenciam o sabor, odor, cor, estabilidade e a manutenção de qualidade. A acidez Titulável de frutas varia de 0,2 a 0,3% em frutas de baixa acidez como maçãs vermelhas e bananas, 2,0% em ameixas e acima de 6% em limão. Ácido cítrico pode constituir até 60% dos sólidos solúveis totais no limão. ACIDEZ EM ALIMENTOS Os tecidos vegetais, com exceção do tomate, são consideravelmente mais baixos em acidez, variando de 0,1 % em abóbora a 0,4% em brócolis. Produtos marinhos, peixes, aves e produtos cárneos são consideravelmente menores em acidez e o ácido predominante é o ácido láctico. A acidez total em relação ao conteúdo de açúcar é útil na determinação da maturação da fruta. ACIDEZ EM ALIMENTOS Tipos de acidez: Compostos naturais dos alimentos. Formados durante a fermentação ou outro tipo de processamento. Adicionados durante o processamento. Resultado de deterioração do alimento. ACIDEZ EM ALIMENTOS Existem vários ácidos orgânicos permitidos para uso em alimentos (CHITARRA & CHITARRA,2005). Alguns são muitos comuns a sua presença em frutas e hortaliças tais como: Ácido cítrico (HOOC-CH2-COH(COOH)-CH2-COOH) ex: mamão limão, laranja, figo, pêssego, pêra, abacaxi, morango, tomate; Málico (HOOCCH(OH)-CH2-COOH), ex: banana, maca e coco; Tartárico (HOOC-CH(OH)-CH(OH)-COOH), ex: uva e tamarindo; Pirúvico, ex: cebola e alho ACIDEZ EM ALIMENTOS ACIDEZ TOTAL TITULÁVEL Análise quantitativa, porém não é eficiente para amostras coloridas, porque a cor da amostra pode prejudicar a visualização da cor no ponto de viragem. É a quantidade de ácido de uma amostra que reage com uma base de concentração conhecida. ACIDEZ EM ALIMENTOS Titulação usando indicador O procedimento é feito com a titulação de uma alíquota de amostra com uma base de normalidade conhecida utilizando fenolftaleína como indicador do ponto de viragem. Quando a amostra é colorida, a viragem pode ser verificada através de um potenciômetro pela medida do pH ou por diluição da amostra em água para torná-la de uma cor bastante clara. ACIDEZ EM ALIMENTOS Titulação usando indicador Cálculos Nº de mEq (ácido) = Nº de mEq (base) onde: m = massa do ácido; E = equivalente do ácido predominante; N = normalidade da base; V = volume da base. ACIDEZ EM ALIMENTOS Titulação usando um pHmetro É necessário fazer a determinação de acidez através da medida do pH em um pHmetro. Titula-se uma alíquota de amostra com NaOH padronizado, até pH 8,1, utilizando um agitador magnético. O pH de viragem é 8,1 em vez de 7,0 (neutralidade), porque em alimentos estaremos sempre titulando ácidos fracos. Existem algumas substâncias interferentes na titulação dos ácidos orgânicos, por exemplo, a presença de CO2 em bebidas carbonatadas. ACIDEZ EM ALIMENTOS Titulaçãousando um pHmetro O CO2 pode aumentar o valor da acidez dos ácidos orgânicos, pois ele forma ácido carbônico em meio ácido. Sua eliminação antes da titulação da amostra é importante e pode ser feita de várias maneiras: Por agitação da amostra e transferência de um frasco para outro. Por aquecimento em frasco aberto ou em refluxo com condensador. Por adição de água quente fervida e neutralizada. Por agitação contínua a vácuo por 1 ou 2 minutos ACIDEZ EM ALIMENTOS ACIDEZ VOLÁTIL O conteúdo em acidez volátil pode ser determinado pela separação dos ácidos voláteis presentes, principalmente ácidos acético e traços de ácido fórmico. A determinação é feita por titulação do destilado ou do resíduo, com uma base padrão até o ponto final, usando fenolftaleína como indicador. A separação dos ácidos voláteis pode ser feita: evaporação destilação direta destilação a vapor ACIDEZ EM ALIMENTOS ACIDEZ VOLÁTIL Evaporação em banho-maria É o método mais simples, onde a amostra é titulada antes (acidez total) e após a evaporação (acidez não volátil ou fixa), e por diferença entre as titulações tem-se a % de acidez volátil (acidez volátil = acidez total - acidez fixa). Porém esta determinação tem um sério inconveniente, que é a perda de ácidos menos voláteis, como o ácido láctico, juntamente com os ácidos voláteis. ACIDEZ EM ALIMENTOS ACIDEZ VOLÁTIL Destilação direta A amostra é aquecida diretamente e o destilado recolhido será titulado com uma base padronizada, e fenolftaleína como indicador. ACIDEZ EM ALIMENTOS ACIDEZ VOLÁTIL Destilação a vapor É o método mais utilizado para produtos fermentados. Existem vários tipos de equipamentos de destilação, como, por exemplo, o destilador de Kjehldal. Os resultados obtidos por destilação são muito discordantes pelo mesmo motivo das perdas ocorridas no método por evaporação. ACIDEZ EM ALIMENTOS Cálculos para Acidez Total: RELAÇÃO pH x ACIDEZ pH < 7 – alimentos de menor valor de pH, portanto alta acidez; pH > 7 – alimentos de maior valor de pH, portanto baixa acidez. referências CHITARRA M.I.F.; CHITARRA A.B. Pós-colheita de Frutos e hortaliças: Fisiologia e Manuseio. Lavras: UFLA, 2005. 785p. GOULD, W.A. Tomato Production, Processing & Technology; 3ed.; CTI publ. Ins.: Baltimore, 1992. MONTEIRO, C.S.; BALBI, M.E.; MIGUEL, O.G.; PENTEADO, P.T.P.S.; HARACEMIV, S.M.C. Qualidade nutricional e antioxidante do tomate “tipo italiano”. Alim. Nutr., Araraquara v.19, n.1, p. 25-31, jan/mar.2008. Apostila de Bromatologia - UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RS DCSA – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CURSO DE NUTRIÇÃO