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Controle de Morcegos Sinantrópicos

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Saúde Pública 27.04.2020 – P1 
Controle de animais sinantrópicos - Morcegos
●Introdução:
· Único mamífero com real capacidade de vôo 
· Importância fundamental para os ecossistemas florestais, por seus hábitos alimentares- polinização de flores, dispersa sementes, controla população de insetos, etc. Estão na terra há mais de 50 milhões de anos 
· Diversas espécies ameaçadas de extinção – desconhecimento sobre como são essenciais para o equilíbrio biológico
●Biologia:
· Reino: Animalia
· Filo: Chordata
· Classe: Mammalia
· Ordem: Chiroptera
●Habitat:
· Todas as regiões da biosfera, exceto nos polos, regiões muito quentes e ilhas isoladas.
· Habitat: Copas de árvores, troncos ocos e cavernas.
· Vivem em ambientes artificiais: sótãos, telhados, casas abandonadas e estábulos- alimentação e abrigo
●Período de gestação varia:
· Insetívoros: 2 a 3 meses
· Hematófagos: 7 meses
●Organização social:
· Filhotes fixam-se em sua mãe que os carrega durante a busca por alimento. À medida que crescem são deixados no abrigo
· Organização social: 1 macho dominante em relação a um grupo de fêmeas
· Podem viver de 20 a 30 anos, dependendo da espécie
●Classificação: 
· Onívoros 
· Frugívoros
· Nectarívoros
· Folívoros
· Insetívoros
· Carnívoros
· Piscívoros
· Ranívoros
· Hematófagos
· Maior espécie do mundo: Pteropus giganteus, uma raposa-voadora que vive na Ásia e Oceania, mede até 2 metros de envergadura
●Características gerais:
· Quase mil espécies de morcegos no mundo, 138 só no Brasil
· Dessas, três espécies são hematófagas: duas sugam sangue de aves (Diphylla ecaudata e Diaemus youngii) e apenas uma (Desmodus rotundus) alimenta-se de sangue de mamíferos
· Desmodus rotundus (morcego-vampiro): pela termorrecpção, identifica o calor da circulação sanguínea embaixo da pele de suas vítimas – mordida praticamente cirúrgica, superficial e indolor
· Corta a pele com os dentes incisivos, injeta com a saliva uma enzima anticoagulante (desmoteplase), e suga o sangue com sua língua
●Desmodus rotundus 
· Alimenta-se de sangue de mamíferos e aves
· Abrigos naturais (cavernas) e artificiais (casas abandonadas, silos, poços, túneis)
· Diaemus youngii e Diphylla ecaudata
· Alimentam-se preferencialmente de sangue de aves
●Principais Zoonoses:
●Histoplasmose
· Causada pelo fungo dimórfico: Histoplasma capsulatum
· Fase parasitária: semelhante à levedura (37ºC)
· Fase saprofítica (solo): micélio filamentoso com macro e microconídeos
· Transmitido por morcegos (várias espécies, incluindo não hematófagas) e aves
· 90% dos casos assintomáticos
●Epidemiologia:
· Via de eliminação: fezes
· Via de transmissão: contágio direto via aerógena (inalação de pó)
· Porta de entrada: trato respiratório
· Susceptível: mamíferos e homem
●Patogenia:
· Período de incubação: aproximadamente 10 dias
· Após a inalação do agente: forma pulmonar (aguda ou crônica)
· Posteriormente (via hematógena): forma disseminada – pele, mucosas e outros órgãos (baço, fígado, coração)
●Sintomas em seres humanos:
· Pulmonar aguda: mais frequente, semelhantes à gripe, durando de um dia a várias semanas
· Pulmonar cavitária crônica: pessoa com mais 	de 40 anos, com enfermidade pulmonar pré-existente. Semelhante à tuberculose pulmonar – formação de cavidades (meses a anos) pode haver dano pulmonar permanente ou cura espontânea
