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GUERRA FRIA: PERSPECTIVAS DA HISTÓRIA E DO ENSINO

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GUERRA FRIA: PERSPECTIVAS DA HISTÓRIA E DO ENSINO 
 
Neide de Paiva Vieira
1
 (SEED-PR) 
neideviera@hotmail.com 
Sidnei José Munhoz
2
 (UEM) 
sidneimunhoz@uol.com 
Resumo. Este artigo apresenta centralmente a discussão e o desenvolvimento de um estudo 
acerca da Guerra Fria. Nele, optou-se por definir como recorte temporal o período demarcado 
pela Détente (1969-1979), ao priorizar a problematização da produção historiográfica e buscar 
relacionar os conceitos ligados ao estudo da Guerra Fria às linguagens da história como a 
música, o cinema e a charge, por exemplo. Como resultado tem-se o exercício do diálogo com a 
produção do conhecimento, já avaliada, como capaz de estabelecer uma forma provocativa de 
ensino-aprendizagem. Surge em consonância com um conjunto maior de discussão a que 
estamos nos dedicando nos grupos de estudos vinculados ao Laboratório do Tempo Presente da 
UEM, e responde à proposta de elaboração definida pelo Programa de Desenvolvimento 
Educacional do Estado (PDE) do Paraná. 
PALAVRAS-CHAVE: Guerra Fria, Détente, História, Ensino-aprendizagem, Muro de Berlim. 
Abstract: This article centralizes the discussion and development of a study regarding the Cold 
War. It was decided to set as the approach time period marked as Détente (1969-1979), by 
prioritizing the questioning of historical production, it seeks to relate concepts connected to the 
study of the Cold War to the languages of history suchs as music, movies, the cartoons, for 
example. As a result there is the exercise of dialogue with the production of knowledge, already 
assessed as able to establish a provocative way of teaching-learning. It comes up as part of a 
larger discussion that we are dedicating in the Laboratory of the Present Time of UEM, and 
responds to the elaboration proposal set up by the Program of the Educational Development 
(PDE) of Paraná state. 
KEYWORDS: The Cold War, Détente, History, Teaching-learning, Berlin Wall. 
 
1 – Introdução: o tema Guerra Fria. 
As mediações realizadas em sala de aula incidem sobre os 
processos cognit ivos de apropr iação de conhecimentos e de modos de 
pensar dos nossos alunos e, porque não dizer, de nós pro fessores. 
Nesse sent ido, const ituir leituras e int erpretações “possibilita a 
reconciliação da história viv ida com a histór ia conhecimento ” 
(FONSECA, 2003, p. 123-124). Para essa reconciliação na prát ica de 
 
1 Especialista em História Social do Trabalho, professora de história do CEEBJA Manoel 
Rodrigues da Silva, escola de jovens e adultos da rede estadual de Ensino do Estado do 
Paraná, Núcleo Regional de Maringá. 
2 Professor Dr. da área de História Contemporânea na Universidade Estadual de Maringá 
(UEM), do Programa de Pós-Graduação em História (UEM), do Programa de Pós -
Graduação em História Comparada (UFRJ) e do Consórcio Programa Rio de Janeiro de 
Estudos de Relações Internacionais, Segurança e Defesa Nacional (CPRJ-Prodefesa). 
mailto:neideviera@hotmail.com
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ensino acontecer, é preciso reconhecer a necessidade de apro fundamentos 
e contato com as mais var iadas fontes, que em lugar de respostas prontas 
e acabadas, despertem no aluno(a), pela mediação do professor(a), uma 
dialét ica de seleção e uso de documentos da qual também o(a) aluno(a) 
pode part icipar. Assim, promove-se um caminho em duas vias que se 
nutrem mutuamente: do professor(a) para o aluno(a), e do aluno(a) para o 
professor(a), rumo à renovação constante do ato de conhecer e apropr iar -
se do entendimento das relações humanas em diferentes épocas, e ao 
objeto de nossa pesquisa: a Guerra Fr ia. 
Compor o texto levou-nos à tarefa de art icular a compreensão 
sobre as segu intes indagações: Como realizar a abordagem da temát ica 
Guerra Fr ia? Qual a delimit ação temporal que podemos estabelecer para 
este processo histór ico? Quais as configurações de tensões e 
enfrentamentos ocorridos no per íodo pós-Segunda Guerra Mundial? 
Assim, a revisão do saber acabou por perfilar os possíve is usos de 
est ratégias de ensino para o recorte histórico proposto , em diálogo com o 
mater ial escr ito pela academia , dando forma ao estudo aqui enunciado . 
 
2- A Abordagem ao Tema Guerra Fria: Dimensionar Termos. 
O(a) pro fessor(a) pode t rabalhar pr imeiro, com os jogos de 
palavras. A expressão metafór ica , “Guerra Fr ia”; e também os 
personagens históricos que aparecem nos confrontos indiretos a envo lver 
o Bloco Soviét ico e o Bloco Ocidental, no per íodo pós-Segunda Guerra 
Mundia l. A termino logia “Guerra Quente”, em oposição a “Guerra Fr ia” 
encaminha a lhures, para um campo razoável de debates. Nesse ponto, 
também é possível estender as at ividades em sala de aula, para o 
Ambiente Informat izado. Os estudantes poderão buscar em sites, 
sobretudo, imagens que representem uma visão global da temát ica 
daquele momento histór ico , para compor a análise e a dinâmica de seus 
estudos. 
Contudo, qualquer mediação ou intervenção do professor(a) 
deve ser cuidadosa para evitar que sua própria int erpretação ou visão 
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seja imposta. Embora tenha a obr igação de corr igir erros ou conclusões 
que não tenham só lido amparo em evidências documentais , deve 
est imular a autonomia do(a)s aluno(a)s para que ele(a)s sejam os 
próprios construtores dos conhecimentos adquir idos . Nesse processo, 
tem-se por objet ivo levar o(a) aluno(a) a alcançar a condição de sujeito 
da aprendizagem, em uma disposição de assimilação capaz de superar a 
memorização seqüencia l de datas, fatos e eventos . Além disso, pretende-
se incent ivar o(a) estudante a buscar conteúdos a favor da conquista de 
um estágio de compreensão do processo histór ico , em que a sua 
percepção das contradições o(a) leve a problemat izar os temas abordados 
em um movimento renovado de diálo go com o conhecimento histórico. 
Desenvo lve-se, assim, “uma prát ica pedagógica reflexiva, cr it ica e 
cr iadora” (VEIGA, 1995, p. 90) . 
 
3- Linguagens históricas: Algumas considerações prévias. 
Durante o processo ensino -aprendizagem, o ideal é que o 
professor(a) problemat ize com os aluno(a)s a produção histor iográfica. 
Ut ilize as vár ias linguagens da Histór ia, como: a música, o cinema, 
histór ias em quadr inhos, charges, imprensa, entre outros. Muito 
provavelmente o (a)s aluno(a)s mot ivados pelo debate sa irão em busca de 
revistas, filmes, documentár ios, etc.; encontrarão mater iais que de 
alguma forma tenham ligação total ou parcial com o tema proposto . 
Na análise de imagens, das fotografias, dos filmes, 
documentár ios, literatura, ilust rações, sob a forma de charges, histórias 
em quadr inhos, e mesmo os escr itos his toriográficos, etc. precisamos, 
juntamente com nossos alunos e alunas, assumir uma perspect iva de que 
tais regist ros são representações, e não retratos, ou reflexos da realidade . 
Para nós possuem prerrogat ivas de documentos, mas não 
representam um reg ist ro neutro do passado, como afirma o histor iador 
francês Jacques Le Goff (1992, p. 102), “o documento não é inócuo. É 
antes de tudo o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, 
da história, da época, da sociedade que o produziu [. . .] ”; portanto, os 
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documentos, em qualquer formato; - ilust ração, o filme e outros - , são 
sempre produtos da sociedade que os for jou, expressando, sobretudo , as 
relações sociais dos homens, daquele momento histór ico. É preciso 
observá- los em suas múlt ip las funções. São formas de expressão, 
inst rumentos para a análise. 
A poesia, o filme, a let ra de uma música, representam cada um 
deles uma totalidade art íst ica, mas não o real. É recomendável o 
concurso e a manutenção de aproximações com outras fontes 
documentais. Esses recursos(poesias, filmes, etc.) podem apresentar 
fissuras e lacunas. Possuem limit es devido ao fato de muit as vezes, 
afastarem-se da realidade, para est ruturar a compreensão que o autor , 
vivendo em uma dada sit uação, pret ende enfat izar. Dito de outra forma: 
“a histór ia tem como objeto a própr ia realidade em diferentes tempos e 
espaços” (FONSECA, 2003, p. 167). A gar impagem das evidências 
precisa munir-se de um instrumental de análise que apresente como únic o 
compromisso , a recuperação de diferentes perspect ivas , que lancem luz 
sobre fatos ainda pouco elucidados. 
Marc Bloch em Apologia da História: o Of ício do Historiador , 
referencia (demarca, indica) como salutar para a análise de uma 
sociedade, conduzir os estudos, com o auxílio de uma dupla linguagem, a 
da época estudada, mas ao mesmo tempo recomenda o emprego do 
aparato verbal e conceitual da disc iplina histór ica do tempo presente do 
histor iador . Para o renomado histor iador, “Est imar que a nomenclatura 
dos documentos pudesse bastar completamente para fixar o nosso 
conceitual é o mesmo que aceitar que eles t razem a análise toda pronta ” . 
(2001, p.30). 
Assim, quando analisamos imagens, por exemplo, temos alguns 
pontos a considerar: a) A imagem por s i só não r ecupera a realidade. Ela 
permit e, para quem assiste, observa ou mesmo lê, uma associação de 
imagens que podem receber ainda, novas contribuições de outros meios 
para a ampliação de entendimento . b) O recorte promovido na 
composição de uma imagem, de um filme, etc. remete a uma linguagem 
codificada. Um formato oferecido e que surge como documento. Em 
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realidade, corresponde a uma das possibilidades de enquadramento da 
produção. c) Não dá para separar a produção d e uma linguagem, como a 
car icatura, a música, ou um filme, das condições histór icas em que fo i 
produzida. d) As perguntas a se fazer giram em torno de: em que 
contexto fo i produzido (a), por que está representado(a) daquela forma, o 
que está sendo representado , e o que deixou de ser representado . 
Vamos, a exemplo, realizar uma aproximação de análise à let ra da 
música “Conquista do Espaço” que pode ser ut ilizada neste estudo, 
indubitavelmente, devido a apresentar alguns elemento s para a discussão 
de um dos per íodos da Guerra Fr ia : a Détente (1969-1979). 
Cinco, quatro, três, dois, um! 
 Costas quentes (sempre em frente). 
 Frente fria (sempre em frente) . 
Sangue quente (sempre em frente) . 
 [. . . ] 
Passo a passo à eternidade , 
Um passo em falso: a cara no chão. 
 Um grande passo pra humanidade. 
 Um pequeno veneno pra cada um de nós. 
 - Lá do alto deve ser bonito! 
 - Aqui de cima é muito legal. . . 
 - No asfalto meus tênis derretem! 
 Aqui em cima nem frio nem calor . 
 [. . . ] 
(Música: Conquista do Espaço. Engenheiros do 
Ha wai i . Tempo: 3m e 19s. Autor GESSINGER, 
Hum ber to. Prod. BMG. Ano 1986 ). 
 
