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1. Teoria do pensamento jurídico: o jusnaturalismo. Comentário
2. Teoria do pensamento jurídico: o positivismo. Comentário
3. A crise da modernidade positivista e o Direito: pós positivismo. Comentário
Jusnaturalismo é o Direito Natural, ou seja, todos os princípios, normas e direitos que se têm como ideia universal e imutável de justiça e independente da vontade humana. O direito natural que os escritores chamam de “jus naturale” é a liberdade de toda pessoa tem de usar o seu próprio poder a seu arbítrio para a conservação da sua natureza, isto é, da sua vida, e, consequentemente, de fazer qualquer coisa que, segundo o seu próprio juízo e a sua razão, considere como o meio mais idôneo para este fim.
De acordo com a Teoria do Jusnaturalismo, o direito é algo natural e anterior ao ser humano, devendo seguir sempre aquilo que condiz aos valores da humanidade (direito à vida, à liberdade, à dignidade, etc. ) e ao ideal de justiça.
Desta forma, as leis que compõem o jusnaturalismo são tidas como imutáveis, universais, atemporais e invioláveis, pois estão presentes na natureza do ser humano. Em suma, o Direito Natural está baseado no bom senso, sendo este pautado nos princípios da moral, ética, equidade entre todos os indivíduos e liberdade. 
O jusnaturalismo  é a corrente de pensamento jurídico-filosófica que pressupõe a existência de uma norma de conduta intersubjetiva universalmente válida e imutável, fundada sobre a peculiar ideia da natureza preexistente em qualquer forma de direito positivo que possa formar o melhor ordenamento possível para regular a sociedade humana, principalmente no que se refere aos conflitos entre os Estados, governos e suas populações.
Para a doutrina jusnaturalista, o direito positivo nunca se adéqua completamente a lei natural, porque o direito positivo contém elementos variáveis e mutáveis em todo o lugar e em todo o tempo, portanto, segundo esta corrente de pensamento, as normas de direito positivo seriam realizações imperfeitas que apenas se aproximariam das normas do direito natural
O positivismo é uma corrente teórica inspirada no ideal de progresso contínuo da humanidade. O pensamento positivista postula a existência de uma marcha contínua e progressiva e que a humanidade tende a progredir constantemente. O progresso, que é uma constatação histórica, deve ser sempre reforçado, de acordo com o que Auguste Comte, criador do positivismo, chamou de Ciências Positivas. As Ciências Positivas teriam a sua mais forte expressão na Sociologia, ciência da qual Comte é considerado o fundador.
O positivismo também incorporou, na teoria de Comte, elementos políticos e ganhou, nos trabalhos de John Stuart Mill, um escopo mais ético e moral. Isso acabou reforçando o molde de uma teoria política positivista, fundada na ordem e no conhecimento para se alcançar o progresso.
Essa teoria ressoou na política brasileira, mais especificamente no início do período a Primeira República, pois o marechal Deodoro da Fonseca (primeiro presidente do Brasil) e outros políticos que participaram do governo tinham fortes influências positivistas. 
O avanço científico deveria fixar-se junto ao avanço moral para o progresso da humanidade, o que somente seria alcançado por meio da ordem e da disciplina. Em meio a isso e para explicar a necessidade do positivismo, o filósofo formulou a Lei dos Três Estados, uma teoria que classificava três grandes momentos de desenvolvimento da humanidade:
· Estado teológico: um momento místico, quando o ser humano acreditava em deuses e seres mitológicos e creditava a esses seres sobrenaturais toda a responsabilidade pela criação e manutenção do mundo.
· Estado metafísico: período iniciado com o surgimento da Filosofia, em que explicações mitológicas já não eram tão aceitas, dando lugar à necessidade de argumentações lógicas e racionais para formular teorias sobre o mundo.
· Estado positivo: segundo Comte, esse era o estágio inaugural em sua época, quando o ser humano passa a buscar fundamentação de suas teorias na observação e no trabalho empírico com a natureza, fortalecendo as ciências e fortalecendo a busca por explicações sobre a natureza na própria natureza. A ciência seria encarregada de operar essa busca, levando adiante a marcha para o progresso.
Características do positivismo
· Doutrina filosófica: como uma continuidade do Iluminismo, a inspiração política e científica do positivismo estava nos ideais iluministas. As aspirações dos primeiros filósofos iluministas de alcançar um estágio de desenvolvimento moral da sociedade foram mantidas. Porém, um novo modo de agir era necessário para garantir a ordem social, desestabilizada após a Revolução Francesa.
· Doutrina sociológica: visando a garantir a ordem social, o positivismo atua como uma doutrina que, partindo dos estudos sociológicos, serve de base para o comportamento social e moral das pessoas. A Lei dos Três Estados estaria no topo dessa cadeia de desenvolvimento da sociedade.
· Doutrina política: a disciplina, o rigor e a ordem social eram requisitos políticos para a garantia do avanço social na ótica positivista.
· Desenvolvimento das ciências e das técnicas: o progresso social estaria intimamente ligado ao progresso intelectual, científico e tecnológico. A ideia de uma escola laica, universal e gratuita, que já havia ganhado certo espaço durante o Iluminismo, passou a ser defendida com mais força pelos intelectuais positivistas.
· Religião positiva: Comte entendia que a humanidade precisava de relações de devoção. A devoção – antes baseada na fé em Deus ou nos deuses –, no positivismo, dá lugar para a fé na ciência como única depositária de confiança da humanidade, surgindo o cientificismo, caracterizado pela aposta incondicional nas ciências como fonte total do conhecimento verdadeiro.
O Positivismo jurídico é diferente do Positivismo filosófico, proposto por Comte.
No âmbito jurídico, o positivismo é visto como o direito imposto pela vontade do ser humano, ou seja, direito posto, direito positivo. O direito é exercido de forma objetiva, sendo baseado em fatos reais e científicos.
O Positivismo jurídico elimina qualquer hipótese do envolvimento divino nas ações humanas, assim como da natureza, ou da razão, como defende o Jusnaturalismo.
O pós-positivismo tenta restabelecer uma relação entre direito e ética, pois busca materializar a relação entre valores, princípios, regras e a teoria dos direitos fundamentais e para isso, valoriza os princípios e sua inserção nos diversos textos constitucionais para que haja o reconhecimento de sua normatividade pela ordem jurídica. O pós-positivismo surgiu como uma nova teoria no tocante à normatividade dos princípios após o fracasso filosófico do jusnaturalismo e do colapso político do positivismo jurídico apoiado pela Alemanha Nazista e Itália Facista.

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