· Disseminada: mais grave, acomete pessoas muito jovens ou muito velhas
· Forma aguda: lactantes e crianças pequenas, hepatoesplenomegalia, febre, prostação
· Forma crônica: geralmente em adultos, pneumonia, hepatite, endocardite, ulceração de mucosas e hepatoesplenomegalia
●Sinais clínicos em animais:
· Cães: espécie que manifesta mais frequentemente sintomas clínicos
· Forma respiratória primária: encapsulação e calcificação do agente
· Forma disseminada: perda de peso, diarréia persistente, ascite, tosse crônica, hepatoesplenoegalia e linfadenopatia
●Diagnóstico: 
· Isolamento em cultura e inoculação em camundongos
· Material refrigerado em solução salina: fezes de morcego, de pombos, material de biópsia, secreção pulmonar
●Controle:
· Aspersão de formol 3% sobre fezes
· Manejo e controle com os morcegos 
●Raiva (hidrofobia):
· Doença infecciosa de origem viral – sistema nervoso central 
· Todos os mamíferos são suscetíveis: encefalomielite 100% fatal (não tem cura)
· Importante zoonose: mortalidade mundial de 40.000 – 100.000 humanos/ano
●Elevados custos:
· Controle dos reservatórios silvestres
· Campanhas de vacinação 
· Perdas econômicas na pecuária – em torno de 17 milhões de dólares/anos
●Etiologia:
· Ordem: Mononegavirales
· Família: Rhabdoviridae
· Gênero: Lyssavirus (Lysa = loucura, em grego)
●7 tipos diferentes no mundo:
· GT 1: RABV (Mundial)
· GT 2: LBV (África)
· GT 3: MOKV (África)
· GT 4: DUVV (África)
· GT 5: EBLV 1 (Europa) 
· GT 6: EBLV 2 (Europa)
· GT 7:ABLV (Austrália)
●Variantes do GT 1
●No Brasil 1,2,3,4,5 e 6
· 1 e 2 – cão
· 3 – Desmodus rotundus
· 4 – Tadarida brasiliensis 
· 5 – Desmodus rotundus
· 6 – Lasiurus cinereus 
· 6 – Sagüis 
· 6 – Raposa 
●Morfologia:
· Vírus com formato de bala de revólver
· Genoma – RNA de fita simples (ssRNA), não segmentado e com polaridade negativa
· Envoltório: dupla membrana fosfolipídica
· Replicação no citoplasma dos neurônios
· Corpúsculo de Negri: corpúsculo de inclusão intracitoplasmático eosinofílico em neurônio – HE 
· IF Positiva = Corpúsculo de Negri fluorescente 
●Vírus inativado por:
· pH baixo
· Solventes lipídicos 
· Aquecimento a 56ºC/30 min
· Agentes químicos como a Formalina (1%), Cresol (3%), Beta-propiolactona (0,1%)
· Persiste no tecido cerebral infectado por até 10 dias à temperatura ambiente e por várias semanas a 4ºC
●Epidemiologia:
· Endêmica no Brasil
· Distribuição mundial – poucos países livres
· Avanço recente da doença no Estado de São Paulo – vacinação em herbívoros obrigatória
●Transmissão:
· Transmissão predominante pela saliva
· Manusear animais doentes: vírus em secreções 
· Acidentes com animais silvestres
●Hospedeiros:
●Ciclo da raiva silvestre:
●Hospedeiros naturais no Brasil:
· Morcego hematófago (Desmodus rotundus)
· Morcegos não hematófagos
· Raposa e outros canídeos silvestres 
· Guaxinim 
· Sagüis 
●Ciclo urbano e rural da raiva:
●Hospedeiros finais ou acidentais:
Sintomatologia paralítica:
· Homem 
· Bovinos
· Equinos
Sintomatologia furiosa:
· Cão 
· Gato
●Patogenia:
●Inoculação do vírus – porta de entrada:
· Soluções de continuidade
· Mucosas (nariz, olhos ou boca) e inalação
Primeira replicação na inoculação:
· Músculo estriado e tecido conjuntivo
· Pode não ocorrer
Invade nervos periféricos – gânglios espinhais – medula espinhal – SNC (fase centrípeta)