Com a música acima, podemos s ituar o debate e na esteira dos 
recursos de imagem, perfilar o significado da míd ia para entender o que 
pensavam as pessoas, a população que viveu nesse contexto e per íodo 
entre 1947 e 1989-1991. Datas que demarcam respect ivamente, o início 
da Guerra Fr ia, o processo de desint egração do mundo soviét ico e da 
bipo lar ização do conflito entre o Leste e Oeste do planeta . Capit alismo e 
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comunismo; Bloco Ocidental, representado pelos Estados Unidos, em 
oposição o Bloco Soviét ico , representado pela URSS. 
A contagem regressiva representa a corrida espacial, e nos remete 
ao per íodo da Détente (1969-1979) ; e ao terreno das disputas entre as 
potências antagônicas, Estados Unidos e União Soviét ica, que parecem 
chamar o oponente a alçar domínios e enfrentame ntos para além das 
nuvens: o espaço. 
A chegada do homem à lua em 1969 representa uma significat iva 
conquista, especialmente no campo da propaganda para os Estados 
Unidos. Estar na dianteira das viagens espaciais, confer iu à potência 
Ocidental, legit imidade t rabalhada exaust ivamente com os recursos 
múlt ip los de imagens à sua disposição. Revistas, fotos, f ilmes 
representaram, em cenas estandardizadas, vinhetas diversas , que até 
ho je, rememoram o fato. A memória da superação de desafios no campo 
das produções de avanços rumo às viagens espaciais era e cont inua sendo 
copiosamente revisit ada. Tecida na data em que aconteceu, ela é 
per iodicamente reedit ada em consonância com o Tempo Presente . A idéia 
do domínio tecno lógico estadunidense passa a ser um pensamento 
inquest ionável, a ser mant ido. Reforça-se a capacidade de defesa que as 
ações governamentais, as pesquisas nucleares, os invest imentos em 
produção de novas tecno logias, os armamentos, confer iam (ao menos em 
tese) no sent ido de proporcionar a segurança ao cidadão estadunidense e 
ao chamado mundo Ocidental por extensão. 
Na disputa, a vantagem que a União Soviét ica havia conseguido 
na corr ida espacial no fina l da década de 1950 e iníc io da de 1960 fora 
suplantada. Dito de outra forma: esse era o pensamento qu e se quer ia 
impr imir na mente da população do planeta. O pensamento que dever ia 
espraiar pelo mundo. 
Nos embates da Guerra Fr ia, fossem eles no campo armament ista, 
fo ssem no campo econômico, os EUA conseguiram manter a enorme 
dianteira frente à URSS. Essa dianteira era resultado de um longo 
processo histór ico somado à destruição da maior parte da infra-est rutura 
industr ial soviét ica pelas forças invasoras durante a Segunda Guerra 
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Mundia l. Mesmo com índices de crescimento econômico super iores aos 
EUA nos anos que sucederam ao fim da Segunda Guerra Mundial, a 
URSS ainda estava muito distante dos patamares de produção dos EUA. 
Apesar disso, houve uma área específica em que a URSS consegu iu por 
algum tempo manter razoável vantagem sobre os EUA: a corr ida 
espacial. 
Em 1957, a União Soviét ica saiu na dianteira da corr ida espacial. 
Lançou o satélite Sputnik ao espaço. Depois, Yur i Gagar in de u a vo lta 
em redor da terra em abr il de 1961, a bordo da cápsula espacia l Vostok. 
Revelou ao mundo, uma informação, até então desconhecida: a terra é 
uma imensa “esfera” azul. Mas o final da década de 1960 t raz uma 
configuração em que os Estados Unidos ult rapassam o estágio de 
domínio tecno lógico da União Soviét ica. Assim, a URSS era comumente 
vista por muitos no ocidente como uma ameaça real, a rondar e co locar 
em r isco os valores, a posição de liderança dos EUA e a estabilidade do 
chamado Mundo Ocidental. Em 1969, durante o governo de Richard 
Nixon(1969-1974), os ast ronautas estadunidenses chegaram à lua 
desencadeando a maior aud iência da história dos meios de comunicação 
até então, est imada em aproximadamente 600 milhões de telespectadores . 
Nas densas proposições de ações, tanto da potência Ocidenta l 
quanto da Oriental, e dos pa íses que gravitavam em torno das suas 
respect ivas órbit as, estava o firme entendimento de que a capacidade 
cient ífica de um país era a medida de seu progresso e poder. 
Durante a Guerra Fr ia havia aproximações e arrefecimentos nos 
contatos entre a União Soviét ica e o chamado mundo Ocidental, liderado 
pelos Estados Unidos. Constantemente retoma-se a divulgação de 
parâmetros de acertos, acordos, controle de arsenais militares e da 
produção de armas. 
Tais arrefecimentos e compreensões não estavam, todavia, 
rest r itos aos EUA e a URSS, tampouco aos círcu los diplomát icos, ou 
negociações econômicas e às po lít icas int ernacionais. Veja o que indica acitação abaixo. 
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[. . . ] a imagem que o cidadão mediano possuía do 
conflito, de uma forma gera l, estava associada às 
mensagens veiculadas pela grande imprensa , aos fi l mes , 
as canções, as histór ias em quadrinhos e a outros meios 
que produziam imagens extr emamente ideologizadas e 
ester eot ipadas do confronto [. . . ] ta is fontes [ . . . ] têm sido 
reconhecidas como de grande r elevância para o estudo 
dos efeitos gerados pela Guerra Fr ia ao longo do século 
XX (MUNHOZ, 2004, p. 275) . 
 
Retornando à música, é percept ível que a let ra da canção da 
banda Engenheiros do Hawaii refere-se à famosa frase pronunciada por 
Armstrong, quando da chegada do módulo lunar Eagle (Águia) e da nave 
espacial Apo llo 11, à lua.
3
 Dessa forma, pode ajudar o (a) aluno(a) a 
conceber uma melhor afer ição do significado da construção de imagens 
que a agência National Aeronautics and Space Administration (Nasa) 
estabeleceu ao disseminar pelo mundo informações cuidadosamente 
esco lhidas. 
A frase “no asfalto meus tênis derretem”, parece querer fazer o 
sujeito retornar a realidade. Descreve um pensamento comparat ivo entre 
o dia-a-dia de labutas do t rabalho e, ao mesmo tempo, a exper iência 
fís ica de se mover no espaço , sem a força gravitaciona l. O(a) 
professor(a) pode t rabalhar aqui com o exercíc io da cur iosidade, 
convocar a imaginação, a intu ição do (a) aluno(a) para que chegue a 
possíveis explicações de valores e sent imentos desse tempo passado 
(décadas de 1960-70). Assim, será possíve l est imular o(a) aluno(a) à 
busca do entendimento de que os “pontos de part ida do passado não 
serão os mesmos que aqueles feitos a part ir da sua própr ia posição.” 
(LEE, 2003, p. 33) 
O essencia l é que o aluno (a) perceba as diferentes int erpret ações 
sobre a temát ica, compare aquilo que selecionou para análise, com outras 
imagens como as dos filmes e charges. Muitas vezes, são ilust rações 
reproduzidas, pensadas, em momentos diferentes e até mesmo, 
 
3 Com base nos versos da canção, a informação a respeito de quem teria dito a famosa 
frase: “Um pequeno passo para um homem, um grande passo para a humanidade”; pode ser 
uma atividade de pesquisa nas enciclopédias e sites da internet , caso o professor(a) opte 
por esta atividade no aprofundamento de estudo. 
9 
 
posteriores ao fato. Dessa forma, o acesso a elas auxilia e se faz 
necessár io para levar o (a) aluno(a) a estabelecer relações histór icas entre 
permanências e mudanças. Assim, buscamos a possibilidade de o aluno , 
ao adquir ir maior domínio e ampliar sua capacidade de análise, ser capaz 
de resignificar o papel, por exemplo, dos personagens e de suas atuações. 
Há informações instantâneas que chegam ao público em geral, ao assist ir 
a telejornais, ler revistas e jornais . O aluno e a aluna, com pouco acesso 
ou mesmo possuindo leituras diversas , precisa submetê- las ao crivo do 
processo comparat ivo, que valide ou não, a sua veracidade, frente a 
novas evidências e aos documentos a que tem acesso em seus estudos . 
 
