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DISCIPLINA: ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA [01212]
NOTAS DE AULA
CONTROLE BIOLÓGICO DE INSETOS
1. Introdução
a. O que é controle biológico? “A ação de parasitoides, predadores e 
patógenos na manutenção da densidade de outro organismo a um nível 
mais baixo do que aquele que normalmente ocorreria nas suas ausências”
Paul DeBach, 1968.
b. O que é o Inimigo Natural (IN)? Agentes de controle biológico natural. 
c. Grupos de IN de insetos: pássaros, lagartos, tamanduá, anfíbios, insetos 
entomófagos (predadores e parasitoides), entomopatógenos (fungos, 
bactérias, vírus, nematóides, protozoários).
d. Vantagens do CB:
i. Controle desejável a baixo custo
ii. Manutenção em campo com baixo ou nenhum custo após 
estabelecimento
iii. Quase total ausência de efeitos adversos ao ambiente e ao 
homem
iv. Pode ser utilizado da mesma forma que um inseticida
v. Em geral, não se perde pela resistência da praga alvo
e. Desvantagens do CB:
i. Presença da praga (presa ou hospedeiro) no agroecossistema 
para sustentar o IN
ii. A eficácia relativa ao ND (“o equilíbrio pode ocorrer acima do 
NC”)
iii. O sucesso do CB de uma praga chave dependerá do manejo 
adotado para as demais pragas
iv. O investimento em um programa de CB não tem garantia de 
sucesso
v. A utilização/aplicação pode ser complexa (transpote de 
organismo vivo)
2. Histórico do CB
a. Chineses sec III a.C. – formigas p/ lagartas desfolhadoras e coleobrocas 
em Citros
b. Carl Linnaeus, observou em 1752 que “todo o inseto tem o seu predador,
que o segue e destrói. Esses predadores de insetos poderiam ser 
capturados e usados para desinfestar plantas agrícolas” 
c. Início do séc. XIX, Darwin e Asa Fitch sugeriam liberações de insetos 
predadores.
d. Aldrovandi em 1602, citou a emergência de Apanteles glomeratus de 
lagartas de Pieris rapae
e. O médico Inglês Martin Lister (1685) - o primeiro a escrever 
corretamente sobre parasitismo.
f. Antonio Vallisnieri de Pádua (1706 ) – biologia de várias espécies de 
paraitoides.
g. 1873 primeira transferência internacional de um ácaro predador dos EUA
para a França para controlar a filoxera.
h. 1988 Primeiro caso de sucesso CB clássico - introdução de Rodolia 
cardinalis (Coccinellidae) e Cryptochetum iceryae (Cryptochaetidae) na 
Califórnia – pulgão dos citros (Icerya purchasi). 
i. 1920-1930 introdução na Austrália da mariposa Cactoblastis cactorum, 
vinda da Argentina para controle de cactos exóticos (Opuntia)
j. Entomopatógenos – microscópios (meados do séc. XIX) – observações 
sobre estes microorganismos.
k. 1884 primeira tentativa - utilização de Metarhizium anisopliae para 
controle do besouro Cleonus punctiventris praga da beterraba.
l. 1938 Bacillus thuringiensis estava sendo comercializada como inseticida
biológico para o controle de pragas, especialmente lagartas. 
m. Brasil: Prospaltella (Encarsia) berlesei (Hym.: Aphelinidae) – origem 
EUA, introduzido no Brasil em 1921 para controle da cochonilha-do-
pessegueiro Pseudaulacaspis pentagona 
3. Controle Biológico no Manejo Integrado de Pragas (MIP)
a. Uma das Bases: fator de mortalidade natural
b. Objetivo: Reduzir o status de praga de organismos que competem com o 
homem 
c. Controle Biológico Prático: 
i. Natural – conservação 
ii. Aplicado
1. Clássico – introduções de IN exótico
2. Aumentativo (liberações inoculativas e inundativas) 
4. Modalidades ou Tipos de CB
a. Controle Biológico Clássico: parte da premissa que as pragas exóticas 
são mantidas em populações baixas em seus lugares de origem pela ação de 
IN especializados, os quais estão ausentes nos locais de introdução da praga, 
e que a densidade da praga no local invadido pode ser regulada pela 
importação desses IN. Resumidamente, é a busca de IN eficientes em regiões
onde a praga tem origem, este método pode também ser chamado de controle
biológico por importação. 
Características do CB Clássico:
i. Introdução e estabelecimento de inimigos naturais exóticos em 
áreas que eles não ocorrem previamente para o controle de pragas
exóticas, eventualmente nativas
ii. Chances de sucesso aumenta (1:5 vs. 1:7 casos) quando 
prospecção ocorre em locais onde a praga é controlada
iii. Geralmente liberações inoculativas de pequeno número
iv. Reprodução e estabelecimento do IN exóticos
v. Controle exercido pelos descendentes (longo prazo)
vi. Ideal para culturas semiperenes ou perenes 
Necessidades para o sucesso do CB Clássico:
• Identificação da região de origem da praga
• Taxonomia da praga e IN relacionados
• Busca por inimigos naturais da praga na região de origem (obs.: 
CLIMEX)
• Transporte do inimigo natural por pessoal autorizado legalmente 
(importação)
• Estrutura quarentenária (BRASIL: Lab. Costa Lima)
– Armazenagem, criação, estudos biológicos e 
comportamentais, exclusão de contaminantes, efeito não-
alvo, adaptação ao ambiente, capacidade de controle
• Criação massal (multiplicação do IN)
• Liberações inoculativas
• Monitoramento após liberação
Exemplos de CB Clássico:
1. Cochonilha da mandioca: Phenacoccus manihoti 
Parasitoide: Apoanagyrus lopezi (Hym.: Encyrtidae) da América do Sul 
para África – Nigéria, em 1990 estava estabelecido em 26 países.
2. Em 1974 o parasitoide Cotesia flavipes (Hym.: 
Braconidae) foi introduzido no Brasil proveniente de Trinidad para o 
controle da broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis 
b. Controle Biológico Aumentativo: Liberação de inimigos naturais, após 
produção massal em laboratório, para suplementar a população de inimigos 
naturais já existentes na área visando a redução da população da praga. 
Liberações periódicas aumentativas de IN nativos, naturalizados (aqueles 
exóticos que foram previamente liberados e se estabeleceram), ou espécies 
exóticas que não se estabeleceram, mas são eficientes agentes de controle.
Formas de liberação: 
Inoculativa: Nesta estratégia os IN são liberados relativamente em menor número para
se estabelecer ou impulsionar a população de IN residentes para o controle a curto ou
longo prazo de pragas. Geralmente os descendentes exercem o controle da praga. 
Inundativa: Trata-se de liberações inundativas de IN, visando a redução rápida da
população da praga (insetos e ácaros) para o seu nível de equilíbrio, sendo mais aceito
pelo usuário pela sua ação mediata, semelhante a inseticidas. Portanto, é uma forma de
controle que requer a disponibilidade de grande número de IN para pronto uso, como se
fossem “inseticidas biológicos”. 
 
