Prévia do material em texto
1 GUERRA FRIA: PERSPECTIVAS DA HISTÓRIA E DO ENSINO Neide de Paiva Vieira 1 (SEED-PR) neideviera@hotmail.com Sidnei José Munhoz 2 (UEM) sidneimunhoz@uol.com Resumo. Este artigo apresenta centralmente a discussão e o desenvolvimento de um estudo acerca da Guerra Fria. Nele, optou-se por definir como recorte temporal o período demarcado pela Détente (1969-1979), ao priorizar a problematização da produção historiográfica e buscar relacionar os conceitos ligados ao estudo da Guerra Fria às linguagens da história como a música, o cinema e a charge, por exemplo. Como resultado tem-se o exercício do diálogo com a produção do conhecimento, já avaliada, como capaz de estabelecer uma forma provocativa de ensino-aprendizagem. Surge em consonância com um conjunto maior de discussão a que estamos nos dedicando nos grupos de estudos vinculados ao Laboratório do Tempo Presente da UEM, e responde à proposta de elaboração definida pelo Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado (PDE) do Paraná. PALAVRAS-CHAVE: Guerra Fria, Détente, História, Ensino-aprendizagem, Muro de Berlim. Abstract: This article centralizes the discussion and development of a study regarding the Cold War. It was decided to set as the approach time period marked as Détente (1969-1979), by prioritizing the questioning of historical production, it seeks to relate concepts connected to the study of the Cold War to the languages of history suchs as music, movies, the cartoons, for example. As a result there is the exercise of dialogue with the production of knowledge, already assessed as able to establish a provocative way of teaching-learning. It comes up as part of a larger discussion that we are dedicating in the Laboratory of the Present Time of UEM, and responds to the elaboration proposal set up by the Program of the Educational Development (PDE) of Paraná state. KEYWORDS: The Cold War, Détente, History, Teaching-learning, Berlin Wall. 1 – Introdução: o tema Guerra Fria. As mediações realizadas em sala de aula incidem sobre os processos cognit ivos de apropr iação de conhecimentos e de modos de pensar dos nossos alunos e, porque não dizer, de nós pro fessores. Nesse sent ido, const ituir leituras e int erpretações “possibilita a reconciliação da história viv ida com a histór ia conhecimento ” (FONSECA, 2003, p. 123-124). Para essa reconciliação na prát ica de 1 Especialista em História Social do Trabalho, professora de história do CEEBJA Manoel Rodrigues da Silva, escola de jovens e adultos da rede estadual de Ensino do Estado do Paraná, Núcleo Regional de Maringá. 2 Professor Dr. da área de História Contemporânea na Universidade Estadual de Maringá (UEM), do Programa de Pós-Graduação em História (UEM), do Programa de Pós - Graduação em História Comparada (UFRJ) e do Consórcio Programa Rio de Janeiro de Estudos de Relações Internacionais, Segurança e Defesa Nacional (CPRJ-Prodefesa). mailto:neideviera@hotmail.com 2 ensino acontecer, é preciso reconhecer a necessidade de apro fundamentos e contato com as mais var iadas fontes, que em lugar de respostas prontas e acabadas, despertem no aluno(a), pela mediação do professor(a), uma dialét ica de seleção e uso de documentos da qual também o(a) aluno(a) pode part icipar. Assim, promove-se um caminho em duas vias que se nutrem mutuamente: do professor(a) para o aluno(a), e do aluno(a) para o professor(a), rumo à renovação constante do ato de conhecer e apropr iar - se do entendimento das relações humanas em diferentes épocas, e ao objeto de nossa pesquisa: a Guerra Fr ia. Compor o texto levou-nos à tarefa de art icular a compreensão sobre as segu intes indagações: Como realizar a abordagem da temát ica Guerra Fr ia? Qual a delimit ação temporal que podemos estabelecer para este processo histór ico? Quais as configurações de tensões e enfrentamentos ocorridos no per íodo pós-Segunda Guerra Mundial? Assim, a revisão do saber acabou por perfilar os possíve is usos de est ratégias de ensino para o recorte histórico proposto , em diálogo com o mater ial escr ito pela academia , dando forma ao estudo aqui enunciado . 2- A Abordagem ao Tema Guerra Fria: Dimensionar Termos. O(a) pro fessor(a) pode t rabalhar pr imeiro, com os jogos de palavras. A expressão metafór ica , “Guerra Fr ia”; e também os personagens históricos que aparecem nos confrontos indiretos a envo lver o Bloco Soviét ico e o Bloco Ocidental, no per íodo pós-Segunda Guerra Mundia l. A termino logia “Guerra Quente”, em oposição a “Guerra Fr ia” encaminha a lhures, para um campo razoável de debates. Nesse ponto, também é possível estender as at ividades em sala de aula, para o Ambiente Informat izado. Os estudantes poderão buscar em sites, sobretudo, imagens que representem uma visão global da temát ica daquele momento histór ico , para compor a análise e a dinâmica de seus estudos. Contudo, qualquer mediação ou intervenção do professor(a) deve ser cuidadosa para evitar que sua própria int erpretação ou visão 3 seja imposta. Embora tenha a obr igação de corr igir erros ou conclusões que não tenham só lido amparo em evidências documentais , deve est imular a autonomia do(a)s aluno(a)s para que ele(a)s sejam os próprios construtores dos conhecimentos adquir idos . Nesse processo, tem-se por objet ivo levar o(a) aluno(a) a alcançar a condição de sujeito da aprendizagem, em uma disposição de assimilação capaz de superar a memorização seqüencia l de datas, fatos e eventos . Além disso, pretende- se incent ivar o(a) estudante a buscar conteúdos a favor da conquista de um estágio de compreensão do processo histór ico , em que a sua percepção das contradições o(a) leve a problemat izar os temas abordados em um movimento renovado de diálo go com o conhecimento histórico. Desenvo lve-se, assim, “uma prát ica pedagógica reflexiva, cr it ica e cr iadora” (VEIGA, 1995, p. 90) . 3- Linguagens históricas: Algumas considerações prévias. Durante o processo ensino -aprendizagem, o ideal é que o professor(a) problemat ize com os aluno(a)s a produção histor iográfica. Ut ilize as vár ias linguagens da Histór ia, como: a música, o cinema, histór ias em quadr inhos, charges, imprensa, entre outros. Muito provavelmente o (a)s aluno(a)s mot ivados pelo debate sa irão em busca de revistas, filmes, documentár ios, etc.; encontrarão mater iais que de alguma forma tenham ligação total ou parcial com o tema proposto . Na análise de imagens, das fotografias, dos filmes, documentár ios, literatura, ilust rações, sob a forma de charges, histórias em quadr inhos, e mesmo os escr itos his toriográficos, etc. precisamos, juntamente com nossos alunos e alunas, assumir uma perspect iva de que tais regist ros são representações, e não retratos, ou reflexos da realidade . Para nós possuem prerrogat ivas de documentos, mas não representam um reg ist ro neutro do passado, como afirma o histor iador francês Jacques Le Goff (1992, p. 102), “o documento não é inócuo. É antes de tudo o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziu [. . .] ”; portanto, os 4 documentos, em qualquer formato; - ilust ração, o filme e outros - , são sempre produtos da sociedade que os for jou, expressando, sobretudo , as relações sociais dos homens, daquele momento histór ico. É preciso observá- los em suas múlt ip las funções. São formas de expressão, inst rumentos para a análise. A poesia, o filme, a let ra de uma música, representam cada um deles uma totalidade art íst ica, mas não o real. É recomendável o concurso e a manutenção de aproximações com outras fontes documentais. Esses recursos(poesias, filmes, etc.) podem apresentar fissuras e lacunas. Possuem limit es devido ao fato de muit as vezes, afastarem-se da realidade, para est ruturar a compreensão que o autor , vivendo em uma dada sit uação, pret ende enfat izar. Dito de outra forma: “a histór ia tem como objeto a própr ia realidade em diferentes tempos e espaços” (FONSECA, 2003, p. 167). A gar impagem das evidências precisa munir-se de um instrumental de análise que apresente como únic o compromisso , a recuperação de diferentes perspect ivas , que lancem luz sobre fatos ainda pouco elucidados. Marc Bloch em Apologia da História: o Of ício do Historiador , referencia (demarca, indica) como salutar para a análise de uma sociedade, conduzir os estudos, com o auxílio de uma dupla linguagem, a da época estudada, mas ao mesmo tempo recomenda o emprego do aparato verbal e conceitual da disc iplina histór ica do tempo presente do histor iador . Para o renomado histor iador, “Est imar que a nomenclatura dos documentos pudesse bastar completamente para fixar o nosso conceitual é o mesmo que aceitar que eles t razem a análise toda pronta ” . (2001, p.30). Assim, quando analisamos imagens, por exemplo, temos alguns pontos a considerar: a) A imagem por s i só não r ecupera a realidade. Ela permit e, para quem assiste, observa ou mesmo lê, uma associação de imagens que podem receber ainda, novas contribuições de outros meios para a ampliação de entendimento . b) O recorte promovido na composição de uma imagem, de um filme, etc. remete a uma linguagem codificada. Um formato oferecido e que surge como documento. Em 5 realidade, corresponde a uma das possibilidades de enquadramento da produção. c) Não dá para separar a produção d e uma linguagem, como a car icatura, a música, ou um filme, das condições histór icas em que fo i produzida. d) As perguntas a se fazer giram em torno de: em que contexto fo i produzido (a), por que está representado(a) daquela forma, o que está sendo representado , e o que deixou de ser representado . Vamos, a exemplo, realizar uma aproximação de análise à let ra da música “Conquista do Espaço” que pode ser ut ilizada neste estudo, indubitavelmente, devido a apresentar alguns elemento s para a discussão de um dos per íodos da Guerra Fr ia : a Détente (1969-1979). Cinco, quatro, três, dois, um! Costas quentes (sempre em frente). Frente fria (sempre em frente) . Sangue quente (sempre em frente) . [. . . ] Passo a passo à eternidade , Um passo em falso: a cara no chão. Um grande passo pra humanidade. Um pequeno veneno pra cada um de nós. - Lá do alto deve ser bonito! - Aqui de cima é muito legal. . . - No asfalto meus tênis derretem! Aqui em cima nem frio nem calor . [. . . ] (Música: Conquista do Espaço. Engenheiros do Ha wai i . Tempo: 3m e 19s. Autor GESSINGER, Hum ber to. Prod. BMG. Ano 1986 ). Com a música acima, podemos s ituar o debate e na esteira dos recursos de imagem, perfilar o significado da míd ia para entender o que pensavam as pessoas, a população que viveu nesse contexto e per íodo entre 1947 e 1989-1991. Datas que demarcam respect ivamente, o início da Guerra Fr ia, o processo de desint egração do mundo soviét ico e da bipo lar ização do conflito entre o Leste e Oeste do planeta . Capit alismo e javascript:detalharImagem(1569) javascript:detalharImagem(1569) 6 comunismo; Bloco Ocidental, representado pelos Estados Unidos, em oposição o Bloco Soviét ico , representado pela URSS. A contagem regressiva representa a corrida espacial, e nos remete ao per íodo da Détente (1969-1979) ; e ao terreno das disputas entre as potências antagônicas, Estados Unidos e União Soviét ica, que parecem chamar o oponente a alçar domínios e enfrentame ntos para além das nuvens: o espaço. A chegada do homem à lua em 1969 representa uma significat iva conquista, especialmente no campo da propaganda para os Estados Unidos. Estar na dianteira das viagens espaciais, confer iu à potência Ocidental, legit imidade t rabalhada exaust ivamente com os recursos múlt ip los de imagens à sua disposição. Revistas, fotos, f ilmes representaram, em cenas estandardizadas, vinhetas diversas , que até ho je, rememoram o fato. A memória da superação de desafios no campo das produções de avanços rumo às viagens espaciais era e cont inua sendo copiosamente revisit ada. Tecida na data em que aconteceu, ela é per iodicamente reedit ada em consonância com o Tempo Presente . A idéia do domínio tecno lógico estadunidense passa a ser um pensamento inquest ionável, a ser mant ido. Reforça-se a capacidade de defesa que as ações governamentais, as pesquisas nucleares, os invest imentos em produção de novas tecno logias, os armamentos, confer iam (ao menos em tese) no sent ido de proporcionar a segurança ao cidadão estadunidense e ao chamado mundo Ocidental por extensão. Na disputa, a vantagem que a União Soviét ica havia conseguido na corr ida espacial no fina l da década de 1950 e iníc io da de 1960 fora suplantada. Dito de outra forma: esse era o pensamento qu e se quer ia impr imir na mente da população do planeta. O pensamento que dever ia espraiar pelo mundo. Nos embates da Guerra Fr ia, fossem eles no campo armament ista, fo ssem no campo econômico, os EUA conseguiram manter a enorme dianteira frente à URSS. Essa dianteira era resultado de um longo processo histór ico somado à destruição da maior parte da infra-est rutura industr ial soviét ica pelas forças invasoras durante a Segunda Guerra 7 Mundia l. Mesmo com índices de crescimento econômico super iores aos EUA nos anos que sucederam ao fim da Segunda Guerra Mundial, a URSS ainda estava muito distante dos patamares de produção dos EUA. Apesar disso, houve uma área específica em que a URSS consegu iu por algum tempo manter razoável vantagem sobre os EUA: a corr ida espacial. Em 1957, a União Soviét ica saiu na dianteira da corr ida espacial. Lançou o satélite Sputnik ao espaço. Depois, Yur i Gagar in de u a vo lta em redor da terra em abr il de 1961, a bordo da cápsula espacia l Vostok. Revelou ao mundo, uma informação, até então desconhecida: a terra é uma imensa “esfera” azul. Mas o final da década de 1960 t raz uma configuração em que os Estados Unidos ult rapassam o estágio de domínio tecno lógico da União Soviét ica. Assim, a URSS era comumente vista por muitos no ocidente como uma ameaça real, a rondar e co locar em r isco os valores, a posição de liderança dos EUA e a estabilidade do chamado Mundo Ocidental. Em 1969, durante o governo de Richard Nixon(1969-1974), os ast ronautas estadunidenses chegaram à lua desencadeando a maior aud iência da história dos meios de comunicação até então, est imada em aproximadamente 600 milhões de telespectadores . Nas densas proposições de ações, tanto da potência Ocidenta l quanto da Oriental, e dos pa íses que gravitavam em torno das suas respect ivas órbit as, estava o firme entendimento de que a capacidade cient ífica de um país era a medida de seu progresso e poder. Durante a Guerra Fr ia havia aproximações e arrefecimentos nos contatos entre a União Soviét ica e o chamado mundo Ocidental, liderado pelos Estados Unidos. Constantemente retoma-se a divulgação de parâmetros de acertos, acordos, controle de arsenais militares e da produção de armas. Tais arrefecimentos e compreensões não estavam, todavia, rest r itos aos EUA e a URSS, tampouco aos círcu los diplomát icos, ou negociações econômicas e às po lít icas int ernacionais. Veja o que indica acitação abaixo. 8 [. . . ] a imagem que o cidadão mediano possuía do conflito, de uma forma gera l, estava associada às mensagens veiculadas pela grande imprensa , aos fi l mes , as canções, as histór ias em quadrinhos e a outros meios que produziam imagens extr emamente ideologizadas e ester eot ipadas do confronto [. . . ] ta is fontes [ . . . ] têm sido reconhecidas como de grande r elevância para o estudo dos efeitos gerados pela Guerra Fr ia ao longo do século XX (MUNHOZ, 2004, p. 275) . Retornando à música, é percept ível que a let ra da canção da banda Engenheiros do Hawaii refere-se à famosa frase pronunciada por Armstrong, quando da chegada do módulo lunar Eagle (Águia) e da nave espacial Apo llo 11, à lua. 3 Dessa forma, pode ajudar o (a) aluno(a) a conceber uma melhor afer ição do significado da construção de imagens que a agência National Aeronautics and Space Administration (Nasa) estabeleceu ao disseminar pelo mundo informações cuidadosamente esco lhidas. A frase “no asfalto meus tênis derretem”, parece querer fazer o sujeito retornar a realidade. Descreve um pensamento comparat ivo entre o dia-a-dia de labutas do t rabalho e, ao mesmo tempo, a exper iência fís ica de se mover no espaço , sem a força gravitaciona l. O(a) professor(a) pode t rabalhar aqui com o exercíc io da cur iosidade, convocar a imaginação, a intu ição do (a) aluno(a) para que chegue a possíveis explicações de valores e sent imentos desse tempo passado (décadas de 1960-70). Assim, será possíve l est imular o(a) aluno(a) à busca do entendimento de que os “pontos de part ida do passado não serão os mesmos que aqueles feitos a part ir da sua própr ia posição.” (LEE, 2003, p. 33) O essencia l é que o aluno (a) perceba as diferentes int erpret ações sobre a temát ica, compare aquilo que selecionou para análise, com outras imagens como as dos filmes e charges. Muitas vezes, são ilust rações reproduzidas, pensadas, em momentos diferentes e até mesmo, 3 Com base nos versos da canção, a informação a respeito de quem teria dito a famosa frase: “Um pequeno passo para um homem, um grande passo para a humanidade”; pode ser uma atividade de pesquisa nas enciclopédias e sites da internet , caso o professor(a) opte por esta atividade no aprofundamento de estudo. 9 posteriores ao fato. Dessa forma, o acesso a elas auxilia e se faz necessár io para levar o (a) aluno(a) a estabelecer relações histór icas entre permanências e mudanças. Assim, buscamos a possibilidade de o aluno , ao adquir ir maior domínio e ampliar sua capacidade de análise, ser capaz de resignificar o papel, por exemplo, dos personagens e de suas atuações. Há informações instantâneas que chegam ao público em geral, ao assist ir a telejornais, ler revistas e jornais . O aluno e a aluna, com pouco acesso ou mesmo possuindo leituras diversas , precisa submetê- las ao crivo do processo comparat ivo, que valide ou não, a sua veracidade, frente a novas evidências e aos documentos a que tem acesso em seus estudos . 4 - O lugar, e uma periodização enunciam o debate. Há autores que se dedicam à análise dos meandros de ste tema. Estabelecem delimitação de per íodos int ernos ao processo histórico da Guerra Fr ia. A produção historiográfica relacionada a esse campo de estudos tem recebido contr ibuições que auxiliam sobremaneira , o entendimento das po lít icas externas das pr incipais nações do planeta ver ificadas nos últ imos 60 anos. A queda do Muro de Ber lim (1989) e o processo de desagregação do mundo soviét ico , décadas de 1970 a 1990, marcaram pro fundamente a histór ia recente da humanidade. E ntretanto, muitos a inda ao verem filmes, revist as comemorat ivas, documentár ios, como a exemplo, as recentes edições que celebram os 50 anos da Nasa 4 ou os 20 anos do fim dos regimes pró-soviét icos na Europa Oriental pedem informações, debatem e perguntam: O que fo i? Quando começou? Como t erminou a Guerra Fr ia? Para a maior ia dos estudiosos do tema, a Guerra Fr ia, como a que exist iu entre o final da II Guerra Mundia l (1939 -1945) e a cr ise dos regimes de economia planificada (1989 -1991), não mais existe. No 4 Entre estes materiais editados estão o DOCUMENTÁRIO NASA 50 anos de Missões Espaciais. Discovery Channel. Disco 1 e 2. Filme 1: Projeto Mercury; Filme 2: Projeto Gemini; Filme 3: Projeto Apollo; Filme 4: Exploradores da Lua; Filme 5: Ônibus Espacial; Filme 6: Passeios em Órbita . Legenda em Português. Distr ibuição: Discovery Communications, LLC e Editora Abril-Superinteressante, 2009. 