 
4 - O lugar, e uma periodização enunciam o debate. 
Há autores que se dedicam à análise dos meandros de ste tema. 
Estabelecem delimitação de per íodos int ernos ao processo histórico da 
Guerra Fr ia. A produção historiográfica relacionada a esse campo de 
estudos tem recebido contr ibuições que auxiliam sobremaneira , o 
entendimento das po lít icas externas das pr incipais nações do planeta 
ver ificadas nos últ imos 60 anos. 
A queda do Muro de Ber lim (1989) e o processo de desagregação 
do mundo soviét ico , décadas de 1970 a 1990, marcaram pro fundamente a 
histór ia recente da humanidade. E ntretanto, muitos a inda ao verem 
filmes, revist as comemorat ivas, documentár ios, como a exemplo, as 
recentes edições que celebram os 50 anos da Nasa
4
 ou os 20 anos do fim 
dos regimes pró-soviét icos na Europa Oriental pedem informações, 
debatem e perguntam: O que fo i? Quando começou? Como t erminou a 
Guerra Fr ia? Para a maior ia dos estudiosos do tema, a Guerra Fr ia, como 
a que exist iu entre o final da II Guerra Mundia l (1939 -1945) e a cr ise 
dos regimes de economia planificada (1989 -1991), não mais existe. No 
 
4 Entre estes materiais editados estão o DOCUMENTÁRIO NASA 50 anos de Missões 
Espaciais. Discovery Channel. Disco 1 e 2. Filme 1: Projeto Mercury; Filme 2: Projeto 
Gemini; Filme 3: Projeto Apollo; Filme 4: Exploradores da Lua; Filme 5: Ônibus 
Espacial; Filme 6: Passeios em Órbita . Legenda em Português. Distr ibuição: Discovery 
Communications, LLC e Editora Abril-Superinteressante, 2009. 
10 
 
entanto, se podemos nos at rever a fechar ou a delimitar um per íodo de 
análise, entre os anos de 1947-1991, para o estudo da Guerra Fr ia; o 
mesmo não se pode fazer com o conce ito. O conceito não está fechado. 
Merece novas incursões, po is vêm ganhando novos significados . E m 
subst ituição ao ant igo conflito Leste-Oeste (cap italismo versus 
comunismo), surgem novos inimigos no campo das just ificat ivas para as 
ações estadunidenses. Ho je alguns mencionam uma nova Guerra Fr ia a 
envo lver o Norte e o Sul; outros falam de uma nova Guerra Fr ia . 
A revisão do tema cobra do histor iador uma análise cr it er iosa do 
cenár io geopolít ico global nos anos da Guerra Fr ia , e demanda a 
compreensão dos interesses em disputa e dos projetos de hegemonia das 
duas superpotências globais. Nesse aspecto é importante observar mos 
que a Guerra Fr ia não fo i um processo estát ico. Os atores nela 
envo lvidos não se comportaram de maneira uniforme. Assim, é possíve l 
delinear a existência de fases nas quais se pode detectar um certo padrão 
de comportamento dos pr incipais contendores. Fred Halliday, em The 
Second Cold War (1983), com muita propriedade vis lumbra esse padrão e 
estabelece uma leitura bastante oportuna dos diferentes per íodos do 
conflito , dos fatos e das disposições de intermediações e negociações , 
em meio às tensões da chamada Guerra Fria, ou construção do mundo sob 
int ensa r ivalidade. 
A per iodização de Halliday nos indica a seguint e disposição de 
fases: Pr imeira Guerra Fr ia (1946-1953), Período de Antagonismo 
Oscilatór io (1953-1969), Détente (1969-1979) e a Segunda Guerra Fr ia 
(após 1979). Como est e autor chega à leitura estabelecendo estes 
limit es? Os fatos que demarcar iam campos temporais com rupturas. Para 
Halliday, a morte de Joseph Stalin em 1953 e a eleição de Dwight 
Eisenhower (Part ido Republicano), que passa a ocupa r a cadeira de 
presidente estadunidense, na Casa Branca. O per íodo subseqüente fo i 
marcado pela aproximação de ambos os lados, quebrada per iodicamente 
pela emergência de conflitos como a invasão da Hungr ia por tropas do 
Pacto de Varsóvia (1956), a Revo lução Cubana (1959), a derrubada de 
um avião de espionagem estadunidense (U-2), que invadiu o espaço aéreo 
11 
 
soviét ico (1960), as tentat ivas de invasão estadunidense à Baia dos 
Porcos que levou a cr ise dos mísseis cubanos, em outubro de1962; esses 
fatos, cada um a seu tempo, criaram novos impasses. 
 A exposição das idéias, deste ponto para frente centra-se nesse 
eixo da divisão dos per íodos da Guerra fr ia. O foco temát ico ele ito va i 
gradat ivamente, assumindo a forma abaixo ; e se fechando na Détente 
(1969-1979), ainda que para dar atenção a alguns fatos, realize recuos, 
necessár ios à compreensão do processo histórico . 
 
 5 - A Détente. 
 No contexto da Guerra Fr ia, a Détente corresponde a um per íodo 
em que, EUA e URSS buscaram o relaxamento das tensões e firmaram 
acordos para a redução e o contro le de armamentos. Esta fase da Guerra 
Fr iafo i marcada por relações que comportavam tanto a cooperação 
quanto a compet ição. 
Qual o significado do termo Détente? A Palavra tem procedência 
francesa, e é ut ilizada na diplomacia para denominar a distensão polít ica 
entre Estados. Na década de 1960, o termo fo i empregado por Char les de 
Gaulle (1890-1970) ao se refer ir ao relaxamento ocorrido nas tensões 
entre a França e a URSS. Logo, foi tomado para denominar a 
aproximação nas relações entre os EUA e a URSS. Por fim, Détente fo i 
empregada para definir a distensão entre os blocos Soviét ico e Ocidenta l 
(MUNHOZ; GONÇALVES, 2004, p. 217). 
Tanto no campo estadunidense quanto no soviét ico não foram 
poucos os obstáculos à execução das po l ít icas de distensão. 
Pr incipalmente nos EUA, a oposição acusava o governo de efetuar 
concessões inaceit áveis e procurava convencer a opinião pública que elas 
poder iam levar ao fortalec imento e ao encorajamento do adversár io. Na 
União soviét ica, as tensões no campo das e lites foram menores. Porém, 
diss identes que apo iavam à Détente afirmavam que ela não implicou na 
expansão das liberdades democrát icas no país. 
12 
 
Durante a fase da Détente, apesar da cr iação de canais de 
comunicação e da busca do diálogo entre a s partes em conflito , houve o 
acirramento dos ânimos em diferentes momentos, demonstrando um 
quadro dessas disposições e proposições marcado por avanços e recuos, 
acertos e desacertos entre os blocos. 
Assumindo a perspect iva de pr ior izarmos fatos que ajud em a 
entender as formulações de enfrentamentos, recuos de disposições e 
int enções po lít icas, foquemos nossa atenção em um per íodo de 
entranhados conflitos: o início da década de 1960. De in ício , 
sublinhamos as caracter íst icas paradoxais d a chamada fase de equilíbr io 
oscilatór io compreendida entre 1953 e 1969 que comportava per íodos de 
grande estabilidade int ercalado s por momentos de real r isco de um 
confronto entre as duas superpotências. 
Em 13 de agosto de 1961, mais precisamente, nos limit es 
temporais ent re a no ite de 12 de agosto e a madrugada do dia 13 de 
agosto; na capital da Alemanha Oriental (RDA) , começava a ser 
construído o Muro de Ber lim, símbo lo da divisão da Europa e do mundo 
em blocos antagônicos durante esse per íodo da Guerra Fr ia. 
[. . . ] unida des da P olícia Civil e do Exército Naciona l da 
RDA (República Democrática Alemã ), levantaram cercas 
de arame farpado entr e o setor soviét ico e os três setores 
ocidentais de Ber lim (45 km de compr imentos norte-sul), 
separando Ber lim Orienta l e Ber lim Ocidenta l, assim 
como ao r edor de toda Ber lim Ocidenta l, separando -a do 
resto da RDA (120 km). Alguns dias depois, essas 
instalações provisór ias foram subst itu ídas por um muro 
de concreto intransponível, e que f icou conhecido pelo 
nome de „Muro de Ber lim‟. (FROTSCHER, 2004, p.595) 
O objet ivo da elevação dessa barreira entre os setores: impedir a 
passagem de alemães do Leste par a o Oeste de Ber lim. O lado Oeste , sob 
o controle Ocidental desde o per íodo pós-Segunda Guerra Mundia l, 
marcado pela capitulação e derrota do nazifacismo na Europa, difundiu 
os valores e confortos Ocid entais, reforçados pelos pesados 
invest imentos dos EUA. Como resultado destes invest imentos, a Ber lim 
Ocidental assumiu a aparênc ia de v it r ine do capitalismo . Em cont ínuos 
movimentos individuais ou de pequenos grupos, sobretudo os 
13 
 