c. Controle Biológico Conservativo: Refere-se a qualquer modificação no
ambiente que reduza ou elimine as condições que são desfavoráveis aos IN, ou
que forneça recursos que promovam o aumento de suas populações,
recrutamento ou performance. Exercido pela população de inimigos naturais que
ocorre naturalmente em uma área sem custo adicional ao produtor.
Nota: Basicamente através da modificação das práticas na utilização de
pesticidas e manipulação do ambiente, pode-se conservar a ação dos IN em uma área.
 
1. Medidas para conservação pela modificação do uso de agrotóxicos
 Aplicação do NC dentro do contexto do MIP (NC, NÑA)
 Aplicação do produto no momento mais adequado para 
menor impacto sobre os IN (ausentes, estágios resistentes (ovos e pupas))
 Redução da dose e do número de aplicações de produtos 
químicos para a menor dose efetiva de controle
 Separação espacial e temporal entre os IN : reboleiras, 
fileiras alternadas, horários de menor atividade dos IN
 Aplicação para a fase mais susceptível da praga
 Utilização de produtos e formulações mais seletivos 
2. Medidas para conservação pela manipulação do ambiente
 Manejo solo, água, e resíduos vegetais
 Diversificação do habitat 
 Oferta de local de refúgio para os IN
 Oferta de alimento alternativo 
5. Agentes de Controle Biológico – Predadores e Parasitoides
Características Comparativas
Característica Predadores Parasitoides
Duração do ciclo de 
vida/ordens
Maior presa/16 
ordens
Menor hospedeiro/Diptera
Hymenoptera, outras
Ação RápidaLenta
Finalidade Alimentação Desenvolvimento
Especificidade Baixa Alta
Atividade Diurna e noturna Diurna
Vida Livre em todos os 
estágios
Parasitas na fase jovem
Consumo Várias presas Um único hospedeiro
6. Critérios para seleção de IN:
a. Impacto. Aqueles que exercem impacto significativo na população da 
praga alvo após remoção dos antagonistas.
b. Especificidade. Excluir generalistas que possam impor riscos de atacar 
não alvos na região de introdução.
c. Fácil de multiplicar. Fácil criação para quarentena e liberação 
d. Outros atributos. Logística e aspectos reducionista de impacto, etc.
7. Riscos do Controle Biológico?
8. Controle Biológico x Controle Químico

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