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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS - COMÉRCIO 
Bacharelado em Psicologia 
 
 
 
 
Raquel de Sá 
 
 
 
Análise Crítica – Holocausto Brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador 
2020 
 
 
Raquel de Sá 
 
 
 
 
Análise Crítica – Holocausto Brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 Atividade desenvolvida como requisito parcial 
para a conclusão da disciplina de Análise do 
Comportamento sob a supervisão do Professor 
Mateus Vieira. 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador 
2020 
 
 
 
Análise Crítica do documentário holocausto brasileiro 
 
O documentário holocausto brasileiro foi lançado no ano de 2016, pela jornalista Daniela Arbex 
que começou a falar sobre o assunto no jornal tribuna de minas mas depois, ao se aprofundar 
no assunto lançou o livro holocausto brasileiro em 2013, e no ano de 2016 foi lançado o filme 
com produção da HBO, com intuito de retratar em tela o que estava já estava registrado no 
livro. A autora buscou depoimentos de ex-funcionários e internos sobreviventes para formar 
toda conjuntura do filme sobre os indesejáveis sociais, que por anos sofreram maus-tratos no 
hospital colônia situado em Barbacena capital de Minas Gerais. 
O filme-documentário mostra o tratamento do louco e consideráveis não loucos porém 
indesejáveis da sociedade no hospital de Barbacena, foi fundado no ano de 1903 a priori para 
tratar de pessoas com transtornos mentais, mas a sua finalidade foi configurada com o passar 
dos anos apenas nas décadas de 60 entre 80 que as atrocidades tornaram-se públicas, e que se 
assemelhava ao campo de concentração nazista explicitados no documentário através das 
perversidades contra pessoas que perderam a dignidade humana, tratados como loucos sem 
sequer um diagnóstico psicológico. 
Aos desembarcarem no “trem de doido” como mostrou o filme, iniciava-se uma série de 
tratamento desumano no hospital colônia, remédios dados aos pacientes de acordo com o 
comportamento, sem nenhuma evidência científica, e o dito “louco” na época eram na verdade 
pessoas tristes, indesejáveis pelos familiares, jovens grávidas, viciados em drogas, mendigos, 
homossexuais e 33 crianças deficientes, que com fechamento do hospital que recebiam 
tratamento, foram transferidas para o manicômio na década de 70. 
“Instaurava-se, em relação à loucura, uma ideia de animalidade. O louco era visto como um 
animal, desprovido de sua racionalidade, de sua fragilidade humana e de sensibilidade à dor 
física. Como a animalidade, a loucura era sinal de humilhação e sofrimento” (Millani & 
Valente, 2008). As cenas impactantes mostradas no documentário, como internos em posição 
fetal, nus, leprosos, denunciava o tratamento que lhes eram recebidos com condições insalubres 
que fizeram perder a condição humana, onde muitas vezes se alimentavam de ratos, dormiam 
sobre capim, bebiam urina e esgoto, sem muitas das vezes saber o porquê estavam naquele lugar 
e sem esperanças muitos viviam esperando o dia da morte. 
A maioria dos excluídos retratado em fotografias e cenas, denunciam o preconceito racial pois 
a maioria dos internos eram negros e pardos, pois estavam no manicômio apenas pela cor, e 
permaneciam por décadas, se destituindo da humanidade, sem nenhuma justificativa e sofrendo 
dia a dia. Com mais de 60 mil mortes e de condições desumanas, o hospital colônia em 1974 
recebeu a visita de Franco Basália, símbolo de luta por mudanças do modelo assistencial, mas 
só apenas em 2001, os leitos foram substituídos por modelos de atendimento mais humanizados. 
O holocausto brasileiro retrata modelo de séculos atrás, no qual se buscava excluir os 
indesejáveis a partir da subjetividade do que é razão e o que é loucura, pois quem era taxado de 
anormal era desqualificado da vontade de viver, perdendo a ordem e o direito de uma vida livre. 
O modelo que nasceu na Grécia é presente até os dias de hoje, e este modelo racional construído 
culturalmente, fez com que pessoas vivessem as mais condições desumanas, como mostrado no 
documentário, tudo que é estranho e desconhecido sofria o discurso racionalista, o mesmo 
discurso que causou dezenas de mortes e violência sentida até os dias de hoje pelos 
sobreviventes. 
“Não se deve ficar surpreso diante dessa indiferença que a era clássica parece opor à divisão 
entre a loucura e a falta, a alienação e a maldade. Esta indiferença não pertence a um saber 
ainda muito rude, mas sim a uma equivalência escolhida de modo ordenado e proposta com 
conhecimento de causa. Loucura e crime não se excluem, mas não se confundem num conceito 
indistinto; implicam-se um ao outro no interior de uma consciência que será tratada, com a 
mesma nacionalidade, conforme as circunstâncias o determinem, com a prisão ou com o 
hospital” (Foucault, 1978). Apropriaram-se da loucura para disseminar atrocidades, o 
tratamento foi o trabalho escravo, o lucro com as mortes, a dita”loucura” impulsionava o 
capital, acobertado pelo Estado, que ao invés de resguardar a vida e os corpos violados, 
contribuiu com a perda da dignidade e o genocídio de 60 mil mortos. 
O holocausto foi uma tragédia institucionalizada, sem qualquer respeito a vida, moradia, 
liberdade, segurança, saúde, estes direitos foram substituídos por choques, fome, miséria, 
estupros e dor, transgredindo os direitos humanos, o manicômio exerceu o papel homicida, pelo 
discurso da racionalidade e força maior. “O que ocorre é que o horror e a crueldade cometidos 
nos campos de concentração são semelhantes ao acontecido no “Colônia”. Os judeus e os 
internos que conseguiram sair vivos dessa catástrofe vão carregar por toda a vida as sequelas 
da tragédia ocorrida nesses dois locais. Salienta Arendt (1989, p. 493 apud FELIZARDO & 
OLIVEIRA, 2017, p. 441). É imprescindível a reflexão de como o Brasil reproduziu um modelo 
nazista, e a obra foi necessária pois poucas informações eram encontradas e vedadas da nossa 
sociedade. Acho que todos deveriam assistir ou ler o holocausto brasileiro, pois as lutas pelos 
direitos de pessoas com transtornos de doenças mentais, segue até os dias de hoje e por isso 
recomendo. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Millani, H. d., & Valente, M. L. (2008). O Caminho da Loucura e a transformação da Assistência aos 
Portadores de Sofrimento Mental. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, 8. 
Foucault, M. (1978). História da Loucura. São Paulo: EDITORA PERSPECTIVA S. A. 
Felizardo, J. T., & Oliveira, J. L. (01 de 02 de 2017). As análises de Hannah Arendt acerca dos campos 
de concentracão e suas relações com o "holocauto brasileiro". p. 441.

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