t rabalhadores mais qualificados do lado Leste procuravam migrar . 
Assim, diar iamente centenas e mesmo milhares deles, passaram para o 
lado ocidental da cidade, o que provocava fortes convulsões na economia 
do lado oriental da Alemanha, sob controle da União Soviét ica, a quem 
coube, segundo os acordos de Ia lta, assinados em Fevereiro de 1945, a 
parte menos industr ializada da Alemanha e onde , especificamente se 
localizava a cidade de Ber lim. Pr imeiramente, rest rições começaram a 
ser cr iadas t rês anos aproximadamente, após o fim da segunda Guerra; e , 
por fim, com a construção do Muro em 1961, se impedia com r igor, a 
circulação entre as diferentes partes da cidade (MUNHOZ, 2009, p.58) . 
Entretanto, o contexto que deve ser pens ado o processo de busca 
de controle do terr itório da Alemanha, fo i definido muito antes dos anos 
1960. Ele nos remete como já mencionamos, aos acordos de Ialta, 
firmados em fevereiro de 1945 e rat ificados em Potsdam, no mês de 
julho-agosto, deste mesmo ano . Segundo os termos dos acordos, a porção 
oriental alemã estar ia sob influência total da URSS. Acima de tudo, u m 
dos elementos centrais em termos do debate à po lít ica aliada para o 
território ocupado , fo i a chamada temat ização sobre o futuro da 
Alemanha após o encerramento do conflito . Discussão t ravada desde 
antes do desmoronamento fina l do Estado alemão em 1945. Moraes , ao 
analisar o conjunto de regulamentações e prát icas adotadas pelas quatro 
forças de ocupação no território alemão, indica que 
[. . .] desde a Conferência de Casablanca ( janeiro, 
1943), passando pelas de Teerã (dezembro, 1943), 
Québec (setembro, 1944), Ialta ( fevereiro, 1945), 
Potsdam ( julho-agosto, 1945), foram tratados com 
progressivo detalhamento temas como a divisão da 
Alemanha, sua desmilitar ização, o estabelecimento 
de reparações, a reconstrução econômica e a 
reest ruturação da sociedade e do Estado (2004, p. 
215). 
Como se const ituíram aspectos favoráveis a URSS ? Pode ser 
creditado tal respeito e espaço conquist ado , à colossa l destreza e jogos 
de est ratégia demonstrada nos campos de batalha ? Vejamos como se 
desenro la este processo de construção de uma posição favorável no 
campo diplomát ico e na opinião pública internacional. Em momento 
14 
 
anter ior, durante o desenro lar dos enfrentamentos da Segunda Guerra 
Mundia l, a part ir de 1942 a o fensiva soviét ica se apresentou . O Exército 
Vermelho inic iou uma vultosa contra -ofensiva na região do Rio Volga. A 
pr incipal dessas Batalhas fo i a de Stalingrado (17 de julho, 1942 a 02 de 
fevereiro de 1943). Houve rendição e debandada das forças milit ares do 
Eixo. Entre julho e agosto daquele ano, os alemães lograram realizar 
novas incursões o fensivas dest inadas a subjugar Kursk. Contudo, os 
invasores foram det idos pelo Exército Vermelho que realizou outra 
contra-ofensiva ao adentrar pela região de Dnieper
5
, impondo a cont ínua 
ret irada às t ropas invasoras (MUNHOZ, 2009, p. 51). 
Assim, a s ituação t ravada nos campos de batalha confer ia 
crescentes ganhos e só lidas conquistas a União Soviét ica, em decorrência 
das derrotas impostas às forças do Eixo e, posteriormente, devido ao 
avanço do Exército Vermelho pela Europa Central e Or iental, enquanto 
os EUA e a Inglaterra se concentravam nas batalhas do Mediterrâneo 
cr iando as condições para que as forças soviét icas fossem as pr imeiras a 
chegar a Ber lim. Essa etapa que co locou fim a Segunda Guerra Mundia l 
na Europa, deixou à mostra suas habilidades de combatente, e o rancor 
das t ropas da União Soviét ica, que t inham vivo na memória, as recentes 
invest idas e destruições pelas forças milit ares alemãs em terr itório 
soviét ico . Situação que precedeu o efet ivo controle dessas regiões e , por 
seu lado, just ificavam as exigências de reparações requer idas . Dessa 
forma, era inevitável reconhecer a supremacia soviét ica. Mesmo em meio 
aos acertos, desacertos e as explorações de acordos diplomát icos, 
Frank lin Delano Roosevelt (1892-1945) , representante dos Estados 
Unidos, e Winston Leonard Spencer Churchill(1874 -1965), representante 
do Reino Unido , precisaram consensualmente se curvar frente à força dos 
avanços e libertações realizados pelos exércitos soviét icos em regiões 
ocupadaspelo Eixo. 
 
5 O Rio Dnieper se apresenta como elo e ligação entre os gelados montes Valdai, na 
Rússia, e a região meridional e mediterrânea da Criméia, na Ucrânia, é o quarto r io da 
Europa em extensão, somente é menor do que o Volga, o Danúbio e o Ural. (Atlas da 
História do Mundo, 1995, p. 268-269; e Almanaque Abril, 2008, p. 620). 
 
15 
 
Situação importante nesse per íodo anter ior a construção do Muro, 
foram os crescentes desacordos entre a União Soviét ica e as outras t rês 
forças de ocupação a divid ir e se aviz inhar (ladear) no território alemão . 
No final de 1946 os EUA e o Reino Unido associaram as suas zonas, 
dando origem à chamada bi-zona. No início de 1948, a França passou a 
int egrar esse bloco dando origem a uma t ri-zona ocidental em Ber lim. 
Em 20 de março de 1948, os soviét icos ret iram-se da reunião da 
“Comissão de Controle Aliado”, quando os Ocidentais insist iram na 
cr iação de uma moeda única para a Alemanha. Para os soviét icos, a 
unificação monetár ia era uma est ratégia para inviabi lizar a economia das 
áreas sob o seu controle (MUNHOZ, 2009, p. 58). 
Em julho de 1948, a União Soviét ica, oportunizada pelo fato da 
cidade de Ber lim estar s ituada na porção oriental da Alemanha, sob sua 
ocupação, decidiu impor o completo bloqueio ao tr áfego entre a parte 
ocidental do país e Ber lim. Em resposta os EUA passaram a manter a 
economia e mercado do lado Ocidental. Abastecendo com vôos diár ios e 
garant indo o padrão de consumo da população na área Ocidental da 
cidade. 
Tendo em vista a sua ineficác ia, o bloqueio fo i suspenso em 12 
de maio de 1949. Entretanto, durante a fase do bloqueio, cada um dos 
oponentes, União Soviét ica e os t rês representantes Ocidentais, 
repuseram forças e reorganizaram a sua área de controle. Nesse mesmo 
mês de maio fo i cr iada a República Federal da Alemanha (Alemanha 
Ocidental) e, em outubro, a República Democrát ica da Alemanha 
(Alemanha Oriental). 
Inevitáve l fo i nos anos seguintes, a evasão constante de jovens 
qualificados da Alemanha Oriental para a Ber lim Ocidental. No in tervalo 
entre o ano da cr iação da RDA (1949) e a construção do Muro, foram 
cerca de do is milhões de fugit ivos de um total de 16 milhões de 
habitantes (SWIFT, 2003, p. 21). 
Foram vinte e o ito anos de testemunho e de permanência daquela 
imensa est rutura a divid ir o povo ber linense. Erguido no auge da tensão 
entre os ex-aliados na ant iga capita l do Reich, o Muro vinha consagrar 
16 
 
em concreto e arame farpado uma ruptura que já advinha de quando os 
Aliados, representantes das democracias mundiais, combat iam, ainda 
ombro a ombro, a Alemanha nazista. 
Na no ite de 9 para 10 de novembro de 1989 , subitamente, tudo se 
precipita. Surgem as pr imeiras picaretas que at ingem a parede de 
concreto . Ficam as imagens do pr imeiro pedaço do Muro no chão, da 
mult idão em delír io , dos abraços e vozes alteradas que inundam a no ite. 
Com o Muro desaba o mais cruel símbo lo da divisão da Europa 
desde 1945. Dez meses mais tarde, a Alemanha fo i reunificada. Os 
últ imos reg imes comunistas que resist iam no leste tombavam um a um 
nas semanas seguintes. A 10 de novembro, Hristov Todor Zhivkov(1911-
1998) é afastado do poder em Sofia, na Bulgár ia; a 17, dá-se a revo lução 
de veludo na Checoslováquia. A 22 de dezembro, Ceausescu (1918-1989) 
era derrubado na Romênia. O regime Albanês fo i o últ imo a cair, 
sobrevivendo ate à Primavera de 1991(PEREIRA, 2001, p. 35-36). Caíam 
por terra os baluartes do sistema t raçado em Ialta e Potsdam (1945). 
Os alunos poderão pesquisar e apresentar um quadro de 
depo imentos de pessoas que testemunharam os do is momentos , ligados a 
construção e a derrubada do Muro de Berlim, detendo-se com esta opção , 
à situação da Alemanha
6
 durante a Guerra Fr ia . As imagens que estão 
disponibilizadas em bancos de imagens públicas na int ernet , ajudarão a 
estabelecer um campo de visão que relacio ne a escr ita de jornalistas, 
analistas po lít icos e histor iadores , à extensão dos fatos vividos por 
homens e mulheres da Ber lim Ocidental e Or iental , relatados nos 
depo imentos. 
Outro episódio de relevo e de tensões a envo lver as duas 
potências, deu-se quando a União Soviét ica, dispensando atenção ao 
 