10 entanto, se podemos nos at rever a fechar ou a delimitar um per íodo de análise, entre os anos de 1947-1991, para o estudo da Guerra Fr ia; o mesmo não se pode fazer com o conce ito. O conceito não está fechado. Merece novas incursões, po is vêm ganhando novos significados . E m subst ituição ao ant igo conflito Leste-Oeste (cap italismo versus comunismo), surgem novos inimigos no campo das just ificat ivas para as ações estadunidenses. Ho je alguns mencionam uma nova Guerra Fr ia a envo lver o Norte e o Sul; outros falam de uma nova Guerra Fr ia . A revisão do tema cobra do histor iador uma análise cr it er iosa do cenár io geopolít ico global nos anos da Guerra Fr ia , e demanda a compreensão dos interesses em disputa e dos projetos de hegemonia das duas superpotências globais. Nesse aspecto é importante observar mos que a Guerra Fr ia não fo i um processo estát ico. Os atores nela envo lvidos não se comportaram de maneira uniforme. Assim, é possíve l delinear a existência de fases nas quais se pode detectar um certo padrão de comportamento dos pr incipais contendores. Fred Halliday, em The Second Cold War (1983), com muita propriedade vis lumbra esse padrão e estabelece uma leitura bastante oportuna dos diferentes per íodos do conflito , dos fatos e das disposições de intermediações e negociações , em meio às tensões da chamada Guerra Fria, ou construção do mundo sob int ensa r ivalidade. A per iodização de Halliday nos indica a seguint e disposição de fases: Pr imeira Guerra Fr ia (1946-1953), Período de Antagonismo Oscilatór io (1953-1969), Détente (1969-1979) e a Segunda Guerra Fr ia (após 1979). Como est e autor chega à leitura estabelecendo estes limit es? Os fatos que demarcar iam campos temporais com rupturas. Para Halliday, a morte de Joseph Stalin em 1953 e a eleição de Dwight Eisenhower (Part ido Republicano), que passa a ocupa r a cadeira de presidente estadunidense, na Casa Branca. O per íodo subseqüente fo i marcado pela aproximação de ambos os lados, quebrada per iodicamente pela emergência de conflitos como a invasão da Hungr ia por tropas do Pacto de Varsóvia (1956), a Revo lução Cubana (1959), a derrubada de um avião de espionagem estadunidense (U-2), que invadiu o espaço aéreo 11 soviét ico (1960), as tentat ivas de invasão estadunidense à Baia dos Porcos que levou a cr ise dos mísseis cubanos, em outubro de1962; esses fatos, cada um a seu tempo, criaram novos impasses. A exposição das idéias, deste ponto para frente centra-se nesse eixo da divisão dos per íodos da Guerra fr ia. O foco temát ico ele ito va i gradat ivamente, assumindo a forma abaixo ; e se fechando na Détente (1969-1979), ainda que para dar atenção a alguns fatos, realize recuos, necessár ios à compreensão do processo histórico . 5 - A Détente. No contexto da Guerra Fr ia, a Détente corresponde a um per íodo em que, EUA e URSS buscaram o relaxamento das tensões e firmaram acordos para a redução e o contro le de armamentos. Esta fase da Guerra Fr iafo i marcada por relações que comportavam tanto a cooperação quanto a compet ição. Qual o significado do termo Détente? A Palavra tem procedência francesa, e é ut ilizada na diplomacia para denominar a distensão polít ica entre Estados. Na década de 1960, o termo fo i empregado por Char les de Gaulle (1890-1970) ao se refer ir ao relaxamento ocorrido nas tensões entre a França e a URSS. Logo, foi tomado para denominar a aproximação nas relações entre os EUA e a URSS. Por fim, Détente fo i empregada para definir a distensão entre os blocos Soviét ico e Ocidenta l (MUNHOZ; GONÇALVES, 2004, p. 217). Tanto no campo estadunidense quanto no soviét ico não foram poucos os obstáculos à execução das po l ít icas de distensão. Pr incipalmente nos EUA, a oposição acusava o governo de efetuar concessões inaceit áveis e procurava convencer a opinião pública que elas poder iam levar ao fortalec imento e ao encorajamento do adversár io. Na União soviét ica, as tensões no campo das e lites foram menores. Porém, diss identes que apo iavam à Détente afirmavam que ela não implicou na expansão das liberdades democrát icas no país. 12 Durante a fase da Détente, apesar da cr iação de canais de comunicação e da busca do diálogo entre a s partes em conflito , houve o acirramento dos ânimos em diferentes momentos, demonstrando um quadro dessas disposições e proposições marcado por avanços e recuos, acertos e desacertos entre os blocos. Assumindo a perspect iva de pr ior izarmos fatos que ajud em a entender as formulações de enfrentamentos, recuos de disposições e int enções po lít icas, foquemos nossa atenção em um per íodo de entranhados conflitos: o início da década de 1960. De in ício , sublinhamos as caracter íst icas paradoxais d a chamada fase de equilíbr io oscilatór io compreendida entre 1953 e 1969 que comportava per íodos de grande estabilidade int ercalado s por momentos de real r isco de um confronto entre as duas superpotências. Em 13 de agosto de 1961, mais precisamente, nos limit es temporais ent re a no ite de 12 de agosto e a madrugada do dia 13 de agosto; na capital da Alemanha Oriental (RDA) , começava a ser construído o Muro de Ber lim, símbo lo da divisão da Europa e do mundo em blocos antagônicos durante esse per íodo da Guerra Fr ia. [. . . ] unida des da P olícia Civil e do Exército Naciona l da RDA (República Democrática Alemã ), levantaram cercas de arame farpado entr e o setor soviét ico e os três setores ocidentais de Ber lim (45 km de compr imentos norte-sul), separando Ber lim Orienta l e Ber lim Ocidenta l, assim como ao r edor de toda Ber lim Ocidenta l, separando -a do resto da RDA (120 km). Alguns dias depois, essas instalações provisór ias foram subst itu ídas por um muro de concreto intransponível, e que f icou conhecido pelo nome de „Muro de Ber lim‟. (FROTSCHER, 2004, p.595) O objet ivo da elevação dessa barreira entre os setores: impedir a passagem de alemães do Leste par a o Oeste de Ber lim. O lado Oeste , sob o controle Ocidental desde o per íodo pós-Segunda Guerra Mundia l, marcado pela capitulação e derrota do nazifacismo na Europa, difundiu os valores e confortos Ocid entais, reforçados pelos pesados invest imentos dos EUA. Como resultado destes invest imentos, a Ber lim Ocidental assumiu a aparênc ia de v it r ine do capitalismo . Em cont ínuos movimentos individuais ou de pequenos grupos, sobretudo os 13 t rabalhadores mais qualificados do lado Leste procuravam migrar . Assim, diar iamente centenas e mesmo milhares deles, passaram para o lado ocidental da cidade, o que provocava fortes convulsões na economia do lado oriental da Alemanha, sob controle da União Soviét ica, a quem coube, segundo os acordos de Ia lta, assinados em Fevereiro de 1945, a parte menos industr ializada da Alemanha e onde , especificamente se localizava a cidade de Ber lim. Pr imeiramente, rest rições começaram a ser cr iadas t rês anos aproximadamente, após o fim da segunda Guerra; e , por fim, com a construção do Muro em 1961, se impedia com r igor, a circulação entre as diferentes partes da cidade (MUNHOZ, 2009, p.58) . Entretanto, o contexto que deve ser pens ado o processo de busca de controle do terr itório da Alemanha, fo i definido muito antes dos anos 1960. Ele nos remete como já mencionamos, aos acordos de Ialta, firmados em fevereiro de 1945 e rat ificados em Potsdam, no mês de julho-agosto, deste mesmo ano . Segundo os termos dos acordos, a porção oriental alemã estar ia sob influência total da URSS. Acima de tudo, u m dos elementos centrais em termos do debate à po lít ica aliada para o território ocupado , fo i a chamada temat ização sobre o futuro da Alemanha após o encerramento do conflito . Discussão t ravada desde antes do desmoronamento fina l do Estado alemão em 1945. Moraes , ao analisar o conjunto de regulamentações e prát icas adotadas pelas quatro forças de ocupação no território alemão, indica que [. . .] desde a Conferência de Casablanca ( janeiro, 1943), passando pelas de Teerã (dezembro, 1943), Québec (setembro, 1944), Ialta ( fevereiro, 1945), Potsdam ( julho-agosto, 1945), foram tratados com progressivo detalhamento temas como a divisão da Alemanha, sua desmilitar ização, o estabelecimento de reparações, a reconstrução econômica e a reest ruturação da sociedade e do Estado (2004, p. 215). Como se const ituíram aspectos favoráveis a URSS ? Pode ser creditado tal respeito e espaço conquist ado , à colossa l destreza e jogos de est ratégia demonstrada nos campos de batalha ? Vejamos como se desenro la este processo de construção de uma posição favorável no campo diplomát ico e na opinião pública internacional. Em momento 14 anter ior, durante o desenro lar dos enfrentamentos da Segunda Guerra Mundia l, a part ir de 1942 a o fensiva soviét ica se apresentou . O Exército Vermelho inic iou uma vultosa contra -ofensiva na região do Rio Volga. A pr incipal dessas Batalhas fo i a de Stalingrado (17 de