SNC replicação intensa (Corpúsculo de Negri)
· Dissemina-se para tecidos não nervosos (fase centrífuga)
Eliminação antes dos sintomas: eliminação do vírus pela saliva, sangue, leite, urina ou fezes
● Inoculação do vírus:
· Período de incubação variável
· Capacidade invasiva, patogenicidade, carga viral do inoculo inicial, ponto de inoculação, idade, imunocompetência do animal
· Bovinos: 60 a 75 dias
· Homem: 20 a 60 dias
· Cão: 3 a 8 semanas
· OIE até 6 meses
· Ocorre alteração do comportamento
●Quadro clínico: 
●Forma furiosa x Forma paralítica
●Furiosa (lesões cerebrais – sistema límbico)
· Frequente em cães e gatos 
●Paralítica (lesões na medula espinhal e tronco encefálico)
· Frequente em herbívoros e humanos
●Sintomas em cães e gatos:
Duração de 2 a 6 dias (geralmente leva ao óbito)
●Sintomatologia:
· Alteração na conduta, agitação não usual, reage ao menor estímulo, anorexia, irritação no local da mordedura, febre ligeria, excitação e agitação, agressividade, salivação abundante, abandona suas casas quando ataca outros animais
· Fase terminal: convulsões, incoordenação muscular e paralisia, dificuldade de deglutição (proprietário ao tentar socorrê-lo pode infectar-se)
●Sintomas em suínos e equinos:
· Geralmente paralítica
· Lesões na cerdelha e glândula mamária
●Sintomas em humanos:
· Angústia, dores de cabeça, febre, mal estar, perturbações sensoriais próximas ao local damordedura, excitação, sensibilidade a luz e som, dilatação da pupila e salivação, espasmos dos músculos da deglutição, hidrofobia, hiperexcitabilidade, convulsões e paralisia
· Sintomas progressivos
· Mantém a consciência 
· Óbito em 5 a 7 dias
· Tentativas em coma induzido
●Sintomas em herbívoros:
●Iniciais: 
· Afastamento do rebanho, apatia, aumento da sensibilidade e prurido na região da mordedura, mugido constante, tenesmo, hiperexcitabilidade, aumento de libido, salivação abundante e viscosa e dificuldade de engolir
●Com a evolução da doença:
· Tremores musculares, ranger de dentes, midríase com ausência de reflexo pupilar, incoordenação motora, andar cambaleante, contrações musculares involuntárias, após entrar em decúbito o animal não consegue mais levantar, movimentos de pedalagem, dificuldades respiratórias, opistótono, asfixia, morte (entre 3 a 6 dias após o início dos sinais, podendo prolongar-se por até 10 dias)
●Diagnóstico:
●Histórico: 
· Relatos de mordeduras por morcegos e cães
●Clínico: 
· Sintomas neurológicos diversos, morte em menos de 10 dias 
· Não é conclusivo
●Laboratorial:
· Conclusivo
· Histopatológico (direto): Corpúsculo de Negri – método de Sellers
· Virológico (direto): Isolamento viral – cultivo celular; imunofluorescência direta; inoculação em camundongos
· Sorológico (indireto): ELISA 
●Profilaxia e controle:
●Vacinação:
· Cães e gatos: aos 3 a 4 meses, revacinação anual – Ministério da Saúde
●Existem vacinas vivas e inativadas:
· Vírus morto (inativado): vírus fixo em tecido nervoso (cérebro de rato) e cultivo celular
· Vírus vivo (ativo): embrião de galinha – Low Egg Passage (LEP), High Egg Pasage (HEP), rim de suíno (cepa ERA)
●Programa nacional de combate e raiva dos herbívoros (PNCRH):
Portaria nº168,de 27 de setembro de 2005
Secretaria de Defesa Agropecuária
Art. 1º Aprovar o MANUAL TÉCNICO PARA O CONTROLE DA RAIVA DOS HERBÍVOROS, Edição 2005
●PNCRH – Notificação da ocorrência de raiva
●Proprietários:
· Obrigação notificar suspeita de animais com raiva à Defesa Sanitária Animal
· Presença de animais com mordeduras por morcegos hematófagos
· Existência de abrigos de morcegos
· A raiva é uma enfermidade de notificação compulsória, caberá sanção legal ao proprietário que não cumprir com esta obrigatoriedade
●Estratégias:
●Ações da PNERH fundamentadas:
· Na vigilância epidemiológica da doença
· Monitoramento da população de Desmodus rotundus infectada pelo vírus rábico
· Na vacinação dos herbívoros domésticos
· No controle de morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus 
· Educação em Saúde 
· Vacinação antirábica em herbívoros é compulsória 	quando ocorrer foco da doença
· Vacina inativada, 2ml SC ou IM
· Anual
· Primovacinados: reforço em 30 dias
· Bovinos e equídeos > 3 meses de idade ou menos a critério do MV 
●Controle – captura de morcegos hematófagos
●Morcegos hematófagos encontrados:
· Norte do México até o norte da Argentina 
· Algumas ilhas do Caribe
· Regiões com altitude média abaixo de 2.000m
●No mundo existem apenas três espécies de morcegos hematófagos
· Desmodus rotundus
· Diphylla ecaudata
· Diaemus youngii
· As três espécies são encontradas no Brasil
●Método seletivo direto:
●Aplicação de anticoagulante nos morcegos
· Captura dentro do abrigo, fora do abrigo ou no entorno do curral
· Realizado somente pelo Serviço Oficial
●Método seletivo indireto:
●Aplicação de vampiricida nos herbívoros 
· Uso de vampiricida tópico na ferida ou no dorso do animal
· Aplicação da pasta vampiricida ao redor das mordeduras recentes
· Realizado pelo proprietário dos animais
●Atuação em focos de raiva:
· Area perifocal: até 12 km do foco
· Vacinação em foco e perifoal
· Combate ao morcego hematófago 
· Educação sanitária
· Foco encerrado após 90 dias do último óbito ocorrido na propriedade foco
· 90 dias: dobro do período de incubação médio
●Manejo e controle dos morcegos:
· Morcegos são animais silvestres protegidos por lei, sendo o manejo e/ou controle regulamentado pela Instrução Normativa do IBAMA Nº141/2006
●Colônias instaladas em forros: 
· Observar ao final da tarde e/ou anoitecer os locais por onde saem os animais
· Noite seguinte: com EPI’s (luvas, máscaras) abra o telhado nestas regiões e deixe que os morcegos saiam 
· Após a saída vede com panos, jornais, lonas, telas e outros produtos semelhantes para impedir retorno ao abrigo
· Repetir operação durante 2 ou 3 noites consecutivas, vede definitivamente os pontos de entrada com materiais duráveis (telas metálicas, chapas galvanizadas ou outros materiais)
· Limpeza dos restos fecais realizada mediante uso de EPI’s 
· Antes de remover sujidades, aspergir uma mistura de água e hipoclorito de sódio (água sanitária 1:1) sobre todos os restos orgânicos, para evitar formação de poeira e inalação de fungos (Histoplasma capsulum por exemplo)
●Manejo de morcegos por empresas:
· Em áreas urbanas, podem ser realizado por empresas particulares (cadastradas e licenciadas por órgãos ambientais, conforme as limitações impostas pela IN nº141 de dezembro de 2006 e demais legislações ambientais)
●Adestramento ocasional em residências:
· Lance um pano sobre o animal
· Com o auxílio de uma vassoura ou semelhante, coloque-o dentro de uma caixa de papelão, lata ou outro recipiente
· Envie o animal para o Posto de Saúde mais próximo para realizar o exame de raiva

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