6 A Jornalista Jutta Voigt, nascida em 1941, relata em uma entrevista concedida a Grit 
EGGERICHS (jornalista na Alemanha), e editada na FOLHA DE SÃO PAULO, Caderno 
Mais, 8 de novembro de 2009, p. 5, o que pensava na época sobre a construção do Muro: 
A possibilidade de utilizar o câmbio mais forte e comprar tudo mais barato do lado 
oriental segundo ela, foi uma prática recorrente: “[.. .] Como muitos intelectuais e artistas, 
vibrei com a construção do Muro.[.. .] Pensava que o muro afastaria os berlinenses 
ocidentais que vinham aqui, para trocar um marco ocidental por cinco orientais. 
Compravam tudo mais barato[.. .]” e retornavam para o lado ocidental de Berlim. 
17 
 
cerco que os Estados Unidos lhe fazia, ao instalar mísseis de médio 
alcance na Europa Ocidental reso lveu revidar, montando bases de ataque 
aéreo em Cuba. Nesse momento houve per igo de uma guerra nuc lear a 
envo lver as duas superpotências mundia is. Os soviét icos foram 
convencidos pelo governo revo lucionár io cubano a protegerem Cuba co m 
artefatos nucleares e responderam ao pedido. Os soviét icos encetaram a 
instalação de 24 mísseis nucleares na ilha. Não obstante, em outubro de 
1962, os serviços de inteligência dos EUA detectaram as at ividades 
soviét icas na região. Imediatamente, o presidente dos EUA John 
Fitzgerald Kennedy (1917-1963) deu um ult imato ao premiê Soviét ico 
Nik ita Khruschev(1894-1971). Após muit a celeuma e negociações 
extenuantes, os soviét icos concordaram em ret irar os mísseis de Cuba. 
Quanto ao contexto de Cuba, a ilha vivia um processo sob forte 
impacto da Revo lução, ocorrida em 1959. Declarada socialista em 1961
7
 
e administ rada por Fidel Castro (1926-), de ant iga aliada comercial dos 
Estados Unidos, passou a órbita soviét ica em meio à cr ise que so freu 
quando a quase totalidade de seu comércio exter ior cessou, em razão do 
bloqueio estadunidense
8
. 
Destaca-se o fato de Cuba, em pleno cont inente amer icano, ser 
um ponto de onde se poder ia at ingir o territór io, a população e o coração 
do governo estadunidense, em questão de minutos. Assim, houve 
instabilidade, aumento de impasses, a despeito de até então muitas 
reaproximações se firmarem. Um exemplo dessas aproximações se deu 
quando Nik ita Krushchev, o dir igente máximo da URSS, vis itou os EUA 
pela pr imeira vez na histór ia , em setembro de 1959. 
 
7 A partir desse início de década de 1960, conforme PORTANTIERO (1989) cabe aqui 
referir, ainda que não seja o propósito desse estudo, com a Revolução Cubana, não 
somente a ilha ficou sob o impacto de mudanças. I rradiaram-se influências sobre o ideário 
dos movimentos guerrilheiros e da hist ória do marxismo latino-americano. 
8 “As relações comerciais com os EUA compreendiam 67% das exportações e 70% das 
importações da ilha e cessaram completamente por iniciativa estadunidense. [. ..] Essa 
crise foi parcialmente superada com a aproximação inicialmente comercial, e depois 
política e ideológica, da URSS, único país do mundo em condições de substituir os EUA 
como fornecedor de produtos industr ializados e como mercado para o açúcar cubano. Esse 
período foi caracterizado pela contínua pressão dos EUA contra o país” (BARÃO, 2004, 
p. 203). 
18 
 
Embora os Estados Unidos det ivessem uma esmagadora 
super ior idade em termos de ogivasnucleares e sistemas de lançame ntos, 
frente ao vo lume de armas nucleares operacionais da União Soviét ica, 
temia a possibilidade de um ou do is mís seis soviét icos at ingirem pontos 
na América ou, em seu terr itório . O presidente Kennedy se comprometeu 
publicamente, a não fazer novas incursõ es e tentat ivas de invadir Cuba, 
em troca da concordância de Krus hchev de ret irar suas armas da ilha e, 
ainda, assinou uma clausula secreta em que se dispunha a ret irar os 
mísseis de alcance intermediár io , instalados na Turqu ia
9
, com capacidade 
de at ingirem áreas nevrálgicas do território soviét ico. Por seu lado, 
Krushchev cedeu e deu iníc io a ret irada dos foguetes de Cuba, 
aparentando para a opinião pública ser o perdedor na queda de braço. 
Imagem aparente, no mínimo quest ionável, segundo a interpretação d e 
muitos histor iadores, já que o governo da União Soviét ica pro jetou sua 
imagem e a da nação ao mundo, e fortaleceu o governo socialist a cubano 
de Fidel Castro , um país próximo aos Estados Unidos. 
 Após intensas negociações diplomát icas, desse evento que quase 
levou o mundo ao conflito nuclear, resultou a adoção de medidas
10
 por 
parte dos EUA e da URSS com o objet ivo de facilitar o diálogo 
diplomát ico e evit ar que novos conflitos dessas proporções viessem a 
ocorrer no futuro. O debate dessa questão é bast ante complexo até os 
dias de ho je. Assim, é necessár io ressalt ar que tanto os E UA quanto a 
URSS possuíam o domínio da produção de armas atômicas. Os Estados 
Unidos desde 1945, fato colocado à most ra, no ataque de agosto de 1945 
às c idades de Hiroxima e Nagazaki. Já a União Soviét ica alcançara o 
 
9 Os Estados Unidos possuíam mísseis instalados na Europa Ocidental na Turquia e no 
Alasca. Revista Grandes Guerras : Tudo de Novo no Front. Edição 31, out. de 2009, p. 38. 
É importante complementar que segundo CHOMSKY. In: Thompson et al. (1985, p. 189): 
“[...] Kennedy [...] relutou em aceitar um acordo que incluísse uma completa retirada dos 
mísseis russos de Cuba em troca da retirada simultânea dos mísseis norte-americanos da 
Turquia – muito embora eles fossem obsoletos e já tivesse sido emitida uma ordem de 
retirá-los antes da irrupção da crise, visto que estavam sendo substituídos por submarinos 
Polaris”. 
10 “A assim conhecida “Crise dos Mísseis” estimu lou a criação de mecanismos de 
negociação para evitar uma possível guerra nuclear, como a instalação do telefone 
vermelho entre Moscou e Washington, e o acordo de 1963 que proibia testes nucleares 
submarinos, atmosféricos e no espaço. A deposição de Krushc hev em 1964 não promoveu 
significativas alterações nas relações entre os dois países” (MUNHOZ; GONÇALVES, 
2004, p. 217). 
19 
 
status de produtora de bombas atômicas em 1949
11
. Nesse sent ido, de 
acordo com Er ic Hobsbawm: 
[. . .] a própria certeza de que nenhuma das 
superpotências ir ia de fato querer apertar o botão 
nuclear tentava os do is lado s a usar gestos nucleares 
para fins de negociação , ou (nos EUA) para fins de 
polít ica interna, confiantes em que o outro tampouco 
quer ia a guerra. Essa confiança revelou -se 
just ificada, mas ao custo de abalar os nervos de 
vár ias gerações (HOBSBAWM, 1995, p . 227). 
 
O per íodo da Détente apresentou contrastes e configurações 
diferenciadas. Diversas aproximações entre EUA e URSS podem ser 
ver ificadas em diferentes áreas . Destacam-se o Tratado Ant imíss il 
Balíst ico de 1972, os t ratados de limit ação de armas nuc leares (Salt -I, 
1972) ; o Tratado de Helsinque (1975), em que os EUA reconheceram a 
esfera soviét ica no Leste da Europa; a cooperação na área cient ífica, 
expressa na missão espacial Apo llo -Soyuz. Ainda, os EUA reforçaram 
seus laços com os aliados europeus e o Japão, ou seja, países que 
dispunham de economias poderosas. Mas, também houve aproximação 
com a China e exploração da clássica r ivalidade sino -soviét ica. A China 
ingressou na ONU(1971) e passou a fazer parte do seu Conselho de 
Segurança. A emergência de conflitos no chamado Terceiro Mundo, a 
invasão do Afeganistão pela URSS, em 1979, a posse de Ronald Reagan, 
em 1981, inviabilizaram a détente e a Guerra Fr ia adquir iu contornos 
semelhantes àqueles da sua pr imeira fase, tendo em vista o caráter 
conservador da polít ica estadunidense. 
 