julho, 1942 a 02 de fevereiro de 1943). Houve rendição e debandada das forças milit ares do Eixo. Entre julho e agosto daquele ano, os alemães lograram realizar novas incursões o fensivas dest inadas a subjugar Kursk. Contudo, os invasores foram det idos pelo Exército Vermelho que realizou outra contra-ofensiva ao adentrar pela região de Dnieper 5 , impondo a cont ínua ret irada às t ropas invasoras (MUNHOZ, 2009, p. 51). Assim, a s ituação t ravada nos campos de batalha confer ia crescentes ganhos e só lidas conquistas a União Soviét ica, em decorrência das derrotas impostas às forças do Eixo e, posteriormente, devido ao avanço do Exército Vermelho pela Europa Central e Or iental, enquanto os EUA e a Inglaterra se concentravam nas batalhas do Mediterrâneo cr iando as condições para que as forças soviét icas fossem as pr imeiras a chegar a Ber lim. Essa etapa que co locou fim a Segunda Guerra Mundia l na Europa, deixou à mostra suas habilidades de combatente, e o rancor das t ropas da União Soviét ica, que t inham vivo na memória, as recentes invest idas e destruições pelas forças milit ares alemãs em terr itório soviét ico . Situação que precedeu o efet ivo controle dessas regiões e , por seu lado, just ificavam as exigências de reparações requer idas . Dessa forma, era inevitável reconhecer a supremacia soviét ica. Mesmo em meio aos acertos, desacertos e as explorações de acordos diplomát icos, Frank lin Delano Roosevelt (1892-1945) , representante dos Estados Unidos, e Winston Leonard Spencer Churchill(1874 -1965), representante do Reino Unido , precisaram consensualmente se curvar frente à força dos avanços e libertações realizados pelos exércitos soviét icos em regiões ocupadaspelo Eixo. 5 O Rio Dnieper se apresenta como elo e ligação entre os gelados montes Valdai, na Rússia, e a região meridional e mediterrânea da Criméia, na Ucrânia, é o quarto r io da Europa em extensão, somente é menor do que o Volga, o Danúbio e o Ural. (Atlas da História do Mundo, 1995, p. 268-269; e Almanaque Abril, 2008, p. 620). 15 Situação importante nesse per íodo anter ior a construção do Muro, foram os crescentes desacordos entre a União Soviét ica e as outras t rês forças de ocupação a divid ir e se aviz inhar (ladear) no território alemão . No final de 1946 os EUA e o Reino Unido associaram as suas zonas, dando origem à chamada bi-zona. No início de 1948, a França passou a int egrar esse bloco dando origem a uma t ri-zona ocidental em Ber lim. Em 20 de março de 1948, os soviét icos ret iram-se da reunião da “Comissão de Controle Aliado”, quando os Ocidentais insist iram na cr iação de uma moeda única para a Alemanha. Para os soviét icos, a unificação monetár ia era uma est ratégia para inviabi lizar a economia das áreas sob o seu controle (MUNHOZ, 2009, p. 58). Em julho de 1948, a União Soviét ica, oportunizada pelo fato da cidade de Ber lim estar s ituada na porção oriental da Alemanha, sob sua ocupação, decidiu impor o completo bloqueio ao tr áfego entre a parte ocidental do país e Ber lim. Em resposta os EUA passaram a manter a economia e mercado do lado Ocidental. Abastecendo com vôos diár ios e garant indo o padrão de consumo da população na área Ocidental da cidade. Tendo em vista a sua ineficác ia, o bloqueio fo i suspenso em 12 de maio de 1949. Entretanto, durante a fase do bloqueio, cada um dos oponentes, União Soviét ica e os t rês representantes Ocidentais, repuseram forças e reorganizaram a sua área de controle. Nesse mesmo mês de maio fo i cr iada a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) e, em outubro, a República Democrát ica da Alemanha (Alemanha Oriental). Inevitáve l fo i nos anos seguintes, a evasão constante de jovens qualificados da Alemanha Oriental para a Ber lim Ocidental. No in tervalo entre o ano da cr iação da RDA (1949) e a construção do Muro, foram cerca de do is milhões de fugit ivos de um total de 16 milhões de habitantes (SWIFT, 2003, p. 21). Foram vinte e o ito anos de testemunho e de permanência daquela imensa est rutura a divid ir o povo ber linense. Erguido no auge da tensão entre os ex-aliados na ant iga capita l do Reich, o Muro vinha consagrar 16 em concreto e arame farpado uma ruptura que já advinha de quando os Aliados, representantes das democracias mundiais, combat iam, ainda ombro a ombro, a Alemanha nazista. Na no ite de 9 para 10 de novembro de 1989 , subitamente, tudo se precipita. Surgem as pr imeiras picaretas que at ingem a parede de concreto . Ficam as imagens do pr imeiro pedaço do Muro no chão, da mult idão em delír io , dos abraços e vozes alteradas que inundam a no ite. Com o Muro desaba o mais cruel símbo lo da divisão da Europa desde 1945. Dez meses mais tarde, a Alemanha fo i reunificada. Os últ imos reg imes comunistas que resist iam no leste tombavam um a um nas semanas seguintes. A 10 de novembro, Hristov Todor Zhivkov(1911- 1998) é afastado do poder em Sofia, na Bulgár ia; a 17, dá-se a revo lução de veludo na Checoslováquia. A 22 de dezembro, Ceausescu (1918-1989) era derrubado na Romênia. O regime Albanês fo i o últ imo a cair, sobrevivendo ate à Primavera de 1991(PEREIRA, 2001, p. 35-36). Caíam por terra os baluartes do sistema t raçado em Ialta e Potsdam (1945). Os alunos poderão pesquisar e apresentar um quadro de depo imentos de pessoas que testemunharam os do is momentos , ligados a construção e a derrubada do Muro de Berlim, detendo-se com esta opção , à situação da Alemanha 6 durante a Guerra Fr ia . As imagens que estão disponibilizadas em bancos de imagens públicas na int ernet , ajudarão a estabelecer um campo de visão que relacio ne a escr ita de jornalistas, analistas po lít icos e histor iadores , à extensão dos fatos vividos por homens e mulheres da Ber lim Ocidental e Or iental , relatados nos depo imentos. Outro episódio de relevo e de tensões a envo lver as duas potências, deu-se quando a União Soviét ica, dispensando atenção ao 6 A Jornalista Jutta Voigt, nascida em 1941, relata em uma entrevista concedida a Grit EGGERICHS (jornalista na Alemanha), e editada na FOLHA DE SÃO PAULO, Caderno Mais, 8 de novembro de 2009, p. 5, o que pensava na época sobre a construção do Muro: A possibilidade de utilizar o câmbio mais forte e comprar tudo mais barato do lado oriental segundo ela, foi uma prática recorrente: “[.. .] Como muitos intelectuais e artistas, vibrei com a construção do Muro.[.. .] Pensava que o muro afastaria os berlinenses ocidentais que vinham aqui, para trocar um marco ocidental por cinco orientais. Compravam tudo mais barato[.. .]” e retornavam para o lado ocidental de Berlim. 17 cerco que os Estados Unidos lhe fazia, ao instalar mísseis de médio alcance na Europa Ocidental reso lveu revidar, montando bases de ataque aéreo em Cuba. Nesse momento houve per igo de uma guerra nuc lear a envo lver as duas superpotências mundia is. Os soviét icos foram convencidos pelo governo revo lucionár io cubano a protegerem Cuba co m artefatos nucleares e responderam ao pedido. Os soviét icos encetaram a instalação de 24 mísseis nucleares na ilha. Não obstante, em outubro de 1962, os serviços de inteligência dos EUA detectaram as at ividades soviét icas na região. Imediatamente, o presidente dos EUA John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) deu um ult imato ao premiê Soviét ico Nik ita Khruschev(1894-1971). Após muit a celeuma e negociações extenuantes, os soviét icos concordaram em ret irar os mísseis de Cuba. Quanto ao contexto de Cuba, a ilha vivia um processo sob forte impacto da Revo lução, ocorrida em 1959. Declarada socialista em 1961 7 e administ rada por Fidel Castro (1926-), de ant iga aliada comercial dos Estados Unidos, passou a órbita soviét ica em meio à cr ise que so freu quando a quase totalidade de seu comércio exter ior cessou, em razão do bloqueio estadunidense 8 . Destaca-se o fato de Cuba, em pleno cont inente amer icano, ser um ponto de onde se poder ia at ingir o territór io, a população e o coração do governo estadunidense, em questão de minutos. Assim, houve instabilidade, aumento de impasses, a despeito de até então muitas reaproximações se firmarem. Um exemplo dessas aproximações se deu quando Nik ita Krushchev, o dir igente máximo da URSS, vis itou os EUA pela pr imeira vez na histór ia , em setembro de 1959. 7 A partir desse início de década de 1960, conforme PORTANTIERO (1989) cabe aqui referir, ainda que não seja o propósito desse estudo, com a Revolução Cubana, não somente a ilha ficou sob o impacto de mudanças. I rradiaram-se influências sobre o ideário dos movimentos guerrilheiros e da hist ória do marxismo latino-americano. 8 “As relações comerciais com os EUA compreendiam 67% das exportações e 70% das importações da ilha e cessaram completamente por iniciativa estadunidense. [. ..] Essa crise foi parcialmente superada com a aproximação inicialmente comercial, e depois política e ideológica, da URSS, único país do mundo em condições de substituir os EUA como fornecedor de produtos industr ializados e como mercado para o açúcar cubano. Esse período foi caracterizado pela contínua pressão dos EUA contra o país” (BARÃO, 2004, p. 203). 