6- Guerra Fria: Os Desafios de Ensino e Análise. 
Cons ideradas as questões acima apontadas o professor pode 
encaminhar uma at ividade em que os alunos rea lizem aprofundamentos, 
comparando este per íodo , o das disposições da Détente, com o per íodo 
posterior, da denominada “Segunda Guerra Fr ia” (1979-1991). Para a 
pesqu isa é necessár io indicar sites e disponibilizar filmes, encic lopédias, 
 
11 Leia HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 227. 
20 
 
livros e revistas que apresentem reflexões sobre a Détente, e o período 
anter ior. A instalação de mísseis em Cuba, e a derrubada do avião (U-2) 
e o apr isionamento do piloto dos EUA no espaço aéreo soviét ico (1962) , 
são fatos que podem ser apro fundados. Além disso, oportunamente, é 
possível encaminhar um roteiro para que se proceda a elaboração de uma 
discussão sobre as duas perspect ivas de sociedades da década de 1980. 
Na URSS, a t ransformação do socialismo soviét ico por meio de reformas 
de caráter econômico, como a Perestroika (Reestruturação), e de abertura 
polít ica, como a Glasnost (t ransparência), de Gorbachev. Nos Estados 
Unidos, o projeto “Iniciat iva de Defesa Estratégica”, que ficou 
conhecido como pro jeto “Guerra nas Estrelas”, planejado pelo 
Departamento de Estado estadunidense, sob o governo Ronald Wilson 
Reagan(1911-2004). A formação das Comunidades de Estados 
Independentes (CEI) no leste europeu, as aberturas polít icas 
const ituídas, a exemplo, na Bulgár ia , Tchecoslováquia, Romênia e 
Albânia, podem ser subtemas para a pesquisa . 
Diversos filmes podem ser ut ilizados para o estudo. O filme “Os 
13 dias que Abalaram o Mundo” , por exemplo, produzido no ano 2000, 
sob a Direção de Roger Donaldson, apresenta a situação de conflitos 
representados, com fortes contornos de um mundo bipo lar izado. O 
enredo se desenvo lve no cenár io da insta lação dos mísseis, i nic iada pelos 
soviét icos em Cuba, no ano de 1962. O filme assume uma construção de 
leitura realizada, pr inc ipalmente, a part ir do ângulo dos Estados Unidos. 
Uma proposta de roteiro pode centralizar o entendimento do papel da 
diplomacia na condução dos acordos. De um lado, a dip lomac ia soviét ica 
e do premier Krushchev e, de outro, a estadunidense, centrada em 
personagens como o presidente John Kennedy, o Secretár io da Defesa, 
entre 1961-1968, Macnamara(1916-2009), e seus auxilia res. Há 
exploração e uso de personagens fict íc ios na produção da t rama
12
, mas o 
enquadramento de disposições e conversações po lít icas ajuda a 
compreender o momento histórico. O(a) professor(a) pode apresentar 
 
12 Ao lado disso, fr isar que qualquer obra fílmi ca, nos remete muito mais questões 
contemporâneas ao momento de sua produção, de que necessariamente à época que 
procura representar efetivamente. 
21 
 
uma ficha técnica da produção do filme com informações sobre o diretor 
e roteir ista. Suas simpat ias po lít icas , exper iências, envo lvimentos, 
ligações, compromissos, ao longo de suas t rajetórias pro fissionais, os 
financiadores da produção precisam estar ali indicados nesta ficha 
técnica. Os alunos podem juntamente com o professor leva ntar os fatos 
histór icos presentes no filme. A seguir, realizar as investigações 
necessár ias para compreender o processo histór ico em sites da internet , 
livros, revistas e enciclopédias. 
Outro filme , “Armageddon”, produzido nos Estados Unidos no 
ano de 1998, sob a direção de Michael Bay, pode const ituir abordagem a 
part ir de outra perspect iva. Sobretudo, ao co locar em evidência cr ít icas à 
polít ica de Estados a manter vultosos orçamentos financeiros, dest inados 
à pesquisa e à produção de armamentos e tecno logias espacia is, 
aprovados pelos congressistas e agências governamentais , mesmo em um 
mundo não mais vo ltado às relações de conflitos nos moldes da Guerra 
Fr ia. Os personagens encenam ironias e sarcasmos, devido às peças de 
reposição na nave não funcionare m. Pode-se infer ir que são cr ít icas 
feit as à qualidade dos produtos elet roelet rônicos, co locados em tempos 
de globalização no mercado, e à ampliação das produções em sér ie ou 
linhas de montagens quest ionáveis , no mundo pós década de 1990. No 
filme Armageddon, as personagens se unem em torno de um objet ivo : 
destruir o asteróide que ameaça a sobrevivência do planeta Terra. Outro 
ponto que pode ser explorado, diz respeito ao fato do filme representar 
uma homenagem ao aniversár io dos 40 anos
13
 de cr iação da Nasa. É 
necessár io , ao lado disso, discut ir a mensagem pr incipal do documento 
fílmico, po is possui mensagens ambíguas que podem, muitas vezes, 
suscitar diversas interpretações. A sit uação privilegiada e hegemônica da 
indústr ia filmográfica estadunidense, exige atenção redobrada, não 
necessar iamente para promover uma visão ant i- imper ia lista, mas para 
problemat izar valores veiculados como verdades abso lutas. 
Os alunos de uma turma podem ser convidados a desenvo lver 
uma análise organizando-se a part ir de roteiro específico que, em 
 
13 Essa informação é referenciada nos créditos do filme. 
22 
 
pr imeiro lugar, definidos os grupos, pontue um breve resumo da 
produção filmográfica . Um dos grupos pode atentar para a t rilha sonora; 
outro grupo levantar o elenco e personagens; as simulações, os símbo lo s 
de nações, empresas; o terceiro grupo, pesquisar a Doutr ina Bush, já que 
o filme desenvo lve-se no contexto da administ ração de George Walker 
Bush(1946- ). O quarto grupo, apresentar oralmente uma exposição 
recontando o enredo do fi lme. A proposta de desenvo lver esta análise 
co let ivamente, precisa ser feit a em um clima de desafio s aos alunos 
propondo a exemplo, dramat ização, representações na forma de desenhos 
e a escr ita de um texto cr ít ico . 
Ao fina l, na exposição de análises dos filmes, - seja qual for a 
opção entre est as duas sugestões de obras cinematográficas-, é preciso 
munir tanto alunos e alunas, quanto professor ou professora da seguint e 
disposição de argumentos a envo lver o processo ensino -aprendizagem: 
 1- Os filmes merecem ser entendidos e percebido s não como 
diversão apenas, mas como um produto cultural capaz de comunicar 
emoções e sent imentos, e t ransmit ir informações (BITTENCOURT, 2004, 
p.253). 
2- Há perguntas a serem feitas aos documentos, em seus 
diferentes formatos. Entre as quais sit u amos as mais centrais: a) Em que 
realidade histór ico-social fo i produzido ? Qual o fato ou o processo 
histór ico que o autor pesquisou? Qual a temporalidade e o lugar em que 
se ver ificou o fato temat izado ? Por que está representado daquela 
maneira? Fo i produzido por um grande grupo de comunica ção, um único 
pesqu isador, inst ituição independente ou organização governamental? 
São perguntas que ao serem respondidas, podem ajudar a estabelecer 
novas conceituações e int erpretações , ainda que não se esgotem as 
possibilidades de leituras aos fatos e fontes documentais. 
Por fim, diante do exposto, pode se dizer que , ao ut ilizar 
diferentes documentos e recursos de aprend izagem no ensino, damos 
forma, a nossa busca incessante de subsídios que ampliem a percepção e 
a compreensão do processo histór ico est udado. 
23 
 
 
- Conclusão Provisória. 
A história da Guerra Fria (1947-1989-91) foi marcada por uma longa 
e intensa relação de rivalidade entre duas potências, Estados Unidos e União 
Soviét ica, que embora tenham se colocado como aliadas durante a Segunda 
Guerra Mundial apresentavam estruturas polít icas e econômicas antagônicas. 
Como se formularam em seus traços particulares as rivalidades entre essas 
duas potências? 
Pr imeiro, a Guerra Fria foi vivenciada por duas ou três gerações a 
em um cenário de desesperança, sob o pó dos escombros da Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945) ainda a assentar. Ao lado disso configura -se num 
período, episódio em que as duas potências com poder polít ico -militar, 
originados das conquistas durante a guerra contra o Eixo, demarcaram a 
definição de uma nova ordem de competição, muitas vezes, de 
reordenamento de alianças e cooperação internacional. Em seu início, a 
organização que passaram a traçar acabou por estabelecer áreas de influência 
e o mundo ficou dividido. 
Segundo, havia uma arquitetura de poder no horizonte da Guerra 
Fria. De acordo com a lógica do conflito, de um lado, os Estados Unidos 
construíam a visão de um inimigo (a União Soviét ica), e estendiam o clima 
de desconfiança a todas as nações que se aproximassem dela. Ainda mais que 
isso, governos reformistas nas mais diferentes regiões do planeta eram 
tratados como adeptos do comunismo, o que era empregado para justificar 
(mesmo que de forma não muito convincente) inúmeras intervenções 
militares e violações de soberanias territor iais de nações formalmente 
independentes. Por outro lado, em períodos mais tensos da Guerra Fria 
qualquer movimento popular, organização partidária e resistência que 
combatesse um governo alinhado aos Estados Unidos, imediatamente 
recebiam o apoio da União Soviética. Uma regra principal havia, hoje 
sabemos nunca transposta: a inviabilidade da realização de confronto s 
diretos a envolver os Estados Unidos e a União Soviética (pois poderia dar 
forma a uma Guerra total). 
24 
 
Terceiro, dois momentos são considerado s para muitos estudiosos 
como bastantes próximos de se desencadear um conflito nuclear: o da Crise 
dos Mísseis em Cuba (1962), o processo ligado ao bloqueio da cidade de 
Berlim em 1948-9 e a construção do Muro (1961) separando as três áreas 
ligadas ao Ocidente no território de Berlim, da área sob a influência da 
União Soviética. Apesar de mantermos uma exposição mais ampla da Guerra 
Fria, procuramos aprofundar alguns aspectos que cercaram esses dois 
eventos, que sem sombra de dúvida deixaram-nos a beira de uma guerra total 
e aniquiladora. 
Quarto, Francisco Carlos Teixeira da Silva em Enciclopédia das 
Guerras e Revoluções do Século XX , ao se referir a característ icas de 
impasse e conflitos, em relação à Crise dos Mísseis em Cuba, comenta a 
respeito da proximidade a que se chegou de “uma possível Guerra Nuclear 
Limitada ao Mar, onde os alvos e as armas seriam o poder naval adversário, 
poupando as cidades e santuários de cada um dos contendores; durante os 
dias iniciais da Crise de Cuba, de 1962, [segundo ele] este tipo de guerra 
nuclear foi visualizado” (2004, p.9). 
Quinto, o Muro de Berlim (1961) deu forma e fechou a única 
fronteira ainda indefinida entre a parte Ocidental e Oriental da Europa 
(Hobsbawm, 1996, p. 240). Munhoz indica que a história da humanidad e fo i 
marcada pela “construção de uma memória hegemônica sobre esse período” e 
que apresenta traços na “abordagem do problema”, ligados a fatos somente 
circunscritos à construção e à derrubada do muro. Direciona para que 
foquemos atenção nas “disputas entre as duas superpotências mundiais 
durante a Guerra Fria e, em particular, das dificuldades soviéticas paramanter a sua esfera de influência na Europa Oriental” (2009, p. 51). 
Sexto, durante a Détente (1969-1979) o resultado líquido das 
anteriores ameaças e provocações mútuas foi um sistema internacional a 
apresentar estabilidade, e um acordo tácito das duas potências para não 
causarem sobressaltos uma a outra e ao mundo. Nas palavras de Hobsbawm 
em Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991, “Os EUA, nervosos 
mas confiantes, enfrentavam assim uma URSS confiante mas nervosa por 
Berlim, pelo Congo, por Cuba” (Hobsbawm, 1996, p. 240). 
25 
 
Sétimo, no início dos anos 70 do século XX o equilíbrio bipolar vai 
de novo entrar em convulsão. Uma série de acontecimentos , entre estes a 
Guerra do Vietnã (1964-1975), rebeliões comunistas na América central, o 
segundo choque petrolífero produziram recuos dos Estados Unidos e um 
desequilíbrio entre as duas superpotências. Uma série de regimes africanos, 
asiát icos e no pacífico facilitou a instalação de bases militares à URSS e aos 
EUA. Ofereceram-se assim, importantes apoios, até mesmo com crescimento 
da presença no Índico (PEREIRA, 2001, p. 50). 
Na tentativa de ponderar sobre os pontos levantados. Podemos dizer 
que para alguns estudiosos é bastante verossímil o entendimento de que 
desde 1945, a URSS assumiu uma at itude de defesa na resposta às iniciativas 
polít icas e militares dos EUA. No entanto, sempre houve um pragmatismo 
soviét ico, que quando vislumbrava a possibilidade de algum ganho adotava 
uma postura mais agressiva. Assim, por exemplo, ao final do governo Leonid 
Brejnev (1906-1982), a URSS adotou posturas mais expansionistas lançou 
mão da intervenção soviét ica no Afeganistão, em 1979. 
Nos Estados Unidos, o descrédito da polít ica de Jimmy Carter (1924-) 
não se conduz alheio à surpreendente escolha do eleitorado estadunidense em 
novembro de 1980: Ronaldo Reagan, que de forma triunfal foi reeleito em 
1984. Decidido a levar à forra as afrontas sofridas nos últimos anos, lanç ou a 
defesa do credo simplista redentor dos valores da América. Segundo 
Hobsbawm: A polít ica de Reagan, eleito no início dos anos 1980, só pode ser 
entendida como um afã de lavar a afronta e a humilhação sent ida 
demonstrando a inquestionável supremacia e invulnerabilidade dos EUA com 
gestos de força militar contra alvos fáceis como Granada (1983), o ataque a 
Líbia (1986), e a sem sentido invasão do Panamá (1989) (Hobsbawm, 1996, 
p. 244). 
Mas hoje, chegamos a vislumbrar o declínio da instabilidade e temos 
um capitalismo caracterizado pela paz e democracia ? O triunfo do 
capitalismo revelou sua capacidade de renovar. Todavia, isto não significa 
que o sistema internacional tenha forjado uma nova ordem internacional 
estável, com permanência em termos de longo prazo. A Europa organiza-se 
em um quadro de negociações para a ampliação da União Européia rumo ao 
26 
 
leste do mediterrâneo, com a adesão de Malta, Chipr e, Eslovênia, Hungria, 
Tcheca, Eslováquia, Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia, a partir do ano de 
2004 (VISENTINI; PEREIRA, 2008, p. 240) . Contudo e a China, a América 
Latina, a Alemanha de início de século XXI? São indagações que deixamos 
em aberto, foco de debate para que esse campo de abordagem seja 
empreendido em futuros estudos. 
 
********************************** 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
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DOCUMENTOS ELETRÔNICOS 
ARESHEV, Andrei. Ossétia do Sul: começou a Guerra . Disponível em: 
<http :/ / el istas.egrupos.net/ l ista/humboldt/archivo/ indice/9876/msg/10123/ >. 
Acesso em 10.10.08. 
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Acesso em 10.10.08. 
MUNHOZ, Sidnei J . Hiroximas e Nagasakis Nunca Mais: dos Cogumelos 
Nucleares às Rosas Radioativas . Disponível em: 
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10.10.08. 
ZARPELÃO, Sandro Heleno. A Guerra do Golfo (1991), os Estados Unidos, a Doutrina 
Powell e a Guerra Fria. Disponível em: <http://www.novahistoria.com.br/artigos.html> Acesso 
em: 06.11.2009. 
MÚSICA CD 
Música : A Conquista do Espaço . Álbum O Melhor de Engenheiros do Hawaii . 
Tempo: 3m e 19s. Autor : Gess inger , Humberto. Prod. BMG. Ano 1986. 
Álbum MT V Especia l. Capital Inicia l. Aborto Elétr ico. Música: Fátima 
(Ataques nuclear) . Capital Inicia l. Tempo: 3m e 09s. Autor : F lavio Le mos e 
Renato Russo. Prod. Sony/BMG. Ano 2005. 
 
 
 Sugestões de fontes: livros revistas, fi lmes, músicas e 
documentários, Sites. 
1- LIVROS: 
ALPEROVITZ, Gar . Diplomacia Atômica: o Uso da Bomba Atômica. Rio de 
Janeiro: Bib liex/Saga, 1969. 
O compromisso deste l ivro é ofer ecer uma revisão detalhada da polít ica 
dos Estados Unidos e os fatos l igados a decisão de lançar as respect ivas 
bombas atômicas de urânio e de p lutônio, sobre as cidades japonesas de 
Hiroxima e Nagazaki. O autor argumenta que há questões r emanesce ntes 
que podem lançar luz sobre o entendimento dos fatos r elacio nados a essa 
decisão e deixa claro que o l ivro não trata da polít ica soviét ica na época. 
CHURCHIL, Winston S. Memórias da Segunda Guerra Mundial. V. 2, 3. ed. , 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 2005. 
Este l ivro de memór ias assume a expos ição do pensamento Ocidenta l 
inglês sobre o per íodo da Segunda Guerra Mundial. Relata o ataqu e 
japonês a Pear l Harbor; as alianças com a U.R.S.S. e com os E.U.A.; 
descreve o século XX e tece cons iderações sobre os desdobramentos do 
mundo pós-Segunda Guerra. 
GRANDES GUERRAS. Tudo de Novo no Front. 1945. Especial 70 anos da 
Segunda Guerra . São Paulo: Ed. Abr il, Edição 31, Out, 2009. 
http://elistas.egrupos.net/lista/humboldt/archivo/indice/9876/msg/10123/
http://elistas.egrupos.net/lista/humboldt/archivo/indice/9896/msg/10144/
31 
 