18 Embora os Estados Unidos det ivessem uma esmagadora super ior idade em termos de ogivasnucleares e sistemas de lançame ntos, frente ao vo lume de armas nucleares operacionais da União Soviét ica, temia a possibilidade de um ou do is mís seis soviét icos at ingirem pontos na América ou, em seu terr itório . O presidente Kennedy se comprometeu publicamente, a não fazer novas incursõ es e tentat ivas de invadir Cuba, em troca da concordância de Krus hchev de ret irar suas armas da ilha e, ainda, assinou uma clausula secreta em que se dispunha a ret irar os mísseis de alcance intermediár io , instalados na Turqu ia 9 , com capacidade de at ingirem áreas nevrálgicas do território soviét ico. Por seu lado, Krushchev cedeu e deu iníc io a ret irada dos foguetes de Cuba, aparentando para a opinião pública ser o perdedor na queda de braço. Imagem aparente, no mínimo quest ionável, segundo a interpretação d e muitos histor iadores, já que o governo da União Soviét ica pro jetou sua imagem e a da nação ao mundo, e fortaleceu o governo socialist a cubano de Fidel Castro , um país próximo aos Estados Unidos. Após intensas negociações diplomát icas, desse evento que quase levou o mundo ao conflito nuclear, resultou a adoção de medidas 10 por parte dos EUA e da URSS com o objet ivo de facilitar o diálogo diplomát ico e evit ar que novos conflitos dessas proporções viessem a ocorrer no futuro. O debate dessa questão é bast ante complexo até os dias de ho je. Assim, é necessár io ressalt ar que tanto os E UA quanto a URSS possuíam o domínio da produção de armas atômicas. Os Estados Unidos desde 1945, fato colocado à most ra, no ataque de agosto de 1945 às c idades de Hiroxima e Nagazaki. Já a União Soviét ica alcançara o 9 Os Estados Unidos possuíam mísseis instalados na Europa Ocidental na Turquia e no Alasca. Revista Grandes Guerras : Tudo de Novo no Front. Edição 31, out. de 2009, p. 38. É importante complementar que segundo CHOMSKY. In: Thompson et al. (1985, p. 189): “[...] Kennedy [...] relutou em aceitar um acordo que incluísse uma completa retirada dos mísseis russos de Cuba em troca da retirada simultânea dos mísseis norte-americanos da Turquia – muito embora eles fossem obsoletos e já tivesse sido emitida uma ordem de retirá-los antes da irrupção da crise, visto que estavam sendo substituídos por submarinos Polaris”. 10 “A assim conhecida “Crise dos Mísseis” estimu lou a criação de mecanismos de negociação para evitar uma possível guerra nuclear, como a instalação do telefone vermelho entre Moscou e Washington, e o acordo de 1963 que proibia testes nucleares submarinos, atmosféricos e no espaço. A deposição de Krushc hev em 1964 não promoveu significativas alterações nas relações entre os dois países” (MUNHOZ; GONÇALVES, 2004, p. 217). 19 status de produtora de bombas atômicas em 1949 11 . Nesse sent ido, de acordo com Er ic Hobsbawm: [. . .] a própria certeza de que nenhuma das superpotências ir ia de fato querer apertar o botão nuclear tentava os do is lado s a usar gestos nucleares para fins de negociação , ou (nos EUA) para fins de polít ica interna, confiantes em que o outro tampouco quer ia a guerra. Essa confiança revelou -se just ificada, mas ao custo de abalar os nervos de vár ias gerações (HOBSBAWM, 1995, p . 227). O per íodo da Détente apresentou contrastes e configurações diferenciadas. Diversas aproximações entre EUA e URSS podem ser ver ificadas em diferentes áreas . Destacam-se o Tratado Ant imíss il Balíst ico de 1972, os t ratados de limit ação de armas nuc leares (Salt -I, 1972) ; o Tratado de Helsinque (1975), em que os EUA reconheceram a esfera soviét ica no Leste da Europa; a cooperação na área cient ífica, expressa na missão espacial Apo llo -Soyuz. Ainda, os EUA reforçaram seus laços com os aliados europeus e o Japão, ou seja, países que dispunham de economias poderosas. Mas, também houve aproximação com a China e exploração da clássica r ivalidade sino -soviét ica. A China ingressou na ONU(1971) e passou a fazer parte do seu Conselho de Segurança. A emergência de conflitos no chamado Terceiro Mundo, a invasão do Afeganistão pela URSS, em 1979, a posse de Ronald Reagan, em 1981, inviabilizaram a détente e a Guerra Fr ia adquir iu contornos semelhantes àqueles da sua pr imeira fase, tendo em vista o caráter conservador da polít ica estadunidense. 6- Guerra Fria: Os Desafios de Ensino e Análise. Cons ideradas as questões acima apontadas o professor pode encaminhar uma at ividade em que os alunos rea lizem aprofundamentos, comparando este per íodo , o das disposições da Détente, com o per íodo posterior, da denominada “Segunda Guerra Fr ia” (1979-1991). Para a pesqu isa é necessár io indicar sites e disponibilizar filmes, encic lopédias, 11 Leia HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 227. 20 livros e revistas que apresentem reflexões sobre a Détente, e o período anter ior. A instalação de mísseis em Cuba, e a derrubada do avião (U-2) e o apr isionamento do piloto dos EUA no espaço aéreo soviét ico (1962) , são fatos que podem ser apro fundados. Além disso, oportunamente, é possível encaminhar um roteiro para que se proceda a elaboração de uma discussão sobre as duas perspect ivas de sociedades da década de 1980. Na URSS, a t ransformação do socialismo soviét ico por meio de reformas de caráter econômico, como a Perestroika (Reestruturação), e de abertura polít ica, como a Glasnost (t ransparência), de Gorbachev. Nos Estados Unidos, o projeto “Iniciat iva de Defesa Estratégica”, que ficou conhecido como pro jeto “Guerra nas Estrelas”, planejado pelo Departamento de Estado estadunidense, sob o governo Ronald Wilson Reagan(1911-2004). A formação das Comunidades de Estados Independentes (CEI) no leste europeu, as aberturas polít icas const ituídas, a exemplo, na Bulgár ia , Tchecoslováquia, Romênia e Albânia, podem ser subtemas para a pesquisa . Diversos filmes podem ser ut ilizados para o estudo. O filme “Os 13 dias que Abalaram o Mundo” , por exemplo, produzido no ano 2000, sob a Direção de Roger Donaldson, apresenta a situação de conflitos representados, com fortes contornos de um mundo bipo lar izado. O enredo se desenvo lve no cenár io da insta lação dos mísseis, i nic iada pelos soviét icos em Cuba, no ano de 1962. O filme assume uma construção de leitura realizada, pr inc ipalmente, a part ir do ângulo dos Estados Unidos. Uma proposta de roteiro pode centralizar o entendimento do papel da diplomacia na condução dos acordos. De um lado, a dip lomac ia soviét ica e do premier Krushchev e, de outro, a estadunidense, centrada em personagens como o presidente John Kennedy, o Secretár io da Defesa, entre 1961-1968, Macnamara(1916-2009), e seus auxilia res. Há exploração e uso de personagens fict íc ios na produção da t rama 12 , mas o enquadramento de disposições e conversações po lít icas ajuda a compreender o momento histórico. O(a) professor(a) pode apresentar 12 Ao lado disso, fr isar que qualquer obra fílmi ca, nos remete muito mais questões contemporâneas ao momento de sua produção, de que necessariamente à época que procura representar efetivamente. 21 uma ficha técnica da produção do filme com informações sobre o diretor e roteir ista. Suas simpat ias po lít icas , exper iências, envo lvimentos, ligações, compromissos, ao longo de suas t rajetórias pro fissionais, os financiadores da produção precisam estar ali indicados nesta ficha técnica. Os alunos podem juntamente com o professor leva ntar os fatos histór icos presentes no filme. A seguir, realizar as investigações necessár ias para compreender o processo histór ico em sites da internet , livros, revistas e enciclopédias. Outro filme , “Armageddon”, produzido nos Estados Unidos no ano de 1998, sob a direção de Michael Bay, pode const ituir abordagem a part ir de outra perspect iva. Sobretudo, ao co locar em evidência cr ít icas à polít ica de Estados a manter vultosos orçamentos financeiros, dest inados à pesquisa e à produção de armamentos e tecno logias espacia is, aprovados pelos congressistas e agências governamentais , mesmo em um mundo não mais vo ltado às relações de conflitos nos moldes da Guerra Fr ia. Os personagens encenam ironias e sarcasmos, devido às peças de reposição na nave não funcionare m. Pode-se infer ir que são cr ít icas feit as à qualidade dos produtos elet roelet rônicos, co locados em tempos de globalização no mercado, e à ampliação das produções em sér ie ou linhas de montagens quest ionáveis , no mundo pós década de 1990. No filme Armageddon, as personagens se unem em torno de um objet ivo : destruir o asteróide que ameaça a sobrevivência do planeta Terra. Outro ponto que pode ser explorado, diz respeito ao fato do filme representar uma homenagem ao aniversár io dos 40 anos 13 de cr iação da Nasa. É necessár io , ao lado disso, discut ir a mensagem pr incipal do documento fílmico, po is possui mensagens ambíguas que podem, muitas vezes, suscitar diversas interpretações. A sit uação privilegiada e hegemônica da indústr ia filmográfica estadunidense, exige atenção redobrada, não necessar iamente para promover uma visão ant i- imper ia lista, mas para problemat izar valores veiculados como verdades abso lutas. Os alunos de uma turma podem ser convidados a desenvo lver uma análise organizando-se a part ir de roteiro específico que, em 13 Essa informação é referenciada nos créditos do filme. 