A revista apresenta uma visão do poder destrutivo dos avanços na área de 
armamentos militar es. Centraliza cr it icas ao uso da bomba atômica e 
adver te para as lições deixadas pelos ataques e bombardeios a Hiroxima e 
Nagazaki. Inscreve debates sobre a Segunda Guerra Mundia l; o programa 
nuclear Nazista; estadunidense; soviét ico; o pós -Segunda Guerra 
Mundial; as disputas pela hegemonia nuclea r ; entre a União Soviét ica e 
os Estados Unidos e a per igosa aproximação de um conflito total durant e 
a Guerra Fr ia . Discute os programas de produção da bomba em vár ios 
países, e localiza em um mapa: pa íses d eclaradamente detentores de 
bombas nucleares; países que poss ivelmente possuem programas 
nucleares militar es; países com capacidade para produzir bombas 
nucleares em poucos meses, caso necess item. Pesquisas no camp o 
aeroespacial e o desenvolvimento de s ist ema antimíss il capaz de proteger 
terr itór ios continentais de ataques com mísseis ba líst icos fazem par te das 
temát icas deste exemplar , que apesar de ter cunho jornalíst ico apresenta 
r icas informações estruturadas. 
HOBSBAWM, Er ic. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914 -1991 . São 
Paulo: Companhia das Letras, 1996. 
Nessa obra é poss ível a interpretação ent re o pr imeiro Sarajevo, os 
quarenta anos que encenam a I Guerra Mundia l, a II G. Mundial, as 
cr ises econômicas; e o ú l t imo Sarajevo, os conflitos étnicos e 
separatistas; a atuação de organismos polít icos internaciona i s em f ins da 
década de 1980. O autor faz cons iderações sobre o s istema polít ico 
econômico daUnião Soviét ica, um viés de alternativa dissonante e 
contraposto ao capita lismo ocidental. Estuda os traços do per íodo Nazi-
fascista respondendo ao estado de cr ise das democ racias l ibera is. 
Apresenta-se a aliança temporár ia entr e capitalismo liberal e comunismo 
para obter a vitór ia sobre a Alemanha de Hit ler . 
HOLLOWAY, David. Stalin e a Bomba. Rio de Janeiro: Record, 1997. 
Esse l ivro inicia a centralização do tema indicando que durante 40 anos a 
corr ida armament ista nuclear entr e soviét icos e estadunidenses dominou 
a polít ica mundial; e nos r emete ao fato de a inst itu ição nuclear soviét ica 
sempre ter s ido uma incógnita . Com o f im da Guerra Fr ia e o colapso da 
União Soviét ica muda o quadro s ituaciona l e este estudo é poss ível . 
Descreve o programa atômico lançado por S talin, após o bombardeio de 
Hiroxima e Nagazaki; mostra como a informação no campo da ciênci a 
nuclear atômica passada por Klaus Fuchs (1911-1988) ajudou na cr iação 
da bomba atômica soviét ica. Enumera medidas tomadas por Stalin para 
reagir a polít ica atômica dos Estados Unidos. Relata o per íodo que s e 
seguiu a morte de Stalin, quando cient istas soviét icos argumentaram qu e 
uma guerra nuclear poder ia acabar com a vida sobre a terra . Entra no 
debate do legado de programas atômicos nos dias atuais e propagações de 
arsenal de armas no mundo. 
MUNHOZ, S idnei J. Guerra Fr ia: um debate interpretativo in: TE IXEIRA DA 
SILVA, Francisco Carlos (org). O Século Sombrio . Rio de Janeiro : 
Elsevier /Campus, 2004, p. 261-281. 
Escr itos inovadores no que diz r espeito à produção histor iográf ica e as 
discussões da Guerra Fr ia . Possib il ita entender o debate estabelecido 
pelas pr incipais matr izes histor iográf icas : or todoxia estadunidense, 
histór ia of icia l ou or todoxia soviét ica, revis ionismo, pós -r evisionismo e 
escola corporativista . Perfi la a concei tuação de Guerra Fr ia . 
Apresentando a or igem, sua dinâmica, busca levantar ref lexões sobr e 
32 
 
signif icado, as l ições e possib il idades de aplicações conceituais , 
per iodizações desenvolvidas para o estudo do per íodo, 1946 -1991, mas 
lançando luz também, nos conflitos do início do século XXI. 
MUNHOZ, Sidnei J. Guerra Fr ia . In: TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos 
(org.). Enciclopédia de Guerras e Revoluções do século XX . R io de 
Janeiro: Elsevier /Campus, p. 417 -419, 2004. 
MUNHOZ, Sidnei J. Marshal l (P lano). In: TEIXEIRA DA SILVA, Francisco 
Carlos (org.). Enciclopédia de Guerras e Revoluções d o século XX . Rio 
de Janeiro: Elsevier /Campus, p. 545 -547, 2004. 
Estes verbetes discorrem a respeito da Guerra Fr ia , como o próprio t ítu lo 
nos informa, mune cada um dos que tenham acesso a eles , de u m 
aprofundamento capaz de superar pos icionamentos maniqueí stas de luta 
do bem contra o ma l. Há uma per iodização constru ída na exposição do 
processo histór ico. Persegue-se um diá logo com a produção r ecente no 
campo das discussões sobre a Guerra Fr ia e o mundo contemporâneo. 
MUNHOZ, Sidnei J. Guerra Fr ia Revis itada . In: Leituras da História. 
Ciência &Vida , São Paulo: Esca la , Ano I, n. 4, p. 48 -59, 2007. 
Este ar t igo apresenta harmon ia de composição textua l com o uso de 
imagens signif icat ivas do processo def inido pela expressão Guerra Fr ia , 
suscitando lembranças de f iguras, ícones consolidados no imaginár io da 
sociedade contemporânea. I lustrações, r eferências e o texto têm u m 
recado cer to. Não compactuar com visões cr istalizadas, estanques, mas 
perceber as viciss itudes de que se r eveste o per íodo. O estudo r ealiza o 
escopo de uma discussão bem ta lhada. Factual quando necessár ia , 
dinâmica quando se trata de obedecer à concretização de uma linha de 
raciocínio que preza pela não homogeneização do processo. 
 
OS GRANDES EXPLORADORES. De Yuri Gagarin ao Telescópio Espacia l 
Hubble . Vol. 3, São Paulo: Larousse, p. 284-312, 2009. 
Este mater ia l apresenta uma descr ição extensa do domínio do homem na 
exploração do espaço. C obre a supremacia da União Soviét ica na 
aventura pelo domínio espacial. Indica que os soviét icos lançaram, no dia 
4 de outubro de 1957, o pr imeiro sat élit e ar t if ic ial, Sputnik, abr indo a 
era da exploração espacia l. Faz uma cobertura das explorações oceânicas, 
abismos e cavidades subterrâneas, desenvolvidas pelos Estados Unidos e 
França. Relata o empenho dos EUA na conquista da lua em 1969; e em 
paralelo, o projeto da URSS de estabelecer uma estação espacial . Com 
este projeto r ea liza-se a exper iência de ser ou não poss ível, o homem 
viver longamente no espaço. Capítulo a parte descreve as aventuras do 
homem pelo universo, a través do potente telescópio Hubble. A seguir , 
enumera outros instrumentos espacia is lançados ao espaço, como o 
satélit e de astronomia XMM-Newton, da Agência Espacial Europ éia ; 
depois, em 2002, o satélit e de astronomia gama Integral; e, em ma io de 
2009, o satélit e de astronomia infravermelho Herschel. O mater ia l escr it o 
e imagens levantam informações , sobre as explorações inicia is e o atua l 
estágio a util izar sondas espacia is na exploração do universo. 
VALIM , Alexandre Busko. “Os Marcianos Estão chegando!” : as diver t idas e 
imprudentes r einvenções de um ataque alienígena no cinema e radio. In : 
Revista Diá logos, DHI \PPH\UEM, v. 9, nº 3, p. 185-208, 2005. 
33 
 
Esse ar t igo expõe uma análise inspirada no l ivro “A Guerra dos 
Mundos”, escr ito por H. G. Wells (1866-1946) e publicado em 1898 na 
Inglaterra . Aprofunda a discussão, inscr evendo as leituras dramatizadas 
radiofônicas, realizadas pelo jovem ator Orson Welles (1915 -1985) nos 
Estados Unidos, no dia das bruxas, 30 de outubro de 1938 e outras que s e 
somaram como a de Lisboa -Portugal, as de Caratinga -MG e São Luís-
MA, no Brasil. Debate imper ialismo e os enfrentamentos da Guerra Fr ia , 
encenados no Filme de 1953, “A Guerra dos Mundos”, de Byron Haskin 
(1899-1984) e as sugestões de analogias entre as ações terror is tas e os 
ataques alienígenas no f ilme “A Guerra dos Mundos”, produzido em 2005 
e dir igido por Steven Spielberg (1946 -). 
 
 
2- DOCUMENTÁRIOS: 
 
DOCUMENTÁRIO SUPERINTERESSANTE. A Ciência e a Suástica: Mentes 
brilhantes a serviço de Hitler. Nazistas no Espaço . Filme 3, Vol. 2. Legenda 
em Português. 48 min. Distribuição: Superinteressante-Abril Ed., 2008. 
Há dramatização e apresentação de imagens relacionadas às participações de 
cientistas, físicos Nazistas, como a exemplo, Wernher Von Braun no 
Programa Espacial dos Estados Unidos. Descreve estágios de pesquisas 
realizadas em campos de concentração ligados ao domínio da sobrevivência 
em situações simuladoras da ausência de gravidade e oxigênio. 
DOCUMENTÁRIO BBC Corrida Espacial. Corrida por Foguetes . A História não 
revelada . Vol. 1, Episódio 1. Legenda em Português. 50 min. Distribuição: 2 
Entertain Vídeo ltd. , 2008. 
A narração tematiza a Guerra Fria e as disputas na produção de foguetes pelo 
EUA e URSS. De um lado está o ex-nazista Wernher Von Braun, recrutado 
pelo EUA; e de outro, o soviético Sergei Korolev, A tônica de ação revela a 
competição entre estas nações. Ed. 2008. 
DOCUMENTÁRIO BBC Corrida Espacial. Corrida por Satélites. A História não 
revelada . Vol. 1, Episódio 2 . Legenda em Português. 50 min. Distribuição: 2 
Entertain Vídeo ltd. 
A narração dos fatos inscreve a corrida pelo lançamento de satélites durante a 
guerra fria e as disputas na produção de foguetes pela URSS e EUA. Ed. 
2008. 
DOCUMENTÁRIO BBC Corrida Espacial. Corrida para a Lua. A História não 
revelada . Vol. 2, Episódio 4. Legenda em Português. 60 min. Distribuição: 2

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