22 pr imeiro lugar, definidos os grupos, pontue um breve resumo da produção filmográfica . Um dos grupos pode atentar para a t rilha sonora; outro grupo levantar o elenco e personagens; as simulações, os símbo lo s de nações, empresas; o terceiro grupo, pesquisar a Doutr ina Bush, já que o filme desenvo lve-se no contexto da administ ração de George Walker Bush(1946- ). O quarto grupo, apresentar oralmente uma exposição recontando o enredo do fi lme. A proposta de desenvo lver esta análise co let ivamente, precisa ser feit a em um clima de desafio s aos alunos propondo a exemplo, dramat ização, representações na forma de desenhos e a escr ita de um texto cr ít ico . Ao fina l, na exposição de análises dos filmes, - seja qual for a opção entre est as duas sugestões de obras cinematográficas-, é preciso munir tanto alunos e alunas, quanto professor ou professora da seguint e disposição de argumentos a envo lver o processo ensino -aprendizagem: 1- Os filmes merecem ser entendidos e percebido s não como diversão apenas, mas como um produto cultural capaz de comunicar emoções e sent imentos, e t ransmit ir informações (BITTENCOURT, 2004, p.253). 2- Há perguntas a serem feitas aos documentos, em seus diferentes formatos. Entre as quais sit u amos as mais centrais: a) Em que realidade histór ico-social fo i produzido ? Qual o fato ou o processo histór ico que o autor pesquisou? Qual a temporalidade e o lugar em que se ver ificou o fato temat izado ? Por que está representado daquela maneira? Fo i produzido por um grande grupo de comunica ção, um único pesqu isador, inst ituição independente ou organização governamental? São perguntas que ao serem respondidas, podem ajudar a estabelecer novas conceituações e int erpretações , ainda que não se esgotem as possibilidades de leituras aos fatos e fontes documentais. Por fim, diante do exposto, pode se dizer que , ao ut ilizar diferentes documentos e recursos de aprend izagem no ensino, damos forma, a nossa busca incessante de subsídios que ampliem a percepção e a compreensão do processo histór ico est udado. 23 - Conclusão Provisória. A história da Guerra Fria (1947-1989-91) foi marcada por uma longa e intensa relação de rivalidade entre duas potências, Estados Unidos e União Soviét ica, que embora tenham se colocado como aliadas durante a Segunda Guerra Mundial apresentavam estruturas polít icas e econômicas antagônicas. Como se formularam em seus traços particulares as rivalidades entre essas duas potências? Pr imeiro, a Guerra Fria foi vivenciada por duas ou três gerações a em um cenário de desesperança, sob o pó dos escombros da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ainda a assentar. Ao lado disso configura -se num período, episódio em que as duas potências com poder polít ico -militar, originados das conquistas durante a guerra contra o Eixo, demarcaram a definição de uma nova ordem de competição, muitas vezes, de reordenamento de alianças e cooperação internacional. Em seu início, a organização que passaram a traçar acabou por estabelecer áreas de influência e o mundo ficou dividido. Segundo, havia uma arquitetura de poder no horizonte da Guerra Fria. De acordo com a lógica do conflito, de um lado, os Estados Unidos construíam a visão de um inimigo (a União Soviét ica), e estendiam o clima de desconfiança a todas as nações que se aproximassem dela. Ainda mais que isso, governos reformistas nas mais diferentes regiões do planeta eram tratados como adeptos do comunismo, o que era empregado para justificar (mesmo que de forma não muito convincente) inúmeras intervenções militares e violações de soberanias territor iais de nações formalmente independentes. Por outro lado, em períodos mais tensos da Guerra Fria qualquer movimento popular, organização partidária e resistência que combatesse um governo alinhado aos Estados Unidos, imediatamente recebiam o apoio da União Soviética. Uma regra principal havia, hoje sabemos nunca transposta: a inviabilidade da realização de confronto s diretos a envolver os Estados Unidos e a União Soviética (pois poderia dar forma a uma Guerra total). 24 Terceiro, dois momentos são considerado s para muitos estudiosos como bastantes próximos de se desencadear um conflito nuclear: o da Crise dos Mísseis em Cuba (1962), o processo ligado ao bloqueio da cidade de Berlim em 1948-9 e a construção do Muro (1961) separando as três áreas ligadas ao Ocidente no território de Berlim, da área sob a influência da União Soviética. Apesar de mantermos uma exposição mais ampla da Guerra Fria, procuramos aprofundar alguns aspectos que cercaram esses dois eventos, que sem sombra de dúvida deixaram-nos a beira de uma guerra total e aniquiladora. Quarto, Francisco Carlos Teixeira da Silva em Enciclopédia das Guerras e Revoluções do Século XX , ao se referir a característ icas de impasse e conflitos, em relação à Crise dos Mísseis em Cuba, comenta a respeito da proximidade a que se chegou de “uma possível Guerra Nuclear Limitada ao Mar, onde os alvos e as armas seriam o poder naval adversário, poupando as cidades e santuários de cada um dos contendores; durante os dias iniciais da Crise de Cuba, de 1962, [segundo ele] este tipo de guerra nuclear foi visualizado” (2004, p.9). Quinto, o Muro de Berlim (1961) deu forma e fechou a única fronteira ainda indefinida entre a parte Ocidental e Oriental da Europa (Hobsbawm, 1996, p. 240). Munhoz indica que a história da humanidad e fo i marcada pela “construção de uma memória hegemônica sobre esse período” e que apresenta traços na “abordagem do problema”, ligados a fatos somente circunscritos à construção e à derrubada do muro. Direciona para que foquemos atenção nas “disputas entre as duas superpotências mundiais durante a Guerra Fria e, em particular, das dificuldades soviéticas paramanter a sua esfera de influência na Europa Oriental” (2009, p. 51). Sexto, durante a Détente (1969-1979) o resultado líquido das anteriores ameaças e provocações mútuas foi um sistema internacional a apresentar estabilidade, e um acordo tácito das duas potências para não causarem sobressaltos uma a outra e ao mundo. Nas palavras de Hobsbawm em Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991, “Os EUA, nervosos mas confiantes, enfrentavam assim uma URSS confiante mas nervosa por Berlim, pelo Congo, por Cuba” (Hobsbawm, 1996, p. 240). 25 Sétimo, no início dos anos 70 do século XX o equilíbrio bipolar vai de novo entrar em convulsão. Uma série de acontecimentos , entre estes a Guerra do Vietnã (1964-1975), rebeliões comunistas na América central, o segundo choque petrolífero produziram recuos dos Estados Unidos e um desequilíbrio entre as duas superpotências. Uma série de regimes africanos, asiát icos e no pacífico facilitou a instalação de bases militares à URSS e aos EUA. Ofereceram-se assim, importantes apoios, até mesmo com crescimento da presença no Índico (PEREIRA, 2001, p. 50). Na tentativa de ponderar sobre os pontos levantados. Podemos dizer que para alguns estudiosos é bastante verossímil o entendimento de que desde 1945, a URSS assumiu uma at itude de defesa na resposta às iniciativas polít icas e militares dos EUA. No entanto, sempre houve um pragmatismo soviét ico, que quando vislumbrava a possibilidade de algum ganho adotava uma postura mais agressiva. Assim, por exemplo, ao final do governo Leonid Brejnev (1906-1982), a URSS adotou posturas mais expansionistas lançou mão da intervenção soviét ica no Afeganistão, em 1979. Nos Estados Unidos, o descrédito da polít ica de Jimmy Carter (1924-) não se conduz alheio à surpreendente escolha do eleitorado estadunidense em novembro de 1980: Ronaldo Reagan, que de forma triunfal foi reeleito em 1984. Decidido a levar à forra as afrontas sofridas nos últimos anos, lanç ou a defesa do credo simplista redentor dos valores da América. Segundo Hobsbawm: A polít ica de Reagan, eleito no início dos anos 1980, só pode ser entendida como um afã de lavar a afronta e a humilhação sent ida demonstrando a inquestionável supremacia e invulnerabilidade dos EUA com gestos de força militar contra alvos fáceis como Granada (1983), o ataque a Líbia (1986), e a sem sentido invasão do Panamá (1989) (Hobsbawm, 1996, p. 244). Mas hoje, chegamos a vislumbrar o declínio da instabilidade e temos um capitalismo caracterizado pela paz e democracia ? O triunfo do capitalismo revelou sua capacidade de renovar. Todavia, isto não significa que o sistema internacional tenha forjado uma nova ordem internacional estável, com permanência em termos de longo prazo. A Europa organiza-se em um quadro de negociações para a ampliação da União Européia rumo ao 26 leste do mediterrâneo, com a adesão de Malta, Chipr e, Eslovênia, Hungria, Tcheca, Eslováquia, Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia, a partir do ano de 2004 (VISENTINI; PEREIRA, 2008, p. 240) . Contudo e a China, a América Latina, a Alemanha de início de século XXI? São indagações que deixamos em aberto, foco de debate para que esse campo de abordagem seja empreendido em futuros estudos. ********************************** 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMANAQUE ABRIL 2008. São Paulo: Ed. Abril, 2008. ALMEIDA, Milton José de. Imagens e Sons: A nova Cultura Oral . São Paulo: Cortez, 1994. ALPEROVITZ, Gar . The Decision to Use the Atomic Bomb. USA: Vintage, 1996. ARÓSTEGUI, Ju lio. A Pesquisa Histórica: Teoria e Método. Bauru, S. Paulo: Edusc, 2006. AS GRANDES BATALHAS DA HISTÓRIA. Do Século XX ao XXI -Da batalha de Verdun à segunda guerra do Iraque. São Paulo: Larousse, V. 3, set . , 2009. ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO: FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo: Folha da Manhã, 1995. BARÃO , Carlos Alber to. Cuba (Crise em). I n: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (coord. ) et a l. Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX. Rio de Janeiro: Elsevier /Campus, 2004. R io de Janeir o: Elsevier /Campus, 2004, p. 203-205. BITENCOURT, Circe (Org.). O saber Histórico na sala de aula . 9. ed. São Paulo: Contexto, 2004. BLOCH, Marc. Apologia da História: o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. , 2001. CHACON, Vamireh. A Questão Alemã . 2. ed. São Paulo: Scip ione, 1994. CHASSOT, Att ico. A Ciência através dos Tempos . 14ª Ed. , S. Paulo: Moderna, 1994. CHASSOT, Attico. Alfabetização Cientí f ica: questões e desafios para a educação . 14. ed. S. Paulo: Moderna, 1994. CHOMSKY, Noam. Armas estratégicas, Guerra Fria e Terceiro Mundo . In: Edward Thompson et a l. Exterminismo e Guerra Fr ia . São Paulo: Brasil iense, p. 188-205, 1985. COOK, Chris. Dicionário de Términos Históricos . Madri: Alianza Editor ial , 1993. EGGERICHS, Grit . A Cidade de Luz. Caderno Mais. Folha de São Paulo , São Paulo, Ano 89, nº 29.439, p.5, 08 nov. 2009. FERRO, Marc. Cinema e História . São Paulo: Paz e T erra, 1992. FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prática de Ensino de História . Campinas/São Paulo: Papirus , 2003. FROTSCHER , Méri. Muro de Ber lim. In: SILVA, Francisco Carlos T eixeira da (org). Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX. Rio de Janeiro : Elsevier /Campus, 2004. Rio de Janeiro: Elsevier /Campus, 2004, p. 395 -396. GADDIS, John Lewis. Histór ia da Guerra Fr ia . Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 2006. 28 GRANDES GUERRAS. Tudo de Novo no Front. 1945. Especial 70 anos da Segunda Guerra . São Paulo: Editora Abr il, Edição 31, out, 2009. HALLIDAY, F. The making of the Second Cold War. London: Verso, 1983. HOBSBAWM, Er ic. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914 -1991 . São Paulo: Companhia das Letras, 1996. HOGAN, Michael and PATERSON, Thomas (Eds .). Explaining Amer ican foreign r elat ions. New York; Cambridge Univers ity Press, 1991. JOHNSON, Chalmers. The Sorrows of Empire: Militar ism, Secrecy, and the End of the Republic.New York: Metropolitan, 2004. HUNTINGTON, Samuel P . The Clash of Civil izations. In: Foreign Affairs. Summer v.72, n.3, 1993. HUNTINGTON, Samuel P. O Choque de Civil izações e a Recomposição da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Objet iva, 1997 . KARNAL, Leandro (Org.) . História na Sala de Aula: conceitos, práticas e propostas. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2008. KNAUSS, Paulo. Sobre a Norma e o Óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa . In: NIKITIUK, Sônia (org). Repensando o Ens ino de Histór ia . 4. ed. S. Paulo: Cortez, 2001. LaFEBER, Walter . America, Russia and the Cold War. 1945 -1996. 8 t h ed. New York: McGraw-Hill, 1997. LEE, Peter . Nós Fabricamos Carros e Eles T in ham que Andar A Pé: Compreensão das Pessoas do Passado. In: BARCA, Isabel. Educação Histórica e Museus . Minho: Centro de Investigação em Educação e Inst ituto de Educação e Psicologia, 2003, p - 18-35. LE GOFF, Jacques. Documento Monumento. In : Enciclopédia Einaudi . v.5. Lisboa : Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1984, p.103.1989. MIRANDA, Montgomery. Bomba Atômica. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (org.) Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier , p. 87 -88, 2004. MORAES, Luís Edmundo de Souza. Desnazif icação. In: SILVA, Francisco Car los Teixeira da (org.). Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX . Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, p. 215-217, 2004. MUNHOZ, Sidnei J. Guerra Fr ia: um debate interpretativo . In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (org.). O Século Sombrio . Rio de Janeiro: Elsevier /Campus,2004, p. 261-281. MUNHOZ, Sidnei J osé; GONÇALVES, J. Henrique Rollo. Guerra Fr ia . In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (coord. ) et al . Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX . R io de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 417-419, 2004. MUNHOZ, Sidnei J. Guerra Fr ia . In: SILVA, Francisco Carlos T eixeira da (coord.) et al . Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX . Rio de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 417-419, 2004. MUNHOZ, S idnei J. Marshal l (Plano). In: S ILVA, Francisco Carlos T eixeira da (coord. ) et a l. Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX . R io de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 545 -547, 2004. MUNHOZ, Sidnei J. Guerra Fr ia Revis itada. In: Leituras da História. Ciência &Vida , São Paulo: Esca la , Ano I, n. 4, p. 48 -59, 2007. 29 MUNHOZ, Sidnei J. Para Além do Muro de Berlim e de outras Muralhas . In : Revista Espaço Acadêmico. Maringá: UEM, ANO IX, nº 102, Nov. p. 50 -61, 2009. MUNHOZ, Sidnei J . A Consti tuição do Império Estadunidense. In: SILVA Francisco Carlos Teixeira da et a l. (coords .). Impér ios na Histór ia . Rio de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 245-258, 2009. MUNHOZ, Sidnei J . ; BERTONHA, João Fabio. Impérios da Guerra Fria. In: SILVA Francisco T eixeira et a l. (coords. ) . Impér ios na Histór ia . Rio de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 319-330, 2009. NAPOLITANO, Marcos. Como Usar o Filme na Sala de Aula . 4. ed. São Paulo: Contexto, 2008. OS GRANDES EXPLORADORES. De Yuri Gagarin ao Telescópio Espacia l Hubble . Vol. 3, São Paulo: Larousse, p. 284-312, 2009. PEREIRA, Carlos Santos. Os Novos Muros da Europa. A expansão da Nato e as Oportunidades Perdidas do Pós -Guerra Fria. Lisboa : Cotovia, 2001. PORTANTIERO, J. C. O Marxismo Latino-Americano. In: HOBSBAWM, E. J. (org.). Histór ia do Marxismo. V. 11, R io de Janeiro: Paz e T erra, p.333-357, 1989. SANDE, Fabiana Negromonte. Japão e Ocupação Norte -Americana (1945 - 1952. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (coord. ) et al . Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX. Rio de Janeiro: Campus/ Elsevier , p. 493- 494, 2004. SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CANIELLI, Marlene. Ensinar História . São Paulo: Scip ione, 2004. SWIFT, John. The Palgrave Concise Historical Atlas of the Cold War . London: Palgrave Macmillan, 2003. SILVA, Francisco Carlos T eixeira da (coord. ) et a l . Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX. Rio de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 2-12, 2004. THOMPSON, Edward P. e outros. Exterminismo e Guerra Fr ia . São Paulo : Brasil iense, 1985. THOMPSON, Edward P. Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. VEIGA, Ilma Passos Alencastro; CARDOSO, Maria Helena Fernandes (Orgs.). Escola Fundamental: Currículo e Ensino. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995. VISENTINI, Paulo Fagundes . História Mundial Contemporânea. Brasíl ia : Funag, 2006. VISENTINI, Paulo G. Fagundes; PEREIRA, Ana lúcia Danilevicz. História do Mundo Contemporâneo. Petrópolis, RJ: Edit . Vozes, 2008. VIZENTINI, Paulo Fagundes. A Guerra Fr ia: o desafio socialista à ordem americana. Por to Alegre: Leitura XXI, 2004. VISENTINI, Paulo G. Fagundes; PECEQUILO, Crist ina Soreanu. Estados Unidos: o últ imo Império? In: SILVA, Francisco Carlos T eixeira et a l (coords. ) . Impér ios na Histór ia . Rio de Janei ro: Elsevier /Campus, p. 333- 345, 2009. WILLIAMS, W. Appleman. The tragedy of American diplomacy. New York: Delta Books : 1962. 30 DOCUMENTOS ELETRÔNICOS ARESHEV, Andrei. Ossétia do Sul: começou a Guerra . Disponível em: <http :/ / el istas.egrupos.net/ l ista/humboldt/archivo/ indice/9876/msg/10123/ >. Acesso em 10.10.08. BHADRAKUMAR, M. K. O fim da era pós Guerra Fria . Disponível em: <http :/ / el istas.egrupos.net/ l ista/humboldt/archivo/ indice/9896/msg/10144/ >. Acesso em 10.10.08. MUNHOZ, Sidnei J . Hiroximas e Nagasakis Nunca Mais: dos Cogumelos Nucleares às Rosas Radioativas . Disponível em: <http://www.geografiaparatodos.com.br/index .php?pag=sl114>. Acesso em 10.10.08. ZARPELÃO, Sandro Heleno. A Guerra do Golfo (1991), os Estados Unidos, a Doutrina Powell e a Guerra Fria. Disponível em: <http://www.novahistoria.com.br/artigos.html> Acesso em: 06.11.2009. MÚSICA CD Música : A Conquista do Espaço . Álbum O Melhor de Engenheiros do Hawaii . Tempo: 3m e 19s. Autor : Gess inger , Humberto. Prod. BMG. Ano 1986. Álbum MT V Especia l. Capital Inicia l. Aborto Elétr ico. Música: Fátima (Ataques nuclear) . Capital Inicia l. Tempo: 3m e 09s. Autor : F lavio Le mos e Renato Russo. Prod. Sony/BMG. Ano 2005. Sugestões de fontes: livros revistas, fi lmes, músicas e documentários, Sites. 1- LIVROS: ALPEROVITZ, Gar . Diplomacia Atômica: o Uso da Bomba Atômica. Rio de Janeiro: Bib liex/Saga, 1969. O compromisso deste l ivro é ofer ecer uma revisão detalhada da polít ica dos Estados Unidos e os fatos l igados a decisão de lançar as respect ivas bombas atômicas de urânio e de p lutônio, sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagazaki. O autor argumenta que há questões r emanesce ntes que podem lançar luz sobre o entendimento dos fatos r elacio nados a essa decisão e deixa claro que o l ivro não trata da polít ica soviét ica na época. CHURCHIL, Winston S. Memórias da Segunda Guerra Mundial. V. 2, 3. ed. , Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 2005. Este l ivro de memór ias assume a expos ição do pensamento Ocidenta l inglês sobre o per íodo da Segunda Guerra Mundial. Relata o ataqu e japonês a Pear l Harbor; as alianças com a U.R.S.S. e com os E.U.A.; descreve o século XX e tece cons iderações sobre os desdobramentos do mundo pós-Segunda Guerra. GRANDES GUERRAS. Tudo de Novo no Front. 1945. Especial 70 anos da Segunda Guerra . São Paulo: Ed. Abr il, Edição 31, Out, 2009. http://elistas.egrupos.net/lista/humboldt/archivo/indice/9876/msg/10123/ http://elistas.egrupos.net/lista/humboldt/archivo/indice/9896/msg/10144/ 31 A revista apresenta uma visão do poder destrutivo dos avanços na área de armamentos militar es. Centraliza cr it icas ao uso da bomba atômica e adver te para as lições deixadas pelos ataques e bombardeios a Hiroxima e Nagazaki. Inscreve debates sobre a Segunda Guerra Mundia l; o programa nuclear Nazista; estadunidense; soviét ico; o pós -Segunda Guerra Mundial; as disputas pela hegemonia nuclea r ; entre a União Soviét ica e os Estados Unidos e a per igosa aproximação de um conflito total durant e a Guerra Fr ia . Discute os programas de produção da bomba em vár ios países, e localiza em um mapa: pa íses d eclaradamente detentores de bombas nucleares; países que poss ivelmente possuem programas nucleares militar es; países com capacidade para produzir bombas nucleares em poucos meses, caso necess item. Pesquisas no camp o aeroespacial e o desenvolvimento de s ist ema antimíss il capaz de proteger terr itór ios continentais de ataques com mísseis ba líst icos fazem par te das temát icas deste exemplar , que apesar de ter cunho jornalíst ico apresenta r icas informações estruturadas. HOBSBAWM, Er ic. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914 -1991 . São Paulo: Companhia das Letras, 1996. Nessa obra é poss ível a interpretação ent re o pr imeiro Sarajevo, os quarenta anos que encenam a I Guerra Mundia l, a II G. Mundial, as cr ises econômicas; e o ú l t imo Sarajevo, os conflitos étnicos e separatistas; a atuação de organismos polít icos internaciona i s em f ins da década de 1980. O autor faz cons iderações sobre o s istema polít ico econômico daUnião Soviét ica, um viés de alternativa dissonante e contraposto ao capita lismo ocidental. Estuda os traços do per íodo Nazi- fascista respondendo ao estado de cr ise das democ racias l ibera is. Apresenta-se a aliança temporár ia entr e capitalismo liberal e comunismo para obter a vitór ia sobre a Alemanha de Hit ler . HOLLOWAY, David. Stalin e a Bomba. Rio de Janeiro: Record, 1997. Esse l ivro inicia a centralização do tema indicando que durante 40 anos a corr ida armament ista nuclear entr e soviét icos e estadunidenses dominou a polít ica mundial; e nos r emete ao fato de a inst itu ição nuclear soviét ica sempre ter s ido uma incógnita . Com o f im da Guerra Fr ia e o colapso da União Soviét ica muda o quadro s ituaciona l e este estudo é poss ível . Descreve o programa atômico lançado por S talin, após o bombardeio de Hiroxima e Nagazaki; mostra como a informação no campo da ciênci a nuclear atômica passada por Klaus Fuchs (1911-1988) ajudou na cr iação da bomba atômica soviét ica. Enumera medidas tomadas por Stalin para reagir a polít ica atômica dos Estados Unidos. Relata o per íodo que s e seguiu a morte de Stalin, quando cient istas soviét icos argumentaram qu e uma guerra nuclear poder ia acabar com a vida sobre a terra . Entra no debate do legado de programas atômicos nos dias atuais e propagações de arsenal de armas no mundo. MUNHOZ, S idnei J. Guerra Fr ia: um debate interpretativo in: TE IXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos (org). O Século Sombrio . Rio de Janeiro : Elsevier /Campus, 2004, p. 261-281. Escr itos inovadores no que diz r espeito à produção histor iográf ica e as discussões da Guerra Fr ia . Possib il ita entender o debate estabelecido pelas pr incipais matr izes histor iográf icas : or todoxia estadunidense, histór ia of icia l ou or todoxia soviét ica, revis ionismo, pós -r evisionismo e escola corporativista . Perfi la a concei tuação de Guerra Fr ia . Apresentando a or igem, sua dinâmica, busca levantar ref lexões sobr e 32 signif icado, as l ições e possib il idades de aplicações conceituais , per iodizações desenvolvidas para o estudo do per íodo, 1946 -1991, mas lançando luz também, nos conflitos do início do século XXI. MUNHOZ, Sidnei J. Guerra Fr ia . In: TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos (org.). Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX . R io de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 417 -419, 2004. MUNHOZ, Sidnei J. Marshal l (P lano). In: TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos (org.). Enciclopédia de Guerras e Revoluções d o século XX . Rio de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 545 -547, 2004. Estes verbetes discorrem a respeito da Guerra Fr ia , como o próprio t ítu lo nos informa, mune cada um dos que tenham acesso a eles , de u m aprofundamento capaz de superar pos icionamentos maniqueí stas de luta do bem contra o ma l. Há uma per iodização constru ída na exposição do processo histór ico. Persegue-se um diá logo com a produção r ecente no campo das discussões sobre a Guerra Fr ia e o mundo contemporâneo. MUNHOZ, Sidnei J. Guerra Fr ia Revis itada . In: Leituras da História. Ciência &Vida , São Paulo: Esca la , Ano I, n. 4, p. 48 -59, 2007. Este ar t igo apresenta harmon ia de composição textua l com o uso de imagens signif icat ivas do processo def inido pela expressão Guerra Fr ia , suscitando lembranças de f iguras, ícones consolidados no imaginár io da sociedade contemporânea. I lustrações, r eferências e o texto têm u m recado cer to. Não compactuar com visões cr istalizadas, estanques, mas perceber as viciss itudes de que se r eveste o per íodo. O estudo r ealiza o escopo de uma discussão bem ta lhada. Factual quando necessár ia , dinâmica quando se trata de obedecer à concretização de uma linha de raciocínio que preza pela não homogeneização do processo. OS GRANDES EXPLORADORES. De Yuri Gagarin ao Telescópio Espacia l Hubble . Vol. 3, São Paulo: Larousse, p. 284-312, 2009. Este mater ia l apresenta uma descr ição extensa do domínio do homem na exploração do espaço. C obre a supremacia da União Soviét ica na aventura pelo domínio espacial. Indica que os soviét icos lançaram, no dia 4 de outubro de 1957, o pr imeiro sat élit e ar t if ic ial, Sputnik, abr indo a era da exploração espacia l. Faz uma cobertura das explorações oceânicas, abismos e cavidades subterrâneas, desenvolvidas pelos Estados Unidos e França. Relata o empenho dos EUA na conquista da lua em 1969; e em paralelo, o projeto da URSS de estabelecer uma estação espacial . Com este projeto r ea liza-se a exper iência de ser ou não poss ível, o homem viver longamente no espaço. Capítulo a parte descreve as aventuras do homem pelo universo, a través do potente telescópio Hubble. A seguir , enumera outros instrumentos espacia is lançados ao espaço, como o satélit e de astronomia XMM-Newton, da Agência Espacial Europ éia ; depois, em 2002, o satélit e de astronomia gama Integral; e, em ma io de 2009, o satélit e de astronomia infravermelho Herschel. O mater ia l escr it o e imagens levantam informações , sobre as explorações inicia is e o atua l estágio a util izar sondas espacia is na exploração do universo. VALIM , Alexandre Busko. “Os Marcianos Estão chegando!” : as diver t idas e imprudentes r einvenções de um ataque alienígena no cinema e radio. In : Revista Diá logos, DHI \PPH\UEM, v. 9, nº 3, p. 185-208, 2005. 33 Esse ar t igo expõe uma análise inspirada no l ivro “A Guerra dos Mundos”, escr ito por H. G. Wells (1866-1946) e publicado em 1898 na Inglaterra . Aprofunda a discussão, inscr evendo as leituras dramatizadas radiofônicas, realizadas pelo jovem ator Orson Welles (1915 -1985) nos Estados Unidos, no dia das bruxas, 30 de outubro de 1938 e outras que s e somaram como a de Lisboa -Portugal, as de Caratinga -MG e São Luís- MA, no Brasil. Debate imper ialismo e os enfrentamentos da Guerra Fr ia , encenados no Filme de 1953, “A Guerra dos Mundos”, de Byron Haskin (1899-1984) e as sugestões de analogias entre as ações terror is tas e os ataques alienígenas no f ilme “A Guerra dos Mundos”, produzido em 2005 e dir igido por Steven Spielberg (1946 -). 2- DOCUMENTÁRIOS: DOCUMENTÁRIO SUPERINTERESSANTE. A Ciência e a Suástica: Mentes brilhantes a serviço de Hitler. Nazistas no Espaço . Filme 3, Vol. 2. Legenda em Português. 48 min. Distribuição: Superinteressante-Abril Ed., 2008. Há dramatização e apresentação de imagens relacionadas às participações de cientistas, físicos Nazistas, como a exemplo, Wernher Von Braun no Programa Espacial dos Estados Unidos. Descreve estágios de pesquisas realizadas em campos de concentração ligados ao domínio da sobrevivência em situações simuladoras da ausência de gravidade e oxigênio. DOCUMENTÁRIO BBC Corrida Espacial. Corrida por Foguetes . A História não revelada . Vol. 1, Episódio 1. Legenda em Português. 50 min. Distribuição: 2 Entertain Vídeo ltd. , 2008. A narração tematiza a Guerra Fria e as disputas na produção de foguetes pelo EUA e URSS. De um lado está o ex-nazista Wernher Von Braun, recrutado pelo EUA; e de outro, o soviético Sergei Korolev, A tônica de ação revela a competição entre estas nações. Ed. 2008. DOCUMENTÁRIO BBC Corrida Espacial. Corrida por Satélites. A História não revelada . Vol. 1, Episódio 2 . Legenda em Português. 50 min. Distribuição: 2 Entertain Vídeo ltd. A narração dos fatos inscreve a corrida pelo lançamento de satélites durante a guerra fria e as disputas na produção de foguetes pela URSS e EUA. Ed. 2008. DOCUMENTÁRIO BBC Corrida Espacial. Corrida para a Lua. A História não revelada . Vol. 2, Episódio 4. Legenda em Português. 60 min. Distribuição: 2